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Aspectos em Patentes e Segredo Industrial W B A 0 5 5 3 _ V 1. 0 2/247 Aspectos em Patentes e Segredo Industrial Autoria: Lady Tatiana Bermúdez Rodríguez Como citar este documento: BERMÚDEZ, Lady Tatiana. Aspectos em Patentes e Segredo Industrial. Valinhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Aspectos em Propriedade Intelectual 06 Assista a suas aulas 32 Unidade 2: Aspectos em Propriedade Industrial 39 Assista a suas aulas 59 Unidade 3: Patentes 67 Assista a suas aulas 89 Unidade 4: Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Pa- tentes PCT 96 Assista a suas aulas 117 2/247 3/2473 Unidade 5: As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica 124 Assista a suas aulas 144 Unidade 6: Pesquisa em Bases de Dados de Patentes 151 Assista a suas aulas 175 Unidade 7: Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil 182 Assista a suas aulas 211 Unidade 8: Segredos Industriais 218 Assista a suas aulas 239 Sumário Aspectos em Patentes e Segredo Industrial Autoria: Lady Tatiana Bermúdez Rodríguez Como citar este documento: BERMÚDEZ, Lady Tatiana. Aspectos em Patentes e Segredo Industrial. Valinhos: 2017. 4/247 Apresentação da Disciplina Muitas vezes, pensamos que os temas rela- cionados com a propriedade intelectual e as patentes são muito complexos e estão lon- ge de nossa cotidianidade. Mas as patentes e outros tipos de proteção à propriedade intelectual estão presentes em nossas vi- das mais do que imaginamos. Por exemplo, quando escutamos uma música, ou quando usamos um programa de computador, seus autores protegeram suas criações com di- reitos de autor; quando comemos um quei- jo canastra, este foi protegido com uma in- dicação geográfica; quando bebemos um refrigerante, sua fórmula original está pro- tegida como um segredo industrial; ou sim- plesmente quando usamos nosso telefone inteligente, que pode ter mais de 1.000 pa- tentes envolvidas para sua criação. A disciplina “Aspectos em Patentes e Segre- do Industrial” apresenta um panorama geral da Propriedade Intelectual e da Propriedade Industrial. Além das definições e conceitos- -chave dos principais elementos relaciona- dos à Propriedade Industrial, apresentam- -se exemplos interessantes que permitem identificar sua importância e esclarecer os conceitos explicados. O objetivo geral desta disciplina é entender os principais conceitos associados à pro- priedade intelectual, com foco nas patentes e nos segredos industriais. Os objetivos específicos são: entender os diferentes tipos de patentes; como são clas- sificados; a importância das patentes como fonte de informação tecnológica; as bases de dados de patentes; a dinâmica de paten- 5/247 teamento no mundo e no Brasil; e finalmen- te as características do segredo industrial. Ao finalizar o curso, se espera que o estu- dante compreenda todos os conceitos, a utilidade das patentes e que as considere como uma valiosa fonte de informação tec- nológica e de mercado. 6/247 Unidade 1 Aspectos em Propriedade Intelectual Objetivos 1. Entender o conceito de Propriedade Intelectual e a sua classificação; 2. Identificar os textos legislativos que normalizam a proteção dos direitos de Propriedade Intelectual no Brasil; 3. Identificar os principais elementos protegidos pelo Direito Autoral; 4. Analisar os principais elementos rela- cionados à Proteção sui generis. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual7/247 Introdução Atualmente, a maioria dos objetos de nos- sa vida cotidiana, as expressões culturais e manifestações artísticas têm algum grau de proteção à propriedade intelectual. O pre- sente módulo tem como objetivo apresen- tar os principais aspectos relacionados à propriedade intelectual, a qual está relacio- nada com as criações do espírito humano e os direitos de proteção dos interesses dos criadores sobre suas criações. Na primeira parte do módulo, se explica o conceito de propriedade intelectual e suas principais dimensões. Posteriormente, se apresenta a classificação da proprieda- de intelectual, a qual está dividida em três principais componentes: direito autoral, propriedade industrial e proteção sui gene- ris. Cada um desses componentes tem uma legislação brasileira que define claramente suas características e o escopo de proteção. Na quarta parte do módulo, se realiza uma breve descrição dos principais componen- tes do direito autoral: direitos de autor, di- reitos conexos e programas de computador. Finalmente, são explicadas as criações que são objeto de proteção sui generis: topo- grafia de circuito integrado, cultivares, co- nhecimentos tradicionais e manifestações folclóricas. Os aspectos relacionados à pro- priedade industrial vão ser definidos cla- ramente no Tema 2. Espera-se que o estu- dante consiga diferenciar esses conceitos e logre determinar a importância dos direitos de proteção à propriedade intelectual. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual8/247 1. O Que é Propriedade Intelec- tual? A Propriedade Intelectual refere-se às cria- ções do espírito humano e aos direitos de proteção dos interesses dos criadores sobre suas criações. Contempla o respeito à auto- ria e à difusão de ideias de empreendedores, inventores, cientistas e artistas como meios para ofertar suas criações e inovações e re- ceberem por isso. Dentre essas criações estão todos aqueles objetos da nossa vida cotidiana: móveis, eletrodomésticos, telefones, músicas, li- vros, fotografias etc. Cada vez que adquiri- mos alguns desses produtos, parte de nosso dinheiro é revertido para o criador como re- compensa pelo esforço realizado e o tempo investido na sua criação. A convenção que institui a Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI, em 14 de julho de 1967, define a Proprieda- de Intelectual como: Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual9/247 Os direitos relativos: às obras literárias, artísticas e científicas; às interpre- tações dos artistas, interpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão; às invenções em todos os domí- nios da atividade humana; às descobertas científicas; aos desenhos e mo- delos industriais; às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e denominações comerciais; à proteção contra a con- corrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico. (OMPI, 1967 [s.p]). A Propriedade Intelectual tem quatro principais dimensões, as quais são comuns para todos seus componentes (OMPI-INPI, 2016): • Dimensão temporal: os direitos de propriedade intelectual são concedidos por prazos esti- pulados legalmente, de modo que o titular possa explorar economicamente com exclusivi- dade os bens e os processos produtivos decorrentes deste direito. • Escopo de direito: cada objeto protegido pela propriedade intelectual apresenta uma deli- mitação de proteção definida por lei. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual10/247 • Segurança jurídica: o direito de pro- priedade intelectual evita que tercei- ros possam explorar indevidamente, sem a prévia autorização do titular do direito. • Territorialidade do direito: Os objetos protegidos pela Propriedade Indus- trial somente têm validade no país de depósito. Só os Direitos de Autor têm validade internacional. A propriedade intelectual não se traduz só nos objetos e em suas cópias, mas sim na informação ou no conhecimento refletido nesses objetos e cópias, sendo, portanto, um “ativo intangível”. Assim, a Propriedade In- telectual torna-se um ativo importante para que as empresas melhorem sua competitivi- dade e produzam bens e serviços inovadores. 2. Classificação dos Tipos de Propriedade Intelectual No Brasil, a Propriedade Intelectual está di- vidida em três grandes áreas, cada uma das quais tem características particulares. Es- Para saber mais Um dos primeirosexemplos de proteção à pro- priedade intelectual foi na Grécia, no ano 330 a.C., quando uma lei de Atenas ordenou que fossem depositados nos arquivos da cidade cópias exatas das obras dos grandes clássicos. Nessa época, os livros eram copiados a mão, de modo que o cus- to era alto e o número limitado. Isso determinou o nascimento de um interesse jurídico específico para proteção. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual11/247 sas áreas são: Direito Autoral, Propriedade Industrial e Proteção sui generis. Na seguinte Figura 1, é apresentada essa classificação e, em seguida, será descrita cada uma delas. Figura 1 - Classificação dos tipos de Propriedade Intelectual Fonte: elaborada pela autora (2017). O Direito Autoral compreende: i) Direitos de autor, que por sua vez abrange: obras literárias, ar- tísticas e científicas, descobertas científicas; ii) Direitos conexos, que estão relacionados com as interpretações dos artistas intérpretes e as execuções dos artistas executantes, os fonogramas e Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual12/247 as emissões de radiodifusão; iii) os progra- mas de computador. A propriedade industrial abrange: i) Marcas, nomes e designações empresariais; ii) Pa- tentes de modelo de utilidade e Patentes de Invenção; iii) Desenhos industriais; iv) Indi- cações geográficas; v) Segredos Industriais e repressão à concorrência desleal. Esses elementos vão ser explicados em detalhe no Tema 2. Finalmente, a proteção sui generis abran- ge: i) Topografias de circuitos integrados; ii) Cultivares; iii) Conhecimentos Tradicionais; iv) Manifestações folclóricas. 3. Legislação Brasileira Relacio- nada aos Direitos de Proprieda- de Intelectual No Brasil o Instituto Nacional da Proprieda- de Industrial - INPI, é a instituição encarre- gada da proteção à propriedade industrial. Criado em 1970, o INPI é uma autarquia fe- deral vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, responsável pelo aperfeiçoamento, disseminação e ges- tão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelec- tual para a indústria (INPI, 2017). Os principais serviços que presta o INPI são: registros de marcas, desenhos industriais, indicações geográficas, programas de com- putador e topografias de circuitos e as con- cessões de patentes. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual13/247 No Brasil há um amplo arcabouço legislati- vo relacionado aos principais instrumentos de proteção à Propriedade Intelectual. As principais leis são: • Lei da Propriedade Industrial n° 9.279, de 14 de maio de 1996. Contempla a proteção de: i) Patentes de invenção e Modelos de Utilidade; ii) Desenho In- dustrial; iii) Registro de Marca; iv) Re- pressão às falsas indicações geográfi- cas; v) Repressão à concorrência des- leal. • Lei de Direitos Autorais n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Contempla a proteção de: i) Direitos autorais; ii) Di- reitos conexos. • Lei de Proteção de Cultivares n° 9.459, de 25 de Abril de 1997. Contempla a proteção de Cultivares mediante a concessão de Certificado de Proteção de Cultivar. • Lei de Programa de Computador (sof- tware) n° 9.609 de, 19 de fevereiro de 1998. Contempla a proteção da pro- Link O Instituto Nacional da Propriedade Intelectual, INPI, permite o acesso a informações institucio- nais, legislações relacionadas à Propriedade Inte- lectual (PI), procedimentos para solicitar proteção à PI e também permite fazer buscas de patentes e desenhos industrias. Disponível em: <www.inpi. gov.br>. Acesso em: 18 set. 2017. www.inpi.gov.br www.inpi.gov.br Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual14/247 priedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no país, e dá outras providências. • Lei de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) n° 11.105, de 25 de março de 2005. Contempla: i) as normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que en- volvam OGM e seus derivados; ii) Cria o Conselho Nacional de Biosseguran- ça CNBS; iii) Dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança PNB. • Lei de Topografia de Circuitos Integra- dos n° 11.484, de 31 de Maio de 2007. Contempla: i) Incentivos às indústrias de equipamentos para TV digital e de componentes eletrônicos semicondu- tores; ii) Proteção das topografias de circuitos integrados; ii) Institui o Pro- grama de apoio ao desenvolvimento tecnológico da indústria de Semicon- dutores PADIS e o Programa de apoio ao desenvolvimento tecnológico da indústria de equipamentos para a TV digital PADTVD. • Lei de Patrimônio genético n° 13.123, de 20 de maio de 2015. Contempla: i) acesso ao patrimônio genético; ii) proteção e o acesso ao conhecimen- to tradicional associado; iii) repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade. Essas leis evidenciam que o Brasil tem se adaptado às leis internacionais de proprie- dade intelectual, devido ao fato de ser sig- natário da Convenção de Paris, dos tratados Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual15/247 sobre patentes estabelecidos pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual e dos acor- dos sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio (TRIPS). 4. Direito Autoral Como já foi dito, o direito autoral faz parte das áreas de proteção à propriedade intelectual e está divido em três componentes: direitos de autor, direitos conexos e programas de computador. Para saber mais O acordo sobre os aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio (ADPIC), em inglês Trade-related aspects to intellectual Property Rights (TRIPS), entrou em vigor em 1995, a partir da Rodada de Uruguai, no âmbito da Organização Internacional do Comércio (OMC). Esse acordo introduziu, pela primeira vez, regras de propriedade intelectual no sistema multilateral de comércio. Os objetivos desse acordo são: i) reforçar a necessidade da harmonização entre as legislações nacionais de Proprie- dade Intelectual de acordo com os interesses dos países mais desenvolvidos; ii) estabelecer parâmetros mínimos de proteção. Esse acordo também obriga a reconhecer as patentes para fármacos e alimentos. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual16/247 Os direitos de autor outorgam um direito temporário para evitar que outros comer- cializem cópias de sua obra, resultante da expressão criativa. Por não apresentarem caráter técnico, essas obras não são consi- deradas invenções. De acordo com a Lei nº 9.610, de 18 de fe- vereiro de 1998, as obras intelectuais pro- tegidas pelos direitos de autor abrangem os seguintes elementos: • Os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; • As conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; • As obras dramáticas e dramático-mu- sicais; • As obras coreográficas e pantomími- cas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma; • As composições musicais, tenham ou não letra; • As obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; • As obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia; • As obras de desenho, pintura, gravu- ra, escultura, litografia e arte cinética; • As ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; • Os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenha- Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual17/247 ria, topografia, arquitetura, paisagis- mo, cenografia e ciência; • As adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectu- al nova; • Os programas de computador; • As coletâneas ou compilações, anto- logias, enciclopédias, dicionários, ba- ses de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposi- ção de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual. Por sua vez, o direito autoral tem dois tipos de direitos associados: • Direitos morais: são consideradospessoais, inalienáveis, irrenunciáveis e intransferíveis, isso significa que um autor sempre tem o direito de que seu nome seja reconhecido e citado, em- bora ele tenha cedido os direitos pa- trimoniais de sua obra. Por exemplo, as obras do Nobel Colombiano Gabriel García Márquez, embora sejam repro- duzidas em outros idiomas e comer- cializadas por editoras, sempre devem reconhecer os direitos morais de sua autoria. • Direitos patrimoniais: permitem que os autores tenham o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra lite- rária, artística ou científica. O autor deve dar uma autorização prévia para que sua obra seja reproduzida parcial ou integralmente, traduzida, adapta- Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual18/247 da ou distribuída. Os autores também podem licenciar sua obra e receber uma compensação econômica por isso. Por exemplo, a música “Garota de Ipanema” uma das músicas brasi- leiras mais conhecidas mundialmen- te, foi composta por Tom Jobim e Vi- nícius de Morais em 1962. Essa músi- ca tem sido interpretada por artistas reconhecidos de todo o mundo, como Frank Sinatra, Cher, Sammy David Jr. e até Amy Winehouse, os quais têm pa- gado seus direitos patrimoniais, mas os direitos morais dos autores sempre têm sido reconhecidos. No Brasil, o direito autoral protege a obra desde sua criação até 70 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor. Após esse prazo, a obra entra em domínio públi- co, isso é, qualquer indivíduo fica livre para usá-la, sem necessitar de autorização espe- cífica do titular dos direitos de autor. Após a morte do autor, os direitos são transmitidos a seus sucessores (INPI-SENAI, 2010). Em relação aos Programas de Computador, eles têm uma lei específica: Lei n° 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, que também é co- nhecida como Lei do software. Essa lei foi elaborada para regulamentar e normatizar, inteiramente, todas as operações realiza- das com programas de computador, tanto os de origem nacional como os de origem estrangeira. O software pode ser registrado no INPI, que serve como meio de prova de autoria da obra e datação de algo original e industrializável, ou pode ser registrado no Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual19/247 EDA (Escritório de Direitos Autorais) da Biblioteca Nacional como expressão de instruções de software (ORTIZ, 2012). O prazo de vigência do direito de proteção de software é de 50 anos, e sua validade é internacio- nal, o que significa que não há necessidade de registrar o software nos demais países, uma vez que eles estão registrados no Brasil, e vice-versa. Para saber mais Nos Estados Unidos, algumas inovações associadas a programas computacionais podem ser patentea- das. As patentes de software não protegem o código do programa computacional, mas sim a sua funcio- nalidade. As patentes de software são defendidas pelas grandes multinacionais, como Apple e Microsoft, como um elemento-chave para proteger seus investimentos, mas são atacadas pelos desenvolvedores de software livre, como Linux e PHP, porque consideram que frenam a inovação e o desenvolvimento. Além dos Estados Unidos, países como Canadá, Coreia do Sul e Japão também facilitam a proteção do software por meio de patentes (ONTAÑÓN, 2004). Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual20/247 Link No Quadro 1 se apresentam as instituições responsáveis pelo registro de criações protegidas pelo direito autoral e seu respectivo link. Quadro 1 - Instituições responsáveis pelo registro de criações protegidas pelo Direito Autoral Criações Instituições responsáveis pelo registro e link de acesso Livros e textos Fundação Biblioteca Nacional Disponível em: <www.bn.br>. Filmes Agência Nacional do Cinema Disponível em: <www.ancine.gov.br>. Obras artísticas Escola de Belas Artes Disponível em: <www.eba.ufrj.br>. Partituras de músicas Escola de música Disponível em: <www.musica.ufrj.br>. Fundação Biblioteca Nacional Disponível em: <www.bn.br>. Fonte: INPI-SENAI (2010, p. 26). www.bn.br www.ancine.gov.br www.eba.ufrj.br http://www.musica.ufrj.br www.bn.br Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual21/247 Link Quadro 1 - Instituições responsáveis pelo registro de criações protegidas pelo Direito Autoral Criações Instituições responsáveis pelo registro e link de acesso Plantas arquitetônicas/projetos Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura -Universidade da Federação Disponível em: <www.confea.org.br>. Programas de computador Instituto Nacional de Propriedade Industrial Disponível em: <www.inpi.gov.br>. Fonte: INPI-SENAI (2010, p. 26). Em relação aos direitos conexos, as normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão (BRASIL, 1998). Os direitos de autor e os direitos conexos protegem diferentes pessoas. Por exemplo, no caso de uma canção, os direitos de autor protegem o compositor da música e o criador da letra; já os direitos conexos se aplicam aos músicos e ao cantor que interpretam a canção, ao produtor da www.confea.org.br www.inpi.gov.br Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual22/247 gravação sonora (também chamada de fonograma), na qual a música é incluída, e às empresas de radiodifusão que transmitem a música (INPI-SENAI, 2010). 5. Proteção Sui Generis Os Direitos sui generis são escopo de propriedade intelectual, mas não são considerados como Direito de Autor ou Propriedade Industrial. As criações que têm proteção sui generis são: • Topografia de Circuito Integrado: são protegidos pela Lei n° 11.484, de 31 de maio de 2007, a qual define a Topografia de Circuito Integrado como uma série de imagens relacionadas, construídas ou codificadas sob qual- quer meio ou forma, que represente a configuração tridimensional das camadas que compõem um circuito integrado, e na qual cada imagem represente, no todo ou em parte, a disposição geométrica ou arranjos da superfície do circuito integrado em qualquer estágio de sua concepção ou manufatura. (BRASIL, 2007, [s.p.]) O registro de topografia de circuitos é válido por 10 anos após o depósito. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual23/247 • Cultivares: são protegidos pela Lei n° 9.456, de 25 de abril de 1997, a qual define o cultivar como: “a variedade de qualquer gênero ou espécie vege- tal superior que seja claramente dis- tinguível de outras cultivares conhe- cidas” (BRASIL, 1997, [s.p.]). Esta lei protege o aperfeiçoamento de varie- dades de plantas a fim de incentivar as atividades dos criadores e desen- volvedores de novas variedades de plantas. Essa proteção se efetua me- diante a concessão de Certificado de Proteção Cultivar, que é responsabili- dade do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC), do Ministério da Agricultura. O prazo de validade é de 18 anos para as videiras e árvores fru- tíferas, florestais e ornamentais, e de 15 anos para as demais. • Conhecimentos tradicionais: são pro- tegidos pela Lei n° 13.123, de 20 de maio de 2015. Essa lei reconhece os conhecimentos tradicionais associa- dos ao patrimônio genético de popu- lações indígenas, de comunidade tra- dicional ou de agricultor tradicional contra a utilização e exploração ilícita. A OMPI tem um Comitê Intergoverna- mental sobre propriedade intelectual e recursos genéticos, conhecimentos tradicionais e folclore composto por 250 representantes de estados, co- munidades indígenas e locais, orga- nizações não governamentais e inter- governamentais, como a UNESCO. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual24/247 • Manifestações folclóricas: referem-se às produções de elementos carac- terísticos do patrimônio artístico tradicional criado e mantido por uma comunidade ou por indivíduos, re- fletindo as tradicionais expectativas artísticas de uma comunidade ou in- divíduo (OMPI-INPI, 2016). Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual25/247Glossário Ativos intangíveis: São os bens que tem uma empresa, mas que não são percebidos fisicamente. São considerados ativos porque geram rendimento econômico e valor para as empresas. Alguns ativos intangíveis são: conhecimento técnico, ideias, marcas, desenhos, modelos e outros frutos intangíveis da capacidade criadora e inovadora da empresa (OMPI, 2017). Conhecimentos tradicionais: A OMPI define os Conhecimentos Tradicionais como um corpo vivo de conhecimentos que se transmite de uma geração a outra na mesma comunidade e que forma parte da identidade cultural e espiritual da comunidade. Rodada de Uruguai: É a mais importante negociação comercial multilateral que deu origem à maior reforma do sistema mundial do comércio. Teve uma duração de mais de 7 anos (1986-1993) e contemplou as regras sobre o comércio de mercadorias, produtos agrícolas, propriedade intelec- tual e investimento. UNESCO: Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura. Em inglês: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. A missão da UNESCO é contribuir para a consolidação da paz, erradicação da pobreza, desenvolvimento sustentável, diálogo intercultural mediante a educação, as ciências, a cultura, a comunicação e a informação (UNESCO, 2009). Questão reflexão ? para 26/247 No Brasil, os programas de computador são protegidos pelos direitos de autor. Em outros países do mundo, como Estados Unidos e Canadá, é possível fazer a proteção do software por meio de patentes. Pesquise: quais são as van- tagens e desvantagens de fazer a proteção do software pelos direitos de autor e não pelas patentes? Há alguma possibilidade de proteger o software com patentes no Bra- sil? Quais são as implicações de não ter a mesma regula- mentação mundial sobre a proteção do software? 27/247 Considerações Finais • Exploramos o conceito de Propriedade Intelectual e a sua importância para estimular as criações intelectuais, artísticas e culturais. Atualmente, a maio- ria das atividades econômicas são objeto de direitos exclusivos de proprie- dade intelectual. • Explicamos os diferentes componentes da Propriedade Intelectual, com maior ênfase no direito autoral e a proteção sui generis. Os componentes do direito autoral são: direitos de autor, direitos conexos e programas de computador. Por sua vez, a proteção sui generis se aplica a: cultivares, topografias de cir- cuitos integrados, conhecimentos tradicionais e manifestações folclóricas. • Identificamos os dois tipos de direito autoral: i) os direitos morais, os quais são considerados pessoais, inalienáveis, irrenunciáveis e intransferíveis; ii) os direitos patrimoniais, os quais podem licenciar ou ceder a terceiros. • Apresentamos o arcabouço legislativo brasileiro relacionado aos direitos de propriedade intelectual, os quais estão em concordância com as leis interna- cionais de propriedade intelectual. Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual28/247 Referências BRASIL. Lei da Propriedade Industrial nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei de Proteção de Cultivares nº 9.456, de 25 de abril de 1997. Institui a Lei de Proteção de Cultivares e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9456.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei de Programa de Computador (software) nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercial- ização no País, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9609.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei de Direitos Autorais nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consol- ida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) nº 11.105, de 25 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos ge- neticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9456.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9456.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9609.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9609.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual29/247 – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Me- dida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei de Topografia de Circuitos Integrados nº 11.484, de 31 de maio de 2007. Dispõe sobre os incentivos às indústrias de equipamentos para TV Digital e de componentes eletrôni- cos semicondutores e sobre a proteção à propriedade intelectual das topografias de circuitos integrados, instituindo o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores – PADIS e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos para a TV Digital – PATVD; altera a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993; e revoga o art. 26 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11484.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei de Patrimônio genético nº 13.123, de 20 de maio de 2015. Regulamenta o inciso II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição Federal, o Artigo 1, a alínea j do Artigo 8, a alínea c do Artigo 10, o Artigo 15 e os §§ 3o e 4o do Artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Bi- ológica, promulgada pelo Decreto no 2.519, de 16 de março de 1998; dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e so- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11484.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11484.htm Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual30/247 bre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade; revoga a Medida Provisória no 2.186-16, de 23 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. INPI. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/so- bre/estrutura>. Acesso em: 30 maio 2017. INPI-SENAI. Inovação e Propriedade Intelectual: Guia para o docente. Brasília: SENAI, 2010. INSTITUTO DE DERECHOS DE AUTOR. Antecedentes históricos de la propiedad intelectual. Disponível em: <http://hemeroteca.institutoautor.org/story/.php?id=3156>. Acesso em: 18 jun. 2017. OMPI-INPI. Curso de Propriedade Intelectual à distancia OMPI-INPI. Módulo 2: Introdução à Propriedade Intelectual, 2016. OMPI. Convenio que estabelece a Organização Mundial da Propriedade Intelectual. Estocolmo, 14 de Julho de 1967. Disponível em: <http://www.wipo.int/treaties/es/text.jsp?file_id=283997>. Acesso em: 18 jun. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm http://www.inpi.gov.br/sobre/estruturahttp://www.inpi.gov.br/sobre/estrutura http://hemeroteca.institutoautor.org/story/.php?id=3156 http://www.wipo.int/treaties/es/text.jsp?file_id=283997 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual31/247 OMPI. Los derechos de propiedad intelectual: activos valiosos. Disponível em: <http://www. wipo.int/sme/es/ip_business/ip_asset/business_assets.htm>. Acesso em: 18 jun. 2017. ONTAÑÓN, R. Patentes de software: EE.UU vs. Europa. Clarke, Modet & ºC, 7 jul. 2014. Disponível em: <http://www.clarkemodet.com/es/actualidad/blog/2014/07/patentes-de-software-eeuu- vs-europa#.WXGOvmU191A>. Acesso em: 15 jun. 2017. ORTIZ, L. A propriedade intelectual na Lei do Software. Revista eletrônica da Faculdade de Di- reito de Franca, Franca, v. 6, n. 1, dez. 2012. UNESCO. ¿Que es la UNESCO? Unesco: 2009. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/imag- es/0014/001473/147330s.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2017. http://www.wipo.int/sme/es/ip_business/ip_asset/business_assets.htm http://www.wipo.int/sme/es/ip_business/ip_asset/business_assets.htm http://www.clarkemodet.com/es/actualidad/blog/2014/07/patentes-de-software-eeuu-vs-europa#.WXGOvmU191A http://www.clarkemodet.com/es/actualidad/blog/2014/07/patentes-de-software-eeuu-vs-europa#.WXGOvmU191A http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001473/147330s.pdf http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001473/147330s.pdf 32/247 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Aspectos em Propriedade Inte- lectual. Bloco I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ ca439d13c4e35cdd6aa502632efc4d60>. Aula 1 - Tema: Aspectos em Propriedade Inte- lectual. Bloco II Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e5426900f049a59357c707760b70aade>. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ca439d13c4e35cdd6aa502632efc4d60 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ca439d13c4e35cdd6aa502632efc4d60 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ca439d13c4e35cdd6aa502632efc4d60 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e5426900f049a59357c707760b70aade https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e5426900f049a59357c707760b70aade https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e5426900f049a59357c707760b70aade 33/247 1. Quais são as principais áreas em que se classifica a propriedade intelectual: a) Territorialidade do direito e segurança jurídica. b) Ideias e ativos intangíveis. c) Direito autoral, propriedade industrial e proteção sui generis. d) Dimensão temporal e escopo de direito. e) Direitos morais e direitos patrimoniais. Questão 1 34/247 2. Qual dos seguintes componentes não se pode proteger por direitos de autor: a) Programas de computador. b) Patentes. c) Obras literárias. d) Interpretações musicais. e) Obras audiovisuais. Questão 2 35/247 3. Qual é o prazo de proteção para os direitos de autor: a) Desde sua criação até 20 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor. b) Desde sua criação até 100 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor. c) Desde sua criação até 50 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor. d) Vitalícios. e) Desde sua criação até 70 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor. Questão 3 36/247 4. Em qual destes países é possível proteger os programas de computador por meio de patentes? a) Canadá. b) Brasil. c) França. d) Alemanha. e) Argentina. Questão 4 37/247 5. Qual dos seguintes componentes não são objeto de proteção sui gene- ris: a) Novas variedades de plantas. b) Conhecimentos tradicionais. c) Obras fotográficas. d) Manifestações folclóricas. e) Topografias de circuitos integrados. Questão 5 38/247 Gabarito 1. Resposta: C. Segundo a Legislação Brasileira, a proprie- dade industrial se classifica em três princi- pais áreas: direito autoral, propriedade in- dustrial e proteção sui generis. 2. Resposta: B. As patentes são protegidas por meio de propriedade industrial e não por direitos de autor. 3. Resposta: E. De acordo com a Lei nº 9.610, de 18 de feve- reiro de 1998, os direitos de autor são pro- tegidos desde sua criação até 70 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor. 4. Resposta: A. A legislação de Propriedade Intelectual do Canadá permite proteger o software por meio de patentes e não necessariamente como direito autoral. 5. Resposta: C. As obras fotográficas são protegidas por di- reitos de autor. 39/247 Unidade 2 Aspectos em Propriedade Industrial Objetivos 1. Entender o conceito de Propriedade Industrial e a sua classificação; 2. Identificar as principais característi- cas do Desenho Industrial; 3. Analisar as principais características das marcas; 4. Descrever o significado de Indicações Geográficas, Indicações de Procedên- cia e Denominações de origem. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial40/247 Introdução Esta seção apresenta os principais aspectos relacionados com a Propriedade Industrial, entendida como o componente da Proprie- dade Intelectual que protege as patentes de invenção, as patentes de modelo de uti- lidade, o registro de desenho industrial, re- gistro de marcas, indicações geográficas e repressão à concorrência desleal. No Brasil, as características desses componentes são estabelecidas pela Lei de Propriedade In- dustrial n° 9.279, de 14 de maio de 1996. Na segunda parte, se apresentam as prin- cipais características do desenho industrial, que se define como a proteção da parte vi- sual e estética dos objetos, mas não de sua funcionalidade. Posteriormente, se descre- vem os registros de marcas e a sua classifi- cação: marca de produto ou serviço; marca de certificação e marca coletiva. Além disso, as marcas também se classificam de acordo com a sua forma de apresentação: marcas nominativas, marcas figurativas e marcas mistas. Finalmente, se definem as Indica- ções Geográficas e a sua classificação em: Indicações de Procedência e Denominações de Origem. Para obter todos esses registros, se deve fazer o tramite correspondente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Por considerar que a análise de pa- tentes é o objetivo principal desta discipli- na, suas principais características se apre- sentam no seguinte tema. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial41/247 1. O Que é Propriedade Industrial? Como foi analisado no Tema 1, a Propriedade Industrial é uma das categorias associadas à Pro- priedade Intelectual. O artigo 1.3 da Convenção de Paris de 1883 define a propriedade industrial como: A propriedade industrial se entende em seu sentido mais amplo e se aplica não só à indústria e ao comércio propriamente ditos, mas também ao domí- nio das indústrias agrícolas e extrativas e a todos os produtos fabricados ou naturais, por exemplo: vinhos, grãos, tabaco, frutos, animais, minerais, águas minerais, cervejas, flores e farinhas. (CONVENÇÃO DE PARIS, 1883, p. 5) Essa definição abrange um amplo escopo de bens e serviços que podem ser protegidos por meio de mecanismos de propriedade industrial. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial42/247 No Brasil, a Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996, estabelece a proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, conside- rando o seu interesse social e o desenvol- vimento tecnológico e econômico do país, efetua-se mediante: • Concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; • Concessão de registro de desenho in- dustrial; • Concessão de registro de marca; • Repressão às falsas indicações geo- gráficas; • Repressão à concorrência desleal. A Propriedade Industrial é uma importante ferramenta para a promoção do desenvol- vimento de um país, pois ela decorre direta- mente da capacidade inventiva ou criado- ra de tecnologiade seus habitantes (INPI- -SENAI, 2010). Assim, muitos países fazem grandes investimentos em Pesquisa & De- senvolvimento para promover o desenvol- Para saber mais A Convenção de Paris foi adotada em 1883 e se aplica a todos os componentes da Propriedade Industrial. Esse acordo internacional foi o primei- ro passo importante para ajudar os criadores a proteger suas obras intelectuais em outros países. Foi assinado originalmente por 11 países: Brasil, Bélgica, Espanha, El Salvador, França, Guatemala, Itália, Holanda, Portugal, Sérvia e Suíça. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial43/247 vimento de patentes, desenhos industriais e marcas para potenciar seu desenvolvimen- to econômico. No texto a continuação se realiza a caracte- rização dos registros de desenho industrial, marcas e indicações geográficas. O tema das patentes de invenção e modelo de uti- lidade serão apresentados em detalhe no Tema 3. 2. Registro de Desenho Indus- trial O Desenho Industrial se refere apenas aos aspectos ornamentais ou estéticos que possam ser aplicados a um produto na in- dústria, ou seja, refere-se apenas à forma exterior do objeto, à sua aparência e não à sua funcionalidade ou aos aspectos técni- cos (INPI, 2013). Um desenho industrial consiste em (INPI, 2013): • Elementos (objetos ou produtos in- dustriais) em três dimensões, que re- presentem forma de um produto in- dustrial; • Elementos em duas dimensões, apli- cados sobre a superfície de objetos ou produtos industriais que sirvam para adorná-los, tal como um conjunto de linhas aplicado ao produto; • A combinação de um ou mais destes elementos. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial44/247 No Brasil, a Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996, considera o desenho industrial como: “a forma plástica ornamental de um obje- to ou um conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produ- to, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de fabricação industrial” (BRA- SIL, 1996, [s.p.]). Essa lei também estabelece que, para que um objeto seja protegido como desenho industrial, deve ser novo, ou seja, não estar compreendido no estado da técnica. Além disso, os desenhos industriais devem ser originais, ou seja, que sejam resultado de uma configuração visual distintiva em rela- ção a outros objetos anteriores. No Brasil, o período de duração do registro é de 10 anos contados desde a data de de- pósito, prorrogável por três (3) períodos su- cessivos de cinco (5) anos cada, isso é, até completar o prazo máximo de 25 anos. A proteção do desenho industrial é territorial, ou seja, só se aplica no país onde foi realiza- da a solicitude. Alguns objetos que se consideram objeto de proteção por desenho industrial são: re- lógios de pulsos, joias, modas, implemen- tos industriais e medicinais, objetos de uso doméstico, mobiliário, aparelhos elétricos, veículos, estruturas arquitetônicas, artigos práticos, equipamentos esportivos, emba- lagens, brinquedos e acessórios para ani- mais de estimação, entre outros. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial45/247 Os desenhos industriais podem contribuir para o aumento do valor comercial de uma empresa devido ao seus produtos serem originais e mais atrativos esteticamente. Também servem como estratégia de merca- do para chegar a um maior número de con- sumidores ou a nichos de mercado específi- cos, por exemplo, fones de ouvido especial- mente desenhados para adolescentes. Os desenhos industriais se classificam ou se agrupam em classes que servem para identificar e registrar o tipo de produto que é objeto de proteção. Essa classificação in- ternacional para os desenhos e modelos in- dustriais foi estabelecida no Acordo de Lo- carno, em 1968. Um exemplo representativo no âmbito in- ternacional de Desenho Industrial são os saltos do desenhador francês Christian Lou- boutin. Este desenhador tem uma proteção de desenho industrial pelos saltos com sola vermelha que identifica seus calçados em todo o mundo. Louboutin começou a vender esses saltos desde 1992, mas só foi no ano de 2008 que o desenho foi reconhecido pela Link No Brasil se utiliza a classificação internacional de Locarno para os pedidos de Desenho Indus- trial. Para conhecer essa classificação, veja o site indicado. Disponível em: <http://www.inpi.gov. br/menu-servicos/desenho/classificacao>. Acesso em: 18 set. 2017. http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/desenho/classificacao http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/desenho/classificacao Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial46/247 USPTO (Oficina de Patentes e Marcas dos Estados Unidos). O desenhador francês já tem afron- tado vários pleitos na justiça para defender sua criação e receber o reconhecimento monetário pela exclusividade de seus calçados. Figura 1 - Desenho Industrial para os Saltos de Christian Louboutin Fonte: <www.christianlouboutin.com>. Acesso em: 18 set. 2017. www.christianlouboutin.com Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial47/247 A Figura 1 apresenta o salto de sola verme- lha representativo de Christian Louboutin e a primeira página do registro de desenho industrial outorgada no ano 2008 pela Ofi- cina de Patentes e Marcas dos Estados Uni- dos, USPTO. 3. Registro de Marca Uma marca é um sinal visualmente per- ceptível capaz de distinguir os produtos ou serviços de uma empresa, principalmente, em relação a outros concorrentes. A marca também simboliza para o consumidor al- gumas características relacionadas com a qualidade, reputação e investimentos em P&D que fazem uma diferenciação impor- tante de outros produtos ou serviços (INPI- -SENAI, 2010). No Brasil, a Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996, estabelece três tipos de marcas: • Marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou ser- viço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. Por exemplo: o refrigerante Guaraná Antártica ou a marca registrada de Google. • Marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, no- tadamente quanto à qualidade, natu- reza, material utilizado e metodologia empregada. Por exemplo: as etiquetas que têm os eletrodomésticos e que in- dicam a sua eficiência energética. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial48/247 • Marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços pro- vindos de membros e uma determina- da entidade como cooperativas, asso- ciações ou sindicatos. Por exemplo: a Associação Comercial de São Paulo. As marcas também podem ser classificadas de acordo com a sua forma de apresentação (INPI-SENAI, 2010): • Marca nominativa: composta apenas por palavras e combinações de letras e algarismos, compondo inclusive si- glas e neologismos. Por exemplo: PE- TROBRÁS, O Boticário, Sonho de valsa. • Marca figurativa: composta por dese- nhos, símbolos, imagens, grafismos e formas geométricas. Por exemplo: O desenho da Volkswagen ou da Shell. • Marca mista: combina elementos no- minativos e figurativos. Exemplo: Co- ca-Cola, McDonald´s, Red Bull, Vivo (Telefônica Brasil S.A). • Marcas tridimensionais: podem ser a própria forma do produto ou sua embalagem (desde que sejam dis- tintivas), que também podem conter elementos nominativos e figurativos. Exemplo: O famoso chocolate suíço Toblerone é amplamente reconhecido a nível mundial por sua forma de pirâ- mide. Esta é uma marca tridimensio- nal registrada por Kraft Food Group. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial49/247 O registro de uma marca é válido por 10 anos contados a partir da data de concessão do registro, prorrogável por períodos iguais ou sucessivos. A solicitude de registro de mar- ca deve tramitar-se no INPI. 4. Indicações Geográficas As Indicações Geográficas (IG) identificam produtos ou serviços em razão de sua ori- gem geográfica e que incorporam atributos como reputaçãoe fatores naturais e huma- nos, proporcionando produtos ou serviços com características próprias, que traduzem a identidade e a cultura de um espaço geo- gráfico. O artigo 22.1 do Acordo ADPIC (1994, [s.p.]) define as indicações geográficas como: Link No site do INPI se encontram todos os procedi- mentos necessários para registrar uma marca. No seguinte link se encontram as marcas de alto renome em vigência no Brasil. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/ marcas/arquivos/inpi-marcas_-marcas-de- -alto-renome-em-vigencia_-20-06-2017_ padrao.pdf>. Acesso em: 18 set. 2017. http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/marcas/arquivos/inpi-marcas_-marcas-de-alto-renome-em-vigencia_-20-06-2017_padrao.pdf http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/marcas/arquivos/inpi-marcas_-marcas-de-alto-renome-em-vigencia_-20-06-2017_padrao.pdf http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/marcas/arquivos/inpi-marcas_-marcas-de-alto-renome-em-vigencia_-20-06-2017_padrao.pdf http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/marcas/arquivos/inpi-marcas_-marcas-de-alto-renome-em-vigencia_-20-06-2017_padrao.pdf Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial50/247 são as que identificam um produto como originário do território de um membro da Organização Mundial do Comércio, ou de uma região ou lo- calidade desse território, quando determinada qualidade, reputação, ou outra característica do produto está relacionada à sua origem geográfica. As IG podem ser utilizadas para fomentar a comercialização de bens ou serviços quando deter- minada característica ou reputação puder ser atribuída à sua origem geográfica. Algumas das vantagens e benefícios das Indicações Geográficas são (OMPI-INPI, 2016): • Aumento do valor agregado dos produtos ou serviços, porque constituem um elemento diferenciador; • Preservação das particularidades dos produtos ou serviços, patrimônio das regiões espe- cíficas; • Criação de um vínculo de confiança com o consumidor, que, sob o sinal distintivo da indi- cação geográfica, sabe que vai encontrar um produto ou serviço de qualidade e com carac- terísticas regionais; Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial51/247 • Melhora na comercialização dos pro- dutos ou serviços, facilitando o acesso aos mercados através da propriedade coletiva; • Servem como meio de preservar os conhecimentos tradicionais e as ex- pressões culturais. Geralmente, uma IG consiste no nome do lugar de origem do produto e gera um re- conhecimento internacional pela sua qua- lidade. Os casos mais reconhecidos são: Champagne, que é um vinho espumante ca- racterístico de uma região na França; quei- jo Roquefort da França, presunto de Parma, conhecido como prosciuto; café da Colôm- bia; charutos de Cuba; vinho do Porto, de Portugal; tequila mexicana; cachaça brasi- leira, entre outros. No Brasil, a Lei de Propriedade Industrial n° 9.279, de 1996, divide as IG em duas moda- lidades: Para saber mais Uma das Indicações Geográficas mais reconhe- cidas no mundo é o queijo Roquefort, elabora- do numa região do sudeste da França, perto do município de Roquefort. O queijo tem cor, cheiro e sabor característico e é feito com leite cru de ovelha da raça lacaune. Além disso, tem um pro- cesso especial de maturação em cavernas natu- rais da região. Assim, as características do leite, das ovelhas, das cavernas e do método de fabri- cação do queijo fazem dele algo único, que deve ser reconhecido. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial52/247 • Indicação de Procedência (IP): Consis- te no nome geográfico que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou prestação de determinado serviço. No Brasil há 39 Indicações de Procedência reconhe- cidas pelo INPI. Os exemplos mais re- presentativos são: Paraty: aguarden- te de cana; Salinas: cachaça; Pampa Gaúcho: carne bovina; Alta Mogiana: café; Divina Pastora: renda de agulha; Vale do São Francisco: uvas de mesa e manga; Maracaju: linguiça; Goiabe- ras: panelas de barro, entre outras. • Denominação de Origem (DO): Con- siste no nome geográfico de país, ci- dade, região ou localidade de seu ter- ritório, que designe produto ou servi- ço, cujas qualidades ou característi- cas se devam exclusiva ou essencial- mente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. No Brasil há 8 Denominações de Origem reco- nhecidas pelo INPI. Os Exemplos mais representativos são: Costa Negra: ca- marões marinhos cultivados (Ceará); Vale dos Vinhedos: vinhos brancos; Região do Cerrado Mineiro: café. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial53/247 Para saber mais O caso do Vale dos Vinhedos é representativo por- que foi a primeira Indicação de Procedência outor- gada no Brasil. Essa IP é outorgada para os produ- tores de vinhos brancos, tintos e espumantes que fazem parte da associação APROVALE, localizada no Rio Grande do Sul. Essa região foi colonizada em meados de 1875 por imigrantes italianos que tinham tradição na fabricação de vinhos. Atual- mente, as vinícolas dessa região empregam dire- tamente mais de duas mil pessoas. O Vale dos Vi- nhedos também foi reconhecido como Denomina- ção de Origem no ano 2012, porque demonstrou as características do solo, clima e processo de fa- bricação que incorporavam características únicas para esses vinhos (INPI-SEBRAE, 2016). Link Para conhecer em detalhe todas as Indicações Geográficas reconhecidas no Brasil, veja o catá- logo de Indicações Geográficas do 2016. Dispo- nível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-ser- vicos/indicacao-geografica/publicacoes>. Acesso em: 18 set. 2017. http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/indicacao-geografica/publicacoes http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/indicacao-geografica/publicacoes Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial54/247 Glossário Aspectos ornamentais: Este termo faz referência aos aspectos que servem para adornar um ob- jeto e fazê-lo mais atrativo ou chamativo. Concorrência desleal: É qualquer ato contrário às práticas honestas, que afete o livre funcio- namento do sistema de propriedade intelectual e a compensação que a propriedade intelectual oferece. Alguns atos de concorrência desleal podem causar confusão, induzir ao erro, provocar o descrédito do concorrente (INPI-SENAI, 2010). Eficiência energética: Está relacionada com o melhor desempenho na produção de um serviço com menor gasto de energia, ou seja, à utilização racional de energia gerada. Questão reflexão ? para 55/247 As Indicações Geográficas são mecanismos importantes para aumentar o valor agregado e o reconhecimento de produtos e serviços. No Brasil há 39 Indicações de Proce- dência e 8 Denominações de Origem. Pesquise no Catálo- go de Indicações Geográficas do INPI uma (1) Indicação de Procedência e uma (1) Denominação de Origem. Faça uma breve descrição de cada uma delas, e indique os fatores que determinaram seu registro, os benefícios obtidos por ter essa proteção e por que são importantes para o Brasil. 56/247 Considerações Finais • Analisamos o conceito de Propriedade Industrial e os mecanismos de proteção de- finidos pela Lei n° 9.279 de 1996: patentes de invenção e modelos de utilidade; re- gistro de desenho industrial; registro de marca; repressão às falsas indicações geo- gráficas; e repressão à concorrência desleal. • Explicamos o conceito do Desenho Industrial, o qual protege só a parte ornamental e estética de um objeto, mas não se preocupa com a sua funcionalidade. Os dese- nhos industriais têm uma proteção de 10 anos que podem ser prorrogáveis até no máximo 25 anos. • Apresentamos as principais características das marcas que são as que distinguem visualmente um produto ou um serviço da concorrência. No Brasil, o registro de mar- ca é válido por 10 anos, podendo ser prorrogável por períodos iguais ou sucessivos. • Finalmente explicamos as Indicações Geográficas (IG) e sua classificação em Indica- ções de Procedência e Denominações de Origem. As IG são muitoimportantes para dar valor agregado aos produtos e serviços de determinada região ou localidade. Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial57/247 Referências ADPIC. Acordo sobre os aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio. Firmado em Marrocos, em 15 de abril de 1994. Disponível em: <http://www.wipo.int/ treaties/es/text.jsp?file_id=305906#part2.3>. Acesso em: 22 jul. 2017. BRASIL. Lei da Propriedade Industrial nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. CONVENÇÃO DE PARIS. Convenção de Paris para a proteção da Propriedade Industrial, de 20 de março de 1883. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/ anexo/and1263-94.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2017. INPI. A beleza exterior: Uma introdução aos Desenhos Industriais para as pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: INPI, 2013a. INPI-SEBRAE. Catálogo de Indicações Geográficas Brasileiras. INPI/Sebrae (2016). Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/indicacao-geografica/publicacoes>. Acesso em: 19 jul. 2017. INPI-SENAI. Inovação e Propriedade Intelectual: Guia para o docente. Brasília: SENAI, 2010. http://www.wipo.int/treaties/es/text.jsp?file_id=305906#part2.3 http://www.wipo.int/treaties/es/text.jsp?file_id=305906#part2.3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/anexo/and1263-94.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/anexo/and1263-94.pdf http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/indicacao-geografica/publicacoes Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial58/247 OMPI. Las indicaciones geográficas: Introducción. Disponível em: <http://www.wipo.int/edocs/ pubdocs/es/geographical/952/wipo_pub_952.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2017. OMPI-INPI. Curso de Propriedade Intelectual à distância. Módulo 5: Indicações Geográficas IG, 2016. http://www.wipo.int/edocs/pubdocs/es/geographical/952/wipo_pub_952.pdf http://www.wipo.int/edocs/pubdocs/es/geographical/952/wipo_pub_952.pdf 59/247 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Aspectos em Propriedade Indus- trial. Bloco I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d6bf6291ef3a4acfc0da92dd9cb2a50d>. Aula 2 - Tema: Aspectos em Propriedade Indus- trial. Bloco II Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 9d8556d10befd2c8cdedd0f4734c2fb6>. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d6bf6291ef3a4acfc0da92dd9cb2a50d https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d6bf6291ef3a4acfc0da92dd9cb2a50d https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d6bf6291ef3a4acfc0da92dd9cb2a50d https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/9d8556d10befd2c8cdedd0f4734c2fb6 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/9d8556d10befd2c8cdedd0f4734c2fb6 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/9d8556d10befd2c8cdedd0f4734c2fb6 60/247 1. Em qual destas indústrias não se aplica a proteção por meio de Propriedade Industrial? a) Indústrias extrativas. b) Comércio. c) Indústria cinematográfica. d) Indústrias agrícolas. e) Indústria automobilística. Questão 1 61/247 2. No Brasil, qual destas características devem ser levadas em consideração para outorgar um registro de Desenho Industrial? Questão 2 a) Novidade e originalidade. b) Melhora funcional. c) Solução técnica. d) Nível inventivo. e) Certificação de origem. 62/247 3. O conceito: “marca usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas” corres- ponde a: Questão 3 a) Marca nominativa. b) Marca coletiva. c) Marca figurativa. d) Marca mista. e) Marca de certificação. 63/247 4. Qual(is) das seguintes características se aplica(m) exclusivamente nas Deno- minações de Origem? Questão 4 a) As características do produto ou serviço se devem fundamentalmente ao meio geográfico onde foi produzido, incluindo fatores humanos e naturais. b) Especificação da região ou território de origem do bem ou serviço. c) Certificação da qualidade do produto ou serviço. d) Reconhecimento das tradições e cultura da região onde foi produzido o bem ou serviço. e) Criação de um vínculo de confiança com o consumidor. 64/247 5. Qual das seguintes indicações geográficas é considerada como Denomi- nação de Origem? Questão 5 a) Pampa Gaúcho: carne bovina e seus derivados. b) Divina Pastora: renda de agulha em lace. c) Maracaju: linguiça. d) Costa Negra: camarões. e) Goiabeiras: panelas de barro. 65/247 Gabarito 1. Resposta: C. A indústria cinematográfica é protegida pe- los Direitos de Autor, não pela Propriedade Industrial. 2. Resposta: A. Para outorgar um registro de desenho in- dustrial é necessário que o objeto seja novo e criativo, não precisa ser uma solução téc- nica a um problema, só deve se preocupar com os aspectos estéticos. 3. Resposta: E. A definição corresponde à Marca de Certi- ficação, a qual é utilizada para determinar a qualidade, material utilizado ou metodo- logia empregada na fabricação de um pro- duto. 4. Resposta: A. Para outorgar uma Denominação de Ori- gem é necessário que as características do produto ou serviço estejam exclusivamente relacionadas ao meio geográfico onde foi produzido, incluindo fatores humanos e na- turais. As outras opções de resposta se apli- cam tanto para Indicações de Procedência quanto para Denominações de Origem. 5. Resposta: D. Para outorgar uma Denominação de Ori- gem é necessário que as características do produto ou serviço estejam exclusivamente 66/247 Gabarito relacionadas ao meio geográfico onde foi produzido, incluindo fatores humanos e na- turais. As outras opções de resposta se apli- cam tanto para Indicações de Procedência quanto para Denominações de Origem. 67/247 Unidade 3 Patentes Objetivos 1. Entender o conceito de patente e os requisitos para obter uma patente; 2. Diferenciar os dois tipos de patentes: Patente de invenção e Modelo de Uti- lidade; 3. Definir os principais elementos de um documento de patente. Unidade 3 • Patentes68/247 Introdução As patentes que fazem parte da proprieda- de industrial constituem uma das princi- pais formas de proteger as invenções que desenvolvem as pessoas, empresas ou ins- tituições. Representam um insumo-chave para a inovação porque são invenções que podem ter sucesso no mercado. Na primei- ra parte desta seção, se explica o que é uma patente e o que não é patenteável, para isso, foi diferenciado o conceito de invenção e de descoberta. Além disso, se apresentam os principais requisitos para obter uma paten- te: novidade, atividade inventiva, aplicação industrial e suficiência descritiva. Posterior- mente, se apresentam as principais diferen- ças entre uma patente de invenção e uma patente de modelo de utilidade. Essa carac- terização está baseada na Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996, que regula direitos e obrigações relativos à propriedade indus- trial no Brasil. Na terceira parte da seção, se apresentam as principais componentes de um documento de patente, no qual se des- tacam as reinvindicações, que são o que de- fine o escopo de proteção. Finalmente, para compreender claramente as partes de um documento de patente, se apresenta o caso da patente “Meios e método para a cria- ção de uma ilusão anti-gravidade” outor- gada ao cantor Michael Jackson, em 1993. Esse exemplo indica que as solicitudes de patentes não só são feitas por empresas de grande porte ou por universidades, mas que qualquer pessoa com uma boainvenção pode apresentar uma patente. Unidade 3 • Patentes69/247 1. O Que é uma Patente? A patente é um título legal, outorgado pelo Estado, que documenta e legitima tempo- rariamente o direito exclusivo de explorar uma invenção. Esse título de propriedade impede a fabricação, venda ou utilização comercial por terceiros, tornando a pro- priedade em questão protegida num pe- ríodo de tempo. O inventor deve revelar detalhadamente a maneira de produzir e utilizar uma invenção para favorecer o pro- gresso tecnológico. Para entender melhor o que é uma paten- te, é importante diferenciar os conceitos de invenção e descoberta. Uma descober- ta consiste na revelação de algo (ou fenô- meno) até então ignorado, mas já existente na natureza, o qual é determinado através da capacidade de observação. Por exem- plo: formulação da Lei de gravidade. Por sua vez, uma invenção é uma solução material para um problema específico e é resultado de um esforço intelectual e da capacidade de criação dos seres humanos. Por exemplo, o ácido acetilsalicílico, criado em 1867, e conhecido comercialmente como aspirina. Assim, as invenções são patenteáveis, as descobertas não! Neste sentido, é importante entender o que não é uma invenção, ou seja o que não é pa- tenteável: • As descobertas, as teorias científicas e os métodos matemáticos; • Concepções puramente abstratas; Unidade 3 • Patentes70/247 • Esquemas, planos, princípios ou mé- todos comerciais, contábeis, financei- ros, educativos, publicitários, de sor- teio e de fiscalização; • As obras literárias, arquitetônicas e científicas ou qualquer criação esté- tica; • Os programas de computador em si; • As formas de apresentação da infor- mação; • Regras de jogo; • Técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos tera- pêuticos ou de diagnóstico para apli- cação no corpo humano ou animal; • O todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os pro- cessos biológicos naturais. Além disso, não pode ser patenteado o que for contrário à moral, aos bons costumes, à segurança, à ordem e à saúde pública. As ideias também não podem ser patenteadas! Assim, uma patente é um título associado a um documento e a um direito. Se reconhece o direito de exercer ações legais para impe- dir a exploração de uma invenção a um ter- ceiro, com o requisito de que a patente seja pública. Unidade 3 • Patentes71/247 A exploração pode ser a comercialização ex- clusiva e direta do produto patenteado, ou por meio de terceiros outorgando licenças, ou transferindo os direitos obtidos através da venda para que um terceiro explore a in- venção. 1.1. Requisitos para obter uma patente Segundo a Lei de Propriedade Industrial nº 9.279/1996, há quatro (4) requisitos bási- cos para outorgar uma patente: novidade; atividade inventiva, aplicação industrial e suficiência descritiva, a saber: • Novidade: a matéria objeto da pes- quisa precisa ser nova, ou melhor, não pode ter sido revelada previamente, seja por via oral, escrita ou pelo seu uso; logo, não pode pertencer ao es- tado da técnica. • Atividade inventiva: os resultados da pesquisa não podem ser óbvios para um técnico especializado no assun- to, ou seja, não podem ser resultantes de uma mera combinação de fatores já pertencentes ao estado da técnica sem que haja um efeito técnico novo e inesperado, nem uma simples subs- tituição de meios ou materiais conhe- cidos por outros que tenham a mesma função conhecida. • Aplicação Industrial: a invenção deve ter aplicação seriada e industrial e pode ser utilizada ou produzida em qualquer tipo de indústria. Unidade 3 • Patentes72/247 • Suficiência descritiva: o relatório do pedido de patente deverá descrever clara e suficien- temente o objeto, de modo a possibilitar sua realização por técnico no assunto e indicar, quando for o caso, a melhor forma de execução. Assim, antes de fazer o pedido de patente, deve-se verificar que se cumprem com todos esses requi- sitos, que são os que certificam que uma invenção é objeto de proteção por meio de uma patente. Para saber mais O Estado da técnica é definido no Artigo 11, parágrafo 1 da Lei de Propriedade Industrial n° 9.279, 1996 ([s.p.]): estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao pú- blico antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil e no exterior. Nesse sentido, se uma pessoa quer proteger sua invenção por meio de uma patente, não pode publicar nenhuma informação sobre ela, ou seja, deve evitar publicar informações em artigos científicos, eventos acadêmicos ou feiras comerciais. Unidade 3 • Patentes73/247 2. Tipos de Patentes Há dois tipos de patentes, as quais se dife- renciam segundo seu grau de inventividade: patente de invenção e patente de modelo de utilidade. 2.1. Patente de Invenção Protege todo novo procedimento, método de fabricação, máquina, aparato ou nova solução técnica a um problema. Deve aten- der aos requisitos de patenteabilidade: no- vidade, atividade inventiva, aplicação in- dustrial e suficiência descritiva. Segundo o Artigo 40 da Lei n° 9.279/1996 a patente de invenção tem uma proteção de 20 anos a partir da data de depósito. 2.2. Patente de Modelo de Utili- dade Segundo o Artigo 9 da Lei n° 9.279/1996, uma patente de modelo de utilidade é uma proteção de um objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação indus- trial, que apresente nova forma ou disposi- ção, envolvendo ato inventivo que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua Link Para o conhecer em detalhe a Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996, que regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, veja o seguinte link: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9279.htm>. Acesso em: 18 set. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm Unidade 3 • Patentes74/247 fabricação. Se entende por melhoria fun- cional uma nova forma, disposição ou efei- to técnico que propiciem mais comodidade ao usuário. Assim, a patente de modelo de utilidade sempre está vinculada a um objeto de uso prático (ou parte dele), mas que me- lhore seu uso ou produção. As características de novidade absoluta, aplicação industrial e suficiência descriti- va são também requeridas, porém, com um menor grau de inventividade (INPI-SENAI, 2010). Sua validade é de 15 anos a partir da data de depósito. No nível internacional, as patentes de mode- lo de utilidade podem representar algumas vantagens frente às patentes de invenção: i) as condições da concessão são menos rigo- rosas; ii) o processo de concessão pode ser mais rápido e mais simples; iii) as taxas de aquisição e de manutenção são geralmente mais baixas (INPI, 2013). Um exemplo que permite identificar as di- ferenças entre uma patente de invenção, modelo de utilidade e desenho industrial é a evolução tecnológica do telefone, apresen- tada na Figura 1. Unidade 3 • Patentes75/247 Figura 1 | Avanço tecnológico do telefone Fonte: Branco (2011, p. 49). Unidade 3 • Patentes76/247 A Figura 1 representa a evolução tecnoló- gica do telefone. A primeira coluna de cima para baixo representa diferentes patentes de invenção do telefone que evidenciam o avanço tecnológico dessa invenção. A pri- meira delas foi outorgada ao Alexander Graham Bell em 1876, posteriormente foi outorgada uma patente à Western Electric pelo sistema de disco, em 1921. Finalmen- te, em 1941 foi outorgada outra patente de invenção à Western Electric pela discagem por tom. Da esquerda para a direita se re- presentam as melhorias funcionais por pa- tentes de modelo de utilidade e finalmente as alterações no desenho, identificadas por diferentes desenhos industriais. 3. Estrutura dos Documentos de PatentesTodos os documentos de patentes têm a mesma estrutura, o que permite fazer aná- lises de patentes ou patentometria para identificar as diferentes tendências e evo- lução de determinada tecnologia. Os docu- mentos de patentes descrevem a natureza da invenção, incluindo instruções sobre a maneira de realizar a invenção. Além disso, fornecem pormenores sobre o inventor, o titular da patente e outras informações le- gais (INPI, 2013). Unidade 3 • Patentes77/247 Em continuidade, se apresentam as princi- pais partes de um documento de patente. Primeira página: Na primeira página da pa- tente, se encontram os aspectos gerais que identificam a patente: • Classificação Internacional de Paten- tes: Identifica o campo técnico; • Data de prioridade: Essa data é de grande importância jurídica, já que com ela se outorga o direito de prio- ridade e se delimita o estado da téc- nica. Essa data define o ano em que se registrou a patente, ou seja, ou ano de origem da invenção; • Data de publicação da patente: Essa é a data que representa quando a patente teve acesso ao público. As- sim, se evita a concessão de direitos a invenções similares. Com essa data se determina quantos anos tem a in- venção e a sua vigência. Se a proteção tem caducado, essa invenção pode ser utilizada sem permissão do titular; • Número da patente: É o número que o respectivo escritório de patentes ou- Para saber mais A análise de patentes ou patentometria é a aplica- ção de métodos estatísticos e matemáticos para medir informação de patentes com o objetivo de identificar e analisar suas características, incluin- do tendências, impacto, agrupações temáticas e desenvolvimentos crescentes ou decrescentes (CASTELLANOS; FÚQUENE; RÁMIREZ, 2011). Unidade 3 • Patentes78/247 torga ao pedido de patente para sua identificação durante o processo de solicitude; • Identificação do solicitante e do in- ventor: Esses são dados muito impor- tantes do ponto de vista comercial. A partir dessa informação é possível localizar as fontes da tecnologia, as condições de uma possível licença, as atividades de invenção de uma em- presa, entre outros; • Título da invenção: Resume o objeto da invenção, deve ter uma extensão li- mitada e ser preciso; • Resumo: Deve descrever a solução do problema técnico com o objeto da in- venção; • Patentes citadas: São as patentes que o inventor consultou para escrever a sua patente. Essa informação é im- portante porque identifica os antece- dentes da invenção. • Desenho característico: Muitas soli- citudes de patentes têm uma repre- sentação gráfica do objeto da inven- ção para uma maior compreensão do objeto da patente. Os desenhos mos- tram os pormenores técnicos da in- venção de um modo abstrato e visual (INPI, 2013). Nas páginas seguintes todas as patentes devem ter a seguinte informação: • Antecedentes da invenção: Deve des- crever o objetivo da invenção e a des- crição do estado da arte; Unidade 3 • Patentes79/247 • Resumo da invenção; • Breve descrição dos desenhos; • Descrição da forma de realização pre- ferida; • Reinvindicações: São as característi- cas técnicas e de novidade da inven- ção, para as quais se reclama a pro- teção legal da patente. Essa é a parte mais importante das patentes. Devem estar bem definidas e basear-se na descrição. As reinvindicações são o que foi efetivamente protegido. 4. Caso de Estudo: Patente de Michael Jackson Todos conhecemos Michael Jackson como um excelente cantor e artista. Além de suas virtudes artísticas, também tinha habilida- des como inventor. Depois de seu sucesso com o vídeo da música “Smooth Criminal”, Para saber mais As reinvindicações determinam o escopo da in- venção. São muito importantes, porque se forem mal redigidas, embora a patente seja valiosa, po- de-se tornar inútil. Quando há litígios sobre pa- tentes, o primeiro passo que é feito é analisar as reinvindicações para determinar se a patente é válida ou teve alguma transgressão. Unidade 3 • Patentes80/247 ele queria fazer nos shows ao vivo aquele passo de dança onde simulava estar caindo. Assim, chamou os inventores Michael L. Bush e Dennis Tompkins para que lhe ajudassem a desenhar um dispositivo que permitiria criar uma ilusão antigravidade daquele passo de dança. O título da patente é “Meios e método para a criação de uma ilusão antigravidade” em inglês: “Method and means for creating anti-gravity illusion” e foi concedida pelo Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos USPTO, no ano 1993. Para compreender melhor as partes de um documento de patente, a seguinte figura apresenta a primeira página do documento da patente de Michael Jackson, onde se si- nalizam as principais partes: número e data de publicação da patente; título; inventor e solicitante; data de prioridade; classificação internacional de patentes; resumo; patentes citadas; desenho representativo. A primeira página de um documento de patente é pra- ticamente a mesma para todas as patentes de invenção e de modelo de utilidade. Link Para entender melhor em que consiste a patente de Michael Jackson, veja o seguinte vídeo: Dispo- nível em: <https://www.youtube.com/wat- ch?v=pch3hoUtfJ0>. Acesso em: 18 set. 2017. https://www.youtube.com/watch?v=pch3hoUtfJ0 https://www.youtube.com/watch?v=pch3hoUtfJ0 Unidade 3 • Patentes81/247 Figura 2 | Primeira página do documento de patente “Method and means for creating anti-gravity illusion” Fonte: Jackson et al (1993, [p.1.]). Unidade 3 • Patentes82/247 Outros desenhos que se encontram dentro do documento da patente e que permitem identificar o funcionamento do dispositivo se apresentam na continuação. Figura 3 | Imagens do documento de patente de Jackson Fonte: Jackon et al (1993, [p.2,3.]). Unidade 3 • Patentes83/247 Link Para conhecer o documento completo da patente de Michael Jackson que está depositado na Oficina de Patentes dos Estados Unidos (USPTO), consulte o link a seguir. Disponível em: <http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Par ser?Sect1=PTO1&Sect2=HITOFF&d=PAL L&p=1&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsrch num.htm&r=1&f=G&l=50&s1=5255452. PN.&OS=PN/5255452&RS=PN/525545z>. Acesso em: 18 set. 2017. http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Parser?Sect1=PTO1&Sect2=HITOFF&d=PALL&p=1&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsrchnum.htm&r=1&f=G&l=50&s1=5255452.PN.&OS=PN/5255452&RS=PN/525545z http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Parser?Sect1=PTO1&Sect2=HITOFF&d=PALL&p=1&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsrchnum.htm&r=1&f=G&l=50&s1=5255452.PN.&OS=PN/5255452&RS=PN/525545z http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Parser?Sect1=PTO1&Sect2=HITOFF&d=PALL&p=1&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsrchnum.htm&r=1&f=G&l=50&s1=5255452.PN.&OS=PN/5255452&RS=PN/525545z http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Parser?Sect1=PTO1&Sect2=HITOFF&d=PALL&p=1&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsrchnum.htm&r=1&f=G&l=50&s1=5255452.PN.&OS=PN/5255452&RS=PN/525545z http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Parser?Sect1=PTO1&Sect2=HITOFF&d=PALL&p=1&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsrchnum.htm&r=1&f=G&l=50&s1=5255452.PN.&OS=PN/5255452&RS=PN/525545z Unidade 3 • Patentes84/247 Glossário Escritório de patentes: São os organismos oficiais onde se realiza a solicitude de patente. Cada país tem seu próprio escritório de patentes, no caso do Brasil é o INPI. Também há escritórios de patentes internacionais ou regionais, como a Oficina Europeia de Patentes. Genoma: É o conjunto de genes contidos nos cromossomas, ou seja, a totalidade do material genético que tem um organismo ou espécie em particular. Em biotecnologia, o genoma é toda a informação hereditária de um organismo que está codificada em seu DNA. Germoplasma: É o conjunto de genes que se transmite pela reprodução à descendência por meio de gametas ou células reprodutoras. O conceito de germoplasma se utiliza para designar a di- versidade genética das espécies vegetais silvestres e cultivadas de interesse para a agricultura. Questão reflexão ? para 85/247 Neste tema foram apresentadas as principais diferen- ças entre uma patente
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