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Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 348.777 - RO (2016/0031994-2)
 
RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
IMPETRANTE : JACKSON ALENCAR KRIIGER 
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDÔNIA 
PACIENTE : JACKSON ALENCAR KRIIGER (PRESO)
ADVOGADOS : FERNANDA BATISTA LOUREIRO - DF035799 
 JAINARA CRISTINE LOIOLA DE SOUSA - DF027345 
EMENTA
HABEAS CORPUS. VÍCIO NO CUMPRIMENTO ANTECIPADO DA 
PENA. AUTORIZAÇÃO POR JUIZ INCOMPETENTE. PRESERVAÇÃO 
DO TEMPO DE PENA EFETIVAMENTE CUMPRIDO. INCIDÊNCIA 
DOS PRINCÍPIOS DO FAVOR REI E DO NE BIS IN IDEM.
1. A nulidade da decisão judicial que autorizou a antecipação da pena 
do réu, cumprida por quase dois anos, não tem o condão de afastar o 
seu cômputo do cálculo da pena, uma vez que os princípios do favor rei 
e do ne bis in idem impõem a primazia do direito à liberdade.
2. Ordem concedida para determinar que, no cálculo da pena do 
paciente seja incluído, com todos os consectários legais, o período de 
encarceramento provisório, decorrente da decisão judicial proferida 
pelo Juízo da 1ª Vara de Execuções e Contravenções Penais (Projeto 
Ressoar – audiência realizada em 18/10/2012).
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima 
indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, 
por unanimidade, conceder a ordem nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. 
Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro 
e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator.
Sustentou oralmente a Dra. Jainara Cristine Loiola de Sousa pelo 
paciente, Jackson Alencar Kriiger.
Brasília, 13 de junho de 2017 (data do julgamento).
Ministro Sebastião Reis Júnior 
Relator
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 1 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 348.777 - RO (2016/0031994-2)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: Trata-se de 
habeas corpus impetrado perante o Tribunal de Justiça de Rondônia, em 
benefício próprio, por Jackson Alencar Kriiger, apontando-se como autoridade 
coatora o Juízo da 1ª Vara Criminal da comarca de Porto Velho/RO. 
Ocorre que, tendo o Tribunal a quo verificado que a insurgência se 
dirigia contra acórdão proferido por órgão julgador da própria Corte, determinou a 
remessa dos autos ao Superior Tribunal de Justiça. Eis a ementa do referido 
julgado (fl. 25):
Agravo em execução penal. Guia de execução inexistente. Cumprimento 
da pena. Impossibilidade. Insegurança jurídica. Não demonstrada. Recurso 
não provido.
Nenhuma pessoa poderá ser recolhida para cumprimento de pena 
privativa de liberdade sem a devida Guia de Recolhimento.
Inexistente a violação ao principio da segurança jurídica, se o agravante 
sabia que o benefício poderia ser retirado a qualquer momento, em razão de 
ter sido adquirido de forma irregular.
Infere-se das razões do writ que o impetrante/paciente requer seja 
reconhecido como período de pena efetivamente cumprido, aquele em que 
permaneceu em prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico, por decisão do 
Juízo das Execuções Penais.
Aduz que, considerando o cumprimento antecipado da pena, bem como 
o período em que se encontra no regime fechado, está próximo a adquirir o direito 
à progressão de regime.
O pedido de liminar foi indeferido (fls. 108/113).
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 2 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Prestadas as informações (fls. 60/69 e 71/105), o Ministério Público 
Federal opinou pelo não conhecimento do writ ou, caso contrário, pela denegação 
da ordem (fls. 119/123).
É o relatório.
 
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 3 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 348.777 - RO (2016/0031994-2)
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR (RELATOR): 
Consta dos autos que o paciente, em audiência realizada pela 1ª Vara de 
Execuções e Contravenções Penais da comarca de Porto Velho – Projeto 
Ressoar –, em 18/10/2012, apresentou-se voluntariamente para o cumprimento 
antecipado da pena, fixada no Processo n. 0004336-64.2010.8.22.0501, 
enquanto aguardava o julgamento do recurso especial por ele interposto. 
Na ocasião, a advogada justificou o pedido, asseverando que solicitado 
ao Tribunal de Justiça de Rondônia a expedição de guia de execução provisória, 
tendo em vista que o recurso especial não possui efeito suspensivo, o pedido fora 
negado, ao argumento de que, para tal desiderato, seria necessário que o réu 
desistisse do recurso em andamento, entendimento com o qual não concordava.
A Magistrada, na presença do Ministério Público, atendeu ao pleito, 
assim decidindo (fl. 8):
Pelo MM. Juiz foi deliberada a seguinte decisão: "Vistos: Primeiramente, 
data maxima venia da decisão do eg. TJRO, entendo que o direito a duplo 
grau de jurisdição é principio constitucional, pelo que exigir-se a desistência 
do recurso implicaria em cerceamento a direito constitucional, pelo que, 
tendo o apenado se apresentado para início do cumprimento de sua pena, 
determino que seja o mesmo encaminhado ao Regime semiaberto. Isso 
porque, em sendo hipótese de prisão cautelar, ocorre a execução provisória 
da sentença até decisão do recurso especial, devendo, na hipótese de ser a 
execução provisória mais benéfica ao réu, ser autorizada. No caso concreto, 
pendente de julgamento outra condenação que poderá ensejar fixação de 
regime fechado, entendo viável o inicio da execução da pena, uma vez que, 
quando da unificação ficará o apenado menos tempo em regime mais 
gravoso, pelo que, demonstrado de forma inequívoca ser mais benéfico ao 
apenado a execução provisória. Assim, tendo ele se apresentado, determino 
seu encaminhamento ao regime SEMIABERTO de sua condenação. No que 
pertine ao monitoramento, em que pesem os argumentos do MP, 
considerando o excesso de apenados na CAPEP e a resistência 
generalizada dos presos ao sistema de monitoramento, em caráter 
excepcional, AUTORIZO O MONITORAMENTO ELETRÔNICO desde a 
origem do cumprimento de sua pena, dispensando a exigência de 30 dias, já 
que o apenado tem, inclusive, emprego fixo. ASSIM, determino que o 
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 4 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
apenado se apresente diretamente na UMESP para monitoramento. 
AUTORIZO O TRABALHO NA EMPRESA EM QUESTÃO, devendo 
apresentar em 30 dias a carteira assinada, bem como apresentar carta de 
trabalho em 5 dias na UMESP informando dias, horário e local de trabalho. 
Autorizo, ainda, apenado a participar da seleção no PRONTOCOR, para o 
que deverá informar previamente NA UMESP seus deslocamentos. 
Finalmente, AUTORIZO o estudo, devendo o apenado apresentar carta de 
vaga, com dias, horários e locais das aulas na UMESP. 
Em nova audiência, realizada em 12/9/2013, o apenado solicitou a 
continuidade no cumprimento voluntário da pena, em que pese a não existência 
de guia de execução penal nos autos (fl. 9). Na oportunidade, o magistrado 
proferiu a seguinte decisão (fl. 9):
Pelo MM. Juiz foi deliberada a seguinte decisão: "O réu foi condenado em 
dois processos com sentenças condenatórias, uma delas fixando no 
semiaberto e outra no fechado. O apenado requer voluntariamente o 
continuidade do cumprimento da execução da pena da condenação mais 
branda, ou seja, SEMIABERTO. O cumprimento antecipado da pena sem 
guia de execução não pode ser admitido, em tese, porque pode haver 
grave prejuízos aos interesses do réu, já que embora haja 
possibilidade de detração de pena futuramente, o réu vem sendo 
restringindo em seus direitos sem que haja titulo executivo judicial 
para justificar. De outro lado, o réu cumpriu já um ano da pena do 
regime SEMIABERTO, sem qualquer alteração, falta ou irregularidade. 
O princípio da segurança jurídica implicaem dever resguardar o cidadão 
mesmo nos casos em que haja decisões equivocadas, já que quer 
resguardar as relações jurídicas decorrentes. Por isso, entendo viável 
conceder prazo de 30 para que a parte venha a guia de execução penal, 
quando então analisarei os fatos alegados no desvio na execução. [...]
Posteriormente, em 11/6/2014, ante o pedido do apenado de 
autorização para trabalhar como empresário individual, o Juízo da Vara de 
Execução Penal, com amparo no art. 66, VI, da LEP, declarou a nulidade de todos 
os procedimentos ocorridos a partir de 18/10/2012, incluindo-se a ata da 
audiência. Declarou, ainda, como não iniciado o cumprimento da pena – que 
ainda não existe – por antecipação, a qual só poderá ter início com a chegada 
de guia de recolhimento definitiva ou provisória (fl. 67).
Por oportuno, confira-se a decisão em sua integralidade (fls. 63/67):
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 5 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Vistos em correição permanente.
Esta semana tomei conhecimento procedimento, ao recebê-lo para 
analisar pedido de autorização para trabalhar como empresário individual por 
parte do requerente. Além disso, consta que cometeu infração no 
monitoramento eletrônico.
Ao granjear às peças deste procedimento descortino inexorável 
ilegalidade na decisão que aceitou o Sr. Jackson como apenado por 
antecipação e que determinou a sua inclusão no sistema carcerário local, 
sem que apresentasse guia de recolhimento (provisória ou definitiva) ou 
mandado de prisão cautelar.
A Lei de Execução Penal – Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1.984 – 
condicionou a execução da pena privativa de liberdade ao trânsito em julgado 
da sentença condenatória (artigo 105), ocorrendo o mesmo com a execução 
da pena restritiva de direitos (artigo 147). Dispõe ainda, em seu artigo 164, 
que a certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado valerá 
como título executivo judicial.
A Constituição do Brasil de 1988 , em seu artigo 5º, inciso LVII, que 
"ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória".
Cabe, ainda, como exceção, prisão provisória, ou seja, aquela decorrente 
de guia de recolhimento provisória mas, de qualquer forma, nos termos do 
artigo 107 da LEP, deve haver guia de recolhimento. Vejamos:
Art. 107 - Ninguém será recolhido, para cumprimento de pena privativa de 
liberdade, sem a guia expedida pela autoridade judiciária.
E, de acordo com o que dispõe o parágrafo único do artigo 2° da Lei 
7.210/84, aplicam-se ao preso provisório, quando recolhido a 
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária, todas as disposições do 
referido diploma normativo.
Vale frisar que tal dispositivo legal refere-se àquela pessoa presa em 
decorrência da sentença penal condenatória, ainda passível de recurso (art. 
387, parágrafo único, CPP – acrescido pela lei 11.719/2008).
O CNJ disciplinou a matéria na Resolução 113/2010 da seguinte forma:
Art. 8° Tratando-se de réu preso por sentença condenatória recorrível, 
será expedida guia de recolhimento provisória da pena privativa de 
liberdade ainda quando pendente recurso "sem efeito suspensivo, devendo, 
nesse caso, o juízo da execução definir o agendamento dos beneficios 
cabíveis.
Art. 9º A guia de recolhimento provisória será expedida ao Juízo da 
Execução Penal após o recebimento do recurso, independentemente de 
quem o interpôs, acompanhada, no que couber, das peças e informações 
previstas no artigo 1º.
§ 1º A expedição da guia de recolhimento provisória será certificada nos 
autos do processo criminal.
§ 2º Estando o processo em grau de recurso, sem expedição da guia de 
recolhimento provisória, às Secretarias desses órgãos caberão expedi-la e 
remetê-la ao juízo competente.
Art. 10. Sobrevindo decisão absolutória, o respectivo órgão prolator 
comunicará imediatamente o fato ao Juízo competente para a execução, 
para anotação do cancelamento da guia
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 6 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Art. 11. Sobrevindo condenação transitada em julgado, o juízo de 
conhecimento encaminhará as peças complementares, nos termos do artigo 
1º, ao juízo competente para a execução, que se incumbirá das 
providências cabíveis, também informando as alterações verificadas à 
autoridade administrativa.
Pois bem. Não aportando nesta VEP e nem nos estabelecimentos 
prisionais guia de recolhimento (provisória ou definitiva) e nem mandado de 
prisão cautelar (flagrante convertido em preventiva, preventiva e temporária), 
é ilegal e inconstitucional a manutenção de qualquer pessoa na condição de 
preso, mesmo que este implore por isso.
Com efeito, "Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem 
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos 
de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei" 
(inciso LXI do Art. 5º da constituição federal)
É o caso dos autos. Nessa toada, a decisão exarada em 18 de 
outubro de 2012 é nula para todos os efeitos. Idem quanto às decisões 
subsequentes. Por conseguinte, toda "execução antecipada da pena", 
se é que podemos chamar assim, também deve ser considerada nula e 
de nenhum efeito.
A autorização/ordem de prisão foi emanada de autoridade incompetente, 
pois só o juízo da ação penal poderia fazê-lo.
Aliás, apesar do interessado estar há quase dois anos ''cumprindo pena" 
sem título, na verdade, não ficou um dia sequer encarcerado, pois num só 
golpe, lhe foi deferido o monitoramento eletrônico, dispensando-o da fila de 
espera, como ocorre com todos os presos. A fundamentação foi apenas que 
deve ser deferido em caráter excepcional", porque a CAPEP estava cheia e 
porque os presos resistiam ao sistema de monitoramento eletrônico.
Contudo, é notório que os presos fazem filas para receber a monitoração 
virtual. Se hoje, que há quase duas mil tornozeleiras disponíveis é assim, 
imagine quando o equipamento era escasso?
Violou-se o artigo 9º, parágrafo único da Portaria 16/2012 da VEP, que 
estabelecia: 
Quando do encaminhamento do preso para inclusão de trabalho nos 
convênios e posterior para implementação de monitoração eletrônica 
deverá ser sempre observado e respeitado pela unidade prisional a ordem 
de antigüidade de entrada do preso no respectivo regime, sob pena de 
responsabilidade do agente 
público;
Ainda, lhe foi dispensada a permanência dos trinta dias na CAPEP para 
adequar-se ao regime semiaberto, como ocorre, também, com todos os 
presos, consoante artigo 3º, I, da Portaria 16/2012, então em vigor na VEP, 
que tinha a seguinte redação:
As autorizações de trabalho externo serão concedidas pela 
administração da unidade desde que o sentenciado satisfaça os seguintes 
requisitos: 
I - Estar há mais de 30 (trinta) dias no regime prisional semiaberto ou ter 
iniciado o cumprimento da pena nesse regime ".
Entendo que a decisão de 18/10/2012 foi de natureza administrativa, pois 
não eclodiu de nenhum processo judicial (principal, incidental ou 
preparatório). Também não foi nenhum caso de urgência que necessitaria a 
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 7 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
presença do magistrado para determinar busca e apreensão de pessoas e 
coisas, naqueles casos em que não há tempo hábil para requerer a medida. 
Assim, a considero um ato administrativo.
E um ato administrativo nulo gera a nulidade de todos os atos dele 
decorrentes, bem como os respectivos efeitos. Nesse sentido, a título de 
exemplo:
[...]
Observe-se que referidos acórdãos são meramente exemplificativos, 
porque, após granjear a jurisprudência pátria, não encontrei situações 
similares.
Não pode o interessado alegar prejuízo com esta decisão, porque 
ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. Nessa tenda, observo que a 
autoridade judiciária que decidiu administrativamenteo fez mediante 
provocação da advogada Adriana Vilela (OAB/RO 4.408), a qual assinou a 
ata em seu termo final (embora conste o defensor público como presente e 
não ela).
Assim, nos termos do artigo 5º, LXI, da Constituição da República c.c. 
Artigo 107 da LEP, na qualidade de corregedor permanente dos 
estabelecimentos locais para cumprimento de pena (LEP, art. 66, VI), 
DECLARO A NULIDADE de todos os procedimentos ocorridos a partir de 
18/10/2012, incluindo-se a ata de audiência. Declaro, ainda, como não 
iniciado o cumprimento da pena – que ainda não existe – por antecipação, a 
qual só poderá ter início com a chegada de guia de recolhimento definitiva ou 
provisória. (sem grifos no original)
Em face do decisum, a defesa impetrou habeas corpus na origem, 
tendo a ordem sido denegada (fl. 29), ao fundamento de que a decisão é 
inexistente, pois não há título executivo judicial – Guia de Execução – bem 
como esta não foi expedida, portanto, não poderia a Juíza da VEP despachar ou 
decidir sobre a situação do agravante se não havia processo (fl. 29).
Como visto, o presente habeas corpus apresenta situação assaz 
inusitada, a determinar a concessão da ordem. Com efeito, iniciada a execução 
provisória da reprimenda, autorizada por ordem emanada de magistrado 
regularmente investido de jurisdição, posteriormente, fora anulado todo o tempo 
de pena cumprido pelo réu.
Ora, da atenta análise dos autos, verifica-se que de fato há ilegalidades 
evidentes na decisão que autorizou a execução antecipada da pena, seja pela 
ausência de título executivo com força coercitiva, seja pela incompetência do Juízo 
da Vara de Execução Penal – que a autorizou, em descumprimento de decisão 
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 8 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
proferida pelo Tribunal de Justiça, órgão competente e de hierarquia superior, que 
havia negado o pleito de execução provisória da pena.
Todavia, constatados os vícios acima referidos, ao Juízo da Vara de 
Execuções Penais cumpria tão somente determinar a imediata interrupção da 
execução da pena, até que houvesse a expedição de guia de recolhimento 
definitiva, ou ao menos a provisória, conforme asseverou o Ministério Público, na 
audiência realizada no dia 12/9/2013 (fl. 9), preservando, contudo, o tempo de 
pena efetivamente cumprido pelo réu (aproximadamente dois anos).
Com efeito, há que se distinguir entre início do processo de execução, 
que efetivamente não havia ocorrido dada a inexistência do trânsito em julgado da 
condenação, com o início da execução da pena, que se dá com o recolhimento do 
réu à prisão, exatamente o que ocorreu na hipótese vertente e não pode ser 
desconsiderado, já que, conforme reconheceu o próprio Juízo Vara de Execuções 
e Contravenções Penais da Comarca de Porto Velho, em audiência realizada em 
12/9/2013, na presença do Ministério Público, órgão de fiscalização, o réu 
cumpriu já um ano da pena do regime SEMIABERTO sem qualquer alteração, 
falta ou irregularidade (fl. 9).
Nesse contexto, causa perplexidade a solução adotada pelo 
magistrado de 1º grau que, invocando a legislação adjetiva, bem como os 
princípios constitucionais da não culpabilidade e do juiz natural, em sua 
literalidade, impôs ao réu duplo cumprimento da pena, pelo mesmo fato delituoso. 
Ora, como cediço, os princípios citados representam garantias individuais do réu 
frente ao poder do Estado-acusador, motivo pelo qual não podem ser 
interpretados em seu prejuízo, exatamente o que aconteceu na hipótese ora 
examinada.
Feitas essas considerações, entendo que a realização da justiça no 
caso concreto, impõe, em uma interpretação sistêmica, a prevalência dos 
princípios do favor rei, que determina a predominância do direito de liberdade do 
acusado quando em confronto com o direito de punir do Estado, e do ne bis in 
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 9 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
idem, segundo o qual não pode haver dupla punição pelo mesmo fato, a fim de 
que seja assegurado ao paciente, no cálculo de sua pena, o cômputo do período 
de encarceramento provisório.
Cumpre ressaltar que essa linha de raciocínio é a mesma utilizada para 
enfrentar a questão referente à impossibilidade de revisão de sentença 
absolutória proferida por juiz incompetente, consoante se depreende dos 
seguintes precedentes desta Corte Superior:
HABEAS CORPUS. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA PROFERIDA POR 
JUIZ ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE. OCORRÊNCIA DE TRÂNSITO 
EM JULGADO. NE REFORMATIO IN PEJUS. ORDEM CONCEDIDA.
1. De acordo com a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, a 
declaração de incompetência absoluta do Juízo se enquadra nas hipóteses 
de nulidade absoluta do processo. Todavia, a sentença prolatada por juiz 
absolutamente incompetente, embora nula, após transitar em julgado, pode 
acarretar o efeito de tornar definitiva a absolvição do acusado, uma vez que, 
apesar de eivada de nulidade, tem como consequência a proibição da 
reformatio in pejus.
2. O princípio ne reformatio in pejus, apesar de não possuir caráter 
constitucional, faz parte do ordenamento jurídico complementando o rol dos 
direitos e garantias individuais já previstos na Constituição Federal, cuja 
interpretação sistemática permite a conclusão de que a Magna Carta impõe 
a preponderância do direito a liberdade sobre o Juiz natural. Assim, somente 
se admite que este último - princípio do juiz natural - seja invocado em favor 
do réu, nunca em seu prejuízo.
3. Sob essa ótica, portanto, ainda que a nulidade seja de ordem absoluta, 
eventual reapreciação da matéria, não poderá de modo algum ser prejudicial 
ao paciente, isto é, a sua liberdade. Não se trata de vinculação de uma 
esfera a outra, mas apenas de limitação principiológica.
4. Ordem concedida para tornar sem efeito a decisão proferida nos autos 
da ação penal que tramita perante a 1ª Vara Federal da Seção Judiciária da 
Paraíba.
(HC n. 146.208/PB, Ministro Haroldo Rodrigues (Desembargador 
Convocado do TJ/CE), Sexta Turma, DJe 16/05/2011)
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL MILITAR. CONSTRANGIMENTO E 
LESÕES LEVES (ARTS. 222, § 2o., E 209, CAPUT, AMBOS DO CPM). 
PACIENTE QUE, PELOS MESMOS FATOS, JÁ CUMPRIU OBRIGAÇÃO 
IMPOSTA EM TRANSAÇÃO PENAL (PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À 
COMUNIDADE), PERANTE JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL, COM 
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. DENÚNCIA RECEBIDA PELO JUÍZO 
MILITAR. ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA 
COMUM. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM. CENTRALIDADE, EM NOSSO 
ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL, DOS DIREITOS E GARANTIAS 
Documento: 1612552 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/06/2017 Página 10 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
INDIVIDUAIS. PARECER DO MPF PELA CONCESSÃO DA ORDEM. 
ORDEM CONCEDIDA, PARA TRANCAR A AÇÃO PENAL EM CURSO NA 
1a. AUDITORIA DA JUSTIÇA MILITAR/RS.
1. A sentença prolatada por juiz absolutamente incompetente - ou, como 
se dá no caso, a homologação de transação penal proposta pelo Parquet -, 
embora nula, pode acarretar o efeito de tornar definitiva a absolvição do 
acusado. Assim, apesar de eivada de nula, a decisão do Juízo Especial 
Criminal tem como consequência a proibição da reformatio in pejus.
2. A coisa julgada material significa a imutabilidade do comando contido 
na sentença. Na seara penal, a res judicata sustenta-se sobre a 
necessidade de segurança que a ordem jurídica demanda.
3. Ao confrontar a competência absoluta da Justiça Militar e o princípio do 
ne bis in idem, deve a solução tender para esta, em razão da centralidade 
dos direitos e garantias individuais em nossa Carta Constitucional.
4. Parecer do MPF pela concessão da ordem.
5. Ordem concedida, para determinar o trancamento da Ação Penal em 
curso na 1a. Auditoria da Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul.
(HC n. 90.472/RS, Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma, 
DJe 3/11/2009)
Nomesmo sentido, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:
HABEAS CORPUS. PACIENTE ABSOLVIDO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. 
PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA, NÃO SUSCITADA NA APELAÇÃO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO, ACOLHIDA DE OFÍCIO PELO TRIUBNAL, POR 
TRATAR-SE DE NULIDADE ABSOLUTA. ALEGAÇÃO DE QUE A 
SENTENÇA ABSOLUTÁRIA TRANSITOU EM JULGADO EM TUDO AQUILO 
QUE NÃO FOI OBJETO DO RECURSO DO PARQUET. PRETENSÃO DE 
APLICAÇÃO DA SÚMULA 160/STF, COM A MANUTENÇÃO DA 
ABSOLVIÇÃO DIANTE DA IMPOSSIBILIDADE DE HAVER NOVA DECISÃO 
MAIS GRAVOSA AO RÉU. O Tribunal, ao julgar apelação do Ministério 
Público contra sentença absolutória, não pode acolher nulidade – ainda que 
absoluta –, não veiculada no recurso da acusação. Interpretação da Súmula 
160/STF que não faz distinção entre nulidade absoluta e relativa. Os atos 
praticados por órgão jurisdicional constitucionalmente incompetente são atos 
nulos e não inexistentes, já que proferidos por juiz regularmente investido de 
jurisdição, que, como se sabe, é una. Assim, a nulidade decorrente de 
sentença prolatada com vício de incompetência de juízo precisa ser 
declarada e, embora não possua o alcance das decisões válidas, pode 
produzir efeitos. Precedentes. A incorporação do princípio do ne bis in idem 
ao ordenamento jurídico pátrio, ainda que sem o caráter de preceito 
constitucional, vem, na realidade, complementar o rol dos direitos e garantias 
individuais já previstos pela Constituição Federal, cuja interpretação 
sistemática leva à conclusão de que a Lei Maior impõe a prevalência do 
direito à liberdade em detrimento do dever de acusar. Nesse contexto, 
princípios como o do devido processo legal e o do juízo natural somente 
podem ser invocados em favor do réu e nunca em seu prejuízo. Por isso, 
estando o Tribunal, quando do julgamento da apelação, adstrito ao exame da 
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matéria impugnada pelo recorrente, não pode invocar questão prejudicial ao 
réu não veiculada no referido recurso, ainda que se trate de nulidade 
absoluta, decorrente da incompetência do juízo. Habeas corpus deferido em 
parte para que, afastada a incompetência, seja julgada a apelação em seu 
mérito.
Ante o exposto, concedo a ordem de habeas corpus para determinar 
que, no cálculo da pena do paciente seja incluído, com todos os consectários 
legais, o período de encarceramento provisório, decorrente da decisão judicial 
proferida pelo Juízo da 1ª Vara de Execuções e Contravenções Penais (Projeto 
Ressoar – audiência realizada em 18/10/2012).
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
 
 
Número Registro: 2016/0031994-2 PROCESSO ELETRÔNICO HC 348.777 / RO
MATÉRIA CRIMINAL
Números Origem: 00002075420168220000 00024724920148220501 00043366420108220501 
00128293920148220000 128293920148220000 2075420168220000 
24724920148220501 43366420108220501
EM MESA JULGADO: 13/06/2017
Relator
Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JULIANO BAIOCCHI VILLA-VERDE DE CARVALHO
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : JACKSON ALENCAR KRIIGER 
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDÔNIA 
PACIENTE : JACKSON ALENCAR KRIIGER (PRESO)
ADVOGADOS : FERNANDA BATISTA LOUREIRO - DF035799 
 JAINARA CRISTINE LOIOLA DE SOUSA - DF027345 
ASSUNTO: DIREITO PROCESSUAL PENAL - Execução Penal
SUSTENTAÇÃO ORAL
Dra. JAINARA CRISTINE LOIOLA DE SOUSA, pela parte PACIENTE: JACKSON ALENCAR 
KRIIGER
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, concedeu a ordem, nos termos do voto do Sr. 
Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro e 
Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator.
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