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Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção Curso de Engenharia Mecânica Aline Silveira dos Santos Silvestre Aleffy Almeida da Costa Andrade Ana Beatriz Araújo de Carvalho Ivo Augusto Mudo Moreira PROTEÇÃO CONTRA RUÍDOS João Pessoa 2018 Aline Silveira dos Santos Silvestre Aleffy Almeida da Costa Andrade Ana Beatriz Araújo de Carvalho Ivo Augusto Mudo Moreira PROTEÇÃO CONTRA RUÍDOS Trabalho referente a apresentação do seminário realizado no curso de Segurança Industrial, como parte das atividades para obtenção da nota. Orientador: Profª D.ra Maria do Socorro Márcia Lopes Souto João Pessoa 2018 SUMÁRIO 1. Introdução 5 2. Ruído e suas características 6 2.1 Mensuração Acústica 6 3. Meios de prevenção e controle dos ruídos 7 3.1 Eliminar a produção de ruídos 7 3.2. Isolar os ruídos na fonte 8 3.3 Instalação de amortecedores de vibração, silenciadores e supressores de ruídos 8 3.4 Meios de controle 8 4. Conclusão 10 5. Referências 11 1. Introdução Os sons encontrados nos ambientes de trabalho possuem diversas intensidades, e podem ser desejáveis ou não. Faz-se necessário avaliar o limiar entre som e ruído, uma vez que ambos podem inferir benefícios e malefícios ao homem. O som por tratar-se de uma onda com características periódicas e harmônicas tem como principais papéis as funções: desejável (quando este é útil e contribui para o bem-estar do homem), imprescindível (como os sons necessários para resgates em florestas onde a visão é limitada) e indesejável (músicas altas que incomodam). O ruído, por sua vez, apenas é indesejável, aperiódico e acarreta malefícios ao homem. Sendo assim, ambos se caracterizam como ondas mecânicas que dependem de um meio para propagar-se. O choque resultante entre as moléculas produz uma pressão atmosférica, a qual interage com o sistema auditivo humano e dá início à audição. Quanto maior essa pressão, maior os choques e o volume ocupado por essas moléculas. Logo, o conceito de “volume” utilizado no cotidiano está intrinsecamente ligado à intensidade sonora. Vale salientar a característica “timbre”, a qual está relacionada aos sons agudos e graves. Com base nesses conceitos, que são indispensáveis para melhor compreensão a respeito dos ruídos - principalmente de suas causas e consequências - buscamos portanto, observar criticamente as dimensões desses danos, e modelos que atenuem a problemática de forma laboral e aplicável às condições pertinentes a sua exposição. 2. Ruído e suas características O sistema auditivo humano é dividido didaticamente em: ouvido externo (trata-se do pavilhão auricular, que é responsável em captar as ondas sonoras), ouvido médio (a estrutura “tímpano” presente nessa estrutura transmite os impulsos sonoros para ossículos, transformando a onda sonora em uma força hidráulica), ouvido interno (composto pela “cóclea”, a qual é responsável por captar os estímulos dos ossículos e transformá-los em impulsos nervosos). Destarte, ruídos de mensuração alta pode afetar diretamente essas estruturas e provocar danos irreparáveis ao longo da exposição com o mesmo. Pode-se citar: surdez temporária, permanente e irritabilidade. Pode-se citar também efeitos indiretos causados pela perda gradativa da audição, tais como: isolamento social, hipertensão arterial, fadiga e perturbações no sono. Tabela 1 - EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS DA EXPOSIÇÃO AOS RUÍDOS PROFISSIONAIS Fonte: MATTOS E MÁSCULOS. 2.1 Mensuração Acústica O som é medido através das relações entre os sons mais baixos e os sons mais altos, para lidar com as variações de pressão e intensidade, adotou-se uma logarítmica, o bel, que pode ser descrita pela seguinte equação (MATTOS E MÁSCULO): 1 dB = 10 * log (I (existente) / I (padrão)) Como pode ser visto na equação, na prática utiliza-se um décimo do bel, que é o decibel (dB). A equação também nos informa que a escala de decibéis cresce de forma logarítmica, ou seja, para alterar um valor do som em dB é necessário realizar uma alteração muito grande. Nos aparelhos de mensuração sonora existem escalas diferentes para identificar os sons presentes no ambiente e os sons que chegam ao ouvido humano. A Norma Regulamentadora (NR) 15, determina que os ruídos presentes no ambiente (como os emitidos pelas máquinas) devem ser medidos na escala de dB(A), e os ruídos à altura da orelha do trabalhador seja medido em dB(C). A NR 15 também estabelece os limites de tolerância para os ruídos contínuos e intermitentes (escala A, tabela 1) e para ruídos de impacto (escala C) e classifica os ruídos de impacto como aqueles que têm um intervalo superior a um segundo e os contínuos e intermitentes como os que possuem intervalos inferiores a um segundo. Tabela 2 - LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE Fonte: NR 15 3. Meios de prevenção e controle dos ruídos A produção de ruídos no ambiente industrial é muito frequente devido à grande quantidade de máquinas e equipamentos. Tendo em vista os impactos causados aos trabalhadores pela exposição contínua aos ruídos, faz se necessário a aplicação de meios de controle e/ou preventivos que cessem ou evitem a sua propagação e, consequentemente, seus danos. Desta forma, contribuímos para um ambiente mais saudável e seguro. Usualmente, quando se trata de ruídos, a solução dada por muitas empresas é o uso de protetores auriculares (medidas individuais). No entanto, em um ambiente coletivo, é necessário que sejam tomadas medidas coletivas, por serem muito mais eficientes. É preciso lembrar ainda que, programas de prevenção e controle de ruídos deve ser de inteiro interesse da própria indústria e empresa, uma vez que, evita acidentes e seus consequentes gastos, além de proporcionar um melhor rendimento dos trabalhadores. Existem vários meios de combater os ruídos, a mais eficiente certamente é a ação diretamente na fonte, mas geralmente há vários limitantes. A mais utilizada é a ação no meio, há menos limitantes e é também muito eficiente. O método menos eficaz é, portanto, no operador (“vítima”). Imagem 1 – AS LINHAS DE DEFESA DO TRABALHADOR Fonte: MATTOS E MÁSCULO 3.1 Eliminar a produção de ruídos A melhor maneira de evitar o ruído é, decerto, eliminando a sua produção. Ou seja, impedindo os processos vibratórios nas máquinas e equipamentos, pois muitos dos ruídos são provenientes das irregularidades destes. Deste modo, substituir as máquinas ou peças que estão causando ruídos torna-se bastante viável para diminuir e eliminar os ruídos. A seguir temos uma tabela (Tabela 3) com os principais causadores dos ruídos e suas possíveis soluções. Tabela 3 – CAUSAS DOS RUÍDOS EM MÁQUINAS E ENCAMINHAMENTOS DE MANUTENÇÃO Fonte: MATTOS E MÁSCULO Logo, é imprescindível que manutenções frequentes sejam realizadas nos equipamentos, de modo a garantir seu bom funcionamento e, por conseguinte, evitar a produção de ruídos. Nesse contexto, simples medidas devem ser tomadas, tendo como exemplo manter as engrenagens lubrificada e usar revestimentos de borracha ou plástico de grande resistência no amortecimento de choques. É notável a real eficácia da eliminação dos ruídos. Contudo, existem algumas limitantes para tal: técnica, administrativa e financeira. O limite técnico deve-se a grande dificuldade de encontrar tais problemas ou a empecilhos físicos e lógicos relacionados. Os limites administrativos, por sua vez, é geralmente o maior obstáculo pois envolve muita burocracia, em relação ao poder. Além do mais, há pessoas e elementos técnicos que integram o próprio processo de trabalho, e que não se pode coibi-los. Os limites financeiros também são fatores cruciais, mas para isto, temos a relação custo-benefício para determinar se tal ação é tangível ou não. 3.2. Isolar os ruídos na fonte É o método mais utilizado pelas indústrias, já que possuem menos restrições. O isolamento acústico, neste caso, é feito pelo enclausuramento de máquinas ou de dispositivos ruidosos - isto é, diretamente na fonte-, e por isso é muitoeficaz. Imagem 2 – REVESTIMENTO ACÚSTICO EXTERNO DE MÁQUINAS Fonte: MATTOS E MÁSCULO Acima, temos, na Figura 11.10, exemplos de máquinas com isolamento acústico. Algumas soluções aplicadas para o enclausaramento acústico de máquinas são: cabinas acústicas, barreiras acústicas, portas acústicas, venezianas acústicas, atenuadores de ruídos, materiais absorvedores, etc. Em cada revestimento acústico é feito com um material de acordo com a frequência de vibração de cada equipamento e dispositivo. 3.3 Instalação de amortecedores de vibração, silenciadores e supressores de ruídos Dispositivos como amortecedores de vibração, silenciadores e supressores de ruídos, também são fundamentais no controle dos ruídos, pois eles impedem a propagação do ruído nas vias aéreas através de ressonância ou dissipação. Em geral, os supressores de ruídos (mais conhecidos como silenciadores) são instalados nas saídas de vapor das máquinas, diminuindo a velocidade de descarga dos gases e, portanto, minimizando o ruído excessivo gerado. Os amortecedores de vibrações, por sua vez, são implantados em máquinas, absorvendo as vibrações geradas, evitando sua propagação no meio e, também, protegendo as estruturas. Imagem 3 – AMORTECEDORES DE VIBRAÇÃO E SEU EMPREGO EM PROJETOS INDUSTRIAIS Fonte: MATTOS E MÁSCULO 3.4 Isolamento arquitetônico Quando não é possível o controle do ruído na fonte, ou a redução obtida foi insuficiente, pode-se intervir no processo de propagação do ruído a fim de reduzir seus efeitos. O Isolamento arquitetônico consiste em planejar e organizar o espaço de modo a separar ambientes mais ruidosos dos menos ruidoso. Seguindo as regras de tratamento acústico em recintos fechados da NBR 12179 e dentro dos níveis de ruído para conforto acústico da NBR 10152. Imagem 4 – ISOLAMENTO ACÚSTICO (LEI DA MASSA) Fonte: MATTOS E MÁSCULO 3.5 Controle da trajetória de transmissão do ruído Outro modo de se intervir na propagação dos ruídos é através do controle da trajetória de transmissão do ruído. Sabendo do aspecto ondulatório e geométrico do ruído, é possível reduzir a intensidade do ruído com o distanciamento entre a fonte e o receptor bem como, direcionar as ondas sonoras para lugares com menor efeito deletério de acordo com a situação em que se encontra a fonte de ruído e as condições de reflexão, absorção ou difração do som no local. 3.6 Correção acústica A correção acústica, por sua vez, fundamenta-se em controlar o fenômeno acústico da reverberação ("eco") em um recinto com a finalidade obter o tempo ótimo de reverberação estabelecido na NBR 12179, dessa forma diminuindo o desconforto acústico. Para tanto são utilizados materiais que absorvem parte da energia sonora conseguindo o efeito desejado. Imagem 5 – FENÔMENO ACÚSTICO DA REVERBAÇÃO Fonte: MATTOS E MÁSCULO 3.7 Meios de proteção Os meios de proteção tratam-se de uma intervenção sobre o operador, e não constitui um método muito eficiente, pois interferem na comunicação entre os trabalhadores e, consequentemente, na produtividade. Em geral, os meios de proteção se limitam ao uso de Equipamentos Individual de Proteção (EPI) e contra os ruídos, especificamente, aos protetores auriculares/auditivos. O uso do EPI deve, portanto, ser considerado apenas como um complemento e não como uma solução contra os ruídos. Além disso, a NR6 estabelece o uso obrigatório de EPIs quando a atividade operacional oferecer algum risco à segurança e à saúde do trabalhador, cabendo ao empregador disponibilizá-los e instruir ao empregado, e a estes, usá-los. 4. Conclusão Com esta pesquisa concluímos que os ruídos necessitam de mais atenção no ambiente laboral, tendo em vista que este é um dos causadores de doenças do trabalho, e tal como, age de forma silenciosa, não sendo perceptível pelo trabalhador até que a doença esteja em um grau muito avançado. Assim, é fundamental priorizar as formas de controle na fonte que atuam não só prevenindo, mas também controlando o ruído, evitando ou diminuindo a exposição do trabalhador. 5. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10151: Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade - Procedimento. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987. BRASIL. Ministério de Estado do Trabalho. NR 15 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES. Brasília, 1978. 83p. MASCULO, Francisco. MATTOS, Ubirajara. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier/Abepro, 2011.