Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doenças Inflamatórias Intestinais Alcione Altini Paes Doenças Inflamatórias Intestinais • Os dois principais tipos de DII são a doença de Crohn e a RCU são transtornos relativamente raros , mas resultam em uso frequente dos recursos de atenção á saúde . A prevalência e a incidência são crescentes , pois emergem como doenças globais . Além disso estão se tornando mais prevalentes nos idosos. ( Ye et al., 2015). Etiologia • O início da DII ocorre mais frequente em pacientes com 15 e 30 anos de idade , mas algumas vezes ocorre mais tarde na idade adulta. Ambos os gêneros são igualmente afetados . A DII ocorre mais comumente em áreas desenvolvida do mundo , em ambientes urbanos , comparados aos rurais , e no hemisfério norte, em comparação ao sul. As razões para o aumento de risco não foram ainda esclarecidas , mas provavelmente se relacionam com o aumento do estado inflamatório e proliferativo e fatores nutricionais que o afetam. A doença de Crohn e RCU compartilham algumas características clínicas , como diarreia , febre, perda da massa corporal , anemia , intolerâncias alimentares , desnutrição , atraso no crescimento e manifestações extras intestinais . Em ambos os tipos de DII , o risco de aumento das doenças malignas aumentam com a duração da doença. Embora possa ocorrer desnutrição em ambos os tipos de DII, é mais uma preocupação para a vida toda em pacientes com doença de Crohn. ETIOLOGIA A causa da DII não foi ainda inteiramente compreendida , mas envolve interações do sistema imunológico GI e fatores genéticos e ambientais. Agora se reconhece que a suscetibilidade genética e diversa , tendo numerosas mutações genéticas possíveis que afetam o risco e as características da doença. A diversidade das alterações genéticas entre os indivíduos pode ajudar explicar diferenças no início , na agressividade , nas complicações , localização e responsividade a diferentes terapias. Os principais fatores ambientais incluem microrganismos residentes e transitórios no sistema GI e nos componentes da dieta. Os genes afetados normalmente desempenham um papel na reatividade do sistema imune GI do hospedeiro aos antígenos luminais, como os fornecidos pela flora intestinal e a dieta. Em modelos animais , a doença não acontece inflamatória não ocorre na ausência da microbiota intestinal . Normalmente , quando ocorre um estímulo antigênico ou trauma, a resposta imune é iniciada ; e depois desligada e continua a ser posta em xeque depois que o estímulo resolve . Nas DII , ocorre aumento da exposição a antígenos diminuição dos mecanismos de defesa do hospedeiro e /ou diminuição da tolerância a alguns componentes da microbiota intestinal . Reação inflamatória imprópria e incapaz de suprimi-la desempenham papéis principais na doença. Fisiopatologia A doença de Crohn pode envolver qualquer parte do TGI , mas cerca de 50% a 60% dos casos envolvem o íleo distal e o cólon são envolvidos em 15% a 25% dos casos. A atividade da doença na RCU limita-se ao intestino grosso e ao reto. Na doença de Crohn , segmentos de intestino inflamados podem ser separados por segmentos saudáveis , enquanto na RCU o processo patológico é contínuo . O envolvimento da mucosa na doença de Crohn é transmural , pois afeta todas as camadas da mucosa ; na RCU , a doença normalmente é limitada á mucosa. A doença de Crohn se caracteriza por abcessos, fistulas , fibrose , espessamento da submucosa estenoses localizadas , segmentos estreitados do intestino e obstrução parcial ou completa da luz intestinal. O sangramento é mais comum na RCU. A reação inflamatória aumenta as citocinas e as proteínas de fase aguda , aumento da permeabilidade intestinal , aumento das proteases e das espécies reativas de oxigênio e leucotrienos. Resulta em dano no tecido GI . Os mecanismos são defeituosos ou os fatores que perpetuam as reações imunes e de fase aguda são potencializados , levando a fibrose tecidual e destruição . A evolução clínica da doença pode ser leve e episódica ou intensa e sem remissão . A dieta é um fator ambiental que pode desencadear recidivas de DII. Micróbios dietéticos , nutrientes individuais e contaminantes incidentais oferecem um número imenso de antígeno em potencial , especialmente considerando a complexidade e a diversidade da dieta moderna. A desnutrição pode afetar a função e a efetividade das barreiras da mucosa, celular e imune; a dieta também pode afetar o tipo e a composição relativa da microbiota residente. Vários nutrientes como as gorduras da dieta ou a vitamina D , podem afetar a intensidade da reação inflamatória.( Hlavaty et al., 2015 ; Sadeghian et al., 2015) Alergias alimentares e outras reações imunológicas a alimentos específicos têm sido consideradas patogênese das DII e seus sintomas ; entretanto , a incidência de alergias alimentares documentadas , em comparação com as intolerâncias alimentares , é relativamente pequena . A permeabilidade da parede intestinal a molécula do alimento e a fragmentos celulares provavelmente aumenta em estados inflamatórios , permitindo o potencial para aumento da interação dos antígenos com os sistemas imunes do hospedeiro( Vermeire et al., 2011). Ocorrem intolerâncias alimentares mais frequentemente em pessoas com DII do que na população em geral, mas os padrões não são consistentes entre indivíduos ou até entre exposição e outra. As razões para intolerância alimentares específicas e inespecíficas são abundantes e relacionadas com a intensidade , a localização e as complicações associadas ao processo patológico. • As obstruções GI parciais , má absorção , diarreia , alteração do trânsito intestinal , aumento das secreções , aversões alimentares e associações são simplesmente alguns dos problemas apresentados por pessoas com DII. No entanto , nem as alergias alimentares nem as intolerâncias explicam inteiramente o início ou as manifestações em todos os pacientes, TRATAMENTO CLÍNICO Os objetivos do tratamento na DII são induzir e manter a remissão e melhorar o estado nutricional.O tratamento das manifestações GI primárias parecem corrigir também a maior parte das características extra intestinais da doença. TRATAMENTO CIRÚRGICO • Na doença de Crohn , a cirurgia pode ser necessária para reparar estenoses e remover partes do intestino quando o tratamento clínico falha . Cerca de 50 a 70% das pessoas com doença de Crohn passam por cirurgia relacionada a doença. Dietoterapia • Os indivíduos com DII têm aumento do risco de problemas de nutrição por múltiplas razões relacionadas com a doença e seu tratamento.O objetivo primário é restaurar e manter o estado nutricional do indivíduo . Alimentos , suplementos dietéticos e de micronutrientes , bem como a nutrição enteral e parenteral , podem ser utilizados. A dieta oral e outros meios de tratamento nutricional podem mudar durante remissões e exacerbações da doença. As pessoas com DII muitas vezes têm medo e falsos conceitos referentes aos sintomas GI e ao papel do alimento. Os pacientes também ficam frequentemente confusos com as recomendações dietéticas dos associados , várias mídias e prestadores de atenção á saúde. A capacidade da nutrição enteral ou parenteral de induzir a remissão da DII tem sido debatida há vários anos. A avaliação é confundida pelo curso natural da DII com exacerbação e remissões e pela diversidade genética dos pacientes . Estudos tem concluído que: 1- Terapia nutricional pode ocasionar certa remissão clínica quando usada como única fonte de tratamento ; • 2- Repouso intestinal completo com NP não é necessariamente exigido; • 3-A nutrição enteral tem o potencial para alimentar o epitélio intestinal e alterar a microbiota GI sendo a via preferida de terapia nutricional. • 4-A nutrição enteral pode amenizar alguns elementos do processo inflamatório, servir de fonte valiosa de nutrientesnecessários para a restauração dos defeitos GI e poupar nutrientes necessários para a restauração dos defeitos do GI ; 5 – As crianças se beneficiam do uso de nutrição enteral seja como fonte única de nutrição , seja suplementar a uma dieta oral para manter o crescimento e reduzir a dependência de esteroide que possa afetar ocrescimento e doença óssea.(Richemond e Rhodes, 2013). Para que os efeitos sejam notados , são necessários de quatro a oito semanas de uso . Terapia nutricional oportuna é componente vital do tratamento para restaurar e manter a saúde nutricional. A desnutrição compromete a função digestiva e absortiva, aumentando a permeabilidade intestinal a agentes inflamatórios em potencial. A NP não é nutricionalmente completa apresenta aumento do risco de complicações infecciosas e é mais cara que a nutrição enteral. No entanto ela pode ser necessária em pacientes com obstrução intestina persistente , fístulas e grandes ressecções intestinais. As necessidades de energias dos pacientes com DII não aumentam muito , a menos que deseje ganho de massa corporal. O requerimento de proteínas podem aumentar , dependendo da intensidade e do estágio da doença e da necessidade de restauração. Inflamação e tratamento com corticosteroide induzem a um balanço nitrogenado negativo e causam perda de massa muscular magra. Também ocorrem perdas de proteínas em áreas de mucosa intestinal inflamada e ulcerada em função de defeitos nas junções estreitas. Para manter o balanço nitrogenado positivo é recomenda-se 1,3 a 1,5 g/kg/dia de proteínas. • Suplementos vitamínicos , especialmente ácido fólico, B6 e B12, podem ser necessários , bem como minerais como ferro e oligoelementos para reposição dos depósitos ou para manutenção por causa da má digestão , má absorção , interações entre medicamentos e nutrientes ou digestão inadequada( Owczarek et al.,2016). A diarreia pode agravar as perdas de zinco , potássio e selênio. Os pacientes que recebem corticoide intermitentes podem precisar de suplementação com cálcio e vitamina D. Os pacientes com DII tem aumento do risco de osteopenia e osteoporose ; as concentrações de 25- OH vitamina D e a densidade óssea devem ser monitorados de rotina e a vitamina D suplementada apropriadamente( Hlavaty et al;. 2015) Suplementos de ácidos graxos w3 na doença de Crohn reduzem significativamente a atividade da doença. O uso de ácidos graxos w3 ou de suplementos de óleo de peixe na RCU parece resultar em efeitos poupadores de medicamentos e maior tempo de remissão da doença.( Farrukh e Mayberry, 2014). O uso de alimentos e suplementos contendo probióticos e prebióticos continua sendo investigado por seu potencial de alterar a microbiota do intestino. Na vida diária as pessoas podem com DII podem ter exacerbações intermitentes da doença , caracterizadas por obstruções parciais, náuseas , dor abdominal , aumento do volume abdominal ou diarreia. Muitos pacientes relatam intolerâncias alimentares específicas . Na maioria das vezes os pacientes ficam frustrados, pois a dieta se torna cada vez mais restrita. Durante exacerbações agudas e intensas da doença , a dieta é personalizada. Nas pessoas com trânsito intestinal rápido , com ressecções intestinais extensas ou doença extensa no intestino delgado a absorção pode ficar comprometida. Desse modo a ingestão excessiva de lactose , frutose ou sorbitol pode contribuir para cólicas abdominais, gases e diarreia, e a alta ingestão de gordura pode resultar em esteatorreia. A incidência de intolerância a lactose não é maior em pacientes com DII do que a população em geral. Pacientes com estenoses ou obstrução parcial do intestino beneficiam – se com redução das fibras com o tamanho das partículas alimentares limitado. Pequenas refeições podem ser melhor tolerada que grandes refeições. Pequenas quantidades de suplementos orais líquidos isotônicos podem ser valiosas para restaurar a ingestão sem provocar sintomas . Nos casos em que seja provável a má absorção de lipídeos, a suplementação de TCM pode ser útil para adicionar energia e servir de veiculo para nutrientes. • Em estudos epidemiológicos , os fatores associados ao desenvolvimento de DII incluem aumento da ingestão de sacarose , falta de frutas e verduras , baixa ingestão de fibras dietéticas , uso de carne vermelha e álcool e alteração da proporção entre ácidos graxos ômega – 6 e ômega -3 e ingestão insuficiente de vitamina D( Hlavaty,2015).Ainda assim , estão sob investigação as intervenções dietéticas para modificar esses fatores durante a reativação da DII( Owczarek et al.,2016). Os mesmos alimentos que são responsáveis por sintomas GI em uma população saudável norma provavelmente são desencadeantes dos mesmos sintomas em pacientes com estágios leves de DII ou naqueles em remissão. MICROBIOTA • Os alimentos e suplementos probióticos tem sido investigados como agentes terapêuticos em potencial para as DII em função da sua capacidade de modificar a microbiota do intestino. Suplementos probióticos com múltiplas cepas mostram-se benéficos em manter a remissão da doença em pacientes com RCU que tiveram pouchit, inflamação da bolsa íleal formada cirurgicamente depois de colectomia . A ingestão regular de alimentos prebióticos , como os oligossacarídeos , fibras fermentáveis e amido resistentes pode afetar beneficamente a microbiota do intestino , alimentando Lactobacillus e Bifidobacteria proporcionando uma competição e supressão da microbiota patogênica ou oportunista , além disso , a fermentação dos prebióticos leva ao aumento da produção de AGCC. COLITE MICROSCÓPICA A lesão do cólon causada pela RCU , doença de Crohn , infecções lesão por radiação e agressão isquêmica ao cólon apresenta anormalidade , como edema , hiperemia , sangramento ou ulcerações visíveis a colonoscopia. Diferentemente da colite da DII , a colite microscópica caracteriza-se por inflamação não visível por inspeção do cólon durante a colonoscopia e fica aparente somente quando o cólon é biopsiado. Os pacientes com colite microscópica podem ter diarreia por meses ou anos antes de se fazer o diagnóstico. A causa da colite é desconhecida. Há dois tipos de colite : colite linfocítica , ocorre um acúmulo de linfócitos na mucosa do cólon. Colite colagenosa: há uma camada de colágeno , abaixo da mucosa. • Sintomas: diarreia aquosa crônica, cólicas abdominais, mais de 30% apresentam perda da massa magra. • Dietoterapia: Manter a massa magra, evitar exacerbação dos sintomas e manter hidratação. DII • Diminuição na ingestão alimentar • Má absorção • Aumento das perdas intestinais. Dessa forma, na avaliação nutricional é importante verificar a ocorrência de perda de peso, hipoalbuminemia, anemia , falta de vitaminas e minerais e deficiência no crescimento em crianças. Objetivos do Tratamento Controlar os sintomas induzindo a remissão da doença, Otimizar a qualidade de vida, Minimizar a toxicidade dos medicamentos utilizados a curto e longo prazo, Retardar e reduzir as recidivas da atividade da doença, Restaurar e manter o estado nutricional e Promover o desaparecimento das lesões inflamatórias. TRATAMENTO NUTRICIONAL A terapia nutricional na vigência das doenças inflamatórias tem como objetivos principais: Controle dos sintomas, a prevenção e a correção da desnutrição e das diversas deficiências nutricionais; Redução das sequelas a longo prazo (incluindo , o déficit de crescimento em crianças e a osteoporose em adultos); Modulação da resposta imune como o que ocorre com o emprego de probióticos e de ácidos graxos ômega 3 . Fase Ativa da Doença Nesta fase é importante que a alimentação auxilie no controle dos sintomas como diarreia, dor abdominal, distensão e previna ou reverta a perda de peso através do uso de suplementos nutricionais adequados. Adieta deve ser hipercalórica, pelo aumentodas necessidades energéticas em decorrência da inflamação (30 a 35 kcal/kg/dia), hipolipídica (menos de20% das calorias totais), hiperprotéica (1,5 a 2,0 g/kg/dia) e normoglicídica com restrição de carboidratos simples e alimentos que causem flatulência. O teor de fibras insolúveis e resíduos (lactose, por exemplo) deve ser restrito e a alimentação deve ser fracionada em 6-8 refeições ao dia contendo pouco volume. Fase de Remissão da Doença Com a melhora clínica do paciente e o inicio da fase de remissão podem ser incluídos os carboidratos simples como a sacarose (em quantidade moderada) e a lactose (progressivamente), introduzindo-se gradativamente o conteúdo de fibras total e insolúvel da dieta, mantendo moderado o teor de gordura. O conteúdo calórico deve ser adequado ao estado nutricional do paciente. Nutrição Enteral e Parenteral • Hoje, sabe-se que “repouso intestinal” com nutrição parenteral total(NPT) não é necessário para se atingir a remissão das doenças inflamatórias intestinais (DII) e a nutrição enteral (NE) é o meio preferido de suporte nutricional e pode resultar em sucesso de maior indução de remissão que a NPT. A maioria dos pacientes, mesmo em atividade de doença, pode alimentar-se adequadamente por via oral, desde que sejam feitas as modificações dietéticas acima citadas. Porém, alguns pacientes podem necessitar de suporte nutricional com NE se a ingestão oral não for possível ou não for suficiente, como a observada na presença de anorexia severa, náuseas ou no pré-operatório. Existem divergências sobre a fórmula mais adequada sendo inicialmente sugerido que as dietas elementares poderiam ser mais vantajosas do que as fórmulas poliméricas, por promoverem repouso intestinal mais completo com menores cargas bacterianas e antigênicas protéicas. No entanto, atualmente, observa-se que não haver diferença significativa no uso de fórmulas a base de aminoácidos livres ou peptídeos em detrimento daquelas a base de proteínas íntegras, não devendo ser rotineiramente recomendadas O uso da NPT deve ser restrito aos pacientes nos quais a nutrição enteral está contra-indicada, exemplificando, se houver presença de obstrução, no intestino curto; fístulas de intestino delgado com alto débito; além de outras situações clínicas que devem ser avaliadas Individualmente.O uso exclusivo de NPT ocasiona atrofia da mucosa intestinal o que pode ser minimizado com a infusão parenteral de dipeptídeos de glutamina. A NPT está associada a maiores riscos de complicações infecciosas e metabólicas, além de ser de alto custo. ORIENTAÇÕES DIETÉTICAS SEGUNDO AS CARACTERÍSTICAS EVOLUTIVAS DA DOENÇA Estenoses e Fístulas na Doença de Crohn • Pacientes que apresentem áreas de estenoses devem seguir dieta similar a da fase ativa da doença, independente se doença com ou sem atividade, considerando-se que este esquema alimentar permite a formação de bolo fecal menor ,evita a flatulência prevenindo a distensão abdominal,náuseas, vômitos e possíveis episódios de sub-oclusão intestinal. Em pacientes com peristalse acelerada e distensão abdominal acentuada pode ser necessária uma dieta líquida sem resíduos até haver a melhora dos sintomas, quando então, a dieta deve ter sua consistência gradativamente normalizada. Associada a presença de estenoses, hiperproliferação bacteriana pode ocorrer com má absorção secundária à utilização bacteriana de nutrientes, efeitos tóxicos diretos de ácidos biliares desconjugados ou outros metabolitos favorecendo exacerbação do processo inflamatório intestinal . Na existência de fístulas enterocutâneas torna- se necessária uma avaliação individualizada. Normalmente as fístulas baixas de reto ou cólon distal são tratadas com dieta oral de baixo teor de resíduo e fibras ou dieta enteral elementar. • As fístulas de baixo débito do cólon proximal e íleo terminal tendem a ser tratadas com dieta elementar de alta absorção,ficando a dieta oral suspensa. É necessário se verificar a eficácia da terapia nutricional empregada de forma associada ao tratamento clínico no que se refere à redução do débito fistuloso. Se o debito permanecer elevado está indicada a nutrição parenteral total. Intolerância a lactose na fase Ativa Na fase ativa da doença, é necessária a restrição de lactose, pois apesar de o leite não possuir fibras, produz alto teor de resíduos intestinais através da fermentação bacteriana da lactose. A quantidade de lactase na borda em escova diminui pela lesão celular e a presença de diarreia exacerba a perda de lactase intestinal. A presença na luz intestinal de lactose não digerida pode ser responsável pela existência de e osmótica acarretando a exacerbação do processo diarreico de origem exsudativa. Ao se iniciar a fase de remissão da doença pode ser introduzida gradativamente a lactose desde que observada a sua tolerância. A suspeita de intolerância a lactose deve ser sempre investigada através de testes diagnósticos de confirmação e/ou dieta de exclusão, pois os produtos lácteos são fontes importantes de proteína e cálcio e não devem ser arbitrariamente excluídos da alimentação. A intolerância a lactose ocorre predominantemente em pacientes com Doença de Crohn Micronutrientes Na vigência de uma dieta restrita, existente nos períodos de atividade de doença, torna-se importante a suplementação com multivitamínicos e minerais para que sejam atingidas as necessidades diárias do paciente, que estão habitualmente aumentadas neste período. A corticoterapia, a má absorção, a inflamação sistêmica e ao baixo consumo de produtos lácteos justificam a recomendação de suplementação de cálcio cuja necessidade diária é de 1,5g/dia e também de vitamina D pois há um risco aumentado de osteopenia e osteoporose nesta população. Ácido ômega3 • Esse ácido graxo essencial possui um efeito imunomodulador potente atuando na síntese de eicosanóides além de ter efeito inibitório eicosanóide-independente da citocina pró- inflamatória interleucina 1 (IL-Desta maneira, tem sido proposto que o uso desse ácido graxo suplementar pode ser benéfico no tratamento das doenças inflamatórias intestinais e na manutenção da remissão. Recomendação Nutricional • Valor Energético Total – VET • GEB X FA X 1,75. • Proteínas – 1 a1,5g( até 2g para desnutridos) kg de peso ideal/dia. • Lipídios - Hipolipídica (<20%das calorias totais). • Carboidratos- • Fase aguda- Isenta de lactose , • Controle de mono e dissacarídeos para evitar soluções hiperosmolares que possam aumentar a diarreia. • Rica em fibras solúveis e pobre em fibras insolúveis . Fase de Remissão • Evoluir progressivamente o teor de fibras insolúveis, • Evitar alimentos fermentativos. • Via de administração Oral- Fase de remissão • Fase enteral e parenteral( fase aguda ) Nutrientes Específicos • Arginina e glutamina- melhora a resposta imunológica. • Ácido graxo ômega -3 – Contribui para melhora da resposta inflamatória. Benefícios da dieta enteral • A presença de nutrientes estimula a secreção de hormônios que tem efeito trófico na mucosa , mantém a integridade da mucosa. • Remissão da doença de Crohn, evitando o uso de drogas e promovendo o crescimento em crianças, • Custo inferior a NPT • Pode ser usada em domicilio • Pode desenvolver suas atividades normais. Desvantagens Palatibilidade baixa ,o uso de sondas pode resultar em lesão no EEI. • Complicações como diarreia , sangramento , refluxo gastroesofágico e aspiração podem ocorrer, Nutrição enteral • Fórmulas poliméricas são as que apresentam os nutrientes na sua forma intacta mais complexa , que requerem o processo normal de digestão com hidrólise em moléculas menores para a efetiva absorção intestinal. Nutrição Parenteral X Enteral • Vantagens: • Repouso intestinal , • Menor estímulo antigênico • Oferta de aas. Desvantagens • Recidiva quando o paciente retorna á dieta normal• Complicações mecânicas , metabólicas e infecciosas. INDICAÇÕES DE NPT • Obstrução intestinal • Síndrome do intestino curto • Hemorragia colônica , • Perfuração intestinal • Como terapia coadjuvante na fase aguda para pacientes que não toleram a nutrição enteral. DOENÇA DIVERTICULAR A doença diverticular é uma das condições clínicas mais comuns entre as sociedades industrializadas . A diverticulose caracteriza –se pela formação de excrescências em forma de bolsas ou bolsos ( divertículos ) no cólon ,os quais se formam quando a mucosa e a submucosa colônicas herniam através de áreas enfraquecidas no músculo. A prevalência de divertículos é difícil de determinar , já que a maioria dos indivíduos permanecem assintomáticos.Esta condição se torna mais comum á medida que as pessoas envelhecem , sobretudo com mais de 50 anos. ( Peery et al.,2012.) Divertivulite é uma complicação da diverticulose que indica inflamação de um ou mais divertículos . Na maioria das vezes , representa uma reativação da diverticulose; depois que se reduz em um período de remissão , reverter ao estado da divertículose . Nas populações ocidentais , a diverticulose é encontrada mais frequentemente no lado esquerdo , tipicamente no cólon sigmoide ; isso contrasta com o envolvimento colônico direito encontrado nas populações da África e Ásia ( Feingold e Whelan, 2008). Etiologia A causa da diverticulite não foi claramente elucidada. Estudos epidemiológicos têm implicado dietas pobres em fibras no desenvolvimento da doença diverticular. As dietas pobres em fibras reduzem o volume das fezes, predispondo o indivíduos á constipação e ao aumento das pressões intracolônicas , o que sugere que a diverticulose ocorra em consequência de lesão do cólon induzida por pressão. No entanto , um estudo verificou que uma dieta pobre em fibras e evacuações mais frequentes pode estar ligadas a aumento , e não diminuição , da chance de divertículos.( Peery et al.,2012). Outros estudos têm focado o papel da diminuição da concentrações de neurotransmissor serotonina em causar diminuição do relaxamento e aumento dos espasmos da musculatura do cólon. Estudos também tem verificam ligações entre a doença diverticular e a obesidade , insuficiência de vitamina D, falta de exercício, tabagismo, e certos medicamentos , incluindo anti- inflamatórios não esteroidais , como a aspirina e esteroides ( McGuire et al.,2015 ; Peery et al.,2012). FISIOPATOLOGIA O mecanismo fisiopatológicos em evolução na diverticulite sugerem que a inflamação crônica , alterações da microbiota colônica , transtorno da função sensoriomotora colônica e motilidade anormal do cólon têm provavelmente papéis inter relacionados no desenvolvimento da doença diverticular( Strate et al.,2012). As complicações da doença diverticular variam de indolor , sangramento leve e alteração do hábito intestinal . A diverticulite aguda inclui um espectro de inflamação , formação de abscesso, sangramento , obstrução , fístula e sepse por perfuração. Tratamento • Antibióticos • Ajuste da ingestão oral conforme tolerado Os pacientes com casos graves de diverticulite com dor aguda e complicações provavelmente precisarão de internações e tratamento com antibióticos IV e alguns dias de repouso intestinal. DIETOTERAPIA DIETOTERAPIA Historicamente , tem sido comum na prática clínica recomendar evitar frutas , oleaginosas, sementes , cascas, milho e pipoca para prevenir sintomas ou complicações da doença diverticular. No entanto , um estudo de 18 anos não encontrou associação entre o consumo de frutas oleaginosas , de milho ou de pipoca e sangramento diverticular( Strate et al.,2008). De fato , demonstrou -se uma relação invertida entre o consumo de frutas oleaginosas e pipoca e o risco de diverticulite , sugerindo um efeito protetor. Durante um episódio aguda de diverticulite ou sangramento diverticular, a ingestão oral geralmente é reduzida até os sintomas diminuam. Eventos complicados podem precisar de repouso intestinal e de suporte de NP. Uma vez retomada a ingestão oral ou em casos leves a moderados, é prudente começar uma dieta pobre em fibras.( 10 a 15 g/dia) como a dieta a progredir , seguida por um retorno gradual a uma dieta rica em fibras. Embora não hajam evidências convincentes de que uma dieta rica em fibras reverta a fisiopatologia da doença diverticular, há razoáveis evidências de que esse de que esse tipo de dieta melhore o sintomas diverticular( Tarleton e DiBase, 2011). Uma dieta rica em fibras combinada a uma hidratação adequada promove fezes pastosas e volumosas que são eliminadas rapidamente e precisam de menos esforço na defecação.As ingestões recomendadas de fibras dietéticas , preferivelmente de alimentos , são de 25g/ dia para mulheres adultas e 38g/dia para homens. A ingestão de fibras deve aumentar gradualmente porque pode causar distensão abdominal e gases. Se um paciente não puder ou não quiser consumir a quantidade necessária de fibras, suplementos de metilcelulose ou fibras de Psyllium pode ser utilizado com bons resultados. Uma dieta rica em fibras, possivelmente com suplementação de fibras, é preconizada na progressão da doença, impedir a impedir a recorrência de episódios de sintomas e prevenir diverticulite aguda.A ingestão adequada de líquidos deve acompanhar o alto consumo de fibras. O papel em potencial da microbiota bacteriana alterada na inflamação diverticular sugere que a combinar terapia com probióticos e outras terapias pode dar certo no tratamento deste transtorno( Maconi et a.,2013). Fístulas • É uma passagem anormal de um órgão para outro , para a pele ou para a ferida .Uma fístula enterocutânea ( FEC) é uma passagem anormal de uma parte do sistema intestinal para a pele ou ferida por ex. , fístula cutânea entre o intestino grosso e a pele. OSTOMIAS É uma cirurgia para construção de um novo trajeto para saída de fezes e urina. Quando é realizada no intestino grosso, chamamos de COLOSTOMIA. Dependendo do lugar onde será feita, será diferente a frequência de evacuações e também a consistência das fezes. Quando é realizada no intestino delgado , chamamos de ILEOSTOMIA. Neste tipo de ostomia as fezes são inicialmente líquidas, passando, após um período de adaptação, a ser semi-líquidas ou semi-pastosas. Chamamos de UROSTOMIA quando é colocado um estoma para saída de urina. Dietoterapia As recomendações tradicionais para alimentação pós – operatória dos pacientes com uma colostomia ou ileostomia são manter a alimentação até que o intestino tenha começado a funcionar ou eliminar fezes ou efluente. Há evidências de que a dieta enteral ou oral pode ser iniciada precocemente depois da cirurgia para qualquer tipo de estoma de derivação fecal que tenha sido criada durante uma cirurgia eletiva. A Academy of Nutrition and Dietetics (AND) recomendam uma dieta pobre em fibras , essa recomendação se baseia na premissa que o intestino esteja edemaciado e , em risco de lesão ou de obstrução depois da cirurgia. A maioria dos pacientes faz transição para uma dieta normal com aumento gradual da ingestão de fibras na dieta depois de cerca de seis semanas. ILEOSTOMIA Controlar os flatos e odor é uma preocupação para pacientes com colostomia do que para paciente com ileostomia . Mastigação- mastigar muito bem os alimentos para evitar bloqueio. Reconhecer sintomas de desidratação e compreender a importância de se manter hidratado. Aumentar a ingestão de sal , potássio e magnésio em decorrência do débito da ileostomia . • O débito da ostomia pode ser agudo ou cronicamente elevado, e isso é muito mais comum com ileostomia . Na maioria das vezes , a definição aceita de um estoma de alto débito ( EAD) é um débito que exceda 2.000ml/dia aos longo de três dias consecutivos. , ponto em que se espera a depleção de água ,sódio, e magnésio(Baker et al.,2011). Slide 1 Doenças Inflamatórias Intestinais Etiologia Slide 4 Slide 5 ETIOLOGIA Slide 7 Slide 8 Slide 9 Fisiopatologia Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 TRATAMENTO CLÍNICO TRATAMENTO CIRÚRGICO Dietoterapia Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 MICROBIOTA Slide 40 COLITE MICROSCÓPICA Slide 42 Slide 43 DII Objetivos do Tratamento TRATAMENTO NUTRICIONAL Fase Ativa da Doença Slide 48 Fase de Remissão da Doença Nutrição Enteral e Parenteral Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 Slide 57 Intolerância a lactose na fase Ativa Slide 59 Micronutrientes Ácido ômega3 Recomendação Nutricional Slide 63 Fase de Remissão Nutrientes Específicos Benefícios da dieta enteral Desvantagens Nutrição enteral Nutrição Parenteral X Enteral Desvantagens INDICAÇÕES DE NPT DOENÇA DIVERTICULAR Slide 73 Slide 74 Etiologia Slide 76 Slide 77 Slide 78 FISIOPATOLOGIA Slide 80 Slide 81 Slide 82 Tratamento DIETOTERAPIA DIETOTERAPIA Slide 86 Slide 87 Slide 88 Slide 89 Slide 90 Fístulas Slide 92 Slide 93 OSTOMIAS Slide 95 Slide 96 Slide 97 Dietoterapia Slide 99 ILEOSTOMIA Slide 101
Compartilhar