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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO AMANDA CARDOSO MARGARIDA ESTUDO DE CASO: IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS E AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO DE UMA PEQUENA SERRALHERIA SITUADA NA CIDADE DE PARANAGUÁ. TRABALHO DE MONOGRAFIA PARANAGUÁ 2017 AMANDA CARDOSO MARGARIDA ESTUDO DE CASO: IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS E AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO DE UMA PEQUENA SERRALHERIA SITUADA NA CIDADE DE PARANAGUÁ. Trabalho apresentado como requisito parcial do curso Técnico em Segurança do Trabalho, no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI. Orientador: Prof. Esp. Marcos Ejczis Henriques PARANAGUÁ 2017 MARGARIDA, Amanda.C. 2017. Identificação dos Riscos Ambientais e avaliação das Condições de Saúde e Segurança do Trabalho de uma pequena serralheria situada na cidade de Paranaguá. Curso Técnico em Saúde e Segurança do Trabalho. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI. RESUMO O objetivo deste trabalho é identificar os riscos ambientais e avaliar de maneira qualitativa as condições de SST presentes no ambiente de trabalho de uma pequena serralheria situada na cidade de Paranaguá. Para tanto foi realizada uma análise em forma de check list das condições de trabalho, a fim de verificar se esta atende as exigências das legislações aplicáveis. Também foi realizada uma vistoria minuciosa na serralheria, verificando os perigos, os riscos, o estado e a funcionalidade das máquinas e equipamentos e o ambiente laboral como um todo. Constatou-se através da análise dos resultados que a serralheria não atende a alguns dos requisitos exigidos nas legislações aplicáveis. Com base nos registros fotográficos, pôde-se identificar e analisar algumas situações que comprometem a saúde ocupacional e a segurança dos colaboradores que trabalham na serralheria, em consonância com as pesquisas bibliográfica. Foram propostas também, melhorias que favorecem os empregadores e empregados, constituindo assim, a diminuição de acidentes, de modo com que estes trabalhadores tenham mais segurança para exercer suas respectivas funções cotidianas. Palavras chave: Riscos ambientais, condições de SST, serralheria, segurança do trabalho. “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.” José de Alencar LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 01 - Operador de esmerilhadeira, exemplo de ruído direto .......................19 FIGURA 02 - Pessoa com síndrome de Raynald ................................................... 23 FIGURA 03 - : Materiais sobressalentes depositados no chão ................................40 FIGURA 04 – Máquina-ferramenta poli cortes sem fixação sobre a bancada ........ 41 FIGURA 05 – Furadeira de bancada em péssimas condições de uso .................... 41 FIGURA 06 – Produtos Químicos distribuídos de forma aleatória no armário .........42 FIGURA 07 – Discos de corte e desbaste desorganizados .....................................43 FIGURA 08 – Pintor sem os EPI’s adequados .........................................................43 FIGURA 09 – Tomadas com remendas e totalmente inseguras ........................... ..44 FIGURA 10 – Quadro elétrico fora dos padrões da NR 10 ..................................... 45 FIGURA 11 – Extintor de Combate a incêndio adequado ....................................... 46 FIGURA 12 – Local impróprio para armazenamento de EPI’s ................................ 47 FIGURA 13 – Fumos metálicos acumulados na parede ........................................ 48 FIGURA 14 – Soldador fazendo uso incorreto dos EPI’s ....................................... .49 LISTA DE TABELAS TABELA 01: Limites de Exposição ao Ruído Contínuo e Intermitente .................... 20 TABELA 02: : Limite de exposição a Vibrações ....................................................... 21 LISTA DE QUADROS QUADRO 01: Consequências da má postura .......................................................... 30 QUADRO 02: Fragmento do check list aplicado à empresa .....................................39 LISTA DE ABREVIATURAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. CA – Certificado de Aprovação. CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. CNI – Confederação Nacional da Indústria. EPI – Equipamento de Proteção Individual. EPC – Equipamento de Proteção Coletiva. FISPQ - Ficha de Informação de Segurança para Produtos Químicos. MPE’s – Micro e Pequenas Empresas. MTE – Ministério do Trabalho e emprego. NBR – Norma Brasileira. NR – Norma Regulamentadora. PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional SST – Saúde e Segurança do Trabalho SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................... 10 1.1 OBJETIVOS....................................................................................... 10 1.1.1. Objetivo Geral.................................................................................... 10 1.1.2 Objetivos Específicos......................................................................... 11 1.1.3 Justificativa......................................................................................... 11 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................. 13 2.1. SEGURANÇA DO TRABALHO.......................................................... 13 2.1.1 Acidente de Trabalho ........................................................................ 14 2.1.2 Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho .................................... 16 2.2. RISCOS AMBIENTAIS...................................................................... 17 2.2.1 Riscos Físicos ................................................................................... 18 2.2.1.1 Ruído..................................................................................... 18 2.2.1.2 Vibrações............................................................................... 21 2.2.1.3. Radiação não Ionizante ...................................................................... 23 2.2.1.4 Conforto Térmico .................................................................... 24 2.2.2 Riscos Químicos .................................................................... 25 2.2.2.1. Poeiras e Materiais Particulados .............................................. 26 2.2.2.2 Fumos Metálicos .................................................................... 27 2.2.2.3 Névoas e Neblinas .................................................................. 27 2.2.3.4 Manipulação de Produtos Químicos ........................................ 27 2.2.3 Riscos Biológicos .................................................................. 28 2.2.3.1 Tétano....................................................................................29 2.2.4 2.2.4.1. 2.2.4.2 2.2.5 2.2.5.1 2.2.5.2 2.2.5.3 2.3 2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4 2.3.5 3. Riscos Ergonômicos .............................................................. Posturas Inadequadas............................................................ Levantamento e Transporte Manual de Cargas ......................... Riscos de Acidente ................................................................... Iluminação Deficiente .............................................................. Choque Elétrico ...................................................................... Acidentes com Máquinas e Equipamentos ............................... EXIGÊNCIAS NORMATIVAS ................................................... NR 01 – Disposições Gerais ................................................... NR 06 – Equipamento de Proteção Individual .......................... NR 17 – Ergonomia ................................................................ NR 12 – Segurança em Máquinas e Equipamentos .................. NR 25 – Resíduos Industriais .................................................. METODOLOGIA ................................................................................ 29 29 31 31 31 33 32 33 33 33 35 36 37 38 4. RESULTADOS................................................................................... 40 4.1. CONDIÇÕES DE SST ............................................................. 40 4.2. RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO CHECK LIST ..................... 44 4.3. IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS ........................... 50 4.4. SUGESTÕES DE MELHORIAS......................................................... 51 5. CONCLUSÃO.................................................................................... 53 REFERÊNCIAS.................................................................................. 54 APÊNDICE – Check List preenchido ...................................... 59 10 1. INTRODUÇÃO Segundo Bachmann (2015), no Brasil, percebe-se que ainda há um grande despreparo das MPE’s em relação a saúde e segurança do trabalho. Essa incapacidade dá-se principalmente pela falta conhecimento, de recursos financeiros e preparo profissional, fazendo assim com que esses tipos de empresas careçam de assistência de SST e fiscalização. O mesmo autor cita que o cenário das MPE’s em relação a SST é totalmente distante da realidade vivida nas grandes empresas, onde há constantes investimentos em profissionais habilitados e sobretudo frequentes fiscalizações por parte do Ministério do Trabalho, obrigando-as a tomar ações referentes a SST. Nas MPE’s do setor metal-mecânico, como uma serralheria, os trabalhadores estão expostos constantemente a um ambiente de trabalho não saudável, sendo considerado insalubre devido a exposição dos colaboradores a riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos. (BACHMANN, 2015) O presente trabalho abordará os aspectos relevantes quanto a SST encontradas no ambiente laboral de uma pequena serralheria, identificando e avaliando os riscos inerentes aos processos industriais da mesma, bem como sugerir medidas para a eliminação ou diminuição dos riscos encontrados. 1.1. OBJETIVOS 1.1.1. Objetivo Geral Este trabalho tem como principal objetivo avaliar de forma qualitativa os riscos e aspectos relevantes a SST de uma pequena serralheria situada na cidade de Paranaguá. 11 1.1.2. Objetivos específicos Os objetivos específicos são: Avaliar qualitativamente os riscos e aspectos relacionados a SST presentes nos postos de trabalho de uma pequena serralheria situada na cidade de Paranaguá; Averiguar se os riscos ambientais, ergonômicos e mecânicos e outros aspectos referentes a SST estão sendo devidamente controlados de acordo com as legislações aplicáveis; Recomendar alterações ou ações para atenuar ou sanar os riscos existentes nas situações de trabalho. Utilizando a ferramenta de averiguação check list, será possível averiguar as condições gerais de segurança da serralheria em estudo, verificando assim se os riscos presentes nesta estão sendo devidamente controlados, atendendo os requisitos mínimos das legislações aplicáveis a estes. Deste modo, pretende-se recomendar melhorias e adequações que possam ser necessárias para sanar as eventuais não conformidades detectadas. 1.1.3. Justificativa Com a evolução e crescimento industrial no Brasil, houve também um aumento significativo no número de acidentes do trabalho. Segundo estudos realizados pela CNI no ano de 2002, cerca de 3% do PIB (Produto Interno Bruto), aproximadamente 40 Bilhões de reais são gastos com benefícios acidentários, despesas com recuperação da saúde, reabilitação profissional e horas paradas. Segundo Bachmann (2015), o mais alarmante é saber que nas MPE’s, o número de acidentes e doenças do trabalho é 4 vezes maior do que nas empresas consideradas como de médio ou grande porte. O mesmo autor ainda cita que as grandes empresas dão uma resposta positiva quanto aos acidentes de trabalho, pois investem em mão de obra qualificada e adotam para si sistemas de gestão de SST, fazendo assim com que haja um decréscimo do número de acidente das mesmas. Entretanto, as MPE’s não 12 possuem essas ferramentas para gerir a SST e combater de maneira eficaz os riscos presentes em seus ambientes laborais. Este estudo, portanto, trará uma oportunidade de melhoria, contribuindo não somente para a empresa em estudo, como também a todas as pequenas indústrias do setor metal-mecânica que optam para o desenvolvimento da segurança do trabalho em seus ramos empregatícios. 13 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 SEGURANÇA DO TRABALHO A Segurança do Trabalho está diretamente ligada a medidas de ações que visam a prevenção de acidentes de diversas atividades empresariais. Podendo ser basicamente definida como um conjunto de leis que objetivam o melhoramento do ambiente de trabalho, assegurando assim a integridade física e mental do trabalhador. (ZOCCHIO, 1991) Um grande marco para a segurança do trabalho no Brasil foi quando o então presidente regente do país Getúlio Vargas, aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, sobre decreto de lei número 5.452, em 1º de maio de 1945, que serviram como base para a elaboração das Normas Regulamentadoras. (SENAI, 2012) O mesmo autor ainda cita que desde então, a Segurança do Trabalho passou a ter mais ênfase em território nacional, contando com diversas leis e normas que são aplicadas tanto em órgãos públicos como privados. No Brasil, a Segurança do Trabalho é regida e consolidada pelas Normas Regulamentadoras (NR’s), cujo principal objetivo é promover e preservar a saúde dos trabalhadores que estão sob a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. (SENAI, 2012) Ainda de acordo com Senai (2012), os profissionais que compõe a Segurança do Trabalho são de áreas técnicas e de saúde, composto por: Engenheiro de Segurança, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar ou Técnico de Enfermagem do Trabalho. Os profissionais das áreas supracitadas constituem o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, serviço este que é dimensionado e regulamentado pela NR 4. O SESMT é um serviço de grande relevância para a Segurança do Trabalho, pois é este que terá como responsabilidade legal proteger a integridade física e saúde do trabalhador (SENAI, 2012). 14 2.1.1 Acidente de Trabalho Acidente do trabalho é um acontecimento causal e indesejado que gera consequências sobre o homem, isto é, lesões, doenças ou perturbações funcionais. (SENAI, 2012) Em conceito prevencionista, de acordo com o art. 19 da lei 8.213/91,acidente de trabalho: é o que ocorre pelo exercício da trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando, direta ou indiretamente, lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (Brasil, 1991) Os acidentes de trabalho são classificados em (SENAI, 2012): a) Acidente Típico- É aquele que ocorre durante a operação da função do colaborador. b) Acidente de Trajeto- É aquele que ocorre durante o percurso entre a residência e o trabalhador ou vice-versa. c) Doença Ocupacional- É desencadeada em função da atividade exercida pelo trabalhador d) Doença do Trabalho- É desencadeada em virtude das condições ambientais no âmbito laboral. O art. 21 da Lei nº 8.213/91 equipara ainda a acidente de trabalho: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; 15 b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. Conforme pesquisas realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e Previdência Social (2013), foram levantados e confirmados os seguintes dados: 16 a) 715.500 acidentes de trabalho b) 494.746 homens e 233.152 mulheres se acidentaram no trabalho c) 425.497 acidentes típicos d) 102.715 acidentes de trajeto e 16.535 casos de doenças ocupacionais e) Faixa etária em que mais ocorrem acidentes: 25-29 anos. Dentre as causas dos acidentes de trabalho, destacam-se os atos inseguros, condições inseguras e o fator pessoas de insegurança. Em definição, atos inseguros são atitudes voluntárias/involuntárias que possibilitam o acontecimento do acidente, como exemplo a falta ou mau uso dos equipamentos de proteção individual e as brincadeiras durante a jornada laboral. Diferentemente dos atos inseguros, a condição insegura é aquela oferecida no ambiente de trabalho, tendo como um dos exemplos mais comuns a falta de organização e higiene do ambiente laboral e também a falta ou deficiência de iluminação nesses locais. E por fim, fatores pessoais de insegurança dão-se a conflitos pessoais que influenciam no trabalho, como o uso de drogas e conflitos familiares (CIENFUEGOS, 2001 apud BRANDALIZE, 2013 ). Quanto as consequências dos acidentes de trabalho, ZOCCHIO (1991) faz referências a algumas classes da sociedade que são afetadas, citando que: “Os acidentes do trabalho são nocivos sob todos os aspectos em que possam ser analisados. Sofrem consequências as pessoas que se incapacitam total ou parcialmente, temporária ou permanente para o trabalho; sofrem as empresas pela perda de mão de obra, de materiais etc, com a consequente elevação do custo do produto; sofre a sociedade pelo aumento do número de inválidos e de dependentes da previdência social; sofre enfim, a nação com todas as consequências danosas que os acidentes do trabalho proporcionam. ” 2.1.2 Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho No âmbito empresarial, as boas práticas de uma gestão de saúde e segurança do trabalho são imprescindíveis, pois além de garantir a prevenção de doenças e acidentes do trabalho e consequentemente os custos relacionados aos 17 mesmos, ela também otimiza a imagem da Organização para com a clientela, intensificando assim sua competividade no mercado. (SESI-SEBRAE 2005) Para um programa de gestão de saúde e segurança do trabalho obtenha êxito, tanto empregadores como colaboradores devem estar conscientizados sobre a importância da segurança no ambiente de trabalho, fazendo assim com que ambas as partes se engajem na gestão do referido programa e assumam suas devidas funções para a melhoria do próprio ambiente de trabalho. (SESI-SEBRAE, 2005) Gardinalli (????) afirma que a análise preliminar das condições de trabalho permite a elaboração de estratégias que vão subsidiar as etapas de implantação do programa de gestão de saúde e segurança no trabalho, e é estabelecida com quatro indagações bem simples: De forma preliminar, das quatro indagações, conclui-se que O trabalhador está exposto à fonte de perigo? O trabalhador está em contato com a fonte de perigo? Qual o tempo e a frequência do contato entre o trabalhador e a fonte de perigo? Qual a distância entre o trabalhador e a fonte de perigo? Sesi-Sebrae (2005) ainda afirma que quanto maior o tempo de exposição ou de contato com a fonte de perigo, maior será o risco; quanto maior for a frequência da exposição ao perigo, maior será o risco; e quanto mais próximo da fonte de perigo, maior será o risco. É importante ressaltar que a fonte de perigo pode ser um equipamento, uma máquina, um instrumento ou qualquer condição de trabalho perigosa. 2.2. RISCOS AMBIENTAIS São considerados riscos ambientais os agentes químicos, físicos, biológicos e riscos de acidente presentes no ambiente de trabalho. Em função do tempo de exposição, concentração, suscetibilidade ou até mesmo por sua natureza, estes riscos podem ocasionar leves, moderados ou graves danos à saúde e a integridade 18 física do trabalhador, danos estes que podem se manifestar a curto, médio ou a longo prazo (SESI, 2012). 2.2.1 Riscos Físicos Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia que um trabalhador possa estar exposto durante sua jornada laboral. (SENAI, 2012) Para Santos (????), estes riscos são decorrentes de máquinas, equipamentos, condições físicas e também das características do ambiente de trabalho, que como consequência podem ocasionar danos à saúde do colaborador. Em uma serralheria, por exemplo, em que o cenário é a industrialização, a aplicação das medidas de prevenção é de grande valia, tendo em vista a diminuição ou extinção de acidentes desta ordem. (RIBEIRO, 2011) 2.2.1.1 Ruído Segundo Saliba (2000), ruído é um fenômeno físico vibratório que em função da frequência pode alterar o sistema acústico do local de trabalho. Um outro conceito para ruído é dado pela ABNT NBR 12179, onde define-se o ruído como sons cujas frequências não seguem nenhuma lei precisa, e que muitas vezes atingem o ambiente de formaimperceptível. Em suma, ruído é todo som indesejado. De acordo com Senai (2012), os ruídos são classificados em três tipos, sendo eles: a) Ruído direto: Quando o indivíduo está em contato direto com a fonte geradora do ruído; b) Ruído refletido: quando se está distante da fonte geradora do ruído, mas está próximo do obstáculo refletor. c) Ruído de fundo: É quando o ruído não está diretamente inserido no ambiente e sim, indiretamente. 19 Figura 01: Operador de esmerilhadeira, exemplo de ruído direto. Fonte: Tudo sobre esmerilhadeira, 2015. Considera-se ruído industrial todo aquele proveniente de máquinas e equipamentos. Nos âmbitos industriais, as máquinas rotativas e de impacto, como válvulas de liberação de pressão de vapores e exaustores e atividades em indústrias de britagem e rebitagem são os que mais emitem ruído industrial. (OMS, 1980 apud ALMEIDA, 2008) Ribeiro (2011) distingue o ruído industrial em dois tipos: Primário e Secundário. O ruído primário é caracterizado por ser aquele que é decorrente de máquinas e equipamentos que emitem ruído ou qualquer outra fonte que propague ondas sonoras de impulsivas através do ar. O ruído secundário é caracterizado pela soma dos ruídos aéreos, de impacto e de reflexão, que sem os controles acústicos devidos no ambiente em que estão presentes os colaborados podem atingir sons elevados, afetando consequentemente a saúde desses indivíduos, sendo considerado o mais prejudicial. A origem do ruído industrial é indicada através de: Aéreos, produzidos por máquinas; De impactos, transmitidos pelas bases das máquinas ao solo; De reflexão, provenientes das vibrações e reverberação do som em superfícies com baixo teor de coeficiente de absorção. 20 A Norma Regulamentadora 15 (Atividades e Operações Insalubres, de 1978), os limites de exposição ao agente físico ruído estão dispostos no Anexo A e Tabela 2.3. Tabela 1: Limites de Exposição ao Ruído Contínuo e Intermitente Fonte: Áreaseg, (????) De acordo com Azevedo (1984), acima de 60 dB (A), os trabalhadores possuem sua produtividade afetada desfavoravelmente. (citado por MARINI et al, 1998). A exposição contínua ao ruído contínuo ou intermitente, além de diminuir a habilidade e o rendimento do indivíduo, intensifica ainda mais a probabilidade de acidente de trabalho (FERNANDES, 1978, citado por MARINI et al, 1998). Segundo Saligman (1993), o ruído age diretamente sobre o calibre vascular, podendo desencadear uma hipertensão arterial ou taquicardia (apud MARINI et al, 1998). 21 Dentre as manifestações neuropsíquicas que são desencadeadas pelo agente físico ruído, destacando-se a ansiedade, inquietude, pessimismo, depressão e alteração do “relógio biológico” (MARINI et al, 1998). 2.2.1.2 Vibrações Segundo Iida (2005), vibração é qualquer movimento executado em torno de um ponto fixo, movimento este podendo ser regular ou irregular, não seguindo um determinado padrão. As vibrações distinguem-se em dois tipos: Vibração localizada, também conhecida como vibração de extremidades, é aquela transmitida principalmente por membros superiores e inferiores. Esse tipo de vibração é resultante principalmente do uso de ferramentas manuais como furadeiras, serras, entre outros. A vibração de corpo inteiro, diferentemente da vibração localizada, atinge o corpo inteiro do colaborador através da superfície de suporte como os pés, as costas e a coluna. Esse tipo de vibração dá-se principalmente do uso de máquinas pesadas ou embarcações marítimas. (SENAI 2012) Senai (2012) ainda afirma que na maioria dos processos industriais, faz-se necessário o uso de ferramentas manuais, que consequentemente acabam expondo os colaboradores ao agente físico nocivo conhecido como vibração localizada. Os limites de tolerância expostos no Anexo VIII da NR 15 (1978) possuem como base os limites estabelecidos pela Comunidade Europeia, conforme Diretiva 2002/44/CE, expressa na tabela abaixo: Tabela 2: Limite de exposição a vibrações Fonte: Vendrame, 2011 22 Para a avaliação quantitativa das vibrações de corpo inteiro e vibração de mãos e braços, é necessário seguir os procedimentos técnicos estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO. (NR 15, de 1978) De acordo com Vendrame (2011), o corpo reage a vibrações de forma diferente, e existem vários efeitos catalogados, sendo que os principais e mais danosos são: Perda do equilíbrio, simulando uma labirintite, além de lentidão de reflexos; Manifestação de alteração no sistema cardíaco, com aumento da frequência de batimento do coração; Efeitos psicológicos, tal como a falta de concentração para o trabalho; Apresentação de distúrbios visuais, como visão turva; Efeitos no sistema gastrointestinal, com sintomas desde enjoo até gastrites e ulcerações; Manifestação do mal do movimento (cinetose), que ocorre no mar, em aeronaves ou veículos terrestres, com sintomas de náuseas, vômitos e mal- estar geral; Comprometimento, inclusive permanente, de determinados órgãos do corpo; Degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso, especialmente para os submetidos a vibrações localizadas, apresentando a patologia, popularmente conhecida como dedo branco, causando perda da capacidade manipulativa e o tato nas mãos e dedos, dificultando o controle motor. 23 Figura 02: Pessoa com síndrome de Raynald Fonte: Blog Segurança do Trabalho, 2013. 2.2.1.3 Radiação não ionizante Em suma, a radiação é considerada não ionizante quando inexiste energia, pois é a mesma que faz a quebra das moléculas, isto é, não há ionização molecular. (SENAI, 2012) Em relação ao ambiente industrial, como uma serralheria, as radiações não ionizantes estão presentes no processo de soldagem, sendo assim, “é de fundamental importância que não somente o soldador, mas todas as pessoas que estiverem no mesmo ambiente físico, sem divisórias entre si (biombos), estejam devidamente protegidas com os equipamentos de proteção individual pertinentes.” (RIBEIRO, 2011) De acordo com Senai (2012), a necessidade de se estudar as radiações não ionizantes dá-se ao fato de que a exposição sem conhecimento da sua existência ou sem nenhum controle, poderá ocasionar uma série de lesões e patologias específicas provenientes dessa exposição. Para amenizar os riscos que os soldadores estão expostos, deve-se adotar algumas medidas descritas abaixo (AWS WELDING HANDBOOK, 1997 apud BIANCHI, 2014): 24 Uso de lentes (filtros) apropriadas, selecionados conforme a necessidade de cada processo utilizado; Roupas de proteção (luvas, perneiras, macacão, etc. de raspas de couro) Divisórias em áreas de soldagem (separação dos demais setores); Uso de materiais não refletivos; Uso de protetor solar. 2.2.1.4 Conforto Térmico Segundo Senai (2012), as disposições sobre as condições ambientais no trabalho e as adequações ao trabalho e à natureza da atividade desenvolvida estão contidas na NR 15, bem como as condições desfavoráveis como excesso de ruído, calor/frio, vibração e iluminação que podem causar desconforto, aumentando assim a probabilidade de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. O conceito para conforto térmico também é dado pela FUNDACENTRO (1999), onde: O conforto térmico pode ser definido como a sensação de bem-estar experimentada por uma pessoa, como resultado da combinação satisfatória, nesse ambiente, da temperatura radiante média, umidade relativa, temperatura do ambiente e velocidade relativa do ar, com a atividade lá desenvolvida e com a vestimenta usada pelas pessoas. De acordo com a Norma Regulamentadora 17 (1978), em locais de trabalho onde sejam executadas atividades que exijam solicitação intelectuale atenção constante, devem ser observadas condições de conforto referentes aos seguintes itens: ruído, velocidade do ar, umidade relativa do ar e temperatura. Senai (2012) afirma que o conforto térmico segundo a Legislação do Brasil é: a) Temperatura do bulbo seco: 20 a 23ºC; b) Velocidade do ar: 0,5 m/s; c) Umidade relativa do ar: 40 a 60%. Algumas características do conforto térmico são: 25 a) Frio Entende-se for frio, a condição de temperatura do ar atmosférico, quando este é menor do que a temperatura do corpo humano. Pode-se afirmar ainda, que o frio é a ausência de calor. (RIBEIRO, 2011) A exposição, mesmo que exposição, mesmo que esporádica ao frio intenso, pode implicar em uma série de inconvenientes que afetarão a saúde, o conforto e a eficiência do trabalhador, especialmente problemas respiratórios, reumáticos e infecciosos. (FREITAS, 2011 & MATOS, 2007 apud SENAI, 2012) Quanto a exposição ao frio na indústria metal-mecânica, como exemplo uma serralheria, Ribeiro (2011) afirma que: “Há poucos registros de problemas relacionados com o frio, uma vez que as atividades dificilmente são realizadas a céu aberto, bem como os trabalhadores são munidos de EPI, tais como, uniformes com mangas longas, botinas e alguns casos específicos, até mesmo luvas.” b) Calor O calor é um risco físico presente em grande parte das empresas e indústrias como siderurgia, metal-mecânica e tecelagem. O calor pode ser encontrado em diversas atividades industriais onde há fonte de artificial de calor e atividades a céu aberto onde tenha fonte natural de calor. A transferência do calor pode ocorrer através de condução, convecção e radiação. (SENAI, 2012) Sobre os efeitos do calor no organismo, Senai (2012) cita que “os efeitos do calor no corpo humano podem ser devastadores como, por exemplo, a desidratação, câimbras, choques térmicos ou exaustão por calor. ” 2.2.2 Riscos Químicos Segundo a Fiocruz (????), “são considerados agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar o organismo do trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, gases, neblinas 26 névoas ou vapores, ou que seja, pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou ingestão. ” Uma substância é tóxica quando introduzida em organismo vivo e por ele por absorvida, podendo provocar desde pequenas alterações morfológicas ou funcionais, colocando em perigo a saúde desse organismo ou até grandes desequilíbrios que possam levar esse organismo à morte. (SENAI, 2012). De acordo com Senai (2012), as exposições a produtos químicos produzem lesões ou alterações fisiológicas de duas maneiras: Estruturais e Funcionais. As alterações estruturais consistem na destruição total ou parcial da célula. Já as alterações funcionais modificam o funcionamento da membrana celular. Abaixo estão descritos alguns riscos químicos presentes nos processos industriais de uma serralheria: 2.2.2.1 Poeiras e Materiais Particulados De acordo com Senai (2012), poeiras são partículas sólidas em suspensão procedente de desagregação. Tavares (2009) completa o conceito citando que a desagregação dessas partículas acontece principalmente por meio da moagem e do lixamento. Senai (2012) ainda cita que as poeiras podem ser de origem metálica e não metálica, seguindo os seguintes exemplos: Exemplos de poeiras não metálicas: fábricas termoelétricas alimentadas com carvão, alto-fornos, alguns ramos da indústria química e outros. (SENAI, 2012) Exemplos de poeiras metálicas: são poeiras derivadas de materiais pesados e ligas metálicas encontrados em poeiras industriais. (SENAI, 2012) Nas serralherias, dependendo dos processos e das matérias primas utilizadas, podem ocorrer exposições a poeiras e/ou materiais particulados de ferro, manganês, zinco, chumbo, cromo, dentre outras. Essas substâncias podem produzir pneumoconioses, saturnismo (doença proveniente do chumbo), manganismo, irritações, dentre outras (SALIBA, 2000 apud RIBEIRO, 2011) 27 2.2.2.2 Fumos Metálicos Segundo Tavares (2009), os fumos metálicos são gerados termicamente por meio da condensação e solidificação de vapores produzidos pela volatilização de substâncias sólidas fundidas, como exemplo a fundição e a soldagem. 2.2.2.3 Névoas e Neblinas De acordo com Senai (2012), névoas são partículas líquidas geradas por concentração de um estado gasoso, desintegração de um estado líquido por atomização, ebulição e outros. Em suma, “névoas são partículas líquidas produzidas mecanicamente”. (TAVARES, 2009) Senai (2012) ainda conceitua neblinas químicas, apontando que elas “são partículas líquidas vistas a olho nu, originadas de condensação do estado gasoso. ” Tavares (2009) exemplifica o conceito, citando a água e o ácido como exemplos para neblinas. 2.2.2.4 Manipulação de Produtos Químicos Muitos ramos da indústria exigem que o colaborador manipule e esteja diretamente em contato com produtos químicos de diversas naturezas, expondo-o a diversos riscos que causam danos à sua saúde. Dentre os danos físicos, destacam- se irritação na pele e nos olhos e queimaduras leves, médias e graves. Esses danos manifestam-se de exposições de curta ou longa duração, podendo causar não somente esses danos supracitados, como também doenças crônicas respiratórias, doenças do sistema nervoso, doenças nos rins e no fígado e até mesmo algum tipo de doença. (SENAI, 2012) Quanto ao controle operacional, o Decreto-Lei nº 2.657, de 1998, anexo 13, onde os empregadores deverão avaliar os riscos dimanantes da utilização de produtos químicos no trabalho, e assegurar a proteção dos trabalhadores contra tais riscos pelos meios apropriados, e especialmente: a) escolhendo os produtos químicos que eliminem ou reduzam ao mínimo o grau de risco; 28 b) elegendo tecnologia que elimine ou reduza ao mínimo o grau de risco; c) aplicando medidas adequadas de controle técnico; d) adotando sistemas e métodos de trabalho que eliminem ou reduzam ao mínimo o grau de risco; e) adotando medidas adequadas de higiene do trabalho; f) quando as medidas que acabam de ser enunciadas não forem suficientes, facilitando, sem ônus para o trabalhador, equipamentos de proteção pessoal e roupas protetoras, assegurando a adequada manutenção e zelando pela utilização desses meios de proteção. Os empregadores deverão: a) limitar a exposição aos produtos químicos perigosos para proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores; b) proporcionar os primeiros socorros; c) tomar medidas para enfrentar situações de emergência 2.2.3 Riscos Biológicos De acordo com Senai (2012), são considerados riscos biológicos todos aqueles que por meio de micro-organismo, entram em contato com o homem, podendo provocar inúmeras doenças. Em concordância com o conceito apresentado por Senai (2012), Zocchio (1991), aponta que “agentes biológicos são os micro- organismos, como bactérias, vírus, fungos, protozoários, etc., cujas características agressivas ao homem provocam algumas das denominadas doenças ocupacionais. O mesmo autor ainda aponta que os riscos biológicos podem ser considerados como doenças do trabalho e, consequentemente, acidentes do trabalho. Esses riscos incluem infecções crônicas e agudas, parasitoses e até, reações alérgicas ou intoxicações provocadas por animais ou plantas. Segundo Vilela (2008), a exposição ocupacional a agentes biológicos decorre da presença desses agentes no ambiente de trabalho, podendo-se distinguir duas categorias de exposição: 29 Exposição derivada da atividade laboral que implique a utilização ou manipulação do agente biológico, que constitui o objeto principal do trabalho.É conhecida também como exposição com intenção deliberada. Exposição que decorre da atividade laboral sem que essa implique na manipulação direta deliberada do agente biológico como objeto principal do trabalho. Nesses casos a exposição é considerada não deliberada. 2.2.3.1 Tétano O tétano é uma doença infectocontagiosa e tóxica, causada por toxinas, isto é, substâncias secretadas (exotoxinas) ou liberadas (endotoxinas) por alguns microrganismos que causam danos à saúde humana, podendo até provocar a morte. Como exemplo de exotoxina, temos a secretada pelo bacilo Clostridium tetani, a principal causadora do tétano. (VILELA, 2008) De acordo com Ribeiro (2011), “um risco biológico potencialmente presente em atividades de serralheria é o tétano devido à presença de materiais metálicos pérfurocortantes, que muitas vezes estão armazenados de forma inadequada e expostos a umidade, gerando assim, a oxidação destes metais e a potencialização do agente biológico. 2.2.4 Riscos Ergonômicos De acordo com Cardella (1999) & Mattos et al. (2011), os riscos ergonômicos são aqueles introduzidos no processo de trabalho por agentes inadequados ás limitações de seus usuários. Eles se caracterizam pela ação em pontos específicos do ambiente, e pela atuação somente sobre quem utiliza o agente gerador do risco. (apud SENAI, 2012) 2.2.4.1 Posturas Inadequadas Segundo Senai (2012), a postura em que a atividade é realizada define o grau de conforto do trabalhador. A distribuição do peso é desigual entre suas partes, 30 desde a cabeça, tronco e membros; conforme a postura, este peso pode ser fator de cansaço. O corpo assume três posturas básicas: Em pé, deitado e sentado e, em cada uma delas, exige-se um esforço a mais, seguindo os seguintes exemplos: Quando deitado, a exigência muscular é mínima; Quando sentado, a maior exigência é sobre os músculos ventrais e dorsais; Quando o trabalho é em pé, praticamente todos os músculos são exigidos. As principais consequências das posturas inadequadas estão listadas no quadro abaixo (SENAI, 2012): CONSEQUÊNCIAS POSTURAS ASSOCIADAS Varizes De pé, parado, com pouca movimentação. Sentado sem apoio para os pés Cansaço na panturrilha De pé, parado (ou com pouca movimentação) Lombalgias Levantamento, movimentação e carregamento de cargas pesadas e/ou em posturas forçadas. Tronco encurvado ou torcido. Sentado em posição estática (sem possibilidade de apoiar o tronco Dorsalgias Trabalhos sentados em geral. Degeneração dos discos da coluna vertebral Levantamento, manuseio e carregamento de cargas muito pesadas Alta frequência de esforços de levantamento, movimentação e carregamento. Tronco encurvado de forma permanente seja sentado ou de pé. Fraqueza muscular Trabalho sedentário Fadiga Posturas críticas Bursites e calos ósseos Abdução dos braços Tensão nos músculos do pescoço Situações comuns de escritório que envolvem trabalho com computador. Postos de trabalho que envolvem alta precisão e exatidão de movimentos. Dor muscular em membros inferiores e joelho Subir e descer escadas com frequência (acentuado quando é feito transportando peso. Quadro 01: Consequências da má postura Fonte: Senai, 2012 31 Eis a importância de orientar o trabalhador para evitar esses problemas supracitados consequentes da má postura. (SENAI, 2012) 2.2.4.2 Levantamento e Transporte Manual de Cargas Quanto ao levantamento de cargas, a exigência muscular é diferente quando este é realizado de forma repetitiva ou esporádica. A coluna vertebral resiste bem a cargas verticais, portanto não deve ser inclinada na pega, elevação ou descarga; deve-se usar os músculos das pernas para sustentar o peso da carga. (SENAI, 2012) A carga deve ser transportada junto ao corpo, para que o centro de gravidade da carga fique o mais próximo possível do centro de gravidade do corpo, reduzindo a rotação da coluna para frente. Vale ressaltar também que as cargas devem ser simétricas para os braços para evitar sobrecarga. (SENAI, 2012) 2.2.5 Riscos de Acidente Consideram-se agentes de risco de acidente qualquer fator/agente que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico (MENDANHA, 2011 apud BIANCHI, 2014). Neste contexto, segundo Ponzetto (2002) “máquinas sem proteção, eletricidade, ferramentas defeituosas, arranjo físico deficiente, equipamentos inadequados” podem ser considerados como tais agentes de acidente. (apud BRANDALIZE, 2013) 2.2.5.1 Iluminação Deficiente O nível de luz em um ambiente de trabalho contribui bastante para a produtividade e saúde do trabalhador. A iluminação do local de trabalho deve ser versátil, para que sempre se tenha a luz correta para as diferentes tarefas e atividades. (SENAI, 2012) Segundo Senai (2012), o baixo nível de iluminamento pode causar danos à saúde do trabalhador e, associado a uma baixa acuidade visual, causa fadiga, cansaço e incômodos, o que provoca uma redução na capacidade produtiva em 32 virtude dos sintomas desenvolvidos. Um outro fator importante, é que quando se tem um bom sistema de iluminação, seja ela natural ou artificial, há uma diminuição significativa no número de acidentes do trabalho, pois os colaboradores estarão mais atentos e a vontade para exercerem suas devidas funções. Em suma, investir em um ambiente com boa luminosidade é, sem dúvidas, contribuir para a obtenção de um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. 2.2.5.2 Choque Elétrico O choque elétrico é caracterizado quando uma corrente elétrica atravessa o corpo de uma pessoa em uma magnitude capaz de criar efeitos adversos a essa pessoa. A severidade desse dano vai estar ligado diretamente a intensidade dessa corrente, o tempo de exposição a corrente, caminho que a corrente percorreu e do estado de saúde da pessoa. O choque elétrico pode causar desde pequenos “formigamento” até lesões graves como “queimadura” não sendo raro ocorrer até mesmo à morte do trabalhador. Como a maioria dos equipamentos de soldagem utilizam algum tipo de equipamento elétrico com altas correntes, o risco de choque elétrico está sempre presente na atividade, porém na grande maioria das vezes a presença deste risco acontece de maneira negligente com a má conservação dos equipamentos (SANTOS, [201-?] apud BIANCHI, 2014) Senai (2012) afirma que é possível prevenir acidentes com eletricidade utilizando fusíveis e disjuntores, aterramentos das máquinas e equipamentos, materiais isolantes que impeçam a propagação da corrente e uso de equipamento de proteção individual – EPI. 2.2.5.3 ACIDENTES COM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS A Norma Regulamentadora NR 12, estabelece os requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho relacionados a utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos. (BRASIL, 1978) As principais causas de acidentes com o uso de máquinas e equipamentos ocorrem pela utilização de forma inadequada, uso de máquinas e ferramentas 33 defeituosas ou impróprias para a atividade, má conservação e armazenamento das mesmas em local inseguro ou inadequado. (SENAI, 2012) 2.3 EXIGÊNCIAS NORMATIVAS 2.3.1 NR 01 – Disposições Gerais A NR 01 (1978) do MTE determina alguns deveres gerais quanto a Saúde e Segurança do Trabalho por parte dos empregadores e empregados, conforme descrição seguinte. 1.7. Cabe ao empregador: a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos; 1.8. Cabe ao empregado: a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho, inclusiveas ordens de serviço expedidas pelo empregador; b) usar o EPI fornecido pelo empregador; c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras - NR; d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras - NR; 2.3.2 NR 06 – Equipamento de Proteção Individual A Norma Regulamentadora 06 (1978), elaborada pelo ministério do Trabalho e Emprego (MTE) contempla as responsabilidades do empregador e do empregado quanto ao Equipamento de Proteção Individual – EPI conforme descrição seguinte. 34 Cabe ao empregador quanto ao EPI: a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. 6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI: a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. 35 2.3.3 NR 17 – Ergonomia A seguir, algumas exigências quanto a ergonomia (NR 17, 1978): 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. 17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. 17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais. 17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga. 17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de carga. 36 2.3.4 NR 12 – Máquinas e Equipamentos A Norma Regulamentadora 12 (1978), estabelece alguns requisitos quanto as máquinas e equipamentos conforme: 12.3. O empregador deve adotar medidas de proteção para o trabalho em máquinas e equipamentos, capazes de garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, e medidas apropriada sempre que houver pessoas com deficiência envolvidas direta ou indiretamente no trabalho 12.4. São consideradas medidas de proteção, a ser adotadas nessa ordem de prioridade: a) medidas de proteção coletiva; b) medidas administrativas ou de organização do trabalho; c) medidas de proteção individual. 12.6. Nos locais de instalação de máquinas e equipamentos, as áreas de circulação devem ser devidame nte demarcadas e em conformidade com as normas técnicas oficiais. 12.7. Os materiais em utilização no processo produtivo podem ser alocados em áreas especificas de armazename nto, devidamente demarcadas com faixas na cor indicada pelas normas técnicas oficiais ou sinalizadas quando se tratar de áreas externas. 12.8. Os espaços ao redor das máquinas e equipamentos d evem ser adequados ao seu tipo e ao tipo de operação, de forma a prevenir a ocorrência de acidentes e doenças rela cionados ao trabalho. 37 2.3.5 NR 25 - Resíduos Industriais A Norma Regulamentadora 25 (1978), estabelece alguns requisitos para o tratamento e o descarte de resíduos industriais conforme: 25.2 A empresa deve buscar a redução da geração de resíduos por meio da adoção das melhores práticas tecnológicas e organizacionais disponíveis. 25.3 Os resíduos industriais devem ter destino adequado sendo proibido o lançamento ou a liberação no ambiente de trabalho de quaisquer contaminantes que possam comprometer a segurança e saúde dos trabalhadores. 25.3.2 Os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e operações industriais devem ser adequadamente coletados, acondicionados, armazenados, transportados, tratados e encaminhados à adequada disposição final pela empresa. 25.3.3 Os resíduos sólidos e líquidos de alta toxicidade e periculosidade devem ser dispostos com o conhecimento, aquiescência e auxílio de entidades especializadas/públicas e no campo de sua competência. 38 3. METODOLOGIA A empresa alvo do estudo é uma pequena serralheria situada na cidade de Paranaguá – PR. Nesta empresa executam-se trabalhos voltados ao ramo metal- mecânico. A empresa é composta por dois trabalhadores, sendo eles o proprietário da empresa e um auxiliar. Para efeito deste estudo, foi analisado todos os setores da empresa, isto é, o setor de corte, montagem, soldagem e pintura. As situações de trabalho analisadas neste estudo são: os cavaletes utilizados para apoiar materiais no processo de soldagem, a máquina-ferramenta poli-cortes, a máquina-ferramenta furadeira de bancada, o armário para armazenamento de produtos químicos e as prateleiras para armazenamento de ferragens. Na empresa em estudo, executam-se diversos serviços de transformações de matérias primas, transformações estas que resultam em diversos produtos como grades, portões e treliças metálicas. Uma ferramenta de análise das condições gerais de segurança denominada check list foi aplicada a empresa, objetivando assim obter-se uma avaliação de âmbito geral através de constatações visuais ou questionamentos realizados ao proprietário da empresa em estudo. Foi realizada uma inspeção de segurança, onde foram vistoriados todos os setores da serralheria. A inspeção visual foi realizada utilizando um modelo de folha de verificação denominado “check list”. O quadro 01 apresenta um fragmento do check list aplicado à empresa. 39 Quadro 2: Fragmento do check list aplicado à empresa. Fonte: Adaptado de Ribeiro, 2011. 40 4. RESULTADOS 4.1. CONDIÇÕES DE SST A primeira etapa foi a análise das condições de saúde e segurança do trabalho. Com relação ao ambiente laboral, notou-se que há problemas quanto a organização das ferragens alocadas nas prateleiras. As prateleiras (que são fabricadas de ferro polido) não possuem nenhuma proteção que evitem a queda das barras de ferro. Notou-se também durante a inspeção que não há espaço adequado para o descarte de materiais sobressalentes. Pela falta desse espaço, os materiais que sobram durante o processo de produção ficam dispostos no chão, de maneira desorganizada sob as prateleiras de ferragens (figura 03) Figura 03: Materiais sobressalentes depositados no chão Fonte: A autora, 2017. Quanto aos postos de trabalho, contatou-se que há necessidade da fixação efetiva da máquina-ferramenta poli-cortes sobre a bancada (figura 04). 41 Figura 04: Máquina-ferramenta poli-cortes sem fixação efetiva sobre a bancada Fonte: A autora, 2017. Ainda sobre os postos de trabalho, contatou-se também a precarização da máquina-ferramenta furadeira de bancada. A mesma apresenta partes externas enferrujadas e em processo de corrosão. Observou-se também que a máquina- ferramenta não está devidamente fixa sobre a bancada. (figura 05)Figura 05: Furadeira de bancada em precárias condições de uso Fonte: A autora, 2017. 42 Os produtos químicos estão dispostos dentro de recipientes impróprios e reaproveitados, distribuídos de maneira aleatória no compartimento interno do armário junto com outros materiais. O armário também não possui portas ou qualquer tipo de fechamento que impeça que terceiros tenham acesso aos produtos químicos (figura 06) Figura 06: Produtos distribuídos de forma aleatória dentro do armário. Fonte: A autora, 2017. Os discos de corte e desbaste encontravam-se dispostos em cima da bancada da máquina-ferramenta furadeira de bancada, sem proteção alguma e exposto diretamente a umidade. (figura 07) 43 Figura 07: Discos de corte e desbaste desorganizados Fonte: A autora, 2017. Quanto ao setor de pintura, nota-se que o pintor está dissolvendo a tinta sem o uso de luvas impermeáveis, uniforme de mangas longas e óculos de segurança, fazendo uso apenas do respirador facial . (imagem 08) Figura 08: Pintor sem os EPI’s adequados. Fonte: A autora, 2017 44 4.2. RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO “CHECK LIST” Com relação a documentação básica, a empresa não possui nenhum documento obrigatório referente à segurança do trabalho. Não há ordens de serviço, fichas de controle de EPI’s, FISPQ dos produtos químicos utilizados nos processos de produção da empresa e nem ficha de inspeção dos extintores de combate a incêndio. A empresa também não possui PPRA e PCMSO. Quanto as instalações elétricas do estabelecimento, nota-se que encontram-se em precárias condições. As tomadas não são identificadas quanto a sua tensão, os fios elétricos são (em sua maioria) refeitos com sobras de outros fios, além de se encontrarem descascados e não isolados. As tomadas principalmente encontram – se totalmente inseguras. (figura 09) Figura 09: Tomadas com remendas e totalmente inseguras Fonte: A autora, 2017 O quadro elétrico não possui fechamento e permanece com as “partes vivas” a mostra, estando assim fora dos padrões estipulados pela NR 10. (figura 10) 45 Figura 10: Quadro elétrico fora dos padrões estabelecidos pela NR 10. Fonte: A autora, 2017 Quanto as condições sanitárias, o banheiro social da serralheria não possui produtos para a higienização das mãos. Percebeu-se também que a toalha usada para a secagem das mãos é de uso coletivo. Na serralheria em estudo, não há vestiário para uso dos trabalhadores. Como a serralheria possui atividades insalubres em seu processo industrial em que há risco de contaminação por parte dos trabalhadores, faz-se necessário haver um vestiário para que os mesmos façam uso dele. Com relação às máquinas e equipamentos, não há botão/botoeira de parada de emergência nos mesmos. O piso em volta dos maquinários encontra-se obstruído por materiais sobressalentes, além de estar sujo com resquícios de graxas e óleos, fazendo assim com que o mesmo perda sua aderência, potencializando o risco de acidentes como quedas, escorregões, entre outros. Quanto à proteção contra incêndio, a empresa possui apenas um extintor de classe “BC” para o combate a princípios de incêndio. A área em que localiza-se o extintor encontra-se sinalizada e totalmente desobstruída. O extintor encontra-se em perfeito estado de conservação, estando lacrado e testado hidrostaticamente. (figura 11) 46 Figura 11: Extintor de combate a incêndio adequado Fonte: A autora, 2017 Contatou-se que não há rota de fuga estabelecida e a única saída da instalação em caso de emergência é uma porta metálica com abertura por comando de controle remoto. As especificações quanto a sinalização de emergência estão sendo devidamente cumpridas, com as placas de emergência e sinalização localizadas em locais estratégicos e ideais para as mesmas. No que diz respeito aos resíduos industriais, a empresa não possui um sistema de tratamento ecológico para o descarte dos mesmos. Quanto às condições ambientais, a empresa em estudo não possui nenhum sistema ou programa para o controle do ruído, ventilação, umidade e iluminação. No que se refere ao transporte, armazenagem e manuseio de materiais, os mesmos estão dispostos de maneira que não estão obstruindo a saída de emergência, não dificultando assim a saída dos trabalhadores em caso de eventual emergência. Quanto aos EPI’s e EPC’s, os mesmos encontram-se em condições desfavoráveis e com os comprovantes de CA violados. Não possuem local próprio 47 para sua armazenagem e encontram-se dispostos em locais inadequados, estando em contato direto com umidade, poeiras e fumos metálicos proveniente do processo de soldagem. (figura 12) Figura 12: Local impróprio para armazenar EPI’s. Fonte: A autora, 2017 Com referência ao processo de soldagem, verificou-se a inexistência de biombos ou tapumes para a proteção de terceiros. Notou-se também que não há sistema de exaustão de fumos metálicos, fazendo com que os mesmos se acumulem no piso e nas paredes. (figura 13) 48 Figura 13: Fumos metálicos acumulados na parede Fonte: A autora, 2017. O soldador não utiliza uniformes de mangas longas e de tecido grosso, além de não utilizar o respirador por baixo da máscara de solda e não usar a mesma corretamente, expondo-se assim a radiações não ionizantes e aos fumos metálicos provenientes da solda. (figura 14) 49 Figura 14: Soldador fazendo uso incorreto do EPI Fonte: A autora, 2017. No quesito ergonomia, as cargas transportadas pelos trabalhadores não comprometem sua saúde e integridade física, pois são leves e de fácil carregamento. Quando há transporte de materiais pesados como portões e treliças metálicas, é utilizado o carrinho de transporte, e este é conduzido pelos dois trabalhadores. Cerca de 90% da jornada de trabalho é realizada em pé. Todavia, há intervalos e pausas regulares, não afetando assim os trabalhadores. Em relação à saúde ocupacional, a empresa não realiza os exames prescritos na NR 07 (PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL, de 1978), cujo cunho é obrigatório. Os trabalhadores não possuem treinamento de primeiros socorros e tampouco há materiais de primeiros socorros no estabelecimento. Quanto aos treinamentos e caráter prevencionista, nenhum dos trabalhadores possui treinamento quanto a espaço confinado, NR 10, EPI e EPC e etc. 50 4.3. IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS Dentre os riscos ambientais identificados durante a inspeção, destacam-se os riscos físicos, químicos e de acidente. Entre os riscos físicos, o ruído, as vibrações, as radiações não ionizantes e o calor foram os que mais se destacaram. Os ruídos de impacto e intermitentes são os mais evidentes na serralheria, provendo quase sempre de maquinas ou equipamentos ruidosos. As vibrações também são muito presentes no ambiente industrial da serralheria, provenientes sempre de máquinas vibratórias, que na maioria dos casos torna-se vibratória por falta de manutenção. O calor é também um agente físico muito presente no âmbito da serralheria em estudo, pois a falta de um sistema de ventilação adequado faz com que a temperatura no ambiente laboral aumente. Quanto as radiações não ionizantes, é inevitável a presença delas nos ambientes de produção do setor metal-mecânica, podendo apenas ser controlada. Dentre os riscos químicos, os trabalhadores estão expostos diretamente a poeiras e materiais particulados, fumos metálicos, e sobretudo estão em contato com produtos químicos como tintas e solventes. Dentre as principais consequências do contato com agentes químicos estão a queimadura química, doenças epidérmicas e doenças crônicas respiratórias. Em relação aos riscos biológicos, a contaminação por tétano é o mais alarmante, pois os trabalhadores estão em contatodiariamente a ferragens oxidadas e mal higienizadas, podendo contaminar-se de forma tegumentar a partir de cortes ou feridas expostas. Em âmbito geral, os riscos de acidente são os mais comuns presentes na serralheria em estudo. Dentre as causas mais comuns de acidentes destacam-se a iluminação deficiente, falta de proteção nas máquinas, uso de ferramentas inadequadas, eletricidade, entre outros, provocando assim quedas, cortes, lesões de membros superiores e inferiores, choques, entre outros. 51 4.4. Sugestões de Melhorias Devido aos resultados observados será propostas algumas medidas que devem ser tomadas para adequar a serralheria em estudo aos requisitos das normas: Colocar proteções nas prateleiras que armazenam matérias primas que evitem a queda das ferragens. Estabelecer um local apropriado para o descarte de materiais sobressalentes, como cestos de metal. Fixar a máquina-ferramenta poli-cortes sobre a bancada para que não haja posteriores acidentes. Reformar a estrutura metálica da furadeira de bancada ou substituí-la por uma máquina nova. Estabelecer um armário adequado para alocar os produtos químicos. Um armário seco e localizado longe do calor excessivo, com portas e trancas. Armazenar os discos de corte e desbaste em suas respectivas caixas, em uma prateleira identificada e localizada em local arejado e longe do calor excessivo. Elaborar as documentações básicas obrigatórias pela Segurança do Trabalho (PPRA, PCMSO, ordens de serviço, ficha de EPI e outros). Reformar as tomadas e identifica-las quanto a sua tensão. Adequar o quadro elétrico de acordo com o disposto na NR 10. Disponibilizar produtos para higienização das mãos e toalhas descartáveis de papel. Dispor de vestiário para uso dos trabalhadores. Higienizar o piso pelo menos 2 vezes na semana para remoção de óleos e graxas decorrentes do processo industrial da serralheria. Estabelecer uma rota de fuga em caso de emergência e dar ciência aos trabalhadores quanto a mesma. Estabelecer programas/sistemas para o controle do ruído, ventilação, umidade e iluminação como PCA, sistema de exaustão, entre outros. Substituir os EPI´s e EPC’s com o CA violado e armazená-los em local adequado. 52 Dispor de biombos, tapumes ou cabines de solda para a proteção de terceiros durante o processo de soldagem. Implantar um sistema de exaustão para os fumos metálicos liberados durante o processo de soldagem. Treinar o soldador e o pintor quanto ao uso correto dos EPI’s. Treinar pelo menos um dos trabalhadores quanto aos primeiros socorros. Dispor de materiais de primeiros socorros em armário adequado e de fácil acesso, livre de umidade e calor excessivo. Treinar os trabalhadores quanto a segurança em eletricidade (NR 10), espaço confinado e outros treinamentos de caráter prevencionista aplicável a esta empresa. 53 5. CONCLUSÃO Com relação à documentação, itens exigidos pelas legislações aplicáveis são inexistentes, são eles o PPRA, o PCMSO, as ordens de serviço e outros documentos citados nas sugestões de melhorias. O estado de conservação da maioria das máquinas está seriamente comprometido, com algumas estruturas metálicas apresentando sinais de corrosão e outras não fixas totalmente. Verificou-se também a questão cultural da empresa em estudo. Os trabalhadores manifestavam-se despreocupados com as questões relacionadas a Segurança do Trabalho, não tendo assim uma ideologia prevencionista. Para tal problema, deve-se haver um incentivo do empregador para conscientização dos colaboradores, para que ambos (empregador e empregado) se engajem para a construção de um ambiente laboral seguro. Foram sugeridas correções que são necessárias para adequar as condições de SST existentes na serralheria. Que envolvem a atualização da documentação e a realização da manutenção do sistema atual. Caso a empresa deste estudo não passe por uma correção imediata dos pontos não conformes, poderá ser alvo de notificações, multas e até mesmo o embargo das atividades. Quanto a problemática das péssimas condições de SST de MPE’s em geral, recomenda-se que haja uma alteração na NR 04, permitindo assim a terceirização da segurança do trabalho por meio de empresas de consultoria nas micro e pequenas empresas. 54 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 12179: Tratamento acústico em recintos fechados. Rio de Janeiro, 2008. ALMEIDA, Nilson U. 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