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• Não é normal o que anda de gente abandonando suas terapias p sicana!(ticas car(ssimas, • demora das e excessivamente • verbai s, n(l pro cura angustiada de um novo tipo de tratamento. E os 'fundarnentos da nova terapia baseiam-se na convicç ão de que existe uma relação íntima e direta entre o corpo e o ps iquismo, como afirmava o papa da ''nova '' terapêutica , o p sicanalista Wilhelm Reich , morto há quase 25 anos . Reich , vá lá que ninguém ignore , foi o polêmico contestador conseqüente nas suas atitudes contra o autoritarismo e a repressão, o teórico da ''ener-gia vital '': bloqueada , ela não consegue irra,diar-se por todo o corpo, como resultado das · · tensões na fase da formação do caráter, completada aos 8 anos de idade. A doutora Eva Reich, Medi cal Doetor, o MD dos americanos, é · a filha mais velha do famoso .. psiéanalista . Nasceu lá por 1924 e emigrou em 1938 para os Estados Unidos, onde apli cou, por mais de dez anos, o • , Acum .ulador de Energia Orgo n, , criação- do pai famoso. E . a dona do cham ado '' Primeiro Auxílio Emocional'', utilizando os pr incípios da Terapi a Psiquiátri ca Ôrgon em problemàs psico ssomátic os, foi assistente do p apai Reich, fundou um colégio pré-primário Montessori -Reich-Nei l, andou ensinando matemática, fís ica, astronomia e eletrônica lá na Universidade do Maine . E foi na sua batalha ''po r umà nova humanidade '' que a encontramos lá na Guatemala, onde ficam9s em longos papos , assistindo a suas palestras e ... viemos junto para o Brasil. Das informações que nos deu, falando dos último s anos da vida do controvertido autor de Função do Orgasmo ou . "Mat erialismo dialético e psican álise'' tiramos esta entrevista, toda gravada no barzi nho do térreo da Embaixada do Brasil em Guatemala City e no Challet Suizo , pertinho dos Correios e Telégrafos . FRANCISCO HARDY --.... ---... , • ~ ... ....... ,. ·. ,;. . { • ' .•.,: ; , ' • 1 1 J J J 1 • l ' l • • SEXO LIVRE E O ffAZER ooco~ 5iD COISAS FUNDA- MENTAIS ' • l l O misterioso homem do PASQUIM em trânsito, Francisco Hardy, ataca novamen- te. Ele some por uns tempos e depois recebemo s cor re spondência da África, América Cent r al , qua lquer lugar do mundo para onde sua inq uietação o leve. Desta vez, nos mandou , da Gu atemala , uma entrevi sta com Eva Relcb, Olha do super maldito Wilbelm Reicb , perseguido pelos nazistas, comunistas e que afinal foi destruido pelos americanos, que queimaram seus livros e o jogaram numa prisão, onde morreu. • • • r/A ...... f'cTo ,. A, EM 6AIX'1>, O UARPY E A t:.VA. 1 l 0 ......,.,,.._ ....... P.\SOUll•I <a ....... . rtMJ...,...,.ffl,..,. __ ...,u,.,_..,.._......,.., ..... ,....,.._ ..,,."""'"*._.. • At11ta, "-""•C••" ..,..._.._., ....... ,.,.~.,..~·~ •""•·o.i.,n. _ _......,.._u-. • ...a.,11_, .. n'lllu ........................... ~-...,. Kdti., ......... ,.... .... t W ddH 1 ......... hol ..,iini6'f 111 ... _, .............. ,.,.-•~-·· ,., .. " ... ,....... .... ~ . ,, . ... ,.. .. ,. . .. , ..... • llllltAt,' cA tVA, • FH - Eva, 111anda at um a bio• grafia ... EVA - Sou médica, uma dos rrés filhos de Wilhelm Reich. Tenho ou tra i.rmã também médica, psicanalista, que vive em Pittsburgh , Pensilvânia, a doutora Loree Rubin . Meu outro ir- mão é Petcr Reich , 20 anos mais moço e filho de mãe diferente. Escreveu um livro biográfico sobre nosso p_a.i. ~- oba vida tem sido de estudos: biologil!, quando emigrei Eara os Estados p_ni- dos. no Colégio Barn~rd, e medi_cma na Universidade Médica da P_ensilvâ· nia (no meu tempo , 7ra exclusivamen· ae feinínina). Form ei-me em 1948, es- tou con, 54 anos. FN - E depois que tenninou seµs estudos? . . EVA - Nunca os terminarei . . : Mas ao receber esse diploma passei dois anos como interna de hospital , fazendo c]jnica médica. FH - Chegou a trabalhar com Reich? . EVA - Era o que ia contar . Comecei a trabalhar com ele·em 1950, como assistente de . pesquisas , nos seus últimos anos de vida , quando ele foi para um· lugar chamado R angeley. Ali criamos um instituto , o qual é atual- mente um museu . Foi durante a .. Ex- periCncia Oranur ". Farei conferências .sobre isto no Brasil. FH - E:,n que consistia tal expe- , riência? EVA -:- E17 misturou ? princípi o da "ener~a ".it_al", ene rgia orgone , com a radioat1v1dade ... FH - , E que diabo vern a ser a Org_o11on11a? EVA - É a dência da energia da . vida , tal como a imaginou Reich . Tem re.laçã~ e-o·~ a sociologia , pedagogia e med1crna psicossomática . Permite apli- ca~ões na. física, 1?1atcmática e astrono - ~ua. A ~.1oenerg1a é a enerçia cósmica orgon,e . !:m f\!Sumo., ele insistia que o ,espa_ço nao está vazio, contrari .ando E1nste1n. Volt~ndo à experiência Oranur , c~rto. dia OCQrreu uma ~xplo são ra· d10.a11va, provocando aquilo que bati- zamo s como "doença O.ranur ". Todos sofr emos com ela, cheguei a ficar mui- to doente e por {sso sar de. lá no mês de abn1 seguinie. • ' Passei a dedicâr-me à Pediatria, como residente no Hospital do gueto nesro do Harlem, em New York. Regre ssei ao Maine (Rangeley) , nova- mente trabalhando com Reich , ainda no Projeto Oranur . Ele desenvolvia também um trabalho especial, o '' Cloud Buster ", e o pr ojeto foi o último da sua vida . Acompanhei o desenvolvimento do aparelho, aprendi a usá-lo. Desti- nava-se a modificar o clima de uma · micro -região , pela mudança do poten - cial da energia vital na atmosfera. Podia_-se, com o aparelho, provocar chuvas artificiais, quando houve sse muita bruma no ar . Era pos sível fazer circular a ~nergia vital nessa atmosfe- ra , tornando as condições climáticas mais agradáveis . Simultaneamente , eu exercia a medicina. O dr. Reich ficava no oeste do Maine e eu me fixei na oosta leste , numa pequena cidade (Hancoch). Ficávamos a quatro horas de distância , por carro . Em 19.54 ele resolveu experimentar o ' 'Cloud Buster " no deserto. Aban- donei o Hospital em Hanco .ch e juntei - me à expedJ.ção, que ficou sediada no deserto de Arizona. Foram cerca de seis meses, quando ele aprovejtou pa- ra escrever "Contac w1tb Space f \. ainda inédito. O livro integra o proces - so ilegal que sofreu nos Estados Uni- dos, por parte ,da Food & Drug Admi- nistration (FDA). FH - E você considera ilegal o processo que moveram nos Estados Unidos contra Reich? Por que? EVA _ Vamos falar bastante do • 1 assunto, porque eu vivi todo o período de perseguição a que (? submeteram . Ele foi para uma cadeia , nunca Pª!ª uma instituição para doentes mentais ., note bem . Vou corrigir as versões que espalharam pelo mundo . Há muita mentira sobre a fase final da vida dele, que aliás é pouquí ssimo conhecida. Suas tentati vas para criar umidade e clima agradável no deserto do Arizona criaram polêmica. O julgamento foi em 1956 e ele morreu na prisão em 1957. A MULHER DEVE TER TODOS OS F'ILHOS QUE DESEJE, . DESDE QUE OS DESEJE! FH - Parece-me que Reich afas- tou-se muito da psiqui atria, em ·seus último s an.os de atividade ... EVA ~ Sua vida, no final, como es~a~os yendo , não se dirigia muit<;> .à psiquiatria , mas principa lmente à físi- ca. Mas também aprof undou -se .no problema da maternidade e dos re- ~ém-nascidos, porque o projeto mais importante para ele, entre tantos ou- tros, era a prevenção das neuros~s. ~ecidira -se a estuda r e pesquisar maes Jovens, pais jovens .e começar tudo a partir ' dos bebês tentando localizar e eliminar os fatores que sabemos serern as c~usas das neuro ses. Era o,,''Or~: norruc Infant Research Center , de nado a evitar o ''armoring ", ou seja, a criação de uma carapaça _ protetora do corpo contra as emoçoes. Era um tra&alho. muit_o criad~r , que; me des- pertava entusiasmo , Já que meu inte- resse maior é no camp o da pe diatria os direitos da crian ça ( que só dev~ nascer se formesmo dese ja4a) . Acho . . . , que isto seria import ante nos paises como o Brasil , onde tenho notícia de que nascem numer osos bebês indese- jados ... para engros sar o exército dos que serão marg inalizados futura- mente ... FH - Isto nos leva ao tema do controle da natalida de. Como encara a limitação çtos filhos? Olhamos isto com . cer~a desconfiança, principalmente de· pozs que um certo senhor M e Namora, Presidente do Banco Mundial , afirmou ser el'! necessária, porqu e as crianças de patses subdesen volvidos são mental· mente inferiores .. . EVA - Esqueça esse s~nhor. Control~ da natalid ade, para mlm i. éª mulher ter os filh~s que deseja , se1am q~antos · forem - e nenhum que ela nao tenha querido ter. A educação da mulher para ser senh?ra d~ próprio corpo - ~ '?5 católi~os nao apreciam muito a idéia - . foi parte da luta de Reich, há muitos anos, ainda . na Alemanha , res: ~~~l°àente, c~ei clínicas para~ edu:S solt . e mocinha s e prováveis Pl vid:ira~, estímulo à preven9ão da ~ 2 nao desejada, especialmente • ra as que não têm ainda estrutura para a maternidade. FH - Alguns médicos - e também mães - das classes mais favorecidas, , andam adotando exageradamente o parto cesáreo. Qual é seu ponto de . ? VlSta . . EV A - Estudo a aplicação suave da ~io -energia para que _paja mais nascimen to s naturai s. NA O AOS .. PAR TO S MECANICOS! Luto pela edu cação feminina no senti do de fazer part os naturai s, sem tensões ou me- dos , proc uro esclarecer sopre a sexua- lidade , para transformar em coisa na- tural as relações homem-mulher, sem os. choques ,comuns ou sensações peca- minosas . E a psiquiatria aplicada à educação social , antecipando os pro- blemas de futuras neuro ses. FH - Você não acha curioso que muitas coisas que o·.Reicb pre conizava, nos anos 20, ainda sejà tabu ·em muitos lugares? · EVA - Como os direitQs da infân- cia, por exertlplo. Por ist<:> é que , hos últ imos 4 anos, ando fazendo palt}S!ras pelo ~uõdo , em numero sos pais~s par-a dizer muitas coisas sobre tais assuntos ., para falar de Reich , porque nãó se ensinam suas teorias . _, 9.eJo meno s oficialmente - nas Uruvers1da- des . Dedico -me à educação sexual, pr even~o da gravidez iode se-jada , en: sino como dev~ ser o nasciment<? natu- ral e a necessidade de mante~ ~lhos e maês juntos. Isto é a coisa matS impor - tante manter o contato entre o bebe e a má~ após o nascimento, pr4:>mover e estimular a alimentaçã~ no seif,o m:t~ no, afinal esta é a pnmoira Ofl ra~~ do homem! --'- • -- - ----....... FH - Como conseguir isto no munq,o de hoje, quando a mulher, considerada força produtiva, não se dedica só aos trabalhos chamados '<do lar' '? EVA - Acho que . a sociedade deve à mulher, no mínimo, apoio ba~t~te para que tenha, pelos menos, ~o~s ~lhos, se forem desejados, volto a U1S1st1r. Em cinco anos as crianças já teriam condições para fr-eqüentar esco- las maternais. Tudo, também, depen- de do -típo de lugar onde se vive . Sou a favor de um estipêndio, uma ajuda, como já-fazem os suecos: dispensa do trabalho por 9 meses, 8 deles com pagamento integral, somente a metade do 9° mês ... FH - Você fala também do alêita- mento natural . .. quando muitas mães o evitam, até por razões estéticas, embo- ra paret;a incrível . .. , EVA - Aqui nos países latino- americ~nos ainda há muita alimenta- ção direta no seio materno, e só espero que não procedam como nas camadas mais sofisticadas da população, que já começa a suprimir este hábito tão . natural e tão importante. Uma organi- zação internacional, ''La T eche Lea- pe'•, trabalha neste sentido porque ,N evidência que neuroses, perversões çrimes podem ser evitados a partir ~ hábito salutar. • . A FALTA DO PRAZER FÍSICO ESTARIA NA RAÍZ DAS VIOLÊNCIAS FH - Li um "trabalho de 'James Pr esco_tt, neuropsic6logo, . cientista e adm inist ,:ador do Instituto Nacional para a Saúde da Criança e Desen volvi- me nto Humano , de Be .thesda, Mary- land . Ele relaciona a falta de prazer ~ corporal, no periodo .<J,e formação da vida, . com a violência entre os homens. Como encara os trabalhos de Presc.ott? EVA - CQm o maior respei to e aplau sos~ A vi?lên~ia entre os hQme~s já é uma epiderma . . . cresce mais depre ssa qu e o preço do petróleo . A menos que as causas da vi<?lência se- jam isoladas e tratadas, continuaremos a viver num mundo de f!iCd:o e ap_reen- sões . Oferecem -nos ~a 1 ~ ~olêdn~1a cdo- solução para a v10 çnc1a, izen o rno é ·ca é •'ser duro•' e deve que a t cn1 . Co prevalecer no combate ao cnme. lo- • • - car pessoas na cadeia ou aplicar casti- gos físicos tem sido a 'fsolução'' ... só · que não funciona em parte alguma. Prescott apóia as teorias de Reich e tem escrito excel~ntes trabalhos, dan- . do ênfase ao fato de que os bebês que sentem praz .er com a · mãe, no seio · onde se amamentam no· 1° ano, ·têm no futuro atitudes positivas ~om relação à -sexualidade. Ele pesquisou 49 grupos culturais onde o 1ndice de violência é muito . baixo (sem estupros, violênci as · ou perver~õ-es) .e con~t~~ou que ne~sas -soc1,edades havia muito contato ótimo • mãe-filho e prazer corporal para o recém .;nascido. Isto é puro Reich - quem leu Função do Orgasmo ide!)tifi- cará logo. O problema é escapulir do • !f1undo ''civiliza do·'' e ''mecanicista'' . .. Todos têm direito a uma per~onali- dade calca da numa infância feliz com o nec essário para comer, num si~tema S?cial menos injusto .para alguns, poli - ticamente democrá tico . . . ' FH - A credita que a associação sexo e violência seja a chave para compreender a violência física . como conseqüência da eliminação do prazer corporal? EVA - Ao contrário da violência, o prazer é algo que nunca nos .parece suficiente . T-0dos estão sempre procu- randQ nov as formas de prazer. Embo- ra pareçam mundos diferente s, o pra- zer físico e a violência física têm uma sutil e íntima conexão . . A falta de prazer físico explica os excessos violentos . Exper iências de la- boratório já demonstraram qu_e " a presença do primeiro inibe a violên- cia ' ', pois até um animal furioso acal- ma-se insta ntan eamente , quando se 'aplicàm eletrodos -aos centros cere- brais do prazer. Entre os homens , uma pessoa que aprecia ? prazer raramente irá mo~- tr·ar-se violenta ou de conduta agress1- v:a . Aeredito que priv:ar o corpo do prazer de se~ tocaâo, do co~tato do movimento sao as causas básicas dos distúrbio .s emoci?nais, que inc~uem os estados depre ssivo~, ~berr.açoes . se- xuais, abuso de atogas, violência e agressão. Quantos hom~ns confe~sam ter, nas suas experiências sexuais, a • • sensação de ter cometid .o um ''assal- to'', logo :que experiment am o 0r- gasmo? _ · . FH 4"· 3 "s , Freud ~onc0rdaria com ,_ Reich? · · - . - - . EVA . As contribuições de Freud ·. sob!e as experiên cias iniciais da vída . ~ no .eorn ·.9rtaµiento ~turo são :be·IQ · conheci . as~ ·O tempo dispomv .el não · 1 pernrlte uma ·. ·,,~_.lêrmca sQbre suas dife- - . . . ' renças com · · e1ch. -Sal':Je8:los que as sociedades que dedicam afeição física _ (t0'?ar, pe~ai, ~cariciar, carregar) são muito menos violentas que as ·o·utra s .. onde -o afeto físico às crianças é negli- · gençi .ado. Igualntente, nos agru.p~- mentos humanos que toleram .e ~cei- 4tam as relaçõés sexuais · pré-ma~~ws ou , . extramaritais são menos . comuns as violência$ ., FH - Aceitar relações extra- maritais diminuir ia a violência no, mund o? · EVA - Essas relações são ainda um tabu, em muitos lugares, isto é pacífico . Mas é sabido que as socieda· de s nas quais se coloca ênfase na mon ogamia dão valor muito grande às glórias militares e endeusam os tipos agressivos e violentos. Muitos psicólo· gos e s9ciólogos pensam que, - não havendo satisfação sexual no casame n· to, esta satisfação deve ser procurada '·fora , sem destruir a relação marital - básica. FH - Drogas,sexo, violência .,. A trindade é quase obrigatória no mundo de hoje.... , . 1 ,.,EVA - E curioso examinar aspec- tos da .violência e do prazer , estudando · as drogas que 11ma sociedade conso- me . Por exemplo, os americanos são agressivos, adoram com~tir , formam uma sociedade violenta . Coincidência ou aão, aceitam e toleram o álcool, que provoca comportamentos -agressi- vos. J\. maconha, ao contrário, é uma droga que induz ao relaxamento e ao prazer, inibe atitud~ ajtess~v~s ... es- ta, a sociedade amencana re1e1ta! To- lera-se methadone, condena-~ a he- roína . .. FH - E como poderiam os pais interferir, para ajudar, além dos j4 s ocaãentais ... ~ Fl;I - Como fi~arám as rel'}çôes de · eich com o Par.tido ComuntsJa? EVA - Num outro livro dele ; ''People in T rouble", ab~rda ta~~ém suas observa9ões na Un1ao S0v1ét1ca. E uma espéc1~ de auto-biogra~a. suas 1ela&9es políticas com os Parudos So- .cialista e Comu nista (1920 a 1930), ·chama os stalinistas de .. fascistas ver - melhos '' e os outros de "fascistas ne- gros ". Foi expulso do PC alemão em 1935, creio, depois que Hitler chegou ao poder. Só que aquilo que ele viu lá já desapar eceu , .pois nem os russos i puderam suportar as experiências de - les mesmos . O CARIµNHO DO BEBÊ ACABARA LIQUIDANDO O ''PRINCÍPIO ESQUIMÓ'' ,. fH - E você, como fica , pol itica- mente? , EVA - Respondo politi camente , dizendo -lhe que tive com Reich uma ~ssociação profissional , embora tenha . vívido com ele toda sua fase política .. . há algo dentro de mim impregnado de socialismo e do nacional-socialismo com suas marchas militares , repressão nas ruas ... Reieh disse-me um dia que a política é "uma doença da humani- • dade" , pois o ser humano está tão perturbado nas suas funções básicas de ser feliz, viver e trabalhar , que nãb se dtsenv olve como gente. F(:l - Reich não tentava influi r? Era pela autodetenninação? EV.A - Ele pregava a P,rograma- ção dos filhos, a autodetenn 1nação •de ~odos. e c~d,a um .no qu~ nos afeta., é isto inclua as cn anças no lar e na escola , as mães antes da gravidez os jovens no desejo de fazer suas e;pe- riências sexuais antes do casamen to e tantas outras coisas com que nos de- frontamos na vida e que t11everiam ser por autodeterminação ~ e isto fun· cionat ~ FH - Estive em Cuba e, volta ndo dquele terna da aproximação mãe- recém-nascido, lá permitem à mulher extensas licenças para amamen taçllo e cuidados do lactante. Pode-se ficar afastada do trabalho com salário total p or meses , ou entre~ar o filho aos c111dados <!,as "creches ', a partir dos 45 dias de vida . Que pfn sa disto? EVA- Excelente! M agnífico! Isto não temo s nos Estados Unidos. Lá existe uma sema na p ara alimentar as grávidas, só qu e o número de las sup e- ra de mu ito a alime ntação di sponível , é o tip o da co isa inade gua da. Qu anto a deixar os filho s nas cre- ch es, a partir dos 45 dia s, com o fazem em Cuba , é mu ito prem aturo . O re - cém -nascido preci sa sentir um corpo , nem precisa ser o da mãe. FH - Sim, mas deixar Olf não os filhos para poder trabalhar é uma op- ção, ela poderá estender sua dispensa pelo tempo que quiser, só que a partir de determinado momento será uma licença sem vepcimen~os . ... EVA - E parecido com o que fazem na China ... Rússi(l ... Acho que a grande q~estão , nos s_istemas on de o Estado cuida das cn~nças , é dar- op ções à mãe. Se ela preferir ficar i;om a .criança , sua vontade deverá ~er res- peitada. . · Há literatura muito interess;'lnte, a partir da ~bservaç _âo em anim~s: os rec éJ11-nasc1dos rolam nus,.. natu!a l- ,n ente nus , nos corpos nus das ~aes . Este contatQ COJ'POr~l é :1\~cess~,no, a mãe tem uma e~pécie de aura , .~ue pre cisa ser substi tuída , se faltar a au- ra " matenia . É claro que uma cama não possui esta "aura " e na civilização moderna os carrinhos de bebe aí estão para isolar mã~ e filho: O ~lor mater- no O "princlpio esquimó , como eu dWD<>. onde fica? - uso médico para carregar os éorpos ' humano s com energia . Usei esse Acu- mulador e ele é muito valioso em numerosos casos. A corte aceitou o pedido da FDA em 1956. Ele foi para a cadeia sob a acusação de desrespeito à Justiça . Fez os apelos legais, em que dizia, por exemplo, ''eu, o cientista abaixo-assi nado, que fiz descobertas de importância naciona l , abrindo as portas de uma nova era para a humani- dad e, a e ra da en7rgia vita l , 9.ue pode- remo s usar e aplic ar, um a c1ênc1a no- va , porqu e 3: energia tem três com p o- nentes ant eriores à form ação da m até- ' ,ria . .. etc . . . '' FH -:- Considera que o pro cesso apresentou irregularidades? . . EVA - O proce sso .todo foi ilegal , 1n1usto e com acontecimentos muito estranhos , para dizer o mínimo . Só para exem~li!i<?ar, o advogado que ele contratara 1ruc1almente para def endê- lo, passou em outra fase do processo a Promotor Público : . . contra meu pai, e isto é absurdo e ilegal! Invadiram sua casa, quebraram e roubaram cois~s . Foi tudo uma conspi- ração, Reich nu~ca foi louco! Eu lhe per~nto será que para provar que voce é pa'ranóico teremos que levá-lo à morte num cárcere? FH _ E ele morreu de causas naturais? últimas palavras para mim foram ' 'FOI UMA VITÓRIA!''. Isto foi cerca de duas semanas antes da morte , mas muit os dias depoi s, as vésperas do desenlace, foi visitado por um artista, William Steig . Falaram-se numa sexta- feira e papai apareceu morto no do- mingo . Antes, tivera um ligeiro res- friado. FH - Foi feita a autópsia? EVA - Pedi exame para verificar se houver a envenenamento , e resultou ne,gativo. A autópsia foi feita, MAS SO DEZ ANOS DEPOIS saiu o resul- tado . Não me autorizaram a examinar fichários ou falar com os médicos. FH - Coisas deveras estranhas, estranhíssimas, sabendo-se que os Es- tados Unidos são um país civiliza do ... Vou contar-lhe depois o caso Herzog, ocorrido no Brasil . EVA-Definitivamente , foi o que se chama ''dirty bu siness' , conhece a expressão? Minha impre ssão, não obstante, é que a causa real da morte foram suas más condições, um calapso cardíaco, provocando desfecho natural. Mas há outra coisa nebulosa, é ~ue ele desen- volvia estudos matemáticos na cela . Estes estudos e tudo o mais que ele escreveu na prisão, tudo desapareceu . Nada me foi entregue, isto foi outro '' negócio sujo '' . . Wílhehn Reich versus the U. St~tes, de Jerome Greenfield, é um hvro . ortante conta o proc esso , causas, 1~~sação e defesa . O autor _teve acesso f os arquivos da FDA e viu os ~~u- mentos que comprov am terem sido ga.stos dois mi!h~ de dólares para proce_ssar um '?1ent1sta - e com9 ess~ cientista podena ter usado esse d1nhe1- ro todo em benefício da humani dade! JESUS AMAVA AS MULHERES, PORQUE ELE GOSTAV A DO AMOR E DA VIDA ! FH - Conte-nos sobre o relaciona· mento de Reich e Freud. Eles discorda· vam muito? EVA - Há muita documentação do que ~le pensava das teorias freudia· nas. Re1ch dizia que Freud , já desen· ga_nado pelo cânce r pensava que tôda enança devia ser ,:civilizada". J?.eic,h fn,te~tava::'Não, isto não é ve~dade, b na iiifânc1a que a vida deve flwr selll l09ue1os, aí sim, modificaremos ~ sociedade, ela não será mais violenta 0 - ele. estava realmente certo . Ele nã. se res_1gnava, como Freud , lutava p<>! que via qu e é a sociedade a "d<:>C01.e • Quando Freud pretendia que nós aJIIS" ~ássem?s as crianças à sociedade d te, .Re1ch retrucava " não, curem~ soc!edade" - isto sim é revolll nár10L ' F Reiçh. admirava muito seu 111 n!:jud , ao qual dava todo 0 r -v a sua fo,rmação. n Só porque me ocorreu~ pe reste momento em Viena, lá OS • es. sobre a loucura do meu s= rn~ito fortes, e foram espalha f.11nha mãe, Ane Reich, ~asa inha entre 11 e 14 anos, ~· convencida da insanidade c,ele 0 llle convenceu também, ! .,, ull ttfl FH - Reich acreditava tm algllnló espetie de vida futura , para afimdo morte f{.sica? EY A - Ele sabia que a energi t.-6 algo que flui em nosso corpo. mas su:a pergunta será respondida com um tal· vez sim, talve-z. não. Quando ele escre- veu sob re a esquizofrenia. no seu Aná· Use do Caráter, disse que a consciê ncia do indivíduo deixa o seu corpo, vaiÉa uma certa distância e dali o observa. um a associação, seria como a energia liberada. Nós estarlamos como que con tidos numa bolsa, a ene rgia, a qual poderia ·nos abandonar. E ela não se perde ... Nos últimos tempõ s ele se tornar a religioso. Ele fora marx ista , no senti do de ver a religião como o ópio do povo. Por isso, tive uma formaçã o muito ateista. Hoje, ado to princípios cris· tãos , considerando Cristo como ho · mem , sem pert encer a qua lquer igreja. Reich , no seu livro O assassinato de Cristo, tem como tese central o amor de Jesus pelas mulheres - porque ele gostava do amor e da vida. Mais tarde, São Paulo distorceu tudo , e tiveram que matar Cristo, porque quem não gozou a vida e não a viveu, odeia ver outros felizes ... é o problema uni ver· · sal que enfrentamos. Tempos depois, também mata ram Reich. Creio que a hum anidade, ho}e, ' é consciente, ou a consciê ncia geral é mais clara . Da prisão, ele escreveu para o filho O livro das Orações , onde demon stra reli$ios1dade acentua da, mas não sei se isto indica fé em vida · ete rna e coisas do gênero . Francaroe n• te , nunca falamos do assunt o, ele não se envolvia com ulmas, fantasroas, duendes - queria ser um cientl'sta prático. Creio que nunca se preoç~ co.m -o tal "outro lado da cortina' ... NJo era favorável a parapsicolo,gi.a. . Quanto a mim, sinto-me boje elll dia c:9~0 lllissíonãria de Deus \ ~ tíl o .Pretendo definir , missionána teo~a da "ene!'&i.a vitalº, que ~ata pel .. lwej b, assim como o yJC e o prai.ei do COJpo. ' < ., ~·" , ,, ' .. ... . ' ,·.·· . ., , . ,, .·,. •: . . ' ' .~ .., . " • . ·.:~ . ·~; e-).,.), ... ,;,.., .... )·t.,~. , ,.,.---..,, .... -·. ~ M"' -r; , .• ~Ã! org9smo do estrevisto com o f il ho do Reich foi representado pelo Nicole Puzzi - o got inho qúe estó nos telos c-omo Ariell a, personagem de Cossondro Rios, o escritora mais censurado do BrosiL Antes de fazer o f il me do John Herbert, Nicole jó linho ocelto o Convite oo Prozer e sido Prisioneira do Sexo, ambos de Walter Hµgo Khouri, Poro\"'oense de Floro( (que é perto de Novo Esperonc;o, que é perto de Mondoguoc;u, que é perto de Mor ingó), Nicole - dizem - ·,em 16 anos , Suo transo com Crlstione Torloni no filme é openos obrigoc;óo trobolhisto . Portanto, os sopotões que não se aproximem, Njcole gosto mesmo é de rivno (po lovro, oliós, que não consto do Au rélio, por que?) • l Nicole escreve contos e poemas, sempre inspirado em , Edgar Alon Poe. ADs 16 anos (êpol) fez este poema : "De pronto e dores em vão/ em minha vida, tonto reclamo, / mos colo no peito o conc;óo / de um dia poder comlnhor / nos broc;os de quem eu amo, / no corpo que voi me o,nor ," ' •
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