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ATIVIDADES INTERATIVAS NA SALA DE AULA: PROPICIANDO O SURGIMENTO DE ZONAS DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL Juliana Silva Arruda , Fundação Getúlio Vargas Juscileide Braga de Castro, Universidade Federal do Ceará Resumo A escola precisa acompanhar as mudanças advindas da tecnologia, estando atenta às novas possibilidades educacionais para desenvolver novas práticas a partir da inserção de computadores em atividades curriculares. Os computadores podem ser usados como ferramenta que possibilitam a interação, tanto em atividades em grupos como individuais, seja trocando ideias e opiniões ou pesquisando outras realidades. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo analisar como o computador e o uso da web, em atividades realizadas colaborativamente, podem propiciar o desenvolvimento da Zona de desenvolvimento Proximal (ZDP). Essa pesquisa foi desenvolvida em uma escola municipal de Aquiraz, com uma turma de 7o ano com cerca de 30 alunos e idades entre 13 e 16 anos. A turma foi dividida em 10 grupos, mas para efeito de análise foi escolhido apenas um grupo. Usou-se a metodologia qualitativa com caráter interpretativo. A técnica de pesquisa usada foi a observação participante e os instrumentos de coleta de dados foram diários de campo e entrevistas semiestruturadas realizadas com estudantes em sala de aula após a realização das atividades. Considerou- se, também, as produções realizadas por meio do engajamento do grupo analisado, visto que o envolvimento das pessoas, em busca de um objetivo, são potencializadores da aprendizagem. Foram planejadas atividades envolvendo as disciplinas curriculares (português, matemática e inglês) e o uso do computador e ferramentas da internet. As categorias de análise foram definidas usando como fundamentação Vygotsky (1994) que explica que o uso de ferramentas e as interações propiciam o desenvolvimento das ZDP, afirmando que estas são essenciais para o desenvolvimento cognitivo. Por meio da interação, do diálogo, da comunicação e essencialmente do uso de ferramentas como o computador, a aprendizagem e o desenvolvimento podem ocorrer proporcionando situações de surgimento de ZDP. Palavras –chave: computadores, interação, Zona de Desenvolvimento Proximal. 1. Introdução Nesses últimos anos a internet tem evoluído e se tornado cada vez mais dinâmica. Enquanto que na década de 1990 tinha como características conteúdos que não podiam ser alterados pelos usuários finais, com página de ‘somente leitura’ e sem interatividade, sites e portais sendo usados apenas como grandes repositórios de conteúdo, atualmente, a web permite a interatividade e participação do usuário final Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01130 2 com a estrutura e conteúdo da página, fazendo do usuário um ‘contribuidor’ e não um mero receptador (SILVA, 2012). Assim, é possível colaborar tanto com criação de conteúdo e opiniões como compartilhamento. Como exemplo das possibilidades de uso dinâmico e social da internet estão o site wikipédia em que o usuário pode consultar e editar seu conteúdo, acrescentando ou excluindo informações, os blogs e as redes sociais. Desta forma, percebe-se as tecnologias digitais cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, desde a busca de informações, comunicação entre pessoas, até a realização de compras. Diante desses avanços, surgem novas possibilidades educacionais em que a escola pode desenvolver novas práticas a partir da inserção de computadores em atividades curriculares. Para Webber e Vieira (2010) a inserção do computador em atividades educativas remete ao uso de novas linguagens e aprendizagem de novos conceitos. O processo de ensino-aprendizagem pode ser favorecido pelo uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), auxiliando na forma como o aluno representa seu pensamento e se comunica, podendo proporcionar uma maior facilidade na resolução de problemas, bem como o desenvolvimento de projetos. Ao trabalhar com projetos, o professor possibilita que os alunos deixem de ser apenas ‘consumidores’, ou seja, receptivos, para serem ‘protagonistas’, ativos no processo educacional, além disso, esse tipo de metodologia, propicia a integração curricular, contribuindo, portanto, para a reflexão (PENTEADO et al, 2006). Em relação ao protagonismo estudantil, Healey (2013) explica que é preciso ir além de dar ‘voz’ ao estudante, pois mesmo nessa perspectiva, o fato de serem ouvidos não significa que algo será mudado, mas apoiar ‘os alunos como agentes de mudança’ pois explicita a visão do aluno como ‘colaborador ativo e coprodutor’, com o potencial de transformação. A aprendizagem colaborativa surge das teorias da Epistemologia Genética de Piaget e na teoria Sociocultural de Vygotsky , do movimento da Escola Nova e da Pedagogia Progressista. De acordo com essas bases teóricas, considera-se o aluno como sujeito ativo do seu processo de aprendizagem. Sendo que os trabalhos realizados em pares ou grupos são considerados uma área de composição do conhecimento (ALONSO, VASCONCELOS, 2012). Dillenbourg (1996) define a aprendizagem colaborativa como um condição em que dois ou mais sujeitos aprendem ou se dedicam a aprender conjuntamente, Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01131 3 colaborando para formas novas de relação entre pares ou grupos. Sendo importante considerar o objetivo dos aprendentes, além da influência dos recursos tecnológicos adequados. Os computadores podem ser usados como ferramenta que possibilitam a interação, tanto em atividades em grupos como individuais, seja trocando ideias e opiniões ou pesquisando outras realidades. Vygotsky (1994) defende que a aprendizagem ocorre por ferramentas que favorecem esse processo. Para ele, a interação e a socialização dos alunos são essenciais para o crescimento cognitivo. Mas outras estratégias podem ser utilizadas, tais como o brinquedo, que possibilita à criança potencializar sua fase de desenvolvimento, ou seja, quando a criança brinca ela consegue atingir níveis do seu crescimento que ela não conseguiria fazê-lo sozinha, da mesma maneira ocorre quando ela desenvolve atividades com pares. David e Castro (2012) afirmam que a aprendizagem é observada de uma maneira dinâmica durante atividades educacionais. Desta forma, entende-se que a interação proporciona situações de surgimento de Zonas de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Em uma de suas formulações, Vygotsky (1994) define ZDP: Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY,1994, p.112). Vygotsky (1994), demonstrou, através do conceito de ZDP, uma relação dialética entre o Nível de desenvolvimento real (NDR) e o Nível de Desenvolvimento Proximal (NDP). A ZDP é a distância entre o NDR, que é o que a criança já consegue realizar e oNDP, que é tudo que a criança não consegue realizar sozinha, mas tem o potencial, pois com a ajuda de alguém mais experiente terá possibilidade de fazer. Sendo assim, mesmo que a criança ainda não esteja desenvolvida para realizar determinada tarefa, ela pode fazer com ajuda de alguém mais experiente, e assim, aprende e também se desenvolve. Segundo David e Castro (2012), essa primeira formulação é delicada, posto que só considera o desenvolvimento particular das funções psicológicas. Sendo a ZDP visto como meio físico delimitado, espaço este que deverá ser alcançado pelo professor, só assim a aprendizagem acontecerá. Neste trabalho considera-se a Zona de Desenvolvimento Proximal sob a luz dos conhecimentos de Meira e Lerman (2009), visto estes acreditam que a ZDP é um Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01132 4 espaço construído durante atividades nas quais colegas, professores ou outrasferramentas propiciam uma aprendizagem. Dessa forma, ela não é pré-existente, não é algo concreto ou uma caixa fechada, e sim um espaço simbólico de interação e comunicação onde a aprendizagem acarreta no desenvolvimento. Segundo esses autores, são as várias formas de interação no ambiente educacional que irão acarretar no sucesso do processo de ensino-aprendizagem. Na sala de aula, a ZDP se desenvolve a partir da postura do professor e das atividades por ele intermediadas, e também pelas maneiras do estudanter, comunicar-se e agir (MEIRA, LERMAN, 2009). Sendo assim, para esses autores, o primeiro objetivo da ZDP se caracteriza como um espaço simbólico de ensino e aprendizagem, estabelecido por pessoas em interação e engajadas em uma atividade, se desenvolvendo por um processo de contínua transformação. Meira e Lerman (2009) consideram três diferentes formulações para ZDP: performance; interação e mediação semiótica. Na primeira, a ZDP seria um espaço do aluno onde o professor teria que encontrar, então o professor deve saber qual circunstância que a ZDP ocorre e tentar acessá-la. Com relação à interação, ela é uma continuação da primeira, mas considera os meios sociais e a orientação em substituição à análise de performance. A mediação semiótica não considera a ZDP como conhecimento previamente estabelecido, mas sim como um meio semiótico, um processo dinâmico que se desenvolve com sujeitos em atividade. Neste estudo, considera-se a ZDP como um campo de mediação semiótico, onde o conhecimento e o desenvolvimento ocorrem através da interação, do diálogo, da comunicação e essencialmente do uso de ferramentas como o computador. Considerando-se a discussão apresentada, esse trabalho tem como objetivo analisar como o computador e o uso da web, em atividades realizadas colaborativamente, podem propiciar o desenvolvimento da ZDP. A seguir, apresentar- se-á o contexto em que a pesquisa foi realizada, assim como a metodologia, seguidos da discussão dos resultados e considerações finais. 2. Contexto e procedimentos metodológicos Essa pesquisa foi desenvolvida dentro do contexto do projeto EDigital, em uma escola municipal de Aquiraz (CE), com o apoio do Instituto UFC Virtual, Secretaria Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01133 5 Municipal de Educação e a Companhia Energética do Ceará (COELCE). O objetivo principal desse projeto é desenvolver competências através do programa de formação voltado ao uso pedagógico de computadores, organizado em ações para implantação do projeto de tecnologia educacional. Dentre as ações contempladas pelo referido projeto, está o desenvolvimento de projetos colaborativos com o uso das TDIC. O tema central escolhido para o projeto foi sustentabilidade. Para isso, foram planejadas atividades juntamente com as professoras de Inglês e Matemática de umas das turmas do 7o ano da escola com cerca de 30 alunos, com idades entre 13 e 16 anos. A turma foi escolhida devido a disponibilidade dos professores e alunos realizarem algumas atividades no contraturno, ou seja, horário contrário ao que estudam na escola. Desse modo, o projeto sobre sustentabilidade focando no uso consciente da energia elétrica, buscou integrar os conteúdos curriculares, isto é, desenvolvidos de forma interdisciplinar com as disciplinas de Matemática, a partir da construção de gráficos em programa de planilha eletrônica, Português, por meio da elaboração de textos feitos a partir de pesquisas em sites de buscas e editor de texto do netbook e Inglês, com o uso do recurso digital “Fábrica de Tirinhas” (http://www.proativa.vdl.ufc.br/oa/tirinhas/tirinhas.html) e da ferramenta do Google Tradutor. Assim, os estudantes produziram diversos materiais durante as atividades dos projeto: tirinhas, gráficos informando a porcentagem de estudantes da escola que economizavam energia e textos informativos; que ao final do projeto foram condensados em um banner e exposto na escola. Apesar do projeto ter contemplado toda a turma, que foi dividida em grupos de três estudantes e totalizando 10 grupos de trabalho, para efeito de análise de como o computador e o uso da web, em atividades realizadas colaborativamente, podem propiciar o desenvolvimento da ZDP, escolheu-se um grupo composto por três estudantes. Usou-se a metodologia qualitativa com caráter interpretativo, pois, nesse tipo de pesquisa analisa-se os dados coletados buscando a identificação de padrões para se delimitar categorias (BOGDAN, BIKLEN, 1994). Como técnica de pesquisa, utilizou-se a observação participante na qual o pesquisador participa ativamente das atividades em conjunto com o observado (LAKATOS e MARCONI, 2003). Para isso, usaram-se diários de campo e entrevistas Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01134 6 semiestruturadas realizadas com estudantes em sala de aula após a realização das atividades. As categorias de análise foram definidas usando como fundamentação Vygotsky (1994) que explica que o uso de ferramentas e as interações propiciam o desenvolvimento das ZDP, afirmando que estas últimas são essenciais para o desenvolvimento cognitivo. Considerou-se, também, as produções realizadas por meio do engajamento do grupo analisado, visto que o envolvimento das pessoas, em busca de um objetivo, são potencializadores da aprendizagem (MEIRA, LERMAN, 2009). A seguir, apresenta-se a discussão dos resultados. 3. Discussão dos resultados Após análises, as categorias foram divididas em: Interação, Produção e Aprendizagem, estas convergem em questões que serão discutidas a seguir e fornecem sustentabilidade à relação entre a potencialização das ZDP e as atividades com o uso do computador. 3.1 Interação A primeira categoria considerada é a interação que sinaliza a conversação do grupo, a troca de ideias e opiniões entre os membros, bem como as suas participação nas atividades propostas. Essa categoria apresenta relação com o conceito de ZDP, onde a interação e a relação entre os sujeitos é potencializador do desenvolvimento e da aprendizagem (VYGOTSKY, 1994). Observou-se situações de interação em que os diálogo esteve presente, sobre isso, Freire (2005, p. 90) afirma que “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. O grupo observado demonstrou interesse pelas atividades propostas, pois trabalharam para cumprir o que havia sido proposto pelos professores. Verificou-se, nas primeiras atividades, que os estudantes não interagiam., desta forma, não houve o surgimento da ZDP. Assim como já explicitado, o grupo observado era composto por três estudantes, sendo dois do sexo masculino e uma do sexo feminino. A garota, na maioria das vezes, tomava o trabalho para si, desenvolvendo-o individualmente, não oportunizando aos garotos a interação e portanto, o surgimento da ZDP. Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01135 7 Durante o desenvolvimento da atividade que incluía a discussão dos resultados de pesquisas realizadas na escola sobre a economia de energia, foi proposto a elaboração de gráficos no Calc, e solicitado a construção de um texto ilustrado. Com a ausência momentânea da garota do grupo, os meninos conseguiram interagir, trocando opiniões sobre a construção proposta pela professora (ver protocolo 1). Protocolo 1 - Interação dos estudantes Aluno 1: Como faz para colocamos os números no gráfico? Aluno 2: É , acho melhor, fica melhor de entender... Aluno 2: Vamos fazer maior para ficar melhor de ler... Aluno 1: Acho que não precisa porque o gráfico já diz qual a quantidade... Aluno2: Ah é mesmo! No protocolo 1 fica evidente a interação ocorrida entre o aluno 1 e 2, que culminou na construção de um gráfico de setores com o uso de uma planilha eletrônica. Através dessa conversação, percebeu-se uma mudança e um entendimento com relação a um conhecimento que o Aluno 2 parecia não compreender. O aluno 1 (consideradoo mais experiente) perceber algo que já estava descrito, demonstrando uma maior compreensão, naquele momento, conseguindo auxiliar o par. Isso ficou evidenciado quando o aluno 2 foi confeccionar outro gráfico e já o fez sem colocar os números, evidenciado um espaço deixado pelas atividade para o desenvolvimento da ZDP. Sendo esta última construída durante atividades, jogos e atividades realizadas com pares, os educadores ou outras ferramentas possibilitam uma aprendizagem (MEIRA, LERMAN, 2009) 3.2 Produção Essa categoria relaciona-se com o tipo de produção realizada pelo grupo durante as atividades do projeto. A produção limitada, indica que o aluno realizou apenas o que foi solicitado, enquanto que na produção ampliada, incluiu novas produções, aliando novas ideais ao trabalho proposto. Dessa forma, a ZDP seria alcançada, posto que antes o aluno não conseguia fazer a atividade sozinho, através da interação com a ferramenta e com os colegas, construindo um produto. As primeiras produções do grupo analisado podem ser classificadas como limitadas, pois foram desenvolvidas de forma mínima, ou seja, fazendo exclusivamente o solicitado pela professora. Dentre essas atividades estão os slides de tirinhas e a pesquisa sobre o uso da energia elétrica com a representação dos resultados em Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01136 8 gráficos. Apesar da produção limitada, os estudantes, ao construírem os trabalhos em grupos, potencializaram a ZDP. Silva (2012) defende a participação e a interação, pois considera que a educação e aprendizagem ocorre quando o aluno é co-autor e sujeito do seu próprio conhecimento. Na última atividade proposta, o grupo fez uma produção ampliada, visto que os alunos conseguiram explorar os conteúdos e as ferramentas disponíveis, indo além do que foi proposto, produzindo algo inovador e criativo. Apesar de ter sido solicitado a construção colaborativa de um texto ilustrado, os estudantes além de construírem o texto, transformando o que foi escrito em música. Nesse caso, houve também a construção de um novo significado, visto que o participante conseguiu dar um novo significado a algo que antes não conseguia entender. 3.3 Aprendizagem Apesar das diferentes definições que se pode dar para aprendizagem, considerou-se, para essas análises, a aprendizagem sendo vista como algo social e que acontece através da comunicação, em que o conhecimento é construído a partir do confronto (HILTZ, ROXANNE, 1998). Assim, é por meio da Aprendizagem que surgem mudanças de pensamentos ou de atitudes de um ou mais participantes através da intervenção de outro membro ou da observância e utilização da ferramenta, demonstrando efetivamente a importância dessa relação para potencialização da ZDP. Lemos (2002) destaca a importância das práticas sociais combinadas com a comunicação na educação. Verificou-se que em relação às atividades em pares (social) e comunicação (notebooks e interação) os alunos demonstraram mudança de conceito em atividades, por exemplo, que requisitaram pesquisas feitas em sites de busca, percebendo-se, nessas ocasiões, a ampliação de seus conhecimentos. Em outra situação, já citada, o grupo conseguiu imprimir um novo significado ao texto ilustrativo, ao construir além do texto, o ritmo de um música sobre o tema proposto. Também, a partir da interação, os estudantes possibilitaram a aprendizagem dos pares, como pode ser visto no protocolo 2. Protocolo 2 - Aprendizagem sobre perspectiva Aluno 1: Ei porque o menino tá tão pequeno e o poste tão grande? Aluno 2: Porque o poste tá mais perto e o menino tá longe, entendeu? Aluno 1: Ah sim, então quer dizer que quanto mais perto tiver maior ele vai ficar né? Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01137 9 No protocolo 2 percebe-se houve uma dúvida entre dois objetos que estavam sendo inseridos no recurso digital Fábrica de Tirinhas (poste e um garoto), pois o aluno 2 não entendia porque o poste estava grande e o garoto pequeno. O aluno demonstra falta de compreensão sobre perspectiva, mas com a intervenção do aluno 1 e os exemplos dados após esse diálogo, o aluno passou a compreender essa questão, conseguindo fazer o quadro seguinte da tirinha sem maiores dificuldades. Com a descrição e a análise dos resultados nesta seção fica evidenciado uso do computador como ferramenta para a promoção da ZDP dos alunos nos diferentes momentos em que os alunos interagiram com o netbook e desenvolveram estratégias para resolução de problemas que até então eles não conseguiam realizar sozinhos, apesar de terem o potencial para tanto, mas que com a ajuda de um colega ou de uma ferramenta (netbook) esse comportamento foi potencializado. 4. Considerações finais As Atividades realizadas com o computador propiciaram o surgimento das ZDP, visto que assim como Vygotsky (1994) estabeleceu a importância da interação dos alunos com ferramentas, adultos ou outros sujeitos mais experientes para que o desenvolvimento ocorra. Considerando a tecnologia uma realidade no mundo moderno, o ensino deve estar cada vez mais próximo desse recurso, o utilizando de maneira interdisciplinar e contínua em sala de aula. Os resultados encontrados relacionados ao critério Produção Ampliada revelam os vários meios e oportunidades provocadas pelo computador, fornecendo diferentes maneiras dos alunos explorarem o conteúdo propostos. Somando-se a este parâmetro, outros critérios encontrados, não menos importantes, tais como a conversa, a participação, a mudança de conceito sinalizam a importância da utilização do computador no surgimento de ZDP. A motivação dos alunos foi uma constante em todos os encontros, alguns momentos o projeto precisou acontecer no contra-turno, havendo uma boa frequência, mesmo nos dias de prova na escola. Os alunos demonstraram interesse e alegria em poder manipular os netbooks, conseguiram desenvolver as atividades com desenvoltura, aliando com o conteúdo visto em sala de aula. Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola EdUECE- Livro 1 01138 10 Por fim, considerando os conhecimentos dos autores anteriormente citados aliados aos resultados deste estudo, percebe-se que a atividades em pares e a interação intermediadas pelo uso do computador proporcionam situações que provocam as ZDP. 5.Referências ALONSO, K; VASCONCELOS, M. As tecnologias da informação e comunicação e a aprendizagem colaborativa no ensino fundamental. Revista Contrapontos - Eletrônica, Vol. 12 - n. 1 - p. 58-67 / jan-abr 2012. BOGDAN, R.C; BIKLEN, S.K. Investigação qualitativa em educação. Porto, Portugal: Porto Editora, 1994. CASTRO, J. B. ; BARRETO,A.L.O. ; CASTRO-FILHO, J. A. . Interpretando e Construindo Gráficos de Barras e de Setores a partir de Objetos de Aprendizagem. In: 3o. Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Matemática, 2012, Fortaleza. 3o. SIPEMAT, 2012. p. 1-12. DAVID, P. B. ; CASTRO-FILHO, J. A. 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