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Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida Responsabilidade Civil – Parte 2 IV - FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL: A responsabilidade civil tem como objetivo a realização de processos sociais de adaptação, integração e continuidade de um convívio social pacífico. A doutrina desenvolveu diversas funções específicas, quais sejam: a) Função ressarcitória: na função ressarcitória temos o objetivo precípuo da responsabilidade civil, qual seja: retornar as coisas ao status quo ante, isto é, tanto quanto possível, repõe a vítima à situação anterior à lesão através da imposição de uma indenização. b) Função compensatória: existem diversos aspectos da vida de um indivíduo que embora componham seu patrimônio ideal, não possuem uma valoração direta, e portanto, não podem ser ressarcidos, não havendo como aplicar a função ressarcitória. A função compensatória garante à vítima a possibilidade de um benefício, tenha ou não natureza pecuniária, para neutralizar fatos negativos, os quais, na maioria das vezes, trazem sentimentos de tristeza e de dor ocasionados à vitima. O valor da indenização nesses casos, limita-se à reequilibrar a situação danosa com um conjunto de bens correspondentes. c) Função punitiva: garante uma modificação e conscientização do comportamento danoso do ofensor através da atribuição de uma sanção, consistindo esta na diminuição de seu patrimônio material. E, ainda, gera uma projeção social da indenização, ou seja, que a conduta do ofensor sirva de exemplo para outros. d) Função sócio-preventiva: esta função representa um esforço do legislador no sentido de evitar, de prevenir a infração. Trata-se de um mecanismo acautelatório da responsabilidade civil. A função sócio- preventiva é pautada pelo princípio da prevenção, o qual estabelece um sistema jurídico baseado na prudência, criando, assim, um dever geral de segurança, o qual deve servir de leme para a responsabilidade civil. NO CDC temos a função sócio-preventiva de maneira evidenciada, especialmente com os mecanismos para a suspensão de publicidade enganosa e abusiva, bem como para a proibição de comercialização de produtos perigosos. Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida V - REQUISITOS DO DANO INDENIZÁVEL: 1 – violação de um interesse jurídico protegido – trata-se da diminuição ou destruição de um bem jurídico, patrimonial ou extrapatrimonial pertencente a uma pessoa natural ou jurídica. 2 – certeza - ninguém poderá ser obrigado a compensar a vítima por um dano abstrato ou hipotético; 3 – subsistência - o dano deve existir no momento de sua exigibilidade; 4 – imediatidade - relação direta entre causa e efeito. VI - RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: Não podemos olvidar que nas relações de consumo as dificuldades do consumidor em provar a culpa do fornecedor são inúmeras. Para o legislador, o fornecedor que exerce atividade lucrativa no mercado de consumo deve responder por eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços. Este dever está ligado à obediência de normas técnicas e de segurança (dever de segurança), bem como os critérios de lealdade perante os consumidores. O legislador adotou a regra da responsabilidade civil objetiva para a reparação dos danos aos consumidores. O Código de Defesa do Consumidor garante a efetiva reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos, em razão dos prejuízos causados nas relações de consumo, tudo em conformidade com o disposto no artigo 6º, inciso VI. A reparação dos prejuízos experimentados pelos consumidores deve ser efetiva, sendo proibida qualquer indenização tarifada. Ademais, o artigo 25 proíbe a inserção de cláusulas contratuais que impossibilitem, exonerem ou atenuem a obrigação de indenizar estabelecida pelos arts. 12 a 21do Código de Defesa do Consumidor. O dano material e o moral são plenamente cumuláveis, conforme esclarece a Súmula n.º 37 do Superior Tribunal de Justiça. A responsabilidade solidária é decorrente de lei ou de vontade das partes (art. 896 do Código Civil). O Código de Defesa do Consumidor determina a solidariedade entre os fornecedores, na forma do art. 25, § 1º: “havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação”. Estabelece ainda o § 2º do mesmo artigo que “sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação”. Importante notar que a responsabilidade do comerciante será solidária somente em hipóteses mencionadas pelo Código CDC. A responsabilidade solidária gera a unidade da prestação, ou seja, qualquer que seja o número de devedores, o débito é sempre único, podendo o Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida consumidor exigir a reparação dos danos da qualquer dos fornecedores de produtos ou serviços, ou até mesmo, de somente um dos causadores do dano. VII - RESPONSABILIADE CIVIL PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO: A responsabilidade pelo fato tem como objeto a falha do dever de segurança dos produtos e serviços postos em circulação no mercado de consumo. Na doutrina brasileira, há os que preferem a expressão acidente de consumo para caracterizar esta hipótese de responsabilidade, pois ela se materializa numa repercussão externa, atinge a incolumidade físico-psíquica do consumidor e do seu patrimônio. A segurança é um dos princípios norteadores da Política Nacional das Relações de Consumo (art. 4º CDC), sendo a segurança essência dos produtos e serviços postos em circulação, bem como dos seus instrumentos contratuais decorrentes. A violação ou o não atendimento do dever de segurança permite a caracterização do chamado “defeito” dos produtos e serviços ou vícios por insegurança. CONCEITO DE DEFEITO: Os produtos e serviços defeituosos podem ser definidos como os bens de consumo que não apresentam a segurança que deles o mercado legitimamente espera. VIII - CLASSIFICAÇÃO DOS DEFEITOS: 1 – Defeito de criação ou de concepção: a falha de segurança está na estrutura, no projeto ou nas fórmulas do produto ou serviço. Possuem três traços característicos: inevitabilidade, dificuldade de previsão estatística, manifestação universal. 2 – Defeito de produção ou fabricação: é o defeito decorrente da falha instalada no processo produtivo e está presente na fabricação, montagem, construção ou no acondicionamento do produto. Traços característicos: inevitabilidade, previsibilidade estatística quanto à sua freqüência e manifestação limitada em alguns consumidores. 3 – Defeito de comercialização e informação: trata-se do defeito decorrente da apresentação do produto e do serviço ao consumidor, a qual inclui todo o processo de informação destinado ao mercado de consumo, manifestada principalmente na rotulagem, embalagem, instruções de uso e nas mensagens publicitárias. Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida IX - CRITÉRIOS DE VALORAÇÃO DOS DEFEITOS DOS PRODUTOS: a) Apresentação: (art. 12,§ 1º, I) – a apresentação consiste num ato unilateral do fornecedor para divulgação dos elementos característicos do produto. Deve ela funcionar como uma barreira eficaz à possível incidência ou materialização de defeitos, uma vez que o consumidor devidamente informado tem condições de avaliar os riscos no uso e fruição do bem adquirido; b) O uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam (art. 12, § 1º,II) a razoabilidade afasta a necessidade de uma segurança absoluta. Contudo o critério utilizado pelo CDC liga este dever à expectativa do consumidorem relação ao produto, no que tange à segurança que dele se espera; c) a época em que foi colocado em circulação (art. 12, § 1º, III) – o momento em que o produto foi colocado em circulação é o marco temporal para se averiguar a existência do defeito. A falha de segurança já deve existir no momento de sua colocação no mercado de consumo. X - IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO: O caput do artigo 12 indica quais são os responsáveis imputáveis pela reparação dos danos aos consumidores pelo fato do produto. A doutrina para melhor explicar define em três categorias distintas, a saber: a) fornecedor real: compreende o fabricante, produtor e construtor. O fabricante é a pessoa física ou jurídica que cria ou processa produtos em escala, seja artesanal ou industrial, para serem colocados no mercado de consumo. Já o produtos é quem coloca no mercado de consumo produtos da natureza, ou seja, produtos da agroindústria. Construtor é a pessoa que desenvolve atividades ligadas à incorporação civil, engenharia ou arquitetura. b) Fornecedor presumido: o importador de produto industrializado ou in natura. c) Fornecedor aparente: aquele que apõe seu nome ou marca no produto final. Pode ser visto como o fabricante ou produtor. XI - RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO: O COMERCIANTE O comerciante também pode ser responsabilizado pelo fato do produto na forma do artigo 13 do CDC. Aquele deverá indenizar o consumidor Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida sempre que não puder ser identificado ou quando não houver identificação do fornecedor (fabricante, construtor, produtor ou importador) ou ainda quando o comerciante não conservar adequadamente o produto. Trata-se de uma responsabilidade subsidiária. O comerciante que arca com a indenização terá o direito de regresso em face do causador do dano, devendo o comerciante demonstrar a culpa do fornecedor no evento danoso para ter os prejuízos ressarcidos.
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