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Andre Junior de Oliveira Análise das Demonstrações Financeiras Sumário 03 CAPÍTULO 1 – Formas de análises das demonstrações contábeis ........................................01 Introdução ...................................................................................................................01 2.1 Análise Horizontal ....................................................................................................02 2.2 Análise Vertical ........................................................................................................04 2.3 Análise por indicadores .............................................................................................06 2.3.1 Índices padrão ................................................................................................06 2.4 Painel geral de análise ..............................................................................................07 2.4.1 Outras metodologias de análise ........................................................................09 Síntese ..........................................................................................................................15 Referências Bibliográficas ................................................................................................16 01 Capítulo 2 Introdução Prezado aluno, bem-vindo ao segundo capítulo da disciplina de Análise das Demonstrações Financeiras. Você já sabe que os demonstrativos contábeis possuem grande importância para aqueles que utilizam essas informações. Mas você sabe dizer quais são as formas de análise des- tes demonstrativos? E qual a forma de análise mais adequada para as empresas? Quais grupos de contas são considerados? Quais as técnicas utilizadas? Diante desses questionamentos, pode- mos dizer que qualquer empresa que tenha relações com o mercado deve ter análises quanto a sua posição financeira e patrimonial, para que seus usuários tenham acesso ao andamento das suas atividades, possibilitando uma compreensão de forma lógica e objetiva de toda a situação relatada nos demonstrativos contábeis. De acordo com Luz (2014) o processo de análise das demonstrações contábeis não é aleatório, ou seja, se baseia apenas na experiência do analista, sendo, na verdade, fruto da compreensão mais ampla acerca do mercado no qual a empresa está inserida e resultado do raciocínio lógi- co dos efeitos econômicos e financeiros que provocaram os valores contábeis das receitas, das despesas, dos lucros apurados pelo confronto destas e pelos tantos outros fatos econômicos que aconteceram na empresa. Vale ressaltar que as análises das demonstrações contábeis abrangem os aspectos estático e dinâmico. Grave bem: enquanto o aspecto estático compreende o estudo da situação da em- presa e como se apresenta em determinado momento, sem haver preocupação com o passado ou futuro, o aspecto dinâmico preocupa-se com o a evolução da empresa e do ritmo em que ela administra seus negócios, visto que compara resultados atuais com o de anos anteriores, ponderando, inclusive, as possibilidades de evolução futura. Ainda sobre essa análise, podemos dizer que estaticamente é possível analisar o montante dos recursos aplicados no ativo e qual parcela destes pertence aos sócios, e que dinamicamente ocorre a apuração e direcionamento dos resultados (se serão reinvestidos ou distribuídos aos sócios). Tenha em mente que a comparação dos valores constantes nos demonstrativos contábeis permite que os usuários dessas informações analisem a situação da empresa por dois ângulos: financeiro e econômico, possibilitando aos administradores e empresários avaliarem tanto o passado, para acertarem a gestão da organização, quanto o futuro, para analisar as projeções de desenvolvi- mento das operações. Essa comparação permite, ainda, que investidores atuais analisem o retor- no do seu investimento ou as possíveis oportunidades e segurança quanto a futuros investimento. Com isso em mente, saiba que as análises das demonstrações contábeis são classificadas em métodos, como análise horizontal (compara em forma de percentual o valor de determinada quantia ou de determinado grupo de verbas em relação ao ano anterior), análise vertical (ana- lisa o percentual de cada quantia ou de cada grupo de quantias em relação ao valor total do demonstrativo, ou, ainda, o valor de cada quantia em relação ao total do respectivo grupo no qual esta quantia esta classificada), análise por quocientes, entre outras. A partir de agora você vai compreender melhor alguns tipos de análise, identificando também seus componentes. Fique atento e bons estudos! Formas de análises das demonstrações contábeis 02 Laureate- International Universities Análise das Demonstrações Financeiras 2.1 Análise Horizontal A Análise Horizontal é uma técnica que parte da comparação do valor de cada item do demons- trativo contábil em cada ano com o valor correspondente em determinado ano anterior, que fora considerado como base. A partir desta análise é possível perceber a evolução de cada elemento do patrimônio ou do resultado empresarial em uma série de períodos, como, por exemplo, o comportamento das receitas de vendas, do custo dos produtos vendidos e os itens componentes do ativo e do passivo ao longo do tempo. Compreenda que para que a análise horizontal seja calculada toma-se por base um período específico, com o qual serão comparados os demais períodos. Veja um exemplo: uma análise compreendida entre os anos 2011/2005 terá como referência de análise o ano de 2011, sendo este o ano base para a avaliação dos próximos períodos. Quando os usuários têm a sua disposição informações financeiras de determinado numero de períodos, podem calcular a análise horizontal sobre o ano anterior ou calcular os valores de todos os anos compreendidos no período analisado. Observe a fórmula utilizada nesta análise: Análise Horizontal = Valor x –1 .100 Valor y � � Onde: x = período atual y= período base O objetivo da análise horizontal é permitir o exame da evolução histórica de cada uma das contas componentes das demonstrações contábeis. Por meio desta análise é possível obter o valor do aumento de determinada despesa ao longo do tempo, por exemplo, permitindo assim aos gestores um tratamento mais adequado, visualizando uma maior eficiência dos gastos da empresa. VOCÊ SABIA? É importante que você saiba que a análise horizontal pode ser entendida como um complemento da vertical, pois informa o aumento ou a diminuição da proporção de determinada quantia em relação ao valor total, mas não informa se a variação foi derivada do aumento ou da diminui- ção do valor absoluto da quantia considerada. Vamos a mais um exemplo: a “conta seguro” a vencer, de determinado, período aumentou 150%. Porém, se considerarmos a representatividade dessa conta em relação ao total do ativo, podemos observar que este item representa somente 0,3 % do total do ativo, o que pode trazer à tona a seguinte discussão: os resultados obtidos por meio da análise horizontal devem ser interpretados com certo cuidado, pois nem sempre grandes percentuais de variação são tão significativos, sendo pouco conclusivos. 03 Analise Horizontal da Cia “Sonora” S/A 31/12/X1 31/12/X0 VARIAÇÃO ANO-BASE = 100 Ativo Valor Valor Valor % (R$) (R$) (R$) (R$) Circulante 120.400,00 107.900,00 12.500,00 11,58 Caixa 200 400 –200,00 –50,00 Bancos 7.800,00 3.500,00 4.300,00 122,86 Estoques 70.000,00 80.000,00 –10.000,00 –12,50 Duplicatas a receber 33.300,00 20.000,00 13.300,00 66,50 Adiantamento a fornecedores 8.600,00 3.800,00 4.800,00 126,32 Seguros a vencer 500 200 300,00 150,00 Não Circulante 52.700,00 33.700,0019.000,00 56,38 Débitos de Coligadas 3.800,00 4.300,00 –500,00 –11,63 Investimentos 14.200,00 7.900,00 6.300,00 79,75 Imobilizado 34.100,00 20.900,00 13.200,00 63,16 Intangíveis 600 600 – – TOTAL DO ATIVO 175.100,00 144.000,00 31.100,00 21,60 Quadro 1 – Modelo de Análise Horizontal da Cia Sonora S/A. Fonte: Elaborado pelo autor, 2016. Observe no Quadro 1 que o ano tomado como referência é 20X0 e as análises comparativas são baseadas nele. O ativo circulante no ano 20x1 teve um aumento de 11,58% em relação ao ano 20X0, ou seja, aumentou R$12.500,00 em relação a R$107.900,00 (20X0). Dessa forma, a variação representa o aumento do ativo circulante, onde está incluída a conta caixa, que no ano 20X1 apresenta o total de R$200,00 e no ano 20X0 R$400,00, variando negativamente em 50%. Diante dessas situações, podemos afirmar que a análise horizontal é calculada com base em um exercício específico para que sejam feitas as devidas comparações. O professor Eliseu Martins é um dos principais representantes no Brasil da Escola Ame- ricana de Contabilidade, sendo responsável também pela reformulação do currículo do curso de Ciências Contábeis no país durante a década de 1980, quando defendeu a inclusão de disciplinas humanísticas na formação do contador. Martins compõe a atual diretoria da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e possui um grande número de livros publicados nas áreas de contabilidade, contabilidade de custos, contabilidade gerencial e análise das demonstrações contábeis. VOCÊ O CONHECE? 04 Laureate- International Universities Análise das Demonstrações Financeiras Em resumo, compreenda, então, que a análise horizontal consiste na comparação entre os va- lores de uma mesma conta ou grupo de contas em diferentes períodos, e tem por finalidade esclarecer as variações de cada conta ou grupo de contas dos demonstrativos contábeis. Isso ocorre por meio dos exercícios sociais, com o objetivo de identificar fatos tendenciosos para que a continuidade e o sucesso das empresas não sejam comprometidos. 2.2 Análise Vertical A análise vertical é um instrumento que mostra a importância de cada conta em relação à de- monstração contábil a que pertence por meio da comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em períodos anteriores, permitindo que o analista interfira caso existam itens fora das proporções normais. A partir desta análise é possível avaliar as estruturas de composição dos itens das demonstrações contábeis, buscando evidenciar as participações dos elementos patrimoniais e de resultado dentro de um total. A metodologia consiste em calcular o percentual de cada conta em relação ao valor total de base. Análise Vertical da Cia “Sonora” S/A ATIVO 31/12/X1 31/12/X0 Valor (R$) % (ativo) Valor (R$) % (ativo) Circulante 120.400,00 68,76 107.900,00 74,93 Caixa 200 0,11 400 0,28 Bancos 7.800,00 4,45 3.500,00 2,43 Estoques 70.000,00 39,98 80.000,00 55,56 Duplicatas a receber 33.300,00 19,02 20.000,00 13,89 Adiantamento a fornecedores 8.600,00 4,91 3.800,00 2,64 Seguros a vencer 500 0,29 200 0,14 Não Circulante 52.700,00 30,10 33.700,00 23,40 Débitos de Coligadas 3.800,00 2,17 4.300,00 2,99 Investimentos 14.200,00 8,11 7.900,00 5,49 Imobilizado 34.100,00 19,47 20.900,00 14,51 Intangíveis 600 0,34 600 0,42 TOTAL DO ATIVO 175.100,00 100,00 144.000,00 100,00 Quadro 2 – Modelo de Análise Vertical da Cia Sonora S/A. Fonte: Elaborado pelo autor, 2016. Na análise vertical de um balanço calcula-se o valor percentual de cada conta em relação ao total do ativo. A fórmula do cálculo consiste em pegar a conta ou o grupo de contas e dividir pelo ativo total x 100. Veja no exemplo do Quadro 2: considere um balanço fechado com ativo total no valor de R$175.100,00 e o grupo ativo circulante de R$ 120.400,00. Ao multiplicar por 100, temos o resultado da análise vertical de 68,76%, ou seja, o ativo circulante representa essa porcentagem do ativo total. O mesmo pode ser realizado em outras demonstrações, como a 05 DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), por exemplo, cujo valor total das receitas brutas pode ser tomado por base no valor de R$2.700.000,00 e o custo das mercadorias vendidas no valor de R$1.350.000,00. Dessa forma, de acordo com a análise vertical, o CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) representa 50% da receita bruta informada. Perceba que a análise vertical é uma importante ferramenta para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo, sendo realizada mediante a extração de relacionamentos per- centuais entre os itens pertencentes a uma mesma demonstração financeira de determinado período analisado. Os percentuais obtidos podem ser comparados entre si ao longo do tempo e entre dife- rentes empresas, sendo que o objetivo é dar representatividade para cada item ou subgrupo de uma demonstração contábil, relacionados a um determinado total ou subtotal tomado por base. Você sabia que a análise vertical pode ser utilizada para todas as demonstrações contá- beis? Sim, ela pode, no entanto, adquire mais relevância na análise das Demonstrações do Resultado do Exercício, onde vários itens são calculados comparativamente com as vendas brutas ou líquidas, inclusive as representações das despesas em relação às vendas. VOCÊ SABIA? Neste ponto, vale ressaltar que tanto a análise horizontal como a vertical são muito úteis, visto que comparam as demonstrações de várias empresas, simplificando a mecanização do processo de análise, pois não tratam das particularidades das demonstrações. Todas as análises são to- madas como padrão, não observando a análise da evolução patrimonial e dos resultados diante dos fatores inflacionários, como, por exemplo, o valor registrado no balanço de uma empresa no ano de 1999, que será considerado para as análises atuais. Embora simplificado, este processo não reflete a realidade das organizações na atualidade. De acordo com Assaf Neto (2012), a análise por meio de indicadores das organizações tem por finalidade contribuir com as decisões a serem tomadas por todos os seus usuários que, como você já sabe, podem ser externos ou internos, cada um com seu interesse, buscando, assim, pa- râmetros adequados para direcionar a tomada de decisão. Considere a seguinte frase, de autoria do físico irlandês William Thomson: “o que não é possível medir, não é possível melhorar”. De fato, todas as questões relacionadas às atividades propostas necessitam de mensuração, por meio das quais é possível obter indicativos para melhoria, cor- reção ou aquisição. Pense no seguinte exemplo: no dia a dia, você observa que o painel de um carro indica situações que sinalizam se o pisca alerta está ligado, se o nível do combustível está baixo ou até mesmo quando a velocidade está acima do permitido. Diante dessas informações, você pode tomar decisões, como se há ou não a necessidade de ligar o pisca alerta, se precisa abastecer o carro para percorrer determinada distância e se está de acordo com o limite de ve- locidade permitido. Podemos considerar que a mesma coisa ocorre com as empresas. Ao utilizar a análise vertical, é possível verificar se tal despesa está alta, com valor divergente daquele estipulado como meta pe- los gestores. Já a partir da análise horizontal, é possível verificar se o crescimento do ano X2 acon- teceu da forma planejada em X1. E por meio dos indicadores, podemos analisar se a rentabilidade atual está de acordo com a esperada ou o que pode ser feito para que a meta seja alcançada. Sobre as características da informação contábil é importante ressaltar que ela deve ter uma repre- sentação fidedigna e ser relevante. Em outras palavras, você pode entender que as informações contábeis devem ser transparentes e claras, permitindoque os seus usuários adotem os indicado- res mais adequados, entendendo-os de forma a interpretar os resultados objetivamente, contri- buindo, assim, na formação de opinião e na análise de acordo com o interesse de cada usuário. 06 Laureate- International Universities Análise das Demonstrações Financeiras O artigo científico “Análise dos indicadores financeiros das empresas de distribuição de energia elétrica: um estudo com a utilização dos índices-padrão” (2013), de autoria de Bruno Zamprogno e Leandro Resende Dutra, tem por objetivo analisar o impacto dos indicadores financeiros das empresas de distribuição de energia elétrica, decorrentes da adequação das normas brasileiras às normas internacionais de contabilidade. Acesse: < http://www.fucape.br/premio_excelencia_academica/upld/trab/14/13.pdf> VOCÊ QUER LER? Compreenda que, assim como na análise horizontal, na vertical os indicadores também permitem uma comparação entre as empresas atuantes, visto que eles revelam particularidades de liquidez, endividamento e rentabilidade das empresas, segundo apontam Padoveze e Benedicto (2010). Os autores afirmam, ainda, que a utilização de padrões setoriais para a análise comparativa é um instrumento relevante para a melhor avaliação da empresa, pois permite aferir os diversos indicadores dentro de padrões diferenciados, de acordo com a realidade de mercado. A análise comparativa pode ser complementada por uma setorial, onde a empresa comparada é verificada conjuntamente com as demais do seu ramo de atuação. 2.3 Análise por indicadores Neste tópico, você estudará mais sobre a análise por meio de indicadores financeiros, que tam- bém pode ser chamada de análise por meio de quocientes, e são classificados da seguinte forma: • Índices de Liquidez; • Índices de Estrutura de capital ou índices de endividamento; • Índices de Rentabilidade; • Índices de Rotação e de prazo médio. 2.3.1 Índices padrão Como você já sabe, as empresa divulgam demonstrativos financeiros com o objetivo de atender os usuários destas informações. O que você precisa compreender é que esses demonstrativos não teriam valor se não pudessem ser comparados com indicadores considerados como padrão que, segundo Silva (2008), podem ser entendidos como um referencial de comparação, ou seja, uma análise de indicadores de determinada entidade dada como padrão, permitindo verificar se o índice dessa empresa está melhor, pior ou enquadrado de acordo com a referência. Matarazzo (2003) destaca que neste padrão de comparação é preciso se atentar ao porte e ao ramo de atuação da empresa. Silva (2008) destaca, além desses itens, que é preciso considerar outros fatores relevantes, como a região geográfica onde a empresa está estabelecida, uma vez que ela estará sujeita a fatores como o clima, o costume, a organização política, as crenças e valores e os recursos naturais do local. Padoveze e Benedicto (2010) consideram a análise dos índices padrão como algo relevante para a comparação de cada empresa com seus concorrentes ou até mesmo com aquelas de ativida- de equivalentes e salientam que, para a construção dos indicadores padrão, o analista deve se atentar aos procedimentos que você confere no Quadro 3. 07 Procedimento 1 Selecionar os indicadores mais adequados para a análise econômico- -financeira. Procedimento 2 Classificar as empresas por tamanho (pequeno, médio ou grande), usan- do determinados parâmetros (patrimônio líquido, volume monetário das vendas, total do ativo, número de empregados, entre outros) e agrupá-las por atividade e setor, tais como indústria, comercio ou serviços. Procedimento 3 Calcular os indicadores selecionados para cada empresa, classificada por tipo de atividade ou setor. Procedimento 4 Tabular os indicadores calculados para todas as empresas e classificá-las em ordem de grandeza crescente (distribuição de frequência). Procedimento 5 Elaborar uma tabela de frequência acumulada com o gráfico de distribui- ção relativa. Quadro 3 - Procedimentos para a construção de índices padrão. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em PADOVEZE e BENEDICTO, 2010. VOCÊ QUER VER? No vídeo “Indicadores financeiros são o retrato do passado ou determinam o futuro”, o consultor Wagner Viana Pereira, do SEBRAE- SP, destaca a importância dos indica- dores, sua finalidade e a forma que podem ser utilizados, visando, assim, servir de ferramenta para as empresas tomarem decisões com a finalidade de diagnosticar os erros relacionados ao desempenho das mesmas. Assista: <https://www.youtube.com/ watch?v=fBIcMgbyr00> Tenha em mente que a construção de indicadores padrão requer alguns cuidados por se tratar de uma ferramenta obtida a partir de uma técnica estatística, o que torna possível a extração de algumas medidas de determinado universo de elementos. 2.4 Painel geral de análise Segundo Blat (2001), os demonstrativos contábeis devem ser planilhados quando são enviados para a análise, para que todas essas informações, de todas as empresas que passem pela análi- se, mantenham um padrão constante, facilitando, assim, a interpretação de todas as suas contas. A conversão para o dólar ou outro indexador dos demonstrativos contábeis é realizada para que uma organização possa ser comparada em vários períodos diferentes, utilizando um padrão mo- netário constante. A aplicação dessas planilhas em moeda corrente nacional com a finalidade de comparação é dificultada pelas distorções inflacionárias, o que pode acarretar em uma correção monetária das contas dos demonstrativos contábeis, visto que a moeda corrente nacional não é constante, dificultando a comparação em datas e períodos diferentes. É importante destacar que todas as contas da demonstração dos resultados estão contabilizadas pelo valor histórico, provocando uma subavaliação de seus valores quando estas são convertidas para o indexador da data do demonstrativo (indexador do final do período). 08 Laureate- International Universities Análise das Demonstrações Financeiras VOCÊ QUER VER? No vídeo “Análise de Balanços: Limitações e Conflitos”, o professor Alexandre Assaf Neto traz uma palestra onde salienta que a análise de balanço deve ser entendida a partir da responsabilidade básica da empresa em remunerar o capital dos seus acionis- tas acima do retorno mínimo desejado. Isso por que as demonstrações devem refletir a busca por melhores resultados e criação de valor e continuidade do negócio. A palestra é dividida em duas partes: <https://www.youtube.com/watch?v=zJmVhD1CISw> (par- te 1) e <https://www.youtube.com/watch?v=bTQUIl8Q1Gc> (parte 2). A utilização de um indexador médio do período também causaria distorção na demonstração do resultado do exercício, pois os fluxos realizam-se em datas diferentes. A principal distorção que pode ocorre após a indexação da DRE é o fato de que as Receitas de Vendas são apresentadas sempre de forma subestimada, visto que as vendas que ocorrem antes da data de fechamento da Demonstração do Resultado do Exercício serão divididas por um indexador maior, que fora utilizado por referência, sendo este maior que o valor daquele da data da venda, diminuindo, assim, o resultado do período analisado. Tenha em mente que os principais coeficientes operacionais avaliam a eficácia operacional das diferentes áreas da empresa, como o giro do estoque, rentabilidade do patrimônio liquido e ou- tras. A análise por meio de coeficientes tem os seguintes objetivos: mensurar a saúde financeira das empresas, identificar as principais áreas de negócios que afetam sua a lucratividade, avaliar sua posição de liquidez, analisar o fluxo de caixa, identificar uma condição de alavancagem e contribuir para a avaliação total do risco creditício, uma vez que tais coeficientes indicam, até certo ponto, se a condição financeira de uma empresa a torna um bom ou maurisco de crédito. José Carlos Marion, professor de contabilidade nascido em São Paulo (SP), é uma re- ferência para profissionais e estudantes da área de contabilidade. Marion é graduado em Economia e Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo da Fundação Álvares Penteado, é mestre e doutor em contabilidade e possui uma extensa produção de livros nas áreas de contabilidade básica, empresarial, avançada e análise de balanços VOCÊ O CONHECE? Neste ponto, é importante destacar que esse tipo de análise pode ser dividida em absoluta ou relativa, sendo que quando for relativa pode ainda se subdividir em comparativa com padrões ou evolutiva. A análise absoluta é aquela realizada por meio de indicadores tradicionais, pois avalia de forma fria se o índice é bom ou ruim, observando apenas o seu resultado numérico. Em outras palavras, ela analisa se determinado índice é considerado bom ou ruim tomando como referência o seu valor. 09 Análise absoluta Análise por meio de coe�cientes Análise relativa Comparativa com padrões Evolutiva Figura 1 - Classificação da análise por meio de coeficientes. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em BLAT, 2001. Já a análise relativa avalia um índice comparando-o com outros. Ela pode ser comparativa com padrões, quando compara um índice com o de outras empresas similares, sejam atuantes no mesmo ramo de atividade ou localizadas na mesma região geográfica, ou comparativa evolutiva, quando analisa a evolução dos índices da empresa ao longo do tempo. 2.4.1 Outras metodologias de análise Para iniciar os estudos deste item, é importante que você saiba que durante o processo de análise das demonstrações contábeis, o profissional tem várias possibilidades, ou seja, ele pode utilizar uma gama de tipos de análises, de acordo com os objetivos a serem alcançados. Além das análises vertical e horizontal, que você já conhece, existem ainda a análise das diferenças absolutas, a aná- lise por meio de quocientes, análise de alavancagem, análise das necessidades de capital de giro, análise de terminação do grau de insolvência por meio de modelos estatísticos, análise do balanço social, análise fundamentalista e análise do EBITDA (do inglês Earnig Before Interests, Taxes, Depre- ciation and Amortization, ou lucros antes dos juros impostos, depreciação e amortização). A análise das necessidades de capital de giro (NCG) tem como objetivo identificar o montante de recursos que a empresa necessita em função do seu ciclo financeiro. A partir dessa analise é possível, então, identificar a situação financeira de uma empresa, como forma de obter o nível de recursos necessários para a manutenção do giro dos negócios, visto que as contas que compõem a NCG são de curto prazo e de efeitos rápidos. O capital de giro (CG), que pode ser chamado também de Capital Circulante Líquido (CCL), representa a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, constituindo uma medida estática de folga financeira de que a empresa dispõe para liquidar suas dívidas de curto prazo. A análise do CCL deve ser feita em conjunto com os indicadores de liquidez. Confira sua fórmula: CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante Tenha em mente que para uma melhor definição do volume de capital circulante líquido necessá- rio, é preciso, primeiramente, reclassificar as contas do ativo e passivo, com o objetivo de definir o Ativo Circulante Operacional (ACO), que pode ser descrito como o investimento que decorre automaticamente das atividades de compra, produção, estocagem e revenda, e o Passivo Circu- 10 Laureate- International Universities Análise das Demonstrações Financeiras lante Operacional (PCO), que é o financiamento, também automático, que decorre dessas ativi- dades. Uma vez identificado cada um dos elementos patrimoniais ajustados, é possível apurar a NCG por meio da seguinte formula: NCG = Ativo Circulante Operacional – Passivo Circulante Operacional Após ser calculado, o NCG pode ser interpretado da seguinte forma: ACO < PCO Situação normal na maior parte das empresas, neste caso pode se afir- mar que há uma NCG para a qual a empresa pode recorrer a fontes de financiamentos. ACO = PCO Esta é uma situação de equilíbrio, não muito comum. Neste caso, em razão de a NCG ser igual a zero, entende-se que a empresa não tem necessidade de financiamento para giro. ACO > PCO Nesta situação, a empresa tem mais financiamentos operacionais que investimentos operacionais, isto significa sobra de recursos das atividades operacionais, os quais poderão ser aplicados no mercado financeiro ou para expansão das suas instalações. Quadro 4 – Interpretação da necessidade de Capital de Giro. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em SILVA, 2012. A diferença entre o Ativo Circulante Não Operacional e o Passivo Circulante Não Operacional é denominada de Saldo de Tesouraria, que representa os recursos que não estão diretamente li- gados à atividade operacional da empresa e que, caso seja alterado, poderá decorrer de fatores alheios à sua atividade fim. É importante salientar que nem sempre a manutenção de um saldo de tesouraria positivo é desejável, pois pode representar que a empresa não aplique os investi- mentos da melhor forma, representando uma falta de estratégia dinâmica de investimentos. Compreenda que a análise de determinação do grau de insolvência por meio de modelos es- tatísticos tem a finalidade de prever o estado de insolvência, que pode ser definido como uma incapacidade de pagar as obrigações financeiras na data do vencimento, ou seja, a análise determina quando os ativos serão inferiores aos passivos. O artigo cientifico “Aplicação dos modelos de Elizabetsky e Kanitz na previsão de falên- cia: um estudo descritivo das melhores e maiores empresas por setor listadas na Revista Exame em 2010”, de autoria de Isabelle Carlos Campos Rezende, Thalita Xismy Tavares de Farias e Alan Santos de Oliveira, teve como objetivo analisar e justificar, por meio dos indicadores Elizabetsky (1976) e Kanitz (1978), se as melhores empresas listadas por setor na revista exame de 2010 se apresentaram solventes no período compreen- dido entre os anos de 2007 a 2009. VOCÊ QUER LER? Nesse sentido, várias pesquisas foram realizadas para avaliar e detalhar cada uma dos princi- pais modelos de previsão de solvência produzidos, dos quais se destacam os seguintes modelos: Altman (1976), Kanitz (1978), Elizabetsky (1976) e Matias (1979), que você estudará a seguir. O indicador Altman (1976) foi desenvolvido com a utilização de instrumentos estatísticos, como a análise discriminante múltipla, entre um grupo de empresas que teve e outro que não teve 11 problemas financeiros. Os valores são combinados e ajustados com pesos para produzir uma medida que melhor diferencie entre as empresas que quebram e as que não quebram. Ele pode ser obtido por meio da seguinte fórmula: Fator de Insolvência de Altman (1) = (1,44+4,03 .x2) + (2,25.x3) – (0,14.x4) + (0,42.x5) Fator de Insolvência de Altman (2) = (1,84 – 0,51 .x1) + (6,32.x3) – (0,71.x4) + (0,53.x5) Onde: x1 = Ativo Circulante – Passivo Circulante / Ativo Total x2 = Reservas e Lucros Suspensos / Ativo Total x3 = Lucro Líquido ∓ Despesas financeiras + imposto de renda / Ativo Total x4 = Patrimônio Líquido / Exigível Total x5 = Vendas / Ativo Total Veja sua interpretação: o ponto crítico é zero e caso o resultado for aproximado de zero, deve-se ter atenção, pois pode ser haver indícios de que esteja ficando insolvente. O indicador Kanitz (1978), por sua vez, é um modelo baseado na análise do fator de insolvên- cia da empresa, realizado a partir de ponderações de alguns indicadores de liquidez, de endivi- damento e de rentabilidade. Observe sua fórmula: Fator de Insolvência de Kanitz = (RSPL x 0,05) + (LG x 1,65) +(LS x 3,55) + (LC x 1,06) + (PCT x 0,33) Onde: RSPL = Rentabilidade do Patrimônio Líquido LG = Liquidez Geral LS = Liquidez Seca LC = Liquidez Corrente PCT = Participação do Capital de Terceiros A partir da apuração dos indicadores de Kanitz, os resultados obtidos podem ser os relacionados Quadro 5. Acompanhe: Indicadores entre 0 e 7 Empresas que estão na faixa de solvência, com menores pro- babilidades de falência. Indicadores entre 0 e -3 Empresas que não estão numa região de penumbra, ou seja, estão em situação indefinida, o que demanda certa cautela. Indicadores entre -4 e -7 Empresas que estão na faixa de insolvência, ou seja, quanto menor o fator maior a probabilidade de falência Quadro 5 – Interpretação do Termômetro de Insolvência. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em SILVA, 2012. O modelo Elizabetsky (1976) foi desenvolvido a partir de um modelo matemático utilizando a análise discriminante para um determinado número de empresas do mesmo ramo de atividade, sendo classificadas como boas e ruins. Confira sua fórmula: 12 Laureate- International Universities Análise das Demonstrações Financeiras Fator de Insolvência de Elizabetsky = (1,93 .x1) (0,20.x2)+(1,02.x3+) (1,33.x4) – (1,12 x5) Onde: x1 = lucro líquido/vendas x2 = disponivel/permanente x3 = contas a receber/ativo total x4 = estoques/ativo total x5 = passivo circulante/ativo total Acompanhe sua interpretação: o ponto crítico é 0,5 m, sendo que acima desse valor a empresa estará solvente e abaixo insolvente. Você acha que os indicadores financeiros utilizados pelos usuários da contabilidade são os mesmos indicadores econômicos divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), FGV (Fundação Getúlio Vargas) e IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)? Não! Os indicadores econômicos são aqueles que o mercado utiliza como referência para preço, emprego, vendas, balança de pagamento e o PIB (Produto Interno Bruto), com a finalidade de regulação e previsão de mercado, visando, assim, o controle por parte do governo nas ações econômicas do país. VOCÊ SABIA? O modelo de Matias (1979) foi desenvolvido utilizando a técnica estatística de análise discri- minante com empresas de diversos ramos de atividades, sendo classificadas como solventes ou insolventes. Ele pode ser obtido pela seguinte fórmula: Fator de Insolvência de Matias = (23,792 .x1) (8,26.x2)+(9,868.x3+) (0,764.x4) – (0,535x5 + 9,9192.x6) Onde: x1 = patrimônio líquido/ativo total x2 = "financiamentos e emprestimos bancarios/ativo circulante" x3 = fornecedores/ativo total x4 = ativo circulante/passivo circulante x5 = lucro operacional/lucro bruto x6 = disponibilidade/ativo total Considerando sua interpretação como: o ponto crítico é zero, ou seja, caso o resultado seja zero, a empresa estará insolvente. Continuando com o estudo das análises, veremos agora a análise fundamentalista, que é utilizada pelos analistas do mercado de capitais. Como o próprio nome sugere, é uma técnica que tem como alvo os fundamentos econômicos da empresa (indicadores de rentabilidade) e o desempe- nho das suas ações de mercado de capitais. Nesse tipo, são realizadas projeções de acordo com o comportamento dos preços de ações, feitas a partir de um estudo junto ao mercado, com as características particulares de cada empresa obtidas a partir de uma pesquisa histórica da mesma. 13 A análise fundamentalista se baseia no estudo de tendência de vários indicadores, como o Preço pelo Lucro (PL), Lucro por ação (LPA), Dividend Yield (DY), Valor Patrimonial por Ação (VPA) e Pay-Out. Acompanhe no Quadro 6 suas finalidades. Indicador Fórmula Finalidade do indicador Preço por Lucro (PL) Valor de cotação da ação/Lucro por ação Demonstra o prazo de retorno do investimento. Quanto mais baixo o PL, mais recomendável será realizar aquisições das ações analisadas. Lucro por ação (LPA) Lucro Líquido/número de ações x 100 Demonstra a rentabilidade das ações em relação ao seu preço de mercado, revelando, assim, a rentabilidade anual do investidor. Dividend Yield (DY) Dividendo por ação/ valor de cotação da ação x 100 Permite reconhecer quantas ações seria possí- vel comprar, em determinado momento, pela cotação corrente com o valor total da remu- neração paga aos acionistas por meio dos dividendos. Valor Patrimonial por ação (VPA) Patrimônio líquido/nú- mero de ações Demonstrar a relação entre o PL e o número de ações do capital. Este indicador pode ser chamado também de Valor Nominal da Ação. Pay- Out Dividendo pago por ação/Lucro por ação Este indicador representa o quanto de dividen- dos a empresa distribuiu em relação ao lucro gerado, possibilitando, assim, a mensuração da capacidade da empresa em gerar lucros suficientes para o pagamento dos dividendos. Quadro 6 - Indicadores da análise fundamentalista. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em SILVA, 2012. A análise do EBITDA, por sua vez, refere-se ao indicador EBITDA (do inglês a Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) e o EBIT (Earnings, Before Interest, Taxes), ou Lu- cro Operacional Ajustado, ou seja, é o lucro antes de juros, imposto sobre a renda, incluindo a contribuição social sobre o lucro líquido, depreciação e amortização, conhecido por LAJIDA. A publicação deste indicador não é obrigatória, mas é uma prática adotada por muitas empresas. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Receita Operacional Bruta 300.000,00 (-) Impostos Incidentes sobre as vendas 25.000,00 (-) Devoluções e Abatimentos 10.000,00 (=) Receita Operacional Líquida 265.000,00 (-) Custo dos Produtos e Serviços Vendidos 150.000,00 (=) Lucro Bruto 115.000,00 (-) despesas Operacionais 30.000,00 (-) Com vendas 10.000,00 (-) Administrativas 18.500,00 14 Laureate- International Universities Análise das Demonstrações Financeiras DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (-) Despesa com depreciação 1.500,00 EBITDA/LAJIDA (Lucro antes dos juros impostos, depreciação e amortização) 86.500,00 (=) Lucro Operacional Antes do Imposto de Renda 85.000,00 Despesas Financeiras 1.800,00 (=) Resultado do Exercício antes dos impostos sobre o lucro e as participações 83.200,00 Provisão para impostos sobre o lucro (Imposto de Renda e Contribuição Social) 3.400,00 (=) Lucro/ Prejuízo Líquido do Exercício 79.800,00 Quadro 7 – Demonstração do Resultado do Exercício, para visualização do Lucro Operacional antes do Imposto de Renda. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em SILVA, 2012. É importante destacar que o EBITDA não considera despesas como de depreciações, provisões de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre Lucro Líquida. Dessa forma, o valor deste indicador é o lucro operacional apurado, não considerando o fato de não somar as despesas que não afetam o caixa, tais como despesas de depreciação, onde não há desembolso de dinheiro, e as despesas financeiras, assim como os efeitos da tributação sobre o resultado do exercício. Vale ressaltar, ainda, que o EBITDA não representa o volume monetário efetivo que ingressou no caixa da empresa, pois, pelo regime de competência, nem todas as despesas podem estar efetivamente pagas quando da apuração do resultado, devendo ser visto como um indicador do potencial de geração de caixa proveniente de ativos operacionais. CASO A empresa Lustres Lindos Ltda. vendeu 10 itens no dia 10/01/2014 por 10 mil dólares, quando o valor da moeda estrangeira estava cotada em R$3,50, sendo que estas foram as vendas do ano, neste período, e as demonstrações foram publicadas. Dessa forma, a receita bruta deste período totaliza 10 mil dólares ou R$35.000,00, o que será muito diferente do valor de 31/12/2014, quando a cotação do dólar estava emR$3,98. Pense da seguinte forma: o valor registrado histo- ricamente é de R$35.000,00, o que representa um valor diferente ao final do período, que seria de R$39.800,00, gerando um desvio no momento da comparação das demonstrações. Uma forma de diminuir este desvio é utilizar um indexador médio do período, o que permitiria uma aproximação com a receita real da empresa. Adaptado de BLAT (2001, p. 56). O indicador EBITDA, como qualquer outro indicador, deve ser utilizado de acordo com uma série histórica, correlacionando-o como outras medidas de desempenho. Caso exista uma ocorrência prolongada de indicadores negativos, é possível sugerir que a empresa esteja consumindo caixa ao invés de gera-lo de forma suficiente para manter suas atividades, acarretando em uma situa- ção denominada overtrad, que significa que a empresa está operando além de sua capacidade financeira, não possuindo capital de giro suficiente para financiar suas atividades de curto prazo. Perceba que, quanto maior for o EBITDA, melhor e mais eficiente é a formação de caixa prove- niente das operações e melhor ainda a capacidade de pagamento, aos proprietários, de capital e investimentos demonstrados pela companhia. Compreenda, também, que quanto mais alto esse indicador, maior é a capacidade de geração de liquidez da empresa, que é motivada por atividades operacionais. Importante salientar, ainda, que são retirados para a apuração do EBITDA os juros e os empréstimos, que em muitas situações as empresas contratam para alavancar as suas operações. Dessa forma, é importante considerar que o EBITDA pode demonstrar uma falta de perspectiva sobre a efetiva liquidez da empresa. 15 Síntese Ao concluir o segundo capítulo da disciplina de Análise das Demonstrações Financeiras, você aprendeu sobre a análise das demonstrações contábeis, mais especificamente a respeito dos tipos de análises existentes. Em síntese, você pôde: • Entender que as análises das demonstrações contábeis são classificadas em métodos (vertical, horizontal e por quocientes); • Compreender que a análise horizontal é uma técnica que parte da comparação do valor de cada item do demonstrativo contábil, em cada ano, com o valor correspondente em determinado ano anterior, que fora considerado como base; • Aprender que, por meio da análise horizontal, é possível perceber a evolução de cada elemento do patrimônio ou do resultado empresarial em uma série de períodos; • Entender que a análise vertical é um instrumento que mostra a importância de cada conta em relação à demonstração contábil a que pertence por meio da comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em períodos anteriores, permitindo ao analista interferir caso exista itens fora das proporções normais; • Conhecer a análise por meio de indicadores financeiros, que também pode ser chamada de análise por meio de quocientes, que é realizada por meio de Índices de Liquidez; Índices de Estrutura de capital ou índices de endividamento; Índices de Rentabilidade; Índices de Rotação e Índices de Rentabilidade; • Compreender que, durante o processo de análise das demonstrações contábeis, o profissional tem várias possibilidades, podendo utilizar uma gama de tipos de análises de acordo com os objetivos a serem alcançados; • Aprender que entre existem vários tipos de análise, como a análise das diferenças absolutas, de alavancagem, das necessidades de capital de giro, de determinação do grau de insolvência por meio de modelos estatísticos, do balanço social, fundamentalista e do EBITDA. Síntese 16 Laureate- International Universities Referências ALBUQUERQUE, Neusa Rachel Costa de; BOYA, Valéria Lobo Archete. A Importância da De- monstração do Valor Adicionado como Instrumento Informativo da Riqueza Gerada e Dis- tribuída Pelas Organizações: Um Estudo de Caso. Argumentadum, v. 02, p. 01, 2010. ANDRICH, Emir Guimaraes; CRUZ, June Alisson Westarb; ANDRICH, Rene Guimaraes; GUIN- DANI, Ari. Finanças Corporativas: análise de demonstrações contábeis e de investimentos. Curitiba: Intersaberes, 2014. ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2012. ATAR, Raimundo Aben. Introdução à contabilidade. São Paulo: Prentice Hall, 2005. BLAT, Adriano. Análise e avaliação das demonstrações contábeis e financeiras. São Paulo: Makron Books, 2001. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação do Relatório Contábil-Financeiro. Pronunciamento CPC 00 (R1). Disponível em: <www.cpc.org. br>. Acesso em: 12 mai 2016. 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