Buscar

ARTIGO PÓS MARI 17 04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2
A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA AFETIVA
Mariselma Marques de Campos¹
Zuleide Miguel de Paula²
Resumo
Este artigo com o título a mediação pedagógica afetiva, levantará a seguinte pergunta norteadora: É possível ser profissionalmente afetivo ao lidar com situações de aprendizagem nas salas de aula? O objetivo central desta pesquisa será explanar como ocorre tal mediação. Para tanto, o mesmo será realizado em três etapas e em seguida uma proposta metodológica de pesquisa bibliográfica. Constatou-se que o afeto, um assunto pouco valorizado na educação escolar, se mostra fundamental na construção da pessoa e do conhecimento. Visitando pesquisas de alguns estudiosos sobre o tema, podemos perceber que a afetividade está presente na relação professor-aluno e depende do contexto sociocultural.
	
Palavras-chave: Afetividade. Educação. Mediação.
1 INTRODUÇÃO
O tema abordado no presente trabalho visa apresentar a mediação pedagógica afetiva. A afetividade acompanha o ser humano durante toda sua vida e desempenha um importante papel no seu desenvolvimento e em suas relações sociais, pois se sabe que o ser humano necessita de carinho, cuidados, atenção e estímulo. 
Na educação percebe-se a necessidade de incluir a afetividade como parte do currículo escolar devido ao percentual de alunos que convivem com uma família desestruturada, a qual não possui condições de propiciar ao aluno momentos afetivos, nos quais ele possa demonstrar seus medos, frustrações e através da afetividade superar tais limitações. Tal situação aos poucos vai dificultando seu convívio em sociedade e mudando sua personalidade, dificultando a interação social com os colegas e professores, prejudicando assim seu desenvolvimento e aprendizagem.
Ter consciência das relações afetivas que ocorrem de forma sensível e predominante nos momentos de mediação cotidianas está em consonância com a ideia de educação mais humana, tratando a criança como pessoa completa e possibilitando que o momento de aprendizado não se desvincule do ser criança, isto é, dos seus interesses e necessidades. 
_________________________
 Pedagogia – Uniasselvi. E-mail: mariselmacampos@hotmail.com
² Especialização em Sistemas Logísticos e Gestão em Tutoria- Uniasselvi. E-mail: zuleidempaula@hotmail.com
Todas as atitudes humanas são permeadas pelo afeto, que influência nas decisões a serem tomadas. Especificamente no contexto escolar, o professor não se limita a atuar na esfera cognitiva, desconsiderando as relações afetivas no aprendizado e desenvolvimento cognitivo. Este tipo de dicotomia leva a crer que o afeto não faz parte das atitudes humanas; desta forma se faz tão necessário ser problematizada na formação docente o papel da afetividade no desenvolvimento e aprendizagem. 
 Nos momentos de aprendizagem, a afetividade vem como compromisso do professor em atentar ao seu aluno e criar meios para que aconteça um aprendizado efetivo e significativo. Esse comprometimento é um ato afetivo, se não com o aluno, em respeito a sua opção profissional. Isto requer refletir que, apesar de todos os percalços, devem-se encontrar as brechas para desenvolver na prática aquilo que se acredita.
 As práticas dos professores e sua dedicação aos alunos revelam, além de comprometimento, afeto. Durante décadas professores atuaram em salas de aula sem talvez não se atentarem para os aspectos afetivos e essa invisibilidade do afeto ainda se mostra presente nas relações professor/ aluno e entende-se que considerando o afeto é possível ver que esse contribui favoravelmente na aprendizagem dos mesmos.
Para fins de localização, o trabalho de pesquisa está ordenado de forma gradativa, onde se apresenta o conceito de afetividade, a afetividade na relação professor e aluno e a importância dos laços afetivos, concluindo-se a pesquisa proposta.
2 CONCEITO DE AFETIVIDADE
Trabalhar com emoções e sentimentos como energia é um aprendizado para o educador e educando, e também para os pais, essenciais parceiros na construção desse sujeito. De acordo com Valenga (2004), é importante ter como base o estudo teórico de estudiosos como Piaget e Wallon e Vygotsky que incluem a afetividade explicita ou implicitamente para defender a necessidade de os educadores transformarem sua prática pedagógica em prática reflexiva.
Afetividade é um termo que surge da palavra afeto, é uma relação de carinho e cuidado com alguém. O termo afetividade é compreendido como sinônimo de querência, emotividade, amizade, amor, afeiçoamento, afetuosidade, afeição e carinho. Entende-se por afetivo:
Aquele que tem afeto por algo ou alguém. Afeto: do latim affectus, designa um conjunto de atos ou atitudes como a bondade, a benevolência, a inclinação, a devoção, a proteção, o apego, a gratidão, a ternura, etc. No seu todo, pode ser caracterizado como a situação em que a pessoa “preocupa-se com” ou “cuida de” alguém, e que esse responde aos cuidados ou a preocupação que lhe foi objeto (ABBGNANO, 2000, p. 21).
O afeto é transmitido à criança desde a sua formação: no ventre da mãe ela sente o carinho, a importância que tem, a preocupação pelo seu bem-estar na vida uterina; e, quando nasce, está bem sensível aos gestos, ao sorriso, ao cuidado que são dedicados a ela. A relação da mãe com o filho é de um afeto mais instintivo e espontâneo, porém a maior parte das relações de amizade ou de amor precisam ser cultivadas e conquistadas. 
Wallon (1978), afirmou que a primeira relação do ser humano ao nascer é com o ambiente social, ou seja, com as pessoas ao seu redor. As manifestações iniciais de uma criança assumem um caráter de comunicação entre ele o outro.
Para Wallon, o afetivo tem origem na sensibilidade interior e na que vem de fora do organismo, e que vão se transformando em sinalizações afetivas cada vez mais específicas, como a raiva, o medo, a alegria, a serenidade. “Ao educador, diante desta teoria, importa saber que a presença do outro é o que vai garantir não somente a sobrevivência física do indivíduo, mas até mesmo a sobrevivência cultural por meio da transmissão de valores, crenças, ideais, técnicas e afetos que são predominantes em cada cultura” (VELANGA, 2004).
A afetividade manifesta-se primitivamente nos gestos expressivos da criança. Para ALMEIDA (1999, p.02): “Enquanto não aparece à palavra, é o movimento que traduz a vida psíquica, garantindo a relação da criança com o meio.” O afeto é a base para o desenvolvimento do ser humano como um todo. Se não se está bem afetivamente, a ação como pessoa e cidadão estará totalmente comprometida, independentemente de cor, sexo e condição social. 
De acordo com Vygostsky (apud ARANTES, 2003, p. 18): “Quem separa o pensamento do afeto nega de antemão a possibilidade de estudar a influência inversa do pensamento no plano afetivo. [...] A vida emocional está conectada a outros processos psicológicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo geral”.
Os estudos de Wallon contribuíram para a compreensão da afetividade com o entendimento reflexivo sobre o desenvolvimento humano, especialmente no que se concerne ao educando na escola e fora dela, como pessoa integral, completa. Ao estudar os fenômenos pedagógicos e psicológicos que ocorrem na família e na escola, Wallon se distingue como marco referencial ao agregar os dois polos entre os quais oscila a escola: a formação do humano e sua inserção na sociedade.
3 A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA AFETIVA
Por muito tempo, quando se falava em educação escolar o que se pensava era numa sala de aula, professor e aluno. O professor visto como um transmissor do conhecimento, centrado ainda no autoritarismo. O aluno sem poder questionar e muito menos expor suas ideias, era um simples receptor desse conhecimento transmitido. 
Vive-se hoje em tempos diferentes, a relação professor e aluno que antes era “fria” e sem muita aproximação, hoje requer uma relação que ultrapasse os limites profissionais e escolares, pois esse contato envolve sentimentos e deixam marcas, não que esses sentimentos não existiam antes, mas até então não se pensava no bem-estar do aluno, seo mesmo estava ali era para aprender a ler e escrever e não se relacionar e criar laços entre eles. A relação professo e aluno é o ponto de partida para um bom desempenho no processo de ensino e aprendizagem, facilitando a produtividade para ambas as partes.
Cabe ao professor considerar o que o aluno já sabe sua bagagem cultural e intelectual, para a construção da aprendizagem. A construção do conhecimento ocorre a partir da troca de informações de forma coletiva, o professor respeitando a bagagem de informação do aluno mediando para que se chegue ao conhecimento. Segundo Cury (2008, p.48) diz que:
[...] a afetividade deve estar presente na práxis do educador [...] os educadores, apesar das suas dificuldades são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruísta, enfim todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por maquinas, e sim por seres humanos.
O professor pode estimular o aluno para uma boa relação com o uso de generosas doses de afeto e compreensão despertando no aluno a curiosidade e o gosto pelo saber. O afeto é o mecanismo de ativação de todo esse processo emocional, cognitivo e social que desemboca na construção do conhecimento, transformando de maneira positiva a vida dos alunos. 
Dificilmente os alunos por si só despertam o prazer por aprender, ainda mais se não houver motivação para desenvolver determinada atividade, geralmente o gosto pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois o conceito de aprender muitas vezes não é entendido como uma satisfação, e sim como uma obrigação. 
Aprender só se torna mais interessante quando se sente motivado e competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. Assim, o professor consegue influenciar na conduta de seus alunos através de um bom diálogo, de uma transmissão de sentimentos, tanto de afetividade como de cumplicidade. Dessa forma, percebe-se que a efetividade é responsável e determinante no tipo de relacionamento entre o professor e aluno e para Cunha (2008, p.51): 
O afeto, sendo em qualquer que seja a circunstância, é o primeiro caminho para a conquista da atenção do aprendiz. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares, que muitas vezes estão fechadas as possibilidades acadêmicas. Considerando o nível de dispensam, conflitos familiares e pessoais e até comportamentos agressivos na escola hoje em dia seriam difíceis encontrar algum outro mecanismo de auxílio ao professor mais eficaz.
De fato, o afeto é uma ferramenta fundamental no auxílio ao professor. Essa relação do professor com os alunos deve ser muito instigante, sempre aberta ao diálogo e a troca, criando atmosfera de igualdade e que permita que esta relação extrapole os limites do ensino e aprendizagem produzindo com o grupo um relacionamento afetivo.
A afetividade se constitui como uma das habilidades que as profissionais de Educação Infantil precisam utilizar para elaboração das propostas pedagógicas, no planejamento das atividades e na mediação das relações entre professora-criança, entre criança-criança e entre as crianças e os objetos de conhecimento. Dessa forma, a dimensão afetiva é inerente à função primordial das creches e pré-escolas, cuidar e educar (CACHEFFO e GARMS, 2015, p. 25)
Quando um professor não demonstra afeto em sua relação com os alunos, os exclui, não se sensibiliza e não se preocupa em buscar uma solução para aqueles que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem como a leitura ou a escrita, o aluno consequentemente apresentará uma falta de motivação durante todo o processo de ensino e de aprendizagem.
 O professor necessita estar em permanente aprendizado, ele precisa mediar sua aula de maneira construtiva, participativa, afetiva, e evidenciar a educação pautada na valorização da experiência e na realidade do aluno proporcionando ao mesmo, oportunidades de construção de novos conhecimentos. Para Piaget (1976, p.16) o afeto é essencial para o funcionamento da inteligência:
(...) vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas. E são inseparáveis porque todo o intercâmbio com o meio pressupõe ao mesmo tempo estruturação e valorização. Assim é que não poderia raciocinar, inclusive em matemática, sem vivenciar certos sentimentos, e que por outro lado, não existem afeições sem um mínimo de compreensão.
Somente o professor é capaz de servir de modelo para seu aluno, evidenciando sua postura nas relações e interações, respeitando as limitações, onde é preciso que sua prática pedagógica seja pautada na afetividade. O professor é o grande responsável por estimular e manter esse vínculo afetivo é a figura dele que fornece segurança ao aluno no ambiente escolar e em seu envolvimento com o processo ensino e aprendizagem.
O investimento na afetividade não se limita somente na forma com que o professor estabelece o carinho físico com o aluno, mas, sobretudo, quando ele tem consciência do seu papel formador e tem orgulho do que faz, transmitindo esse sentimento para seus alunos e estes se sentem valorizados. Nesse sentido, Siqueira e Silva Neto (2011, p. 7) ressaltam que:
A sensibilidade do professor torna-o capaz de entender os estágios de desenvolvimento da criança, fazendo-a vivencia o mundo de imaginação sonhos, alegria e etc. O professor precisa conhecer bem a criança, para usar de estratégias que produzam resultados satisfatórios, concordar que o aluno tem um papel importante no uso da didática adotada pelo professor [...]
A afetividade não explica a construção da inteligência, mas as construções mentais são permeadas pelo aspecto afetivo. Toda conduta tem um aspecto cognitivo e um afetivo, e um não funciona sem o outro. Ensinar exige alegria esperança comprometimento, pois um trabalho realizado com amor resulta na conexão com a nossa vitalidade, com o potencial de um grupo unido numa luta comum, vinculado pelos laços afetivos. 
Os fenômenos afetivos representam a maneira como os acontecimentos repercutem na natureza sensível do ser humano, produzindo nele um elenco de reações matizadas que definem seu modo de ser-no-mundo. Dentre esses acontecimentos, as atitudes e as reações dos seus semelhantes a seu respeito são, sem sombra de dúvida, os mais importantes, imprimindo ás relações humanas um tom de dramaticidade. Assim sendo, parece mais adequado entender o afetivo como uma qualidade das relações humanas e das experiências que elas evocam (...). São as relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade que forma seu contexto (coisas, lugares, situações, etc.) um sentido afetivo (PINO, 1997, p. 130-131)
A afetividade ganha mais espaço e mais valorização dentro do processo de ensino e aprendizagem quando se menciona e se integra o lúdico no desenvolvimento do ser humano, para que seja possível construir por meio da alegria e do prazer de querer fazer. A mesma está presente em nossas vidas através de manifestações dos nossos sentimentos. No entanto se vive num momento diante da sociedade em geral, onde o próprio homem parece estar sufocando sentimentos de amor, afeto, carinho, e substituindo estes sentimentos, por ódio, violência, traição e egoísmo.
A personalidade não é o “eu” enquanto diferente dos outros “eus” e refratário à socialização, mas é o indivíduo se submetendo voluntariamente às normas de reciprocidade e de universalidade. Como tal, longe de estar à margem da sociedade, a personalidade constitui o produto mais refinado da socialização. Com efeito, é na medida em que o “eu” renuncia a si mesmo para inserir seu ponto de vista próprio entre os outros e se curvar assim às regras da reciprocidade que o indivíduo se torna personalidade. (…). Em oposição ao egocentrismo inicial, o qual consiste em tomar o ponto de vista próprio como absoluto, por falta de poder perceber seu 19aráter particular, a personalidade consiste em tomar consciência desta relatividade da perspectiva individual e a colocá-la em relação com o conjunto das outras perspectivas possíveis:a personalidade é, pois, uma coordenação da individualidade com o universal. (PIAGET, 1998 apud LA TAILLE, 1992, p. 16-17)
Educadores como Wallon, Piaget e Vygotsky, contribuem para que seja discutido e tentem entender a ligação e influência dos laços afetivos na formação de cada criança, e como influenciam também nos processos de ensino aprendizagem. No âmbito da educação construtivista, existe uma preocupação na forma de ensinar, por isso é importante que se identifique as relações e aspectos afetivos, para poder aplicar dinâmicas e atividades adequadas no processo ensino aprendizagem.
 A afetividade é construída através da vivencia de cada um, com manifestações e comportamentos de intenções, crenças, valores, sentimentos, e desejos, e estes aspectos influenciam nas relações, e automaticamente reflete no ensino aprendizagem também. Porem a vida do ser humano em geral, está ligado aos processos psicológicos, envolvendo situações sociais de desenvolvimento em que a pessoa está envolvida.
O desenvolvimento da pessoa como um ser completo não ocorre de forma linear e contínua, mas apresenta movimentos que implicam integração, conflitos e alternâncias na predominância dos conjuntos funcionais. No que diz respeito à afetividade e cognição, esses conjuntos revezam-se, em termos de prevalência, ao longo dos estágios de desenvolvimento. Nos estágios impulsivo-emocional, personalismo, puberdade e adolescência, nos quais predomina o movimento para si mesmo (força centrípeta) há uma maior prevalência do conjunto funcional afetivo, enquanto no sensório-motor e projetivo e categorial, nos quais o movimento se dá para fora, para o conhecimento do outro (força centrífuga), o predomínio é do conjunto funcional cognitivo (2008, apud FERREIRA; ACIÓLY-RÉGNIER, 2010, p. 4).
Conforme Piaget (1998), a afetividade representa o estado psicológico do ser humano, o qual deve ser trabalhado na escola, pois influencia muito no desenvolvimento cognitivo do aluno e na sua formação global. A afetividade é algo de suma importância para a saúde mental de todos e que interfere no desenvolvimento geral, comportamental e intelectual.
O afeto é um dos principais recursos para que o professor promova e incite no aluno o prazer de aprender, a vontade de se tornar um sujeito ativo e participativo. O aluno só pode desenvolver plenamente o seu eu, só investirá no seu desejo de aprender, se os professores e sua família investirem, com afeto, no seu potencial, reconhecendo o seu valor como pessoa. Desta forma, o aluno se fortalecerá e de acordo com Rossini (2001, p. 102):
A aprendizagem deve ser algo que estimule o ser em desenvolvimento a querer aprender sempre mais e com mais detalhes. Quando a criança é estimulada com carinho e atenção para os estudos, incentivada pelos pais a realizar as tarefas de casa, a frequentar a escola, fazendo dela uma continuação do seu lar; e, na escola, os professores e funcionários promovem um ambiente de confiança, fraternidade e de comunicação, a criança corresponde positivamente: ela aprenderá os conteúdos com maior embasamento e, naturalmente, se desenvolverá, tornando-se um adulto feliz, consciente e saudoso de sua infância, um adulto que passará os mesmos valores às gerações futuras.
Vários autores confirmam a corrente de que o afeto é indispensável para aquele que deseja ensinar. Dentre eles, Alves (2000 ) menciona que o professor que ensina com alegria e ama a sua profissão não morre jamais: “ Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor assim não morre jamais” .
Para Mello et al (2013), a aprendizagem está associada a fatores que vão além do ato de ensinar, de aplicar metodologias novas e criativas, para estes autores o afeto é determinante para a aprendizagem e que o papel do educador é também fazer com que o aluno tome consciência de si mesmo diante a sociedade, sabendo aceitar-se e aceitar o outro.
Conforme Piaget (1998), os aspectos cognitivos e afetivos são inseparáveis e irredutíveis, não há ação sem motivação e não há motivação sem ação, sendo que a ação depende de estruturas cognitivas e a motivação depende de todas as ligações anteriores vinda de sentimentos positivos ou negativos. Portanto é adequado mencionar que a emoção faz parte do ser humano.
Em qualquer circunstância, o primeiro caminho para a conquista da atenção do aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares que muitas vezes estão fechados às possibilidades acadêmicas. Considerando o nível de dispersão, conflitos familiares e pessoais, e até comportamentos agressivos na escola, hoje em dia seria difícil encontrar algum outro mecanismo de auxílio ao professor mais eficaz. A gestão de uma instituição escolar deve ter como foco o educando e suas relações interpessoais e culturais. A partir disto, acredita-se que a gestão escolar deve criar estratégias para aproximar a família da escola, valorizando esta, como elemento principal na formação psíquica da criança. (CUNHA, 2008, p.51)
 	
Wallon (1992) defende que a afetividade que se manifesta na relação professor-aluno constitui-se elemento inseparável do processo de construção do conhecimento. A qualidade da interação pedagógica vai conferir um sentido afetivo para o objeto de conhecimento. E muitas vezes a relação entre o ensinar e aprender inicia-se no ambiente familiar, na qual a base da relação é afetiva, e no decorrer do desenvolvimento os vínculos afetivos vão ampliando-se e a figura do professor surge com grande importância na relação de ensino e aprendizagem.
O ambiente escolar é pertinente para o desenvolvimento das relações e expressão de afetividade, trata-se de um local fundamental para o desenvolvimento da personalidade do aluno. Educa-se também através de atitudes e é essencial se relacionar com todas as pessoas que fazem parte da escola, ser gentil, participar de momentos de interação não relacionados ao trabalho, pois o afeto precisa ser adubado e regado diariamente.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A afetividade se desenvolve por meio de uma relação de carinho, atenção, relacionamento interpessoal e sua importância são fundamentais, pois cuidar, educar com carinho, atenção e amor pode transformar a realidade de muitas crianças, que quando tem suas carências afetivas supridas, sentem-se valorizadas e respeitadas, e passam a se desenvolver e a participar do processo de ensino aprendizagem.
	O afeto é um ato indispensável para boas relações humanas, eficaz para reforçar potencialidades podendo ser entendido como a energia necessária para a estrutura cognitiva passe a operar. Além disso, o afeto estimula a velocidade com que se constrói o conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras, aprendem com mais facilidade e a afetividade aliada à agilidade ela determina o impacto deste relacionamento, sendo um colaborador positivo da sensação de bem-estar e confiança.
	O compromisso professor-aluno norteado por práticas efetivas leva a um desenvolvimento cognitivo mais efetivo por parte do aluno, pois compreende como as relações afetivas em sala de aula influenciam no processo ensino e aprendizagem e por consequente no desenvolvimento cognitivo de forma positiva, como se dá à influência afetiva nos processos cognitivos na relação das vivências em sala de aula e demostrando a influência na relação aluno/conteúdo a serem aprendidos. 	
	Ante ao exposto, pode-se afirmar que a escola precisa proporcionar o desenvolvimento integral do sujeito considerando a afetividade na aprendizagem, pois é de suma importância uma formação afetiva efetiva para os profissionais que atuam no campo da educação.
ReferênciaS 
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes. 2003.
ALMEIDA, Ana Rita. Emoção na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999.
ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. Campinas: Papirus Editora, 2000.
ARANTES, Valéria. Afetividade e cognição: rompendo a dicotomia na educação. In: Videtur, n. 23. Porto,Mandruvá, 2003. Disponível em: www.hottopos.com/videtur23/valeria.htm. Acesso em 01 de abril de 2020.
CACHEFFO, Viviane Aparecida Ferreira Favareto; GARMS, Gilza Maria Zauhy. Afetividade nas práticas educativas da educação Infantil. Nuances: estudos sobre Educação, Presidente Prudente-SP, v. 26, número especial 1, p. 17-33, jan. 2015.
CUNHA, Antônio Eugênio. Afeto e aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak, 2008.
CURY, Augusto. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
FERREIRA, A. L.; ACIOLY-RÉGNIER, N. M. Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Curitiba: Editora UFPR, 2010.
MELLO, T. R; SILVEIRA. J. A. A Importância da Afetividade na Relação Professor/Aluno no Processo de Ensino/Aprendisagem na Educação Infantil. Revista Eletrônica Saberes da Educação. Vol. 4 N0 1 2013 ISNN 2177-7748, 2013.
PIAGET, Jean. A Construção do Real na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
PINO, A. O Biólogo e o cultural nos processos cognitivos, em linguagem, cultura e cognição: reflexão para o ensino de ciências. Campinas: Gráfica da Faculdade e Educação, 1997.
ROSSINI, Maria Augusta. Pedagogia Afetiva. Rio de janeiro: Vozes, 2001.
SIQUEIRA, Alessandra Maria de Oliveira; SILVA NETO, Demuniz Diniz da. A afetividade na aprendizagem dos alunos. 13 f. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura plena em Pedagogia) – Faculdade de Ciências Educação e Teologia do Norte do Brasil. Roraima, 2011. 
VELANGA, C. T. Afetividade no processo de Ensino-Aprendizagem. In RAMOS, A. I. V; BORGES, O. M. Educação Infantil, Sal da Terra, 2004.
WALLON, H. Do acto ao pensamento. Lisboa: Moraes Editores, 1978.

Continue navegando