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Saúde Coletiva e Políticas Públicas em Saúde

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Indaial – 2021
Saúde Coletiva e 
PolítiCaS PúbliCaS 
em Saúde
Prof.a Adriana Lobo Müller
Prof.a Ana Célia Teixeira de Carvalho Schneider 
Prof.a Marina Steinbach 
Prof.a Rosana Mara da Silva
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.a Adriana Lobo Müller
Prof.a Ana Célia Teixeira de Carvalho Schneider 
Prof.a Marina Steinbach 
Prof.a Rosana Mara da Silva
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
M958s
Müller, Adriana Lobo
Saúde coletiva e políticas públicas em saúde. / Adriana Lobo 
Müller; Ana Célia Teixeira de Carvalho Schneider; Marina Steinbach; Rosana 
Mara da Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
232 p.; il.
ISBN 978-65-5663-396-1
ISBN Digital 978-65-5663-397-8
1. Saúde mental. – Brasil. I. Müller, Adriana Lobo. II. Schneider, 
Ana Célia Teixeira de Carvalho. III. Steinbach, Marina. IV. Silva, Rosana Mara 
da. V. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 150
aPreSentação
A saúde é uma construção coletiva, pautada em leis e diretrizes. 
Quando analisamos a história do Brasil e a organização que houve até a 
VIII Conferência Nacional de Saúde, que lançou bases para a Constituição 
Brasileira e permitiu a construção das diretrizes do Sistema Único de Saúde 
(SUS), compreende-se a complexidade de um sistema público de saúde com 
acesso universal, pautado na equidade e integralidade do acesso. 
A saúde no Brasil expressa o esforço de toda uma trajetória para 
garantir o acesso universal de seus cidadãos aos cuidados em saúde que 
necessitam para ter uma vida mais longa, produtiva e feliz. É importante 
reforçar que a estruturação de um sistema pauta na construção histórica de 
um país, embasado no conjunto de políticas econômicas e sociais mais amplas 
(emprego, moradia, saneamento, boa alimentação, educação, segurança 
etc.), que se integram à política de saúde que tem por objetivo qualidade do 
cuidado em saúde prestado aos seus cidadãos.
Os principais dispositivos que regem o SUS são: 
• Lei n° 8.080/90: que organiza e rege o SUS, foi promulgada em 1990, dois 
anos após a sua inserção no sistema normativo nacional com a Constituição 
Federal.
• Lei n° 8.142/90 e a NOB/SUS 01/96, além da Resolução n° 333/2003, que 
normatizou as transferências de recursos financeiros entre os órgãos 
intergovernamentais e a participação popular e o controle social no SUS.
• Constituição Federal 1988, que traz em seu Capítulo sobre a saúde toda a 
base discutida e aprovada na VIII Conferência Nacional de Saúde (1986). 
É importante entender um sistema de saúde pela sua constituição 
histórica, social e legislativa, para que se possa compreender e analisar o 
processo de prestação do cuidado a população e as suas diversas formas de 
prestar esse cuidado e normatizar a saúde num país. 
Bons estudos!
Prof.a Adriana Lobo Müller
Prof.a Ana Célia Teixeira de Carvalho Schneider 
Prof.a Marina Steinbach 
Prof.a Rosana Mara da Silva
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
Sumário
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS ............................................................................... 1
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL .................................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL .......................................................................... 4
2.1 PERÍODO COLÔNIA/IMPÉRIO (1500 A 1889) ......................................................................... 4
2.2 PRIMEIRA REPÚBLICA OU REPÚBLICA VELHA (1889 A 1930) ......................................... 5
2.3 SEGUNDA REPÚBLICA OU ERA VARGAS (1930 A 1945) .................................................... 7
2.4 REDEMOCRATIZAÇÃO OU DESENVOLVIMENTISTA (1945 A 1963) ............................... 8
2.5 REGIME MILITAR (1964 A 1984) ................................................................................................. 9
2.6 NOVA REPÚBLICA (1985 A 2005) ............................................................................................. 11
3 CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A 8ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE ...................... 14
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 — O SUS ............................................................................................................................. 23
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 23
2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ............................................................................................ 23
2.1 Papel do SUS ................................................................................................................................. 24
2.2 ESTRUTURA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ......................................................... 25
2.2.1 Ministério da Saúde ............................................................................................................. 25
2.2.2 Secretaria Estadual de Saúde (SES) ................................................................................... 25
2.2.3 Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ............................................................................... 26
2.2.4 Aspectos operacionais do SUS ........................................................................................... 26
2.3 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS ....................................................................................... 27
2.3.1 Princípios do SUS ................................................................................................................27
3 LEGISLAÇÃO SUS .......................................................................................................................... 31
3.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ....................................................................................... 31
3.2 LEI N° 8.080: LEI ORGÂNICA DA SAÚDE ............................................................................. 32
3.3 LEI N° 8.142 ................................................................................................................................... 33
4 PSF/ESF/SAÚDE DA FAMÍLIA ..................................................................................................... 35
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 41
TÓPICO 3 — SUS E POLÍTICAS PÚBLICAS ................................................................................. 43
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 43
2 APS: ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE .................................................................................... 44
3 REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS) ......................................................................................... 45
3.1 COMPONENTES RAS ................................................................................................................. 46
4 POLÍTICAS PÚBLICAS.................................................................................................................... 48
4.1 POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA – PNAB .................................................. 48
4.1.1 NASF .................................................................................................................................... 50
4.2 POLÍTICA NACIONAL HUMANIZAÇÃO – PNH ............................................................... 51
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 53
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 57 
UNIDADE 2 — AS LEGISLAÇÕES DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ................................. 61
TÓPICO 1 — A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – QUANDO TUDO COMEÇOU ....... 63
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63
2 A CONSTITUIÇÃO DE 1988 ........................................................................................................... 64
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 70
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 71
TÓPICO 2 — LEI No 8.080/90 .............................................................................................................. 73
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 LEI N° 8080 – A PRIMEIRA LEI ORGÂNICA DO SUS ............................................................. 74
3 LEI N° 8080 – TÍTULO II – DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ............................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 93
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 94
TÓPICO 3 — LEI N° 8.142/90 NORMATIZAR AS TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS 
FINANCEIROS ENTRE OS ÓRGÃOS INTERGOVERNAMENTAIS E A 
PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL NO SUS ........................ 97
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 97
2 LEI No 8.142/90 .................................................................................................................................... 97
3 O QUE É A OUVIDORIA-GERAL DO SUS? ............................................................................. 104
3.1 COMO FALAR COM A OUVIDORIA-GERAL DO SUS? .................................................... 104
3.2 QUANDO PROCURAR A OUVIDORIA DO SUS? ............................................................... 105
3.3 SISTEMA NACIONAL DE OUVIDORIAS DO SUS ............................................................. 105
4 CONTROLE SOCIAL E O SUS ..................................................................................................... 106
5 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS ....................................................................................... 109
6 A NORMA OPERACIONAL BÁSICA/SUS ............................................................................... 115
7 RESOLUÇÃO 333/2003 ................................................................................................................... 117
8 COMPETÊNCIA DOS CONSELHOS DE SAÚDE ................................................................... 119
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 122
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 124
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 127
UNIDADE 3 — SAÚDE COLETIVA E POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE DA MENTE ..... 129
TÓPICO 1 — CONCEPÇÃO DE LOUCURA AO LONGO DA HISTÓRIA ........................... 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131
2 BREVE HISTÓRIA DA LOUCURA ............................................................................................. 132
3 REFORMAS PSIQUIÁTRICAS INTERNACIONAIS .............................................................. 137
3.1 COMUNIDADE TERAPÊUTICA ............................................................................................. 138
3.2 PSICOTERAPIA INSTITUCIONAL ......................................................................................... 138
3.3 PSIQUIATRIA DE SETOR ......................................................................................................... 139
3.4 PSIQUIATRIA COMUNITÁRIA OU PREVENTIVA ............................................................ 140
3.5 ANTIPSIQUIATRIA ................................................................................................................... 142
3.6 PSIQUIATRIA DEMOCRÁTICA ITALIANA ......................................................................... 142
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 147
TÓPICO 2 — REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA ......................................................... 149
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DAREFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA ......................... 150
2.1 A LOUCURA NO BRASIL COLONIAL E REPÚBLICA ...................................................... 150
2.2 LIGA BRASILEIRA DE HIGIENE MENTAL (LBHM) .......................................................... 152
2.3 A INDÚSTRIA DA LOUCURA ............................................................................................... 153
2.4 MOVIMENTO DE TRABALHADORES DE SAÚDE MENTAL (MTSM) .......................... 154
2.5 CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE SAÚDE MENTAL (CNSM) ........................................ 154
2.5.1 I Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM) ....................................................... 155
2.5.2 II Conferência Nacional de Saúde Mental ...................................................................... 156
2.5.3 III Conferência Nacional de Saúde Mental .................................................................... 156
2.5.4 IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial ........................................... 157
2.6 MOVIMENTO NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL (MNLM) .......................... 158
3 LEI N° 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001 – LEI DA REFORMA PSIQUIÁTRICA ............... 159
4 PORTARIA N° 336, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002 – CENTRO DE ATENÇÃO 
PSICOSSOCIAL (CAPS) ................................................................................................................ 160
5 ESTRATÉGIAS DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO .............................................................. 163
5.1 SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO (SRT) .................................................................. 163
5.2 PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA .................................................................................. 164
6 REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) ........................................................................ 165
7 A NOVA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL ............................................................................... 167
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 170
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 171
TÓPICO 3 — POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NO ÂMBITO DE ÁLCOOL 
E OUTRAS DROGAS ............................................................................................... 175
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 175
2 O QUE SÃO DROGAS ................................................................................................................... 176
3 PROIBICIONISMO, GUERRA ÀS DROGAS E REDUÇÃO DE DANOS .......................... 177
4 HISTÓRIA DAS LEGISLAÇÕES DAS DROGAS NO BRASIL ............................................ 182
4.1 POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) ............................................................. 184
4.2 SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS (SISNAD) .......... 185
4.3 POLÍTICA NACIONAL SOBRE O ÁLCOOL ......................................................................... 186
5 REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA E O CAMPO DE ÁLCOOL 
E OUTRAS DROGAS ..................................................................................................................... 187
5.1 A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A ATENÇÃO INTEGRAL A 
USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS ................................................................... 189
5.2 POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE ............................ 190
6 A NOVA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL E SEUS EFEITOS NO CAMPO DE 
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS ................................................................................................... 192
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 195
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 197
TÓPICO 4 — POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE MENTAL PARA INFÂNCIA 
E ADOLESCÊNCIA ................................................................................................... 199
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 199
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INFÂNCIA E 
ADOLESCÊNCIA ................................................................................................................... 199
2.1 LIGA BRASILEIRA DE HIGIENE MENTAL E O CAMPO DA INFÂNCIA E 
ADOLESCÊNCIA ....................................................................................................................... 200
2.2 CÓDIGO DE MENORES DE 1927 ............................................................................................ 203
2.3 FUNDAÇÃO NACIONAL DO BEM-ESTAR DO MENOR (FUNABEM) ......................... 203
2.4 CÓDIGO DE MENORES DE 1979 ............................................................................................ 204
3 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ............................................ 206
4 III CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL (2001) ............................................. 208
5 CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL – CAPS I ......................... 209
6 FÓ RUM NACIONAL DE SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL .............................. 211
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 214
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 221
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 222
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 225
1
UNIDADE 1 — 
SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a história da Saúde Pública no Brasil; 
• associar o contexto histórico com a construção da saúde no Brasil; 
• conhecer a estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), avaliando a 
sua constituição e prestação do cuidado à população;
• analisar a história da saúde coletiva no Brasil.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
TÓPICO 2 – O SUS 
TÓPICO 3 – SUS E POLÍTICAS PÚBLICAS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
A Constituição de 1988 permitiu, ao Brasil, estabelecer garantias 
fundamentais da saúde, educação e condicionantes sociais. Permitiu 
institucionalizar direitos fundamentais, como a saúde, previsto na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no artigo XXV, que define que todo 
ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de lhe assegurar, e a sua 
família, saúde e bem-estar, inclusive, alimentação, vestuário, habitação, cuidados 
médicos e os serviços sociais indispensáveis. 
Pode-se afirmar que o direito à saúde é indissociável e se define de forma 
igualitária para todas as pessoas. 
Ao se analisar o contexto brasileiro, em relação ao direito à saúde, 
historicamente, faz parte do movimento da Reforma Sanitária, que originou o 
Sistema Único de Saúde (SUS), através da Constituição Federal de 1988. 
Segundo o artigo 196, “a saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticassociais e econômicas que visem à redução do risco de 
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços 
para a promoção, proteção e recuperação”.
A criação de um sistema de acesso universal à saúde permitiu a construção 
da linha de cuidado com conceitos de longitudinalidade, territorialização, 
integralidade, equidade, universalização, regionalização, hierarquização, 
descentralização e participação popular, permitindo uma tomada de 
responsabilidade por parte do Estado no cuidado à saúde, tendo acesso à 
Atenção Primária em Saúde e permitindo, à pessoa, todos os cuidados em 
relação à saúde. Contudo, antes da criação do SUS, a saúde era direcionada 
apenas para os trabalhadores que contribuíam, ou seja, a assistência à saúde 
não era direcionada a todos.
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
4
2 HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL 
Começaremos a estudar a saúde pública a partir da sua história. Ao 
analisarmos o contexto do Brasil, sabemos que a saúde pública tem sido marcada 
por sucessivas reorganizações administrativas e muitas normas. Quando 
analisamos a sua instalação desde o período colonial até a década de 1930, pode-
se compreender que essas ações não tinham organização institucional. A Era 
Getúlio permitiu iniciar uma série de organizações e transformações na área 
da saúde, o que culminou na criação do Ministério da Saúde, na sua separação 
entre Saúde e Previdência Social, no capítulo sobre Saúde na Constituição 1988 e 
Sistema Único de Saúde.
2.1 PERÍODO COLÔNIA/IMPÉRIO (1500 A 1889) 
Esse período foi marcado pela existência de diversas doenças 
transmissíveis, trazidas, inicialmente, pelos colonos portugueses e, 
posteriormente, pelos escravos africanos e diversas etnias estrangeiras.
As mais frequentes eram as doenças sexualmente transmissíveis, a lepra 
(hanseníase), tuberculose, cólera e varíola (BRASIL, 2014a), além da grande 
prevalência de doenças tropicais, como a febre amarela, malária e leishmaniose. 
Não havia uma política de saúde, as medidas eram tomadas visando diminuir os 
problemas de saúde pública que afetavam a produção econômica e prejudicavam 
o comércio internacional, como saneamento dos portos, onde escoavam as 
mercadorias; urbanização e infraestrutura nos centros urbanos de maior interesse 
econômico; e campanhas para conter as epidemias frequentes e prejudiciais à 
produção, que afetavam a imagem brasileira nos países com os quais era mantido 
o comércio internacional. Essas intervenções eram realizadas de forma pontual 
e, logo, o governo as abandonava quando não havia mais caso (PAIM et al., 2012; 
AGUIAR, 2011).
A assistência médica era direcionada às classes dominantes, sendo 
exercida pelos raros médicos que vinham da Europa. Aos demais, restavam 
apenas os recursos da medicina popular. 
Nesse contexto, surgiram as primeiras Casas de Misericórdia, que se 
destinavam ao abrigo dos doentes, órfãos, indigentes e viajantes, com o objetivo 
de cuidar dessas pessoas (PAIM, 2012 et al.; AGUIAR, 2011).
 
No Brasil, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia surgiu ainda no 
período colonial, instalando-se em Santos desde 1543, seguindo pela Bahia, 
Espírito Santo, Rio de Janeiro, Olinda e São Paulo, sendo a primeira instituição 
hospitalar do país destinada a atender aos enfermos dos navios dos portos e 
moradores das cidades. Nesse período, entretanto, não se pode destacar a prática 
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
5
como científica, porque esses saberes só emergiram no país a partir da vinda da 
Corte Portuguesa e da criação das faculdades de Medicina e de Direito (SCMP, 
2020). As dez primeiras Santas Casas do Brasil (SCMP, 2020) foram:
1539 – Santa Casa de Misericórdia de Olinda (PE) 
1543 – Santa Casa da Misericórdia de Santos (SP) 
1549 – Santa Casa de Misericórdia de Salvador (BA) 
1582 – Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (RJ) 
1551 – Santa Casa de Misericórdia de Vitória (ES) 
1599 – Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SP) 
1602 – Santa Casa de Misericórdia de João Pessoa (PB) 
1619 – Santa Casa de Misericórdia de Belém (PA) 
1657 – Santa Casa de Misericórdia de São Luís (MA) 
1792 – Santa Casa de Misericórdia de Campos (RJ)
FIGURA 1 – ANTIGA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OLINDA (PRIMEIRO HOSPITAL 
DO BRASIL)
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=45304234>. Acesso em: 6 nov. 2020.
2.2 PRIMEIRA REPÚBLICA OU REPÚBLICA VELHA (1889 A 
1930)
O contexto social e econômico do Brasil durante a Primeira República 
se caracterizava pela organização do Estado moderno, em que predominavam 
grupos vinculados à exportação do café e à pecuária. Com o crescente quadro 
de crescimento da produção industrial, houve a exigência de grande de mão de 
obra, levando o governo a adotar políticas de incentivo à imigração europeia.
As condições de saúde da população eram semelhantes ao do período 
anterior, com predomínio das doenças, como a febre amarela, cólera, tuberculose, 
varíola, sífilis e peste bubônica (ao redor dos portos) (BRASIL, 2014a). No interior 
do Brasil, havia o predomínio da malária e da doença de Chagas. As condições 
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
6
de saneamento básico eram precárias e com ações e programas de saúde e 
infraestrutura ainda visando às áreas fundamentais para a economia (economia 
agrária exportadora, área dos portos).
Dois modelos de assistência à saúde adotados no Brasil no período: 
Modelo Assistencialista/Previdenciário: o objetivo era curativo e as intervenções eram 
sobre o corpo por meio de medicamentos e/ou procedimentos. As ações eram baseadas 
na assistência médica, voltada para trabalhadores formalmente inseridos em setores da 
economia. 
Marco: Criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs), 1923.
As revoltas populares da época pressionavam o Estado por ações mais efetivas na 
saúde. Em 1923, o chefe de polícia e deputado federal, Eloy Chaves, propôs uma lei que 
regulamentava a formação de CAPs para algumas organizações trabalhistas, como os 
ferroviários e os marítimos. Com essa lei, a saúde continuava restrita aos que podiam pagar 
e aos assegurados por ela.
Modelo Sanitarista/Campanhista: o objetivo era prevenir as doenças através de campanhas 
de vacinação e higiene, além de intervenções nos espaços urbanos de cunho estatal.
Marcos: 
• 1903: Reforma Oswaldo Cruz, proposta por Oswaldo Cruz para combater a febre amarela 
no Rio de Janeiro.
• 1904: Criado o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela e aprovação da lei que obriga a 
vacinação antivariólica.
• 1907: Febre amarela é erradicada no Rio de Janeiro.
FONTE: Brasil (2014a)
NOTA
FIGURA 2 – OSWALDO CRUZ
FONTE: Brasil (2014a) 
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
7
Assista ao vídeo: Revolta da Vacina.
 Com esquetes teatrais e depoimentos médicos, pesquisadores e historiadores, 
este documentário apresenta a história da varíola, da vacina e da Revolta Popular de 
1904, ocorrida no Rio de Janeiro, abordando as questões sociais, políticas e culturais 
que envolveram a campanha de vacinação do governo de Rodrigues Alves em plena 
República Velha.
Realização: Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) 
Direção: Eduardo Vilela Thielen 
Ano de produção: 1994
Distribuição: VideoSaúde Distribuidora
Acesse: http://twixar.me/mGym; ou http://twixar.me/GGym.
DICAS
2.3 SEGUNDA REPÚBLICA OU ERA VARGAS (1930 A 1945) 
A economia do Brasil tem um novo polo, o direcionamento para os centros 
urbanos, com grande investimento no setor industrial na região Centro-Sul. 
Essa política promoveu o êxodo rural, especialmente, da região Nordeste 
para os centros econômicos, contribuindo para os processos de urbanização 
precária e proliferação de favelas nas grandes cidades (PAIM, 2012).
A saúde pública vê, através do crescimento acelerado da indústria, 
o crescimento das condições precárias de trabalho. Dessa forma, além de 
endemias e epidemias, a inserção no processo produtivo industrial, somada à 
falta de moradia e saneamento adequados, trouxe acidentesde trabalho, doenças 
profissionais, estresse, desnutrição e verminoses.
Marcos importantes:
• 1933: as CAPs são transformadas em Institutos de Aposentadorias e Pensões 
(IAPs). Criados não mais por empresas, mas por categorias profissionais 
(IAPM, IAPB, IAPC, IAPTEC e IAPI). 
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
8
• 1942: Criação do Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp), durante a Segunda 
Guerra Mundial, instituído pelo Estado Novo em associação com o governo 
americano. De início, pretendia-se que fosse uma agência provisória, 
responsável por políticas sanitárias pontuais em regiões (Amazônia e Bacia 
do Rio Doce) produtoras de matérias-primas estratégicas para o esforço de 
guerra. O órgão, no entanto, existiu por 48 anos, só se extinguindo em 1990.
FIGURA 3 – SERVIÇO ESPECIAL DE SAÚDE PÚBLICA (SESP)
FONTE: <https://agencia.fiocruz.br/obra-analisa-trajet%C3%B3ria-de-%C3%B3rg%C3%A3o-
criado-na-segunda-guerra>. Acesso em: 6 nov. 2020.
2.4 REDEMOCRATIZAÇÃO OU DESENVOLVIMENTISTA 
(1945 A 1963)
O Brasil observa uma redução dos casos de tuberculose, malária e outras 
doenças transmitidas por insetos, o que, para alguns, deu-se pelo resultado das 
campanhas sanitárias e, para outros, pelo desenvolvimento do período (PAIM, 
2012; AGUIAR, 2011).
A assistência médica se expande em todos os IAPs, generalizando, aos 
poucos, os direitos, conforme capacidade reivindicativa e de organização. 
Contudo, a implantação de serviços de atenção médica tinha, como marca, o 
clientelismo, favorecido pelo vínculo entre os sindicatos e IAPs ao Estado.
1950: II Conferência Nacional de Saúde traz legislação referente à higiene e à 
segurança do trabalho.
1953: Ministério da Saúde é criado independente da área da educação.
1958: Criação do Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência 
(Samdu).
1960: Criação da Fundação Sesp: interiorização das ações de saúde pública.
1963: III Conferência Nacional de Saúde. Descentralização na área da saúde – 
Início de proposição de um sistema integrado de saúde.
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
9
Dois grupos começaram a discutir propostas de políticas de saúde (PAIM 
et al., 2012):
• Os que defendiam a manutenção do modelo sanitarista campanhista e a prática 
higienista da Fundação Sesp.
• Os que desenvolviam a corrente de opinião do sanitarismo desenvolvimentista, 
com o argumento da relação entre o nível de saúde da população e o grau de 
desenvolvimento econômico do país. Defendiam a articulação das ações de 
promoção com as ações preventivas e curativas, de acordo com as necessidades 
da população.
2.5 REGIME MILITAR (1964 A 1984)
Com o Golpe Militar, há uma importante redução das ações de saúde 
pública no país, fato que proporciona o reaparecimento de diversas doenças 
preveníveis que estavam sob controle (BRASIL, 2014a). 
Implantou-se um sistema de saúde caracterizado pelo predomínio 
financeiro das instituições previdenciárias e pela burocracia, que priorizava a 
mercantilização da saúde.
Marcos importantes:
 
• 1966: Unificação dos IAPs, com a criação do Instituto Nacional de Previdência e 
Assistência Social (INPS), responsável pelos benefícios previdenciários e assistência 
médica aos segurados e familiares. O INPS passou a ser o grande comprador dos 
serviços privados de saúde. É ampliada a chamada medicina de grupo.
• 1971: Ampliação da assistência médica da previdência com a inclusão dos 
trabalhadores rurais, empregadas domésticas e trabalhadores autônomos.
INPS/Inamps
 Período em que o Ministério da Saúde estava voltado para a vigilância sanitária 
orientada para o controle de endemias, enquanto ocorria a concentração dos serviços 
hospitalares em grandes centros. A criação do INPS, em 1966, configurou uma medida de 
racionalização administrativa sem alterar a tendência do período anterior de expansão dos 
serviços, em particular, da assistência médica e da cobertura previdenciária. A função de 
capitalização, até então, atribuição da previdência social, passou para outros mecanismos 
de poupança compulsória, como FGTS, PIS e Pasep. Dessa forma, centralizada e unificada 
no INPS, a previdência passou a ter funções assistencial e redistributiva, ainda que estivesse 
limitada ao contingente de trabalhadores com carteira assinada. O Instituto Nacional de 
NOTA
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
10
Assistência Médica da Previdência (Inamps) tinha a responsabilidade de prestar assistência à 
saúde dos associados, o que justificava a construção de grandes unidades de atendimento 
ambulatorial e hospitalar, como também contratação de serviços privados nos grandes 
centros urbanos, onde estava a maioria dos beneficiários. A assistência à saúde desenvolvida 
pelo Inamps beneficiava apenas os trabalhadores da economia formal, com “carteira 
assinada”, e seus dependentes, ou seja, não havia o caráter universal, que passa a ser um dos 
princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, o Inamps aplicava, 
nos estados, por meio das superintendências regionais, recursos para a assistência à saúde 
de modo mais ou menos proporcional ao volume de recursos arrecadados e de beneficiários 
existentes. Portanto, quanto mais desenvolvida a economia do estado, com maior presença 
das relações formais de trabalho, maior o número de beneficiários e, consequentemente, 
maior a necessidade de recursos para garantir a assistência a essa população.
FONTE: SOUZA, R. R. O sistema público de saúde brasileiro. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. 
Disponível em: https://dms.ufpel.edu.br/sus/files/media/INPS.pdf. Acesso em: 6 nov. 2020.
Pontos importantes na década de 1970:
• Previdência Social alcança a maior expansão em número de leitos, cobertura e 
volume de recursos arrecadados.
• Forma de contratação e pagamento de empresas privadas para prestação de 
assistência aos segurados favoreceram o processo de corrupção.
• Construção de hospitais e clínicas com recursos da previdência e de faculdades 
particulares de medicina com enfoque na medicina curativa.
• 1976: Criação do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento 
(PIASS) para extensão da cobertura dos serviços de saúde prioritariamente nas 
zonas rurais e pequenas cidades.
• 1978: Começa a ser difundido, na América Latina, o conceito de Atenção Primária 
à Saúde, além dos princípios da medicina comunitária (desmedicalização, 
autocuidado de saúde, atenção primária realizada por não profissionais de 
saúde, participação da comunidade, implantação de programas vinculados à 
medicina curativa na formação dos estudantes de medicina). Crise INAMPS.
• 1981: Criação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde 
Previdenciária (CONASP), que propõe mudança do modelo assistencial 
(melhor qualidade da atenção, ampliação de serviços, descentralização e 
hierarquização por nível de complexidade). Vários sanitaristas entraram para 
áreas estratégicas do INAMPS.
• 1983: Criado o Programa de Ações Integradas de Saúde, cujo objetivo era 
articular todos os serviços que prestavam assistência à saúde da população 
de uma região, além de integrar ações preventivas e curativas. Para isso, havia 
repasse de recursos do INAMPS para os governos estaduais para a construção 
de Unidades Básicas de Saúde e contratação e capacitação de profissionais.
• 1984: algumas conquistas na área da saúde ainda foram obtidas pelo 
movimento da Reforma Sanitária, com o apoio de alguns parlamentares, 
movimentos de saúde, trabalhadores da saúde, acadêmicos e entidades, como 
o Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de 
Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO).
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
11
Esses acontecimentos se devem ao fortalecimento dos movimentos 
sociais e de saúde que se organizaram nos diversos espaços (universidades, 
sindicatos, comunidades e associações). Do contexto dos anos 1970 e 1980, nasceu 
o projeto da Reforma Sanitária, com a perspectiva de reformulação do sistema 
de saúde brasileiro, com acriação de um sistema único de saúde, acabando com 
o duplo comando do Ministério da Saúde e INAMPS, que executavam ações de 
forma contrária (AGUIAR, 2011; PAIM et al., 2012).
1978: Crise do Inamps
 O Inamps era o principal responsável pelo financiamento da atenção médica. 
Com o fim do chamado milagre econômico, a partir dos anos 80, aprofundou-se a crise 
da previdência. O Inamps passou a viver dificuldades financeiras por conta tanto da 
ampliação dos seus beneficiários quanto da estagnação das suas receitas, afetadas pela 
crise econômica iniciada em 1980 (BAPTISTA, 2007).
FONTE: BAPTISTA, T. W. F. História das políticas de saúde no Brasil: a trajetória do Direito à 
saúde. In: MATTA, G. C.; MOURA, A. L. Políticas de saúde: a organização e a operacionalização 
do Sistema Único de Saúde. Rio de Janeiro: EPSJV/FIOCRUZ, 2007. Disponível em: https://
www.arca.fiocruz.br/handle/icict/26570. Acesso em: 6 nov. 2020.
NOTA
Dentre os principais problemas que conformaram a crise do Inamps 
(BRASIL, 2014a), é possível ressaltar:
• serviços inadequados à realidade;
• insuficiente integração dos diversos prestadores;
• recursos financeiros insuficientes e cálculo imprevisto;
• desprestígio dos serviços próprios;
• superprodução dos serviços contratados;
• rede de saúde ineficiente e desintegrada;
• desorganização e sobreposição de serviços indutores de fraudes e corrupção.
2.6 NOVA REPÚBLICA (1985 A 2005)
Com a situação política vigente no Brasil, abertura de um regime militar e 
com o Movimento Diretas Já, culminando com as eleições presidenciais, diversas 
entidades e movimentos sociais se mobilizam e estimulam a participação popular 
no processo de discussão da nova Carta Constitucional, o que foi favorável para se 
colocar a saúde na agenda política e difundir as propostas da Reforma Sanitária.
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
12
Marcos importantes:
 
• 1986: VIII Conferência Nacional de Saúde. Cria espaço para o debate dos 
problemas do sistema de saúde e de propostas de reorientação da assistência 
médica e de saúde pública. Criação do Conselho Nacional de Administração 
da Saúde Previdenciária (Conasp); iniciam-se as Ações Integradas em Saúde 
(AIS) e o Sistema Único Descentralizado de Saúde (Suds).
• 1988: Constituição 1988 – Capítulo Saúde (art. 196 – 200).
O SUS na Constituição de 1988
 Após mais de uma década de luta do movimento da reforma sanitária brasileira, 
o direito à saúde no Brasil entra no texto constitucional, amparando, legalmente, toda a 
população brasileira no acesso aos serviços e às ações de saúde.
 O texto da saúde na Constituição surge no capítulo da Seguridade Social, ao lado 
da Previdência Social e da Assistência Social, caracterizando o espectro da proteção social 
brasileira.
 A Constituição de 1988 funda o SUS, terminando com quase um século de 
separação entre as ações de saúde pública e de atenção à saúde, que passam a ser 
planejadas e executadas de forma integrada com direção única em cada esfera do governo.
FONTE: Brasil (2014a).
NOTA
• 1990: Criação e regulamentação do SUS 
• Lei n° 8.080/90 – Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção 
e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes. Define os princípios e diretrizes do SUS.
• Lei n° 8.142/90 – Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS 
e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área 
da saúde e dá outras providências.
Com essas novas leis, o cuidado com a saúde passou a ser mais abrangente, 
permitindo os processos de descentralização e integralidade, ampliando o 
cuidado à população. Saúde para todos, acesso universal. 
• 1991: inicia o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs). 
• 1992: inicia o Programa Médico de Família em Niterói (RJ).
• 1994: inicia o Programa Saúde da Família (PSF) no Brasil.
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
13
• 1996: Evolução das Normas Operacionais Básicas do SUS – NOB/SUS –; Da 
versão NOB91 à NOB96. NOB 96 – Reorientação do modelo de atenção por 
meio da Atenção Básica em Saúde (financiamento para a atenção básica e saúde 
da família) (BRASIL, 2014a).
• 1998: Implantação do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB).
• 1999-2000: Criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e 
da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Evidencia o desenvolvimento 
institucional, por meio dessas agências reguladoras, tanto no campo 
epidemiológico e das práticas de saúde, como no acompanhamento dos planos 
de saúde (BRASIL, 2014a).
• A partir de 2000: Houve a criação de diferentes programas, políticas e 
protocolos, como Samu, Proesf, PNH, Brasil Sorridente, Farmácia Popular do 
Brasil etc. Essas iniciativas enfocam políticas de saúde específicas, como ciclos 
de vida, gestão da clínica e linhas de cuidado.
DICAS
Título: Caminhos da Saúde Pública no Brasil
Organizador: Jacobo Finkelman
Editora Fiocruz
Ano: 2002
328 p.
Sinopse: Publicado como parte das comemorações do centenário da Organização Pan-
Americana da Saúde (Opas) no Brasil, este livro reúne textos de diversas personalidades 
da saúde pública nacional, relatando a rica história a respeito dos desafios e das lutas que 
mudaram os perfis demográficos e epidemiológicos do país no decorrer no século XX. 
 A obra traz, também, um relato do trabalho 
realizado pela Opas, desde sua fundação, em 1902, quando 
as doenças infecciosas eram seu foco de atenção, até os 
dias de hoje, em que o espectro de doenças se tornou mais 
complexo. Além do percurso histórico detalhado, o livro 
apresenta contribuições para o entendimento do processo 
de consolidação da saúde como um direito do cidadão e 
um dever do Estado, no Brasil, sendo capaz, no decorrer 
dos anos, de incorporar, na organização dos programas de 
saúde, os elementos teóricos-conceituais emergentes que 
sustentaram a evolução dos paradigmas na área. Acesse 
mais em: http://books.scielo.org/id/sd.
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
14
3 CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A 8° CONFERÊNCIA 
NACIONAL DE SAÚDE
A partir de 1985, crescia um amplo movimento político setorial que teve, 
como pontos culminantes, a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde 
(VIII CNS 1986); os trabalhos técnicos desenvolvidos pela Comissão Nacional de 
Reforma Sanitária (CNRS), criada pelo Ministério da Saúde, em atendimento à 
proposta da VIII CNS; e o projeto legislativo de elaboração da Carta Constitucional 
de 1988, com um capítulo dedicado à saúde.
Foram lançadas as diretrizes para a construção de um sistema 
descentralizado e único. Saúde é vista como dever do Estado. A da 8ª Conferência 
Nacional de Saúde teve cinco dias de debates, mais de quatro mil participantes, 
135 grupos de trabalho e objetivos muito claros: contribuir para a formulação 
de um novo sistema de saúde e subsidiar as discussões sobre o setor na futura 
Constituinte. Foram realizadas entre 17 e 21 de março de 1986, foi um dos 
momentos mais importantes na definição do Sistema Único de Saúde (SUS) e 
debateu três temas principais: ‘A saúde como dever do Estado e direito do cidadão’, 
‘A reformulação do Sistema Nacional de Saúde’ e ‘O financiamento setorial’.
A VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) foi o principal marco 
desse processo de formulação de um novo modelo de saúde pública universal, 
visando romper com a cisão estrutural entre saúde pública e medicina curativa 
individual, e com a intensa privatização que então caracterizava o sistema de 
saúde brasileiro. Reunindo um amplo espectro de alianças, a VIII CNS contou com 
a participação de milhares de representantes de diversas entidades da sociedade 
civil, profissionais de saúde, usuários do sistema e prestadores de serviços de 
saúde públicos (PONTE, 2010).
O reconhecimento da saúde como direito inerente à cidadania, o 
consequente dever do Estado na promoção desse direito, a instituição de um 
sistema único de saúde, tendo, como princípios, a universalidade e integralidade 
da atenção; a descentralização,com comando único em cada esfera de governo, 
como forma de organização; e a participação popular, como instrumento 
de controle social, foram teses defendidas na VIII CNS e na CNRS, que se 
incorporaram ao novo texto constitucional (MATTA, 2007).
Em 1988, foi aprovada a Constituição, que, no contexto, estabelece a 
saúde como “Direito de todos e dever do Estado”, e relata, na Seção II: “as 
necessidades individuais e coletivas são consideradas de interesse público e o 
atendimento um dever do Estado; a assistência médico-sanitária integral passa 
a ter caráter universal e se destina a assegurar a todos o acesso aos serviços; 
esses serviços devem ser hierarquizados segundo parâmetros técnicos e a sua 
gestão deve ser descentralizada”.
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
15
Um ponto importante que a Constituição trouxe, além do custeio do 
Sistema de Saúde, que é mantido, essencialmente, por recursos dos governos 
municipais, estaduais e da União, são as ações governamentais submetidas a 
órgãos colegiados oficiais, os Conselhos de Saúde, com representação paritária 
entre usuários e prestadores de serviços.
Um ponto importante da Constituição Federal de 1988 foi a definição do 
conceito de saúde, incorporando novas dimensões. Para se ter saúde, é preciso 
ter acesso a um conjunto de fatores, como alimentação, moradia, emprego, lazer 
e educação.
O artigo 196 cita que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação”. Com esse artigo, fica definida a universalidade da cobertura do 
Sistema Único de Saúde.
 O SUS faz parte das ações definidas na Constituição como sendo de “relevância 
pública”, sendo atribuídos, ao poder público, a regulamentação, a fiscalização e o controle 
das ações e dos serviços de saúde (BRASIL, 2014a). 
 Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido, pelo artigo 198, do 
seguinte modo:
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema único, 
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I- Descentralização, com direção única em cada esfera de 
governo;
II- Atendimento integral, com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III- Participação da comunidade. 
Parágrafo único – O Sistema Único de Saúde será financiado 
com recursos do orça mento da seguridade social, da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de 
outras fontes (BRASIL, 2012).
NOTA
A concepção do SUS estava baseada na formulação de um modelo 
de saúde voltado para as necessidades da população, procurando resgatar o 
compromisso do Estado para com o bem-estar social, especialmente, no que 
refere à saúde coletiva, se consolidando como um dos direitos da cidadania. 
Procederam-se negociações para a promulgação da lei complementar, esta que 
daria bases operacionais à reforma e iniciaria a construção do SUS no Brasil. 
Ainda, permitiria o acesso universal à saúde para a população brasileira.
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
16
FIGURA 4 – ULYSSES GUIMARÃES, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE, 
SEGURA UM EXEMPLAR DA NOVA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
FONTE: Ponte (2010, p. 238) 
A História da Saúde Pública no Brasil – 500 Anos na Busca de Soluções.
 Essa história começa com a chegada dos colonizadores portugueses, quando 
os problemas sanitários ficaram mais graves e começamos a busca de soluções para as 
questões de saúde dos brasileiros. 
 Brasil Colônia, Brasil Império, Brasil República, um passeio pela história da saúde 
pública no país, sempre marcada pelas diferenças sociais e pela falta de prioridade nos 
investimentos do governo. Apesar dos muitos avanços e conquistas, continuamos na 
busca de soluções.
Produção: Vibe Films 
Direção: Sylvia Jardim 
Distribuição: VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz 
Ano da produção: 2015
Acesse: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/16186 ou https://www.youtube.com/watch 
?v=7ouSg6oNMe8.
 A História da Saúde Pública no Brasil – 500 Anos na Busca de Soluções.
DICAS
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
17
Direito à saúde
 A saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no artigo 
XXV, que define que todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de lhe assegurar, 
e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive, alimentação, vestuário, habitação, cuidados 
médicos e os serviços sociais indispensáveis. Ou seja, o direito à saúde é indissociável do 
direito à vida, que tem, por inspiração, o valor de igualdade entre as pessoas.
 No contexto brasileiro, o direito à saúde foi uma conquista do movimento da 
Reforma Sanitária, refletindo na criação do Sistema Único de Saúde (SUS), pela Constituição 
Federal de 1988, cujo artigo 196 dispõe que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença 
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, 
proteção e recuperação”. No entanto, o direito à saúde não se restringe apenas a poder ser 
atendido no hospital ou em unidades básicas. Embora o acesso a serviços tenha relevância, 
como direito fundamental, o direito à saúde gera, também, a garantia ampla de qualidade 
de vida, em associação a outros direitos básicos, como educação, saneamento básico, 
atividades culturais e segurança.
 “A criação do SUS está diretamente relacionada à tomada de responsabilidade 
por parte do Estado. A ideia do SUS é maior do que simplesmente disponibilizar postos 
de saúde e hospitais para que as pessoas possam acessar quando precisem, a proposta 
é que seja possível atuar antes disso, através dos agentes de saúde, estes que visitam 
frequentemente as famílias para serem antecipados os problemas, além de conhecer a 
realidade de cada família, encaminhando as pessoas para os equipamentos públicos de 
saúde” (GUIA DE DIREITOS). 
FONTE: <https://pensesus.fiocruz.br/direito-a-saude>. Acesso em: 6 nov. 2020.
IMPORTANT
E
18
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Constituição de 1988 permitiu, ao Brasil, estabelecer garantias fundamentais 
de saúde, educação e condicionantes sociais. Com isso, se institucionalizaram 
direitos fundamentais, como a saúde, previsto na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, de 1948.
• Do movimento da Reforma Sanitária originou o Sistema Único de Saúde (SUS), 
através da Constituição Federal de 1988, tendo como base a 8ª Conferência 
Nacional de Saúde.
• O artigo 196 menciona que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações 
e serviços para a promoção, proteção e recuperação”.
• Antes da criação do SUS, a saúde era direcionada apenas para os trabalhadores 
que contribuíam, ou seja, a assistência à saúde não era direcionada a todos.
RESUMO DO TÓPICO 1
19
1 Para realizar um processo adequado de aprendizagem, é preciso construir 
o conhecimento, assim, uma das ferramentas utilizadas é o mapa mental, 
ou “mapa da mente”, nome dado para um tipo de diagrama, sistematizado.
 Para construir um mapa mental:
1- Inicie, no centro da folha, com uma imagem do assunto.
2- Use imagens, símbolos e dimensões em todo o mapa mental.
3- Selecione as palavras-chave e as escreva usando letras minúsculas ou 
maiúsculas.
4- Coloque cada palavra/imagem sozinha e na sua própria linha.
5- As linhas devem estar conectadas a partir da imagem central.
6- As linhas centrais são mais grossas, orgânicas e se afinam à medida que 
irradiam para fora do centro.
7- Faça as linhas do mesmo comprimento que a palavra/imagem que 
suportam.
8- Use várias cores em todo o mapa mental, para a estimulação visual e, 
também, para codificarou agrupar.
9- Desenvolva seu próprio estilo pessoal ao criar seus mapas mentais.
10- Use ênfases e mostre associações no seu mapa mental.
11- Mantenha o mapa mental claro, usando hierarquia radial, ordem 
numérica ou contornos para agrupar ramos.
FONTE: <https://www.mapamental.org/dicas/o-que-e-mapa-mental/>. Acesso em: 6 nov. 2020.
Faça um mapa mental da linha do tempo da história da saúde pública no 
Brasil. 
2 A Saúde como Política Pública: em que consistem as políticas públicas 
relacionadas à saúde no Brasil?
As políticas públicas de saúde correspondem a todas as ações de governo 
que regulam e organizam as funções públicas do Estado para o ordenamento 
setorial. Referem-se tanto a atividades governamentais executadas diretamente 
pelo aparato estatal quanto àquelas relacionadas à regulação de atividades 
realizadas por agentes econômicos. Configuram uma agenda vasta de temas, 
que expressam não apenas o leque e a abrangência dos problemas que exigem 
solução política, mas, principalmente, os anseios da sociedade, o contexto e os 
resultados da disputa entre os diferentes atores sociais.
A partir da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988, que instituiu a Seguridade Social como o padrão de proteção social 
a ser institucionalizado no país, e, neste âmbito, a saúde como direito de todos 
e dever do Estado, as políticas de saúde vêm sendo amplamente discutidas e 
definidas com vistas ao reordenamento setorial necessário ao cumprimento 
dos preceitos constitucionais.
AUTOATIVIDADE
20
Vale lembrar, ainda, que a concepção ampliada de saúde adotada na 
Constituição, e o entendimento de que a garantia desse direito exige, do 
Estado, políticas econômicas e sociais orientadas à redução de riscos de 
doenças e outros agravos, não apenas ampliam o espectro das políticas 
públicas relacionadas à saúde, mas exigem, dos formuladores das políticas de 
saúde, a interlocução com outros setores.
Pode-se afirmar que as políticas públicas setoriais e o debate político estão 
predominantemente referidos, na história recente, ao processo de reconfiguração 
das atividades governamentais relativas à saúde, particularmente, no que se 
refere à organização, implementação e financiamento do Sistema Único de 
Saúde e às possibilidades e limites da efetivação dos princípios e diretrizes 
constitucionais em toda a sua extensão.
FONTE: LUCCHESE, P. T. R. Políticas públicas em saúde pública. São Paulo: BIREME/OPAS/
OMS, 2004, p. 90.
A partir da reflexão exposta, elabore um mapa mental com base nos 
conhecimentos adquiridos ao longo deste tópico.
3 A VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) foi o principal marco desse 
processo de formulação de um novo modelo de saúde pública universal, 
visando romper com a cisão estrutural entre saúde pública e medicina 
curativa individual, e com a intensa privatização que então caracterizava o 
sistema de saúde brasileiro (PONTE, 2010). Analise as alternativas e assinale 
a CORRETA:
a) ( ) A VIII CNS não teve a participação de representantes de diversas 
entidades da sociedade civil, profissionais de saúde, usuários do 
sistema e prestadores de serviços de saúde públicos. 
b) ( ) A VIII Conferência Nacional de Saúde foi um evento realizado somente 
para prestadores de serviços em saúde.
c) ( ) Durante a VIII Conferência foram lançadas as diretrizes para a 
construção de um sistema descentralizado e único. 
d) ( ) A Saúde não foi um tema desse evento.
e) ( ) Um dos pontos discutidos fora em relação a nova reformulação do 
INAMPS.
4 Descreva o papel da 8ª Conferência de Saúde para a constituição do Sistema 
Único de Saúde.
5 O ano de 1990 foi descrito como o ano de criação e regulamentação do SUS. 
Sobre esse tema, SUS, assinale a alternativa CORRETA:
( ) Lei n° 8.080/90 – Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção 
e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes. Define os princípios e diretrizes do SUS.
21
( ) Lei n° 8.142/90 – Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do 
SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros 
na área da saúde e dá outras providências.
( ) As leis n° 8.080/90 e n° 8.142/90 referem no seu texto apenas sobre o 
financiamento do SUS.
( ) No ano de 1991 inicia o Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
(Pacs). 
( ) No ano de 2002 inicia o Programa Saúde da Família (PSF) no Brasil.
a) ( ) V – V – V – V – F.
b) ( ) V – V – F – V – F. 
c) ( ) F – F – V – F – V.
d) ( ) V – F – V – F – V.
e) ( ) F – V – F – V – F.
22
23
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
O SUS
1 INTRODUÇÃO 
O desejo da constituição de um único sistema de saúde foi construído com 
o envolvimento de um amplo movimento político pela reforma do setor saúde, 
a Reforma Sanitária, envolvendo diferentes atores sociais, como intelectuais da 
área da saúde pública, profissionais da saúde com atuação nas áreas de pesquisa, 
formação de recursos humanos, serviços e formulação de políticas, movimentos 
populares pela saúde e movimento sindical. Decorreu nos anos 1970 e 1980, 
dando bases para um movimento cada vez mais forte que questionava o sistema 
de saúde governamental. 
As propostas que davam bases à nova proposição se caracterizavam 
pela democratização do sistema, com participação popular, universalização dos 
serviços, defesa do caráter público do sistema de saúde e descentralização. 
Ao mesmo tempo, o agravamento da crise da Previdência Social 
demonstrava a necessidade de uma separação, com isso, lançaram-se as bases 
para o Sistema Único de Saúde (SUS), através da Constituição Federal de 1988.
2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Após mais de uma década de luta do movimento da reforma sanitária 
brasileira, o direito à saúde, no Brasil, entra no texto constitucional, amparando, 
legalmente, toda a população brasileira no acesso aos serviços e às ações de 
saúde (BRASIL, 2014a).
Um grande avanço para a saúde pública no Brasil foi o texto da saúde 
na Constituição de 1988, quando surge no capítulo da Seguridade Social ao 
lado da Previdência Social e da Assistência Social, caracterizando o espectro da 
proteção social para a população brasileira.
24
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
FIGURA 5 – VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE LANÇA O TEXTO INICIAL 
SOBRE A SAÚDE PARA A CONSTITUIÇÃO DE 1988
FONTE: Ponte (2010, p. 243)
A Constituição de 1988 funda o SUS, terminando com quase um século de 
separação entre as ações de saúde pública e de atenção à saúde, que passam a ser 
planejadas e executadas de forma integrada com direção única em cada esfera de 
governo (BRASIL, 2014a). 
A criação e a regulamentação do SUS se dão por duas leis, as quais se 
denominam como Leis Orgânicas da Saúde:
 
• Lei n° 8.080/90 – Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção 
e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes. Define os princípios e diretrizes do SUS.
• Lei n° 8.142/90 – Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS 
e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área 
da saúde e dá outras providências.
Vamos falar dessas leis mais adiante.
ESTUDOS FU
TUROS
2.1 PAPEL DO SUS 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos 
sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento 
para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o 
transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda 
a população do país (BRASIL, 2020a). 
TÓPICO 2 — O SUS
25
O SUS proporcionou o acesso universal ao sistema público de saúde, sem 
discriminação, permitiu o acesso de todos os brasileiros ao cuidado da saúde. A 
atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser 
um direito de todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco 
na saúde com qualidade de vida, visando à prevenção e à promoção da saúde.
A gestão das ações e dos serviçosde saúde deve ser solidária e 
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados e os 
Municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto ações quanto 
os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média e alta complexidades, 
os serviços de urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e serviços 
das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica 
(BRASIL, 2020a).
2.2 ESTRUTURA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Um ponto importante é entender como é a composição do Sistema 
Único de Saúde (SUS), além de como funciona a interação entre Municípios, 
Estados, Distrito Federal e a União. Sua composição é dada pelo Ministério 
da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde, 
conforme determina a Constituição Federal, sendo que cada ente tem as suas 
responsabilidades na gestão e organização da saúde para a população. 
2.2.1 Ministério da Saúde
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora e avalia 
políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional de Saúde. Atua no 
âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) para pactuar o Plano Nacional 
de Saúde. Integram sua estrutura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobras, 
Inca, Into e oito hospitais federais (BRASIL, 2020a).
2.2.2 Secretaria Estadual de Saúde (SES)
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, presta apoio aos 
Municípios em articulação com o Conselho Estadual e participa da Comissão 
Intergestores Bipartite (CIB), para aprovar e implementar o plano estadual de 
saúde (BRASIL, 2020a). 
26
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
2.2.3 Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços de saúde 
em articulação com o Conselho Municipal e a esfera estadual para aprovar e 
implantar o plano municipal de saúde.
2.2.4 Aspectos operacionais do SUS
• Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
É uma comissão formada por gestores federais, estaduais e municipais 
que negociam e pactuam em relação aos aspectos operacionais do SUS.
• Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
É o fórum de negociação entre o Estado e os Municípios na implantação e 
operacionalização do Sistema Único de Saúde, SUS. 
Como colegiado bipartite, a CIB é composta paritariamente por nove 
representantes da Secretaria de Estado da Saúde e por nove do Conselho de 
Secretários Municipais de Saúde, COSEMS.
• Conselho Nacional de Secretário da Saúde (CONASS)
O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS) é uma entidade 
de direito privado, sem fins lucrativos, que se pauta pelos princípios que regem o 
direito público, e que congrega os secretários e seus substitutos legais – gestores 
oficiais das Secretarias de Estado de Saúde dos Estados e do Distrito Federal. Tem 
sede e foro na Capital da República. 
O CONASS constitui um organismo da direção do Sistema Único de 
Saúde (SUS), com mandato de representar politicamente os interesses comuns 
dos secretários de saúde dos Estados e do Distrito Federal, perante as demais 
esferas de governo e outros parceiros, em torno de estratégias comuns de ação 
entre os gestores estaduais de saúde (CONASS, 2020).
• Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)
Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar de 
matérias referentes à saúde (BRASIL, 2020a).
• Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
São reconhecidos como entidades que representam os entes municipais, 
no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à saúde, desde que 
vinculados institucionalmente ao Conasems, na forma que dispuserem seus 
estatutos (BRASIL, 2020a).
TÓPICO 2 — O SUS
27
DICAS
2.3 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
 O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela constituição de 1988, 
é um conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos e 
instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta 
ou indireta, que pode ser complementado pelos serviços de saúde ofertados 
pela iniciativa privada.
2.3.1 Princípios do SUS
• Universalidade
A saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas, e cabe, ao Estado, 
assegurar esse direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido 
a todas as pessoas, independentemente do sexo, raça, ocupação, ou outras 
características sociais ou pessoais (BRASIL, 2020a).
O CONASS disponibiliza o Guia Di gital de Apoio à Gestão Estadual do SUS. 
FONTE: <http://www.conass.org.br/guiainformacao/>. Acesso em: 9 nov. 2020.
Gestão Pública Administração Pública Planejamento e oCiclo Orçamentário
Gestão Financeira Regulação Informações para a gestão do SUS
28
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação (BRASIL, 2012).
A universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS) se apresenta não 
apenas como o direito à saúde garantido mediante políticas públicas, mas aponta 
para o direito à vida e à igualdade de acesso sem distinção de raça, sexo, religião 
ou qualquer outra forma de discriminação do cidadão brasileiro.
• Equidade
O objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as 
pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm 
necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente 
os desiguais, investindo mais onde a carência é maior (BRASIL, 2020a).
FIGURA 6 – EQUIDADE
FONTE: <https://cartaodosus.info/principios-do-sus/>. Acesso em: 9 nov. 2020.
• Integralidade 
Este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas 
as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo 
a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. 
Juntamente, o princípio da integralidade pressupõe a articulação da saúde 
com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre 
as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos 
indivíduos (BRASIL, 2020a). A Constituição afirma que o atendimento integral 
deve priorizar as ações preventivas, sem prejuízo das ações de assistência. Isso 
significa afirmar que o usuário do SUS tem o direito a serviços que atendam 
às necessidades, ou seja, da vacina ao transplante, com prioridade para o 
desenvolvimento de ações preventivas (BRASIL, 2014a).
IGUALDADE EQUIDADE
TÓPICO 2 — O SUS
29
• Princípios organizativos – Descentralização 
No SUS, a diretriz da descentralização corresponde à distribuição de poder 
político, de responsabilidades e de recursos da esfera federal para a estadual e a 
municipal. Ou seja, estamos falando de uma desconcentração do poder da União 
para os Estados e Municípios, tendo, como objetivo, a consolidação dos princípios 
e diretrizes do SUS. Em cada esfera do governo, há uma direção do SUS: na União, 
o Ministério da Saúde; nos Estados e Distrito Federal, as secretarias estaduais 
de saúde ou órgão equivalente; e, nos Municípios, as Secretarias Municipais de 
Saúde (BRASIL, 2014a).
• Princípios organizativos – Regionalização e hierarquização
Essa diretriz diz respeito a uma organização do sistema que deve focar 
na noção de território, a partir da qual se determinam perfis populacionais, 
indicadores epidemiológicos, condições de vida e suporte social que devem 
nortear as ações e serviços de saúde de uma região. Essa concepção aproxima 
a gestão municipal dos problemas de saúde, das condições de vida e da cultura 
que estão presentes nos distritos ou regiões que compõem o município. A lógica 
proposta é: quanto mais perto da população, maior será a capacidade de o 
sistema identificar as necessidades de saúde, e melhor será a forma de gestão do 
acesso e dos serviços para a população (BRASIL, 2014a). A regionalização deve 
sernorteada pela hierarquização dos níveis de complexidade requerida pelas 
necessidades de saúde das pessoas. Um ponto importante é a orientação da rede 
de ações e serviços de saúde, orientada pelo princípio da integralidade.
 
• Princípios organizativos – Participação da comunidade
A participação da comunidade se tornou uma diretriz da organização e 
da operacionalização do SUS em todas as suas esferas de gestão, confundindo-se 
com um princípio. Para isso, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de 
Saúde, que visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política 
de saúde (BRASIL, 2020a).
30
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
Conselhos de Saúde
 O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (nacional, estadual ou municipal), 
em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do 
governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de 
estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, 
inclusive, nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões são homologadas pelo 
chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
 
 Cabe, a cada Conselho de Saúde, definir o número de membros, que obedecerá 
a uma composição: 50% de entidades e movimentos representativos de usuários; 25% de 
entidades representativas dos trabalhadores da área da saúde; e 25% de representação do 
governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos.
FONTE: Ponte (2010) e Brasil (2020a)
NOTA
O Que É o SUS: e-book interativo
Autores: Jairnilson Silva Paim e outros
Ano: 2015
Acesso aberto, 93 páginas
Sinopse: O livro O Que É o SUS  – um dos títulos mais 
procurados da Editora Fiocruz, já tendo sido reimpresso cinco 
vezes – busca esclarecer o que é, o que não é, o que faz, o que 
deve fazer e o que pode fazer o SUS. Pela importância do tema 
e da obra, O Que É o SUS foi selecionado para se transformar 
no primeiro e-book interativo da Editora Fiocruz, no âmbito do 
primeiro edital da Faperj, especialmente dedicado às editoras 
universitárias. O objetivo do projeto não era mudar o suporte do 
papel para a tela, mas oferecer uma nova experiência de leitura,
em que vídeos, áudios, galerias de fotos, infográficos e outros recursos ora 
complementassem, ora substituíssem partes do texto original, criando uma nova 
textualidade eletrônica. O resultado é fruto de uma construção coletiva e, antes, do 
consentimento do autor, o professor da Ufba Jairnilson Silva Paim, que, generosamente, 
seguiu "o exemplo de João Ubaldo Ribeiro, de não interferir na transformação de seus 
livros em filmes, novelas ou minisséries, pois, além de outras linguagens, na realidade, 
tais iniciativas expressam novas criações". Uma nova criação que, assim como o livro 
de 2009, busca contribuir para a consolidação, o fortalecimento e a expansão do SUS. 
FONTE: <http://www.livrosinterativoseditora.fiocruz.br/sus/15/>. Acesso em: 9 nov. 2020.
DICAS
TÓPICO 2 — O SUS
31
3 LEGISLAÇÃO SUS 
Os fundamentos do SUS estão expressos na seção II do capítulo II do 
título VIII da Constituição Federal de 1988, que trata da Seguridade Social. Essa 
seção estabelece os direitos dos usuários, os deveres do Estado e as diretrizes 
da organização do sistema; como será financiado esse sistema; a participação da 
iniciativa privada e de empresas de capital estrangeiro na assistência à saúde; 
as atribuições do sistema; e a admissão de agentes comunitários de saúde e de 
combate às endemias (BRASIL, 2015).
O alicerce legal do SUS é formado por três documentos, segundo Ponte 
(2010), que expressam os elementos essenciais da organização:
1- a Constituição Federal de 1988, na qual a saúde é um dos setores que estruturam 
a seguridade social, ao lado da previdência e da assistência social, em especial 
na seção II, artigos 196 a 200;
2- a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, também conhecida como Lei Orgânica 
da Saúde, que dispõe, principalmente, sobre a organização e regulação das 
ações e serviços de saúde em todo o território nacional;
3- a Lei n° 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que estabelece o formato da participação 
popular no SUS e dispõe sobre as transferências intergovernamentais de 
recursos financeiros na área da saúde. 
3.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Constituição Federal de 1988 define o conceito de saúde, incorporando 
novas dimensões, ou seja, para se ter saúde, é preciso ter acesso a um conjunto 
de fatores, como alimentação, moradia, emprego, lazer e educação. A partir desse 
conceito ampliado, vê-se a concepção de saúde além da ausência de doença, e 
norteia a necessidade de se constituir um sistema que abranja todos os cuidados 
necessários. 
O artigo 196 cita que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de 
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços 
para sua promoção, proteção e recuperação”. Com esse artigo, fica definida a 
universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2007).
No artigo 198 da Constituição Federal de 1988: 
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada 
e hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado de acordo 
com as seguintes diretrizes:
I- Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II- Atendimento integral, com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
32
UNIDADE 1 — SAÚDE PÚBLICA, SUS E APS
III- Participação da comunidade
Parágrafo único – O Sistema Único de Saúde será financiado com 
recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes (BRASIL, 2012).
O texto constitucional demonstra, claramente, que a concepção do SUS 
estava baseada na formulação de um modelo de saúde voltado para as necessidades 
da população, procurando resgatar o compromisso do Estado para com o bem-
estar social, especialmente, no que refere à saúde coletiva, consolidando-o como 
um dos direitos da cidadania (BRASIL, 2007).
3.2 LEI N° 8.080: LEI ORGÂNICA DA SAÚDE
A Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para 
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento 
dos serviços correspondentes.
A lei regula, em todo o território nacional, as ações e os serviços de saúde, 
executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por 
pessoas naturais ou jurídicas, de direito público ou privado (BRASIL, 1990).
A Lei n° 8.080/90 institui o Sistema Único de Saúde, constituído pelo 
conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições 
públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta, e 
das fundações mantidas pelo poder público. Um ponto importante é a definição 
que a iniciativa privada pode participar do Sistema Único de Saúde em caráter 
complementar, ou seja, quando há a necessidade de complementar um serviço 
existente. O caráter complementar é definido no artigo 199 da Constituição 
Federal de 1988, que prevê que as instituições privadas podem participar de 
forma complementar ao Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, 
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades 
filantrópicas e as sem fins lucrativos.
As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou 
conveniados que integram o SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes 
previstas no artigo 198 da Constituição Federal de 1988, obedecendo, ainda, a 
princípios organizativos e doutrinários (BRASIL, 2007), como:
• universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
• integralidade de assistência, com prioridade para as atividades preventivas, 
sem prejuízo dos serviços assistenciais;
• equidade;
• descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera

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