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RESENHA AVI Direito Constitucional Avançado

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ALUNA:
Ana Quezia Carvalho dos Santos Latto
Resenha de Direito Constitucional Avançado
Trabalho realizado como exigência para a nota da AV1 
Professora: Gloria Maria de Godoy Moreira
	
Rio de Janeiro/ RJ
Maio/2020
As ações em abstrato são as vias pelas quais o judiciário examina, em tese, a compatibilidade de determinada norma com a Constituição Federal. Isso quer dizer que o controle abstrato visa a defesa do ordenamento constitucional contra as leis incompatíveis com ele. 
Cumpre destacar a existência de várias espécies de controle abstrato previstas na Constituição Federal, são elas: ação direta de inconstitucionalidade genérica; ação direta de inconstitucionalidade interventiva; ação direta de inconstitucionalidade por omissão; ação declaratória de constitucionalidade; e arguição de descumprimento de preceito fundamental.
Tais ações só podem ser ajuizadas por determinados grupos. Nesse sentido, a Constituição Federal em seu artigo 103, dispôs em rol taxativo, os legitimados para propor Ação Direta de Inconstitucionalidade, são eles: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa da Assembleia Legislativa, o Governador de Estado, o Governador do Distrito Federal, o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partido político com representação no Congresso Nacional e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.
Ocorre que devem ser observados limites à essa legitimidade. Isso porque o Supremo Tribunal Federal entende que os legitimados para propor ADI dividem-se em universais, com legitimidade ampla e em especiais com legitimidade vinculada à pertinência temática, a qual consiste na relação de causalidade entre o objeto social e a norma ora em análise. 
Isto posto, estão incluídos na legitimidade especial o Governador de Estado ou do Distrito Federal, confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional e as Mesas da Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
É importante ter em mente que tal restrição resulta-se de fruto do entendimento do STF, uma vez que a Constituição Federal não faz qualquer menção a essa medida.
Com relação a Ação Direta de Constitucionalidade, a Emenda Constitucional nº 45 de 2004 a incluiu no caput do artigo 103, estendendo a legitimidade a todos os legitimados para propor ADI. Desta forma, revogou o §4º do referido artigo, que considerava legítimos para propor a ADC apenas o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa as Câmara dos Deputados ou o Procurador-Geral da República. 
Em igual sentido, o inciso I, do artigo 2º da Lei nº 9.882/1999, dispõe que os legitimados para propor Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, são os mesmos legitimados para propor ADI e ADC. Frisa-se que o STF também separa, para a ADPF, os legitimados especiais e universais.
Ultrapassada a legitimidade, é necessário analisar a Constituição Federal, em seu artigo 102, I, alínea p, a qual atribuiu ao STF a competência para julgar o pedido de medida cautelar nas ações diretas de inconstitucionalidade. Em paralelo, a Seção II da Lei 9.868/99 dispõe sobre a matéria. 
Nesse aspecto, o artigo 10 da mencionada Lei, estabelece que a medida cautelar será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal. 
Com relação ao processamento até o deferimento, será determinada a oitiva dos órgãos ou autoridades dos quais se emanou a lei impugnada, no prazo de 5 dias. No entanto, em casos de excepcional urgência, essa regra poderá ser dispensada. 
De toda forma, os requisitos autorizadores para a concessão da medida seguem o mesmo rito das demais ações, é necessária a presença do periculum in mora e fumus boni iuris.
Cabe ressaltar que, em caso de deferimento da medida, os §§ 1º e 2º do artigo 11 da Lei 9.868/99, dispõe que terá eficácia erga omnes e efeitos ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. Além disso, a concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.
É importante ter em mente que nos casos de deferimento, ocasionará a suspensão de outros julgamentos e processos que envolvam a aplicação dessa lei ou ato normativo até que haja o julgamento definitivo da ação.
Por derradeiro, com relação às decisões definitivas proferidas ao final da Ação Direta de Inconstitucionalidade, estas produzem efeitos erga omnes, tal qual nas decisões cautelares, ex tunc e vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.
Frisa-se que, conforme disposto no artigo 26, da Lei 9.868/99, não cabe recurso da decisão definitiva, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória. 
Sobre os efeitos da decisão, nas palavras de Nathália Masson, “Assim, pode-se concluir que, em face dos efeitos “ex tunc” e “erga omnes” emanados das decisões do STF em ações diretas, os atos praticados em desacordo com o entendimento firmado na decisão, por serem atos nulos, devem ser desfeitos, com a restauração da situação anterior, não cabendo invocar a proteção do direito adquirido, tampouco do ato jurídico perfeito, em relação às leis ou atos normativos considerados inconstitucionais.” (2016, p. 1186).[footnoteRef:1] [1: MASSON, N. Manual de direito constitucional. 4. ed., Salvador: Juspodivm, 2016.] 
Diante de todo o exposto e em referência ao texto base, a discussão sobre as ADI’s ajuizadas para questionar a constitucionalidade da MP 954/2018, em que por maioria, no dia 07/05, o STF referendou a Medida Cautelar nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade, suspendendo a aplicação da norma, tem-se que a decisão é histórica para o Brasil, uma vez que resguardou a tutela dos dados pessoais como direito fundamental, pois, conforme voto do Ministro Gilmar Mendes “Pandemia não atenua, mas reforça necessidade de proteção de dados. ”

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