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CURSO DE CAPACITAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO EM DIREITO E LEGISLAÇÃO Curso de Capacitação e Aperfeiçoamento em Direito e legislação
Dicas relevantes para um Bom Estudo
• O objetivo principal é aprender o conteúdo, e não apenas terminar o curso. 											 • Leia todo o conteúdo com atenção redobrada, não tenha pressa.										 • Explore as ilustrações explicativas, pois elas são fundamentais para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o conteúdo. 												 								 • Quanto mais aprofundar seus conhecimentos mais se diferenciará dos demais alunos dos cursos. 											O							• O aproveitamento que cada aluno tem é o que faz a diferença entre os “alunos certificados” e os “alunos capacitados”. 											 								• A aprendizagem não se faz apenas no momento em que está realizando o curso, mas também durante o dia-a-dia. Ficar atento às coisas que estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar aquilo que foi aprendido. 											 • Aplique o que está aprendendo. O aprendizado só tem sentido quando é efetivamente colocado em prática.
Sumário
SUMÁRIO 
LIÇÃO 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO					LIÇÃO 2. LEIS										LIÇÃO 3. COSTUMES									LIÇÃO 4. O QUE É DIREITO?							LIÇÃO 5. O QUE É ORDENAMENTO JURIDICO?				LIÇÃO 6. O QUE É DOUTRINA?							LIÇÃO 7. HIERARQUIA DAS LEIS?						LIÇÃO 10. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL 			LIÇÃO 11. O QUE É O DIREITO CONSTITUCIONAL?			LIÇÃO 12. CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO				LIÇÃO 13. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO		LIÇÃO 14. QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DE PODERES CONSTITUINTES.										LIÇÃO 16. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO			LIÇÃO 17. CONCEITO									LIÇÃO 18. FONTES									LIÇÃO 19. PRINCÍPIOS								LIÇÃO 20. PODERES ADMINISTRATIVOS					LIÇÃO 23. NOÇÕES DE DIREITO CIVIL						LIÇÃO 24. LEI DE INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL			LIÇÃO 25. PESSOAS JURIDICAS							LIÇÃO 26. O QUE É DIREITO CIVIL?						LIÇÃO 27. ASSOCIAÇÕES								LIÇÃO 28. SOCIEDADES								LIÇÃO 29. FUNDAÇÃOES			 					LIÇÃO 30. ENTIDADES OU ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS		LIÇÃO 31. PARTIDOS POLÍTICOS 							LIÇÃO 34. NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO					LIÇÃO 35. CONCEITO									LIÇÃO 36. OS CRITÉRIOS UTILIADOS PARA DIFERENCIAR O DIREITO PÚBLICO DO PRIVADO								LIÇÃO 37. TEORIA DA IMPUTAÇÃO						LIÇÃO 38. A UNIÃO DOS CRITÉRIOS 						LIÇÃO 39. NEGATIVISTAS	
LIÇÃO 1- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Ao iniciarmos uma introdução ao estudo do Direito, nos deparamos com uma disciplina que denota um controle social, uma atividade que busque possibilitar o convívio em sociedade, evitando ou solucionando os conflitos que surgem desta relação.
A fim de nutrir uma sociedade justa e harmônica, algumas normas predefinidas devem ser seguidas pelos indivíduos que compõe aquele grupo, de forma que possamos nos aproximar ao máximo da justiça e evitar o caos.
Estas normas surgem na sociedade para organizar as relações e, para tanto, tem caráter obrigatório. No estudo das fontes do direito, vamos verificar que a principal diferença entre eles está o modo e o momento como surgem na sociedade. Neste sentido, nos ensina Maria Helena Diniz:
“Trata-se da fonte real ou material do direito, ou seja, dos fatores reais que condicionaram o aparecimento de norma jurídica”
Em outras palavras, entendemos as fontes do direito como a origem das normas que devem ser seguidas para manutenção do convívio justo e harmônico em sociedade. Vejamos a definição de Miguel Reale:
“Por "fonte do direito" designamos os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa”
São fontes do direito as leis, os costumes, a jurisprudência e a doutrina, dispostas em uma ordem de força impositiva objetiva, contudo, não absoluta, como veremos no estudo de cada uma delas.
LIÇÃO 2.LEIS
A primeira fonte do direito é a legislação, normas escritas que emanam da autoridade soberana de uma dada sociedade (ao exemplo do Poder Legislativo) e impõe a todos os indivíduos a obrigação de submeter-se a ela sob pena de sanções.
A Constituição da República Federativa do Brasil, ao tratar dos direitos e garantias fundamentais dispõe em seu artigo 5º, inciso II, que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Ou seja, todos os indivíduos que compõe a sociedade brasileira são submetidos ao regime legal imposto, por meio das leis vigentes em nosso país. O que diferencia a legislação das demais fontes do direito é o seu aspecto formal, sendo a lei elaborada por órgãos competentes (Câmara Municipal, Câmara Estadual ou Congresso Nacional) e seguindo critérios predefinidos de validade e eficácia.
A lei, portanto, é uma norma formal e predeterminada que obriga o indivíduo. Vejamos o que ensina Tércio Sampaio Ferraz Junior:
“A lei é a forma de que se reveste a norma ou um conjunto de normas dentro do ordenamento. Nesse sentido, a lei é fonte do direito, isto é, o revestimento estrutural da norma que lhe dá a condição de norma jurídica”[3].
No Código Civil Brasileiro, o artigo 927 dispõe que “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”, e nos artigos 186 e 197 define o ato ilícito como “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” e “também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
Na Constituição da República Federativa do Brasil e no Código Penal Brasileiro encontramos a determinação de que a ato cometido precisa ser previamente definido em lei, para só então ser considerado crime e serem aplicadas as sanções penais, que também deverãoestar previamente definidas. Assim dispõe a Carta Magna em seu artigo 5º, inciso XXXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Podemos verificar a mesma regra no artigo 1º do Código Penal.
A obrigatoriedade da lei escrita é o que conceitua o chamado sistema jurídico positivado, ou seja, vale a norma formal e escrita. Contudo, a lei nem sempre é suficiente para manter a harmonia no convívio social, seja por ausência de lei que regule determinada atividade humana ou mesmo por sua inadequação diante da dinâmica social. Para tanto, outras fontes do direito são consideradas na pacificação social.
LIÇÃO 3.COSTUMES
Se a legislação é o meio objetivo pelo qual se mantém a paz social, é necessário que saibamos o que a sociedade espera deste convívio, ou seja, qual determinação trará efetiva harmonia na convivência entre as pessoas. É claro que a atual organização legislativa não surgiu repentinamente. Para tanto, foram necessários anos de evolução histórica social, que ocorreram inicialmente pela aplicação dos costumes como definição de certo e errado.
	
Por costume, como fonte do direito, entendemos pela conduta do indivíduo em sociedade, que passa a ser praticada por todos, reiteradamente e por um longo período, tornando-se obrigatória, sob pena de reprovação social. Ensina Tércio Sampaio Ferraz Junior:
“Em suma, o costume, como fonte das normas consuetudinárias, possui em sua estrutura, um elemento substancial - o uso reiterado no tempo - e um elemento relacional - o processo de institucionalização que explica a formação da convicção da obrigatoriedade e que se explicita emprocedimento, rituais ou silêncios presumidamente aprovadores”[4]. Um exemplo clássico que podemos citar são as filas, meio de organização social em que se espera, geralmente para ser atendido em algum estabelecimento, e que não é regulado por lei, contudo, respeitado pela sociedade, sob pena de desaprovação, de ser rotulado de desrespeitoso ou mal-educado.Ainda, é necessário destacar que, apesar de ser uma forma subjetiva de norma, que prescinde de análise moral e ética por parte do julgador, o costume é incluso no texto legal, ou seja, considerado valido pela lei. Lembrando o artigo 187 do Código Civil Brasileiro, exemplo de lei, nos deparamos com o conceito de ato ilícito como que excede os limites impostos pelos bons costumes. Outro exemplo é o artigo 1.638, inciso III, do mesmo código, que determina que “perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: praticar atos contrários à moral e aos bons costumes”. Concluímos que o costume é uma fonte do direito informal, porém com eficácia obrigatória, inclusive considerada pelas normas formais (leis). 																																											LIÇÃO 4.O QUE É DIREITO ?
Direito pode se referir à ciência do direito ou ao conjunto de normas jurídicas vigentes em um país (direito objetivo). Também pode ter o sentido de íntegro, honrado. É aquilo que é justo, reto e conforme a lei. É ainda uma regalia, um privilégio, uma prerrogativa.										A ciência do direito é um ramo das ciências sociais que estuda as normas obrigatórias que controlam as relações dos indivíduos em uma sociedade. É uma disciplina que transmite aos estudantes de direito um conjunto de conhecimentos relacionados com as normas jurídicas determinadas por cada país. Para alguns autores, é um sinal de organização de uma determinada sociedade, porque indica a recepção de valores e aponta para a dignidade do ser humano.						A faculdade legal de praticar ou não um determinado ato é designada por (direito subjetivo). Neste caso, o direito se refere ao poder que pertence a um sujeito ou grupo. Por exemplo, o direito de receber aquilo pelo qual se pagou.				O direito como conjunto de normas também se divide em positivo ou natural. O direito positivo são as normas criadas e postas em vigor pelo Estado; o direito natural são as normas derivadas da natureza, ou seja, são as leis naturais que orientam o comportamento humano, os direitos fundamentais.
Direito civil
Direito civil é o conjunto de normas reguladoras dos direitos e obrigações de ordem privada concernentes às pessoas, aos bens e às suas relações.
Direito penal
Direito penal é o complexo de preceitos legais que definem os crimes, determinam as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores.
Direito do trabalho
Direito de trabalho é o conunto de normas que regem as relações de trabalho entre empregados e empregadores, bem como dos direitos resultantes das condições jurídicas dos trabalhadores.
Direito administrativo
Direito administrativo é o conjunto de normas e princípios que presidem à organização e funcionamento dos serviços públicos.
Direito constitucional
Direito constitucional é o conjunto de normas e princípios fundamentais que regulam a organização política do Estado, forma de governo, atribuições e funcionamento dos poderes políticos, seus limites e relações, os direitos individuais e a intervenção estatal na esfera social, econômica, ética e intelectual.
Direito processual
Direito processual é o conjunto de leis que estabelecem a forma pela qual se devem fazer valer os direitos; conjunto de leis reguladoras dos atos judiciários.
LIÇÃO 5.O QUE É ORDENAMENTO JURÍDICO
Ordenamento jurídico é o conjunto de normas de um estado expressas em lei.									É um sistema normativo, que estabelece uma ordem na qual o direito deve respeitar em relação às leis e normas estabelecidas no país, de forma que o Poder Jurídico realize seu trabalho com base nestas. 							Ordenamento jurídico não possui um sinônimo exato, mas outras expressões substituem, como disposição hierárquica do conjunto de leis, ou sistema normativo jurídico.				Em países de língua inglesa, como Inglaterra e Estados Unidos, o ordenamento jurídico é chamado de legal system.
Ordenamento jurídico brasileiro
O ordenamento jurídico brasileiro tem a seguinte sequência, em ordem direta de superioridade:
1. Constituição Federal de 1988
2. Leis, decretos e jurisprudências
3. Atos normativos, portarias e resoluções
4. Contratos, sentenças judiciais, atos e negócios jurídicos.
Portanto, contratos feitos entre civis estão subordinados a resoluções e atos normativos, que por sua vez devem estar de acordo com as leis e decretos publicados, que estão subordinados à Constituição.							O Ordenamento Jurídico Brasileiro é influenciado pelo direito romano-germânico, e tem carácter civilista. A lei maior do Estado é a Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de Outubro de 1988.									A Constituição define que a União é dividida em três poderes independentes e harmônicos entre si: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário.						E a partir da divisão dos poderes cabe a cada um deles manter o ordenamento jurídico, conforme suas competências. No caso, o Poder Executivo é composto do Chefe de Estado, ou o Presidente da República, em nível federal. Em nível estadual pelo Governador, e municipal pelo Prefeito.					No Ordenamento Jurídico Brasileiro, os estados e municípios possuem autonomia para elaborar Constituições Estaduais e suas próprias leis, desde que subordinadas à Constituição Federal.									O Poder Legislativo é composto pelos vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores. É dever destes a elaboração das leis que farão parte do ordenamento jurídico nacional.
E o Poder Judiciário é responsável pela manutenção e aplicação das leis e da Constituição. No âmbito federal, é dividido entre o Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), os Tribunais Regionais Federais (TRFs) e a Justiça Federal. Também há tribunais em nível estadual, assim como aqueles especializados em questões eleitorais, trabalhistas e militares.Os instrumentos do Ordenamento Jurídico brasileiro estão dispostos na Constituição, e são eles: emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, e medidas provisórias.
LIÇÃO 6. O QUE É DOUTRINA
Doutrina é definida como um conjunto de princípios que servem de base a um sistema, que pode ser literário, filosófico, político e religioso. Doutrina também pode ser uma fonte do direito.
Doutrina está sempre relacionado à disciplina, a qualquer coisa que seja objeto de ensino, e pode ser propagada de várias maneiras, através de pregações, opinião de pessoas conhecidas, ensinamentos, textos de obras, e até mesmo através da catequese, como uma forma de doutrina da Igreja Católica.
Doutrina também está presente nas ciências jurídicas, onde também é chamada de direito científico, que são estudos desenvolvidos por juristas, com o objetivo de compreender os tópicos relativos ao Direito, como normas e institutos.
LIÇÃO 7. HIERARQUIA DAS LEIS
Todo dia, surge a notícia de que foi aprovada uma nova lei, revogado um dado decreto e que determinada Agência vai avaliar uma proposta de resolução. Mas, afinal, como isso tudo se encaixa na prática? Costuma-se ensinar nas aulas de Direito que o sistema jurídico é piramidal, isto é, existe uma fonte – a Constituição Federal – da qual as demais normas devem extrair o seu fundamento de validade. É na Constituição que encontramos regras de competência (quem pode e quem deve fazer o que), procedimento a ser seguido (qual quórum para aprovação, em quantos turnos, por que tipo de instrumento) e também diretrizes relacionadas ao conteúdo (limites à publicidade, dever de respeito ao consumidor, regras tributárias). Com base no que dispõe a Constituição Federal, tanto sob o aspecto formal, quanto material, o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado Federal) é responsável pela criação de leis federais. Alei federal que extrapolar aquilo que dispôs a Constituição, criando obrigações contrárias ao que determinou o texto constitucional, ou que tiver sido aprovada sem seguir a tramitação exigida na Constituição poderá ter a sua constitucionalidade (isto é, a sua validade) questionada no Judiciário, podendo ser retirada do sistema pelo Supremo Tribunal Federal (controle abstrato) ou afastada em um caso concreto por um juiz (controle concreto, via mandado de segurança, por exemplo). Uma vez aprovada uma lei federal, que são normas gerais e abstratas, o Presidente da República poderá, nos termos do artigo 84, IV, da Constituição, expedir decretos e regulamentos para garantir a fiel execução da lei federal (que, vale lembrar, deve ser compatível com a Constituição), como no caso do Decreto nº 8.552/15, que regulamenta a Lei nº 12.265/06. As Resoluções são os atos normativos expedidos por Ministérios e Agências Reguladoras, que devem, obrigatoriamente, se pautar nas normas que lhes são hierarquicamente superiores. Na prática, há quem saiba de cor os números das resoluções, mas desconheça os parâmetros legais e constitucionais que são o sustentáculo destes atos. Como exemplo de resolução, cita-se a RDC nº 26/15. Há ainda as portarias expedidas pelos chefes de órgãos públicos, originalmente dirigida aos seus subordinados (ato interno), mas que, por vezes, atinge, ainda que não possa criar direitos, os interesses de terceiros, como a Portaria nº 29/98. Um ponto importante a ser considerado é que o chamado Decreto-lei, instrumento do Poder Executivo que tinha força de lei, deixou de existir como fonte de direito a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. Contudo, aqueles que eram compatíveis com o texto constitucional foram recepcionados com status de lei (ordinária ou complementar, conforme o caso), embora permaneçam com a sua denominação e numeração, como é o caso do Decreto-lei nº 986/69. Existe, por fim, um novo modelo de apresentar o sistema jurídico, que incluiu os tratados internacionais como mais uma das fontes do direito. No caso específico dos tratados sobre direitos humanos, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a sua hierarquia superior à das leis e, assim, o legislador deve respeitar não apenas à Constituição, mas também as diretrizes indicadas nos tratados que versem sobre direitos humanos, razão pela qual já se fala em uma representação do sistema jurídico em forma de trapézio. O clássico “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, no mundo jurídico, é substituído por “manda a Constituição e, se não obedece, vai a juízo”, com chance de declaração de inconstitucionalidade ou ilegalidade, conforme o caso.
LIÇÃO 10. NOÇÕES DE DEIREITO CONSTITUCIONAL
 LIÇÃO 11. O QUE É O DIREITO CONSTITUCIONAL?																		O Direito Constitucional é a parte primordial do estudo do Direito por expor, interpretar e sistematizar as normas e princípios basilares do Estado. Seu principal objeto de estudo é o Poder, bem como sua estrutura, organização e limitação. Com isso, analisa a distribuição de competência entre as esferas do poder político, incluindo os direitos fundamentais dos indivíduos com o Estado ou como membros da comunidade.
O Direito Constitucional, como o próprio nome já diz, estuda a Constituição Federal com profundidade pelo simples fato de ela constituir o código máximo do ordenamento jurídico. Na Carta Magna, consta que o social prevalece sobre o estatal. Sendo assim, é necessário determinar tanto os direitos de cidadania quanto os sociais. Aí, estão incluídos os direitos que protejam a vida e os relativos à comunicação.
Disciplinas do Direito Constitucional
Direito Constitucional Geral: é a área que delineia conceitos, princípios e instituições presentes nos direitos positivos a fim de classificá-los e sistematizá-los dentro de uma visão unitária.	Direito Constitucional Comparado: estuda as normas jurídico-constitucionais positivas dos estados destacando contrastes e singularidades entre eles.				Direito Constitucional Positivo ou Particular: estuda os princípios e regras de uma Constituição ou Estado concretos, compreendendo as leis vigentes, seu histórico e a conexão com a realidade. Ou seja, compreende a sistematização dessas leis.
 O QUE É A CONSTITUIÇÃO?
Como já comentamos, a Constituição Federal é o código máximo do ordenamento jurídico por meio do qual é determinada a organização jurídica fundamental de um Estado. A Constituição Brasileira foi promulgada em 05 de outubro de 1988 pela Assembleia Constituinte composta por senadores e deputados eleitos pela população. O texto é o sétimo na história da República e representou o auge da redemocratização do país.
Entre os principais avanços advindos pela Constituição, estão a redução do mandato presidencial para quatro anos, fim da censura à imprensa, garantia de aposentadoria aos trabalhadores rurais sem INSS, a Lei de Proteção ao Meio Ambiente, demarcação das terras indígenas, destaque para a autonomia dos municípios, voto facultativo para jovens entre 16 e 17 anos, além do estabelecimento do SUS.
LIÇAÕ 12. A CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
Existem quatro formas de classificar as constituições, conforme orientado pelo autor Marcus Vasconcellos. São elas:
Quanto ao conteúdo: a constituição será formal (procedimental) quando conjunto de normas escritas superior, de forma hierárquica, ao conjunto de leis comum ou material (substancial) quando conjunto de normas constitucionais escritas ou costumeiras, isto é, elaboradas pelas práticas de conduta social.
Quanto à estabilidade: a constituição pode ser semirrígida quando a alteração de parte dos seus dispositivos requer processo mais complexo; flexível se permite alteração pelo mesmo processo legislativo das demais leis; rígida quando a modificação de seu texto exige implantação de processo especial; e, imutável se seu texto não pode sofrer mutações.
Quanto à forma: a constituição pode ser não escrita quanto as normas são baseadas em costumes, jurisprudência ou convenções; e escrita (instrumental) se as normas são elaboradas por órgão específico e codificadas em documento único.
Quanto à origem: a constituição pode ser democrática (promulgada) se elaborada pela participação popular (democracias direta ou indireta) ou outorgada se imposta por governo ditatorial, isto é, sem a participação do povo.
Quanto ao modo de elaboração: a constituição pode ser dogmática (produto escrito e sistematizado por órgão constituinte) ou histórica (baseada em costumes, jurisprudências e outros textos)
Quanto à extensão e finalidade: a constituição pode ser sintética (normas e princípios sintéticos de ordenamento do Estado) ou analíticas (abrangentes e abordando os assuntos relevantes à formação e funcionamento do Estado).
Trazendo para a nossa realidade, a Constituição Brasileira é classificada como promulgada, escrita, formal e rígida. O estado brasileiro, por sua vez, é regido por essa Constituição e constituído como uma Federação. Isso significa haver a união entre Estados, Municípios e Distrito Federal, de onde surge a União. Importante lembrar que, do estado federado, decorre a repartição territorial do poder.
Características básicas da Federação
Já sabemos que o Estado brasileiro é constituído por uma Federação mas, é importante entender, ainda, que esse modelo possui quatro características fundamentais, sendo elas:
Presença de um órgão legislativo que representa os estados, sendo ele o Senado
Inadmissibilidade de secessão ou direito de separação dos estados membros
Autonomia das unidades federativas mediante as capacidades de autogoverno, auto-administração, auto-organização e legislativa.
Descentralização política
Democracia como regime político da Constituição Brasileira
O regime político único do Brasil é a democracia explícito pela frase “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Porém, é importante destacar que existem três espécies de democracia, sendo elas:					Semidireta (participativa), na qual há mecanismosda democracia direta através de referendos (consulta à população sobre matéria já pronta), plebiscitos (consulta à população sobre certo assunto a ser resolvido) e iniciativa popular (projeto de lei apresentado pela população na Câmara dos Deputados)	Representativa, na qual os representantes do povo são eleitos por ele e, em nome dele, toma suas decisões		Direta, onde o povo decide as matérias de governo sem a necessidade de ser representado				Independente de sua espécie, são características basilares da democracia:
Soberania Popular
Responsabilidade
Periodicidade
Eletividade
Representatividade
Para fins de conhecimento, a democracia brasileira é do tipo semidireta.
LIÇÃO 13. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO
É conhecido, ainda, como Princípio da Igualdade. Tem o intuído de garantir a todos os contribuintes que se encontram em situação equivalente sejam tratados de forma igualitária, independente da profissão ou função exercida por ele. É um princípio inegociável na prática democrática e que deve ser cumprido por todos os brasileiros, a fim de evitar discriminação entre cidadãos.
Princípio da Irretroatividade
Por meio deste princípio fica vetada qualquer tipo de cobrança de tributo referente a fatos acontecidos antes da promulgação da lei que o instituiu ou o aumentou.
Princípio da Anterioridade
O Princípio da Anterioridade Tributária estabelece que as ações tributárias sejam conhecidas pelos contribuintes antes que elas entrem em vigência. Assim, fica vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que ele foi promulgado ou antes de 90 dias desde a data de publicação da lei que instituiu ou aumentou aquele tributo ou contribuição.
Entretanto, há algumas exceções constitucionalmente estabelecida, sendo elas os impostos de importação e exportação, IPI e IOF. A lei que aumenta o valor desses impostos passa a valer no mesmo exercício fiscal em que foi promulgada, isso por conta do caráter extrafiscal dos tributos.
Princípio da Capacidade Contributiva
A capacidade contributiva é um princípio decorrente do princípio da igualdade. Tem como finalidade garantir que a quantidade de tributos que um determinado contribuinte paga não interfira naquilo que é necessário a sua sobrevivência, ou seja, tem o objetivo de evitar contribuições exageradas.			Dessa forma, os impostos devem ter um caráter pessoal e ser cobrados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, para isso, a administração tributária poderá verificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas dos mesmos.
Princípio da Vedação do Confisco
Valendo-se do princípio da razoabilidade, a vedação do confisco impede que o Estado se a posse indevidamente de bens, incluindo dinheiro, dos contribuintes, com o pretexto de cobrar tributos.
Princípio da Liberdade de Tráfego
Este princípio constitucional impede que o Estado limite o tráfego de pessoas ou bens por meio da cobrança de tributos intermunicipais ou interestaduais. Aqui, vale lembrar que os pedágios cobrados em vias conservadas pelo poder público são a exceção.
Princípio da Transparência dos Impostos
O Princípio da Transparência de Impostos estabelece que a lei deve determinar medidas para que os consumidores tenham ciência a respeito tributação em cima de mercadorias e serviços.
Princípio da Uniformidade Gráfica
Com o intuito de uniformizar as cobranças de impostos federais, e promover a integralidade no território nacional, de acordo com este princípio, fica vedado à União a cobrança de tributos com valores diferentes no Distrito Federal, Estados ou Municípios. A exceção são os incentivos fiscais que visam promover o desenvolvimento socioeconômico das regiões.
Princípio da Seletividade
De acordo com o Princípio da Seletividade, a tributação dos bens será maior ou menor de acordo com o quanto eles são essenciais. Dessa forma, quanto maior a utilidade social de um bem, menor será a incidência de impostos sobre ele. Por exemplo, alimentos e medicamentos possuem uma carga tributária menor, se comparados a bebidas alcoólicas e artigos de luxo. Ele é obrigatório para IPI, mas é faculdade sobre o ICMS e IPVA.
Princípio da Não-Diferenciação Tributária
De acordo com o Art. 152, da CFB/1988, por meio deste princípio, “é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino”.
Princípio da Não-Cumulatividade
O Princípio da Não-Cumulatividade é aplicado ao ICMS, IPI e aos Impostos Residuais da União Federal. Ele estabelece que o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços deve ser compensado com o montante cobrado nas operações anteriores pelo mesmo Estado ou Distrito Federal.
Princípio das Imunidades Tributária
Segundo este princípio, fica vedado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios a cobrança de impostos sobre:
Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Templos de qualquer culto;
Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
Livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
Princípio da Competência
Segundo o Princípio da Competência, que prevê a obediência irrestrita à Constituição Federal, cada entidade tributária deve restringir a sua atuação à matéria designada a ela por meio da Carta Magna.
LIÇÃO 14.QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE?
O Poder Constituinte é a manifestação máxima da soberania, ou seja, da vontade social e política de um povo. Ela se expressa por meio da Constituição. Existem quatro espécies de Poder Constituinte, a saber:
Poder Constituinte Derivado Decorrente: poder dos Estados membros de criar suas constituições desde que respeitando as normas da Constituição Federal
Poder Constituinte Derivado Reformador: poder exercido pelos órgãos representativos que pode alterar a constituição, desde que respeitando a regulamentação de seu próprio texto
Poder Constituinte Derivado: poder inserido na constituição passível de controle constitucional, ou seja, tem suas limitações
Poder Constituinte Originário: poder de criar uma constituição continuando, também, a sua originalidade independente da criação de novas constituições
LIÇÃO 16- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
LIÇÃO 17.CONCEITO
 
Direito Administrativo é o ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a função administrativa e que abrange entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na consecução do interesse público		Função administrativa é a atividade do Estado de dar cumprimento aos comandos normativos para realização dos fins públicos, sob regime jurídico administrativo (em regra), e por atos passíveis de controle.								A função administrativa é exercida tipicamente pelo Poder Executivo, mas pode ser desempenhada também pelos demais Poderes, em caráter atípico. Por conseguinte, também o Judiciário e o Legislativo, não obstante suas funções jurisdicional e legislativa (e fiscalizatória) típicas, praticam atos administrativos, realizam suas nomeações de servidores, fazem suas licitações e celebram contratos administrativos, ou seja, tomam medidas concretas de gestão de seus quadros e atividades.										Função administrativa relaciona-se com a aplicação do Direito, sendo consagrada a frase de Seabra Fagundes no sentido de que “administrar é aplicar a lei de ofício”. A expressão administração pública possui, segundo Di Pietro 2, no entanto, dois sentidos:
o sentido subjetivo, formal ou orgânico: em que é grafada com letras maiúsculas, isto é, Administração Pública, e que indica o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado; e
o sentido objetivo, em que o termo é grafado com minúsculas (administração pública), sendo usado no contexto de atividade desempenhada sob regimede direito público para consecução dos interesses coletivos (sinônimo de função administrativa).
LIÇÃO 18.FONTES
São fontes do Direito Administrativo:
os preceitos normativos do ordenamento jurídico, sejam eles decorrentes de regras ou princípios, contidos na Constituição, nas leis e em atos normativos editados pelo Poder Executivo para a fiel execução da lei;
a jurisprudência, isto é, reunião de diversos julgados num mesmo sentido. Se houver Súmula Vinculante, a jurisprudência será fonte primária e vinculante da Administração Pública;a doutrina: produção científica da área expressa em artigos, pareceres e livros, que são utilizados como fontes para elaboração de enunciados normativos, atos administrativos ou sentenças judiciais;os costumes ou a praxe administrativa da repartição pública.									Ressalte-se que só os princípios e regras constantes dos preceitos normativos do Direito são considerados fontes primárias. Os demais expedientes: doutrina, costumes e jurisprudência são geralmente fontes meramente secundárias, isto é, não vinculantes; exceto no caso da súmula vinculante, conforme sistemática criada pela Emenda Constitucional nᵒ 45/04, que é fonte de observância obrigatória tanto ao Poder Judiciário, como à Administração Pública direta e indireta, em todos os níveis federativos.
LIÇÃO 19. PRINCÍPIOS
Segundo Alexy 3, princípios são mandamentos de otimização, que se caracterizam pelo fato de poderem ser cumpridos em diferentes graus. A medida imposta para o cumprimento do princípio depende: (a) das possibilidades reais (fáticas), extraídas das circunstâncias concretas; e (b) das possibilidades jurídicas existentes.											Com o pós-positivismo os princípios foram alçados dos Códigos às Constituições, ganhando status de normas jurídicas de superior hierarquia. Antes eram tidos como pautas supletivas das lacunas do ordenamento, conforme orientação do art. 4ᵒ da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, mas com o avanço da hermenêutica jurídica sabe-se que eles não são só sugestões interpretativas, pois eles têm caráter vinculante, cogente ou obrigatório 4.
São princípios do Direito Administrativo expressos no caput do art. 37 da Constituição:
legalidade;
impessoalidade;
moralidade;
publicidade; e
eficiência, sendo que este último foi acrescentado pela Emenda Constitucional nᵒ 19/98.
A legalidade administrativa significa que a Administração Pública só pode o que a lei permite. Cumpre à Administração, no exercício de suas atividades, atuar de acordo com a lei e com as finalidades previstas, expressas ou implicitamente, no Direito.
Impessoalidade implica que os administrados que preenchem os requisitos previstos no ordenamento possuem o direito público subjetivo de exigir igual tratamento perante o Estado. Do ponto de vista da Administração, a atuação do agente público deve ser feita de forma a evitar promoção pessoal, sendo que os seus atos são imputados ao órgão, pela teoria do órgão.
Publicidade é o princípio básico da Administração que propicia a credibilidade pela transparência. Costuma-se diferenciar publicidade geral, para atos de efeitos externos, que demandam, como regra, publicação oficial; de publicidade restrita, para defesa de direitos e esclarecimentos de informações nos órgãos públicos.
Moralidade é o princípio que exige dos agentes públicos comportamentos compatíveis com o interesse público que cumpre atingir, que são voltados para os ideais e valores coletivos segundo a ética institucional.
Eficiência foi um princípio introduzido pela Reforma Administrativa 5 veiculada pela Emenda Constitucional nᵒ 19/98, que exige resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades públicas.
Além dos princípios constitucionais, existem princípios que foram positivados por lei, como, por exemplo, no âmbito federal, também se extraem do art. 2ᵒ da Lei nᵒ 9.784/99: finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica e interesse público.
Poderes
Para realizar suas atividades, a Administração Pública detém prerrogativas ou poderes. Conforme clássica exposição de Celso Antônio Bandeira de Mello 6, tais poderes são poderes-deveres, ou seja, poderes subordinados ou instrumentais aos deveres estatais de satisfação dos interesses públicos ou da coletividade.
LIÇÃO 20. PODERES ADMINISTRATIVOS
o discricionário;
os decorrentes da hierarquia;
o disciplinar;
o normativo; e
o de polícia.
Poder discricionário é a prerrogativa que tem a Administração de optar, dentre duas ou mais soluções, por aquela que, segundo critérios de conveniência e oportunidade, melhor atenda ao interesse público no caso concreto. Entende-se, no geral, que vinculação 7 não é propriamente um poder, mas uma sujeição da Administração ao império da lei.
Da hierarquia, decorrem os seguintes poderes: ordenar atividades, controlar ou fiscalizar as atividades dos subordinados, rever as decisões, com a possibilidade de anular atos ilegais ou de revogar os inconvenientes e inoportunos, com base na Súmula 473/STF, punir ou aplicar sanções disciplinares, avocar ou chamar para si atribuições, delegar e editar atos normativos internos.
Poder disciplinar é o que compete à Administração para apurar supostas infrações funcionais e, se for o caso, aplicar as sanções administrativas. Ele abrange tanto as relações funcionais com os servidores públicos, como às demais pessoas sujeitas à disciplina da Administração Pública 8.
Poder normativo envolve a edição pela Administração Pública de atos com efeitos gerais e abstratos, como decretos regulamentares, instruções normativas, regimentos, resoluções e deliberações. Poder regulamentar é, portanto, uma espécie de poder normativo.
Poder de polícia consiste “na atividade de condicionar e restringir o exercício dos direitos individuais, tais como propriedade e a liberdade, em benefício do interesse público” 9. São atributos do poder de polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.
LIÇÃO 23.NOÇÕES DE DIREITO CIVIL
Direito civil é o segmento responsável por regular as relações entre particulares (pessoas físicas e jurídicas), desde o direito da personalidade de um indivíduo até a questão de usucapião de uma propriedade. Em conjunto com a expressão “relações particulares” estão incluídas as relações entre pessoas ou entidades privadas. O objetivo é proteger e regular os interesses das pessoas, sejam de ordem moral ou patrimonial.
O direito civil é considerado um dos ramos mais amplos em questão de conhecimento e com a maior parte dos dispositivos legais condensados no Código Civil (são mais de 2.000 artigos) e por isso é comum estudar as noções de direito civil e posteriormente os casos mais específicos.
LIÇÃO 24.LEI DE INTRODUÇÃO AO CODIGO CIVIL OU DIREITO BRASILEIRO 
A Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) como é conhecida regula as próprias normas, desde a aplicação no tempo e espaço até a sua vigência. É imprescindível tomar por base alguns conhecimentos desta lei para assim poder aplicar corretamente os dispositivos legais e direitos civis. Vale lembrar, as previsões da LICC são aplicadas aos outros ramos do direito, como é o caso do Direito Constitucional.
No tocante a Lei de Introdução ao Direito Brasileiro três pontos são fundamentais e devem ser estudados:
Vigência das leis no tempo: uma norma passa a vigorar e ter força coercitiva 45 dias depois de publicada no Diário Oficial, salvo outra previsão no seu ato de criação;
Vigência da lei no espaço: em regra, as leis seguem o princípio da territorialidade e tem a sua aplicação dentro do Estado que a promulgou. Atualmente, tem-se aceitado, em casos específicos, a extraterritorialidade (aplicação de leis estrangeiras).
Interpretação da lei: em casos que a lei for omissa, o juiz deverá aplica-la observando a analogia, costumes, princípios gerais do direito e equidade.
Personalidade e Capacidade
A confusão entre personalidade e capacidade é comum entre os estudantes de direito, por isso cabe diferenciá-las.
Todoser humano é dotado de personalidade, tendo como marco inicial o nascimento com vida (mesmo que, segundos após, venha o feto à óbito). É um atributo de valor inerente ao indivíduo.
Já a capacidade é a aptidão para gozar de direitos e deveres. A incapacidade cessa, em regra, após a maioridade (18 anos), contudo, existem exceções, como é o caso da emancipação, casamento, etc.
Ainda, existem os "relativamente incapazes" e os "incapazes".
São considerados relativamente incapazes os casos previstos no art. 4º do Código Civil (CC), por exemplo, maiores de 16 anos e menores de 18 anos, pródigos e demais. Estes devem ser assistidos por seus responsáveis para que os atos da vida civil seja considerados válidos.
Já os totalmente incapazes precisam ser representados pelos responsáveis, sejam eles pais, tutores ou curadores. Como exemplos de incapazes estão os menores de 16 anos ou deficiente mental que não possua qualquer discernimento. 
LIÇÃO 25. PESSOAS JURIDICAS
Pessoa jurídica é um ente (empresa) que recebe a personalidade jurídica através da lei e, com isso, possui personalidade (direitos, deveres e patrimônio). Os atributos da personalidade inerentes a pessoa jurídica são distintos dos obtidos pelos sócios e não se "comunicam". É importante que o processo de criação da empresa observe os requisitos legais, caso contrário não terá personalidade jurídica.
As pessoas jurídicas estão entre as noções de direito civil mais importantes, sendo indispensável um aprendizado detalhado para quem objetiva trabalhar com assessoria jurídica para empresas (Direito Empresarial). Um curso de direito civil aprofundará o conhecimento referente as pessoas jurídicas, inclusive, sendo uma excelente ideia unir a um curso online de direito empresarial e contabilidade básica.
Com isso o aluno estará preparado, após a formação acadêmica, para prestar um serviço de assessoria qualificada para empresas. Aqui no portal Educamundo oferecemos cursos online com certificado que podem auxiliar na formação de um currículum e ao mesmo tempo preparar para o mercado.
LIÇÃO 26. O QUE É DIREITO CIVIL?
Em se tratando de pessoas jurídicas, estas dividem-se em 3 grandes tipos: direito público, direito privado e entes despersonalizados. A previsão jurídica está no Novo Código Civil, do art. 40 a 60..
Pessoas jurídicas de direito público: normalmente criadas por lei, representam a máquina pública (país, estados, municípios e órgãos da administração pública). Dividem-se em pessoas jurídicas de direito público interno e externo.
Pessoas jurídicas de direito privado: são de direito privado porque o Estado não tem interesse na relação político-econômica. É vedado ao Estado negar o reconhecimento da personalidade jurídica privada quando preenchido os requisitos.
As pessoas jurídicas de direito público externo são: Organismos Internacionais e outros países. Já as pessoas de direito público interno são os órgãos da administração pública direta e indireta, como é o caso dos Municípios e Autarquias. Estudar as pessoas de direito público é importante para quem está em busca de concursos públicos em autarquias ou prestar serviços na área de licitações públicas, por exemplo. 
As pessoas de direito privado são mais frequentes e fazem parte do dia a dia das pessoas. Supondo, por exemplo, que deseje montar um negócio, você deverá abrir uma pessoa jurídica de direito privado. Por isso, quando pensamos em o que é direito civil é necessário estudar as pessoas jurídicas de direito privado, além do fato de ser um conteúdo de grande relevância para quem busca advogar, empreender ou prestar concursos públicos. Abaixo, trataremos de todas as pessoas jurídicas de direito privado.
LIÇÃO 27. ASSOCIAÇÕES
Associações é a união de duas ou mais pessoas com um objetivo moral, cultural, social ou esportivo. A união se dá através de um estatuto social e são realizadas contribuições mensais pelos participantes.
LIÇÃO 28.SOCIEDADE
Diferente das associações, as sociedades tem por objetivo a lucratividade. Corresponde a união de duas ou mais pessoas, as quais contribuem com investimento, bens e serviços, tendo por finalidade obter lucros e dividi-los. A constituição da sociedade pode ser por contrato entre as partes ou estatuto social.
LIÇÃO 29. FUNDAÇÕES
Fundações tem objeto social com fins filantrópicos e o seu patrimônio é uma universalidade de bens advinda da vontade de um fundador (doação/criação) em vida ou após a morte (testamento, por exemplo). Em casos de a fundação obter lucro, este deve ser revertido à mesma, sendo proibida a alteração dos fins filantrópicos.
LIÇÃO 30. ENTIDADES OU ORGANIAZAÇÕES RELIGIOSAS
A constituição das organizações religiosas se dá por estatuto social e não tem fins lucrativos. Em regra, para a manutenção da instituição é atribuído o dízimo, o qual é isento de tributação e impostos.
LIÇÃO 31. PARTIDOS POLITICOS
Os partidos políticos devem ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do respectivo estado. Os partidos políticos são criados por estatuto social e fundo para manutenção vem, de regra, pelos candidatos.
Já pensou em assessorar juridicamente os partidos políticos? Hoje, é uma tendência a busca por profissionais na área. Experimente fazer um curso de direito civil e se candidatar para diversas vagas.
Empresas individuais de responsabilidade limitada
Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) é formada por uma única pessoa, a qual será a titular da totalidade do capital social, conforme previsto no art. 980-A. Ainda, o capital social deve ser, no mínimo, 100 vezes o salário mínimo. Vale frisar, a pessoa que figurar em uma EIRELI não poderá constituir outra.
LIÇÃO 34.NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO 			LIÇÃO 35. CONCEITO										Quando se fala em direito público e em direito privado, quer-se, com isso, indicar campos próprios da realidade cujo regime jurídico será diferente, conforme se trate de um ou outro ramo. Assim, quando o Estado decide, unilateralmente, desapropriar um imóvel privado (em que há o exercício de um poder público de autoridade), a forma de produção e os efeitos jurídicos daí decorrentes são diferentes daqueles verificados num contrato de compra e venda do mesmo imóvel. Logo, saber que tipos de atos são de direito público e de direito privado é algo extremamente relevante. No primeiro caso, vigora o princípio do interesse público (em suas duas vertentes: a de supremacia e de indisponibilidade). Já no direito privado, o princípio de liberdade, de autonomia privada.Que atos são esses? Suponha que duas pessoas jurídicas resolvem se associar para realizar um empreendimento, como, por exemplo, a construção de um edifício comercial. Dentro desse objetivo, elas podem escolher o instrumento jurídico que lhes pareça mais adequado para tanto para a formalizar a associação. Podem fazer um consórcio ou criar uma sociedade de propósito específico, na forma de sociedade limitada, por exemplo. Feita a associação, além de uma parcela pequena de recursos próprios, passam a buscar recursos de terceiros para financiar o projeto. Assim, vão a bancos e celebram contratos de mútuo (contratos de financiamentos). Todos esses atos estão situados no domínio privado, e o direito privado é o regime jurídico aplicável. Feito isso, passam a buscar as autorizações necessárias para tanto. Buscam a aprovação do projeto no âmbito do Município, que lhes concede uma licença para construir. Esta licença só será concedida se todos os parâmetros urbanísticos fixados em leis e atos administrativos normativos forem observados. Do contrário, os empreendedores terão que alterar o projeto. Agora suponha que, iniciada a construção (após a devida emissão da licença), o empreendedor passa a construir o edifício fora das especificações devidas e os agentes públicos acabam por fiscalizar. Verificada a desconformidade, editam um auto de infração e iniciam um processo administrativo sancionador. Ao final, uma vez concedido o contraditório e a ampla defesa, é aplicada uma sanção de multa.Aqui, não há dúvidas de que os atos do Município citados estão todos situados no âmbito do direito público. Os limites dos dois campos acabam ficando mais confusos quando, por exemplo, o contrato de financiamento é celebrado entre os empreendedores e o Banco Nacional de Desenvolvimento Nacional – BNDES, que é uma empresa estatal. E mais: quando o edifício está inserido num projeto associado de uma concessão administrativa de revitalização urbana, que é um contrato administrativo celebrado com o Poder Público. Mais precisamente com uma sociedade de economia mista (uma empresa estatal) que atuará como “Poder Concedente”. Para que se possa ter clareza desses limites, é preciso eleger um critério de identificação do regime jurídico, se público ou privado. Em suma, é preciso indicar um critério que se mostre útil. Convém avaliar os principais critérios utilizados pela doutrina, antes de indicar aquele que se mostra mais adequado.
LIÇÃO 36.OS CRITÉRIOS PARA UTILIZADOS PELA DOUTRINA PARA DIFERENCIAR O DIREITO PÚBLICO E O DIREITO PRIVADO2
A questão relacionada aos critérios de distinção entre o direito público e o direito privado sempre foi muito debatida. Franco Montoro aponta que não existe um critério perfeito, o que se prova pela multiplicidade de critérios insatisfatórios que, ao longo do tempo, vêm sendo propostos. O jurista brasileiro menciona ainda que alguns autores, como Holiger, chegaram a catalogar mais de cem critérios.2 De todos os critérios utilizados, três costumam ter mais destaque: o do interesse, do sujeito e da subordinação. Além deles, também será feita menção à teoria da imputação, que não deixa de ser uma derivação da teoria da subordinação. Ao final, serão citados autores que negam a utilidade na distinção e os que defendem haver uma tricotomia.
Critério do interesse
 O interesse dos sujeitos é talvez o critério mais antigo e conhecido. É possível encontrar essa distinção em Ulpiano. “Hujus studii duae sunt positiones, publicum et privatum. Publicum jus est, quod ad Tum rei Romanae spectat, privatum quod ad singulorum utilitatem.” Essa passagem significa, basicamente, que o estudo do direito possui dois aspectos: o público e o privado. Enquanto o direito público diz respeito às coisas públicas de Roma, isto é, ao Estado, o direito privado se refere à utilidade dos indivíduos.3 Nessa perspectiva, o direito público se refere aos interesses do Estado (ou da sociedade representada pelo Estado); o direito privado, por sua vez, regula o interesse dos sujeitos privados.Oswaldo Aranha Bandeira de Mello é um dos autores que se filia explicitamente à lição de Ulpiano. O publicista brasileiro assevera que o direito público é o que diz respeito à organização e a ação do Estado-poder, enquanto tal, sendo o direito privado o ramo que disciplina a existência e a atividade dos particulares, no seu recíproco convívio social.4 Outros publicistas brasileiros também se filiam expressamente à teoria do interesse. É o caso de Hely Lopes Meirelles e Celso Ribeiro Bastos.5 Eduardo Espínola, por seu turno, escreve que “são ainda hoje aceitáveis as definições de Ulpiano”.6 Pontes de Miranda também se filia à teoria do interesse, ao asseverar que o direito privado cuida dos indivíduos e suas relações; porém, quando o interesse geral passa à frente, o direito é público, porque admite a situação de poder dos entes coletivos que correspondem àqueles interesses.7 A crítica feita a esse critério é o seguinte: nem sempre é possível determinar se o interesse protegido é do Estado ou dos particulares. Franco Montoro sustenta que são inúmeras as regras que visam ao interesse geral, embora pertençam ao direito privado. É o caso do direito de família.8 Pietro Perlingieri, por sua vez, aponta que, na sociedade atual, mostra-se difícil individualizar um interesse privado que seja completamente autônomo em relação ao interesse público. Acrescenta que a dificuldade em se traçar as linhas de fronteira entre o direito público e privado aumenta quando se tem em vista interesses coletivos, de categoria intermediária (como é o caso do interesse sindical).9 Luís Fernando Coelho faz crítica semelhante a exposta por Perlingieri e assevera ainda que depende muito mais do ponto de vista pessoal do intérprete a indicação de qual interesse deve ser tutelado na relação jurídica concreta – se público ou se privado – do que do conteúdo da relação jurídica. O autor ressalta que, atualmente, já não é mais possível identificar o interesse da sociedade com o do Estado. Isso porque existem os interesses coletivos e difusos que são e devem ser exercidos contra o Estado, como o direito à preservação ambiental, à proteção do patrimônio artístico e cultural, a luta contra a corrupção, dentre outros. E, por conta dessas deficiências, a doutrina passou a buscar outros critérios.10
2.2. Critério do sujeito
Há ainda outro critério bastante conhecido: aquele que se funda na natureza dos sujeitos. É a teoria dos sujeitos. Assim, se a relação jurídica tem o Estado como parte, será aplicado o direito público. Em se tratando de relações entre sujeitos privados, incidirá o direito privado. É a posição de Pimenta Bueno, Arnaldo de Valles, Agustín Gordillo, dentre outros.11 José Oliveira Ascensão critica esse critério, pois, segundo ele, o Estado e demais entes públicos também podem atuar nos mesmos termos que qualquer outra pessoa, “utilizando as mesmas armas que os particulares”.12 Aliás, pode-se acrescentar que a doutrina de direito administrativo costuma indicar as atividades administrativas de direito privado, isto é, tarefas realizadas pela Administração submetidas ao direito privado. De fato, esse critério não se mostra útil. A atuação do BNDES – ao celebrar contratos de financiamento – é fundada no direito privado. De igual modo, quando o Estado cria empresas estatais de intervenção no domínio econômico (ex.: Banco do Brasil, Petrobrás, dentre outras), são inúmeros os atos jurídicos privados por elas praticados. Por isso, o critério do sujeito não se mostra útil.
2.3. Critério da subordinação
Há ainda teorias fundadas na relação de dominação (ou de subordinação). De acordo com essa concepção, nas relações de direito público há a presença do poder público de autoridade, o jus imperii do Estado. Ou seja, o Estado deverá estar na posição jurídica de alterar unilateralmente a situação jurídica de terceiros. É nesse sentido que se diz que o Estado se coloca em posição superior em relação aos entes privados. Por sua vez, quando a relação jurídica for de paridade, de igualdade, está-se diante do direito privado.13 Radbruch segue essa linha. Para ele, quando uma obrigação provém da ordem de um terceiro, ela é, usualmente, de direito público. Entretanto, quando a obrigação deriva de uma autossujeição, normalmente está em pauta o direito privado. Em vista disso, Radbruch expõe que as relações de supremacia e sujeição (isto é, entre soberano e súdito) são de direito público, ao passo que, nas relações de direito privado, os sujeitos estão em igual posição. Contudo, alerta o autor que nem todas as relações jurídicas do Estado são de direito público. É o que ocorre nos casos em que o Estado não se apresenta como soberano, mas como “fisco”,14 relacionando-se com os demais sujeitos em pé de igualdade.15 Quando o Estado não se relaciona munido de seus poderes de autoridade, então a relação será de direito privado.16 Forsthoff também reputa a teoria da subordinação como a mais adequada para diferenciar o direito público do direito privado, apesar de reconhecer que, em certos casos, o Poder Público também se coloca em relações de coordenação (como no caso da relação entre Municípios).18 No Brasil, Fernando Andrade de Oliveira também adota essa concepção.19 Wolff, Bachof e Stober criticam a teoria da subordinação tal como acima formulada. Para os autores, o Estado constitucional democrático não reconhece uma superioridade jurídica do Estado sobre seus “súditos”. Apontam que o direito privado conhece relações de subordinação, nas quais um sujeito pode imporsua vontade ao outro (como no caso do poder de direção laboral). Ademais, acrescentam que no direito público também há relações de equilíbrio, como a existente entre as pessoas de direito público. Concluem que é uma petição de princípio distinguir o direito público e o direito privado com base no critério da relação de subordinação, pois a sobreordenação jurídica é apenas o efeito do direito público ou das características de um parceiro como titular do poder público.19 Com efeito, o direito público não se aplica apenas a situações em que o Estado atua com poderes públicos de autoridade. Além de uma relação de paridade existente entre dois entes públicos numa relação, o direito público também se aplica a casos em que o Poder Público não está exercendo um poder público (a possibilidade alterar a situação jurídica de terceiros), mas sim um direito subjetivo (um direito a prestações). Quando o Estado celebra um contrato de concessão de exploração de um aeroporto, ele passa a ser credor (isto é, é titular do direito a prestações de crédito) em face do concessionário. Este terá que realizar certas obras, não poderá cobrar as tarifas que bem entender etc. Em todos esses casos, o objeto da posição jurídica ativa do Estado é uma conduta a cargo do sujeito passivo; o Estado, na qualidade de Poder Concedente, depende da conduta do sujeito passivo para que o seu direito seja satisfeito. A situação é totalmente diversa de um poder de aplicar uma sanção de multa. Aqui, a mera emissão do ato sancionador já altera a situação jurídica do concessionário, que agora passa a ser devedor do Estado no pagamento de uma quantia. Ademais, também é verdadeiro afirmar que no direito privado são exercidos poderes (por vezes chamados de “direitos potestativos”20 ou “direitos formativos”21). O melhor exemplo é a demissão do empregado pelo empregador sem justa causa.É importante destacar que a teoria da subordinação é ainda bastante utilizada, em especial por autores estrangeiros. Talvez o seu sucesso derive do fato de que o Estado nada mais é do que a instituição social que monopoliza o uso legítimo da força. Aliás, é o uso legítimo da coação que caracteriza o poder político de outros poderes (como o econômico e o ideológico).22 
LIÇÃO 37. A TEORIA DA IMPUTAÇÃO2.4. (teoria do direito especial material)
Wolff, Bachof e Stober procuram, então, sustentar outra concepção, a teoria da imputação. Segundo os autores alemães, a distinção entre direito público e privado reside numa diferença dos sujeitos de imputação, isto é, daqueles sujeitos aos quais são imputados direitos e deveres subjetivos. No entanto, ao contrário das antigas teorias dos sujeitos, isso não significa que fazem parte do direito público as normas que disciplinam apenas o Estado ou qualquer ente público, pois os sujeitos privados (como os concessionários de serviço público) também podem ser titulares de poderes de autoridade. Por sua vez, os entes públicos podem igualmente ser sujeitos de normas jurídico-privadas. Em suma, são de direito público as normas cujo “sujeito de imputação, facultativo ou obrigatório, é exclusivamente um titular de poder de autoridade”. Contudo, ressaltam que essa concepção exige um complemento: o titular deverá estar, nessa qualidade, autorizado ou obrigado a exercer esse poder. Os juristas alemães anotam que a teoria segundo a qual são de direito público as normas que atribuem um poder de autoridade ao sujeito é denominada de teoria de direito especial formal. Por sua vez, quando se acrescenta que, no exercício desse poder, o seu titular deverá atuar nesta qualidade, “enquanto tal”, trata-se da teoria de direito especial material.23 A teoria da imputação também não se mostra útil, já que, em última análise, ela acaba associando a existência de poderes de autoridade ao direito público, ainda que exercidos por sujeitos privados no exercício de função pública.24 Logo, ela tem as mesmas fragilidades da teoria da subordinação.
LIÇÃO 38.A UNIÃO DOS CRITÉRIOS
Um recurso utilizado por alguns autores para diferenciar o direito público do direito privado é muito simples: consiste na união de critérios. É o caso de Miguel Reale, para quem é necessário unir o critério do conteúdo da relação (que é o aqui chamado critério do interesse) com o elemento formal (a teoria da subordinação). Quando se visa – imediata e de modo prevalecente ao interesse geral – o direito será público; ademais, também será geralmente pública a relação de subordinação.25 O italiano Roberto Ruggiero, por seu turno, sustenta que o direito público é “o complexo das normas que regulam a organização e a atividade do Estado e dos outros agregados políticos menores, ou que disciplinam as relações entre os cidadãos e essas organizações políticas”; já o direito privado regula as relações dos particulares entre si ou as relações entre esses e o Estado (e tais agregados menores, como os Municípios), desde que não figurem nessa relação no exercício de funções de poder político e soberano.26 Também é essa a linha de Caio Mário da Silva Pereira e Maria Helena Diniz.27 Luís Roberto Barroso também une mais de um critério, ao considerar três fatores verificáveis na relação jurídica: o sujeito, o objeto e a sua natureza. Para ele, nenhum dos três é suficiente em si, sendo necessária uma complementação.28 A rigor, o autor adota, de forma complementar, as teorias do sujeito, do interesse e da subordinação.
LIÇÃO 39. NEGATIVISTAS
Como era de se esperar num debate tão antigo, nem todos os autores defendem a existência de um critério de distinção. É possível chamá-los de “negativistas”, pois negam utilidade na distinção.Kelsen afirmava que tal classificação – enquanto princípio para uma sistematização do direito – era inútil. Para ele, essa distinção varia de significado, conforme se trate do direito administrativo ou do direito penal. No primeiro caso, a diferença consiste no fato de o direito privado regular situações de igualdade entre os sujeitos; já o direito público, situações de superior e inferior. No direito privado, a norma secundária – cuja violação é uma condição da sanção – é criada por meio de uma transação jurídica, correspondendo ao princípio da autonomia, sendo o contrato sua representação típica. Já no direito administrativo, a norma secundária é criada por um ato administrativo “análogo à transação jurídica”, correspondendo ao princípio da heteronomia, pois o indivíduo a ele se submete independentemente de sua vontade. Por outro lado, o critério diferenciador do direito privado e do direito penal é o procedimento: no direito privado, compete à parte cujo interesse foi violado acionar o procedimento que leva à sanção; no direito penal, um órgão do Estado possui essa função. Isso ocorre porque a ordem jurídica não reconhece no direito penal, ao contrário do que ocorre no direito privado, o interesse do indivíduo privado como decisivo, mas sim o interesse da comunidade.29 Por sua vez, Juan Carlos Cassagne sustenta o abandono de um critério de distinção uniforme e universal. Para o jurista argentino, não cabe buscar uma classificação a priori, mas sim analisar a realidade jurídica e concreta em cada caso e o direito positivo, a fim de verificar se é aplicável o direito público, conforme haja preeminência do interesse do todo social sobre o interesse privado, a situação do sujeito estatal e seus fins. Isso acarretará, como efeito (e não como causa), um regime jurídico exorbitante do direito privado.30 Como se pode perceber, apesar de defender o afastamento de uma concepção a priori, Cassagne acaba por partir da teoria do interesse para diferenciar o direito público do privado.
2.7. Direito público, direito privado e outro ramo
Além dos que negam utilidade a qualquer critério, existem ainda os que defendem uma terceira categoria.É o caso de Arthur Kaufmann, para quem há – além do direito público e do direito privado – o direito social. O autor adota a teoria da subordinação e assevera que o direito social está entre o direito público (em que há o exercício de poder público deautoridade) e o direito privado (em que as partes estão em posição de igualdade). O direito social é um direito misto, público e privado, pois nele existem direitos subjetivos públicos privados.31 Luiz Fernando Coelho indica razões de ordem substancial para o abandono da visão tripartite. Para ele, um dos fundamentos da dicotomia é a atribuição do jus imperii que o coloca em plano superior ao dos indivíduos. E, nesse sentido, o interesse do Estado se encontra em plano superior ao dos indivíduos, prevalecendo sobre estes. Conforme o âmbito do exercício dos direitos subjetivos é ampliado com a admissão de direitos difusos há a tendência em se restringir o poder público de autoridade do Estado. Logo, é o interesse da coletividade que acaba prevalecendo sobre o interesse do Estado. Como consequência, um dos pressupostos fundamentais do direito público: a separação tripartite dos poderes do Estado. Em vez de independência e ausência de subordinação, há agora cada vez mais integração. E a independência dada ao Ministério Público e aos Tribunais de Contas, levando a um quarto poder de fiscalização da atuação dos demais Poderes e defesa dos interesses da coletividade, os direitos humanos, dentre outros.Assim, conclui o autor que o direito público é aquele que envolve o exercício do poder de autoridade do Estado. Já o direito privado é aquele que corresponde exclusivamente às relações privadas. E, por fim, o direito social, o qual abarca as relações que envolvem direitos difusos e interesses comunitários, compreendendo os direitos do trabalho, da previdência e o direito do consumidor.32 Cláudio de Cicco e Alvaro de Azevedo Gonzaga – partindo da teoria do interesse – também sustentam haver uma terceira categoria, que chamam de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Para os autores, esses interesses não se enquadram na concepção de interesse público, tendo em vista que não dizem respeito ao confronto entre a autoridade (o Estado) e o indivíduo. O que está em pauta são garantias de qualidade de vida dos indivíduos referentes à dignidade da pessoa humana.33 O problema dessa concepção é que os autores citados acabam por confundir o interesse do Estado, enquanto pessoa jurídica, do “interesse público”. Embora exista um conceito lógico-jurídico de interesse público (que consiste no conjunto dos interesses dos indivíduos na sua qualidade de membros da sociedade e pelo simples fato de o serem), a individualização dos interesses públicos concretos é feita a partir da análise do direito positivo. Ou seja, os diversos interesses públicos se encontram na Constituição e nas leis. Esta é a visão de Celso Antônio Bandeira de Mello, com a qual se concorda. E o autor anota o seguinte: “Tomem-se alguns exemplos para aclarar o que foi dito. Algumas ou múltiplas pessoas, talvez mesmo a maioria esmagadora, considerarão de interesse público que haja, em dado tempo e lugar, monopólio estatal do petróleo, que se outorgue tratamento privilegiado a empresas brasileiras de capital nacional ou que se reserve a exploração mineral exclusivamente a brasileiros. Outras pessoas, sobretudo se estrangeiras ou mais obsequiosas a interesses alienígenas do que aos nacionais, pensarão exatamente o contrário. Encarada a questão de um ângulo político, sociológico, social ou patriótico, poderá assistir razão aos primeiros e sem-razão completa aos segundos; mas, do ponto de vista jurídico, será de interesse público a solução que haja sido adotada pela Constituição ou pelas leis quando editadas em consonância com as diretrizes da Lei Maior”.34 O jurista afirma ainda que a proteção do interesse privado nos termos em que estiver disposto na Constituição é, igualmente, um interesse público. Assim, não é de interesse público que o Estado pague uma indenização injusta em caso de desapropriação.A rigor, os interesses difusos e coletivos são formas de interesses públicos positivados no direito positivo brasileiro. E o Estado brasileiro irá protegê-los e realizá-los na forma prevista na Constituição e nas leis. Não há, assim, qualquer oposição ou diferença entre interesses difusos e coletivos e interesses públicos. 
3. A adoção do critério formal
3.1. Uma dicotomia ainda útil
Apesar das insuficiências dos critérios adotados (o que leva alguns a unir mais de um critério, como visto), é um fato de que a dicotomia persiste no discurso jurídico. Os juristas conseguem identificar uma realidade a qual denominam “direito público” e outra chamada “direito privado”. Em alguns tribunais, há “Câmaras de Direito Público”. Nas faculdades de direito, é comum encontrar departamentos de direito público e de direito privado. Isso mostra que a distinção – ainda que sem nitidez e falta de rigor, como assevera Tércio Sampaio Ferraz Júnior – faz parte do cotidiano dos operadores do direito. Nesse sentido, Pedro Gonçalves sustenta que a dicotomia se mantém, embora defenda a inexistência de uma separação taxativa entre direito público e direito privado. Para o autor português, existem “três eixos” de evolução nesse sentido.35 Em primeiro lugar, Gonçalves entende que o direito público (e, aqui, faz menção ao direito público administrativo) tem evoluído num sentido consensual, em que as características do “poder” e da “autoridade” se apresentam de modo mais atenuado. O direito administrativo, afirma, procura soluções “concertadas”, em que o modo unilateral de atuação deixa de ser a regra, passando a conviver com outros modelos de interação cooperativa.36 De outro lado, o direito privado, cada vez mais se apresenta como um direito regulador de relações de poder (“poderes privados”) – como, v.g., as relações associativas (“poderes associativos”), as relações de emprego (“poderes de comando” e “poderes disciplinares”) e as relações econômicas (“poderes de regulação de mercados”) –, que, em graus variados, limita e condiciona a autonomia privada.37 O segundo ponto apresentado por Pedro Gonçalves diz respeito à chamada “privatização do direito público” e à “publicização do direito privado”. Ele expõe ser conhecido o fenômeno, no direito administrativo, de “fuga para o direito privado”, ou seja, situações nas quais o Estado se utiliza de formas jurídico-privadas, seja quanto ao modo de atuação das entidades públicas, seja quanto à adoção de formas de organização de direito privado.38 Em relação à publicização do direito privado, Gonçalves anota que as relações entre particulares podem assumir contornos autoritários (no domínio dos “poderes privados”). Segundo ele, isso não significa uma expansão do direito administrativo, mas sim a necessidade de transportar para a área do direito privado alguns valores fundamentais do direito público, como objetividade, racionalidade decisória, exigência de fundamentação, dentre outros.39 Por fim, Pedro Gonçalves escreve que isso ilustra o fenômeno da interconexão, sobreposição ou mistura de normas de direito público e normas de direito privado nas relações jurídicas. Ele cita, como exemplos, a atividade administrativa de resolução de litígios entre particulares, normas administrativas que efetuam o reenvio para normas privadas (e vice-versa), o direito privado administrativo, dentre outros.40
3.2. A distinção entre direito público e direito privado com base no critério formal
A identificação de um critério capaz de diferenciar o direito público do direito privado, como foi possível perceber, não é tarefa simples. No entanto, isso não significa que a solução seja simplesmente negar a dicotomia, ou afirmar que ela está ultrapassada. Essa postura, embora mais cômoda, não oferece àquele que estuda e aplica o direito uma solução útil: mesmo polêmica, a distinção entre direito público e privado é utilizada por advogados, juízes, promotores, cientistas do direito, agentes públicos e até por pessoas que não têm formação jurídica. Entretanto, muito mais do que por uma questão pragmática, isto é, de uso dessas expressões pelos sujeitos, a distinção se justifica porque o direito público e o direito privado implicam regimes jurídicos distintos.Nesse sentido, a distinção entre atividade pública e privada é fundamental. Como bem destacou Carlos Ari Sundfeld, a atividade pública é o campo de incidência do direito público, sendo que as normas jurídicas que a disciplinam são o seu regime jurídico.41 Em suma, o critério capaz de separar as hipóteses de incidência do regime de direito público e as do direito privado consiste na identificação das atividades públicas e privadas, respectivamente. Para saber quando uma atividade é pública basta verificar na Constituição e nas leis se a tarefa foi ou não atribuída ao Poder Público como sendo de sua titularidade. Há, aqui um princípio de competência: se a atividade foi conferida pela ordem jurídica ao Estado, trata-se de atividade pública e, portanto, incide o direito público. Se a atividade não foi juridicamente reservada ao Estado, ela é livre aos sujeitos privados, é de sua titularidade, sendo, pois, aplicável o direito privado. Logo, será o próprio direito positivo que indicará quando estará em pauta o direito público e o privado. O critério é, por conseguinte, formal. Aliás, em razão disso, o âmbito do direito público poderá ser maior ou menor, conforme seja o direito positivo de cada Estado.Seria possível argumentar que esse critério, em última análise, nada mais é do que o velho e conhecido critério do sujeito. Mas a isso se pode contrapor que nem todas as atividades públicas são executadas pelo Poder Público. O Estado pode delegar o exercício de algumas de suas competências aos sujeitos privados, incidindo aqui o direito público. É o caso dos concessionários de serviço público e dos notários e registradores.42 Então, seria possível dizer que tal concepção é idêntica à teoria da imputação, defendida por Wolff, Bachof e Stober. Também aqui não há razão, pois, na lição desses autores, é preciso que o Estado (ou quem lhe faça as vezes) atue com poderes de autoridade. Foi frisado acima o equívoco em se identificar o direito público com o exercício de poderes públicos (ou poder público de autoridade). E, neste ponto, é importante fazer duas observações. A primeira consiste no fato de que o direito público conhece outras posições jurídicas além do poder de autoridade. Assim, os entes no exercício de função pública também podem ser titulares de direitos a algo (ou direitos a prestações, ou direitos subjetivos em sentido estrito). É o caso já mencionado da Administração Pública que possui diversos direitos de crédito tributário perante os contribuintes. Ou ainda, quando o Estado possui direitos a prestações no âmbito de contratos administrativos (de concessão ou não). Em todas essas hipóteses, há direitos a algo, direitos a prestações, direitos a um fazer ou não fazer por parte de outro sujeito (o sujeito passivo). A diferença é que, no direito público, esse direito deverá ser exercido pelo Poder Público. O Estado – por exercer função pública – não poderá simplesmente deixar de satisfazer o seu direito de crédito. Ele deverá buscar os valores que lhe são devidos, adotando a via judicial se for o caso. Apenas a lei poderá – fundada em motivos razoáveis (ex.: os recursos públicos utilizados para a satisfação desse direito de crédito seriam superiores ao próprio valor devido pelo devedor) – determinar ao Estado que se abstenha de buscar a satisfação de tal direito. Em segundo lugar, não se pode esquecer a importante lição de Leon Duguit, o qual funda o direito público na ideia de serviço público (e o autor adota um sentido amplo de “serviço público”), isto é, no dever dos governantes de atingir o interesse público.43 Este autor trouxe, com isso, uma enorme contribuição para a ciência jurídica. Com efeito, todo direito público se fundamenta na concepção de que o Estado existe para satisfazer o interesse da sociedade, o interesse público. Note-se que o interesse público é aquele devidamente previsto na Constituição e nas leis. A promoção da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), a construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I), o pagamento de justa indenização em dinheiro no caso de desapropriação (art. 5º, XXIV), a proteção ao ato jurídico perfeito, aos direitos adquiridos e à coisa julgada (art. 5º, XXXV), o estabelecimento de princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação (art. 21, XXI) e a proteção de bens de valor histórico, artístico e cultural (art. 23, III) são apenas alguns exemplos de interesses públicos. Portanto, o conteúdo do interesse público não é uma percepção dos diversos sujeitos daquilo que se mostra como de “interesse de todos”; a identificação dos interesses públicos não é algo subjetivo. Muito pelo contrário, o conceito de interesse público é jurídico-positivo e sua identificação, no sistema, uma tarefa objetiva. Um dos equívocos dos defensores da teoria do interesse e dos que a criticam consiste justamente em não saber identificar, a partir de um critério formal, o que é interesse público. De todo modo, diante de um interesse público (devidamente positivado na ordem jurídica), surge para aqueles que exercem as atividades públicas – os agentes públicos – o dever de realização dessas tarefas. Alf Ross também já havia notado isso. Segundo tal jurista, o direito público é o que disciplina a posição jurídica das autoridades públicas (o Estado); consiste, pois, em normas de competência e normas de conduta a ela ligadas. E, para Ross, a competência social é conferida à pessoa para a proteção de interesses da comunidade. Trata-se de um dever, um encargo no sentido mais largo, cuja inobservância leva a sanções e medidas de controle para a correção do exercício incorreto da competência. Por isso, conclui que a competência social difere da competência privada, na medida em que essa é autônoma e aquela, heterônoma.44 Em realidade (e esta é uma diferença importante), todas as atividades públicas são funcionalizadas, enquanto o mesmo não ocorre nas atividades privadas, em que apenas em certas situações haverá o exercício de função (privada). Ou seja, as atividades estatais são sempre funções públicas.45 É importante aprofundar esse ponto.

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