Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .................................................................... 5 3 O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO SUS ........................ 8 3.1 1923 - Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) ........ 8 3.2 1932 - Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) ...... 9 3.3 1965 - Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) ... 10 3.4 1977 - Criação do SINPAS ................................................................. 12 3.5 1982 - Implantação do PAIS ............................................................... 14 3.6 1986 - VIII Conferência Nacional de Saúde ....................................... 17 3.7 1988 - Constituição Cidadã ................................................................ 18 3.8 1990 - Criação do SUS....................................................................... 18 3.9 1991 - Criação da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) ........... 19 3.10 1994 - O Programa Saúde da Família ou PSF ................................ 19 3.11 1996 – NOB 96 ............................................................................... 21 3.12 2002 - Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-SUS) .. 21 3.13 2006 - Pacto pela Saúde ................................................................. 22 4 O DESAFIO DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ...... 22 4.1 Organização do SUS no pacto federativo brasileiro ........................... 23 5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB). .......................... 28 5.1 Atenção Básica no Brasil .................................................................... 29 5.2 Relativização da cobertura ................................................................. 30 6 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA – PSF ................................................ 33 6.1 Composição da ESF........................................................................... 34 6.2 Atividades básicas de uma equipe de Saúde da Família ................... 34 7 SERVIÇOS DO SUS ................................................................................. 35 3 7.1 Melhor em Casa - Atenção Domiciliar ................................................ 36 7.2 Aqui tem Farmácia Popular ................................................................ 37 7.3 Centro de Testagem e Acolhimento (CTA) - DST/AIDS ..................... 38 7.4 SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência ......................... 39 7.5 Unidades Básicas de Saúde (UBS) .................................................... 39 7.6 Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) ....................................... 39 7.7 Vacinação ........................................................................................... 40 8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 42 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Fonte: www.saude.gov.br O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, também chamada de “Lei Orgânica da Saúde”, é a tradução prática do princípio constitucional da saúde como direito de todos e dever do Estado e estabelece, no seu artigo 7º, que “as ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art.198 da Constituição Federal”, obedecendo ainda aos seguintes princípios segundo Reis et al. (2012): • universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; • integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; • preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; • igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; • direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; • divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; • utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 6 • participação da comunidade; • descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; • integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; • conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; • capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e • organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. As diretrizes do SUS são, portanto, o conjunto de recomendações técnicas e organizacionais voltadas para problemas específicos, produzidas pelo Ministério da Saúde, com o concurso de especialistas de reconhecido saber na área de atuação, de abrangência nacional, e que funcionam como orientadores da configuração geral do sistema em todo o território nacional, respeitadas as especificidades de cada unidade federativa e de cada município (GONZE, 2009 apud REIS, et al, 2012). Entre as principais diretrizes, podemos lembrar: • Diretrizes para a Atenção Psicossocial: Portaria MS/GM no 678, de 30/3/2006 • Diretrizes nacionais para o saneamento básico: Lei no 11.445, de 05/01/2007 • Diretrizes Nacionais para a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas (instituídas pela Portaria MS/SAS no 400, de 16/11/2009). • Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, 2004 • Diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Portaria no 3.252/2009. • Diretrizes para a Programação Pactuada e Integrada da Assistência à Saúde. • Diretrizes para a Implantação de Complexos Reguladores. • Diretrizes para a implementação do Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde (PROFAPS). Portaria no 3.189/2009 • Diretrizes para Implementação do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, 2006 Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa RealceGeisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 7 • Diretrizes para o controle da sífilis congênita: manual de bolso, 2006 • Diretrizes para o fortalecimento para as ações de adesão ao tratamento para as pessoas que vivem com HIV e AIDS • Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da Hanseníase (Portaria MS/GM no 3.125, de 07/10/10) • Estratégia Nacional de Avaliação, Monitoramento, Supervisão e Apoio Técnico aos Centros de Atenção Psicossocial • Pacto Nacional: Um mundo pela criança e o adolescente do semiárido • Pacto Nacional pela Redução Mortalidade Materna e Neonatal, 2007. • Lei no 11.445, de 05/01/2007.Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. As diretrizes apontadas como exemplo, apesar de parecerem uma coisa técnica demais, acabam tendo bastante influência no modo como os sistemas municipais de saúde são organizados, até mesmo porque, de uma maneira geral, elas são acompanhadas de recursos financeiros para a sua execução (REIS, et al 2012). Ainda de acordo com o autor, o SUS é a expressão mais acabada do esforço do nosso país de garantir o acesso universal de seus cidadãos aos cuidados em saúde que necessitam para ter uma vida mais longa, produtiva e feliz. Embora saibamos que os bons indicadores de saúde dependem de um conjunto de políticas econômicas e sociais mais amplas (emprego, moradia, saneamento, boa alimentação, educação, segurança etc.), é inquestionável a importância de uma política de saúde que, para além da universalidade, garanta a equidade, a integralidade e a qualidade do cuidado em saúde prestado aos seus cidadãos. Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 8 3 O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO SUS Fonte: mv.com 3.1 1923 - Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) A Lei Eloy Chaves cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP). Em um contexto de rápido processo de industrialização e acelerada urbanização, a lei vem apenas conferir estatuto legal a iniciativas já existentes de organização dos trabalhadores por fábricas, visando garantir pensão em caso de algum acidente ou afastamento do trabalho por doença, e uma futura aposentadoria. Com as “caixas”, surgem as primeiras discussões sobre a necessidade de se atender à demanda dos trabalhadores. Nascem nesse momento complexas relações entre os setores público e privado que persistirão no futuro Sistema Único de Saúde (REIS, et al 2012). O surgimento da Previdência Social no Brasil se insere num processo de modificação da postura liberal do Estado frente à problemática trabalhista e social, portanto, num contexto político e social mais amplo. Esta mudança se dá enquanto decorrência da contradição entre a posição marcadamente liberal do Estado frente às questões trabalhistas e sociais e um movimento operário-sindical que assumia importância crescente e se posicionava contra tal postura. Esta também é a época de nascimento da legislação trabalhista brasileira (REIS, et al 2012 apud ACURCIO, 2013). No modelo previdenciário dos anos 20 a assistência médica era vista como atribuição fundamental do sistema, o que levava, inclusive, à organização de serviços próprios de saúde. Caracteriza ainda este período, o elevado padrão de despesa. Estas duas características serão profundamente modificadas no período posterior (REIS, et al 2012). Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 9 Em relação às ações de saúde coletiva, promovidas por parte do Estado, este período é marcado pelo surgimento do chamado "sanitarismo campanhista", nascido da Reforma Carlos Chagas em 20/23. Este sanitarismo se pautava por uma visão de combate às doenças de massa com forte concentração de decisões e com estilo repressivo de "intervenção sobre os corpos individual e social". Alguns anos antes, havia sido criado o departamento Nacional de Saúde Pública, responsável por estas ações. O combate à febre amarela e gripe espanhola se deu dentro de tal modelo (REIS, et al 2012). Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva Nascimento da legislação trabalhista Lei Eloy Chaves (1923) CAP's - organizadas por empresa de natureza civil e privada, financiadas por empregados e empregadores Assistência médica como atribuição das CAP's através de serviços próprios Sanitarismo campanhista Departamento Nacional de Saúde Reforma Carlos Chagas 3.2 1932 - Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) Os IAP’s foram criados no Estado Novo de Getúlio Vargas. Os institutos podem ser vistos como resposta, por parte do estado, às lutas e reivindicações dos trabalhadores no contexto de consolidação dos processos de industrialização e urbanização brasileiros. Acentua-se o componente de assistência médica, em parte por meio de serviços próprios, mas, principalmente, por meio da compra de serviços do setor privado (REIS, et al 2012). Segundo Reis (2012) com a revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas, assumiu o poder uma coalizão que trouxe, de forma destacada, a preocupação com o novo operariado urbano. Este período foi marcado pela criação de órgãos e instrumentos que legitimaram a ação sindical em moldes corporativos. Do ponto de vista político, este período pode ser caracterizado por uma profunda crise, marcado por greves de trabalhadores e manifestações populares, principalmente entre os anos 30/35. A busca de aliados por parte do governo, que Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 10 tentava ampliar sua base de apoio, incluindo entre elas as classes trabalhadoras urbanas, colocava em evidência o tema previdência social. Foi criado o Ministério do Trabalho, aprofundou-se a legislação trabalhista, ao mesmo tempo em que havia restrições e manipulações na esfera sindical (REIS, et al 2012). Em relação à Previdência Social houve profundas modificações no que se refere à organização e concepção. Do ponto de vista de concepção, a Previdência era claramente definida enquanto seguro, privilegiando os benefícios e reduzindo a prestação de serviços de saúde. Embora com algumas oscilações entre os institutos, a legislação adotada entre 30 e 45 tentará diferenciar as atribuições de benefícios e serviços de saúde. Estes passaram a serem entendidos como concessão, e não mais atribuição específica, uma função provisória e secundária. Tal definição fez com houvesse um profundo corte nas despesas com assistência médico- hospitalar REIS, et al 2012 apud ACURCIO, 2013). Em relação às ações de saúde coletiva, esta foi a época do auge do sanitarismo campanhista. Em 1937 foi criado o primeiro órgão de saúde de dimensão nacional, o Serviço Nacional de Febre Amarela, em 39, o Serviço de Malária do Nordeste, e em 40, o Serviço de Malária da Baixada Fluminense. No período de 38/45 o Departamento Nacional de Saúde foi reestruturado e dinamizado, articulando e centralizando as atividades sanitárias de todo o país. Em 1942 foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), com atuação voltada para as áreas não cobertas pelos serviços tradicionais. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva Criação do Ministério do Trabalho CLT IAP's-organizados por categorias profissionais, com dependência do governo federal Corte nas despesas médicas, passando os serviços de saúde à categoria de concessão do sistema Auge do sanitarismo campanhista, Serviço Nacional de Febre Amarela, Serviço de Malária do Nordeste e SESP 3.3 1965 - Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) Resultou da unificação dos IAPs, no contexto do regime autoritário de 1964, vencendo as resistências a tal unificaçãopor parte das categorias profissionais que Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 11 tinham institutos mais ricos. O INPS consolida o componente assistencial, com marcada opção de compra de serviços assistenciais do setor privado, concretizando o modelo assistencial hospitalocêntrico, curativista e médico-centrado, que terá uma for te presença no futuro SUS (REIS, et al 2012). Este momento pode ser subdividido em duas fases do ponto de vista da conjuntura política, para fins didáticos. A primeira, marcada pelo fim do Estado novo e pela redemocratização do País. Foi o período do desenvolvimentismo, que levou a um acelerado processo de urbanização e industrialização. Foi marcante no governo Juscelino a visão de que a solução para os problemas sociais estava mais no desenvolvimento do que nas questões sociais. O esgotamento do modelo populista de relação entre o Estado e os trabalhadores foi-se acentuando, em associação com o capital estrangeiro e a possibilidade de incorporar as demandas dos trabalhadores (MOREIRA, 1998 apud REIS, et al 2012). Uma segunda fase foi inaugurada com o golpe de 64, que estabeleceu uma ruptura com os governos democráticos anteriores. O regime instalado teve como características o autoritarismo, com o fechamento dos canais de participação aos trabalhadores, e um discurso de racionalidade técnica e administrativa, que repercutiu nas ações de previdência e saúde (REIS, et al 2012). Segundo Reis et al (2012), as ações de previdência foram, então, caracterizadas pelo crescimento dos gastos, elevação de despesas, diminuição de saldos, esgotamento de reservas e déficits orçamentários. Isto levou a um processo de repartição simples, e não mais capitalização como no período anterior. As explicações para tais mudanças podem ser colocadas como resultantes de uma tendência natural (maior número de pessoas recebendo benefícios, uma vez que esta foi a época de recebimento de benefícios dos segurados incorporados no início do sistema); como também de mudanças de posições da Previdência Social (desmontagem das medidas de contenção de gastos dos anos 30/45; crescimento dos gastos com assistência médica, que sobe de 2,3% em 1945 para 14,9% em 1966; crescimento dos gastos com benefícios, em função do aumento dos beneficiários, de mudanças nos critérios de concessão de benefícios e no valor médio destes). Podem ser apontados dois marcos desta época: o primeiro a criação da Comissão de Planejamento e Controle das Atividades Médico-Sanitárias, com função de elaborar o plano plurianual, integrando as atividades de saúde ao Plano Nacional de Desenvolvimento; o segundo marco foi a realização da III Conferência Nacional de Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 12 Saúde, que além de discutir as propostas elaboradas pela comissão anteriormente citada, sistematizou as propostas de descentralização e municipalização da saúde. Em relação à organização de serviços, o fato mais marcante foi a criação em 1956, do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERU), que tinha a finalidade de organizar e executar os serviços de investigação e combate às principais patologias evitáveis existentes no período, dentre elas a malária, leishmaniose, doença de Chagas, peste, brucelose, febre amarela, esquistossomose, e outras endemias existentes no país. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva Constituição de 1946 LOPS (1960) Estatuto do trabalhador rural Golpe de 1964 INPS (1966) Crescimento dos gastos e esgotamento de reservas Incorporação da assistência sanitária à Previdência Uniformização dos direitos dos segurados Crescimento dos serviços próprios da Previdência Aumento dos gastos com a assistência médica Convivência com os serviços privados, em expansão Sanitarismo desenvolvimentista Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERU) 3.4 1977 - Criação do SINPAS Em 1977 foi criado o Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social (SINPAS), e, dentro dele, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), criado em 1974 e que passa a ser o grande órgão governamental prestador da assistência médica – basicamente à custa de compra de serviços médico-hospitalares e especializados do setor privado. É possível dizer que tal lógica do INAMPS, que sobreviveu como órgão até a criação do SUS, ainda se reproduz no interior do Sistema Único, mesmo passados mais de 20 anos desde sua criação (REIS, et al 2012). Foi um período marcado pelo crescente papel do Estado como regulador da sociedade, e pelo alijamento dos trabalhadores do processo político, ao lado de uma política de arrocho salarial decorrente do modelo de acumulação adotado. Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 13 A criação do INPS, citada anteriormente, inseriu-se na perspectiva modernizadora da máquina estatal, aumentando o poder de regulação do Estado sobre a sociedade e representando uma tentativa de desmobilização das forças políticas estimuladas em períodos populistas anteriores. O rompimento com a política populista não significou alteração em relação à política assistencialista anterior, ao contrário, o Estado ampliou a cobertura da previdência aos trabalhadores domésticos e trabalhadores rurais, além de absorver as pressões por uma efetiva cobertura daqueles trabalhadores já beneficiados pela Lei LOPS. Excetuando os trabalhadores do mercado informal de trabalho, todos os demais eram cobertos pela Previdência Social. Em relação à assistência médica, observa-se um movimento ainda mais expressivo de ampliação e cobertura (REIS, et al 2012). Os gastos com assistência médica, que continuaram a crescer neste período, chegaram a representar mais de 30% dos gastos totais do INPS em 76. A Ênfase era dada à atenção individual, assistencialista e especializada, em detrimento das medidas de saúde pública, de caráter preventivo e de interesse coletivo. Exemplo de descaso com as ações coletivas e de prevenção foi a diminuição do orçamento do Ministério da Saúde, que chegou a representar menos que 1,0% dos recursos da União (MOREIRA, 2012 apud REIS, et al 2012). Ocorreu uma progressiva eliminação da gestão tripartite das instituições previdenciárias, até sua extinção em 70. Ao mesmo tempo, a "contribuição do estado" se restringiu aos custos com a estrutura administrativa. A criação do INPS propiciou a implementação de uma política de saúde que levou ao desenvolvimento do complexo médico-industrial, em especial nas áreas de medicamentos e equipamentos médicos. Ao mesmo tempo, e em nome da racionalidade administrativa, o INPS deu prioridade à contratação de serviços de terceiros, em detrimento dos serviços próprios, decisão que acompanhou a postura do governo federal como um todo. De 69 a 75 a porcentagem de serviços comprados de terceiros representou cerca de 90% da despesa do INPS. A modalidade de compra de serviços adotada possibilitou o superfaturamento por parte dos serviços contratados, com prejuízo do atendimento médico prestado e colocando em risco o sistema financeiro da instituição. Para aumentar o faturamento, estes serviços utilizavam os expedientes de multiplicação e desdobramento de atos médicos, preferência por internações mais caras, ênfase em serviços cirúrgicos, além da baixa qualidade do pessoal técnico e dos equipamentos utilizados. Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 14 A expansão do complexo previdenciário criouuma nova modalidade de atendimento, a medicina de grupo, estruturada a partir de convênios entre o INPS e empresas, ficando estas com a responsabilidade pela atenção médica de seus empregados. O convênio empresa foi a forma de articulação entre o Estado e o empresariado que viabilizou o nascimento e o desenvolvimento do subsistema que viria a se tornar hegemônico na década de 80, o da atenção médica supletiva. Apesar das atribuições definidas pelo Decreto Lei 200/67 para o Ministério da Saúde, com subordinação da assistência médica previdenciária à política nacional de saúde, a prática mostrava um Ministério esvaziado em suas competências. Foram incorporados a ele a Fundação SESP e a Fundação das Pioneiras Sociais, dando início à autarquização do ministério, que acompanhava processo similar da administração federal. Por parte da saúde coletiva, as ações estavam dispersas num conjunto de Ministérios como o da Agricultura, dos Transportes, do Trabalho, do Interior, da Educação, dentre outros, e internamente ao Ministério da Saúde, em um conjunto de órgãos da administração direta e indireta. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva AI-5 Emenda Constitucional nº 1 Modernização autoritária Ampliação de cobertura previdenciária . Ampliação do complexo previdenciário Aumento dos gastos com saúde no âmbito da previdência Extensão de cobertura Modelo de compra de serviços Convênios com medicina de grupo Autarquização do MS Dispersa em vários ministérios e em órgãos da administração direta e indireta 3.5 1982 - Implantação do PAIS Em 1982 foi implementado o Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS), que dava particular ênfase à Atenção Primária, sendo a rede ambulatorial pensada como a “porta de entrada” do sistema. Visava à integração das instituições públicas Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 15 da saúde mantidas pelas diferentes esferas de governo, em rede regionalizada e hierarquizada. Propunha a criação de sistemas de referência e contrarreferência e a atribuição de prioridade para a rede pública de serviços de saúde, com complementação pela rede privada, após sua plena utilização; previa a descentralização da administração dos recursos, a simplificação dos mecanismos de pagamento dos ser viços prestados por terceiros e seu efetivo controle, a racionalização do uso de procedimentos de custo elevado e o estabelecimento de critérios racionais para todos os procedimentos. Viabilizou a realização de convênios trilaterais entre Ministério da Saúde, Ministério da Previdência e Assistência Social e Secretarias de Estado de Saúde, com o objetivo de racionalizar recursos utilizando capacidade pública ociosa. Podemos reconhecer nas AIS os principais pontos programáticos que estarão presentes quando da criação do SUS (REIS, et al 2012). De acordo com Reis, et al (2012) no ano de 1974, foram criados o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) e o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS). A criação do Ministério significou o fortalecimento das ações de previdência no interior do aparelho estatal. A criação do FAS proporcionou a remodelação e a ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos com juros subsidiados. A existência de recursos para investimento e a criação de um mercado cativo de atenção médica para os prestadores privados levou a um crescimento próximo de 500% no número de leitos hospitalares privados no período 69/84, de tal forma que subiram de 74.543 em 1969 para 348.255 em 1984. O II Plano Nacional de Desenvolvimento, elaborado no mesmo período, consagrou a separação de ações de saúde coletiva e atenção médica, e reservou os primeiros ao setor estatal e os segundos, via previdência social, ao setor privado. O plano institucionalizou o modelo médico assistencial privativista e definiu competências para as instituições públicas e privadas. Ocorreu uma autonomização da política de assistência médica previdenciária, em função da revogação de parte do Decreto Lei 200, que estabelecia a necessidade de sua obediência à política nacional de saúde (DUARTE, 2009 apud REIS, et al 2012). Ainda de acordo com autor citado, a falta de controle sobre os serviços contratados criou condições para que a corrupção atingisse, em 1974, níveis que ameaçavam o equilíbrio financeiro da previdência. Foram definidos, então, mecanismos de enfrentamento da crise, com o objetivo de controlar as distorções do modo vigente, criando condições que possibilitassem a continuidade da expansão, sem alterar substancialmente o mesmo. Foram definidos mecanismos de controle ao Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 16 setor contratado, através da criação da Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV), da ampliação dos convênios (convênios com sindicatos, universidades, prefeituras, governos estaduais, dentre outros) e da normatização e criação de novos mecanismos institucionais de relação público- privado e entre esferas de governo. Dentre estes, merece destaque o Plano de Pronta Ação (PPA) e o Sistema Nacional de Previdência Social (SINPAS). O PPA tinha como objetivo desburocratizar o atendimento dos casos de emergência, o que levou à universalização do atendimento das mesmas. Foram estabelecidas formas de relacionamento através de contratos, com pagamento de serviços prestados e convênios, com repasse de subsídios fixos. O PPA teve importância em virtude do início da universalização do atendimento com recursos previdenciários e por remunerar instituições estatais. A criação do SINPAS tinha como objetivo disciplinar a concessão e manutenção de benefícios e prestação de serviços, o custeio de atividades e programas, a gestão administrativa, financeira e patrimonial da previdência. Foram criados o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e o Instituto de Arrecadação da Previdência Social – (IAPAS), além de integrar os órgãos já existentes. A criação do SINPAS pode ser compreendida no processo de crescente tendência à universalização e à adoção do modelo de Seguridade Social (REIS, et al 2012). Neste período foram definidas as bases que permitiram a hegemonia na década de 70, do modelo assistencial privativista. De acordo com Mendes, este modelo se assenta no seguinte tripé de acordo com Reis, et al (2012).: (a) o Estado como financiador do sistema, através da Previdência Social; (b) o setor privado nacional como maior prestador de serviços de assistência médica; (c) o setor privado internacional como mais significativo produtor de insumos, em especial equipamentos médicos e medicamentos. Em relação às ações de saúde coletiva, percebeu-se uma coincidência entre as propostas internacionais de cuidados primários em saúde, decorrentes da Conferência de Alma-Ata, da qual o Brasil é um dos signatários, e a necessidade interna de desenvolver e expandir cobertura para contingentes populacionais excluídos pelo modelo previdenciário (REGO, 2012 apud REIS, et al 2012). Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 17 Tendo como referência as experiências em vigor, as recomendações internacionais e a necessidade de expandir cobertura, em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS). Concebido na Secretaria de Planejamento da Presidência da República, o PIASS se configurou como o primeiro programa de medicina simplificada do nível federal e permitia a entrada de técnicos provenientesdo "movimento sanitário" no interior do aparelho de Estado. O programa concentrou suas ações nas Secretarias Estaduais de Saúde, que adotaram modelos desconcentrados. Em 1979 foi estendido a todo território nacional, o que resultou numa grande expansão da rede ambulatorial pública (REIS, et al 2012). Esta época pode ser definida como o início do movimento contra hegemônico que, nos anos 80, viria a se conformar como o projeto da Reforma Sanitária Brasileira. Em todo o País surgiram movimentos de trabalhadores de saúde. Foram criados o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de Pós- Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), que participaram do processo de sistematização das propostas de mudança do modelo de saúde em vigor. Aconteceram também os primeiros encontros de secretários municipais de saúde, alimentando um incipiente, mas crescente, movimento municipalista em saúde. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva II PND MPAS FAS SINPAS Disciplina concessão de benefícios, prestação de serviços e administração da previdência Remodelação e ampliação dos hospitais da rede privada Criação do INAMPS Separação das ações de saúde pública e assistência Cuidados primários em saúde (Alma-Ata) PIASS CEBES ABRASCO 3.6 1986 - VIII Conferência Nacional de Saúde A realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, com intensa participação social, deu-se logo após o fim da ditadura militar iniciada em 1964, e consagrou uma Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 18 concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e como dever do Estado, atributos seriam plenamente incorporados na Constituição de 1988.A VIII CNS foi o grande marco nas histórias das conferências de saúde no Brasil. Foi a primeira vez que a população participou das discussões da conferência. Suas propostas foram contempladas tanto no texto da Constituição Federal/1988 como nas leis orgânicas da saúde, no 8.080/90 e no 8.142/90.Participaram dessa conferência mais de 4 mil delegados, impulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, os quais propuseram a criação de uma ação institucional correspondente ao conceito ampliado de saúde, que envolve promoção, proteção e recuperação (REIS, et al 2012). 3.7 1988 - Constituição Cidadã Em 1988 foi aprovada a “Constituição Cidadã”, que estabelece a saúde como “Direito de todos e dever do Estado” e apresenta, na sua Seção II, como pontos básicos: “as necessidades individuais e coletivas são consideradas de interesse público e o atendimento um dever do Estado; a assistência médico-sanitária integral passa a ter caráter universal e destina-se a assegurar a todos o acesso aos serviços; esses serviços devem ser hierarquizados segundo parâmetros técnicos e a sua gestão deve ser descentralizada”. Estabelece, ainda, que o custeio do Sistema deverá ser essencialmente de recursos governamentais da União, estados e municípios, e as ações governamentais submetidas a órgãos colegiados oficiais, os Conselhos de Saúde, com representação paritária entre usuários e prestadores de serviços (BRASIL, 1988 apud REIS, et al 2012). 3.8 1990 - Criação do SUS A Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu através da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes”. A primeira lei orgânica do SUS detalha: os objetivos e atribuições; os princípios e diretrizes; a organização, direção e gestão, a competência e atribuições de cada nível (federal, estadual e municipal); a participação complementar do sistema Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 19 privado; recursos humanos; financiamento e gestão financeira e planejamento e orçamento. Logo em seguida, a Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros. Institui os Conselhos de Saúde e confere legitimidade aos organismos de representação de governos estaduais (CONASS – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) e municipais (CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde).Finalmente estava criado o arcabouço jurídico do Sistema Único de Saúde, mas novas lutas e aprimoramentos ainda seriam necessários (BRASIL, 1990 apud REIS, et al 2012). 3.9 1991 - Criação da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) Criada a Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) com representação do Ministério da Saúde, das Secretarias Estaduais de Saúde e das Secretarias Municipais de Saúde e da primeira norma operacional básica do SUS, além da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB) para o acompanhamento da implantação e da operacionalização da implantação do recém-criado SUS. As duas comissões, ainda atuantes, tiveram um papel importante para o fortalecimento da ideia de gestão colegiada do SUS, compartilhada entre os vários níveis de governo (REIS, et al 2012). 3.10 1994 - O Programa Saúde da Família ou PSF No Brasil, conhecido hoje como “Estratégia Saúde da Família”, por não se tratar mais apenas de um “programa”, teve início em 1994 como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a Atenção Primária. A Estratégia Saúde da Família visa à reversão do modelo assistencial vigente, em que predomina o atendimento emergencial ao doente, na maioria das vezes em grandes hospitais. A família passa a ser o objeto de atenção, no ambiente em que vive, permitindo uma compreensão ampliada do processo saúde-doença (REIS, et al. 2012). O programa inclui ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes. No âmbito da reorganização dos ser viços de saúde, a Estratégia Saúde da Família vai ao encontro dos debates e análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 20 Atenção à Saúde vigente e que vem sendo enfrentado, desde a década de 1970, pelo conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. Esses pressupostos, tidos como capazes de produzir um impacto positivo na orientação do novo modelo e na superação do anterior – calcado na super valorização das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar, e que induz ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, na fragmentação do cuidado – encontram, em relação aos recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS), outro desafio. Tema também recorrente nos debates sobre a reforma sanitária brasileira, verifica-se que, ao longo do tempo, tem sido unânime o reconhecimento acerca da importância de se criar um “novo modo de fazer saúde” (REIS, et al. 2012). No Brasil, a origem do PSF remonta à criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 1991 como parte do processo de reforma do setor da saúde, desde a Constituição, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde. Em 1994, o Ministério da Saúde lançou o PSF como política nacional de Atenção Básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelotradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas focais (GUEDES, et al 2011 apud REIS, et al 2012). Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo emitiu a Portaria no. 648, de 28 de março de 2006, na qual ficava estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica – que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: universalização, equidade, descentralização, integralidade e participação da comunidade – mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários. Em 2011, a portaria GM no. 2.488/2011 revogou a portaria GM no 648/2006 e demais disposições em contrário ao estabelecer a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica e aprovar a Política Nacional de Atenção Básica para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) (REIS, et al. 2012). Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 21 3.11 1996 – NOB 96 A edição da NOB 96 representou a aproximação mais explícita com a proposta de um novo modelo de Atenção. Para isso, ela acelera a descentralização dos recursos federais em direção aos estados e municípios, consolidando a tendência à autonomia de gestão das esferas descentralizadas, criando incentivo explícito às mudanças, na lógica assistencial, rompendo com o produtivismo (pagamento por produção de serviços, como o INAMPS usava para comprar ser viços do setor privado) e implementando incentivos aos programas dirigidos às populações mais carentes, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS ), e às práticas fundadas numa nova lógica assistencial, como o Programa de Saúde da Família (PSF).As principais inovações da NOB 96 foram: a) a concepção ampliada de saúde – considera a concepção determinada pela Constituição englobando promoção, prevenção, condições sanitárias, ambientais, emprego, moradia etc.; b) o fortalecimento das instâncias colegiadas e da gestão pactuada e descentralizada – consagrada na prática com as Comissões Intergestores e os Conselhos de Saúde; c) as transferências fundo a fundo (do Fundo Nacional de Saúde direto para os fundos municipais de saúde, regulamentados pela NOB 96), com base na população e em valores per capita previamente fixados; d) novos mecanismos de classificação determinam os estágios de habilitação para a gestão, nos quais os municípios são classificados em duas condições: gestão plena da Atenção Básica e gestão plena do sistema municipal (BRASIL, 1996 apud REIS, et al 2012). Na gestão plena da Atenção Básica, os recursos são transferidos de acordo com os procedimentos correspondentes ao PAB – Piso da Atenção Básica. A atenção ambulatorial especializada e a atenção hospitalar continuam financiadas pelo Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) e pelo Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS). No caso dos municípios em gestão plena do sistema, a totalidade dos recursos é transferida automaticamente. 3.12 2002 - Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-SUS) No ano 2002 é editada a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS- SUS), cuja ênfase maior é no processo de regionalização do SUS, a partir de uma Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 22 avaliação de que a municipalização da gestão do sistema de saúde, regulamentada e consolidada pelas normas operacionais, estava sendo insuficiente para a configuração do sistema de saúde por não permitir uma definição mais clara dos mecanismos regionais de organização da prestação de serviços. O Pacto pela Vida tem sua grande força, exatamente em um novo ordenamento dos processos de regionalização do SUS (BRASIL, 2002 apud REIS, et al 2012). 3.13 2006 - Pacto pela Saúde O Pacto pela Saúde é um conjunto de reformas institucionais pactuado entre as três esferas de gestão (União, estados e municípios) do Sistema Único de Saúde, com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão. Sua implementação se dá por meio da adesão de municípios, estados e União ao Termo de Compromisso de Gestão (TCG), que, renovado anualmente, substitui os anteriores processos de habilitação e estabelece metas e compromissos para cada ente da federação. As transferências dos recursos também foram modificadas, passando a ser divididas em seis grandes blocos de financiamento (Atenção, Básica, Média e Alta Complexidade da Assistência, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica, Gestão do SUS e Investimentos em Saúde).Mais informações sobre o Pacto pela Saúde serão apresentadas na última par te do texto (REIS, et al 2012). 4 O DESAFIO DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Fonte: www.sinasefeifsul. Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 23 Segundo Miranda, (2017) desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), persistem importantes desafios para garantia do direito à saúde no país. Esta reflexão teórica acerca da organização do SUS foi elaborada a partir da realização de entrevistas com atores da política social e de saúde do país, da análise de indicadores referentes aos municípios, população, rede assistencial e financiamento do sistema de saúde e de uma fundamentação teórica crítica, porém não sistemática, orientada pelo marco conceitual da universalização, do controle social, do financiamento das necessidades e da descentralização do SUS. Os sistemas de saúde universais são considerados os que melhor respondem às necessidades da população. Entretanto, o subfinanciamento desafia sua consolidação, com um percentual quase inalterado dos gastos federais como proporção do produto interno bruto (PIB), apesar do crescimento real dos gastos totais com o setor da saúde entre 2000 e 2012, reflexo do crescimento econômico. Trata-se de uma estabilidade que não responde às necessidades crescentes do sistema de saúde (PIOLA, 2013 apud MIRANDA, 2017). No Brasil, o pacto federativo e a organização do SUS com base no município, na sua maioria com menos de 30 mil habitantes, dificulta a organização das redes de saúde e compromete a resolutividade do sistema, entendimento que reforça a necessidade de conformação de territórios de base populacional. Esses são desafios que precisam ser enfrentados e que exigem o resgate dos ideais do Movimento Sanitário Brasileiro. O momento exige uma ação de resistência, em defesa do SUS, para assegurar a garantia da universalidade, indiscutivelmente a maior conquista social da população brasileira (MIRANDA, 2017). 4.1 Organização do SUS no pacto federativo brasileiro Solidariedade, universalidade e equidade são princípios que guardam uma estreita relação com a igualdade de acesso a ações e a serviços de saúde (SOJO, 2011). Conquista do movimento sanitário brasileiro, o SUS foi implantado na Constituição Federal de 1988, assegurando a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado, com os princípios da universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde (PAIM et al., 2011 apud TEIXEIRA, 2011). Ao longo dos anos, como resposta às necessidades atuais e crescentes e ao desenvolvimento tecnológico e científico, os sistemas de saúde universais têm sido considerados como aqueles que melhor respondem às necessidades da população, bem como os que mais contribuem para o desenvolvimento econômico de um país. Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 24 A garantia da universalidade representou, na história do Brasil, o resgate de uma dívida social e oinício da implantação da reforma do setor saúde. O dever do Estado foi assegurado pela primeira vez em uma Constituição, sendo representado pela responsabilidade para com a organização de um sistema de saúde único, nacional, público e universal. Mas, passados quase 30 anos, o sistema e seus defensores enfrentam importantes desafios. São questões que existem desde a implantação do sistema e que, em momentos de crise política e econômica, agravam as ameaças impostas para sua implementação. A organização tríplice, com a autonomia das esferas de governo, tornou complexa a construção do sistema de saúde, pois municípios, estados e União não apresentam relação de hierarquia entre si (ALMEIDA, 2009 apud MIRANDA, 2017). Os munícipios, antes agentes, tornaram-se principais atores do sistema. E essa organização, tendo como esfera principal o município, dificulta a oferta, resolutiva e em tempo oportuno, de ações e de serviços de saúde. Único país do mundo com esse nível de descentralização, a não diferenciação entre os entes federativos coloca-se como um elemento complicador da organização das redes de saúde no Brasil. Segundo Campos (2014), entre os países com sistemas universais de saúde somente o Brasil tem organização com a autonomia dos três entes federados. Nos países, o planejamento e a gestão do sistema de saúde são regionais, não havendo nenhuma descentralização em nível municipal. Na Espanha, por exemplo, atinge o nível estadual, e na Itália, em regiões. Um país de dimensão continental e que tem, em sua maioria, municípios de pequeno porte, quase 80% das cidades brasileiras têm menos de 30 mil habitantes. Quando somados aos municípios com até 100 mil habitantes, representavam menos de 45% da população brasileira em 2015 (IBGE, 2016). Juntos, esses municípios concentravam apenas 25% dos médicos com vínculo com o SUS. A maior proporção (35,2%) estava nos municípios com mais de um milhão de habitantes, apenas 17 cidades do país, que possuíam uma relação entre o número de médicos e habitantes três vezes maior que aqueles municípios com menos de 30 mil habitantes (BRASIL, 2016 apud MIRANDA, 2017). De acordo com Rodrigues (2014), durante a descentralização, essa diversidade dos municípios brasileiros não foi considerada. Muitas cidades não possuíam Geisa Realce 25 população suficiente para implantar um sistema de saúde propriamente dito, com diferentes níveis de complexidade da atenção. Os pequenos municípios, em maioria, dependem dos repasses do governo federal para sustentar sua estrutura de saúde. Quase todos já atingiram ou superaram o limite constitucional de gastos definidos pela Emenda Constitucional nº 29. Em 2015, os municípios gastaram em média 22%1 de seu orçamento próprio, acima do valor definido pela Emenda Constitucional. Em valores ajustados conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 31 de dezembro de 2012, o gasto público total com saúde por habitante apresentou tendência crescente, com um aumento médio anual de R$ 40,76, passando de R$ 438,00 em 2000 para R$ 903,52 em 2012. A menor variação proporcional foi observada nos valores federais gastos por habitante, que cresceu 61,2% no período estudado, quando os gastos municipais per capita aumentaram em mais de 180%.2 Houve um crescimento dos gastos totais com saúde em 106,5% em valores atualizados entre 2000 e 2012, com uma maior participação dos estados e municípios no seu financiamento. Os valores ultrapassaram a inflação acumulada do período, graças ao forte crescimento econômico do país, identificado pelo aumento real do PIB de 74,4%.2 Entretanto, apesar de ser o maior ente financiador do sistema, a proporção dos gastos federais com saúde oriundos do percentual do PIB apresentou-se constante, encontrando-se em 1,82% em 2012.2 Trata-se de uma estabilidade que não responde às necessidades crescentes do sistema de saúde. As dificuldades relativas ao financiamento estão presentes desde a implantação do SUS, quando o país enfrentava uma crise econômica que, associada à postura liberal do Estado, reduzia a atuação estatal nas políticas públicas. O fato de estados e municípios em sua maioria já terem atingido ou superado o limite constitucional de gastos com a saúde (SAIANI, 2011 apud MIRANDA, 2017) reforça o desafio do financiamento do sistema público de saúde, em virtude da complexificação da assistência diante das atuais e futuras demandas de saúde da população e da descentralização das responsabilidades. O financiamento tem sido, portanto, desde o início do SUS, em um contexto de endividamento do Estado e de sua reduzida capacidade de atuação, um dos principais Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 26 desafios para que o sistema de saúde assegure o acesso universal, integral e equânime a ações e a serviços de saúde. Como a Constituição de 1988 não esclareceu as regras de financiamento, surgiram desde 1993 Propostas de Emendas Constitucionais que conferiam responsabilidades e recursos para a saúde. No entanto, foi em somente em 2011 que a Emenda Constitucional nº 29 foi regulamentada (FORTES, 2012), e até hoje não se definiu a participação federal no financiamento da saúde, apresentando uma média de 1,70% do PIB entre 2000 e 2012. Segundo Soares (2014), países como a Espanha, o Canadá, a França e o Reino Unido, que também têm sistema universal de saúde, gastam entre 7% e 8% do seu PIB com ações e serviços públicos de saúde. No Brasil, por sua vez, esse gasto alcançou 3,99% do PIB do país em 2012, um percentual inferior ao investimento realizado pelos países com sistemas universais. Além da insuficiência, somam-se novas ameaças, como a aprovação do orçamento impositivo, que consolida o subfinanciamento do sistema, a permissão do capital estrangeiro na assistência à saúde (BAHIA, 2015) e a aprovação da Emenda Constitucional nº 55, que congela por 20 anos os gastos públicos e que põe em risco as conquistas alcançadas no período, representando um retrocesso para consolidação do próprio sistema de saúde e desconsiderando a necessidade de investimento público para responder às dificuldades geradas pelas transições demográfica e epidemiológica brasileiras, não aproveitando a janela de oportunidade vivenciada pelo país – momento de oportunidade (Miranda, 2016) que, se aproveitado com os devidos e necessários investimentos, pode potencializar as oportunidades demográficas e contribuir para redução das profundas desigualdades. Mais atual do que nunca, busca-se uma resposta para questão: “quanto a sociedade está disposta a pagar para o SUS?”. A segurança do sistema pede a politização da população e a defesa da universalidade (MENICCUCI, 2009, p. 1625). A esse conjunto de desafios somam-se as dificuldades de tornar o espaço correspondente ao território e à população, assim como a organização político-administrativa de um município equivalente a uma rede regionalizada e resolutiva de serviços (ACIOLE, 2012 apud MIRANDA, 2017). Nesse contexto, a conformação de territórios de base populacional e o fortalecimento das redes de saúde, diante da consolidação dos pactos e da mediação Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 27 dos conflitos políticos entre as esferas de governo, tornam-se ações essenciais para a organização do sistema e para o atendimento às demandas de saúde. Esse entendimento reforça a importância das redes de saúde para organizar, de forma integrada e sob a coordenação da atenção primária em saúde, os pontos de atenção, os sistemas de apoio, os sistemas logísticos e o sistema de governança (MENDES, 2013 apud MIRANDA, 2017). O limite imposto por essa fragmentação foi reconhecido pela gestão pública desde 2002, que tem proposto pactos para superação da fragilidade na organização política do SUS, mas que, noentanto, não têm sido suficientes para enfrentar o proble- ma. A disparidade existente entre a capacidade de governança dos municípios tem repercutido negativamente na organização do sistema de saúde. Nas últimas décadas, o Ministério da Saúde tem adotado mecanismos para superar as tensões impostas por essa fragmentação, mediante pactos firmados entre as esferas de governo. Trata-se de mudanças que representam avanços na política de pactuação do SUS, mas que isoladamente não garantem o alcance dos resultados esperados (LIMA et al., 2012 apud MIRANDA, 2017). É preciso, por isso, que se criem instrumentos para organização de um sistema de saúde resolutivo, integral e equânime, bem como espaços que estimulem debates e que fomentem a reformulação das responsabilidades sanitárias, redesenhando o modelo assistencial e consolidando campos permanentes de diálogo e construção do sistema de saúde, no sentido de ampliar a regionalização e a busca da equidade, mediante a organização de sistemas de saúde funcionais em todos os níveis de atenção, não necessariamente resumidos aos territórios municipais (ACIOLE, 2012). Esse é cenário que aponta para a necessidade urgente de reforma e construção de políticas que superem o modelo de organização do sistema de saúde baseado no município, consolidando a regionalização, mediante conformação das redes de saúde (MIRANDA, 2017). Santos e Campos (2015) despertam para a necessidade premente de debate sobre a institucionalidade do sistema de saúde do país. Propondo mudanças na organização do SUS, os autores centralizam a discussão em torno da conformação de robustas regiões de saúde, capazes de responder por pelo menos 95% das necessidades de saúde do território regional e de assegurar a autonomia sanitária. Geisa Realce 28 5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB). Fonte:conass.org Transcorridos 27 anos desde a promulgação das Leis nº 8.080 e nº 8.142, de 1990, é possível dizer que, mesmo com dificuldades e lacunas, foram as políticas direcionadas para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil que mais favoreceram a implantação dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (MELO,2018). Expressas por meio de documentos específicos, as Políticas Nacionais de Atenção Básica (PNAB) tiveram papel fundamental nesse processo, permitindo inflexões importantes, principalmente no modelo de atenção e na gestão do trabalho em saúde nos municípios. Isso ocorreu de modo articulado à introdução dos mecanismos de financiamento que desempenharam papel indutor na sua adoção como eixo estruturante da organização das ações e serviços de saúde (STARFIELD, 2002 apud MELO, 2018). Em setembro de 2017, foi publicada uma nova PNAB, que suscitou a crítica de organizações historicamente vinculadas à defesa do SUS, como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp). Em nota conjunta, as três instituições denunciaram, entre outras coisas, a revogação da prioridade dada à Estratégia Saúde da Família (ESF) na organização do SUS com a provável perda de recursos para outras configurações da Atenção Básica (AB), em um contexto de retração do financiamento da saúde. Demonstraram preocupação com retrocessos Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 29 em relação à construção de uma APS integral, que vinha direcionando o modelo de AB baseado na ESF (MELO,2018). 5.1 Atenção Básica no Brasil Em 1994, a criação do Programa Saúde da Família (PSF) permitiu ampliar a cobertura em saúde, em um movimento inicialmente voltado apenas para a parte da população brasileira em situação social mais vulnerável. Configurou-se um modo de compor a equipe e de organizar o processo de trabalho, com base territorial e responsabilidade sanitária, referências sustentadas pelas sucessivas políticas. Com a Norma Operacional Básica do SUS de 1996 (NOB/96), o PSF assumiu a condição de estratégia de reorientação da APS, em substituição às modalidades tradicionais. A NOB/96 instituiu os componentes fixo e variável do Piso da Atenção Básica (PAB) e estabeleceu incentivos financeiros aos municípios que adotassem o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pac’s) e o PSF, tornando automática e regular a transferência de recursos federais para o financiamento desses programas (GIOVANELLA, 2012 apud MELO, 2018). Essa priorização teve repercussões concretas, e, em 1998, foi estabelecido o primeiro Pacto de Indicadores da Atenção Básica, processo que se renovou periodicamente por meio da negociação intergestores de metas para a avaliação e o monitoramento da AB no SUS. Desdobrou-se, também, em outros dispositivos de fortalecimento da AB, como, por exemplo, a criação do Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab), também em 1998, substituindo o Sistema de Informação do Programa de Agente Comunitário de Saúde (Sipacs). Ainda visando à reorientação do modelo de atenção, foi criado, em 2002, o Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (Proesf), voltado para os municípios com mais de 100 mil habitantes, explicitando a compreensão da saúde da família como uma estratégia viável não apenas nas pequenas cidades e no meio rural, onde se implantou originalmente. No âmbito do Proesf, foi criada, em 2005, a Avaliação para a Melhoria da Qualidade (AMQ), que instituiu uma metodologia de avaliação em diversos níveis: gestores, coordenadores, unidades de saúde e Equipes da Saúde da Família (EqSF), com o propósito de qualificação da AB por meio da avaliação ( BRASIL, 2017 apud MELO, 2018). A agenda política de fortalecimento da APS por meio da ESF consolidou-se gradativamente e, em 2006, tornou-se uma das dimensões prioritárias do Pacto pela Vida. Naquele mesmo ano, foi publicada a PNAB, revisada em 2011, buscando Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 30 preservar a centralidade da ESF para consolidar uma APS forte, ou seja, capaz de estender a cobertura, prover cuidados integrais e desenvolver a promoção da saúde, configurando-se como porta de entrada principal do usuário no SUS e eixo de coordenação do cuidado e de ordenação da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Esse processo envolveu um amplo escopo de ações, mobilizando instituições e sujeitos sociais para responder aos desafios colocados para a formação de trabalhadores, a organização do processo de trabalho, as interações com a comunidade, a compreensão do território e as relações entre os entes federados. Há, pelo menos, dois indicadores importantes da centralidade dada à PNAB no âmbito federal das políticas de saúde. São eles: o aumento superior a 100% dos recursos repassados aos municípios para o financiamento da AB, entre 2010 e 2014; e a aplicação de recursos para a qualificação e a ampliação da estrutura das unidades, por meio de um projeto específico, o Requalifica SUS, lançado em 2011. Também em 2011, foi instituído o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), que incorporou elementos da AMQ e ampliou as vertentes de avaliação, tendo como finalidade a certificação das EqSF. Esse Programa permitiu vincular formas de transferência de recursos do PAB variável aos resultados provenientes da avaliação, constituindo-se em um mecanismo de indução de novas práticas (BRASIL, 2017 apud MELO, 2018). Em termos de cobertura, dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde (MS) indicam que a ESF alcançava 58% da população, em outubro de 2017, e sabe-se que essa cobertura chegou a atingir 100% em alguns municípios. Tudo isso mediante novos serviços, modalidades e arranjos de equipes multiprofissionais, com destaque paraas equipes ampliadas pela saúde bucal e pelos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Mesmo reconhecendo a persistência de problemas no acesso, na qualidade e na continuidade da atenção, diversos estudos sugerem avanços decorrentes das políticas de APS na redução de internações evitáveis e dos gastos hospitalares, e para a melhoria das condições de vida e saúde da população brasileira (MELO, 2018). 5.2 Relativização da cobertura A universalidade é um princípio estruturante da atenção à saúde no âmbito do SUS, que, aliada à integralidade, tem distinguido a PNAB de conformações Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 31 simplificadas e focalizantes de APS. Baseadas nesses princípios, as PNAB 2006 e 2011 vinham projetando a expansão da ESF, nas duas últimas décadas. Considerando este movimento, o tema da cobertura da AB destaca-se como um importante indicador da intencionalidade da PNAB 2017 (MELO, 2018). Retrospectivamente, citado pelo autor acima, percebe-se que, entre os itens necessários à implantação da ESF nas PNAB 2006 e 2011, encontrava-se uma única referência à cobertura universal. Ela se construiu de forma mediada, representada pela relação entre o número previsto de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) por equipe e a cobertura de 100% da população cadastrada. Na PNAB, constava que, para a implantação de EqSF, seria necessário um número de ACS suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por EqSF. A PNAB 2011 acrescentou o alerta de que não se deveria ultrapassar o limite máximo de moradores vinculados a cada equipe, evidenciando a preocupação com as condições que poderiam diretamente afetar a qualidade da atenção (MELO, 2018). No texto da PNAB 2017, anterior à consulta pública, não há nenhuma referência à cobertura universal. A referência a 100% de cobertura é retomada no texto publicado, porém restrita a certas áreas: Em áreas de risco e vulnerabilidade social, incluindo de grande dispersão territorial, o número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da população, com um máximo de 750 pessoas por agente, considerando critérios epidemiológicos e socioeconômicos (OMS, 1979 apud MELO, 2018). Segundo Melo (2018), a flexibilização da cobertura populacional está relacionada também aos parâmetros da relação equipe/população apresentados no item ‘Funcionamento’. Ali se lê que a população adscrita recomendada por equipe de AB e EqSF é de 2 mil a 3,5 mil pessoas. Entretanto, neste mesmo item, de acordo com as especificidades do território, prevê-se também a possibilidade de “outros arranjos de adscrição”, com parâmetros populacionais diferentes, que podem ter alcance “maior ou menor do que o parâmetro recomendado”. A decisão a esse respeito fica a cargo do gestor municipal, em conjunto com a equipe de AB e o Conselho Municipal ou Local de Saúde, com a ressalva de que fica assegurada a qualidade do cuidado. Na PNAB 2011 havia a seguinte indicação: “quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas por equipe”. Segundo Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 32 essa redação, o critério de flexibilização de parâmetros populacionais apontava claramente a intenção de favorecer aqueles que apresentassem maior necessidade de atenção. O mesmo não pode ser dito em relação à nova PNAB, que, mais uma vez, se descompromete a adotar parâmetros que favoreçam um processo de atenção progressivamente mais qualificado. Ao desconsiderar a relação entre quantidade e qualidade, a afirmação de que deve ser assegurada a qualidade do cuidado torna-se mera retórica (MELO, 2018). A cobertura é igualmente relativizada por meio da indefinição do número de ACS, uma vez que a PNAB 2017 indica que o número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente. Deste modo, pode-se compor equipes com apenas um ACS. Quando uma política, simultaneamente, torna indefinido o número de ACS por equipes e flexibiliza os parâmetros de cobertura, reforça-se o risco de serem recompostas barreiras ao acesso à saúde de parte da população. Lembre-se, aqui, que o ACS é um trabalhador que deveria ser o ‘elo’ entre os serviços de saúde e a população, contribuindo para facilitar o acesso e proporcionar uma relação estável e contínua entre a população e os serviços de APS. Tal formulação compromete, também, um conjunto de processos já instituídos na ESF, que se estruturam por meio da presença constante de um trabalhador da saúde no território. Entre esses processos, destacam-se a escuta e a percepção de problemas e necessidades que poderiam ser invisíveis aos serviços, bem como a identificação e a criação de possibilidades de intervenção, dadas a partir de seus conhecimentos sobre a dinâmica da vida no território (MELO, 2018). De acordo com autor essas alterações articuladas abrem um precedente inédito na história da PNAB, que desestabiliza o compromisso da política com a universalidade da atenção à saúde no SUS. Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 33 6 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA – PSF Fonte: globo.com A Estratégia Saúde da Família (ESF) busca promover a qualidade de vida da população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação, uso de tabaco, dentre outros. Com atenção integral, equânime e contínua, a ESF se fortalece como a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) (MACHADO, 2018). A proximidade da equipe de saúde com o usuário permite que se conheça a pessoa, a família e a vizinhança. Isso garante uma maior adesão do usuário aos tratamentos e intervenções propostas pela equipe de saúde, e o resultado é mais problemas de saúde resolvidos na atenção básica, sem a necessidade de intervenção de média e alta complexidade em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) ou hospital. De acordo com Machado (2018) a equipe de saúde da família está ligada à Unidade Básica de Saúde (UBS) local. Esse nível de atenção resolve 80% dos problemas de saúde da população. Entretanto, se a pessoa precisar de um cuidado mais avançado, a ESF já faz este encaminhamento. Desta forma, a saúde da família se fortalece como a porta de entrada do Sistema Único de Saúde, reorganização da atenção básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 34 6.1 Composição da ESF A Estratégia Saúde da Família (ESF) segundo Brasil (2017), é composta por equipe multiprofissional que possui, no mínimo, médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). Também há equipe de saúde bucal, composta por cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em saúde bucal. O número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por agente e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por equipe. Cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável por, no máximo, 2.000- 3.500 pessoas de uma determinada área, que passam a ter corresponsabilidade no cuidadocom a saúde (BRASIL, 2017). 6.2 Atividades básicas de uma equipe de Saúde da Família • Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis e identificar os problemas de saúde mais comuns e situações de risco aos quais a população está exposta; • executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos de vigilância à saúde e de vigilância epidemiológica, nos diversos ciclos da vida; • garantir a continuidade do tratamento, pela adequada referência do caso; • prestar assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada à demanda, buscando contatos com indivíduos sadios ou doentes, visando promover a saúde por meio da educação sanitária; • promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos problemas; • discutir, de forma permanente, junto à equipe e à comunidade, o conceito de cidadania, enfatizando os direitos de saúde e as bases legais que os legitimam; Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 35 • incentivar a formação e/ou participação ativa nos conselhos locais de saúde e no Conselho Municipal de Saúde. 7 SERVIÇOS DO SUS Fonte: treinamentos.com O Sistema Único de Saúde completa em 2020, 32 anos. O SUS é o único sistema de saúde pública do mundo que atende mais de 190 milhões de pessoas, sendo que 80% delas dependem exclusivamente dele para qualquer atendimento de saúde. Mas, além da assistência, utilizamos o SUS o todo tempo. Para comprar um remédio na farmácia, é preciso a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência normatiza, controla e fiscaliza produtos, substâncias e serviços de saúde disponíveis no país. Quando uma pessoa é vacinado, é em razão do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que garante as principais vacinas para a população (GUIMARÃES, 2020). As ações do Sistema Único de Saúde (SUS) são diversas e englobam, por exemplo, o controle de qualidade da água potável, fiscalização de alimentos pela da Vigilância Sanitária , nas regras de vendas de medicamentos genéricos ou nas campanhas de vacinação, de doação de sangue ou leite materno que acontecem durante todo o ano. Muitos procedimentos médicos de média e alta complexidade, por exemplo, são feitos pelo SUS, como doação de sangue, doação de leite humano (por http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/88-transparencia-da-saude/14971-servicos-do-sus http://www.saude.mg.gov.br/sus http://portal.anvisa.gov.br/ http://portal.anvisa.gov.br/ http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/pni/o-que-e.html http://www.hemominas.mg.gov.br/ http://www.fhemig.mg.gov.br/servicos/1331-servicos/1575-banco-de-leite-coleta-e-doacao-de-leite-materno Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 36 meio de Bancos de Leite Humano), quimioterapia e transplante de órgãos, entre outros que serão descritos. 7.1 Melhor em Casa - Atenção Domiciliar A demanda por melhorias na qualidade da atenção e por cuidado integral à saúde, além do envelhecimento da população associada à transição epidemiológica que vem ocorrendo no país têm fortalecido estratégias, mecanismos e práticas inovadoras de cuidado em saúde com destaque para o surgimento de formas de cuidar próximas ao domicílio, como Estratégia de Saúde da Família, os serviços de atendimento domiciliar terapêutico destinados a pacientes com HIV/ Aids, propostas de cuidados paliativos domiciliares, entre outros (MERHY, 2010). De acordo com o autor citado, A atenção domiciliar consiste numa modalidade de atenção à saúde substitutiva ou complementar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção à saúde. A Atenção Domiciliar foi instituída pela portaria 2.029 de 24 de agosto de 2011 que foi substituída pela portaria 2.527 de 27 de outubro de 2011 e foi produto de um importante processo de negociação e pactuação tripartite que contou com vários momentos nos quais, Ministério da Saúde e os gestores municipais e estaduais, representados pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), respectivamente, consideraram o acúmulo das experiências concretas realizadas no cotidiano do SUS e da política direcionada à internação domiciliar vigente antes desta portaria. Com o objetivo de permitir que os municípios com menor porte populacional também pudessem ter implantados em seu território serviços de atenção domiciliar com o apoio do Ministério da Saúde, foi publicada nova portaria (GM 2.527 de 27 de outubro de 2011), que redefine a atenção domicilia no âmbito do SUS (MERHY, 2010). http://conteudo.servicos.gov.br/repositorioServico/melhor-em-casa/?searchterm=5d82aefdd490730f88529b6282695e1f%2058c1815b7b545e654f35c2c641813e1f%20 Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 37 7.2 Aqui tem Farmácia Popular Fonte:cbn.globoradio.globo.com O Governo Federal criou o Programa Farmácia Popular do Brasil para ampliar o acesso aos medicamentos para as doenças mais comuns entre os cidadãos. O Programa possui uma rede própria de Farmácias Populares e a parceria com farmácias e drogarias da rede privada, chamada de "Aqui tem Farmácia Popular". Promulgado em 2004 e regulamentado por decreto presidencial, o PFPB foi criado com a perspectiva de enfrentar agravos de alto impacto na Saúde Pública e reduzir os gastos com medicamentos no orçamento familiar (COSTA, 2014). O Programa preconiza a ampliação de ações voltadas à universalização do. acesso da população aos medicamentos, por meio do atendimento igualitário de pessoas usuárias ou não de serviços públicos de saúde (BRASIL, 2004 apud COSTA, 2014). As estratégias e modalidades de atendimento previstas no Programa Farmácia Popular do Brasil foram sucessivamente modificadas, desde seu advento, mediante a adoção de diferentes iniciativas. Em sua primeira etapa, ainda em 2004, o Programa base ou se na abertura de farmácias estatais, gerenciadas na esfera federal pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com gestores estaduais de saúde e, principalmente, gestores municipais. A lista de medicamentos oferecida nessa rede – ‘Programa Farmácia Popular – Rede Própria’ – priorizava (i) fármacos que atuassem sobre o sistema cardiovascular, renal, sistema nervoso central e periférico, além de (ii) anti-infectantes (COSTA, 2014). http://conteudo.servicos.gov.br/repositorioServico/aqui-tem-farmacia-popular/?searchterm=5d82aefdd490730f88529b6282695e1f%2058c1815b7b545e654f35c2c641813e1f%20 Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce Geisa Realce 38 Em 2006, mediante parceria com o comércio varejista farmacêutico em âmbito nacional, a expansão do Programa ocorreu pela modalidade conhecida como ‘Aqui tem Farmácia Popular’. Nessa modalidade, as farmácias da rede privada, uma vez credenciadas ao Programa, passaram a vender medicamentos a um custo menor, graças ao subsídio do governo federal (BRASIL, 2006 apud COSTA, 2014). Essa etapa iniciou-se pela oferta de medicamentos para atender portadores de hipertensão e diabetes e, posteriormente, abrangeu a oferta de anticoncepcionais. Na rede credenciada é possível ter acesso aos medicamentos para as doenças mais comuns entre os cidadãos. O Programa possui uma
Compartilhar