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Resumo Direito do Consumidor OAB

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Licensed to Briso Souza Ferreira - Email: brisogsouza@gmail.com
Contextualização 
Histórica
Introdução Histórica
- Sec. XVIII até final do Sec. XIX – Revolução Industrial.
- Rev. Tecnológica e Científica > Produção em massa: acarretou na 
modificação da forma de produção.
- Produção em série é planejada de forma unilateral, não participando o 
consumidor do processo produtivo, deixando-o em situação de fragilidade. 
Os contratos que antes eram contratos individualizados, negociados 
individualmente e personalizados, passam a ser contratos padronizados. 
Há uma cisão entre a relação entre fornecedores e consumidores.
- Densidade demográfica
- Produção em série poderia acarretar em milhares de danos, um risco de 
dano ao consumidor.
- Os dogmas até então vigentes e baseados no direito romano da 
autonomia privada, de igualdade e isonomia, já não conseguiam resolver 
problemas. Em matéria de direito de consumidor não é possível falar em 
culpa subjetiva e pacta sunt servanda. Em razão desse desequilíbrio entre 
consumidores e fornecedores e o poder desses últimos em relação aos 
primeiros, começa a surgir um movimento consumerista que criam leis de 
proteção aos consumidores.
- Os ideais do Estado Liberal não atendiam mais às necessidades do 
mercado.
15/03/1962 – (Data escolhida na década de 1980 como dia Internacional 
do Direito do Consumidor). Nesta data o então presidente dos Estados 
Unidos , J. Kennedy em um pronunciamento apontou princípios básicos 
dos direitos do consumidor como segurança, informação, direito de 
escolha e de ser ouvido. Este foi o primeiro passo. 
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1965 - CODECON – RIO DE JANEIRO (Coordenadoria de Defesa do 
Consumidor)
1976 – Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor, conhecido como 
PROCON em São Paulo.
1985 – Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução em que 
reconhecia os consumidores dotados de vulnerabilidade quanto aos 
fornecedores diante das relações de consumo, exigindo, também, que os 
países em desenvolvimento adotassem medidas de proteção aos 
consumidores.
● Constituição Federal de 1988 exigiu a criação do Código de Defesa do 
Consumidor.
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Introdução
 O estudo desta disciplina será norteado pela Lei 8.078/ 90 (Código de 
Defesa do Consumidor), trata-se, pois, de um microssistema jurídico, de 
natureza principiológica e de ordem pública e interesse social, que 
estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, nos termos dos 
arts. 5°, inciso XXXII e 170, inciso V, da CF/ 88. 
 Os princípios do Código de Defesa do Consumidor devem ser 
observados em todas as relações de consumo, de modo que as leis que 
disciplinam matérias atinentes a seguro, alimento, transporte, etc., devem 
estar em conformidade com os princípios estabelecidos pelo CDC. 
São, outrossim, normas de interesse social, uma vez que estão 
voltadas para a tutela de toda uma coletividade de consumidores, 
garantindo-lhes o acesso à justiça.
Características do Direito do Consumidor:
 
a) Microssistema Multidisciplinar;
b) Lei Principiológica;
c) Normas de Ordem Pública e Interesse Social.
Fique sabendo!
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Relação de Consumo
 Trata-se da relação constituída entre o consumidor e fornecedor e 
que tem por objeto produtos ou serviços. 
 
 1 Consumidor
 
Definido pelo Art. 2° do CDC, é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produtor ou serviços como destinatário final.
 
A despeito desse “destinatário final”, existem duas teorias que discutem 
esse conceito:
 a) Teoria Finalista: O consumidor é necessariamente no fim da cadeia de 
consumo. “Consumidor é aquele que retira o produto ou serviço do 
mercado de consumo exaurindo a sua destinação econômica.”
b) Teoria Maximalista: Consumidor é aquele que retira o produto ou 
serviço do mercado de consumo sem necessariamente exaurir a sua 
destinação econômica.
Teoria Finalista Aprofundada, Temperada ou Mitigada: Por esta teoria, 
o Consumidor é aquele que retira um produto ou serviço do mercado de 
consumo, sem necessariamente exaurir a sua destinação econômica, 
mas desde que seja vulnerável.
 ATENÇÃO
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 Consumidor Equiparado
De acordo com o CDC, são equiparados a consumidores: 
 
a) Coletividade de pessoas;
b) Todas as vítimas do evento, do acidente de consumo;
c) Todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas 
comerciais.
 
 
2 Fornecedor
 
Definido pelo art. 3° do CDC como: “toda pessoa física ou jurídica, pública 
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, 
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição 
ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”.
 
 3 Produto
 
Definido pelo § 1° do art. 3° do CDC como: “qualquer bem, móvel ou 
imóvel, material ou imaterial”. Possui valor econômico e é suscetível de 
apropriação.
4 Serviço
 
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. De 
modo que o objeto da relação jurídica de consumo não está restrito 
apenas as coisas, mas abrange também as atividades ou ações humanas.
Os serviços objeto da relação de consumo podem ser de três tipos: 
* Materiais: reparação, hotelaria, transporte, etc.;
* Financeiros: seguro, crédito, etc.;
* Intelectual: médico, assessoria jurídica, etc.
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Princípios
 Os Princípios que regem o Código de Defesa do Consumidor são: 
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ: por meio deste, o conteúdo desleal de cláusula nos 
contratos, sobre relações de consumo, são proibidos. 
PRINCÍPIO DA CORREÇÃO DO DESVIO PUBLICITÁRIO: é o que impõe a 
contrapropaganda. 
PRINCÍPIO DA HARMONIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO: o qual visa 
proteger o consumidor, evitando a ruptura na harmonia das relações de 
consumo. 
PRINCÍPIO DA IDENTIFICABILIDADE: impõe a identificação de anúncio ou 
publicidade. 
PRINCÍPIO DA IDENTIFICAÇÃO DA MENSAGEM PUBLICITÁRIA: por meio 
deste princípio, a propaganda deverá ser direta, para o consumidor de 
imediato poder identificá-la. 
PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO: princípio que estabelecer que o consumidor 
tem de receber informação clara, precisa e verdadeira, usando a boa-fé e 
lealdade. 
PRINCÍPIO DA LEALDADE: quando a concorrência legal dos fornecedores. 
Visa a proteção do consumidor ao exigir que haja lealdade na concorrência 
publicitária, ainda que comparativa. 
PRINCÍPIO DA NÃO-ABUSIVIDADE DA PUBLICIDADE: reprime desvios 
prejudiciais ao consumidor, provocados por publicidade abusiva. 
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PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA INFORMAÇÃO: aquele que requer 
clareza e precisão na publicidade, ou seja, o anunciante terá obrigação de 
informar corretamente o consumidor sobre os produtos e serviços 
anunciados. 
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO: é o que sustenta ser o direito básico do 
consumidor, a prevenção de prejuízos patrimonial e extrapatrimonial. 
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA: a atividade ou mensagem publicitárias 
devem assegurar ao consumidor informações claras, corretas e precisas.
PRINCÍPIO DA VERACIDADE: às informações ou mensagens ao consumidor 
devem ser verdadeiras, com dados corretos sobre os elementos do bem ou 
serviço. 
PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO CONTRATUAL: por meio deste, o consumidor 
pode exigir do fornecedor o cumprimento do conteúdo da comunicação 
publicitária ou estipulado contratualmente. 
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR: aquele que, ante a 
fraqueza do consumidor no mercado, requer que haja equilíbrio na relação 
contratual. 
PRINCÍPIO DO RESPEITO PELA DEFESA DO CONSUMIDOR: princípio que 
requer queno exercício da publicidade não se lese o consumidor. 
PRINCÍPIO GERAL DE TRANSPARÊNCIA: requer não só a clareza nas 
informações dadas ao consumidor, mas também ao acesso pleno de 
informações sobre o produto ou serviço e sobre os futuros termos de um 
determinado negócio. 
PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE: são aqueles que regem a informação ou 
mensagem publicitária, evitando quaisquer danos ao consumidor dos 
produtos ou serviços anunciados, tais como: liberdade, o da legalidade, o 
da transparência, o da boa-fé, o da identificabilidade, o da vinculação 
contratual, o da obrigatoriedade da informação, o da veracidade, o da 
lealdade, o da responsabilidade objetiva, o da inversão do ônus da prova 
na publicidade e o da correção do desvio publicitário. 
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Direitos Básicos 
do Consumidor
 De acordo com o Código do Consumidor, em seu art. 6º, os direitos 
básicos do consumidor são:
 
- Proteção da vida, saúde e segurança; 
- Educação e divulgação sobre o consumo adequado; 
-Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços;
-Proteção contra publicidade enganosa e abusiva; 
- Proteção contratual; 
- Indenização; 
- Acesso à Justiça; 
- Facilitação de defesa de seus direitos; 
- Qualidade dos serviços públicos.
Para que o Consumidor tenha direito à modificação ou revisão das 
cláusulas desproporcionais é suficiente a onerosidade excessiva 
decorrente de fatos supervenientes, não havendo necessidade de que 
esses fatos sejam imprevisíveis ou extraordinários. Além disso, no CCB, a 
ocorrência da onerosidade excessiva pode resultar na resolução do 
contrato, enquanto que no CDC prioriza-se a conservação do contrato de 
consumo com o equilíbrio na relação entre consumidor e fornecedor. 
 ATENÇÃO
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QUESTÕES COMENTADAS DOS ÚLTIMOS EXAMES
XX EXAME DA ORDEM
Marieta firmou contrato com determinada sociedade empresária de gêneros 
alimentícios para o fornecimento de produtos para a festa de 15 anos de sua filha. O 
pagamento deveria ter sido feito por meio de boleto, mas a obrigação foi 
inadimplida e a sociedade empresária fornecedora de alimentos, observando todas 
as regras positivadas e sumulares cabíveis, procedeu coma anotação legítima e 
regular do nome de Marieta no cadastro negativo de crédito. Passados alguns dias, 
Marieta tentou adquirir um produto numa loja de departamentos mediante 
financiamento, mas o crédito lhe foi negado, motivo pelo qual a devedora 
providenciou o imediato pagamento dos valores devidos à sociedade empresária de 
gêneros alimentícios. Superada a condição de inadimplente, Marieta quer saber 
como deve proceder a fim de que seu nome seja excluído do cadastro negativo.
A respeito do fato apresentado, assinale a afirmativa correta.
A) A consumidora deve enviar notificação à sociedade empresária de gêneros 
alimentícios informando o pagamento integral do débito e requerer que a mesma 
providencie a exclusão da negativação, o que deve ser feito em até vinte e quatro 
horas.
B) A consumidora deve se dirigir diretamente ao órgão de cadastro negativo, o que 
pode ser feito por meio de procuração constituindo advogado, e solicitar a exclusão 
da negativação, ônus que compete ao consumidor.
C) Após a quitação do débito, compete à sociedade empresária de gêneros
alimentícios solicitar a exclusão do nome de Marieta do cadastro negativo,
no prazo de cinco dias a contar do primeiro dia útil seguinte à disponibilização do 
valor necessário para a quitação do débito.
D) Marieta deverá comunicar a quitação diretamente ao órgão de cadastro
negativo e, caso não seja feita a exclusão imediata, a consumidora poderá
ingressar em juízo pleiteando indenização apenas, pois a hipótese comporta 
exclusivamente sanção civil.
Comentários: A questão trata de exclusão do nome do consumidor dos cadastros de 
proteção ao crédito. Recentemente o STJ sumulou seu entendimento acerca do 
tema, Súmula nº 548:
“Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no 
cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo 
pagamento do débito.” Alternativa correta: C.
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Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas:
Prática abusiva: São práticas que exigem vantagem manifestamente excessiva em 
detrimento do consumidor.
 
I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento 
de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
O presente inciso se pronuncia sobre a prática abusiva da famosa “venda 
casada”. A ilegalidade se configura pela vinculação de produtos e serviços de 
natureza distinta e usualmente comercializados em separado. Tal vinculação viola 
a liberdade do consumidor.
É abusiva a prática de venda casada, proíbe o CDC que o fornecedor prevaleça-se 
de sua superioridade econômica ou técnica para determinar condições negociais 
desfavoráveis ao consumidor.
Portanto, adquirir produto com imposição de limites quantitativos sem justa 
causa, viola o artigo 39, inciso I do Código do Consumidor.
 II – recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida 
de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e 
costumes;
Ocorre quando o consumidor se depara com a recusa, injustificada, do 
fornecedor em atendê-lo, tendo ele disponibilidade do produto solicitado em 
estoque ou condições de prestar o serviço.
Práticas abusivas
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III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou 
fornecer qualquer serviço;
É lícito o fornecimento não solicitado de bens ou serviços, porém a 
consequência do envio não solicitado se equipara a amostra grátis, conforme prevê 
o parágrafo único do artigo 39 do CDC, uma vez que é vedado ao fornecedor exigir 
do consumidor a manifesta recusa, até porque o próprio Novo Código Civil não 
aceita o silêncio, por si só, como manifestação de vontade – artigo 110 do CC.
 IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista 
sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos 
ou serviços;
O princípio da dignidade da pessoa humana norteia qualquer relação jurídica. 
Tanto é que, o inciso supracitado respeita o referido princípio constitucional, e 
reforça o artigo 4º, inciso I da Lei Consumerista, que reconhece taxativamente a 
vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo (Vide artigo 4º. CDC).
 V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
A vantagem manifestamente excessiva está, exatamente, na cobrança 
indevida por serviços não prestados, gerando, evidente, enriquecimento sem causa 
do fornecedor.
São direitos básicos do consumidor a proteção contra práticas abusivas no 
fornecimento de serviços e a efetiva prevenção/reparação de danos patrimoniais 
(CDC, art. 6º, IV e VI), sendo vedado ao fornecedor, exigir do consumidor vantagem 
manifestamente excessiva.Sendo assim, a abusividade de cobrança por exigir do 
consumidor vantagem manifestamente excessiva, enseja a aplicação do artigo 42, 
parágrafo único do CDC, ou seja, o “consumidor cobrado em quantia indevida tem 
direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso”.
VI – executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização 
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as 
partes;
O dispositivo legal do inciso em contento visa em conjunto com o artigo 40 da 
mesma lei, obter do fornecedor um cálculo de custos a serem, ao final, arcados pelo 
consumidor, para que este possa autorizar, ou não, os serviços – após a sua 
avaliação.
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A insegurança do legislador elaborador do texto da Lei n. 8.078era tamanha 
com a incerteza de sua eficácia que, para se garantir, fez acompanhar do 
substantivo “orçamento” o adjetivo “prévio”. A rigor, o termo “orçamento prévio” 
é redundante. Ora, orçamento só pode ser prévio. É que a prática abusiva do 
“orçamento posterior” ou “orçamento surpresa” era tamanha que o legislador 
preferiu pecar pelo excesso. Era comum – e ainda ocorre, apesar da proibição legal 
– o fornecedor apresentar o “orçamento” ao consumidor depois do serviço feito, 
gerando a ‘surpresa’ desagradável da apresentação da vultosa conta, com o serviço 
não autorizado e troca de peças desnecessária e não solicitada. A norma é dirigida 
ao prestador de serviço em geral, sempre que, pela natureza do serviço prestado, 
seja necessário a confecção de um orçamento.
Em alguns casos a jurisprudência entende que em caso de prestação de 
serviços sem orçamento prévio e autorização expressa, cabe ao consumidor 
impugnar os valores cobrados, conforme já decidido pelo STJ.
 VII – repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo 
consumidor no exercício de seus direitos;
O inciso supracitado vem sendo aplicado em coro pelos Tribunais Superiores, 
no sentido que a informação a respeito de débito e/ou de quantum debeatur, 
objeto de pendência litigiosa, prestada pelo credor às entidades de proteção ao 
crédito, implica em publicidade depreciativa do devedor.
 VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em 
desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se 
normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, 
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
Conforme definição no próprio site da ABNT: a Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no país, 
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma 
entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de 
Normalização através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992.
É membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da 
COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação 
Mercosul de Normalização).
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A ABNT é a representante oficial no Brasil das seguintes entidades 
internacionais: ISO (International Organization for Standardization), IEC 
(International Eletrotechnical Comission); e das entidades de normalização 
regional COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a AMN 
(Associação Mercosul de Normalização).
Quanto ao Conmetro: O Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e 
Qualidade Industrial é um colegiado interministerial que exerce a função de órgão 
normativo do Sinmetro e que tem o Inmetro como sua secretaria executiva. 
Integram o Conmetro os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior; da Ciência e Tecnologia; da Saúde; do Trabalho e Emprego; do Meio 
Ambiente; das Relações Exteriores; da Justiça; da Agricultura, Pecuária e do 
Abastecimento; da Defesa; o Presidente do Inmetro e os Presidentes da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, da Confederação Nacional da 
Indústria – CNI, da Confederação Nacional do Comércio – CNC e do Instituto de 
Defesa do Consumidor – IDEC.
Compete ao Conmetro: Formular, coordenar e supervisionar a política 
nacional de metrologia, normalização industrial e certificação da qualidade de 
produtos, serviços e pessoal, prevendo mecanismos de consulta que harmonizem 
os interesses públicos, das empresas industriais e dos consumidores; Assegurar a 
uniformidade e a racionalização das unidades de medida utilizadas em todo o 
território nacional; Estimular as atividades de normalização voluntária no país; 
Estabelecer regulamentos técnicos referentes a materiais e produtos industriais; 
Fixar critérios e procedimentos para certificação da qualidade de materiais e 
produtos industriais; Fixar critérios e procedimentos para aplicação das 
penalidades nos casos de infração a dispositivo da legislação referente à 
metrologia, à normalização industrial, à certificação da qualidade de produtos 
industriais e aos atos normativos dela decorrentes; Coordernar a participação 
nacional nas atividades internacionais de metrologia, normalização e certificação 
da qualidade.
Anteriormente a edição do Código de Defesa do Consumidor, já existia a 
obrigação dos fornecedores de atenderem às prescrições técnicas. O Código de 
Defesa do Consumidor apenas reforçou a obrigatoriedade de cumprimento das 
normas técnicas ao estabelecer como prática abusiva.
Mas, não só nas práticas abusivas o Legislador se preocupou com a importância 
das normas técnicas para uma relação sadia de consumo, pois em vários artigos 
se faz menção as normas, como por exemplo: Artigo 4º, II; artigo 6º, I, VI e VII; 
artigo 7º; artigo. 8º; artigo12, § 1º; artigo 14, § 1º; artigo18; artigo 20;
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IX – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se 
disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de 
intermediação regulados em leis especiais;
O consumidor que dispor de pronto pagamento para adquirir bens ou a 
prestação de serviços não pode sofrer recusa por parte do fornecedor, 
configurando-se prática abusiva.
Ressalta-se que o presente inciso não especificou o tipo de pagamento nem 
estabeleceu que o pronto pagamento se daria em moeda corrente nacional, 
mas o Código Civil em seu artigo 315, prevê:
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda 
corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.
Assim, o tema é polêmico ao que tange a não obrigatoriedade da 
aceitação do cheque, uma vez que o mesmo é um título de crédito de ordem de 
pagamento à vista, mas não se materializa imediatamente, pois efetiva-se com a 
compensação.
Porém, em conformidade com a Lei do Cheque 7.357/85, a sua apresentação é 
pagável à vista, assim a sua não aceitação, seria plausível em respeito à Lei 
Consumerista, ter justa causa, como por exemplo, a existência de informações 
restritivas constantes nos bancos de dados no rol de inadimplentes como – SPC 
e SERASA.
 
X – elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
A Constituição Federal de 1988 ora no artigo 173, §4°: “A lei reprimirá o 
abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação 
da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros”.
A Lei em comento também se anteviu ao presente artigo nas infrações de 
ordem econômica, em seus artigos. 20, III e art. 21, XXIV e parágrafo único.
O inciso acima anda de “mãos dadas” com o inciso V, pois a elevação sem justa 
causa de produtos ou serviços, consequentemente exige do consumidor 
vantagem manifestamente excessiva.
Ainda que o fornecedor tenha uma liberdade para fixar o preço do produto ou 
serviço oferecido ao consumidor, deve ao mesmo tempo demonstrar sob quais 
fundamentos está alicerçado o aumento.
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XI - O fornecedor só pode aumentar o preço de um produto ou serviço apenas 
em detrimento de razão legal e justificável.
 
XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar 
a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.
XIII – aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou 
contratualmente estabelecido.
Vedada a alteração unilateral dos índices ou fórmulas de reajuste nos 
contratos de modo diverso do pactuado.
 
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues 
ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras 
grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
Venda casada
O consumidor deve ter ampla liberdade de escolha quanto ao que 
deseja consumir, razão pela qual não pode o fornecedorimpor ao 
consumidor a aquisição de produtos ou serviços, nem mesmo quando este 
esteja a adquirir outros produtos ou serviços do mesmo fornecedor. 
Estabelece o CDC, aqui, a proibição da chamada “venda casada”.
Pode-se diferenciar a:
(a) venda casada stricto sensu, como sendo aquela em que o consumidor está 
impedido de consumir, a não ser que consuma também um outro produto ou 
serviço (o que atende à semântica mais próxima da literalidade do inciso 
acima), da,
(b) venda casada lato sensu, em que não existe essa mesma correlação. Aqui, 
o consumidor pode adquirir o produto ou serviço sem ser submetido a 
adquirir outro, porém, se desejar consumir outro, fica obrigado a adquirir do 
mesmo fornecedor, ou de fornecedor indicado pelo fornecedor original. 
Ambas as hipóteses são igualmente consideradas práticas abusivas, 
indevidamente manipuladoras da vontade do consumidor, que fica diminuído 
em sua liberdade de opção.
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O fornecedor concebe, projeta e elabora o fornecimento de seus produtos 
e serviços considerando todos dos aspectos que envolvem a sua colocação no 
mercado e o atingimento dos objetivos empresariais (resumíveis na noção de 
obtenção de lucro). De uma certa forma, ao oferecer um especificamente um 
produto, este pode apresentar características decomponíveis ou não, pode 
representar um “pacote” ou um conjunto de utilidades ou funcionalidades. É 
dizer, é o próprio fornecedor quem determina, em princípio, o que é unitário 
em relação ao seu produto.
A defesa do consumidor, especialmente do consumidor difuso (a 
sociedade) pode e deve interferir na própria concepção dos arranjos de 
oferecimento de produtos e serviços no mercado para que estes não sejam 
concebidos de forma a obrigar o consumidor a efetuar compras casadas que 
não sejam de sua vontade.
Um bom exemplo sobre esse tópico é a recente medida governamental, não 
integralmente implementada, de determinação de fornecimento de 
medicamentos em unidades ou subporções, e não apenas através dos “pacotes 
fechados” contendo, muitas vezes, uma quantidade de medicamento superior 
às necessidades do consumidor.
Em todos os casos, haverá a possibilidade de discussão quanto ao que 
seria o pacote mínimo que caracteriza o produto como sendo o que ele é; e, por 
outro lado, vantagens de escala podem ser favoráveis ao consumidor. O 
princípio, sob o aspecto que se destaca, não exige sempre a decomposição 
máxima dos produtos e serviços, porém, permite a análise criteriosa quanto a 
ocorrência de abusos contra os interesses dos consumidores, permitindo a 
interferência estatal para determinar o fornecimento no formato (quantidades, 
inter-relação entre produtos e serviços, etc.) que seja mais vantajoso para os 
consumidores.
A imposição de venda casada, além de ser prática comercial abusiva, é 
também tipificada como crime contra a ordem econômica, previsto no art. 5º, II, 
da Lei 8.137/90, in verbis:
“II - subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de outro 
bem, ou ao uso de determinado serviço;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.”
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QUESTÕES COMENTADAS DOS ÚLTIMOS EXAMES
XX EXAME DA ORDEM
Heitor agraciou cinco funcionários de uma de suas sociedades empresárias, 
situada no Rio Grande do Sul, com uma viagem para curso de treinamento 
profissional realizado em determinado sábado, de 9h às 15h, numa cidade do 
Uruguai, há cerca de 50 minutos de voo. Heitor custeou as passagens aéreas, 
translado e alimentação dos cinco funcionários com sua própria renda, 
integralmente desvinculada da atividade empresária. Ocorre que houve atraso 
no voo sem qualquer justificativa prestada pela companhia aérea. Às 14h, sem 
previsão de saída do voo, todos desistiram do embarque e perderam o curso de 
treinamento.
Nesse contexto é correto afirmar que,
A) por se tratar de transporte aéreo internacional, para o pedido de danos
extrapatrimoniais não há incidência do Código de Defesa do Consumidor e
nem do Código Civil, que regula apenas Contrato de Transporte em território 
nacional, prevalecendo unicamente as Normas Internacionais.
B) ao caso, aplica-se a norma consumerista, sendo que apenas Heitor é 
consumidor por ter custeado a viagem com seus recursos, mas, como ele tem 
boas condições financeiras, por esse motivo, é consumidor não enquadrado em 
condição de vulnerabilidade, como tutela o Código de Defesa do Consumidor.
C) embora se trate de transporte aéreo internacional, há incidência plena do 
Código de Defesa do Consumidor para o pedido de danos extrapatrimoniais, em 
detrimento das normas internacionais e, apesar de Heitor ter boas condições 
financeiras, enquadra-se na condição de vulnerabilidade, assim como os seus 
funcionários, para o pleito de reparação.
D) por se tratar de relação de Contrato de Transporte previsto expressamente no 
Código Civil, afasta-se a incidência do Código de Defesa
do Consumidor e, por ter ocorrido o dano em território brasileiro, afastam-se as 
normas internacionais, sendo, portanto, hipótese de responsabilidade civil 
pautada na comprovação de culpa da companhia aérea pelo evento danoso.
Comentários: Segundo entendimento atual do STJ, o consumidor deve ser 
integralmente ressarcido pelos danos sofridos, afastando-se, por conseguinte, a 
aplicação da Convenção de Varsóvia (a qual prevê limitação da indenização do 
passageiro em contrato de transporte aéreo). 
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A condição de vulnerabilidade é inerente a condição de consumidor (pessoa 
física) independentemente de sua situação econômica. 
Alternativa correta: C.
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Responsabilidade pelo fato 
e pelo produto do serviço
a) Responsabilidade pelo fato do produto: 
 
Essa de acordo com artigo 12 do CDC, “O fabricante, o produtor, o 
construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador, respondem 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos 
causados aos consumidores por defeitos [...], bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas [...]”.
O Código do Consumidor estabeleceu um rol taxativo “dos responsáveis”, 
ao invés de utilizar a palavra “fornecedor”. Para melhor explicar a 
responsabilidade de cada um deles referente ao rol taxativo, a doutrina os 
reuniu em três categorias distintas: a) fornecedor real: compreende o 
fabricante, produtor e construtor, esses fornecedores reais são os 
verdadeiros responsáveis pelo defeito, uma vez que participam direta e 
ativamente do processo de criação e concepção do produto; b) fornecedor 
presumido: entende-se pelo importador de produto industrializado ou in 
natura; c) fornecedor aparente: seria aquele que coloca o seu nome ou 
marca no produto final, pode ser visto como o fabricante ou o produtor.
 b) Responsabilidade pelo fato do serviço:
 
A responsabilidade pelo fato do serviço está disposta no artigo 14 do 
Código de Defesa do Consumidor, estabelecendo: “o fornecedor de 
serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
prestação de serviços, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
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Ademais, neste caso, também haverá acidente de consumo, por 
acontecimentos externos que causam danos morais ou materiais 
decorrentes de defeitos do serviço.
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores 
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o 
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo deseu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
 
 Responsabilidade pelo fato do serviço do profissional liberal: O Código do 
Consumidor abre uma exceção em favor dos profissionais liberais no caso 
de acidente de consumo, conforme parágrafo 4º do seu artigo 14: “A 
responsabilidade dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa”. Contudo, importa destacar que os profissionais 
liberais são beneficiados somente no que diz respeito a responsabilidade, 
no mais submetem-se integralmente ao Código do Consumidor.
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
 
Nas relações de consumo, os elementos da responsabilidade civil são: 
o vício do produto ou serviço; o dano, o nexo de causalidade e o de 
imputação. 
a) Vício: A responsabilidade por vício decorre de uma obrigação de 
garantia de qualidade, abrangendo inclusive aspectos referentes à 
informação sobre características, composição e uso do produto e do 
serviço. Vale lembrar que essa garantia legal independe de termo 
informado e não poderá ser negada. O vício manifesta-se sempre que a 
esfera patrimonial do consumidor for atingida, acarretando a perda da 
utilidade e/ou valor do produto ou serviço. 
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b) Dano: No caso de vício do produto ou serviço, o dano é a impossibilidade de 
usufruí-lo de acordo com as legítimas expectativas do consumidor. 
c) Nexo de imputação: É o vínculo que se estabelece entre o vício e a atividade 
desenvolvida pelo fornecedor para a atribuição do dever de indenizar. 
d) Nexo de causalidade: É a relação de causa e efeito entre o dano produzido e 
o vício.
QUESTÕES COMENTADAS DOS ÚLTIMOS EXAMES
XVI EXAME DA ORDEM
 A responsabilidade civil dos fornecedores de serviços e produtos, estabelecida 
pelo Código do Consumidor, reconheceu a relação jurídica qualificada pela 
presença de uma parte vulnerável, devendo ser observados os princípios da 
boa-fé, lealdade contratual, dignidade da pessoa humana e equidade.
A respeito da temática, assinale a afirmativa correta.
 
A) A responsabilidade civil subjetiva dos fabricantes impõe ao consumidor a 
comprovação da existência de nexo de causalidade que o vincule ao fornecedor, 
mediante comprovação da culpa, invertendo-se o ônus da prova no que tange 
ao resultado danoso suportado.
B) A responsabilidade civil do fabricante é subjetiva e subsidiária quando o 
comerciante é identificado e encontrado para responder pelo vício ou fato do 
produto, cabendo ao segundo a responsabilidade civil objetiva.
C) A responsabilidade civil objetiva do fabricante somente poderá ser imputada 
se houver demonstração dos elementos mínimos que comprovem o nexo de 
causalidade que justifique a ação proposta, ônus esse do consumidor.
D) A inversão do ônus da prova nas relações de consumo é questão de ordem 
pública e de imputação imediata, cabendo ao fabricante a carga probatória 
frente ao consumidor, em razão da responsabilidade civil objetiva.
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Comentário: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos 
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Alternativa correta: C
XVII EXAME DA ORDEM
Saulo e Bianca são casados há quinze anos e, há dez, decidiram ingressar no ramo 
das festas de casamento, produzindo os chamados “bem-casados”, deliciosos doces 
recheados oferecidos aos convidados ao final da festa. Saulo e Bianca não possuem 
registro da atividade empresarial desenvolvida, sendo essa a fonte única de renda 
da família. No mês passado, os noivos Carla e Jair encomendaram ao casal uma 
centena de “bem-casados” no sabor doce de leite. A encomenda foi entregue 
conforme contratado, no dia do casamento. Contudo, diversos convidados que 
ingeriram os quitutes sofreram infecção gastrointestinal, já que o produto estava 
estragado. A impropriedade do produto para o consumo foi comprovada por perícia 
técnica.
Com base no caso narrado, assinale a alternativa correta.
 
A) O casal Saulo e Bianca se enquadra no conceito de fornecedor do Código do 
Consumidor, pois fornecem produtos com habitualidade e onerosidade, sendo que 
apenas Carla e Jair, na qualidade de consumidores indiretos, poderão pleitear 
indenização.
B) Embora a empresa do casal Saulo e Bianca não esteja devidamente registrada na 
Junta Comercial, pode ser considerada fornecedora à luz do Código do Consumidor, 
e os convidados do casamento, na qualidade de consumidores por equiparação, 
poderão pedir indenização diretamente àqueles.
C) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao caso, sendo certo que tanto 
Carla e Jair quanto seus convidados intoxicados são consumidores por equiparação 
e poderão pedir indenização, porém a inversão do ônus da prova só se aplica em 
favor de Carla e Jair, contratantes diretos.
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D) A atividade desenvolvida pelo casal Saulo e Bianca não está oficialmente 
registrada na Junta Comercial e, portanto, por ser ente despersonalizado, não se 
enquadra no conceito
legal de fornecedor da lei do consumidor, aplicando-se ao caso as regras 
atinentes aos vícios redibitórios do Código Civil.
 
Comentário: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Alternativa 
correta: B
XVIII EXAME DA ORDEM
Hugo colidiu com seu veículo e necessitou de reparos na lataria e na pintura. Para 
tanto, procurou, por indicação de um amigo, os serviços da Oficina Mecânica M, 
oportunidade na
qual lhe foi ofertado orçamento escrito, válido por 15 (quinze) dias, com o valor 
da mão de obra e dos materiais a serem utilizados na realização do conserto do 
automóvel. Hugo, na
certeza da boa indicação, contratou pela primeira vez com a Oficina. 
Considerando as regras do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, assinale 
a afirmativa correta.
A) Segundo a lei do consumidor, o orçamento tem prazo de validade obrigatório 
de 10 (dez) dias, contados do seu recebimento pelo consumidor Hugo. Logo, no 
caso, somente durante esse período a Oficina Mecânica M estará vinculada ao 
valor orçado.
B) Uma vez aprovado o orçamento pelo consumidor, os contraentes estarão 
vinculados, sendo correto afirmar que Hugo não responderá por quaisquer ônus 
ou acréscimos no valor dos materiais orçados; contudo, ele poderá vir a 
responder pela necessidade de contratação de terceiros não previstos no 
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orçamento prévio.
C) Se o serviço de pintura contratado por Hugo apresentar vícios de qualidade, é 
correto afirmar que ele terá tríplice opção, à sua escolha, de exigir da oficina 
mecânica: a reexecução do serviço sem custo adicional; a devolução de eventual 
quantia já paga, corrigida monetariamente, ou o abatimento do preço de forma 
proporcional.
D) A lei consumerista considera prática abusiva a execução de serviços sem a 
prévia elaboração de orçamento, o que pode ser feito por qualquer meio, oral 
ou escrito, exigindose,
para sua validade, o consentimento expresso ou tácito do consumidor.
 
Comentário: Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de 
qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, 
assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações 
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente 
capacitados, por conta e risco do fornecedor.
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que 
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as 
normas regulamentares de prestabilidade.
Alternativa correta: C
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Responsabilidade do 
Fabricante
O fornecedor de produtos e serviços deve ser responsável pelos produtos e 
serviços que são objetos de sua atividade nas relações de consumo. Para não 
restar dúvidas, trataremos da responsabilidade pelo defeito e a responsabilidade 
pelo vício.
Defeito é tudo o que gera dano além do vício. Fala-se em "acidente de 
consumo" ou, como o própria lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) 
denomina: "fato do produto e do serviço". Defeito poderia ser ligado a "falha de 
segurança", enquanto que vício a "falha de adequação". O defeito é o vício 
acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto ou serviço, 
que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento, o 
não-funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago – já que o 
produto ou serviço não cumpriram o fim ao qual se destinavam. O defeito causa, 
além desse dano do vício, outro ou outros danos ao patrimônio jurídico material 
e/ou moral e/ou estético e/ou à imagem do consumidor. Pode-se dizer então que 
o defeito tem ligação com o vício, mas, em termos de dano causado ao 
consumidor, é mais devastador.
Portanto, o vício pertence ao próprio produto ou serviço, jamais atingindo a 
pessoa do consumidor ou outros bens seus. O defeito vai além do produto ou do 
serviço para atingir o consumidor em seu patrimônio jurídico mais amplo (seja 
moral, material, estético ou da imagem). 
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O art. 12, caput, do Código de Defesa do Consumidor dispõe claramente o 
que seria a responsabilidade pelo fato do produto. 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de 
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação 
ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Com isso, vemos que os responsáveis são o fabricante, o produtor, o 
construtor e o importador, independentemente de culpa. Estes deverão 
responder pela reparação dos danos causados aos consumidores pelos defeitos 
de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos e pelas informações 
insuficientes ou inadequadas sobre a utilização e riscos. Percebe-se que o caput 
transcrito não menciona "fornecedor", excluindo o comerciante, apesar de 
igualmente ativo nas relações de consumo. No entanto, o artigo 13 do CDC, 
entrega ao comerciante uma responsabilidade subsidiária em relação às pessoas 
citadas no artigo acima em 3 hipóteses. A confirmar:
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, 
quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser 
identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, 
produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer 
o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na 
causação do evento danoso.
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Sendo a responsabilidade do comerciante subsidiária, este apenas 
responderá quando as pessoas indicadas no artigo 12 não puderem ser 
identificadas, ou não forem identificadas de forma adequada. O único caso em que 
veremos a responsabilidade direta do comerciante será quando o acidente tiver 
como origem a má conservação de produtos perecíveis. O § 1º do art. 12, 
menciona claramente o que seria um produto defeituoso, ou seja, quando não 
oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em conta a sua 
apresentação, o uso e os riscos razoavelmente esperados e a época em que foi 
colocado em circulação. 
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele 
legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias 
relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
Dentro destes casos, os §§ 2º e 3º deste artigo 12, do CDC, menciona as 
hipóteses de exclusão da responsabilidade, sendo que o § 2º indica que não se 
considera defeituoso o produto somente pelo fato de ter sido colocado no 
mercado outro de melhor qualidade e, o § 3º exclui a responsabilidade do 
fabricante, construtor, produtor ou importador quando provar que não colocou no 
mercado, que o defeito é inexistente ou que se trata de culpa exclusiva do 
consumidor ou de terceiro. Vejamos:
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor 
qualidade ter sido colocado no mercado.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
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Desse modo, o fornecedor apenas se exonera do dever de reparar pelo 
fato do produto ou do serviço se provar, em síntese, ausência de nexo causal ou 
culpa exclusiva da vítima. Pode parecer inócua a afirmação do inciso I, mas pode 
ocorrer que terceiros, à revelia do fabricante, tenham colocado o produto no 
mercado. Em todos estes casos, a vítima, por óbvio, é o consumidor negocial, ou 
seja, o que adquire o produto (art. 2º do CDC) e a vítima do evento, também 
chamado de consumidor por equiparação (art. 17 do CDC). Agora, importante 
indicar o artigo 14 da lei 8.078/90, já que se trata da responsabilidade pelo fato 
do serviço.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por 
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o 
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa.
Assim como em relação ao produto, o serviço defeituoso deve ser 
examinado no momento em que é prestado. O serviço é defeituoso quando não 
fornece segurança para o consumidor. Os defeitos de serviço podem decorrer 
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de concepção ou de execução indevidas. Seu campo de atuação é muito amplo, 
do serviço mais simples de um encanador ou eletricista ao mais complexo 
serviço proporcionado por clínicas e hospitais e pelas instituições financeirase 
administradoras de cartão de crédito.
Quanto à análise dos §§ 2º e 3º, temos:
Técnicas mais modernas que são utilizadas posteriormente, como vimos, 
não tornam defeituoso o serviço anteriormente prestado (art. 14, § 2º). A 
técnica razoável do serviço é a atual, ou seja, a utilizada no momento da 
prestação. Da mesma forma que para o produto, o fornecedor de serviços 
somente será exonerado da responsabilidade quando provar:
"I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro" (art. 14, § 3º)
Por fim, o § 4º indica uma exceção, trata-se da responsabilidade dos 
profissionais liberais, que será apurada de forma subjetiva, ou seja, com a 
verificação de culpa. A responsabilidade dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa (art. 14, §§ 1º a 4º), sendo, portanto, subjetiva, 
se a obrigação for de meio; mas sendo obrigação de resultado, deve ser objetiva 
sua responsabilidade.
A responsabilidade pelo vício nada mais é do que uma falha de adequação 
de qualidade/quantidade, acarretando uma frustração de consumo ao 
consumidor. O art. 18 do CDC estatui estas situações, nas quais os fornecedores 
possuem responsabilidade solidária pelos vícios de qualidade ou quantidade 
que tornem os produtos impróprios ou inadequados ao consumo de destino ou 
lhes diminuam o valor, também por aqueles que decorrem da disparidade, com 
as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem 
publicitária. A responsabilidade por vício do produto e do serviço está 
estabelecida nos arts. 18 a 20 do CDC, não se confundindo com a 
responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço. Os defeitos aqui são 
intrínsecos aos produtos e não se cuida dos danos causados por eles, como já 
visto. Os artigos tratam do defeito do produto por vícios de qualidade e 
quantidade, impropriedade ou inadequação para a respectiva finalidade. 
Trata-se do quilo que tem apenas 900 gramas; do limpador que não limpa; do 
rádio que não capta devidamente as estações na frequência anunciada.
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Para melhor compreensão, vejamos caput do artigo:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis 
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os 
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes 
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem 
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o 
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
São consideradas vícios as características de qualidade ou quantidade que 
tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se 
destinam e também que lhes diminuam o valor. Da mesma forma são 
considerados vícios os decorrentes da disparidade havida em relação às 
indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem 
publicitária.
Os vícios, portanto, são os problemas que, por exemplo:
a) fazem com que o produto não funcione adequadamente, como um 
liquidificador que não gira;
b) fazem com que o produto funcione mal, como a televisão sem som, o 
automóvel que “morre” toda hora etc.;
c) diminuam o valor do produto, como riscos na lataria do automóvel, mancha no 
terno etc.;
d) não estejam de acordo com informações, como o vidro de mel de 500ml que só 
tem 400ml; o saco de 5kg de açúcar que só tem 4,8kg; o caderno de 100 páginas 
que só tem 180 etc.;
e) façam os serviços apresentarem características com funcionamento 
insuficiente ou inadequado, como o serviço de desentupimento que no dia 
seguinte faz com que o banheiro alague; o carpete que descola rapidamente; a 
parede mal pintada; o extravio de bagagem no transporte aéreo etc.
O fornecedor tem o prazo máximo de 30 dias para sanar o vício. 
Ultrapassado este prazo sem a reparação do vício ou não sendo feito 
convenientemente, surgem alternativas para o consumidor, quais sejam, 
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substituição do produto, abatimento proporcional ou restituição da quantia 
paga mais perdas e danos. Vale lembrar que estas opções do consumidor são de 
forma discricionária, não podendo o fornecedor impor uma das opções. 
Vejamos o § 1º deste artigo 18, da lei 8.078/90:
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas 
condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto 
no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e 
oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser 
convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do 
consumidor.
O § 3º indica a hipótese de uso imediato das alternativas do § 1º deste 
artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor, antecipando, assim, seus efeitos. 
Vejamos: § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° 
deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das 
partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, 
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
O já citado § 1º deste artigo deixa claro que o consumidor pode exigir a 
substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de 
uso e, caso não seja possível essa substituição e o consumidor não concordando 
com a troca por modelo diverso, ainda que mais valioso, poderá receber 
imediatamente a quantia paga ou o abatimento proporcional do preço. Desta 
forma, vejamos o § 4º:
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, 
e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro 
de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou 
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restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II 
e III do § 1° deste artigo.
O artigo 18, § 5º, é exemplificado por Sílvio de Salvo Venosa: desse modo, o 
posto de serviços será responsável pelo fornecimento de combustível adulterado; 
o varejista, por cereais deteriorados, etc10 trata-se da hipótese de fornecedores 
de produtos in natura. Transcreva-se:
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o 
consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu 
produtor.
Por fim, o § 6º deste artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor expõe os 
produtos considerados impróprios ao uso e consumo.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, 
corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, 
aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, 
distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a 
que se destinam.
O consumidor deve encaminhar o produto ao fornecedor assim que 
constatar a existência do vício. O fornecedor, neste caso, é qualquer um 
envolvido na cadeia de consumo, ou seja, pode ser tanto o fabricante, como o 
produtor, ou o construtor, importador ou até mesmo o comerciante. Aí sim, surge 
o prazo de 30 dias para a correção do vício apresentado, podendo, como já 
salientado, ser reduzido a 7 dias ou ampliado para 180 dias.
De acordo com o artigo 19, do CDC, a responsabilidade pelos vícios de 
quantidade do produto sempre que seu conteúdo líquido foi inferior às indicações 
constantes no recipiente, da embalagem,do rótulo ou de publicidade, podendo o 
consumidor, exigir o abatimento do preço, a complementação do peso ou 
medida, a substituição, a restituição imediata da quantia paga mais perdas e 
danos. 
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Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do 
produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu 
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, 
sem os aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos.
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.
§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a 
medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões 
oficiais.
Ainda, os vícios de qualidade de serviços estão estabelecidos no artigo 20 
que regula as relações de consumo, dando como possibilidade ao consumidor 
exigir a reexecução dos serviços, a restituição da quantia paga mais perdas e 
danos ou o abatimento proporcional.
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os 
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por 
aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou 
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua 
escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
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§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente 
capacitados, por conta e risco do fornecedor.
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que 
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as 
normas regulamentares de prestabilidade.
QUESTÕES COMENTADAS DOS ÚLTIMOS EXAMES
XV Exame da Ordem
 
 Carmen adquiriu veículo zero quilômetro com dispositivo de segurança 
denominado airbag do motorista, apenas para o caso de colisões frontais. Cerca 
de dois meses após a aquisição do bem, o veículo de Carmen sofreu colisão 
traseira, e a motorista teve seu rosto arremessado contra o volante, 
causando-lhe escoriações leves. A consumidora ingressou com medida judicial 
em face do fabricante, buscando a reparação pelos danos materiais e morais que 
sofrera, alegando ser o produto defeituoso, já que o airbag não foi acionado 
quando da ocorrência da colisão. A perícia constatou colisão traseira e em 
velocidade inferior à necessária para o acionamento do dispositivo de segurança. 
Carmen invocou a inversão do ônus da prova contra o fabricante, o que foi 
indeferido pelo juiz.
Analise o caso à luz da Lei nº 8.078/90 e assinale a afirmativa correta.
 
A) Cabe inversão do ônus da prova em favor da consumidora, por expressa 
determinação legal, não podendo, em qualquer hipótese, o julgador negar tal 
pleito.
B) Falta legitimação, merecendo a extinção do processo sem resolução do 
mérito, uma vez que o responsável civil pela reparação é o comerciante, no caso, 
a concessionária de veículos.
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C) A responsabilidade civil do fabricante é objetiva e independe de culpa; por 
isso, será cabível indenização à vítima consumidora, mesmo que esta não tenha 
conseguido comprovar a colisão dianteira.
D) O produto não poderá ser caracterizado como defeituoso, inexistindo 
obrigação do fabricante de indenizar a consumidora, já que, nos autos, há apenas 
provas de colisão traseira.
Comentário: Na forma do atr. 12, § 1º, do CDC, “o produto é defeituoso quando 
não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em 
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I – sua apresentação; II 
– o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III – a época em que foi 
colocado em circulação”. O automóvel não apresentou defeito, já que o airbag foi 
instalado com a finalidade de proteger o consumidor das colisões frontais. 
Alternativa correta: D
XVIII EXAME DA ORDEM
Dulce, cinquenta e oito anos de idade, fumante há três décadas, foi diagnosticada 
como portadora de enfisema pulmonar. Trata-se de uma doença pulmonar 
obstrutiva crônica caracterizada pela dilatação excessiva dos alvéolos 
pulmonares, que causa a perda da capacidade respiratória e uma consequente 
oxigenação insuficiente. Em razão do avançado estágio da doença, foi prescrito 
como essencial o tratamento de suplementação de oxigênio. Para tanto, Joana, 
filha de Dulce, adquiriu para sua mãe um aparelho respiratório na loja Saúde e 
Bem-Estar. Porém, com uma semana de uso, o produto parou de funcionar. 
Joana procurou imediatamente a loja para substituição do aparelho, 
oportunidade na qual foi informada pela gerente que deveria aguardar o prazo 
legal de trinta dias para conserto do produto pelo fabricante. Com base no caso 
narrado, em relação ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor, assinale a 
afirmativa correta.
 
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A) Está correta a orientação da vendedora. Joana deverá aguardar o prazo legal 
de trinta dias para conserto e, caso não seja sanado o vício, exigir a substituição 
do produto, a devolução do dinheiro corrigido monetariamente ou o abatimento 
proporcional do preço.
B) Joana não é consumidora destinatária final do produto, logo tem apenas 
direito ao conserto do produto durável no prazo de noventa dias, mas não à 
devolução da quantia paga.
C) Joana não precisa aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto, pois 
tem direito de exigir a substituição imediata do produto, em razão de sua 
essencialidade.
D) Na impossibilidade de substituição do produto por outro da mesma espécie, 
Joana poderá optar por um modelo diverso, sem direito à restituição de 
eventual diferença de preço, e, se este for de valor maior, não será devida por 
Joana qualquer complementação.
 
Comentário: Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade 
que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou 
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com 
a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem 
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o 
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste 
artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes 
viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, 
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
Alternativa correta: C
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XX EXAME DA ORDEM
Antônio desenvolve há mais de 40 anos atividade de comércio no ramo de 
hortifrúti. Seus clientes chegam cedo para adquirir verduras frescas entregues 
pelos produtores rurais da região. Antônio também vende no varejo, com 
pesagem na hora, grãos e cereais adquiridos em sacas de 30 quilos, de uma marca 
muito conhecida e respeitada no mercado. Determinado dia, a cliente Maria 
desconfiou da pesagem e fez a conferência na sua balança caseira, que apontou 
suposta divergência de peso. Procedeu com a imediata denúncia junto ao Órgão 
Oficial de Fiscalização, que confirmou que o instrumento de medição do 
comercianteestava com problemas de calibragem e que não estava aferido 
segundo padrões oficiais, gerando prejuízo aos consumidores. A cliente 
denunciante buscou ser ressarcida pelo vício de quantidade dos produtos. Com 
base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
A) Trata-se de responsabilidade civil solidária, podendo Maria acionar tanto o 
comerciante quanto os produtores.
B) Trata-se de responsabilidade civil subsidiária, pois o comerciante só responde 
se os demais fornecedores não forem identificados.
C) Trata-se de responsabilidade civil exclusiva do comerciante, na qualidade de 
fornecedor imediato.
D) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, motivo pelo qual inexistem 
excludentes de responsabilidade.
Comentário: de acordo com o art. 19, § 2º do CDC: “Os fornecedores respondem 
solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem 
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a 
medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões 
oficiais.” Alternativa correta: C.
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O termo “publicidade” deriva do latim “publicus”, que significa tornar algo 
público, seja um fato, uma ideia ou uma coisa.
O Código de Proteção e Defesa do Consumidor não conceitua o termo 
publicidade, apesar de tratá-lo, de forma específica, na Seção III do Capítulo V. Já a 
doutrina o faz de forma variada, atribuindo-lhe, no entanto, enfoque conceitual.
Desse modo, conceitua-se a publicidade como: “É toda a informação ou 
comunicação difundida com o fim direto ou indireto de promover junto aos 
consumidores a aquisição de um produto ou serviço, qualquer que seja o local ou 
meio de comunicação utilizado”.
Tem-se também o conceito de publicidade como: “publicidade é uma 
atividade comercial controlada, que utiliza técnicas criativas para desenhar 
comunicações identificáveis e persuasivas dos meios de comunicação de massa, a 
fim de desenvolver a demanda de um produto e criar uma imagem da empresa em 
harmonia com a realização dos gostos do consumidor e o desenvolvimento do 
bem-estar social e econômico”.
Pode-se concluir, diante do exposto, que a publicidade:
a) torna conhecido um produto, um serviço ou uma empresa;
b) é operada claramente, sem ocultação do nome ou intenções do anunciante;
c) tem o objetivo de estimular nos consumidores o desejo pela coisa anunciada, ou 
criar prestígio ao anunciante;
d) utiliza os anúncios publicitários na forma de matérias pagas.
Publicidade Enganosa
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A publicidade é norteada por alguns princípios dispostos no Código de 
Defesa do Consumidor. Entre eles é possível destacar:
a) o princípio da identificação da publicidade (art. 36, caput, do CDC);
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil 
e imediatamente, a identifique como tal.
b) princípio da vinculação contratual da publicidade (art. 30 e 35 do CDC);
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada 
por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e 
serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular 
ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à 
oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente 
e à sua livre escolha:
 I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, 
apresentação ou publicidade;
 II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
 III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia 
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
c) princípio da veracidade (art. 37, § 1º, do CDC);
art. 37 § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação 
de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro 
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito 
da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, 
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
d) princípio da inversão do ônus da prova (art. 38 do CDC);
 Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou 
comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
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e) princípio da correção do desvio publicitário (art. 56, XII, do CDC);
art. 56 XII - imposição de contrapropaganda.
f) princípio da transparência da fundamentação publicitária (art. 36, parágrafo 
único, do CDC).
art. 36. Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou 
serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os 
dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
Pelo princípio da identificação da publicidade, estabelecido no caput do 
artigo 36 do CDC, a publicidade clandestina ou subliminar é vedada, pois o 
consumidor deve identificar a publicidade como tal de forma fácil e imediata.
O princípio da vinculação contratual da publicidade, extraído das disposições 
dos artigos 30 e 35 do CDC, implica na força vinculante da informação ou 
publicidade veiculada pelo fornecedor. Assim, caso se recuse a cumprir a oferta, 
terá o consumidor o direito de exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos 
termos da oferta; aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente, ou, 
ainda, rescindir o contrato, com direito à restituição da quantia eventualmente 
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
O artigo 37 do CDC impõe o princípio da veracidade da publicidade. Este 
dispositivo veda a publicidade enganosa ou abusiva. Através deste princípio, 
verifica-se que a intenção é proteger o consumidor de informações falsas a fim de 
que ele possa exercer, de forma livre e consciente, suas escolhas no mercado. Este 
princípio se relaciona com o princípio da boa-fé objetiva, que deve nortear todas 
os negócios jurídicos, desde as tratativas até após a sua conclusão.
Concomitantemente, o § 2º do artigo 37 impõe o princípio da não 
abusividade da publicidade, o que implica a proibição da publicidade de conteúdo 
discriminatório, seja de que natureza for, e proíbe, também, a publicidade que 
incite a violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da criança, que 
desrespeite valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se 
comportar de maneira prejudicial à sua saúde ou segurança.
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O artigo 38 do CDC garante ao consumidor o princípio da inversão do ônus 
da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária, 
que cabe a quem as patrocina.
Na publicidade, a inversão do ônus da prova é obrigatória e independe da 
discricionariedade do juiz”, diferenciando-se da prevista no art. 6º, VIII, do CDC, 
que necessita da verossimilhança da alegação e da hipossuficiência do 
consumidor. O princípio da correção do desvio publicitário está disposto no art. 
56, XII do CDC, pelo qual o fornecedor está obrigado a realizar a 
contrapropaganda. Assim, verificado o desvio publicitário, ou verificada a 
abusividade ou enganosidade da publicidade, deve o infrator anunciar a 
mensagem corretiva no mesmo veículo de comunicação utilizado e com as 
mesmas características empregadas.
O princípio da transparência da fundamentação da publicidade é extraído 
do parágrafo único do artigo 36 do CDC. Por este dispositivo, garante-se ao 
fornecedor a liberdade para anunciar seus produtos e serviços, desde que o faça 
de forma fundamentada, sendo capaz de informar aos legítimos interessados os 
dados fáticos,técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. Isto 
implica a informação correta sobre o produto ou serviço divulgado e ofertado.
O artigo 37 proíbe toda publicidade enganosa e abusiva e em seus 
parágrafos 1º e 2º as caracteriza.
Assim, de acordo com o §1º, seria enganosa qualquer modalidade de 
informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, 
ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o 
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, 
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 
É importante destacar que a referida previsão não exige que a enganosidade 
deva ser provada, bastando apenas a potencialidade de induzimento do 
consumidor em erro.
Para caracterização da publicidade como enganosa basta a verificação de 
sua potencialidade ao engodo, sendo desnecessária a pesquisa da vontade, dolo 
ou culpa, do fornecedor (anunciante, agência ou veículo). A publicidade 
enganosa pode ser classificada como comissiva ou omissiva.
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Na modalidade comissiva, o fornecedor, através de uma declaração 
inverídica, afirma algo que pode induzir o consumidor em erro. Na modalidade 
passiva, o fornecedor omite informação importante a respeito do produto ou 
serviço divulgado, a fim de que o consumidor, não informado de forma 
adequada, seja induzido em erro e compre o produto ou solicite o serviço à sua 
disposição. No entanto, a doutrina adverte que a publicidade enganosa não se 
configura apenas pela veiculação de informações falsas ou pela ausência de 
informações claras. É necessário que essas informações, ou a ausência delas, 
induza em erro os consumidores.
A seguir, tem-se três condições que, de acordo com alguns doutrinadores, 
são necessárias para a configuração do delito de publicidade enganosa.
 1 – É imprescindível que ocorra a publicidade de determinado produto, isto é, a 
divulgação ao público de mensagem destinada a estimular a demanda dos bens 
no mercado.
2 – Para que o delito se concretize não basta a configuração de mensagem 
publicitária, exigindo-se a comprovação do seu caráter enganoso.
3 – Por último, a publicidade enganosa se caracteriza pela referência a 
qualquer dos elementos previstos no art. 37, § 1º do CDC. Nesse sentido, a 
publicidade será enganosa sempre que, por ação ou omissão do fornecedor, ela 
contribuir para gerar dúvida ou induzir em erro o consumidor a respeito da 
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedade, origem, preço e 
quaisquer outros dados sobre produtos ou serviços.
Não basta a veiculação de inverdades”, sendo necessário que a informação 
inverídica seja capaz de ludibriar as pessoas expostas à publicidade. Neste 
sentido, poderiam ser inseridas nas mensagens publicitárias conteúdos não 
verdadeiros, mas incapazes de enganar os consumidores.
Como exemplo, tem-se as mensagens que contivessem conteúdo 
fantasioso, que, mesmo inverídico, não seria capaz de ludibriar os consumidores. 
São exemplos também aquelas mensagens publicitárias que anunciam as ofertas 
como “as melhores do Brasil”; “as melhores condições de pagamento da cidade”; 
“o menor preço do mundo” etc. Tais exemplos são espécies de exagero 
publicitário.
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Outro importante fator a ser considerado na análise da enganosidade da 
publicidade é o público alvo ao qual se destina a mensagem, que se distingue em 
dois tipos: técnicos ou profissionais de áreas determinadas e a sociedade em 
geral. Assim, para que a publicidade seja considerada como enganosa, é 
necessário, além da veiculação de informação falsa ou da ausência de clara 
informação, que ela seja apta a enganar ou induzir em erro tanto o consumidor 
mais desprovido de conhecimentos médios quanto o consumidor bem 
informado ou atento.
QUESTÕES COMENTADAS DOS ÚLTIMOS EXAMES
XV EXAME DA ORDEM
Roberto, atraído pela propaganda de veículos zero quilômetro, compareceu até 
uma concessionária a fim de conhecer as condições de financiamento. 
Verificando que o valor das prestações cabia no seu orçamento mensal e que as 
taxas e os custos lhe pareciam justos, Roberto iniciou junto ao vendedor os 
procedimentos para a compra do veículo. Para sua surpresa, entretanto, a 
financeira negou-lhe o crédito, ao argumento de que havia negativação do nome 
de Roberto nos cadastros de proteção ao crédito. Indignado e buscando 
esclarecimentos, Roberto procurou o Banco de Dados e Cadastro que havia 
informado à concessionária acerca da suposta existência de negativação, sendo 
informado por um dos empregados que as informações que Roberto buscava 
somente poderiam ser dadas mediante ordem judicial. Sobre o procedimento do 
empregado do Banco, assinale a afirmativa correta.
 
A) O empregado do Banco de Dados e Cadastros agiu no legítimo exercício de 
direito ao negar a prestação das informações, já que o solicitado pelo 
consumidor somente deve ser dado pelo fornecedor que solicitou a negativação, 
cabendo a Roberto buscar uma ordem judicial
mandamental, autorizando a divulgação dos dados para ele diretamente.
B) O procedimento do empregado, ao negar as informações que constam no 
Banco de Dados e Cadastros sobre o consumidor, configura infração penal 
punível com pena de detenção ou multa, nos termos tipificados no Código de 
Defesa do Consumidor.
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C) A negativa no fornecimento das informações foi indevida, mas configura mera 
infração administrativa punível com advertência e, em caso de reincidência, pena 
de multa a ser aplicada ao órgão, não ao empregado que negou a prestação de 
informações.
D) Cuida-se de infração administrativa e, somente se cometido em operações que 
envolvessem alimentos, medicamentos ou serviços essenciais, configuraria a 
infração penal, para fins de incidência da norma consumerista em seu aspecto 
penal.
Comentário: Configura crime previsto no art. 72 do Código de Defesa do 
Consumidor “impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que 
sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros” e a pena 
prevista é de detenção de seis meses a um ano ou multa. Alternativa correta: B
XIX EXAME DA ORDEM
Amadeu, aposentado, aderiu ao plano de saúde coletivo ofertado pelo sindicato ao 
qual esteve vinculado por força de sua atividade laborativa por mais de 30 anos. Ao 
completar 60 anos, o valor da mensalidade sofreu aumento significativo (cerca de 
400%), o que foi questionado por Amadeu, a quem os funcionários do sindicato 
explicaram que o aumento decorreu da mudança de faixa etária do aposentado.
A respeito do tema, assinale a afirmativa correta.
A) O aumento do preço é abusivo e a norma consumerista deve ser aplicada ao 
caso, mesmo em se tratando de plano de saúde coletivo e, principalmente, que 
envolva interessado com amparo legal no Estatuto do Idoso.
B) O aumento do preço é legítimo, tendo em vista que o idoso faz maior uso dos 
serviços cobertos e o equilíbrio contratual exige que não haja onerosidade 
excessiva para qualquer das partes, não se aplicando o CDC à hipótese, por se 
tratar de contrato de plano de saúde coletivo envolvendo pessoas idosas.
C) O aumento do valor da mensalidade é legítimo, uma vez que a majoração de 
preço é natural e periodicamente aplicada aos contratos de trato continuado, 
motivo pelo qual o CDC autoriza que o critério faixa etária sirva como parâmetro 
para os reajustes econômicos.
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D) O aumento do preço é abusivo, mas o microssistema consumerista não deve ser 
utilizado na hipótese, sob pena de incorrer em colisão de normas, uma vez que o 
Estatuto do Idoso estabelece a disciplina aplicável às relações jurídicas que 
envolvam pessoa idosa.
O gabarito oficial (preliminar) é a letra “A”.
Comentário: Não é possível determinar se o contrato

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