Buscar

Lesão Corporal Grave Fundamentos

Prévia do material em texto

Compreende qualquer comportamento humano comissivo (positivo) ou omissivo 
(negativo), podendo ser ainda dolosa (quando o agente quer ou assume o risco de produzir 
o resultado) ou culposa (quando o agente infringe seu dever de cuidado, atuando com 
negligencia, imprudência ou imperícia). (GRECO, 2011, p. 29) 
 
O crime de lesão corporal é tratado no capitulo II, parte especial do código penal, e 
tipificado no caput do artigo 129 que diz o seguinte: 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
 
Lesão corporal consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, sem animus 
necandi, à integridade física ou à saúde de outrem. Ela abrange qualquer ofensa à 
normalidade funcional do organismo humano tanto do ponto de vista anatômico quanto 
do fisiológico ou psíquico. Na verdade é impossível uma perturbação mental sem um 
dano a saúde, ou um dano à saúde sem uma ofensa corpórea. O objeto da proteção legal 
é a integridade física e a saúde do ser humano. (BITENCOURT, 2012, p. 186) 
 
Assim, o autor detalha explicadamente o fundamento da expressão tratada no 
art. 129 do código penal. Estabelecendo um nexo lógico entre a relação de saúde e 
integridade corporal, ainda que o agente não objetive o resultado, mas que restou de sua 
ação. 
 
 
Dessa forma, entende-se como delito de lesão corporal não somente aquelas situação de 
ofensa à integridade corporal ou à saúde da vitima criadas originalmente pelo agente, 
como também a agravação de uma situação já existente. (GRECCO, 2011, p. 293) 
Da mesma forma, segundo os ensinamentos de Victor Gonçalves, no momento que ocorre 
a ofensa a integridade da vitima, acontece também a consumação de crime material. Logo, 
Gonçalves segue afirmando da relação entre consumação e o corpo de delito. 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incuravel; 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10624670/artigo-129-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10624670/artigo-129-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, 
nem assumiu o risco de produzí-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
 
A comprovação da materialidade deste crime, que deixa vestígios, é feita pelo exame 
pericial, chamado de corpo de delito (direito ou indireto), em que se deve atestar a 
ocorrência da lesão, sua extensão e suas causas prováveis. Para o oferecimento de 
denuncia, todavia, basta a juntada de qualquer boletim médico ou prova equivalente 
(art. 77 § 1º da lei 9.099/95), sendo que posteriormente, deverá ser anexado o laudo 
definitivo do corpo de delito. 
Na ausência do exame pericial decorrente do desaparecimento das lesões, a prova 
testemunhal, desde que cabal, pode suprir-lhe a falta. As testemunhas nesse caso devem 
ser claras quanto a natureza e o local das lesões. (GONÇALVES, 2011, p. 175) 
 
Assim sendo, Cuida assinalar que a conduta em testilha não está adstrita tão somente ao 
mal infligido à natureza anatômica do indivíduo. Pela locuçãolesão corporal, é possível 
compreender toda e qualquer espécie de ofensa praticada contra a normalidade funcional 
do corpo ou organismo humano, albergando-se tanto a visão anatômica como psíquica e 
fisiológica do organismo. 
 
A primeira consequência que torna a lesão corporal grave é a que produz, como resultado, a 
incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias, como bem assinala o inciso I 
do §1º do artigo 129[18]. Quadra frisar de a locução ocupação habitual não é interpretado 
como sinônimo de trabalho diária; ao contrário, tal locução é detentora de um sentido mais 
amplo, abarcando todas as atividades praticadas pela vítima. Convém lançar mão dos 
ensinamentos apresentados pelo festejado doutrinador Guilherme de Souza Nucci: 
12. Ocupação habitual: deve-se compreender como tal toda e qualquer atividade 
regularmente desempenhada pela vítima, e não apenas sua ocupação laborativa. Assim, uma 
pessoa que não trabalhe, vivendo de renda ou sustentada por outra, deixando de exercitar sua 
habituais ocupações, sejam elas quais forem – até mesmo de simples lazer –, pode ser 
enquadrada nesse inciso, desde que fique incapacitada por mais de trinta dias […][19] 
 Assim, não se restringe a interpretação da locução caracterizadora do inciso I a um 
conceito meramente econômico, mas sim se utiliza de uma ótica funcional, no que se refere a 
lesão sofrida pela vítima. “Entenda-se como atividade corporal, física ou intelectual, razão pela 
qual pode ser sujeito passivo tanto o ancião, como a criança ou o adolescente incapacitado de 
continuar sua preparação funcional”[20]. Nessa senda, para a configuração do crime de lesão 
corporal grave, com incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias, não é 
necessária a demonstração de prática de atividade laboral exercida pela vítima, visto que o 
tipo penal refere-se à atividades exercidas com frequência, não necessariamente remuneradas 
ou profissionais. 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11305139/artigo-77-da-lei-n-9099-de-26-de-setembro-de-1995
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11305102/par%C3%A1grafo-1-artigo-77-da-lei-n-9099-de-26-de-setembro-de-1995
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,analisando-o-crime-de-lesoes-corporais-uma-breve-apreciacao,37579.html#_ftn18
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,analisando-o-crime-de-lesoes-corporais-uma-breve-apreciacao,37579.html#_ftn19
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,analisando-o-crime-de-lesoes-corporais-uma-breve-apreciacao,37579.html#_ftn20
Lesão Corporal Grave: Debilidade Permanente de Membro, Sentido ou Função (art. 129, §1º, 
inc. III, do Código Penal). 
 
Afigura-se imperioso assinalar que os membros são os apêndices do corpo, subdivididos em 
superiores (braço, antebraço e mão) e inferiores (coxa, perna e pé). No que se refere aos 
dedos, segundo a interpretação doutrinária, são partes integrantes dos membros, logo, a 
perda de um dedo dá corpo a debilidade permanente da mão ou do pé. Os sentidos “são todas 
as funções perceptivas do mundo exterior, ou seja, os mecanismos sensoriais por meio dos 
quais percebemos o mundo exterior (visão, audição, olfato, gosto e tato)”[26]. Logo, se em 
razão das lesões sofridas acarretar a debilidade de qualquer um deles, a lesão corporal será 
considerada como grave. 
 
 
Lesão Corporal Gravíssima: Incapacidade Permanente para o Trabalho (art. 129, §2º, inc. I, 
do Código Penal). 
 
 Ab initio, a incapacidade permanente para o trabalho pode ser produzido tanto dolosa 
como culposamente. A lei, expressamente, se refere à incapacidade para atividade profissional 
remunerada. “Distingue-se o que a lei menciona como lesão permanente, em que há uma 
previsão de que a vítima não vai restabelecer, daquilo que é perpétuo, em que se comprova 
que não houve o restabelecimento”[29]. O Diploma Penal se alicerça com o simples 
diagnóstico de que a vítima não mais poderá exercer suas funções laborativas. Na mesma 
esteira é a lição de Nucci[30] 
 
20. Incapacidade permanente para o trabalho: trata-se de inaptidão duradoura para exercer 
qualquer atividade laborativa lícita. Nesse contexto, diferentementeda incapacidade para as 
ocupações habituais, exigi-se atividade remunerada, que implique em sustento, portanto, 
acarrete prejuízo financeiro para o ofendido. 
 Cuida anota que a incapacidade deve ser permanente, ou seja, duradoura, não sendo, 
entretanto, necessariamente perpétua. Logo, óbice não há para que se configure a conduta 
em testilha se tempo depois a vítima retorne normalmente para o exercício do trabalho. O 
importante é a incapacidade de cunho duradouro, sem que haja um tempo preciso para o 
restabelecimento da vítima. 
 
 
 
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,analisando-o-crime-de-lesoes-corporais-uma-breve-apreciacao,37579.html#_ftn26
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,analisando-o-crime-de-lesoes-corporais-uma-breve-apreciacao,37579.html#_ftn29
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,analisando-o-crime-de-lesoes-corporais-uma-breve-apreciacao,37579.html#_ftn30

Continue navegando