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Resumo-Direito Constitucional-Aula 02-Teoria Geral-Flavio Martins4

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Delegado de Polícia 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
Disciplina: Direito Constitucional 
 Professor: Flavio Martins 
Aula: 02 | Data: 21/02/2018 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
TEORIA GERAL 
2. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO 
 
 
2. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO 
Existem vários conceitos de Constituição e destes conceitos três são os principais: 
 
a) Sentido Sociológico, (Ferdinan Lassale foi político, jurista, sociólogo polonês que viveu na Alemanha), autor do 
livro: “O que é Constituição? ” Frases da Teoria de Ferdinan Lassale: 
 
1ª – “Constituição não é uma folha de papel”. 
Ferdinan Lassale quer dizer que Constituição não é um papel, não é um documento, não é uma Lei. 
 
2ª – “Constituição é a soma dos FATORES REAIS DE PODER que emanam da população”. 
 
Se uma Constituição escrita não espelhar a “constituição real” não terá eficácia e não passará de uma mera folha 
de papel. 
 
b) Sentido Político, Carl Schimitt (constitucionalista alemão, foi o jurista mais influente no período do nazismo tendo 
como apelido “o jurista maldito”), livro “Teoria da Constituição”. 
 
Para Carl Schimitt a Constituição não é uma Lei, mas sim a DECISÃO POLÍTICA FUNDAMENTAL, conhecida por 
posição decisionista. Não é necessariamente uma Lei, não precisa ser uma Lei. 
 
c) Sentido Jurídico, Hans Kelsen (austríaco, inimigo de Carl Schimitt), principal obra: “Teoria Pura do Direito”, 1ª 
Edição foi escrita em 1933. A Constituição, segundo Kelsen é a Lei mais importante do ordenamento jurídico. A 
Constituição é o pressuposto de validade de todas as Leis (para que uma Lei seja válida, precisa ser compatível com 
a Constituição). Para Kelsen, o Direito é uma ciência autônoma. Frase famosa de Hans Kelsen: 
“O Direito é um sistema hierárquico de normas, onde a norma inferior obtém sua validade na norma superior”. 
 
Exemplo: o Presidente da República fez um decreto autorizando o uso das Forças Armadas para segurança pública 
no Espírito Santo. O referido Decreto Presidencial tira a validade da Lei Complementar nº 97, 1999 (Lei 
Complementar que regula as Forças Armadas). A Lei Complementar tira a validade do artigo 142, CF/88, ou seja, a 
Constituição Federal permite o uso das Forças Armadas para segurança pública nos termos de Lei Complementar. 
 
Kelsen identifica o ordenamento jurídico de um país através da pirâmide: 
 
Pirâmide Brasileira: 
 
 
 
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Observação: Segundo o STF, Lei Complementar e Lei Ordinária têm a mesma hierarquia. 
 
Qual é o processo de incorporação dos Tratados Internacionais? 
a) A celebração do tratado, artigo 84, VIII, CF/88, a responsabilidade é do Presidente da República, na função 
de Chefe de Estado. 
 
“Art. 84, CF/88. Compete privativamente ao Presidente da República: 
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; 
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior 
da administração federal; 
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta 
Constituição; 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir 
decretos e regulamentos para sua fiel execução; 
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; 
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 32, de 2001) 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não 
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos 
públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída 
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus 
representantes diplomáticos; 
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a 
referendo do Congresso Nacional; 
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; 
X - decretar e executar a intervenção federal; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1
 
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XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por 
ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País 
e solicitando as providências que julgar necessárias; 
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, 
dos órgãos instituídos em lei; 
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover 
seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são 
privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 
02/09/99) 
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os 
Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o 
presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando 
determinado em lei; 
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal 
de Contas da União; 
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, 
e o Advogado-Geral da União; 
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 
89, VII; 
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de 
Defesa Nacional; 
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo 
Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no 
intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, 
total ou parcialmente, a mobilização nacional; 
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso 
Nacional; 
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; 
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças 
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam 
temporariamente; 
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de 
lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos 
nesta Constituição; 
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta 
dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao 
exercício anterior; 
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; 
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 
62; 
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. 
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as 
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos 
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao 
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas 
respectivas delegações”. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc23.htm#art84xiii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc23.htm#art84xiii
 
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b) Referendo do Congresso Nacional (aprovação por parte do Congresso Nacional), artigo 49, I, CF/88. Decreto 
Legislativo é o ato formal que aprova o tratado. Todos os atos que estão no artigo 49, CF/88 são feitos por 
Decreto Legislativo. Votação na Câmara e depois no Senado. 
 
“Art. 49, CF/88. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos 
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao 
patrimônio nacional; 
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a 
paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território 
nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvadosos casos 
previstos em lei complementar; 
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se 
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; 
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o 
estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do 
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; 
VI - mudar temporariamente sua sede; 
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, 
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, 
§ 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República 
e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da 
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de 
governo; 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, 
os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; 
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da 
atribuição normativa dos outros Poderes; 
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de 
emissoras de rádio e televisão; 
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da 
União; 
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades 
nucleares; 
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; 
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento 
de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; 
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras 
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares”. 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art8
 
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c) Decreto Presidencial é por meio dele que o Tratado Internacional ingressa no Direito Brasileiro (na 
pirâmide). Os tratados quando ingressam no ordenamento brasileiro com o número do Decreto 
Presidencial. 
 
Os Tratados Internacionais ingressam no Direito Brasileiro com qual hierarquia? 
 
a) Em regra, os Tratados Internacionais ingressam no Direito Brasileiro com força de Lei Ordinária. Sempre foi 
a regra e continua sendo a regra. 
Tratados Internacionais ingressam no Direito Brasileiro com força de Lei Ordinária pode ser objeto de ADIN? 
Resposta: Sim. Se o tratado contrariar texto da constituição pode ser objeto de Ação Direta de 
Inconstitucionalidade. É claro que seria criado um problema diplomático, mas juridicamente é possível. 
 
b) Os Tratados Internacionais que versam sobre Direitos Humanos, aprovados nas duas casas do Congresso 
Nacional em dois turnos, por 3/5 dos seus membros, ingressam do Direito Brasileiro com força de Emenda 
Constitucional. Prevista no artigo 5º, parágrafo 3º, CF/88, acrescido pela Emenda Constitucional 45, de 
2004, conhecida como Reforma do Judiciário. Único exemplo é a Convenção sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência. 
 
Atenção! O Tratado de Marraquexe ainda não passou pelo Decreto Presidencial. 
 
“Art. 5º, CF/88. 
(...) 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos 
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão 
equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste 
parágrafo)”. 
 
 
c) Os demais Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos não aprovados com o procedimento do artigo 
5º, parágrafo 3º, CF/88, segundo o , ingressam no Direito Brasileiro como norma infraconstitucional e 
supralegal, por exemplo: Convenção Americana de Direitos Humana mais conhecida como Pacto de São 
José da Costa Rica. Para o STF, os Tratados têm força de norma supralegal (acima das Leis) e 
infraconstitucional (abaixo da CF/88). 
 
 Posição minoritária (provas dissertativas/orais): todo Tratado de Direitos Humanos tem força de norma 
constitucional (artigo 5º, parágrafo 2º, CF/88). Ministro Celso de Mello, jurista Fátima Piovesan e Flávio 
Martins. 
 
 Posição majoritária: STF – esses tratados sobre direitos humanos não aprovados com procedimento do artigo 
5º, parágrafo 3º, CF/88, ingressam no Direito brasileiro com força de norma supralegal e infraconstitucional, 
ou seja, abaixo da Constituição. 
 
O artigo 14 da CF/88 exige a filiação partidária para elegibilidade. O Pacto de São José da Costa Rica proíbe essa 
limitação dos direitos políticos. O Supremo entende que conflito entre a Constituição e o Pacto prevalecerá a 
Constituição, sendo necessária a filiação partidária. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/quadro_DEC.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/quadro_DEC.htm
 
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Atualmente, a verificação da validade das Leis passa por dois controles: 
a) Controle de Constitucionalidade: é a verificação da compatibilidade das Leis com a Constituição. 
 
b) Controle de Convencionalidade (o nome surgiu na doutrina francesa e no Brasil é largamente usada): é a 
verificação da compatibilidade das Leis e atos normativos com os Tratados supralegais. 
 
O Controle de Convencionalidade pode ser feito por qualquer juiz ou Tribunal, incluindo seus órgãos 
fracionários (câmaras dos tribunais, turmas dos tribunais), por exemplo, em 2016 a 5ª Turma do STJ disse 
que desacato não é crime, para eles o Código Penal é contrário ao Pacto de São José da Costa Rica. O que 
a 5ª Turma fez foi o Controle de Convencionalidade.

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