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entrevista de Eva Reich ao Pasquim

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• 
Não é normal o que anda de 
gente abandonando suas terapias 
p sicana!(ticas car(ssimas, 
• 
demora das e excessivamente 
• 
verbai s, n(l pro cura angustiada de 
um novo tipo de tratamento. E 
os 'fundarnentos da nova terapia 
baseiam-se na convicç ão de que 
existe uma relação íntima e direta 
entre o corpo e o ps iquismo, 
como afirmava o papa da 
''nova '' terapêutica , o p sicanalista 
Wilhelm Reich , morto há quase 
25 anos . Reich , vá lá que 
ninguém ignore , foi o polêmico 
contestador conseqüente nas suas 
atitudes contra o autoritarismo e 
a repressão, o teórico da 
''ener-gia vital '': bloqueada , ela 
não consegue irra,diar-se por todo 
o corpo, como resultado das · · 
tensões na fase da formação do 
caráter, completada aos 8 anos 
de idade. 
A doutora Eva Reich, Medi cal 
Doetor, o MD dos americanos, é 
· a filha mais velha do famoso 
.. psiéanalista . Nasceu lá por 1924 
e emigrou em 1938 para os 
Estados Unidos, onde apli cou, 
por mais de dez anos, o 
• 
, 
Acum .ulador de Energia Orgo n, , 
criação- do pai famoso. E . a 
dona do cham ado '' Primeiro 
Auxílio Emocional'', utilizando 
os pr incípios da Terapi a 
Psiquiátri ca Ôrgon em problemàs 
psico ssomátic os, foi assistente 
do p apai Reich, fundou um 
colégio pré-primário 
Montessori -Reich-Nei l, andou 
ensinando matemática, fís ica, 
astronomia e eletrônica lá na 
Universidade do Maine . E foi na 
sua batalha ''po r umà nova 
humanidade '' que a encontramos 
lá na Guatemala, onde ficam9s 
em longos papos , assistindo a 
suas palestras e ... viemos junto 
para o Brasil. Das informações 
que nos deu, falando dos último s 
anos da vida do controvertido 
autor de Função do Orgasmo ou . 
"Mat erialismo dialético e 
psican álise'' tiramos esta 
entrevista, toda gravada no 
barzi nho do térreo da 
Embaixada do Brasil em 
Guatemala City e no Challet 
Suizo , pertinho dos Correios e 
Telégrafos . 
FRANCISCO HARDY 
--.... ---... , 
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• 
SEXO 
LIVRE E 
O ffAZER 
ooco~ 
5iD 
COISAS 
FUNDA-
MENTAIS 
' 
• l l 
O misterioso homem do PASQUIM em 
trânsito, Francisco Hardy, ataca novamen-
te. Ele some por uns tempos e depois 
recebemo s cor re spondência da África, 
América Cent r al , qua lquer lugar do mundo 
para onde sua inq uietação o leve. Desta vez, 
nos mandou , da Gu atemala , uma entrevi sta 
com Eva Relcb, Olha do super maldito 
Wilbelm Reicb , perseguido pelos nazistas, 
comunistas e que afinal foi destruido pelos 
americanos, que queimaram seus livros e o 
jogaram numa prisão, onde morreu. 
• 
• 
• 
r/A ...... 
f'cTo ,. 
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6AIX'1>, 
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,....,.._ ..,,."""'"*._.. • At11ta, 
"-""•C••" ..,..._.._., ....... ,.,.~.,..~·~ •""•·o.i.,n. _ _......,.._u-. • ...a.,11_, .. n'lllu ........................... 
~-...,. Kdti., ......... ,.... .... 
t W ddH 1 ......... hol ..,iini6'f 111 ... _, .............. ,.,.-•~-·· ,., .. " ... ,....... .... ~ . 
,, . ... ,.. .. ,. . .. , ..... 
• llllltAt,' 
cA 
tVA, 
• 
FH - Eva, 111anda at um a bio• 
grafia ... 
EVA - Sou médica, uma dos rrés 
filhos de Wilhelm Reich. Tenho ou tra 
i.rmã também médica, psicanalista, 
que vive em Pittsburgh , Pensilvânia, a 
doutora Loree Rubin . Meu outro ir-
mão é Petcr Reich , 20 anos mais moço 
e filho de mãe diferente. Escreveu um 
livro biográfico sobre nosso p_a.i. ~-
oba vida tem sido de estudos: biologil!, 
quando emigrei Eara os Estados p_ni-
dos. no Colégio Barn~rd, e medi_cma 
na Universidade Médica da P_ensilvâ· 
nia (no meu tempo , 7ra exclusivamen· 
ae feinínina). Form ei-me em 1948, es-
tou con, 54 anos. 
FN - E depois que tenninou seµs 
estudos? . . 
EVA - Nunca os terminarei . . : 
Mas ao receber esse diploma passei 
dois anos como interna de hospital , 
fazendo c]jnica médica. 
FH - Chegou a trabalhar com 
Reich? . 
EVA - Era o que ia contar . 
Comecei a trabalhar com ele·em 1950, 
como assistente de . pesquisas , nos seus 
últimos anos de vida , quando ele foi 
para um· lugar chamado R angeley. Ali 
criamos um instituto , o qual é atual-
mente um museu . Foi durante a .. Ex-
periCncia Oranur ". Farei conferências 
.sobre isto no Brasil. 
FH - E:,n que consistia tal expe-
, riência? 
EVA -:- E17 misturou ? princípi o 
da "ener~a ".it_al", ene rgia orgone , 
com a radioat1v1dade ... 
FH - , E que diabo vern a ser a 
Org_o11on11a? 
EVA - É a dência da energia da 
. vida , tal como a imaginou Reich . Tem 
re.laçã~ e-o·~ a sociologia , pedagogia e 
med1crna psicossomática . Permite apli-
ca~ões na. física, 1?1atcmática e astrono -
~ua. A ~.1oenerg1a é a enerçia cósmica 
orgon,e . !:m f\!Sumo., ele insistia que 
o ,espa_ço nao está vazio, contrari .ando 
E1nste1n. 
Volt~ndo à experiência Oranur , 
c~rto. dia OCQrreu uma ~xplo são ra· 
d10.a11va, provocando aquilo que bati-
zamo s como "doença O.ranur ". Todos 
sofr emos com ela, cheguei a ficar mui-
to doente e por {sso sar de. lá no mês de 
abn1 seguinie. • ' 
Passei a dedicâr-me à Pediatria, 
como residente no Hospital do gueto 
nesro do Harlem, em New York. 
Regre ssei ao Maine (Rangeley) , nova-
mente trabalhando com Reich , ainda 
no Projeto Oranur . Ele desenvolvia 
também um trabalho especial, o 
'' Cloud Buster ", e o pr ojeto foi o 
último da sua vida . 
Acompanhei o desenvolvimento 
do aparelho, aprendi a usá-lo. Desti-
nava-se a modificar o clima de uma 
· micro -região , pela mudança do poten -
cial da energia vital na atmosfera. 
Podia_-se, com o aparelho, provocar 
chuvas artificiais, quando houve sse 
muita bruma no ar . Era pos sível fazer 
circular a ~nergia vital nessa atmosfe-
ra , tornando as condições climáticas 
mais agradáveis . Simultaneamente , eu 
exercia a medicina. O dr. Reich ficava 
no oeste do Maine e eu me fixei na 
oosta leste , numa pequena cidade 
(Hancoch). Ficávamos a quatro horas 
de distância , por carro . 
Em 19.54 ele resolveu experimentar 
o ' 'Cloud Buster " no deserto. Aban-
donei o Hospital em Hanco .ch e juntei -
me à expedJ.ção, que ficou sediada no 
deserto de Arizona. Foram cerca de 
seis meses, quando ele aprovejtou pa-
ra escrever "Contac w1tb Space f \. 
ainda inédito. O livro integra o proces -
so ilegal que sofreu nos Estados Uni-
dos, por parte ,da Food & Drug Admi-
nistration (FDA). 
FH - E você considera ilegal o 
processo que moveram nos Estados 
Unidos contra Reich? Por que? 
EVA _ Vamos falar bastante do 
• 1 
assunto, porque eu vivi todo o período 
de perseguição a que (? submeteram . 
Ele foi para uma cadeia , nunca Pª!ª 
uma instituição para doentes mentais ., 
note bem . Vou corrigir as versões que 
espalharam pelo mundo . Há muita 
mentira sobre a fase final da vida dele, 
que aliás é pouquí ssimo conhecida. 
Suas tentati vas para criar umidade e 
clima agradável no deserto do Arizona 
criaram polêmica. O julgamento foi 
em 1956 e ele morreu na prisão em 
1957. 
A MULHER DEVE TER 
TODOS OS F'ILHOS 
QUE DESEJE, . 
DESDE QUE OS 
DESEJE! 
FH - Parece-me que Reich afas-
tou-se muito da psiqui atria, em ·seus 
último s an.os de atividade ... 
EVA ~ Sua vida, no final, como 
es~a~os yendo , não se dirigia muit<;> .à 
psiquiatria , mas principa lmente à físi-
ca. Mas também aprof undou -se .no 
problema da maternidade e dos re-
~ém-nascidos, porque o projeto mais 
importante para ele, entre tantos ou-
tros, era a prevenção das neuros~s. 
~ecidira -se a estuda r e pesquisar maes 
Jovens, pais jovens .e começar tudo a 
partir ' dos bebês tentando localizar e 
eliminar os fatores que sabemos serern 
as c~usas das neuro ses. Era o,,''Or~: 
norruc Infant Research Center , de 
nado a evitar o ''armoring ", ou seja, a 
criação de uma carapaça _ protetora do 
corpo contra as emoçoes. Era um 
tra&alho. muit_o criad~r , que; me des-
pertava entusiasmo , Já que meu inte-
resse maior é no camp o da pe diatria 
os direitos da crian ça ( que só dev~ 
nascer se formesmo dese ja4a) . Acho . . . , 
que isto seria import ante nos paises 
como o Brasil , onde tenho notícia de 
que nascem numer osos bebês indese-
jados ... para engros sar o exército dos 
que serão marg inalizados futura-
mente ... 
FH - Isto nos leva ao tema do 
controle da natalida de. Como encara a 
limitação çtos filhos? Olhamos isto com 
. cer~a desconfiança, principalmente de· 
pozs que um certo senhor M e Namora, 
Presidente do Banco Mundial , afirmou 
ser el'! necessária, porqu e as crianças 
de patses subdesen volvidos são mental· 
mente inferiores .. . 
EVA - Esqueça esse s~nhor. 
Control~ da natalid ade, para mlm i. éª 
mulher ter os filh~s que deseja , se1am 
q~antos · forem - e nenhum que ela 
nao tenha querido ter. 
A educação da mulher para ser 
senh?ra d~ próprio corpo - ~ '?5 
católi~os nao apreciam muito a idéia 
- . foi parte da luta de Reich, há 
muitos anos, ainda . na Alemanha , res: 
~~~l°àente, c~ei clínicas para~ edu:S 
solt . e mocinha s e prováveis Pl 
vid:ira~, estímulo à preven9ão da ~ 
2 nao desejada, especialmente 
• 
ra as que não têm ainda estrutura para 
a maternidade. 
FH - Alguns médicos - e também 
mães - das classes mais favorecidas, , 
andam adotando exageradamente o 
parto cesáreo. Qual é seu ponto de 
. ? VlSta . . 
EV A - Estudo a aplicação suave 
da ~io -energia para que _paja mais 
nascimen to s naturai s. NA O AOS .. 
PAR TO S MECANICOS! Luto pela 
edu cação feminina no senti do de fazer 
part os naturai s, sem tensões ou me-
dos , proc uro esclarecer sopre a sexua-
lidade , para transformar em coisa na-
tural as relações homem-mulher, sem 
os. choques ,comuns ou sensações peca-
minosas . E a psiquiatria aplicada à 
educação social , antecipando os pro-
blemas de futuras neuro ses. 
FH - Você não acha curioso que 
muitas coisas que o·.Reicb pre conizava, 
nos anos 20, ainda sejà tabu ·em muitos 
lugares? · 
EVA - Como os direitQs da infân-
cia, por exertlplo. Por ist<:> é que , hos 
últ imos 4 anos, ando fazendo palt}S!ras 
pelo ~uõdo , em numero sos pais~s 
par-a dizer muitas coisas sobre tais 
assuntos ., para falar de Reich , porque 
nãó se ensinam suas teorias . _, 9.eJo 
meno s oficialmente - nas Uruvers1da-
des . Dedico -me à educação sexual, 
pr even~o da gravidez iode se-jada , en: 
sino como dev~ ser o nasciment<? natu-
ral e a necessidade de mante~ ~lhos e 
maês juntos. Isto é a coisa matS impor -
tante manter o contato entre o bebe e 
a má~ após o nascimento, pr4:>mover e 
estimular a alimentaçã~ no seif,o m:t~ 
no, afinal esta é a pnmoira Ofl 
ra~~ do homem! --'-
• -- - ----....... 
FH - Como conseguir isto no 
munq,o de hoje, quando a mulher, 
considerada força produtiva, não se 
dedica só aos trabalhos chamados '<do 
lar' '? 
EVA - Acho que . a sociedade 
deve à mulher, no mínimo, apoio 
ba~t~te para que tenha, pelos menos, 
~o~s ~lhos, se forem desejados, volto a 
U1S1st1r. Em cinco anos as crianças já 
teriam condições para fr-eqüentar esco-
las maternais. Tudo, também, depen-
de do -típo de lugar onde se vive . Sou a 
favor de um estipêndio, uma ajuda, 
como já-fazem os suecos: dispensa do 
trabalho por 9 meses, 8 deles com 
pagamento integral, somente a metade 
do 9° mês ... 
FH - Você fala também do alêita-
mento natural . .. quando muitas mães o 
evitam, até por razões estéticas, embo-
ra paret;a incrível . .. 
, EVA - Aqui nos países latino-
americ~nos ainda há muita alimenta-
ção direta no seio materno, e só espero 
que não procedam como nas camadas 
mais sofisticadas da população, que já 
começa a suprimir este hábito tão . 
natural e tão importante. Uma organi-
zação internacional, ''La T eche Lea-
pe'•, trabalha neste sentido porque 
,N evidência que neuroses, perversões 
çrimes podem ser evitados a partir 
~ hábito salutar. 
• 
. A FALTA DO PRAZER 
FÍSICO ESTARIA NA RAÍZ 
DAS VIOLÊNCIAS 
FH - Li um "trabalho de 'James 
Pr esco_tt, neuropsic6logo, . cientista e 
adm inist ,:ador do Instituto Nacional 
para a Saúde da Criança e Desen volvi-
me nto Humano , de Be .thesda, Mary-
land . Ele relaciona a falta de prazer ~ 
corporal, no periodo .<J,e formação da 
vida, . com a violência entre os homens. 
Como encara os trabalhos de Presc.ott? 
EVA - CQm o maior respei to e 
aplau sos~ A vi?lên~ia entre os hQme~s 
já é uma epiderma . . . cresce mais 
depre ssa qu e o preço do petróleo . A 
menos que as causas da vi<?lência se-
jam isoladas e tratadas, continuaremos 
a viver num mundo de f!iCd:o e ap_reen-
sões . Oferecem -nos ~a
1
~ ~olêdn~1a cdo-
solução para a v10 çnc1a, izen o 
rno é ·ca é •'ser duro•' e deve que a t cn1 . Co 
prevalecer no combate ao cnme. lo-
• 
• -
car pessoas na cadeia ou aplicar casti-
gos físicos tem sido a 'fsolução'' ... só · 
que não funciona em parte alguma. 
Prescott apóia as teorias de Reich e 
tem escrito excel~ntes trabalhos, dan- . 
do ênfase ao fato de que os bebês que 
sentem praz .er com a · mãe, no seio 
· onde se amamentam no· 1° ano, ·têm no 
futuro atitudes positivas ~om relação à 
-sexualidade. Ele pesquisou 49 grupos 
culturais onde o 1ndice de violência é 
muito . baixo (sem estupros, violênci as 
· ou perver~õ-es) .e con~t~~ou que ne~sas 
-soc1,edades havia muito contato ótimo 
• 
mãe-filho e prazer corporal para o 
recém .;nascido. Isto é puro Reich -
quem leu Função do Orgasmo ide!)tifi-
cará logo. O problema é escapulir do 
• 
!f1undo ''civiliza do·'' e ''mecanicista'' 
. .. Todos têm direito a uma per~onali-
dade calca da numa infância feliz com 
o nec essário para comer, num si~tema 
S?cial menos injusto .para alguns, poli -
ticamente democrá tico . . . ' 
FH - A credita que a associação 
sexo e violência seja a chave para 
compreender a violência física . como 
conseqüência da eliminação do prazer 
corporal? 
EVA - Ao contrário da violência, 
o prazer é algo que nunca nos .parece 
suficiente . T-0dos estão sempre procu-
randQ nov as formas de prazer. Embo-
ra pareçam mundos diferente s, o pra-
zer físico e a violência física têm uma 
sutil e íntima conexão . 
. A falta de prazer físico explica os 
excessos violentos . Exper iências de la-
boratório já demonstraram qu_e " a 
presença do primeiro inibe a violên-
cia ' ', pois até um animal furioso acal-
ma-se insta ntan eamente , quando se 
'aplicàm eletrodos -aos centros cere-
brais do prazer. 
Entre os homens , uma pessoa que 
aprecia ? prazer raramente irá mo~-
tr·ar-se violenta ou de conduta agress1-
v:a . Aeredito que priv:ar o corpo do 
prazer de se~ tocaâo, do co~tato do 
movimento sao as causas básicas dos 
distúrbio .s emoci?nais, que inc~uem os 
estados depre ssivo~, ~berr.açoes . se-
xuais, abuso de atogas, violência e 
agressão. Quantos hom~ns confe~sam 
ter, nas suas experiências sexuais, a 
• • 
sensação de ter cometid .o um ''assal-
to'', logo :que experiment am o 0r-
gasmo? _ · . 
FH 4"· 3 "s , Freud ~onc0rdaria com ,_ 
Reich? · · - . - - . 
EVA . As contribuições de Freud ·. 
sob!e as experiên cias iniciais da vída . 
~ no .eorn ·.9rtaµiento ~turo são :be·IQ · 
conheci . as~ ·O tempo dispomv .el não · 1 
pernrlte uma ·. ·,,~_.lêrmca sQbre suas dife- -
. . . ' 
renças com · · e1ch. -Sal':Je8:los que as 
sociedades que dedicam afeição física 
_ (t0'?ar, pe~ai, ~cariciar, carregar) são 
muito menos violentas que as ·o·utra s 
.. onde -o afeto físico às crianças é negli- · 
gençi .ado. Igualntente, nos agru.p~-
mentos humanos que toleram .e ~cei-
4tam as relaçõés sexuais · pré-ma~~ws ou 
, . 
extramaritais são menos . comuns as 
violência$ ., 
FH - Aceitar relações extra-
maritais diminuir ia a violência no, 
mund o? · 
EVA - Essas relações são ainda 
um tabu, em muitos lugares, isto é 
pacífico . Mas é sabido que as socieda· 
de s nas quais se coloca ênfase na 
mon ogamia dão valor muito grande às 
glórias militares e endeusam os tipos 
agressivos e violentos. Muitos psicólo· 
gos e s9ciólogos pensam que, - não 
havendo satisfação sexual no casame n· 
to, esta satisfação deve ser procurada 
'·fora , sem destruir a relação marital 
- básica. 
FH - Drogas,sexo, violência .,. A 
trindade é quase obrigatória no mundo 
de hoje.... , . 
1 ,.,EVA - E curioso examinar aspec-
tos da .violência e do prazer , estudando · 
as drogas que 11ma sociedade conso-
me . Por exemplo, os americanos são 
agressivos, adoram com~tir , formam 
uma sociedade violenta . Coincidência 
ou aão, aceitam e toleram o álcool, 
que provoca comportamentos -agressi-
vos. J\. maconha, ao contrário, é uma 
droga que induz ao relaxamento e ao 
prazer, inibe atitud~ ajtess~v~s ... es-
ta, a sociedade amencana re1e1ta! To-
lera-se methadone, condena-~ a he-
roína . .. 
FH - E como poderiam os pais 
interferir, para ajudar, além dos j4 
s ocaãentais ... ~ 
Fl;I - Como fi~arám as rel'}çôes de 
· eich com o Par.tido ComuntsJa? 
EVA - Num outro livro dele ; 
''People in T rouble", ab~rda ta~~ém 
suas observa9ões na Un1ao S0v1ét1ca. 
E uma espéc1~ de auto-biogra~a. suas 
1ela&9es políticas com os Parudos So-
.cialista e Comu nista (1920 a 1930), 
·chama os stalinistas de .. fascistas ver -
melhos '' e os outros de "fascistas ne-
gros ". Foi expulso do PC alemão em 
1935, creio, depois que Hitler chegou 
ao poder. Só que aquilo que ele viu lá 
já desapar eceu , .pois nem os russos 
i puderam suportar as experiências de -
les mesmos . 
O CARIµNHO DO BEBÊ 
ACABARA LIQUIDANDO O 
''PRINCÍPIO ESQUIMÓ'' 
,. 
fH - E você, como fica , pol itica-
mente? 
, EVA - Respondo politi camente , 
dizendo -lhe que tive com Reich uma 
~ssociação profissional , embora tenha 
. vívido com ele toda sua fase política .. . 
há algo dentro de mim impregnado de 
socialismo e do nacional-socialismo 
com suas marchas militares , repressão 
nas ruas ... Reieh disse-me um dia que 
a política é "uma doença da humani-
• dade" , pois o ser humano está tão 
perturbado nas suas funções básicas de 
ser feliz, viver e trabalhar , que nãb se 
dtsenv olve como gente. 
F(:l - Reich não tentava influi r? 
Era pela autodetenninação? 
EV.A - Ele pregava a P,rograma-
ção dos filhos, a autodetenn 1nação •de 
~odos. e c~d,a um .no qu~ nos afeta., é 
isto inclua as cn anças no lar e na 
escola , as mães antes da gravidez os 
jovens no desejo de fazer suas e;pe-
riências sexuais antes do casamen to e 
tantas outras coisas com que nos de-
frontamos na vida e que t11everiam ser 
por autodeterminação ~ e isto fun· 
cionat 
~ 
FH - Estive em Cuba e, volta ndo 
dquele terna da aproximação mãe-
recém-nascido, lá permitem à mulher 
extensas licenças para amamen taçllo e 
cuidados do lactante. Pode-se ficar 
afastada do trabalho com salário total 
p or meses , ou entre~ar o filho aos 
c111dados <!,as "creches ', a partir dos 45 
dias de vida . Que pfn sa disto? 
EVA- Excelente! M agnífico! Isto 
não temo s nos Estados Unidos. Lá 
existe uma sema na p ara alimentar as 
grávidas, só qu e o número de las sup e-
ra de mu ito a alime ntação di sponível , 
é o tip o da co isa inade gua da. 
Qu anto a deixar os filho s nas cre-
ch es, a partir dos 45 dia s, com o fazem 
em Cuba , é mu ito prem aturo . O re -
cém -nascido preci sa sentir um corpo , 
nem precisa ser o da mãe. 
FH - Sim, mas deixar Olf não os 
filhos para poder trabalhar é uma op-
ção, ela poderá estender sua dispensa 
pelo tempo que quiser, só que a partir 
de determinado momento será uma 
licença sem vepcimen~os . ... 
EVA - E parecido com o que 
fazem na China ... Rússi(l ... Acho que 
a grande q~estão , nos s_istemas on de o 
Estado cuida das cn~nças , é dar-
op ções à mãe. Se ela preferir ficar i;om 
a .criança , sua vontade deverá ~er res-
peitada. . · 
Há literatura muito interess;'lnte, a 
partir da ~bservaç _âo em anim~s: os 
rec éJ11-nasc1dos rolam nus,.. natu!a l-
,n ente nus , nos corpos nus das ~aes . 
Este contatQ COJ'POr~l é :1\~cess~,no, a 
mãe tem uma e~pécie de aura , .~ue 
pre cisa ser substi tuída , se faltar a au-
ra " matenia . É claro que uma cama 
não possui esta "aura " e na civilização 
moderna os carrinhos de bebe aí estão 
para isolar mã~ e filho: O ~lor mater-
no O "princlpio esquimó , como eu dWD<>. onde fica? -
uso médico para carregar os éorpos ' 
humano s com energia . Usei esse Acu-
mulador e ele é muito valioso em 
numerosos casos. A corte aceitou o 
pedido da FDA em 1956. Ele foi para 
a cadeia sob a acusação de desrespeito 
à Justiça . Fez os apelos legais, em que 
dizia, por exemplo, ''eu, o cientista 
abaixo-assi nado, que fiz descobertas 
de importância naciona l , abrindo as 
portas de uma nova era para a humani-
dad e, a e ra da en7rgia vita l , 9.ue pode-
remo s usar e aplic ar, um a c1ênc1a no-
va , porqu e 3: energia tem três com p o-
nentes ant eriores à form ação da m até- ' 
,ria . .. etc . . . '' 
FH -:- Considera que o pro cesso 
apresentou irregularidades? 
. . EVA - O proce sso .todo foi ilegal , 
1n1usto e com acontecimentos muito 
estranhos , para dizer o mínimo . Só 
para exem~li!i<?ar, o advogado que ele 
contratara 1ruc1almente para def endê-
lo, passou em outra fase do processo a 
Promotor Público : . . contra meu pai, e 
isto é absurdo e ilegal! 
Invadiram sua casa, quebraram e 
roubaram cois~s . Foi tudo uma conspi-
ração, Reich nu~ca foi louco! Eu lhe 
per~nto será que para provar que 
voce é pa'ranóico teremos que levá-lo à 
morte num cárcere? 
FH _ E ele morreu de causas 
naturais? 
últimas palavras para mim foram ' 'FOI 
UMA VITÓRIA!''. Isto foi cerca de 
duas semanas antes da morte , mas 
muit os dias depoi s, as vésperas do 
desenlace, foi visitado por um artista, 
William Steig . Falaram-se numa sexta-
feira e papai apareceu morto no do-
mingo . Antes, tivera um ligeiro res-
friado. 
FH - Foi feita a autópsia? 
EVA - Pedi exame para verificar 
se houver a envenenamento , e resultou 
ne,gativo. A autópsia foi feita, MAS 
SO DEZ ANOS DEPOIS saiu o resul-
tado . Não me autorizaram a examinar 
fichários ou falar com os médicos. 
FH - Coisas deveras estranhas, 
estranhíssimas, sabendo-se que os Es-
tados Unidos são um país civiliza do ... 
Vou contar-lhe depois o caso Herzog, 
ocorrido no Brasil . 
EVA-Definitivamente , foi o que 
se chama ''dirty bu siness' , conhece a 
expressão? 
Minha impre ssão, não obstante, é 
que a causa real da morte foram suas 
más condições, um calapso cardíaco, 
provocando desfecho natural. Mas há 
outra coisa nebulosa, é ~ue ele desen-
volvia estudos matemáticos na cela . 
Estes estudos e tudo o mais que ele 
escreveu na prisão, tudo desapareceu . 
Nada me foi entregue, isto foi outro 
'' negócio sujo '' . . 
Wílhehn Reich versus the U. St~tes, 
de Jerome Greenfield, é um hvro 
. ortante conta o proc esso , causas, 
1~~sação e defesa . O autor _teve acesso 
f os arquivos da FDA e viu os ~~u-
mentos que comprov am terem sido 
ga.stos dois mi!h~ de dólares para 
proce_ssar um '?1ent1sta - e com9 ess~ 
cientista podena ter usado esse d1nhe1-
ro todo em benefício da humani dade! 
JESUS AMAVA 
AS MULHERES, 
PORQUE ELE GOSTAV A 
DO AMOR E DA VIDA ! 
FH - Conte-nos sobre o relaciona· 
mento de Reich e Freud. Eles discorda· 
vam muito? 
EVA - Há muita documentação 
do que ~le pensava das teorias freudia· 
nas. Re1ch dizia que Freud , já desen· 
ga_nado pelo cânce r pensava que tôda 
enança devia ser ,:civilizada". J?.eic,h 
fn,te~tava::'Não, isto não é ve~dade, 
b na iiifânc1a que a vida deve flwr selll 
l09ue1os, aí sim, modificaremos ~ 
sociedade, ela não será mais violenta 0 
- ele. estava realmente certo . Ele nã. 
se res_1gnava, como Freud , lutava p<>! 
que via qu e é a sociedade a "d<:>C01.e • 
Quando Freud pretendia que nós aJIIS" 
~ássem?s as crianças à sociedade d 
te, .Re1ch retrucava " não, curem~ 
soc!edade" - isto sim é revolll 
nár10L ' 
F Reiçh. admirava muito seu 111 
n!:jud , ao qual dava todo 0 
r -v a sua fo,rmação. 
n Só porque me ocorreu~ pe 
reste momento em Viena, lá OS • 
es. sobre a loucura do meu s= 
rn~ito fortes, e foram espalha 
f.11nha mãe, Ane Reich, ~asa 
inha entre 11 e 14 anos, ~· 
convencida da insanidade c,ele 0 
llle convenceu também, 
! .,, ull ttfl 
FH - Reich acreditava tm algllnló 
espetie de vida futura , para afimdo 
morte f{.sica? 
EY A - Ele sabia que a energi t.-6 
algo que flui em nosso corpo. mas su:a 
pergunta será respondida com um tal· 
vez sim, talve-z. não. Quando ele escre-
veu sob re a esquizofrenia. no seu Aná· 
Use do Caráter, disse que a consciê ncia 
do indivíduo deixa o seu corpo, vaiÉa 
uma certa distância e dali o observa. 
um a associação, seria como a energia 
liberada. Nós estarlamos como que 
con tidos numa bolsa, a ene rgia, a qual 
poderia ·nos abandonar. E ela não se 
perde ... 
Nos últimos tempõ s ele se tornar a 
religioso. Ele fora marx ista , no senti do 
de ver a religião como o ópio do povo. 
Por isso, tive uma formaçã o muito 
ateista. Hoje, ado to princípios cris· 
tãos , considerando Cristo como ho · 
mem , sem pert encer a qua lquer igreja. 
Reich , no seu livro O assassinato de 
Cristo, tem como tese central o amor 
de Jesus pelas mulheres - porque ele 
gostava do amor e da vida. Mais tarde, 
São Paulo distorceu tudo , e tiveram 
que matar Cristo, porque quem não 
gozou a vida e não a viveu, odeia ver 
outros felizes ... é o problema uni ver· · 
sal que enfrentamos. 
Tempos depois, também mata ram 
Reich. Creio que a hum anidade, ho}e, ' 
é consciente, ou a consciê ncia geral é 
mais clara . Da prisão, ele escreveu 
para o filho O livro das Orações , onde 
demon stra reli$ios1dade acentua da, 
mas não sei se isto indica fé em vida 
· ete rna e coisas do gênero . Francaroe n• 
te , nunca falamos do assunt o, ele não 
se envolvia com ulmas, fantasroas, 
duendes - queria ser um cientl'sta 
prático. Creio que nunca se preoç~ 
co.m -o tal "outro lado da cortina' ... 
NJo era favorável a parapsicolo,gi.a. 
. Quanto a mim, sinto-me boje elll 
dia c:9~0 lllissíonãria de Deus \ ~ 
tíl o .Pretendo definir , missionána 
teo~a da "ene!'&i.a vitalº, que 
~ata pel .. lwej b, assim como o 
yJC e o prai.ei do COJpo. 
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org9smo do estrevisto com o f il ho do Reich foi 
representado pelo Nicole Puzzi - o got inho qúe estó nos telos 
c-omo Ariell a, personagem de Cossondro Rios, o escritora mais 
censurado do BrosiL Antes de fazer o f il me do John Herbert, 
Nicole jó linho ocelto o Convite oo Prozer e sido Prisioneira do 
Sexo, ambos de Walter Hµgo Khouri, 
Poro\"'oense de Floro( (que é perto de Novo Esperonc;o, 
que é perto de Mondoguoc;u, que é perto de Mor ingó), Nicole 
- dizem - ·,em 16 anos , Suo transo com Crlstione Torloni no 
filme é openos obrigoc;óo trobolhisto . Portanto, os sopotões 
que não se aproximem, Njcole gosto mesmo é de rivno 
(po lovro, oliós, que não consto do Au rélio, por que?) • l 
Nicole escreve contos e poemas, sempre inspirado em , 
Edgar Alon Poe. ADs 16 anos (êpol) fez este poema : "De pronto 
e dores em vão/ em minha vida, tonto reclamo, / mos colo no 
peito o conc;óo / de um dia poder comlnhor / nos broc;os de 
quem eu amo, / no corpo que voi me o,nor ," 
' 
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