Buscar

Organização-do-Sistema-Único-de-Saúde-SUS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .................................................................... 5 
3 O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO SUS ........................ 8 
3.1 1923 - Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) ........ 8 
3.2 1932 - Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) ...... 9 
3.3 1965 - Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) ... 10 
3.4 1977 - Criação do SINPAS ................................................................. 12 
3.5 1982 - Implantação do PAIS ............................................................... 14 
3.6 1986 - VIII Conferência Nacional de Saúde ....................................... 17 
3.7 1988 - Constituição Cidadã ................................................................ 18 
3.8 1990 - Criação do SUS....................................................................... 18 
3.9 1991 - Criação da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) ........... 19 
3.10 1994 - O Programa Saúde da Família ou PSF ................................ 19 
3.11 1996 – NOB 96 ............................................................................... 21 
3.12 2002 - Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-SUS) .. 21 
3.13 2006 - Pacto pela Saúde ................................................................. 22 
4 O DESAFIO DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ...... 22 
4.1 Organização do SUS no pacto federativo brasileiro ........................... 23 
5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB). .......................... 28 
5.1 Atenção Básica no Brasil .................................................................... 29 
5.2 Relativização da cobertura ................................................................. 30 
6 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA – PSF ................................................ 33 
6.1 Composição da ESF........................................................................... 34 
6.2 Atividades básicas de uma equipe de Saúde da Família ................... 34 
7 SERVIÇOS DO SUS ................................................................................. 35 
 
3 
 
7.1 Melhor em Casa - Atenção Domiciliar ................................................ 36 
7.2 Aqui tem Farmácia Popular ................................................................ 37 
7.3 Centro de Testagem e Acolhimento (CTA) - DST/AIDS ..................... 38 
7.4 SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência ......................... 39 
7.5 Unidades Básicas de Saúde (UBS) .................................................... 39 
7.6 Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) ....................................... 39 
7.7 Vacinação ........................................................................................... 40 
8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 42 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
5 
 
2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
 
Fonte: www.saude.gov.br 
O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Lei no 8.080, de 19 de setembro 
de 1990, também chamada de “Lei Orgânica da Saúde”, é a tradução prática do 
princípio constitucional da saúde como direito de todos e dever do Estado e 
estabelece, no seu artigo 7º, que “as ações e serviços públicos de saúde e os serviços 
privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) 
são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art.198 da Constituição 
Federal”, obedecendo ainda aos seguintes princípios segundo Reis et al. (2012): 
• universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de 
assistência; 
• integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo 
das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos 
para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; 
• preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e 
moral; 
• igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer 
espécie; 
• direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; 
• divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua 
utilização pelo usuário; 
• utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação 
de recursos e a orientação programática; 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
6 
 
• participação da comunidade; 
• descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de 
governo: 
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; 
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; 
• integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e 
saneamento básico; 
• conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de 
serviços de assistência à saúde da população; 
• capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e 
• organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para 
fins idênticos. 
As diretrizes do SUS são, portanto, o conjunto de recomendações técnicas e 
organizacionais voltadas para problemas específicos, produzidas pelo 
Ministério da Saúde, com o concurso de especialistas de reconhecido saber 
na área de atuação, de abrangência nacional, e que funcionam como 
orientadores da configuração geral do sistema em todo o território nacional, 
respeitadas as especificidades de cada unidade federativa e de cada 
município (GONZE, 2009 apud REIS, et al, 2012). 
Entre as principais diretrizes, podemos lembrar: 
• Diretrizes para a Atenção Psicossocial: Portaria MS/GM no 678, de 30/3/2006 
• Diretrizes nacionais para o saneamento básico: Lei no 11.445, de 05/01/2007 
• Diretrizes Nacionais para a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas 
(instituídas pela Portaria MS/SAS no 400, de 16/11/2009). 
• Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, 2004 
• Diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde 
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Portaria no 3.252/2009. 
• Diretrizes para a Programação Pactuada e Integrada da Assistência à Saúde. 
• Diretrizes para a Implantação de Complexos Reguladores. 
• Diretrizes para a implementação do Programa de Formação de Profissionais 
de Nível Médio para a Saúde (PROFAPS). Portaria no 3.189/2009 
• Diretrizes para Implementação do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, 
2006 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
RealceGeisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
7 
 
• Diretrizes para o controle da sífilis congênita: manual de bolso, 2006 
• Diretrizes para o fortalecimento para as ações de adesão ao tratamento para 
as pessoas que vivem com HIV e AIDS 
• Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da Hanseníase (Portaria MS/GM 
no 3.125, de 07/10/10) 
• Estratégia Nacional de Avaliação, Monitoramento, Supervisão e Apoio Técnico 
aos Centros de Atenção Psicossocial 
• Pacto Nacional: Um mundo pela criança e o adolescente do semiárido 
• Pacto Nacional pela Redução Mortalidade Materna e Neonatal, 2007. 
• Lei no 11.445, de 05/01/2007.Estabelece diretrizes nacionais para o 
saneamento básico. 
As diretrizes apontadas como exemplo, apesar de parecerem uma coisa 
técnica demais, acabam tendo bastante influência no modo como os sistemas 
municipais de saúde são organizados, até mesmo porque, de uma maneira geral, elas 
são acompanhadas de recursos financeiros para a sua execução (REIS, et al 2012). 
Ainda de acordo com o autor, o SUS é a expressão mais acabada do esforço 
do nosso país de garantir o acesso universal de seus cidadãos aos cuidados em saúde 
que necessitam para ter uma vida mais longa, produtiva e feliz. Embora saibamos que 
os bons indicadores de saúde dependem de um conjunto de políticas econômicas e 
sociais mais amplas (emprego, moradia, saneamento, boa alimentação, educação, 
segurança etc.), é inquestionável a importância de uma política de saúde que, para 
além da universalidade, garanta a equidade, a integralidade e a qualidade do cuidado 
em saúde prestado aos seus cidadãos. 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
8 
 
3 O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO SUS 
 
Fonte: mv.com 
3.1 1923 - Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) 
A Lei Eloy Chaves cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP). Em um 
contexto de rápido processo de industrialização e acelerada urbanização, a lei vem 
apenas conferir estatuto legal a iniciativas já existentes de organização dos 
trabalhadores por fábricas, visando garantir pensão em caso de algum acidente ou 
afastamento do trabalho por doença, e uma futura aposentadoria. Com as “caixas”, 
surgem as primeiras discussões sobre a necessidade de se atender à demanda dos 
trabalhadores. Nascem nesse momento complexas relações entre os setores público 
e privado que persistirão no futuro Sistema Único de Saúde (REIS, et al 2012). 
O surgimento da Previdência Social no Brasil se insere num processo de 
modificação da postura liberal do Estado frente à problemática trabalhista e 
social, portanto, num contexto político e social mais amplo. Esta mudança se 
dá enquanto decorrência da contradição entre a posição marcadamente 
liberal do Estado frente às questões trabalhistas e sociais e um movimento 
operário-sindical que assumia importância crescente e se posicionava contra 
tal postura. Esta também é a época de nascimento da legislação trabalhista 
brasileira (REIS, et al 2012 apud ACURCIO, 2013). 
No modelo previdenciário dos anos 20 a assistência médica era vista como 
atribuição fundamental do sistema, o que levava, inclusive, à organização de serviços 
próprios de saúde. Caracteriza ainda este período, o elevado padrão de despesa. 
Estas duas características serão profundamente modificadas no período posterior 
(REIS, et al 2012). 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
9 
 
Em relação às ações de saúde coletiva, promovidas por parte do Estado, este 
período é marcado pelo surgimento do chamado "sanitarismo campanhista", nascido 
da Reforma Carlos Chagas em 20/23. Este sanitarismo se pautava por uma visão de 
combate às doenças de massa com forte concentração de decisões e com estilo 
repressivo de "intervenção sobre os corpos individual e social". Alguns anos antes, 
havia sido criado o departamento Nacional de Saúde Pública, responsável por estas 
ações. O combate à febre amarela e gripe espanhola se deu dentro de tal modelo 
(REIS, et al 2012). 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva 
Nascimento da 
legislação trabalhista 
Lei Eloy Chaves (1923) 
CAP's - organizadas 
por empresa de 
natureza civil e 
privada, financiadas 
por empregados e 
empregadores 
Assistência 
médica como 
atribuição das CAP's 
através de serviços 
próprios 
Sanitarismo 
campanhista 
Departamento 
Nacional de Saúde 
Reforma Carlos 
Chagas 
 
3.2 1932 - Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) 
Os IAP’s foram criados no Estado Novo de Getúlio Vargas. Os institutos podem 
ser vistos como resposta, por parte do estado, às lutas e reivindicações dos 
trabalhadores no contexto de consolidação dos processos de industrialização e 
urbanização brasileiros. Acentua-se o componente de assistência médica, em parte 
por meio de serviços próprios, mas, principalmente, por meio da compra de serviços 
do setor privado (REIS, et al 2012). 
Segundo Reis (2012) com a revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas, 
assumiu o poder uma coalizão que trouxe, de forma destacada, a preocupação com 
o novo operariado urbano. Este período foi marcado pela criação de órgãos e 
instrumentos que legitimaram a ação sindical em moldes corporativos. 
Do ponto de vista político, este período pode ser caracterizado por uma 
profunda crise, marcado por greves de trabalhadores e manifestações populares, 
principalmente entre os anos 30/35. A busca de aliados por parte do governo, que 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
10 
 
tentava ampliar sua base de apoio, incluindo entre elas as classes trabalhadoras 
urbanas, colocava em evidência o tema previdência social. Foi criado o Ministério do 
Trabalho, aprofundou-se a legislação trabalhista, ao mesmo tempo em que havia 
restrições e manipulações na esfera sindical (REIS, et al 2012). 
Em relação à Previdência Social houve profundas modificações no que se 
refere à organização e concepção. Do ponto de vista de concepção, a 
Previdência era claramente definida enquanto seguro, privilegiando os 
benefícios e reduzindo a prestação de serviços de saúde. Embora com 
algumas oscilações entre os institutos, a legislação adotada entre 30 e 45 
tentará diferenciar as atribuições de benefícios e serviços de saúde. Estes 
passaram a serem entendidos como concessão, e não mais atribuição 
específica, uma função provisória e secundária. Tal definição fez com 
houvesse um profundo corte nas despesas com assistência médico-
hospitalar REIS, et al 2012 apud ACURCIO, 2013). 
Em relação às ações de saúde coletiva, esta foi a época do auge do sanitarismo 
campanhista. Em 1937 foi criado o primeiro órgão de saúde de dimensão nacional, o 
Serviço Nacional de Febre Amarela, em 39, o Serviço de Malária do Nordeste, e em 
40, o Serviço de Malária da Baixada Fluminense. 
No período de 38/45 o Departamento Nacional de Saúde foi reestruturado e 
dinamizado, articulando e centralizando as atividades sanitárias de todo o país. Em 
1942 foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), com atuação voltada 
para as áreas não cobertas pelos serviços tradicionais. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva 
Criação do Ministério 
do Trabalho 
CLT 
IAP's-organizados por 
categorias 
profissionais, com 
dependência do 
governo federal 
Corte nas despesas 
médicas, passando os 
serviços de saúde à 
categoria de concessão 
do sistema 
Auge do sanitarismo 
campanhista, Serviço 
Nacional de Febre 
Amarela, Serviço de 
Malária do Nordeste e 
SESP 
 
3.3 1965 - Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) 
Resultou da unificação dos IAPs, no contexto do regime autoritário de 1964, 
vencendo as resistências a tal unificaçãopor parte das categorias profissionais que 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
11 
 
tinham institutos mais ricos. O INPS consolida o componente assistencial, com 
marcada opção de compra de serviços assistenciais do setor privado, concretizando 
o modelo assistencial hospitalocêntrico, curativista e médico-centrado, que terá uma 
for te presença no futuro SUS (REIS, et al 2012). 
Este momento pode ser subdividido em duas fases do ponto de vista da 
conjuntura política, para fins didáticos. A primeira, marcada pelo fim do 
Estado novo e pela redemocratização do País. Foi o período do 
desenvolvimentismo, que levou a um acelerado processo de urbanização e 
industrialização. Foi marcante no governo Juscelino a visão de que a solução 
para os problemas sociais estava mais no desenvolvimento do que nas 
questões sociais. O esgotamento do modelo populista de relação entre o 
Estado e os trabalhadores foi-se acentuando, em associação com o capital 
estrangeiro e a possibilidade de incorporar as demandas dos trabalhadores 
(MOREIRA, 1998 apud REIS, et al 2012). 
Uma segunda fase foi inaugurada com o golpe de 64, que estabeleceu uma 
ruptura com os governos democráticos anteriores. O regime instalado teve como 
características o autoritarismo, com o fechamento dos canais de participação aos 
trabalhadores, e um discurso de racionalidade técnica e administrativa, que repercutiu 
nas ações de previdência e saúde (REIS, et al 2012). 
Segundo Reis et al (2012), as ações de previdência foram, então, 
caracterizadas pelo crescimento dos gastos, elevação de despesas, diminuição de 
saldos, esgotamento de reservas e déficits orçamentários. Isto levou a um processo 
de repartição simples, e não mais capitalização como no período anterior. As 
explicações para tais mudanças podem ser colocadas como resultantes de uma 
tendência natural (maior número de pessoas recebendo benefícios, uma vez que esta 
foi a época de recebimento de benefícios dos segurados incorporados no início do 
sistema); como também de mudanças de posições da Previdência Social 
(desmontagem das medidas de contenção de gastos dos anos 30/45; crescimento 
dos gastos com assistência médica, que sobe de 2,3% em 1945 para 14,9% em 1966; 
crescimento dos gastos com benefícios, em função do aumento dos beneficiários, de 
mudanças nos critérios de concessão de benefícios e no valor médio destes). 
Podem ser apontados dois marcos desta época: o primeiro a criação da 
Comissão de Planejamento e Controle das Atividades Médico-Sanitárias, com função 
de elaborar o plano plurianual, integrando as atividades de saúde ao Plano Nacional 
de Desenvolvimento; o segundo marco foi a realização da III Conferência Nacional de 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
12 
 
Saúde, que além de discutir as propostas elaboradas pela comissão anteriormente 
citada, sistematizou as propostas de descentralização e municipalização da saúde. 
Em relação à organização de serviços, o fato mais marcante foi a criação em 
1956, do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERU), que tinha a finalidade 
de organizar e executar os serviços de investigação e combate às principais 
patologias evitáveis existentes no período, dentre elas a malária, leishmaniose, 
doença de Chagas, peste, brucelose, febre amarela, esquistossomose, e outras 
endemias existentes no país. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva 
Constituição de 1946 
LOPS (1960) 
Estatuto do trabalhador 
rural 
Golpe de 1964 
INPS (1966) 
Crescimento dos gastos 
e esgotamento de 
reservas 
Incorporação da 
assistência sanitária à 
Previdência 
Uniformização dos 
direitos dos segurados 
Crescimento dos 
serviços próprios da 
Previdência 
Aumento dos gastos com 
a assistência médica 
Convivência com os 
serviços privados, em 
expansão 
Sanitarismo 
desenvolvimentista 
Departamento 
Nacional de 
Endemias Rurais 
(DNERU) 
 
3.4 1977 - Criação do SINPAS 
Em 1977 foi criado o Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social 
(SINPAS), e, dentro dele, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência 
Social (INAMPS), criado em 1974 e que passa a ser o grande órgão governamental 
prestador da assistência médica – basicamente à custa de compra de serviços 
médico-hospitalares e especializados do setor privado. É possível dizer que tal lógica 
do INAMPS, que sobreviveu como órgão até a criação do SUS, ainda se reproduz no 
interior do Sistema Único, mesmo passados mais de 20 anos desde sua criação 
(REIS, et al 2012). 
Foi um período marcado pelo crescente papel do Estado como regulador da 
sociedade, e pelo alijamento dos trabalhadores do processo político, ao lado de uma 
política de arrocho salarial decorrente do modelo de acumulação adotado. 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
13 
 
A criação do INPS, citada anteriormente, inseriu-se na perspectiva 
modernizadora da máquina estatal, aumentando o poder de regulação do Estado 
sobre a sociedade e representando uma tentativa de desmobilização das forças 
políticas estimuladas em períodos populistas anteriores. O rompimento com a política 
populista não significou alteração em relação à política assistencialista anterior, ao 
contrário, o Estado ampliou a cobertura da previdência aos trabalhadores domésticos 
e trabalhadores rurais, além de absorver as pressões por uma efetiva cobertura 
daqueles trabalhadores já beneficiados pela Lei LOPS. Excetuando os trabalhadores 
do mercado informal de trabalho, todos os demais eram cobertos pela Previdência 
Social. Em relação à assistência médica, observa-se um movimento ainda mais 
expressivo de ampliação e cobertura (REIS, et al 2012). 
Os gastos com assistência médica, que continuaram a crescer neste período, 
chegaram a representar mais de 30% dos gastos totais do INPS em 76. A 
Ênfase era dada à atenção individual, assistencialista e especializada, em 
detrimento das medidas de saúde pública, de caráter preventivo e de 
interesse coletivo. Exemplo de descaso com as ações coletivas e de 
prevenção foi a diminuição do orçamento do Ministério da Saúde, que chegou 
a representar menos que 1,0% dos recursos da União (MOREIRA, 2012 apud 
REIS, et al 2012). 
Ocorreu uma progressiva eliminação da gestão tripartite das instituições 
previdenciárias, até sua extinção em 70. Ao mesmo tempo, a "contribuição do estado" 
se restringiu aos custos com a estrutura administrativa. A criação do INPS propiciou a 
implementação de uma política de saúde que levou ao desenvolvimento do complexo 
médico-industrial, em especial nas áreas de medicamentos e equipamentos médicos. 
Ao mesmo tempo, e em nome da racionalidade administrativa, o INPS deu prioridade 
à contratação de serviços de terceiros, em detrimento dos serviços próprios, decisão 
que acompanhou a postura do governo federal como um todo. De 69 a 75 a 
porcentagem de serviços comprados de terceiros representou cerca de 90% da 
despesa do INPS. 
A modalidade de compra de serviços adotada possibilitou o superfaturamento 
por parte dos serviços contratados, com prejuízo do atendimento médico prestado e 
colocando em risco o sistema financeiro da instituição. Para aumentar o faturamento, 
estes serviços utilizavam os expedientes de multiplicação e desdobramento de atos 
médicos, preferência por internações mais caras, ênfase em serviços cirúrgicos, além 
da baixa qualidade do pessoal técnico e dos equipamentos utilizados. 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
14 
 
A expansão do complexo previdenciário criouuma nova modalidade de 
atendimento, a medicina de grupo, estruturada a partir de convênios entre o INPS e 
empresas, ficando estas com a responsabilidade pela atenção médica de seus 
empregados. O convênio empresa foi a forma de articulação entre o Estado e o 
empresariado que viabilizou o nascimento e o desenvolvimento do subsistema que 
viria a se tornar hegemônico na década de 80, o da atenção médica supletiva. 
Apesar das atribuições definidas pelo Decreto Lei 200/67 para o Ministério da 
Saúde, com subordinação da assistência médica previdenciária à política nacional de 
saúde, a prática mostrava um Ministério esvaziado em suas competências. Foram 
incorporados a ele a Fundação SESP e a Fundação das Pioneiras Sociais, dando 
início à autarquização do ministério, que acompanhava processo similar da 
administração federal. 
Por parte da saúde coletiva, as ações estavam dispersas num conjunto de 
Ministérios como o da Agricultura, dos Transportes, do Trabalho, do Interior, da 
Educação, dentre outros, e internamente ao Ministério da Saúde, em um conjunto de 
órgãos da administração direta e indireta. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva 
AI-5 
Emenda Constitucional 
nº 1 
Modernização autoritária 
Ampliação de cobertura 
previdenciária 
. Ampliação do 
complexo previdenciário 
Aumento dos gastos com 
saúde no âmbito da 
previdência 
Extensão de cobertura 
Modelo de compra de 
serviços 
Convênios com medicina 
de grupo 
Autarquização do MS 
Dispersa em vários 
ministérios e em órgãos 
da administração direta e 
indireta 
 
3.5 1982 - Implantação do PAIS 
Em 1982 foi implementado o Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS), 
que dava particular ênfase à Atenção Primária, sendo a rede ambulatorial pensada 
como a “porta de entrada” do sistema. Visava à integração das instituições públicas 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
15 
 
da saúde mantidas pelas diferentes esferas de governo, em rede regionalizada e 
hierarquizada. Propunha a criação de sistemas de referência e contrarreferência e a 
atribuição de prioridade para a rede pública de serviços de saúde, com 
complementação pela rede privada, após sua plena utilização; previa a 
descentralização da administração dos recursos, a simplificação dos mecanismos de 
pagamento dos ser viços prestados por terceiros e seu efetivo controle, a 
racionalização do uso de procedimentos de custo elevado e o estabelecimento de 
critérios racionais para todos os procedimentos. Viabilizou a realização de convênios 
trilaterais entre Ministério da Saúde, Ministério da Previdência e Assistência Social e 
Secretarias de Estado de Saúde, com o objetivo de racionalizar recursos utilizando 
capacidade pública ociosa. Podemos reconhecer nas AIS os principais pontos 
programáticos que estarão presentes quando da criação do SUS (REIS, et al 2012). 
De acordo com Reis, et al (2012) no ano de 1974, foram criados o Ministério da 
Previdência e Assistência Social (MPAS) e o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento 
Social (FAS). A criação do Ministério significou o fortalecimento das ações de 
previdência no interior do aparelho estatal. A criação do FAS proporcionou a 
remodelação e a ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos 
com juros subsidiados. A existência de recursos para investimento e a criação de um 
mercado cativo de atenção médica para os prestadores privados levou a um 
crescimento próximo de 500% no número de leitos hospitalares privados no período 
69/84, de tal forma que subiram de 74.543 em 1969 para 348.255 em 1984. 
O II Plano Nacional de Desenvolvimento, elaborado no mesmo período, 
consagrou a separação de ações de saúde coletiva e atenção médica, e 
reservou os primeiros ao setor estatal e os segundos, via previdência social, 
ao setor privado. O plano institucionalizou o modelo médico assistencial 
privativista e definiu competências para as instituições públicas e privadas. 
Ocorreu uma autonomização da política de assistência médica 
previdenciária, em função da revogação de parte do Decreto Lei 200, que 
estabelecia a necessidade de sua obediência à política nacional de saúde 
(DUARTE, 2009 apud REIS, et al 2012). 
Ainda de acordo com autor citado, a falta de controle sobre os serviços 
contratados criou condições para que a corrupção atingisse, em 1974, níveis que 
ameaçavam o equilíbrio financeiro da previdência. Foram definidos, então, 
mecanismos de enfrentamento da crise, com o objetivo de controlar as distorções do 
modo vigente, criando condições que possibilitassem a continuidade da expansão, 
sem alterar substancialmente o mesmo. Foram definidos mecanismos de controle ao 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
16 
 
setor contratado, através da criação da Empresa de Processamento de Dados da 
Previdência Social (DATAPREV), da ampliação dos convênios (convênios com 
sindicatos, universidades, prefeituras, governos estaduais, dentre outros) e da 
normatização e criação de novos mecanismos institucionais de relação público-
privado e entre esferas de governo. Dentre estes, merece destaque o Plano de Pronta 
Ação (PPA) e o Sistema Nacional de Previdência Social (SINPAS). 
O PPA tinha como objetivo desburocratizar o atendimento dos casos de 
emergência, o que levou à universalização do atendimento das mesmas. Foram 
estabelecidas formas de relacionamento através de contratos, com pagamento de 
serviços prestados e convênios, com repasse de subsídios fixos. O PPA teve 
importância em virtude do início da universalização do atendimento com recursos 
previdenciários e por remunerar instituições estatais. 
A criação do SINPAS tinha como objetivo disciplinar a concessão e 
manutenção de benefícios e prestação de serviços, o custeio de atividades e 
programas, a gestão administrativa, financeira e patrimonial da previdência. Foram 
criados o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e 
o Instituto de Arrecadação da Previdência Social – (IAPAS), além de integrar os 
órgãos já existentes. A criação do SINPAS pode ser compreendida no processo de 
crescente tendência à universalização e à adoção do modelo de Seguridade Social 
(REIS, et al 2012). 
Neste período foram definidas as bases que permitiram a hegemonia na 
década de 70, do modelo assistencial privativista. De acordo com Mendes, este 
modelo se assenta no seguinte tripé de acordo com Reis, et al (2012).: 
 (a) o Estado como financiador do sistema, através da Previdência Social; 
 (b) o setor privado nacional como maior prestador de serviços de assistência 
médica; 
 (c) o setor privado internacional como mais significativo produtor de insumos, 
em especial equipamentos médicos e medicamentos. 
Em relação às ações de saúde coletiva, percebeu-se uma coincidência entre 
as propostas internacionais de cuidados primários em saúde, decorrentes da 
Conferência de Alma-Ata, da qual o Brasil é um dos signatários, e a 
necessidade interna de desenvolver e expandir cobertura para contingentes 
populacionais excluídos pelo modelo previdenciário (REGO, 2012 apud 
REIS, et al 2012). 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
17 
 
Tendo como referência as experiências em vigor, as recomendações 
internacionais e a necessidade de expandir cobertura, em 1976 iniciou-se o Programa 
de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS). Concebido na 
Secretaria de Planejamento da Presidência da República, o PIASS se configurou 
como o primeiro programa de medicina simplificada do nível federal e permitia a 
entrada de técnicos provenientesdo "movimento sanitário" no interior do aparelho de 
Estado. O programa concentrou suas ações nas Secretarias Estaduais de Saúde, que 
adotaram modelos desconcentrados. Em 1979 foi estendido a todo território nacional, 
o que resultou numa grande expansão da rede ambulatorial pública (REIS, et al 2012). 
Esta época pode ser definida como o início do movimento contra hegemônico 
que, nos anos 80, viria a se conformar como o projeto da Reforma Sanitária Brasileira. 
Em todo o País surgiram movimentos de trabalhadores de saúde. Foram criados o 
Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), que participaram do processo de 
sistematização das propostas de mudança do modelo de saúde em vigor. 
Aconteceram também os primeiros encontros de secretários municipais de saúde, 
alimentando um incipiente, mas crescente, movimento municipalista em saúde. 
 
Marco legal e 
político 
Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva 
II PND 
MPAS 
FAS 
SINPAS 
Disciplina concessão de 
benefícios, prestação de 
serviços e administração 
da previdência 
Remodelação e 
ampliação dos 
hospitais da rede 
privada 
Criação do INAMPS 
Separação das ações 
de saúde pública e 
assistência 
Cuidados primários 
em saúde (Alma-Ata) 
PIASS 
CEBES 
ABRASCO 
 
3.6 1986 - VIII Conferência Nacional de Saúde 
A realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, com intensa participação 
social, deu-se logo após o fim da ditadura militar iniciada em 1964, e consagrou uma 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
18 
 
concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e como 
dever do Estado, atributos seriam plenamente incorporados na Constituição de 
1988.A VIII CNS foi o grande marco nas histórias das conferências de saúde no Brasil. 
Foi a primeira vez que a população participou das discussões da conferência. Suas 
propostas foram contempladas tanto no texto da Constituição Federal/1988 como nas 
leis orgânicas da saúde, no 8.080/90 e no 8.142/90.Participaram dessa conferência 
mais de 4 mil delegados, impulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, os 
quais propuseram a criação de uma ação institucional correspondente ao conceito 
ampliado de saúde, que envolve promoção, proteção e recuperação (REIS, et al 
2012). 
3.7 1988 - Constituição Cidadã 
Em 1988 foi aprovada a “Constituição Cidadã”, que estabelece a saúde como 
“Direito de todos e dever do Estado” e apresenta, na sua Seção II, como pontos 
básicos: “as necessidades individuais e coletivas são consideradas de interesse 
público e o atendimento um dever do Estado; a assistência médico-sanitária integral 
passa a ter caráter universal e destina-se a assegurar a todos o acesso aos serviços; 
esses serviços devem ser hierarquizados segundo parâmetros técnicos e a sua 
gestão deve ser descentralizada”. 
 Estabelece, ainda, que o custeio do Sistema deverá ser essencialmente de 
recursos governamentais da União, estados e municípios, e as ações 
governamentais submetidas a órgãos colegiados oficiais, os Conselhos de 
Saúde, com representação paritária entre usuários e prestadores de serviços 
(BRASIL, 1988 apud REIS, et al 2012). 
3.8 1990 - Criação do SUS 
A Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu através da Lei no 8.080, 
de 19 de setembro de 1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes”. A primeira lei orgânica do SUS detalha: os objetivos e atribuições; 
os princípios e diretrizes; a organização, direção e gestão, a competência e atribuições 
de cada nível (federal, estadual e municipal); a participação complementar do sistema 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
19 
 
privado; recursos humanos; financiamento e gestão financeira e planejamento e 
orçamento. 
Logo em seguida, a Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre 
a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências 
intergovernamentais de recursos financeiros. Institui os Conselhos de Saúde 
e confere legitimidade aos organismos de representação de governos 
estaduais (CONASS – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de 
Saúde) e municipais (CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários 
Municipais de Saúde).Finalmente estava criado o arcabouço jurídico do 
Sistema Único de Saúde, mas novas lutas e aprimoramentos ainda seriam 
necessários (BRASIL, 1990 apud REIS, et al 2012). 
3.9 1991 - Criação da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) 
Criada a Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) com representação do 
Ministério da Saúde, das Secretarias Estaduais de Saúde e das Secretarias 
Municipais de Saúde e da primeira norma operacional básica do SUS, além da 
Comissão de Intergestores Bipartite (CIB) para o acompanhamento da implantação e 
da operacionalização da implantação do recém-criado SUS. As duas comissões, 
ainda atuantes, tiveram um papel importante para o fortalecimento da ideia de gestão 
colegiada do SUS, compartilhada entre os vários níveis de governo (REIS, et al 2012). 
3.10 1994 - O Programa Saúde da Família ou PSF 
No Brasil, conhecido hoje como “Estratégia Saúde da Família”, por não se tratar 
mais apenas de um “programa”, teve início em 1994 como um dos programas 
propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a Atenção Primária. 
A Estratégia Saúde da Família visa à reversão do modelo assistencial vigente, em que 
predomina o atendimento emergencial ao doente, na maioria das vezes em grandes 
hospitais. A família passa a ser o objeto de atenção, no ambiente em que vive, 
permitindo uma compreensão ampliada do processo saúde-doença (REIS, et al. 
2012). 
O programa inclui ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, 
reabilitação de doenças e agravos mais frequentes. No âmbito da reorganização dos 
ser viços de saúde, a Estratégia Saúde da Família vai ao encontro dos debates e 
análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
20 
 
Atenção à Saúde vigente e que vem sendo enfrentado, desde a década de 1970, pelo 
conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que 
valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e 
atenção integral às pessoas. 
Esses pressupostos, tidos como capazes de produzir um impacto positivo na 
orientação do novo modelo e na superação do anterior – calcado na super valorização 
das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar, e que induz ao 
excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, na 
fragmentação do cuidado – encontram, em relação aos recursos humanos para o 
Sistema Único de Saúde (SUS), outro desafio. Tema também recorrente nos debates 
sobre a reforma sanitária brasileira, verifica-se que, ao longo do tempo, tem sido 
unânime o reconhecimento acerca da importância de se criar um “novo modo de fazer 
saúde” (REIS, et al. 2012). 
No Brasil, a origem do PSF remonta à criação do Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS) em 1991 como parte do processo de reforma 
do setor da saúde, desde a Constituição, com intenção de aumentar a 
acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e 
promoção da saúde. Em 1994, o Ministério da Saúde lançou o PSF como 
política nacional de Atenção Básica, com caráter organizativo e substitutivo, 
fazendo frente ao modelotradicional de assistência primária baseada em 
profissionais médicos especialistas focais (GUEDES, et al 2011 apud REIS, 
et al 2012). 
Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como 
estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo 
emitiu a Portaria no. 648, de 28 de março de 2006, na qual ficava estabelecido que o 
PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica 
– que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo 
a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: 
universalização, equidade, descentralização, integralidade e participação da 
comunidade – mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários. Em 2011, a 
portaria GM no. 2.488/2011 revogou a portaria GM no 648/2006 e demais disposições 
em contrário ao estabelecer a revisão de diretrizes e normas para a organização da 
Atenção Básica e aprovar a Política Nacional de Atenção Básica para a Estratégia 
Saúde da Família (ESF) e para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
(PACS) (REIS, et al. 2012). 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
21 
 
3.11 1996 – NOB 96 
A edição da NOB 96 representou a aproximação mais explícita com a proposta 
de um novo modelo de Atenção. Para isso, ela acelera a descentralização dos 
recursos federais em direção aos estados e municípios, consolidando a tendência à 
autonomia de gestão das esferas descentralizadas, criando incentivo explícito às 
mudanças, na lógica assistencial, rompendo com o produtivismo (pagamento por 
produção de serviços, como o INAMPS usava para comprar ser viços do setor privado) 
e implementando incentivos aos programas dirigidos às populações mais carentes, 
como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS ), e às práticas fundadas 
numa nova lógica assistencial, como o Programa de Saúde da Família (PSF).As 
principais inovações da NOB 96 foram: a) a concepção ampliada de saúde – considera 
a concepção determinada pela Constituição englobando promoção, prevenção, 
condições sanitárias, ambientais, emprego, moradia etc.; b) o fortalecimento das 
instâncias colegiadas e da gestão pactuada e descentralizada – consagrada na prática 
com as Comissões Intergestores e os Conselhos de Saúde; c) as transferências fundo 
a fundo (do Fundo Nacional de Saúde direto para os fundos municipais de saúde, 
regulamentados pela NOB 96), com base na população e em valores per capita 
previamente fixados; 
d) novos mecanismos de classificação determinam os estágios de habilitação 
para a gestão, nos quais os municípios são classificados em duas condições: 
gestão plena da Atenção Básica e gestão plena do sistema municipal 
(BRASIL, 1996 apud REIS, et al 2012). 
Na gestão plena da Atenção Básica, os recursos são transferidos de acordo 
com os procedimentos correspondentes ao PAB – Piso da Atenção Básica. A atenção 
ambulatorial especializada e a atenção hospitalar continuam financiadas pelo Sistema 
de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) e pelo Sistema de Informações Hospitalares 
(SIH-SUS). No caso dos municípios em gestão plena do sistema, a totalidade dos 
recursos é transferida automaticamente. 
3.12 2002 - Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-SUS) 
No ano 2002 é editada a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-
SUS), cuja ênfase maior é no processo de regionalização do SUS, a partir de uma 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
22 
 
avaliação de que a municipalização da gestão do sistema de saúde, regulamentada e 
consolidada pelas normas operacionais, estava sendo insuficiente para a 
configuração do sistema de saúde por não permitir uma definição mais clara dos 
mecanismos regionais de organização da prestação de serviços. 
O Pacto pela Vida tem sua grande força, exatamente em um novo 
ordenamento dos processos de regionalização do SUS (BRASIL, 2002 apud 
REIS, et al 2012). 
3.13 2006 - Pacto pela Saúde 
O Pacto pela Saúde é um conjunto de reformas institucionais pactuado entre 
as três esferas de gestão (União, estados e municípios) do Sistema Único de Saúde, 
com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão. Sua 
implementação se dá por meio da adesão de municípios, estados e União ao Termo 
de Compromisso de Gestão (TCG), que, renovado anualmente, substitui os anteriores 
processos de habilitação e estabelece metas e compromissos para cada ente da 
federação. As transferências dos recursos também foram modificadas, passando a 
ser divididas em seis grandes blocos de financiamento (Atenção, Básica, Média e Alta 
Complexidade da Assistência, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica, 
Gestão do SUS e Investimentos em Saúde).Mais informações sobre o Pacto pela 
Saúde serão apresentadas na última par te do texto (REIS, et al 2012). 
4 O DESAFIO DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
 
Fonte: www.sinasefeifsul. 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
23 
 
Segundo Miranda, (2017) desde a implantação do Sistema Único de Saúde 
(SUS), persistem importantes desafios para garantia do direito à saúde no país. Esta 
reflexão teórica acerca da organização do SUS foi elaborada a partir da realização de 
entrevistas com atores da política social e de saúde do país, da análise de indicadores 
referentes aos municípios, população, rede assistencial e financiamento do sistema 
de saúde e de uma fundamentação teórica crítica, porém não sistemática, orientada 
pelo marco conceitual da universalização, do controle social, do financiamento das 
necessidades e da descentralização do SUS. 
Os sistemas de saúde universais são considerados os que melhor respondem 
às necessidades da população. Entretanto, o subfinanciamento desafia sua 
consolidação, com um percentual quase inalterado dos gastos federais como 
proporção do produto interno bruto (PIB), apesar do crescimento real dos 
gastos totais com o setor da saúde entre 2000 e 2012, reflexo do crescimento 
econômico. Trata-se de uma estabilidade que não responde às necessidades 
crescentes do sistema de saúde (PIOLA, 2013 apud MIRANDA, 2017). 
No Brasil, o pacto federativo e a organização do SUS com base no município, 
na sua maioria com menos de 30 mil habitantes, dificulta a organização das redes de 
saúde e compromete a resolutividade do sistema, entendimento que reforça a 
necessidade de conformação de territórios de base populacional. Esses são desafios 
que precisam ser enfrentados e que exigem o resgate dos ideais do Movimento 
Sanitário Brasileiro. O momento exige uma ação de resistência, em defesa do SUS, 
para assegurar a garantia da universalidade, indiscutivelmente a maior conquista 
social da população brasileira (MIRANDA, 2017). 
4.1 Organização do SUS no pacto federativo brasileiro 
Solidariedade, universalidade e equidade são princípios que guardam uma 
estreita relação com a igualdade de acesso a ações e a serviços de saúde 
(SOJO, 2011). Conquista do movimento sanitário brasileiro, o SUS foi 
implantado na Constituição Federal de 1988, assegurando a saúde como um 
direito do cidadão e um dever do Estado, com os princípios da universalidade, 
equidade e integralidade da atenção à saúde (PAIM et al., 2011 apud 
TEIXEIRA, 2011). 
Ao longo dos anos, como resposta às necessidades atuais e crescentes e ao 
desenvolvimento tecnológico e científico, os sistemas de saúde universais têm sido 
considerados como aqueles que melhor respondem às necessidades da população, 
bem como os que mais contribuem para o desenvolvimento econômico de um país. 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
24 
 
A garantia da universalidade representou, na história do Brasil, o resgate de 
uma dívida social e oinício da implantação da reforma do setor saúde. O dever do 
Estado foi assegurado pela primeira vez em uma Constituição, sendo representado 
pela responsabilidade para com a organização de um sistema de saúde único, 
nacional, público e universal. Mas, passados quase 30 anos, o sistema e seus 
defensores enfrentam importantes desafios. 
São questões que existem desde a implantação do sistema e que, em momentos 
de crise política e econômica, agravam as ameaças impostas para sua 
implementação. 
A organização tríplice, com a autonomia das esferas de governo, tornou 
complexa a construção do sistema de saúde, pois municípios, estados e 
União não apresentam relação de hierarquia entre si (ALMEIDA, 2009 apud 
MIRANDA, 2017). 
 
Os munícipios, antes agentes, tornaram-se principais atores do sistema. E essa 
organização, tendo como esfera principal o município, dificulta a oferta, resolutiva e 
em tempo oportuno, de ações e de serviços de saúde. Único país do mundo com esse 
nível de descentralização, a não diferenciação entre os entes federativos coloca-se 
como um elemento complicador da organização das redes de saúde no Brasil. 
Segundo Campos (2014), entre os países com sistemas universais de saúde 
somente o Brasil tem organização com a autonomia dos três entes federados. Nos 
países, o planejamento e a gestão do sistema de saúde são regionais, não havendo 
nenhuma descentralização em nível municipal. Na Espanha, por exemplo, atinge o 
nível estadual, e na Itália, em regiões. 
Um país de dimensão continental e que tem, em sua maioria, municípios de 
pequeno porte, quase 80% das cidades brasileiras têm menos de 30 mil habitantes. 
Quando somados aos municípios com até 100 mil habitantes, representavam menos 
de 45% da população brasileira em 2015 (IBGE, 2016). 
Juntos, esses municípios concentravam apenas 25% dos médicos com 
vínculo com o SUS. A maior proporção (35,2%) estava nos municípios com 
mais de um milhão de habitantes, apenas 17 cidades do país, que possuíam 
uma relação entre o número de médicos e habitantes três vezes maior que 
aqueles municípios com menos de 30 mil habitantes (BRASIL, 2016 apud 
MIRANDA, 2017). 
De acordo com Rodrigues (2014), durante a descentralização, essa diversidade 
dos municípios brasileiros não foi considerada. Muitas cidades não possuíam 
Geisa
Realce
 
25 
 
população suficiente para implantar um sistema de saúde propriamente dito, com 
diferentes níveis de complexidade da atenção. 
Os pequenos municípios, em maioria, dependem dos repasses do governo 
federal para sustentar sua estrutura de saúde. Quase todos já atingiram ou superaram 
o limite constitucional de gastos definidos pela Emenda Constitucional nº 29. Em 2015, 
os municípios gastaram em média 22%1 de seu orçamento próprio, acima do valor 
definido pela Emenda Constitucional. 
Em valores ajustados conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 
(IPCA) em 31 de dezembro de 2012, o gasto público total com saúde por habitante 
apresentou tendência crescente, com um aumento médio anual de R$ 40,76, 
passando de R$ 438,00 em 2000 para R$ 903,52 em 2012. A menor variação 
proporcional foi observada nos valores federais gastos por habitante, que cresceu 
61,2% no período estudado, quando os gastos municipais per capita aumentaram em 
mais de 180%.2 
Houve um crescimento dos gastos totais com saúde em 106,5% em valores 
atualizados entre 2000 e 2012, com uma maior participação dos estados e municípios 
no seu financiamento. Os valores ultrapassaram a inflação acumulada do período, 
graças ao forte crescimento econômico do país, identificado pelo aumento real do PIB 
de 74,4%.2 
Entretanto, apesar de ser o maior ente financiador do sistema, a proporção dos 
gastos federais com saúde oriundos do percentual do PIB apresentou-se constante, 
encontrando-se em 1,82% em 2012.2 
Trata-se de uma estabilidade que não responde às necessidades crescentes 
do sistema de saúde. As dificuldades relativas ao financiamento estão presentes 
desde a implantação do SUS, quando o país enfrentava uma crise econômica que, 
associada à postura liberal do Estado, reduzia a atuação estatal nas políticas públicas. 
O fato de estados e municípios em sua maioria já terem atingido ou superado 
o limite constitucional de gastos com a saúde (SAIANI, 2011 apud MIRANDA, 2017) 
reforça o desafio do financiamento do sistema público de saúde, em virtude da 
complexificação da assistência diante das atuais e futuras demandas de saúde da 
população e da descentralização das responsabilidades. 
O financiamento tem sido, portanto, desde o início do SUS, em um contexto de 
endividamento do Estado e de sua reduzida capacidade de atuação, um dos principais 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
26 
 
desafios para que o sistema de saúde assegure o acesso universal, integral e 
equânime a ações e a serviços de saúde. 
Como a Constituição de 1988 não esclareceu as regras de financiamento, 
surgiram desde 1993 Propostas de Emendas Constitucionais que conferiam 
responsabilidades e recursos para a saúde. No entanto, foi em somente em 2011 que 
a Emenda Constitucional nº 29 foi regulamentada (FORTES, 2012), e até hoje não se 
definiu a participação federal no financiamento da saúde, apresentando uma média 
de 1,70% do PIB entre 2000 e 2012. 
Segundo Soares (2014), países como a Espanha, o Canadá, a França e o 
Reino Unido, que também têm sistema universal de saúde, gastam entre 7% e 8% do 
seu PIB com ações e serviços públicos de saúde. No Brasil, por sua vez, esse gasto 
alcançou 3,99% do PIB do país em 2012, um percentual inferior ao investimento 
realizado pelos países com sistemas universais. 
Além da insuficiência, somam-se novas ameaças, como a aprovação do 
orçamento impositivo, que consolida o subfinanciamento do sistema, a permissão do 
capital estrangeiro na assistência à saúde (BAHIA, 2015) e a aprovação da Emenda 
Constitucional nº 55, que congela por 20 anos os gastos públicos e que põe em risco 
as conquistas alcançadas no período, representando um retrocesso para 
consolidação do próprio sistema de saúde e desconsiderando a necessidade de 
investimento público para responder às dificuldades geradas pelas transições 
demográfica e epidemiológica brasileiras, não aproveitando a janela de oportunidade 
vivenciada pelo país – momento de oportunidade (Miranda, 2016) que, se aproveitado 
com os devidos e necessários investimentos, pode potencializar as oportunidades 
demográficas e contribuir para redução das profundas desigualdades. 
Mais atual do que nunca, busca-se uma resposta para questão: “quanto a 
sociedade está disposta a pagar para o SUS?”. A segurança do sistema pede a 
politização da população e a defesa da universalidade (MENICCUCI, 2009, p. 1625). 
A esse conjunto de desafios somam-se as dificuldades de tornar o espaço 
correspondente ao território e à população, assim como a organização 
político-administrativa de um município equivalente a uma rede regionalizada 
e resolutiva de serviços (ACIOLE, 2012 apud MIRANDA, 2017). 
Nesse contexto, a conformação de territórios de base populacional e o 
fortalecimento das redes de saúde, diante da consolidação dos pactos e da mediação 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
27 
 
dos conflitos políticos entre as esferas de governo, tornam-se ações essenciais para 
a organização do sistema e para o atendimento às demandas de saúde. 
Esse entendimento reforça a importância das redes de saúde para organizar, 
de forma integrada e sob a coordenação da atenção primária em saúde, os 
pontos de atenção, os sistemas de apoio, os sistemas logísticos e o sistema 
de governança (MENDES, 2013 apud MIRANDA, 2017). 
O limite imposto por essa fragmentação foi reconhecido pela gestão pública 
desde 2002, que tem proposto pactos para superação da fragilidade na organização 
política do SUS, mas que, noentanto, não têm sido suficientes para enfrentar o proble-
ma. A disparidade existente entre a capacidade de governança dos municípios tem 
repercutido negativamente na organização do sistema de saúde. 
Nas últimas décadas, o Ministério da Saúde tem adotado mecanismos para 
superar as tensões impostas por essa fragmentação, mediante pactos 
firmados entre as esferas de governo. Trata-se de mudanças que 
representam avanços na política de pactuação do SUS, mas que 
isoladamente não garantem o alcance dos resultados esperados (LIMA et al., 
2012 apud MIRANDA, 2017). 
É preciso, por isso, que se criem instrumentos para organização de um sistema 
de saúde resolutivo, integral e equânime, bem como espaços que estimulem debates 
e que fomentem a reformulação das responsabilidades sanitárias, redesenhando o 
modelo assistencial e consolidando campos permanentes de diálogo e construção do 
sistema de saúde, no sentido de ampliar a regionalização e a busca da equidade, 
mediante a organização de sistemas de saúde funcionais em todos os níveis de 
atenção, não necessariamente resumidos aos territórios municipais (ACIOLE, 2012). 
Esse é cenário que aponta para a necessidade urgente de reforma e construção 
de políticas que superem o modelo de organização do sistema de saúde baseado no 
município, consolidando a regionalização, mediante conformação das redes de saúde 
(MIRANDA, 2017). 
Santos e Campos (2015) despertam para a necessidade premente de debate 
sobre a institucionalidade do sistema de saúde do país. Propondo mudanças na 
organização do SUS, os autores centralizam a discussão em torno da conformação 
de robustas regiões de saúde, capazes de responder por pelo menos 95% das 
necessidades de saúde do território regional e de assegurar a autonomia sanitária. 
Geisa
Realce
 
28 
 
5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB). 
 
Fonte:conass.org 
Transcorridos 27 anos desde a promulgação das Leis nº 8.080 e nº 8.142, de 
1990, é possível dizer que, mesmo com dificuldades e lacunas, foram as políticas 
direcionadas para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil que 
mais favoreceram a implantação dos princípios e diretrizes do Sistema Único de 
Saúde (SUS) (MELO,2018). 
Expressas por meio de documentos específicos, as Políticas Nacionais de 
Atenção Básica (PNAB) tiveram papel fundamental nesse processo, 
permitindo inflexões importantes, principalmente no modelo de atenção e na 
gestão do trabalho em saúde nos municípios. Isso ocorreu de modo articulado 
à introdução dos mecanismos de financiamento que desempenharam papel 
indutor na sua adoção como eixo estruturante da organização das ações e 
serviços de saúde (STARFIELD, 2002 apud MELO, 2018). 
Em setembro de 2017, foi publicada uma nova PNAB, que suscitou a crítica de 
organizações historicamente vinculadas à defesa do SUS, como a Associação 
Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde 
(Cebes) e a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp). Em nota conjunta, as três 
instituições denunciaram, entre outras coisas, a revogação da prioridade dada à 
Estratégia Saúde da Família (ESF) na organização do SUS com a provável perda de 
recursos para outras configurações da Atenção Básica (AB), em um contexto de 
retração do financiamento da saúde. Demonstraram preocupação com retrocessos 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
29 
 
em relação à construção de uma APS integral, que vinha direcionando o modelo de 
AB baseado na ESF (MELO,2018). 
5.1 Atenção Básica no Brasil 
Em 1994, a criação do Programa Saúde da Família (PSF) permitiu ampliar a 
cobertura em saúde, em um movimento inicialmente voltado apenas para a parte da 
população brasileira em situação social mais vulnerável. Configurou-se um modo de 
compor a equipe e de organizar o processo de trabalho, com base territorial e 
responsabilidade sanitária, referências sustentadas pelas sucessivas políticas. 
Com a Norma Operacional Básica do SUS de 1996 (NOB/96), o PSF assumiu 
a condição de estratégia de reorientação da APS, em substituição às 
modalidades tradicionais. A NOB/96 instituiu os componentes fixo e variável 
do Piso da Atenção Básica (PAB) e estabeleceu incentivos financeiros aos 
municípios que adotassem o Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
(Pac’s) e o PSF, tornando automática e regular a transferência de recursos 
federais para o financiamento desses programas (GIOVANELLA, 2012 apud 
MELO, 2018). 
Essa priorização teve repercussões concretas, e, em 1998, foi estabelecido o 
primeiro Pacto de Indicadores da Atenção Básica, processo que se renovou 
periodicamente por meio da negociação intergestores de metas para a avaliação e o 
monitoramento da AB no SUS. Desdobrou-se, também, em outros dispositivos de 
fortalecimento da AB, como, por exemplo, a criação do Sistema de Informação da 
Atenção Básica (Siab), também em 1998, substituindo o Sistema de Informação do 
Programa de Agente Comunitário de Saúde (Sipacs). 
Ainda visando à reorientação do modelo de atenção, foi criado, em 2002, o 
Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (Proesf), voltado 
para os municípios com mais de 100 mil habitantes, explicitando a 
compreensão da saúde da família como uma estratégia viável não apenas 
nas pequenas cidades e no meio rural, onde se implantou originalmente. No 
âmbito do Proesf, foi criada, em 2005, a Avaliação para a Melhoria da 
Qualidade (AMQ), que instituiu uma metodologia de avaliação em diversos 
níveis: gestores, coordenadores, unidades de saúde e Equipes da Saúde da 
Família (EqSF), com o propósito de qualificação da AB por meio da avaliação 
( BRASIL, 2017 apud MELO, 2018). 
A agenda política de fortalecimento da APS por meio da ESF consolidou-se 
gradativamente e, em 2006, tornou-se uma das dimensões prioritárias do Pacto pela 
Vida. Naquele mesmo ano, foi publicada a PNAB, revisada em 2011, buscando 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
30 
 
preservar a centralidade da ESF para consolidar uma APS forte, ou seja, capaz de 
estender a cobertura, prover cuidados integrais e desenvolver a promoção da saúde, 
configurando-se como porta de entrada principal do usuário no SUS e eixo de 
coordenação do cuidado e de ordenação da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Esse 
processo envolveu um amplo escopo de ações, mobilizando instituições e sujeitos 
sociais para responder aos desafios colocados para a formação de trabalhadores, a 
organização do processo de trabalho, as interações com a comunidade, a 
compreensão do território e as relações entre os entes federados. 
Há, pelo menos, dois indicadores importantes da centralidade dada à PNAB no 
âmbito federal das políticas de saúde. São eles: o aumento superior a 100% dos 
recursos repassados aos municípios para o financiamento da AB, entre 2010 e 2014; 
e a aplicação de recursos para a qualificação e a ampliação da estrutura das unidades, 
por meio de um projeto específico, o Requalifica SUS, lançado em 2011. 
Também em 2011, foi instituído o Programa Nacional de Melhoria do Acesso 
e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), que incorporou elementos da 
AMQ e ampliou as vertentes de avaliação, tendo como finalidade a 
certificação das EqSF. Esse Programa permitiu vincular formas de 
transferência de recursos do PAB variável aos resultados provenientes da 
avaliação, constituindo-se em um mecanismo de indução de novas práticas 
(BRASIL, 2017 apud MELO, 2018). 
Em termos de cobertura, dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde (MS) 
indicam que a ESF alcançava 58% da população, em outubro de 2017, e sabe-se que 
essa cobertura chegou a atingir 100% em alguns municípios. Tudo isso mediante 
novos serviços, modalidades e arranjos de equipes multiprofissionais, com destaque 
paraas equipes ampliadas pela saúde bucal e pelos Núcleos de Apoio à Saúde da 
Família (NASF). Mesmo reconhecendo a persistência de problemas no acesso, na 
qualidade e na continuidade da atenção, diversos estudos sugerem avanços 
decorrentes das políticas de APS na redução de internações evitáveis e dos gastos 
hospitalares, e para a melhoria das condições de vida e saúde da população brasileira 
(MELO, 2018). 
5.2 Relativização da cobertura 
A universalidade é um princípio estruturante da atenção à saúde no âmbito do 
SUS, que, aliada à integralidade, tem distinguido a PNAB de conformações 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
31 
 
simplificadas e focalizantes de APS. Baseadas nesses princípios, as PNAB 2006 e 
2011 vinham projetando a expansão da ESF, nas duas últimas décadas. 
Considerando este movimento, o tema da cobertura da AB destaca-se como um 
importante indicador da intencionalidade da PNAB 2017 (MELO, 2018). 
Retrospectivamente, citado pelo autor acima, percebe-se que, entre os itens 
necessários à implantação da ESF nas PNAB 2006 e 2011, encontrava-se uma única 
referência à cobertura universal. Ela se construiu de forma mediada, representada 
pela relação entre o número previsto de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) por 
equipe e a cobertura de 100% da população cadastrada. Na PNAB, constava que, 
para a implantação de EqSF, seria necessário um número de ACS suficiente para 
cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e 
de 12 ACS por EqSF. A PNAB 2011 acrescentou o alerta de que não se deveria 
ultrapassar o limite máximo de moradores vinculados a cada equipe, evidenciando a 
preocupação com as condições que poderiam diretamente afetar a qualidade da 
atenção (MELO, 2018). 
No texto da PNAB 2017, anterior à consulta pública, não há nenhuma referência 
à cobertura universal. A referência a 100% de cobertura é retomada no texto 
publicado, porém restrita a certas áreas: 
Em áreas de risco e vulnerabilidade social, incluindo de grande dispersão 
territorial, o número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da 
população, com um máximo de 750 pessoas por agente, considerando 
critérios epidemiológicos e socioeconômicos (OMS, 1979 apud MELO, 2018). 
Segundo Melo (2018), a flexibilização da cobertura populacional está 
relacionada também aos parâmetros da relação equipe/população apresentados no 
item ‘Funcionamento’. Ali se lê que a população adscrita recomendada por equipe de 
AB e EqSF é de 2 mil a 3,5 mil pessoas. Entretanto, neste mesmo item, de acordo 
com as especificidades do território, prevê-se também a possibilidade de “outros 
arranjos de adscrição”, com parâmetros populacionais diferentes, que podem ter 
alcance “maior ou menor do que o parâmetro recomendado”. A decisão a esse 
respeito fica a cargo do gestor municipal, em conjunto com a equipe de AB e o 
Conselho Municipal ou Local de Saúde, com a ressalva de que fica assegurada a 
qualidade do cuidado. 
Na PNAB 2011 havia a seguinte indicação: “quanto maior o grau de 
vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas por equipe”. Segundo 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
32 
 
essa redação, o critério de flexibilização de parâmetros populacionais apontava 
claramente a intenção de favorecer aqueles que apresentassem maior necessidade 
de atenção. O mesmo não pode ser dito em relação à nova PNAB, que, mais uma 
vez, se descompromete a adotar parâmetros que favoreçam um processo de atenção 
progressivamente mais qualificado. Ao desconsiderar a relação entre quantidade e 
qualidade, a afirmação de que deve ser assegurada a qualidade do cuidado torna-se 
mera retórica (MELO, 2018). 
A cobertura é igualmente relativizada por meio da indefinição do número de 
ACS, uma vez que a PNAB 2017 indica que o número de ACS por equipe deverá ser 
definido de acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemiológicos e 
socioeconômicos), conforme legislação vigente. 
Deste modo, pode-se compor equipes com apenas um ACS. Quando uma 
política, simultaneamente, torna indefinido o número de ACS por equipes e flexibiliza 
os parâmetros de cobertura, reforça-se o risco de serem recompostas barreiras ao 
acesso à saúde de parte da população. Lembre-se, aqui, que o ACS é um trabalhador 
que deveria ser o ‘elo’ entre os serviços de saúde e a população, contribuindo para 
facilitar o acesso e proporcionar uma relação estável e contínua entre a população e 
os serviços de APS. Tal formulação compromete, também, um conjunto de processos 
já instituídos na ESF, que se estruturam por meio da presença constante de um 
trabalhador da saúde no território. Entre esses processos, destacam-se a escuta e a 
percepção de problemas e necessidades que poderiam ser invisíveis aos serviços, 
bem como a identificação e a criação de possibilidades de intervenção, dadas a partir 
de seus conhecimentos sobre a dinâmica da vida no território (MELO, 2018). 
De acordo com autor essas alterações articuladas abrem um precedente inédito 
na história da PNAB, que desestabiliza o compromisso da política com a 
universalidade da atenção à saúde no SUS. 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
33 
 
6 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA – PSF 
 
Fonte: globo.com 
A Estratégia Saúde da Família (ESF) busca promover a qualidade de vida da 
população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta 
de atividade física, má alimentação, uso de tabaco, dentre outros. Com atenção 
integral, equânime e contínua, a ESF se fortalece como a porta de entrada do 
Sistema Único de Saúde (SUS) (MACHADO, 2018). 
A proximidade da equipe de saúde com o usuário permite que se conheça a 
pessoa, a família e a vizinhança. Isso garante uma maior adesão do usuário aos 
tratamentos e intervenções propostas pela equipe de saúde, e o resultado é mais 
problemas de saúde resolvidos na atenção básica, sem a necessidade de 
intervenção de média e alta complexidade em uma Unidade de Pronto Atendimento 
(UPA 24h) ou hospital. 
De acordo com Machado (2018) a equipe de saúde da família está ligada à 
Unidade Básica de Saúde (UBS) local. Esse nível de atenção resolve 80% dos 
problemas de saúde da população. Entretanto, se a pessoa precisar de um cuidado 
mais avançado, a ESF já faz este encaminhamento. 
Desta forma, a saúde da família se fortalece como a porta de entrada do 
Sistema Único de Saúde, reorganização da atenção básica no País, de acordo com 
os preceitos do Sistema Único de Saúde. 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
34 
 
6.1 Composição da ESF 
A Estratégia Saúde da Família (ESF) segundo Brasil (2017), é composta por 
equipe multiprofissional que possui, no mínimo, médico generalista ou especialista 
em saúde da família ou médico de família e comunidade, enfermeiro generalista ou 
especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes 
comunitários de saúde (ACS). 
Também há equipe de saúde bucal, composta por cirurgião-dentista 
generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em saúde 
bucal. 
O número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da população 
cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por agente e de 12 ACS por equipe de 
Saúde da Família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por 
equipe. 
Cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável por, no máximo, 2.000-
3.500 pessoas de uma determinada área, que passam a ter corresponsabilidade no 
cuidadocom a saúde (BRASIL, 2017). 
6.2 Atividades básicas de uma equipe de Saúde da Família 
• Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis e identificar os 
problemas de saúde mais comuns e situações de risco aos quais a população está 
exposta; 
• executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos de 
vigilância à saúde e de vigilância epidemiológica, nos diversos ciclos da vida; 
• garantir a continuidade do tratamento, pela adequada referência do caso; 
• prestar assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada à 
demanda, buscando contatos com indivíduos sadios ou doentes, visando 
promover a saúde por meio da educação sanitária; 
• promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e informais 
existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos problemas; 
• discutir, de forma permanente, junto à equipe e à comunidade, o conceito de 
cidadania, enfatizando os direitos de saúde e as bases legais que os legitimam; 
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
35 
 
• incentivar a formação e/ou participação ativa nos conselhos locais de saúde e no 
Conselho Municipal de Saúde. 
7 SERVIÇOS DO SUS 
 
Fonte: treinamentos.com 
O Sistema Único de Saúde completa em 2020, 32 anos. O SUS é o único 
sistema de saúde pública do mundo que atende mais de 190 milhões de pessoas, 
sendo que 80% delas dependem exclusivamente dele para qualquer atendimento de 
saúde. Mas, além da assistência, utilizamos o SUS o todo tempo. Para comprar um 
remédio na farmácia, é preciso a autorização da Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa). A agência normatiza, controla e fiscaliza produtos, substâncias e 
serviços de saúde disponíveis no país. Quando uma pessoa é vacinado, é em razão 
do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que garante as principais vacinas para 
a população (GUIMARÃES, 2020). 
As ações do Sistema Único de Saúde (SUS) são diversas e englobam, por 
exemplo, o controle de qualidade da água potável, fiscalização de alimentos pela da 
Vigilância Sanitária , nas regras de vendas de medicamentos genéricos ou nas 
campanhas de vacinação, de doação de sangue ou leite materno que acontecem 
durante todo o ano. Muitos procedimentos médicos de média e alta complexidade, por 
exemplo, são feitos pelo SUS, como doação de sangue, doação de leite humano (por 
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/88-transparencia-da-saude/14971-servicos-do-sus
http://www.saude.mg.gov.br/sus
http://portal.anvisa.gov.br/
http://portal.anvisa.gov.br/
http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/pni/o-que-e.html
http://www.hemominas.mg.gov.br/
http://www.fhemig.mg.gov.br/servicos/1331-servicos/1575-banco-de-leite-coleta-e-doacao-de-leite-materno
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
36 
 
meio de Bancos de Leite Humano), quimioterapia e transplante de órgãos, entre 
outros que serão descritos. 
7.1 Melhor em Casa - Atenção Domiciliar 
A demanda por melhorias na qualidade da atenção e por cuidado integral à 
saúde, além do envelhecimento da população associada à transição epidemiológica 
que vem ocorrendo no país têm fortalecido estratégias, mecanismos e práticas 
inovadoras de cuidado em saúde com destaque para o surgimento de formas de 
cuidar próximas ao domicílio, como Estratégia de Saúde da Família, os serviços de 
atendimento domiciliar terapêutico destinados a pacientes com HIV/ Aids, propostas 
de cuidados paliativos domiciliares, entre outros (MERHY, 2010). 
De acordo com o autor citado, A atenção domiciliar consiste numa modalidade 
de atenção à saúde substitutiva ou complementar às já existentes, caracterizada por 
um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e 
reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e 
integrada às redes de atenção à saúde. 
A Atenção Domiciliar foi instituída pela portaria 2.029 de 24 de agosto de 2011 
que foi substituída pela portaria 2.527 de 27 de outubro de 2011 e foi produto de um 
importante processo de negociação e pactuação tripartite que contou com vários 
momentos nos quais, Ministério da Saúde e os gestores municipais e estaduais, 
representados pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde 
(CONASEMS) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), 
respectivamente, consideraram o acúmulo das experiências concretas realizadas no 
cotidiano do SUS e da política direcionada à internação domiciliar vigente antes desta 
portaria. Com o objetivo de permitir que os municípios com menor porte populacional 
também pudessem ter implantados em seu território serviços de atenção domiciliar 
com o apoio do Ministério da Saúde, foi publicada nova portaria (GM 2.527 de 27 de 
outubro de 2011), que redefine a atenção domicilia no âmbito do SUS (MERHY, 2010). 
http://conteudo.servicos.gov.br/repositorioServico/melhor-em-casa/?searchterm=5d82aefdd490730f88529b6282695e1f%2058c1815b7b545e654f35c2c641813e1f%20
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
37 
 
7.2 Aqui tem Farmácia Popular 
 
Fonte:cbn.globoradio.globo.com 
O Governo Federal criou o Programa Farmácia Popular do Brasil para ampliar 
o acesso aos medicamentos para as doenças mais comuns entre os cidadãos. O 
Programa possui uma rede própria de Farmácias Populares e a parceria com 
farmácias e drogarias da rede privada, chamada de "Aqui tem Farmácia Popular". 
Promulgado em 2004 e regulamentado por decreto presidencial, o PFPB foi 
criado com a perspectiva de enfrentar agravos de alto impacto na Saúde Pública e 
reduzir os gastos com medicamentos no orçamento familiar (COSTA, 2014). 
O Programa preconiza a ampliação de ações voltadas à universalização do. 
acesso da população aos medicamentos, por meio do atendimento igualitário 
de pessoas usuárias ou não de serviços públicos de saúde (BRASIL, 2004 
apud COSTA, 2014). 
 As estratégias e modalidades de atendimento previstas no Programa Farmácia 
Popular do Brasil foram sucessivamente modificadas, desde seu advento, mediante a 
adoção de diferentes iniciativas. Em sua primeira etapa, ainda em 2004, o Programa 
base ou se na abertura de farmácias estatais, gerenciadas na esfera federal pela 
Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com gestores estaduais de 
saúde e, principalmente, gestores municipais. A lista de medicamentos oferecida 
nessa rede – ‘Programa Farmácia Popular – Rede Própria’ – priorizava (i) fármacos 
que atuassem sobre o sistema cardiovascular, renal, sistema nervoso central e 
periférico, além de (ii) anti-infectantes (COSTA, 2014). 
http://conteudo.servicos.gov.br/repositorioServico/aqui-tem-farmacia-popular/?searchterm=5d82aefdd490730f88529b6282695e1f%2058c1815b7b545e654f35c2c641813e1f%20
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
Geisa
Realce
 
38 
 
Em 2006, mediante parceria com o comércio varejista farmacêutico em âmbito 
nacional, a expansão do Programa ocorreu pela modalidade conhecida como ‘Aqui 
tem Farmácia Popular’. 
Nessa modalidade, as farmácias da rede privada, uma vez credenciadas ao 
Programa, passaram a vender medicamentos a um custo menor, graças ao 
subsídio do governo federal (BRASIL, 2006 apud COSTA, 2014). 
 Essa etapa iniciou-se pela oferta de medicamentos para atender portadores 
de hipertensão e diabetes e, posteriormente, abrangeu a oferta de anticoncepcionais. 
Na rede credenciada é possível ter acesso aos medicamentos para as doenças mais 
comuns entre os cidadãos. O Programa possui uma

Outros materiais

Outros materiais