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aula 3- Responsabilidade Civil- parte 2

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Associação Educativa Evangélica 
FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES 
 Plantando Conhecimento para a Vida 
 
Responsabilidade Civil – Parte 2 
 
IV - FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL: 
 
A responsabilidade civil tem como objetivo a realização de processos 
sociais de adaptação, integração e continuidade de um convívio social 
pacífico. 
 
A doutrina desenvolveu diversas funções específicas, quais sejam: 
 
a) Função ressarcitória: na função ressarcitória temos o objetivo precípuo 
da responsabilidade civil, qual seja: retornar as coisas ao status quo 
ante, isto é, tanto quanto possível, repõe a vítima à situação anterior à 
lesão através da imposição de uma indenização. 
b) Função compensatória: existem diversos aspectos da vida de um 
indivíduo que embora componham seu patrimônio ideal, não possuem 
uma valoração direta, e portanto, não podem ser ressarcidos, não 
havendo como aplicar a função ressarcitória. A função compensatória 
garante à vítima a possibilidade de um benefício, tenha ou não 
natureza pecuniária, para neutralizar fatos negativos, os quais, na 
maioria das vezes, trazem sentimentos de tristeza e de dor 
ocasionados à vitima. O valor da indenização nesses casos, limita-se 
à reequilibrar a situação danosa com um conjunto de bens 
correspondentes. 
c) Função punitiva: garante uma modificação e conscientização do 
comportamento danoso do ofensor através da atribuição de uma 
sanção, consistindo esta na diminuição de seu patrimônio material. E, 
ainda, gera uma projeção social da indenização, ou seja, que a 
conduta do ofensor sirva de exemplo para outros. 
d) Função sócio-preventiva: esta função representa um esforço do 
legislador no sentido de evitar, de prevenir a infração. Trata-se de um 
mecanismo acautelatório da responsabilidade civil. A função sócio-
preventiva é pautada pelo princípio da prevenção, o qual estabelece 
um sistema jurídico baseado na prudência, criando, assim, um dever 
geral de segurança, o qual deve servir de leme para a 
responsabilidade civil. 
 
NO CDC temos a função sócio-preventiva de maneira evidenciada, 
especialmente com os mecanismos para a suspensão de 
publicidade enganosa e abusiva, bem como para a proibição de 
comercialização de produtos perigosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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V - REQUISITOS DO DANO INDENIZÁVEL: 
 
1 – violação de um interesse jurídico protegido – trata-se da diminuição 
ou destruição de um bem jurídico, patrimonial ou extrapatrimonial 
pertencente a uma pessoa natural ou jurídica. 
2 – certeza - ninguém poderá ser obrigado a compensar a vítima por um 
dano abstrato ou hipotético; 
3 – subsistência - o dano deve existir no momento de sua exigibilidade; 
4 – imediatidade - relação direta entre causa e efeito. 
 
VI - RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR: 
 
Não podemos olvidar que nas relações de consumo as dificuldades 
do consumidor em provar a culpa do fornecedor são inúmeras. 
 
Para o legislador, o fornecedor que exerce atividade lucrativa no 
mercado de consumo deve responder por eventuais vícios ou defeitos dos bens 
e serviços. Este dever está ligado à obediência de normas técnicas e de 
segurança (dever de segurança), bem como os critérios de lealdade perante os 
consumidores. 
 
O legislador adotou a regra da responsabilidade civil objetiva para 
a reparação dos danos aos consumidores. 
O Código de Defesa do Consumidor garante a efetiva reparação 
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos, em razão dos 
prejuízos causados nas relações de consumo, tudo em conformidade com o 
disposto no artigo 6º, inciso VI. 
A reparação dos prejuízos experimentados pelos consumidores 
deve ser efetiva, sendo proibida qualquer indenização tarifada. Ademais, o artigo 
25 proíbe a inserção de cláusulas contratuais que impossibilitem, exonerem ou 
atenuem a obrigação de indenizar estabelecida pelos arts. 12 a 21do Código de 
Defesa do Consumidor. 
O dano material e o moral são plenamente cumuláveis, conforme 
esclarece a Súmula n.º 37 do Superior Tribunal de Justiça. 
A responsabilidade solidária é decorrente de lei ou de vontade das 
partes (art. 896 do Código Civil). O Código de Defesa do Consumidor determina 
a solidariedade entre os fornecedores, na forma do art. 25, § 1º: “havendo mais 
de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente 
pela reparação”. 
Estabelece ainda o § 2º do mesmo artigo que “sendo o dano 
causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são 
responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou 
a incorporação”. 
Importante notar que a responsabilidade do comerciante será 
solidária somente em hipóteses mencionadas pelo Código CDC. 
A responsabilidade solidária gera a unidade da prestação, ou seja, 
qualquer que seja o número de devedores, o débito é sempre único, podendo o 
 
 
 
 
 
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consumidor exigir a reparação dos danos da qualquer dos fornecedores de 
produtos ou serviços, ou até mesmo, de somente um dos causadores do dano. 
 
VII - RESPONSABILIADE CIVIL PELO FATO DO PRODUTO E DO 
SERVIÇO: 
A responsabilidade pelo fato tem como objeto a falha do dever de 
segurança dos produtos e serviços postos em circulação no mercado de 
consumo. Na doutrina brasileira, há os que preferem a expressão acidente de 
consumo para caracterizar esta hipótese de responsabilidade, pois ela se 
materializa numa repercussão externa, atinge a incolumidade físico-psíquica do 
consumidor e do seu patrimônio. 
A segurança é um dos princípios norteadores da Política Nacional 
das Relações de Consumo (art. 4º CDC), sendo a segurança essência dos 
produtos e serviços postos em circulação, bem como dos seus instrumentos 
contratuais decorrentes. 
A violação ou o não atendimento do dever de segurança permite a 
caracterização do chamado “defeito” dos produtos e serviços ou vícios por 
insegurança. 
 
CONCEITO DE DEFEITO: Os produtos e serviços defeituosos podem ser 
definidos como os bens de consumo que não apresentam a segurança que deles 
o mercado legitimamente espera. 
 
VIII - CLASSIFICAÇÃO DOS DEFEITOS: 
1 – Defeito de criação ou de concepção: a falha de segurança está na 
estrutura, no projeto ou nas fórmulas do produto ou serviço. Possuem três traços 
característicos: inevitabilidade, dificuldade de previsão estatística, manifestação 
universal. 
2 – Defeito de produção ou fabricação: é o defeito decorrente da falha 
instalada no processo produtivo e está presente na fabricação, montagem, 
construção ou no acondicionamento do produto. Traços característicos: 
inevitabilidade, previsibilidade estatística quanto à sua freqüência e 
manifestação limitada em alguns consumidores. 
3 – Defeito de comercialização e informação: trata-se do defeito decorrente 
da apresentação do produto e do serviço ao consumidor, a qual inclui todo o 
processo de informação destinado ao mercado de consumo, manifestada 
principalmente na rotulagem, embalagem, instruções de uso e nas mensagens 
publicitárias. 
 
 
 
 
 
 
 
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IX - CRITÉRIOS DE VALORAÇÃO DOS DEFEITOS DOS PRODUTOS: 
 
a) Apresentação: (art. 12,§ 1º, I) – a apresentação consiste num ato 
unilateral do fornecedor para divulgação dos elementos característicos do 
produto. Deve ela funcionar como uma barreira eficaz à possível 
incidência ou materialização de defeitos, uma vez que o consumidor 
devidamente informado tem condições de avaliar os riscos no uso e 
fruição do bem adquirido; 
 
b) O uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam (art. 12, § 1º,II) a 
razoabilidade afasta a necessidade de uma segurança absoluta. Contudo 
o critério utilizado pelo CDC liga este dever à expectativa do consumidorem relação ao produto, no que tange à segurança que dele se espera; 
 
 
c) a época em que foi colocado em circulação (art. 12, § 1º, III) – o momento 
em que o produto foi colocado em circulação é o marco temporal para se 
averiguar a existência do defeito. A falha de segurança já deve existir no 
momento de sua colocação no mercado de consumo. 
 
X - IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO: 
 
 
O caput do artigo 12 indica quais são os responsáveis imputáveis 
pela reparação dos danos aos consumidores pelo fato do produto. 
 
A doutrina para melhor explicar define em três categorias distintas, 
a saber: 
 
a) fornecedor real: compreende o fabricante, produtor e construtor. O 
fabricante é a pessoa física ou jurídica que cria ou processa produtos 
em escala, seja artesanal ou industrial, para serem colocados no 
mercado de consumo. Já o produtos é quem coloca no mercado de 
consumo produtos da natureza, ou seja, produtos da agroindústria. 
Construtor é a pessoa que desenvolve atividades ligadas à 
incorporação civil, engenharia ou arquitetura. 
b) Fornecedor presumido: o importador de produto industrializado ou in 
natura. 
c) Fornecedor aparente: aquele que apõe seu nome ou marca no 
produto final. Pode ser visto como o fabricante ou produtor. 
 
XI - RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO: O COMERCIANTE 
 
O comerciante também pode ser responsabilizado pelo fato do 
produto na forma do artigo 13 do CDC. Aquele deverá indenizar o consumidor 
 
 
 
 
 
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sempre que não puder ser identificado ou quando não houver identificação do 
fornecedor (fabricante, construtor, produtor ou importador) ou ainda quando o 
comerciante não conservar adequadamente o produto. Trata-se de uma 
responsabilidade subsidiária. 
O comerciante que arca com a indenização terá o direito de 
regresso em face do causador do dano, devendo o comerciante demonstrar a 
culpa do fornecedor no evento danoso para ter os prejuízos ressarcidos.

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