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36 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA–UVA CURSO: ENGENHARIA CIVIL IMPACTOS DA ALTA CONCENTRAÇÃO DE CLORETOS NO SOLO - UM ESTUDO DE CASO EM ÁREAS DE SALINAS GUSTAVO DA SILVA CORRÊA RIO DE JANEIRO 2019 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA-UVA CURSO: ENGENHARIA CIVIL GUSTAVO DA SILVA CORRÊA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientadora: Eliene Flora IMPACTOS DA ALTA CONCENTRAÇÃO DE CLORETOS NO SOLO - UM ESTUDO DE CASO EM ÁREAS DE SALINAS Cabo Frio 2019 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA CURSO: ENGENHARIA CIVIL GUSTAVO DA SIVA CORRÊA IMPACTOS DA ALTA CONCENTRAÇÃO DE CLORETOS NO SOLO - UM ESTUDO DE CASO EM ÁREAS DE SALINAS Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à conclusão do curso em Bacharel em Engenharia Civil. APROVADA EM: CONCEITO: ________________________ BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________ PROFESSORA. MSC Eliene Maria Souza Flora Orientadora _________________________________________________________ PROF. MSC Ângela de Fátima Marquez _________________________________________________________ PROF. MSC Inácio da Silva Coordenação de Engenharia Civil Cabo Frio 2019 RESUMO Muitas são as manifestações patológicas que afetam as edificações novas ou antigas. Dentre os danos mais frequentes estão àqueles provocados pelos cloretos de sódio em alvenarias e estruturas. Essas manifestações além de comprometerem a integridade desses elementos estruturais, provocam efeito estético desagradável. As degradações provocadas por sais ocorrem quando há a migração dos sais danosos até a superfície das alvenarias. Esses sais são diluídos e transportados pela água absorvida pela umidade do ar, aumentando de volume quando essa água evapora e se recristalizam fazendo com que surjam fissuras nas alvenarias. Esta é uma situação bastante comum na Nova São Pedro, bairro da cidade de São Pedro da Aldeia, que apesar de fundado há pouco tempo e com construções novas, possuem já alguns problemas. Um detalhe importante sobre essa região é que há alguns anos existia uma estrutura de produção de sal, ou melhor, este bairro era uma salina, e com a sua desativação, veio a ser uma área residencial e comercial. Para se buscar a raiz desta situação, foi realizado um estudo de caso através de análise de solo do bairro. E para alcançar tal objetivo foi realizada uma pesquisa bibliográfica e visitas ao local, Será apresentada uma análise quantitativa do teor de sais através da técnica de condutivimetria no solo da região. A água destilada foi utilizada no ensaio por não conter sais, para que ao final, tivesse o valor obtido exclusivamente do solo. Através dos valores obtidos nestes ensaios, foi possível concluir se os danos encontrados nas residências possuem alguma relação com a salinidade do local. A ideia é saber se o setor de construção civil possui meios de avaliar se o solo é apropriado ou não para ser edificado. Palavra-chave: Salinidade, Salinização, Análise, Solo, Salina, São Pedro da Aldeia. ABSTRACT Many are the pathological manifestations that affect new or old buildings. Among the most frequent damages are those caused by sodium chlorides in masonry and structures. These manifestations, besides compromising the integrity of these structural elements, cause an unpleasant aesthetic effect. The degradations caused by salts occur when there is migration of the harmful salts to the surface of the masonry. These salts are diluted and transported by the water absorbed by the humidity of the air, increasing in volume when this water evaporates and recrystallizes causing cracks to appear in the masonry. This is a very common situation in Nova São Pedro, a neighborhood in the city of São Pedro da Aldeia, which, although recently founded and with new buildings, already has some problems. An important detail about this region is that a few years ago there was a structure of salt production, or rather, this neighborhood was a salt mine, and with its deactivation, it became a residential and commercial area. In order to look for the root of this situation, a case study was carried out through the soil analysis of the neighborhood. In order to achieve this objective, a bibliographical research and site visits were carried out. A quantitative analysis of the salt content will be presented through the technique of conductivimetry in the soil of the region. The distilled water was used in the test because it did not contain salts, so that in the end it had the value obtained exclusively from the soil. Through the values obtained in these tests, it was possible to conclude that the damages found in the residences have some relation with the salinity of the place. The idea is to know if the construction sector has the means to evaluate whether or not the soil is suitable for building. Key words: Salinity, Salinization, Analysis, Soil, Saline, São Pedro da Aldeia. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Bairro Nova São Pedro em 2009 e 2018 Fonte: Google Earth (2018) 10 Figura 2- Perfil esquematizado de um solo Fonte: Google imagens(2018) 15 Figura 3 - Solo arenoso Fonte: Portal São Francisco 18 Figura 4 - Solo argiloso Fonte: Portal São Francisco 18 Figura 5 - solo siltoso Fonte: Portal São Francisco 19 Figura 6 - Solo Húmico Fonte: Portal São Francisco 19 Figura 7 - Solo Cársicos Fonte: Portal São Francisco 20 Figura 8 - Cristalização de sais no reboco Fonte: https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/departamentos/decivil. Acessado em outubro de 2018. 28 Figura 9 – Eflorescência Fonte: https://souzafilho.com.br/blog/posts/eflorescencia. Acessado em outubro de 2018 29 Figura 10 - Vista área do bairro Nova São Pedro Fonte: Google Maps, 2019 30 Figura 11- Locais da coleta das amostras do solo Fonte: Google maps, 2019 32 Figura 12 - Amostra do primeiro lote Fonte: Autoria própria 33 Figura 13 - Localização do 1° lote Fonte: Autor 33 Figura 14 - Localização do 2° lote Fonte: Autor 34 Figura 15 - Localização do 3° lote Fonte: Autor 34 Figura 16 - Localização do 4° lote Fonte: Autor 35 Figura 17 - Processo de peneiragem do solo lote 1 Fonte: Autor 36 Figura 18 - Recipientes contendo os 4° lotes peneirados Fonte: Autor 37 Figura 19 - Proveta medindo 100ml de água destilada e a balança pesando 100g do solo Fonte: Autor 38 Figura 20 - Processo de filtragem das soluções Fonte: Autor 38 Figura 21 - Resultado do condutivímetro Fonte: Autor 39 Figura 22 - Condutividade elétrica da água mineral Fonte: Autor 43 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação do solo de acordo com o índice de salinidade Fonte: Ghevi et al, 1997 21 Tabela 2 - Resultados do lote 1 Fonte: Autor 40 Tabela 3 - Resultados do lote 2 Fonte: Autor 40 Tabela 4 - Resultados do lote 3 Fonte: Autor 40 Tabela 5 - Resultados do lote 4 Fonte: Autor 40 Tabela 6 - Dados estatísticos Fonte: Autor 42 Tabela 7 - Estimativa total do bairro Fonte: Autor 42 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CEe– Condutividade elétrica do extrato CP – Cimento Portland NBR – Norma Brasileira Regulamentadora PH – Potencial hidrogenionico PST –Porcentagem de sódio trocável TCC – Trabalho de Conclusão de Curso TSD –Total de Sólidos Dissolvidos UVA – Universidade Veiga de Almeida Cm – Centímetros g – Grama ml – Mililitros μS – MicroSiemens °C – Grau Celcius mm– Milímetros PPm– Partes por milhão SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 1.1 Justificativa 11 1.2 Objetivos 12 1.2.1 Objetivo geral 12 1.2.2 Objetivos Específicos 12 1.3 Metodologia 12 1.4 Estrutura do Trabalho 13 2 REFERENCIAL TEORICO 14 2.1 Solo 14 2.2 Concreto 22 2.3 Mecanismos que desencadeiam as patologias 27 3 ESTUDO DE CASO 30 3.1 Determinação da Salinidade do Solo por Condutividade 30 3.2 Equipamentos utilizados na coleta e nos ensaios 31 3.3 Local de Realização da Análise 36 3.4 Procedimento de Ensaio de Condutividade Elétrica 36 4 RESULTADOSe discussões 40 4.1 Resultados e Discussões 40 4.2 Sugestões de prevenção contra umidade 43 5 ConCLUSÃO 45 Referências 46 14 INTRODUÇÃO Com o crescimento urbano na Região dos lagos trouxe junto o aumento da construção civil. Está pesquisa visa mostrar o cuidado que devemos ter na hora de construir em locais de áreas salinas. Um dos principais objetivos dessa pesquisa é o alerta não só para os que trabalham nesta área como para aqueles que queiram investir em locais salinos. Segundo Ramão (2015), a mercantilização do meio ambiente foi o ponto de partida da expansão desenfreada da sociedade, não somente através do aumento da própria população, mas através do turismo de veraneio, por justamente encontrarem um lugar de descanso, de fuga das capitais, e da alta taxa de violência que tem aumentado, e isto, aliado as belezas naturais, facilmente encontradas por todos os lados da região, como praias, lagoa, áreas verdes e a tranquilidade do interior. Assim, é comum encontrar, pela região, inúmeras residências que permanecem fechadas durante todo o ano e habitadas durante as férias e feriados. Em um passado não tão distante o solo de São Pedro da Aldeia foi destinada a produção cloreto de sódio, o sal de cozinha. Com o crescimento do município e a desativação de algumas áreas produtoras de sal, parte deste solo teve outra utilidade: como empreendimentos imobiliários. Por estarem bem localizadas, próxima ao centro da cidade, cederam lugar à casas, escolas, comércios e entre outros, dando início ao mais novo bairro de São Pedro da Aldeia com início aproximadamente em 2008 à 2009. A imagem a seguir (Figura 1) demonstra crescimento do bairro novo São Pedro.Figura 1 - Bairro Nova São Pedro em 2009 e 2018 Fonte: Google Earth (2018) Esse número de construção só tem aumentado, entretanto, as áreas que estão sendo construídas são áreas que apresentam salinidade em seu solo e no ar. Essas construções estão sendo realizadas sem o seu devido cuidado na hora da preparação do solo e na execução da estrutura a ser construída e em suas manutenções. Um dos fatores que deve-se ter o cuidado na hora de execução da construção, é o conhecimento de que tipo de solo que o empreendimento será construído. A ABNT(NBR 6502) defini o solo como “Material previamente da decomposição das rochas pela ação de agentes físicos ou químicos, podendo ou não ter matéria orgânica.” Ou seja, supõe-se como solo todo material não resistente ou parcialmente resistente, inorgânico, ou não, que possa ser escavado. Esta busca por território disponível para expansão da população gerou bairros com edificações fundadas em antigas salinas. Isso nos faz pensar: quais as características deste solo e os riscos e danos que podem ocorrer nas estrutura das edificações. Os sais podem afetar as alvenarias e concretos, pela sua deposição na região interior ou exterior das construções. Numa região litorânea, onde já se tem problemas com a oxidação das ferragens por conta da nevoa marinha em alguns bairros, onde á um tempo atrás foi área de salina, pode ter esta característica acentuada, devido ao alto grau de cloreto de sódio presente no solo e no ar. Existem construções em que no seu planejamento não tiveram uma análise do solo onde ficaram suas fundações. E esse deve ser o início de uma construção, pois em alguns casos, as características do solo são tão agressivas à construção, que podem acarretar graves patologias, além de danos materiais e risco para aqueles que nele habitam. Assim, surge a necessidade de se preparar o terreno, as áreas para construções, que necessitam de uma proteção, causando uma estanqueidade, contra a passagem indesejada de água, fluido e vapores. Os processos de deterioração em estruturas de concreto são, em geral, progressivos, pois uma fissura permite a entrada de agentes agressivos, que desprotegem a armadura, que se corrói. A corrosão gera perda de seção do aço e gera produtos que se propagam até que o cobrimento solte da armação, o que expõe ainda mais a armadura, que se corrói de forma mais rápida, gerando fissuras cada vez maiores, explica Helene (1998). Justificativa O presente trabalho se justifica com o objetivo de se estudar, avaliar os cuidados que se deve ter, não só na preparação do terreno para construção em áreas salinas, como a sua manutenção. Percebe-se nessa área – á Nova São Pedro, as manifestações patológicas que o cloreto de sódio afeta as estruturas das edificações. Segundo o Granato (1997), as armaduras de estruturas de concreto armado são atacadas ao entrar em contato com uma solução salina de maior ou menor concentração, que é identificada por seu nível de acidez ou oxidação Objetivos Objetivo geral O objetivo geral desse trabalho é analisar os efeitos do solo com as altas concentrações de cloretos nas estruturas de concreto em edificações que são consideradas novas, identificando as principais preocupações a fase inicial da obra. Objetivos Específicos Os objetivos específicos se distribuem em: a) Revisão bibliográfica sobre o solo, patologia, concreto e reparo; b) Coletar amostras no bairro Nova São Pedro; c) Determinar a salinidade por condutividade – medidor condutividade da bancada do laboratório de água da UVA; d) Propor ações para prevenção; e) Estudo de caso. Metodologia Para a realização desse trabalho o estudo será feito através de pesquisa bibliográfica, levantamento de dados, analises e diagnostico. Fazendo com que o tema seja compreendido não só pelos profissionais como para outros leitores. Serão feitas visitas ao bairro Nova São Pedro a fim de fazer registros fotográficos e coletas de amostras do solos pela medição de cátions e ânions no extrato aquoso. A salinidade do solo é estimada pela condutividade elétrica do extrato. O ensaio de condutividade elétrica será realizado em solo da região e água destilada. Levando amostras ao laboratório de águas da universidade Veiga de Almeida. A análise será feita através do extrato aquoso do solo para a verificação da condutividade elétrica do método 8.1 do livro Métodos Laboratoriais de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, de Jorge Antônio Barros de Macêdo – 4° edição. O método de preparar um extrato, ou seja, a proporção água: solo depende do propósito da determinação e da precisão necessária. Para casos em que se queira apenas ter ideia da salinidade do solo, pode-se usar, uma proporção água: solo de 1:1”. Com os resultados obtidos será realizada uma análise para compreender o comportamento do solo de uma determinada área dessa região, inspecionar, diagnosticar como surgiram e se desenvolveram as manifestações patológicas, objetivando apresentar soluções de reparo em construções existentes e medidas para as futuras. Estrutura do Trabalho No capítulo 2 será apresentada a pesquisa bibliográfica, onde serão elucidados assuntos referentes ao solo, demonstrando suas características e propriedades. Sobre o concreto armado, apresentando sua origem, particularidades, além de suas possíveis patologias. O capítulo 3 aborda os procedimentos realizados, como o processo de coleta do solo, métodos empregados para análise e equipamentos utilizados. O capítulo 4 apresenta os resultados encontrados na análise realizada e sugere qual o melhor procedimento a ser adotado para este tipo de resultado, mostrando a precaução que se deve ter com a preparação do terreno em locais salinos. Finalmente, no capítulo 5, são apresentadas as conclusões desse trabalho e suas contribuições. REFERENCIAL TEORICO Solo Para a iniciação deste trabalho se faz necessário trazer alguns conceitos sobre o solo. No decorrer desta pesquisa será abordado conceitos de forma bem clara para que todos os leitores possam compreender. · Formação do solo Segundo Vieira, há quatro modos que contribuem para a formação do solo, relacionados a minerais, elementos químicos, restos vegetais e animais. Os modos são definidos como: I. Adição -Tudo que entra no corpo do solo de origem que não seja a dele. Ou seja compostos orgânicos ou minerais causados pela erosão ou pela águado lençol freático. II. Remoção - Tudo que sai do solo, seja pela lixiviação, erosão ou queimadas III. Transporte – Isso acontece devido aberturas de poros (pequeno orifício na estrutura ou na superfície de qualquer ser vivo ou corpo inanimado) aberto pelos animais que habitam o solo, por raízes das plantas e árvores. IV. Transformação – Ocorre por meio te intemperismo, que pode ser físico, químico e biológico: a) Intemperismo físico: é a desintegração da rocha e o corre através da variação de temperatura, água ou vento. b) Intemperismo Químico que altera a composição dos minerais da rocha, que em geral, a água é o agente principal auxiliada pelo oxigênio e gás carbônico dissolvido nela. c) Intemperismo Biológico que ocorre através da ação do organismo e com o metabolismo que gera uma reação química de decomposição da rocha. De modo geral, os solos vêm sendo formados há milhões de anos. São frutos de um processo contínuo que se iniciou com o processo de decomposição de uma rocha matriz, que também pode ser chamada de rocha-mãe. À medida que a rocha matriz vai sofrendo a ação do intemperismo (ação da água, vento e seres vivos), ocorre a liberação de fragmentos de rocha que, por sua vez, se misturam a outros sedimentos, como restos de animais e plantas, portanto, dão origem a um determinado tipo de solo. Havendo outros fatores que contribuem para a sua formação: I. Clima: quanto mais quente e chuvoso for o clima, mais rápida tende a ser a decomposição da rocha mãe e, por consequência, há a formação do solo. II. Relevo: fator que pode favorecer ou dificultar a intensidade da decomposição rochosa que dá origem ao solo, algo que dependerá do grau de inclinação do relevo. Áreas de relevo mais inclinado tendem a sofrer mais com os processos erosivos. III. Organismos: envolvem a microfauna que constitui o solo (bactérias, fungos, minhocas, formigas etc.) e a vegetação. São essenciais para o auxílio à decomposição de restos vegetais, animais e minerais, além de ajudarem na conservação dos solos. IV. Tempo de formação: refere-se ao tempo em que a rocha-mãe fica exposta à ação dos agentes externos. Os solos de formação geológica mais recente tendem a ser mais rasos que os antigos. V. Composição: principal fator que influenciará na fertilidade ou não de um solo. Por exemplo: solos originados a partir de rochas ricas em calcário tenderão a ser mais férteis que aqueles formados em rochas pobres nesse mineral. O desenho a seguir (figura 2) apresenta as etapas de decomposição da rocha-mãe até se chegar à formação de um solo profundo. Observe: Figura 2- Perfil esquematizado de um solo Fonte: Google imagens(2018) Onde cada perfil do solo se mostra como camadas horizontais: I. Horizonte O - é o horizonte orgânico formado a partir da decomposição de materiais orgânicos de origem animal e vegetal. II. Horizonte A - é o horizonte mineralógico que, como o nome indica, é composto por compostos minerais oriundos da rocha mãe (a rocha que se decompôs e deu origem ao solo) e também de outras áreas. Geralmente, essa camada apresenta uma boa quantidade de material orgânico decomposto, o que faz com que também se chame de solo humífero. III. Horizonte B - é o horizonte de composição essencialmente mineral. Ele é formado pela acumulação de argila e também de oxi-hidróxicos de ferro e alumínio. IV. Horizonte C - é a zona de transição entre o solo e a sua rocha formadora, sendo chamado também de saprolito. É formado por alguns sedimentos maiores e menos decompostos, representando o processo de decomposição da rocha. · Tipos de solo Segundo o Portal São Francisco, os solos podem ser classificados de acordo com o tipo do seu grão, que são eles: solos coesivos, solos não coesivos e solos mistos. I. Solos Coesivos - Individualmente os grãos destes tipos de solos são muito finos, quase farináceos, se aderem firmemente um a outro e não podem ser reconhecidos a olho nu. Os espaços vazios entre as partículas são muito pequenos. Devido à sua estrutura estes solos apresentam resistência à penetração de água, absorvendo-a muito lentamente. Entretanto, uma vez que tenha conseguido penetrar no solo, a água também encontra dificuldade para ser extraída do interior do mesmo. Ao receber água, tendem a se tornar plásticos (surge a “lama”). Apresentam maior grau de estabilidade quando secos. Devido às forças adesivas naturais (coesão) existentes entre as pequenas partículas que compõem estes tipos de solo, é que a compactação por vibração não é a ideal nesta situação. Estas partículas tendem a agrupar-se, dificultando uma redistribuição natural entre elas, individualmente. II. Solos Não Coesivos (Granulares) - Como solos não coesivos compreendem-se os solos compostos de pedras, pedregulhos, cascalhos e areias, ou seja, de partículas grandes (grossas). Estas misturas, compostas por muitas partículas, individualmente soltas, que no estado seco não se aderem uma à outra (somente se apoiam entre si), são altamente permeáveis. Isto se deve ao fato de existirem, entre as partículas, espaços vazios relativamente grandes e intercomunicados entre si. Em um solo não coesivo, em estado seco, é fácil reconhecer, por simples observação, os tamanhos dos diferentes grãos. III. Solos Mistos - Como já foi dito, na natureza a maioria dos solos está composta por uma mistura de partículas de diferentes tamanhos, ou seja, de grãos finos (coesivos) com outros de maior granulometria. Seu comportamento está diretamente relacionado à percentagem de partículas finas existentes, em relação às partículas grossas. É importantíssimo se dizer que solos mistos compostos de partículas redondas e/ou lisas são muito mais suscetíveis à compactação que aqueles compostos por partículas com arestas vivas ou angulares. Entretanto, ao se comparar solos com igual grau de compactação, aqueles que possuem partículas angulares e/ou de arestas vivas (alto grau de rugosidade) possuem maior capacidade de carga que aqueles compostos por partículas de textura lisa, ainda que estes últimos apresentem menor granulometria. · Características dos solos: De acordo com Serra (2014), de uma maneira simples, os solos são constituídos de uma mistura de materiais estacionários, sais, água e matéria orgânica. As suas características em um determinado local estão relacionados com: · As características físicas e mineralógicas do material de origem; · O clima sob o qual ocorreu a acumulação e o desenvolvimento; · As condições de vida animal e vegetal; · A topografia; · O tempo de desenvolvimento do solo. A classificação dos solos de acordo com as suas características é fundamentada de acordo com as suas propriedades físico-químicas, em vez da sua origem geológica ou localização geográfica, embora aquelas propriedades possam ser influenciadas tanto pela origem como pela localização. Permitindo que sejam classificados como: solos arenosos, solos argilosos, solos siltosos, solo húmico e solo cársicos. Solo Arenosos: Os solos arenosos (figura 3) são aqueles cujas dimensões dos seus grãos estão compreendidos entre 2mm e 0,075mm, sendo formados principalmente por cristais de quartzo e óxido de ferro no caso de solos de regiões tropicais. Têm boa aeração, pelo que a água e o ar penetram com mais facilidade nele. O solo arenoso tem um teor em areia superior a 70%. O deserto é o exemplo mais comum dos solos arenosos. É um solo permeável e seca depressa. Figura 3 - Solo arenoso Fonte: Portal São Francisco Solos argilosos (figura 4) não são tão arejados como os arenosos, mas armazenam mais água. Como são menos permeáveis, a água passa de uma forma mais lenta, ficando então armazenada. Alguns solos, mesmo tendo muita argila, apresentam grande permeabilidade. Na sua composição existem quantidades consideráveis de óxidos de alumínio (gibbsita) e de ferro (goethita e hematite), formando grãos pequenos, semelhantes aos do pó do café, conferindo ao solo uma textura semelhante à do arenoso. Figura 4 - Solo argiloso Fonte: Portal São Francisco Solos siltosos (figura 5) possuem uma grande quantidade desilte, sendo, por isso, muito erodíveis. A silte não se mistura como a argila, as suas partículas são muito pequenas e leves. Figura 5 - solo siltoso Fonte: Portal São Francisco Solo húmico (figura 6) é um tipo de solo apresenta uma quantidade muito superior de húmus em relação aos outros. É um solo geralmente fértil, ou seja, um solo onde as plantas encontram melhores condições para se desenvolverem. Figura 6 - Solo Húmico Fonte: Portal São Francisco Solos cársicos (figura 7) - A quantidade de calcário presente neste tipo de solo é muito superior que nos outros. Deste tipo de solo é retirado um pó branco ou amarelado, que pode ser utilizado na fertilização dos solos destinados à agricultura e à pecuária. Figura 7 - Solo Cársicos Fonte: Portal São Francisco · Solo Salinizado Com o processo de acumulação de sal no solo, se originando da superfície ou no interior do solo, se da o nome de salinização. Se origina principalmente, em áreas áridas e semiáridas. E a nossa região dos lagos é de clima semiárido. A acumulação de sais no solo é o produto final de várias ações diferentes, que conduzem ao mesmo resultado, podendo ser salinização primária: devido às características naturais do solo. E a salinização secundária: onde as atividades humanas desempenham um papel central. Para Holanda (2007), a salinidade é uma condição do solo que ocorre principalmente nas regiões áridas e semiáridas do mundo. A precipitação pluviométrica limitada nessas regiões, associada à baixa atividade bioclimática, menor grau de intemperização, drenagem deficiente e a utilização de água de má qualidade, conduzem à formação de solos com alta concentração de sais. Basicamente, a salinização acontece onde, dependendo das características do solo e do nível freático, o equilíbrio entre a precipitação ou irrigação e evaporação é deslocado para cima na direção da evaporação. Dos processos que causam a salinização, podem-se destacar três: I. A subida do nível freático até, ou perto, da superfície; ocorre em terras áridas não irrigadas onde os sais se acumulam por evaporação da água na superfície do solo; II. Excessivo uso de água para irrigar em climas secos, com solos pesados, causa a acumulação de sais, porque não são lavados pela precipitação; III. Intrusão de água salgada (ocorre em áreas costeiras), onde a água do mar substitui a água subterrânea. Sendo que no terceiro processo se encontra a nossa região, localizado próximo ao mar. A salinidade de um determinado local tem uma ligação com a origem geológica e geomorfológica do local. A geologia, em função dos tipos de rochas das quais os solos são provenientes, através do processo de intemperismo que ocorre na rocha, erosão, transporte e deposição. E a geomorfologia, em relação às formas que condicionam regimes hidrológicos diferentes, caracterizados principalmente por topografia e drenagem. · Solos salinos e sódicos Originados frequentemente pelas condições climáticas em regiões áridas e semiáridas o solo salino e sódico. Em águas de rios, barragens e poços contendo sais dissolvidos, em diferentes proporções, quando usadas na irrigação, os sais são lixiviados para horizontes inferiores, os quais depois ascendem até superfícies em consequência do processo de evaporação, ou podem ser eliminados através da drenagem. Os solos afetados por sais são classificados em função do pH, condutividade elétrica do extrato de saturação (CEe) e porcentagem de sódio trocável (PST), conforme a tabela abaixo: Tabela 1 - Classificação do solo de acordo com o índice de salinidade Fonte: Ghevi et al, 1997 Classificação CEes(dS m-¹) pH PST Salino >4 <8,5 < 15 Salino – Sódico >4 <8,8 >15 Sódico <4 >8,5 >15 O conhecimento da condutividade elétrica do solo é importante para que se possa avaliar a disponibilidade de nutrientes e íons tóxicos. Ele tem sido uma das técnicas mais utilizadas para caracterizar as condições de salinidade do solo. Expressando à tolerância do efeito da salinidade. Os pesquisadores referem-se à Percentagem de Sódio Trocável (PST), como parâmetro importante na determinação da habilidade de um solo para expansão e contração. Com isto, dependendo do tipo e teor de argila, da PST e da concentração da solução do solo, tem-se uma estimativa das reduções da condutividade hidráulica do solo, proporcionadas pelas mudanças ocasionadas na estrutura do solo, consequentes dos mecanismos de expansão e/ou dispersão. A salinidade é uma medida da quantidade de sais dissolvidos na água, é tradicionalmente medida em partes por milhão (ppm) ou como Total de Sólidos Dissolvidos (TSD). TSD é a concentração de uma solução como o total dos sólidos dissolvidos (1ppM = 1 miligrama/litro, e ppm = 1 grama/litro). O mais usual é a salinidade ser calculada a partir de condutividade da solução. Como regra geral quanto maior a concentração de sais em uma solução, melhor é a sua capacidade para conduzir eletricidade. · Elementos de uma análise do solo Através de ensaio, são estudados os seguintes fatores: · Determinação do teor de umidade: Importante para o conhecimento da agressividade do solo, tendo em vista que a caracterização do mesmo como um eletrólito, depende tanto da natureza e concentração das espécies solúveis como do teor de água presente; · Determinação da capacidade de retenção ou de absorção de água: A capacidade de retenção de água de um solo expressa o equilíbrio entre as forças de gravidade e as forças de capilaridade e corresponde à água que pode ser absorvida até a saturação. Os solos arenosos possuem menor capacidade de retenção de água do que os solos argilosos; · Determinação da resistividade elétrica do solo: Indica a capacidade de permitir o transporte de corrente elétrica. Quanto maior for esta capacidade de transporte de corrente elétrica, maior será a possibilidade do solo ser considerado agressivo. Trata-se, portanto, de um parâmetro importante na avaliação da agressividade no solo a partir das suas propriedades específicas; · Determinação do valor da resistividade mínima do solo: Indica a capacidade de permitir o transporte de corrente elétrica. Quanto maior for esta capacidade de transporte, maior será a possibilidade de o solo ser considerado agressivo. Trata-se, portanto, de um parâmetro importante na avaliação da agressividade do solo a partir das suas propriedades específicas. Concreto · Definição Segundo a NBR 6118 (2014), um elemento de concreto armado é um comportamento estrutural depende da aderência entre concreto e armadura, e nos quais não se aplica alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização dessa aderência. Falando de um modo mais simples é a união de um concreto simples (composto de cimento, água, agregados miúdos e graúdos) com uma armadura (barras de aço). Essa junção é largamente usada na construção civil, pois tem a capacidade de resistir a esforços solicitantes, tem a resistência à compressão do concreto simples unida a resistência a tração do aço. · História do Concreto Muitas literaturas fazem menção ao desenvolvimento do uso do concreto durante o Império Romano até mesmo antes, mas durante a Idade Média esse conhecimento se perdeu, sendo redescoberto aos poucos. O concreto armado foi gerado pelo desenvolvimento do cimento Portland, por Josef Aspdin em 1824 na Inglaterra, unido à ideia de colocar barras de aço nas partes tracionadas da argamassa de cimento. Por volta de 1861, Joseph Monier utilizou os avanços de Joseph-Louis Lambot e fabricou um vaso de flores com concreto e armadura de arame, a partir daí ele deu início a produção de vários artefatos e estruturas de concreto armado, logrando êxito em suas obras mesmo executando-as sem base científica apenas baseado na experiência e na observação, metódicas ou não. Monier percebeu que o concreto era facilmente resistente à compressão e ao esmagamento, porém apresentava pouca resistência à tração e ao cisalhamento, contraio ao aço. Conforme Carvalho e Filho (2001), o francês F. Coignet publicou em 1861 os princípios básicos para as construções em concretoarmado e em 1867 apresentou, na Exposição Internacional de Paris, vigas e tubos de concreto armado. Por volta de 1873 o americano W. E. Ward constrói em Nova York uma casa de concreto armado conhecida como Ward’sCastle, existente até os dias de Hoje. Atualmente no Brasil o concreto é bastante utilizado em vários tipos de estruturas por seu baixo custo, porém todas as estruturas de concreto armado estão sujeitas a degradação pela ação do meio ambiente e portanto necessitam de proteção adequada para manter sua eficiência, integridade e durabilidade. Essa proteção é feita por meio de impermeabilizações. · Tipos de cimento O cimento pode ser definido como um pó fino, com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ação de água. Na forma de concreto, torna-se uma pedra artificial, que pode ganhar formas e volumes, de acordo com as necessidades de cada obra. Graças a essas características, o concreto é o segundo material mais consumido pela humanidade, superado apenas pela água. Aplicação dos tipos de cimento: Cimento Portland Comum CP I e CP I-S (NBR 5732): Um tipo de cimento Portland sem quaisquer adições além do gesso (utilizado como retardador da pega) é muito adequado para o uso em construções de concreto em geral quando não há exposição a sulfatos do solo ou de águas subterrâneas. O Cimento Portland comum é usado em serviços de construção em geral, quando não são exigidas propriedades especiais do cimento. Também é oferecido ao mercado o Cimento Portland Comum com Adições CP I-S, com 5% de material pozolânico em massa, recomendado para construções em geral, com as mesmas características. Cimento Portland CP II (NBR 11578); O Cimento Portland Composto é modificado. Gera calor numa velocidade menor do que o gerado pelo Cimento Portland Comum. Seu uso, portanto, é mais indicado em lançamentos maciços de concreto, onde o grande volume da concretagem e a superfície relativamente pequena reduzem a capacidade de resfriamento da massa. Este cimento também apresenta melhor resistência ao ataque dos sulfatos contidos no solo. Recomendado para obras correntes de engenharia civil sob a forma de argamassa, concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. Há três classes dentro do CP II, que são: CP II-Z, CP II-E e CP II- F. · O CP II-Z (com adição de material pozolânico) – Empregado em obras civis em geral, subterrâneas, marítimas e industriais. E para produção de argamassas, concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. O concreto feito com este produto é mais impermeável e por isso mais durável. · CP II-E (com adição de escória granulada de alto-forno) – Composição intermediária entre o cimento portland comum e o cimento portland com adições (alto-forno e pozolânico). Este cimento combina com bons resultados o baixo calor de hidratação com o aumento de resistência do Cimento Portland Comum. Recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor moderadamente lento ou que possam ser atacadas por sulfatos. · CP II-F (com adição de material carbonático – fíler) – Para aplicações gerais. Pode ser usado no preparo de argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada, concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro, concreto-massa, elementos pré-moldados e artefatos de concreto, pisos e pavimentos de concreto, solo-cimento, dentre outros. Cimento Portland de Alto Forno CP III – (Com escória – NBR 5735) apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de hidratação, assim com alta resistência à expansão devido à reação álcali-agregado, além de ser resistente a sulfatos. É um cimento que pode ter aplicação geral em argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada, de concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro e outras. Mas é particularmente vantajoso em obras de concreto-massa, tais como barragens, peças de grandes dimensões, fundações de máquinas, pilares, obras em ambientes agressivos, tubos e canaletas para condução de líquidos agressivos, esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados reativos, pilares de pontes ou obras submersas, pavimentação de estradas e pistas de aeroportos. Cimento Portland CP IV – 32 (Pozolânico – NBR 5736) para obras correntes, sob a forma de argamassa, concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. É especialmente indicado em obras expostas à ação de água corrente e ambientes agressivos. O concreto feito com este produto se torna mais impermeável, mais durável, apresentando resistência mecânica à compressão superior à do concreto feito com Cimento Portland Comum, a idades avançadas. Apresenta características particulares que favorecem sua aplicação em casos de grande volume de concreto devido ao baixo calor de hidratação. Cimento Portland CP V ARI – (Alta Resistência Inicial – NBR 5737)Com valores aproximados de resistência à compressão de 26 MPa a 1 dia de idade e de 53 MPa aos 28 dias, que superam em muito os valores normativos de 14 MPa, 24 MPa e 34 MPa para 1, 3 e 7 dias, respectivamente, o CP V ARI é recomendado no preparo de concreto e argamassa para produção de artefatos de cimento em indústrias de médio e pequeno porte, como fábricas de blocos para alvenaria, blocos para pavimentação, tubos, lajes, meio-fio, mourões, postes, elementos arquitetônicos pré-moldados e pré-fabricados. Pode ser utilizado no preparo de concreto e argamassa em obras desde as pequenas construções até as edificações de maior porte, e em todas as aplicações que necessitem de resistência inicial elevada e desforma rápida. O desenvolvimento dessa propriedade é conseguido pela utilização de uma dosagem diferente de calcário e argila na produção do clínquer, e pela moagem mais fina do cimento. Assim, ao reagir com a água o CP V ARI adquire elevadas resistências, com maior velocidade. Cimento Portland CP (RS) – (Resistente a sulfatos – NBR 5733) oferece resistência aos meios agressivos sulfatados, como redes de esgotos de águas servidas ou industriais, água do mar e em alguns tipos de solos. Pode ser usado emconcreto dosado em central, concreto de alto desempenho, obras de recuperação estrutural e industriais, concretos projetado, armado e protendido, elementos pré-moldados de concreto, pisos industriais, pavimentos, argamassa armada, argamassas e concretos submetidos ao ataque de meios agressivos, como estações de tratamento de água e esgotos, obras em regiões litorâneas, subterrâneas e marítimas. De acordo com a norma NBR 5737, cinco tipos básicos de cimento – CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI – podem ser resistentes aos sulfatos, desde que se enquadrem em pelo menos uma das seguintes condições: · Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor de adições carbonáticas de no máximo 8% e 5% em massa, respectivamente; · Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada de alto-forno, em massa; · Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material pozolânico, em massa; · Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos. Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) – (NBR 13116): o cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) é designado por siglas e classes de seu tipo, acrescidas de BC. Por exemplo: CP III-32 (BC) é o Cimento Portland de Alto-Forno com baixo calor de hidratação, determinado pela sua composição. Este tipo de cimento tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do cimento. Cimento Portland Branco (CPB) – (NBR 12989) se diferencia por coloração, e está classificado em dois subtipos: estrutural e não estrutural. O estrutural é aplicado em concretos brancos para fins arquitetônicos, com classes de resistência 25, 32 e 40, similares às dos demais tipos decimento. Já o não estrutural não tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo, em rejuntamento de azulejos e em aplicações não estruturais. Pode ser utilizado nas mesmas aplicações do cimento cinza. A cor branca é obtida a partir de matérias-primas com baixos teores de óxido de ferro e manganês, em condições especiais durante a fabricação, tais como resfriamento e moagem do produto e, principalmente, utilizando o caulim no lugar da argila. O índice de brancura deve ser maior que 78%. Adequado aos projetos arquitetônicos mais ousados, o cimento branco oferece a possibilidade de escolha de cores, uma vez que pode ser associado a pigmentos coloridos. · Patologia em estruturas de concreto armado O termo patologia de origem grega significa, literalmente, o estudo (logos) da doença (pathos). No ramo da medicina é uma disciplina que abrange a ciência básica e a prática clínica, e envolve a investigação das causas da doença (etiologia), bem como os mecanismos básicos do seu desenvolvimento (patogenia) que resultam em sinais e sintomas presentes no paciente. Esse conceito inspirou engenheiros civis a utilizarem esse termo para indicar as doenças das edificações, pois comparando com a estrutura dos indivíduos, elas também adoecem por problemas internos ou externos e, quando o desempenho de uma estrutura é comprometido, essa anormalidade caracteriza uma doença ou enfermidade. Portanto, uma estrutura saudável é aquela que possui a capacidade de desempenhar as funções para as quais foi projetada. Conforme Lapa (2008), as doenças podem ser congênitas (nascem com a estrutura) ou adquiridas ao longo de sua vida, devido à ação direta de inúmeros agentes externos (incluindo usuários) ou fenômenos físicos (choques, terremotos, incêndios, enchentes, explosões, recalques, variações de temperatura, etc.). Para diagnosticar tais enfermidades é necessário conhecer os sintomas, os mecanismos e as causas (agentes), bem como em qual etapa da vida da estrutura ela esteve vulnerável a esses “ataques”. Segundo Lapa (2008), a patologia é, então, o ramo da engenharia que estuda as enfermidades sob esses aspectos. Por serem manifestações das enfermidades, é a partir dos sintomas que se inicia todo o processo de averiguação das causas e origem do fenômeno patológico, fundamental para o correto diagnóstico. As patologias podem ser geradas: · Na etapa de concepção da estrutura (projeto); · Na execução da estrutura (construção); · Na etapa de utilização da estrutura (manutenção). Mecanismos que desencadeiam as patologias Helene (1992) conclui que toda manifestação patológica ocorre a partir de um mecanismo, ou seja, um conjunto de elementos que concorrem para uma determinada atividade. Por exemplo, a corrosão das armaduras, oriunda de um fenômeno de natureza eletroquímica, que pode ser agravada por agentes externos ou internos, presentes no concreto. Para que a corrosão ocorra é necessário que haja oxigênio (ar), umidade (água) e a formação de uma célula eletroquímica. Podemos considerar os principais mecanismos que desencadeiam as patologias como sendo: · Infiltração É a ação de um fluido, em geral água, que penetra nos poros do concreto, fazendo com que este perca as suas propriedades físicas e químicas, podendo gerar outras patologias, como manchas, bolhas na pintura, eflorescência, desagregação, corrosão, etc. · Corrosão do concreto Segundo Souza e Ripper (1998), pode-se classificar a corrosão do concreto segundo três tipos, dependendo das ações químicas que lhe dão origem: corrosão por lixiviação, corrosão química por reação iônica e corrosão por expansão. · Criptoflorescência É a cristalização (figura 8) de sais entre superfície externa do reboco e a camada de pintura, podendo gerar o desplacamento da película de tinta. Figura 8 - Cristalização de sais no reboco Fonte: https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/departamentos/decivil. Acessado em outubro de 2018. · Eflorescência Santos e Silva Filho (2008) definem eflorescência (figura 9) como depósitos cristalinos de cor branca que surgem na superfície do revestimento, como pisos, paredes e tetos, resultantes da migração e posterior evaporação de soluções aquosas salinizadas. Ou seja, por capilaridade, uma solução formada por sal e água sobe das camadas mais profundas do solo passa pela estrutura da edificação até chegar a superfície de pisos, paredes e tetos, depois de instaladas, a água tende a evaporar devido ao calor, deixando apenas os sais, os quais acabam por deixar as marcas que são conhecidas como eflorescências O fenômeno da eflorescência se forma na superfície de materiais, resultantes da migração e posterior evaporação de soluções aquosas salinizadas, em outras palavras, a formação de depósitos de sais em alvenarias e concretos ocorre pela cristalização dos sais das soluções aquosas, cuja saturação foi atingida em consequência da evaporação do solvente. Estes sais presentes no solo podem afetar as alvenarias e concretos pela sua deposição na região interior ou exterior das edificações. As eflorescências, quando presentes em edificações, são conhecidas mais por trazer problemas na parte estética do que na estrutural. Entretanto, por ser um dano que acaba interferindo financeiramente, acaba por chamar bastante a atenção de proprietários e construtores. Já Granato (2005) define quimicamente a eflorescência pela constituição principalmente de sais de metais alcalinos (sódio e potássio) e alcalino-ferrosos (cálcio e magnésio, solúveis ou parcialmente solúveis em água). A eflorescência pode ser uma consequência de se ter uma edificação instalada sobre um solo salino. Todavia, estes sais no solo podem ser analisados através de um teste de condutividade elétrica do seu extrato, podendo, enfim, ter uma leitura que explique essa real interação. Figura 9 – Eflorescência Fonte: https://souzafilho.com.br/blog/posts/eflorescencia. Acessado em outubro de 2018 ESTUDO DE CASO Determinação da Salinidade do Solo por Condutividade Coletas das amostras e estudo do solo foram realizadas no mês de maio de 2019, no bairro Nova São Pedro, em São Pedro da Aldeia/RJ (figura 10) com o propósito de verificar o seu grau de salinidade através de extratos de saturação. Para isso foi utilizado um condutivímetro da bancada do laboratório da Universidade Veiga de Almeida.Figura 10 - Vista área do bairro Nova São Pedro Fonte: Google Maps, 2019 Foram retirados amostras de quatro lotes do bairro, onde foram coletados em uma profundidade entre 15 e 30 centímetros. O estudo é de caráter interpretativo e qualitativo. Visto que servirá para relacionar o grau de salinidade com o aparecimento de marcas de eflorescência, dano bastante comuns nas edificações locais. · Condutivímetro O condutivímetro é um aparelho de bancada utilizado para realizar a medição da condutividade, além de mensurar os sólidos dissolvidos, salinidade e temperatura. A partir da utilização deste equipamento torna-se possível empregar dois métodos de medição de condutividade. A unidade de mensuração utilizada para a coleta de informações é o Siemens. Este tipo de medida apresenta variações, microsiemens e milisiemens por centímetro, sendo através destas medidas que o aparelho se guia para a coleta de informações. O sensor deve ser submerso na amostra, sendo esta pequena ou ampla área de atuação. Os condutivímetros precisam ser calibrados antes e depois de seu uso, o que garante a integridade dos resultados. Essa calibragem é efetuada pelo próprio usuário, através de uma base específica de solução. Tendo o condutivímetro calibrado, foi possível, iniciar o estudo. Equipamentos utilizados na coleta e nos ensaios Equipamentos utilizados para coleta das amostras: a) Colher de pedreiro; b) Sacos Plásticos; c) Luvas; d) Cavadeira manual; e) Papel para identificação; f) Caneta. · Coleta para o Estudo O experimento tem como local o bairro Nova São Pedro, um bairro de classe média alta que está localizado em São Pedro da Aldeia, possui edificações recente, já possuindo problemas com eflorescência. Tendo em vistaalcançar resultados que retratam a real situação do solo, as amostras foram coletadas em diferentes partes, quatros pontos selecionados. Dois próximos e os outros distantes como ilustram a figura 11. Figura 11- Locais da coleta das amostras do solo Fonte: Google maps, 2019 O processo adotado se encontra no livro Métodos Laboratoriais de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, de Jorge Antônio Barros de Macêdo em que se fez necessário a coleta de nove amostras de cada lote, sendo estes escavados em ziguezague, abrangendo todo o lote. Sendo assim, com o auxílio de uma cavadeira manual, retirou-se a parte superficial de solo de cada local escavado, com o objetivo de eliminar toda impureza oriunda de animais e outros resíduos, podendo enfim, retirar o objeto para estudo entre 15 e 30 centímetros de profundidade, e ter um resultado do terreno de fato, livre de qualquer interferência. Coletando em cada um dos lotes nove amostras em torno de 300 gramas de solo, estes foram armazenados em sacos plásticos, identificados e separados por lotes, como ilustra a Figura 12. Figura 12 - Amostra do primeiro lote Fonte: Autoria própria O primeiro lote coletado (Figura 13), realizado no dia 11/05/2019, tem o seu local de origem a esquina da rua antiga estrada de são Pedro Cabo Frio. Situado próximo ao supermercado Costa Azul, tem seu solo formado por areia de coloração amarronzada e com a presença de muitas conchas. Figura 13 - Localização do 1° lote Fonte: Autor O segundo lote selecionado (Figura 14), também coletado no dia 11/05/2019, localizado na rua antiga estrada de são Pedro Cabo Frio. Situado também próximo ao mercado Costa Azul e distante do primeiro lote coletado. Parecido com o primeiro, apesar de um pouco menos escuro, ele também é formado por areia fina e com a presença de conchas. Figura 14 - Localização do 2° lote Fonte: Autor O lote três (Figura 15), coletado na tarde do dia 12/05/2019, localizado na rua rg, mais próximo a nova igreja matriz da cidade. Notou-se também por ser bem arenoso, porém mais escuro e sem a presença de conchas.Figura 15 - Localização do 3° lote Fonte: Autor Por fim o quarto lote (Figura 16), também coletado no dia 12/05/2019, localizado na na avenida um, em frente ao condomínio Blue Garden, ficando, em relação ao bairro, bem distante do primeiro lote, ou seja, o ponto mais distante do Bairro. Tendo o seu solo mais escuro que o lote 3, com a aparência de pó de café, porém com grãos tão finos quanto os demais e sem presença de conchas. Figura 16 - Localização do 4° lote Fonte: Autor · Equipamentos Utilizados nos Ensaios a) Quatro vasilhas plásticas; b) Dezesseis Filtros de Papel; c) Quatro beckers; d) Quatro erlenmeyers; e) Uma proveta; f) Quatro funis; g) Balança de precisão; h) Água destilada; i) Conduttivímetro; j) Kit de peneiras (tamanho 4, 10 e 16); k) Luvas; l) Cronometro; m) Solo coletado. Local de Realização da Análise Tendo coletado os quatros lotes de amostras, totalizando as trinta e seis embalagens, estas que foram levadas no dia 16/05/2019 ao Laboratório de Águas da Universidade Veiga de Almeida. Lá ficou para passar pelo procedimento utilizando um aparelho chamado condutivímetro, o qual tem a capacidade de expressar o teor de salinidade presente nas amostras. Sendo necessário uma série de procedimentos, conforme a seguir. Procedimento de Ensaio de Condutividade Elétrica O início do procedimento se dá pela peneiragem das amostras coletadas. Para isso, foram utilizadas peneiras de diferentes tamanhos, para reter os resíduos desnecessários. A montagem do Kit de Peneiras começou pelo tamanho 04, no qual há os maiores vãos, retendo praticamente as conchas. Abaixo deste, ficou a peneira de tamanho 10 e seguida pela16, a mais fina, onde ficaram os menores fragmentos, para que, enfim, chegassem no recipiente de contenção do material, conforme ilustra a imagem abaixo. Ressaltando que antes de cada peneiragem, cada item era limpo através de uma escova de aço. Procedimento conforme ilustrado na figura 17. Figura 17 - Processo de peneiragem do solo lote 1 Fonte: Autor Realizando a peneiragem no dia 16/052019, as nove amostras de cada lote, à medida que iam passando pelos diversos níveis, eram depositadas em uma bandeja e, logo após, as amostras de cada lote eram misturadas até estarem totalmente homogêneas. Passada esta etapa, obteve-se quatro recipientes contendo 1,0 Kg de solo peneirado de cada lote. Seguindo o guia adotado no experimento, este orientava a extração de 500 gramas de cada lote peneirado, para que fossem pesadas quatro porções de 100 gramas em seguida. Desta forma foi feita e o excedente foi separado para uma reserva. Sendo assim existia, a partir daquele momento, um recipiente de 500 gramas de solo peneirado de para cada lote. Conforme ilustra a figura 18. Figura 18 - Recipientes contendo os 4° lotes peneirados Fonte: Autor Iniciando-se a análise, o primeiro recipiente contendo os 500 gramas de solo do Lote 1, com o auxílio de uma balança de precisão, foi dividido em quatro beckeres de 100 gramas cada. Tendo a sobra descartada. Paralelamente em uma proveta ia sendo medido 100 ml de água destilada, sendo adicionada essa medida em cada um erlenmeyer, os quais continham os 100 gramas de solo. Procedimento ilustrado na figura 19. Figura 19 - Proveta medindo 100ml de água destilada e a balança pesando 100g do solo Fonte: Autor Havendo, portanto, quatro beckers contendo 100 gramas de solo peneirado, juntamente com 100 mililitros de água destilada, o manual sugeri que estes recipientes fossem agitados durante 30 (trinta) segundos e repousando por 30 (trinta) minutos, repetindo esse procedimento por mais três vezes. Feito desta maneira, o material precisava passar por filtragem, portanto, com o auxílio de quatro funis e quatro filtros de papel, foram colocados em cada erlenmeyer e foi despejado nestes filtros os extratos das soluções, logo em seguida, passando para quatro beckers menores a solução filtrada. Procedimento ilustrado na figura 20. Figura 20 - Processo de filtragem das soluções Fonte: Autor Por fim, o líquido presente em cada becker, já seria o suficiente para passar pelo condutivímetro, ilustrado na figura 21. Seguindo os mesmos procedimentos, as outras amostras dos outros três lotes foram realizadas. Assim foi feito e os resultados foram relacionados conforme as tabelas 2, 3, 4 e 5. Figura 21 - Resultado do condutivímetro Fonte: Autor RESULTADOS e discussões Resultados e Discussões Lote 1 Resultados (µS/cm a 25 °C) Amostra 1 524,4 Amostra 2 520,2 Amostra 3 518,1 Amostra 4 532,3 Tabela 2 - Resultados do lote 1 Fonte: Autor Lote 2 Resultados (µS/cm a 25 °C) Amostra 1 572,9 Amostra 2 560,7 Amostra 3 565,2 Amostra 4 557,3 Tabela 3 - Resultados do lote 2 Fonte: Autor Lote 3 Resultados (µS/cm a 25 °C) Amostra 1 975,4 Amostra 2 980,2 Amostra 3 964,8 Amostra 4 970,7 Tabela 4 - Resultados do lote 3 Fonte: Autor Lote 4 Resultados (µS/cm a 25 °C) Amostra 1 753,8 Amostra 2 727,5 Amostra 3 718,8 Amostra 4 715,8 Tabela 5 - Resultados do lote 4 Fonte: Autor As tabelas 2, 3, 4 e 5 exibem os resultados obtidos em cada amostra dos quatro lotes estudados. A partir dos resultados encontrados tornou-se possível realizar as análises necessárias. · Discussões Sobre os Resultados A ocorrência de um elevado teor de salinidade presente no solo se da pela ascensão por capilaridade da antiga superfície (salina), para a camada superficial de hoje em dia, visto que o bairro foi aterrado, o que não impediu que o problema existisse. De uma forma geral, os sais estão presentes no solo da Nova São Pedro, tendo em alguns pontos uma situação um pouco mais elevada, como o lote três. Ao pesquisar sobre o histórico do bairro, foi verificado que a área edificada passou por um tratamento com aterro, para que só então, fosse viável se edificar na região. Entretanto, ao verificar os valores encontrados na análise do solo, pode-se afirmar que mesmo com este tratamento, ainda existeum teor de salinidade, porém menor, por conta do aterro realizado. Conforme as orientações do autor DE MACEDO (2013), o estudo foi realizado utilizando-se o intervalo de 15 a 30 cm de profundidade para retirada das amostras. Porém, acredita-se que se fosse adotado uma profundidade maior para a extração, os resultados encontrados nas amostras apresentariam valores mais elevados. Analisando os valores do lote 3, nota-se que os valores aumentam em relação aos demais lotes, o que confirma a possibilidade de que os valores estão ligados à proximidade de uma salina. Além disso, entre os lotes 1 e 2, por exemplo, a relação também é diretamente proporcional entre a proximidade entre eles e os valores da análise do solo. Portanto, é possível trabalharmos com duas frentes, a primeira é que a salinidade encontrada no solo do bairro pode ser relacionada sim a proximidade com a salina que se encontra de baixo e ao lado do bairro, mas principalmente com o fato de que no passado, o bairro foi um local produtor de sal, e que deixou uma herança para os dias de hoje. Para uma melhor análise e compreensão da situação, é preciso um conjunto de técnicas de estatística, as quais fornecem com exatidão importantes dados. ESTATÍSTICA DOS DADOS OBTIDOS NO ESTUDO (µS/cm a 25 °C) Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 Amostra 1 524,4 572,9 975,4 753,8 Amostra 2 520,2 560,7 980,2 727,5 Amostra 3 518,1 565,2 964,8 718,8 Amostra 4 532,3 557,3 970,7 715,8 Total 2095 2256,1 3891,1 2915,9 Média 523,75 564,025 972,775 728,975 Desv. Padrão 6,27 6,74 6,58 17,28 Desv. Da Média 4,6 5,0 5,0 12,4 Coef. De Variação 1% 1% 1% 2% Tabela 6 - Dados estatísticos Fonte: Autor Ao analisar estatisticamente o solo coletado dos lotes 1, 2, 3 e 4 pode-se chegar a uma estimativa em que representa o valor de condutivimetria no solo, ou seja, os valores são próximos entre si, mesmo havendo no lote 3 um pouco mais de variação na análise realizada, observando a realidade das patologias encontradas. De uma forma geral, as amostras de todos os lotes apresentam uma dispersão normal, ou seja, os valores obtidos são bem próximos uns dos outros, o que comprova a legitimidade do presente trabalho. A salinidade encontrada no bairro Nova São Pedro é expressa de uma forma geral (tabela 7). ESTUDO DO BAIRRO(µS/cm a 25 °C) Total lote 1 2095 Total lote 2 2256,1 Total lote 3 3891,1 Total lote 4 2915,9 Total 11158,1 Média 2789,525 Desv. Padrão 815,75 Desv. Da Média 613,975 Coef. De Variação 29% Tabela 7 - Estimativa total do bairro Fonte: Autor Portanto, utilizando os cálculos exibidos nas tabelas acima, pode-se chegar ao valor estimado de 2789,525µS/cm a 25 °C. Para ter uma melhor compreensão, podemos correlacionar o valor obtido estatisticamente com uma água mineral qualquer, a qual possui um valor de condutividade elétrica a 69,5 µS/cm a 25 °C, como ilustra logo abaixo (figura 22) um rótulo de um frasco de 500ml da marca Crystal (Produto Coca Cola). Figura 22 - Condutividade elétrica da água mineral Fonte: Autor Sugestões de prevenção contra umidade O estudo conclui que é possível edificar de forma segura sobre o solo da Nova São Pedro, porém é importante tomar algumas precauções para evitar o aparecimento de eflorescências oriundas da umidade do solo. Segundo FORTE e FERRAZ (2010), uma das alternativas para cortar a umidade é a de criar um espaço entre a terra e o contrapiso, sendo assim, uma camada de brita entre entes, pois a umidade não sobe através das pedras. Somado a este, também é possível a instalação de mantas ou mesmo barreiras de material plástico sobre o piso, a lona. É aconselhável que a casa, ainda que em construção, apresentar umidade nas paredes ou no piso, é imprescindível quebrar a base das paredes até a fundação e aplicar produtos impermeabilizantes. Por outro lado, deve-se também ter cuidado, pois a solução pode variar em função da origem do problema. Desta forma, mesmo que não seja possível, excluir todos os sais solúveis e toda umidade do contato com a alvenaria, a redução destes, já é um fator que praticamente reduzirá os riscos de eflorescência a uma situação normal. Pois todo esforço para eliminar os riscos de eflorescências nas edificações serão válidos, pois é uma patologia que traz prejuízos. ConCLUSÃO Este trabalho teve como objetivo identificar os fatores que provocam danos estruturais ligados ao cloreto de sódio nas edificações do bairro Nova São Pedro, do Município de São Pedro da Aldeia, onde o assunto salinidade deve ser trabalhado de uma maneira mais aprofundada, justamente por este local já ter sido uma salina. Um dos fenômenos como a eflorescência tem sido bastante comum mesmo entre as mais novas edificações do bairro. Este problema pode parecer apenas estético no início, porém com o passar do tempo, pode comprometer uma parte maior da estrutura. Ainda, buscou apresentar os resultados obtidos na análise do solo da região, pois uma vez que não existam parâmetros que classifique o solo neste ponto, de três formas foram abordados os resultados. A primeira, enquadrando o resultado estimado em uma tabela para fins agropecuários, como na tabela 1, a qual informa um solo salino a partir de 4 mS/cm a 25 °C, sendo abaixo disso considerado sódico. A segunda abordagem comparando os mesmos resultados à água mineral, através de suas informações expostas em seu próprio rótulo. E por fim, entre as áreas do próprio bairro, ou seja, entre as áreas edificadas e não edificadas. Pois através de um levantamento foi descoberto um trabalho de revitalização do solo. Para que em uma parte da região fosse possível edificar residências. Entretanto, por ter sido realizado um tratamento com aterro no bairro, o aterro ajudou a reduzir, porém não o suficiente para que fossem eliminados os problemas como a eflorescência, patologia oriunda da salinidade presente no solo, que através da solução formada por sal e água quando sobem do solo para as estruturas do imóvel por capilaridade, a água evapora, deixando no local os cristais de sal, o que tem resultado nas manchas pelas paredes, pisos e tetos. Por fim, conclui-se que o aparecimento das eflorescências está diretamente ligado ao índice de salinidade encontrada no solo local. Sendo assim, entre as edificações já erguidas, fazem-se necessários reparos nas alvenarias e pinturas, inclusive na prevenção de maiores danos estruturais. Tratando-se de novas edificações, o estudo comprova que o alto teor de salinidade sobe para as camadas superficiais do solo, podendo avançar para a estrutura destas residências através dos poros dos materiais utilizados na edificação. Entretanto, havendo um trabalho de impermeabilização nas estruturas, ou seja, bloqueando o contato direto entre solo e edificação, criando uma camada de brita e manta (lona), as quais tem por objetivo bloquear esta ascensão da umidade. Tendo estes cuidados, haverá uma grande obstrução que dificultará o processo de entrada do cloreto, e por fim, evitando o máximo do aparecimento do cloreto de sódio nas estruturas. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimentos. Rio de Janeiro, 2014. ________ABNT - NBR 6502 –Rochas e solos. Rio de Janeiro, 1995. 18p ________ABNT. NBR 9575 - Impermeabilização - Seleção e projeto. Rio de Janeiro, 2010. ________ABNT. NBR 5735 - Cimento Portland de alto-forno. Rio de janeiro, 1991 ________ABNT. NBR 5736 - Cimento Portland pozolânico, Rio de janeiro, 1986 ________ABNT. NBR 5737 - Cimentos Portland resistentes a sulfatos, Rio de Janeiro, 2014 ________ABNT. 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