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A LETRA DE FUNK COMO MARCA DE RESISTÊNCIA AOS 
PADRÕES IMPOSTOS PELA LÍNGUA BRASILEIRA CULTA
 Luanna Gabriel de Oliveira Menezes
Graduação em Língua Portuguesa e Literatura – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, especialização em Língua Portuguesa. E-mail do autor: luannadocastro@hotmail.com
RESUMO
O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão a partir de algumas Gramáticas Normativas do Português Brasileiro com o intuito de mostrar que os ditos erros ligados a Concordância Nominal não são algo criado pelos integrantes do movimento funk, moradores de comunidades ou de pessoas que não tiveram acesso aos bancos escolares, mas sim é um processo que acontece desde a formação do Português Brasileiro com a chegada dos Portugueses ao nosso território e antes desde acontecimento a nossa língua sofre variações desde a formação das línguas românicas. Foram apresentados textos sobre a origem do Funk carioca e outros artigos que trouxeram outros exemplos de resistência e grupos que lutaram para ganhar espaço nesta sociedade que exclui. Analisamos algumas gramáticas tradicionais e o conceito de Concordância Nominal e abordamos o tema preconceito linguístico a partir de Marcos Bagno. A importância deste estudo é mostrar que as variações existentes na Língua Portuguesa e em especial nas letras de Funk, ligadas ao uso da concordância nominal, não devem ser consideradas erros como dizem as Gramáticas Tradicionais e sim aceitas por serem uma variação linguística, uma mudança que ocorre de forma natural na língua.
Palavras-chave:; Língua Portuguesa; Funk; variação linguística; concordância nominal;
1. Introdução
Com a chegada dos portugueses no século XVI, iniciou-se a formação do nosso idioma a partir do português trazido por eles, os colonizadores. Desde a sua formação até os dias atuais o português brasileiro tem sofrido processos de variação e mudança linguística. 
Apresentaremos neste trabalho alguns fenômenos que existem na língua desde o início da história das línguas românicas, mostrando que estes processos de perda ou ganho ligados à concordância nominal é algo que vêm acontecendo com o tempo e, é uma consequência do uso da língua por seus falantes, não é um fenômeno atual criado pelos falantes do português popular ou das pessoas ligadas ao movimento Funk.
Assim, tentaremos mostrar a partir deste trabalho que saber e entender as regras da Gramática são importantes, no entanto, os ditos erros ligados a Concordância Nominal que são encontrados nas letras de Funk e fazem parte do cotidiano das pessoas que não seguem a norma culta padrão, não devem ser considerados errados, pois como vimos com a historia da língua, houve uma confluência de motivos, contribuições vindas de vários povos, para assim surgir o português brasileiro, que desde a formação das línguas românicas até os dias atuais tem sofrido variações e mudanças que beneficiam os seus falantes, tornando a comunicação mais eficaz, na qual muitos falantes fazem o uso considerado inadequado como forma de resistir o que a Gramática quer impor. A língua é viva! 
2. A QUESTÃO DA CONCORDÂNCIA NOMINAL
Scherre mostra a partir de estudos realizados, ligados a teoria da variação linguística nas décadas de 70, 80 e 90 indicam que a variação na concordância nominal em português é um fenômeno independente de regionalismo, ou seja, acontece em todo o território.
Segundo a pesquisa ligada a teoria da variação linguística sobre o português falado no Rio de Janeiro, e em outras cidades foi possível perceber que as variáveis sociais mais importantes para entender estas variações na língua estão ligadas ao grau de escolarização e pessoas que vivem na cidade ou no campo.
Quando pensamos em concordância nominal e suas variações é preciso levar em consideração as ondas de populações que chegaram ao nosso país, vindas de diversas partes do mundo, esses efeitos demográficos tiveram efeito de reforçar certas forças e inibir outras.
Os autores concluem que toda a variação ligada a concordância nominal veio com os portugueses, um microcosmo português de todas as regiões de Portugal e de diversas classes de Portugal. Assim, novas estruturas foram criadas com contribuições de outros povos ou surgiram a partir de um processo de simplificação das estruturas. 
Naro e Scherre deixam bem claro que embora haja muitas semelhanças, cada idioma seguiu o seu caminho, pois também apresentam muitas diferenças, e muitas delas inquestionáveis.
2.2.1 – O QUE DIZEM ALGUMAS DAS NOSSAS GRAMÁTICAS TRADICIONAIS
Moderna Gramática Portuguesa – Evanildo Bechara
De acordo com a Gramática de Evanildo Bechara (2009), a concordância consiste em se adaptar a palavra determinante ao gênero, número e pessoa da palavra determinada.
O que seria palavra determinante e determinada? Segundo a gramática, as palavras determinantes são o adjetivo e o pronome, o artigo, numeral ou o particípio. Já as determinadas são o substantivo ou pronome.
Segundo Bechara, a concordância pode ocorrer de palavra por palavra ou de palavra para um sentido. Quando há concordância de palavra para palavra, esta poderá ser total ou parcial, também conhecida como atrativa. Pode-se levar a totalidade ou o termo que está mais próximo da palavra determinada.
Quando há apenas uma palavra determinada, a palavra determinante irá para o gênero e número da palavra determinada. Mas se houver mais de uma palavra determinada e forem do mesmo gênero, a palavra determinante devera ir para o plural e para o gênero comum, ou poderá concordar com o termo anterior a ela, em gênero e número.
Entretanto, se as palavras determinadas forem de gêneros diferentes, a palavra determinante irá para o plural masculino ou concordará em gênero e número com a mais próxima.
Bechara diz que quando há concordância de palavra para sentido, a palavra determinante pode deixar de concordar em gênero e número com a forma determinada para levar em consideração apenas o sentido em que se aplica.
Gramática para Concursos Públicos de Fernando Pestana
Pestana (2015) pretende trazer um esclarecimento definitivo das dúvidas dos candidatos ao cargo público, pois tem uma teoria aprofundada baseada em várias gramáticas, no entanto traz um visão de fato moderna e uma linguagem bem informal para ensinar o registro culto.
Segundo Fernando Pestana em sua Gramática para Concursos a concordância diz respeito a relações existentes entre as palavras. Por exemplo, as palavras que acompanham ou substituem o substantivo ficarão no mesmo número e no mesmo gênero que ele.
O autor diz que a Concordância Nominal trata da adequada variação em gênero e número dos determinantes que são os artigos, adjetivos, numerais e pronomes com o substantivo, pois há uma relação de dependência e relação entre eles.
Conforme a regra geral, Pestana nos diz que os determinantes concordam em gênero, número com o substantivo ou outra palavra com valor de substantivo.
Em relação aos pronomes, eles devem concordar com o substantivo a que se referem. Se existir mais de um substantivo com gêneros diferentes, ele deve ficar no masculino.
 3. Conclusão
 Neste trabalho foram apresentados vários textos com o objetivo principal de mostrar que o uso considerado inadequado da concordância nominal nas letras de Funk é uma mudança e variação linguística que ocorre desde a formação das línguas românicas e fazem parte da deriva natural da língua, podemos perceber no decorrer da pesquisa que a linguagem utilizada nas composições deste ritmo é uma língua de resistência, na qual o grupo cria a sua identidade e assim luta contra o silenciamento imposto pela Gramática Normativa e seus defensores. 
Então podemos concluir que falar sobre erro, sobre o errado, o inadequado, além de ser uma questão de preconceito linguístico está ligado a falta de conhecimento sobre o processo de formação do nosso idioma. Quando a pessoa compreende tal processo não verá a variação como um erro, mas como uma mudança necessária para tornar a língua mais dinâmica e viva para os seus usuários.
Referências
AULETE, Caldas. Minidicionáriocontemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004
BAGNO, Marcos.  Não  é errado falar assim – em defesa do  português brasileiro. São  Paulo: Parábola,  2009. 315p.
BAXTER, Alan; LUCCHESI, Dante (2006). Processos de crioulização na história sociolingüística do Brasil. In: CARDOSO, Suzana; MOTA, Jacyra & MATTOS E SILVA, 294 Rosa Virgínia. (Orgs.). Quinhentos anos de história lingüística do Brasil. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia. p. 165-218.
BECHARA, Ivanildo. Moderna Gramática Portuguesa / Evanildo Bechara – 37 ed. – ver., ampl. E atual. Conforme o novo Acordo Ortográfico. – Rio de Janeiro : Nova Fronteia, 2009
CASTILHO, Ataliba. O Português do Brasil. In: ILARI, Rodolfo. Linguística Românica. 3 ed. São Paulo: Ática, 1999.
CUNHA, C. e CINTRA, L.F. (1985). Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
DAVIS, Ângela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
LUCCHESI, Dante (1999). A questão da formação do português popular do Brasil: notícias de um estudo de caso. A cor das letras, n. 3, p. 73-100.
NARO, A. J. & SCHERRE, M. M. P. (1933). Sobre as origens do português popular do Brasil. DELTA. São Paulo, Educ, 9(nº Especial):437-454 . Simões. PERES, J. A. &
OLIVEIRA, Luma. Lélia Gonzales e o Português afro-brasileiro como ato político e de resistência. Disponível em; http://blogueirasnegras.org/2017/02/03/lelia-gonzalez-e-o-portugues-afro-brasileiro-como-ato-politico-e-de-resistencia/ Acesso em 11/02/19
PERINI, M. A. Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

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