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Direito do Consumidor 2020.1 Flávia

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Direito do Consumidor
flavia.marimpietri@gmail.com
(melhor forma de comunicação)
· AV1: 28/03 – 10 pontos
· AV2: 23/05 – 10 pontos
· Prova de duas questões, com consulta ao CDC (desde que não seja comentado) – quer que dê a resposta e fundamente nos artigos (não o contrário).
· Cada erro de português tira meio décimo.
· Essencial ter um código comentado (comprar usado) e um livro de doutrina.
· Trabalho extra em grupo valendo um ponto em cada unidade (avisado na véspera) – totaliza dois pontos extras – geralmente coloca vídeo ou caso concreto que chame a atenção da atualidade e pede reflexão com opinião jurídica a respeito, com base no aprendido + conhecimentos gerais de outras matérias.
· Professora exigente, mas só cobra o que deu na sala.
· Estudamos a parte material do CDC.
Bibliografia:
· Manual de Direito do Consumidor (Cláudia Lima Marques e Cursos)
· Curso de Direito do Consumidor (Bruno Miragem)
· Curso de Direito do Consumidor (Rizatto Nunes)
· CDC Comentado (RT) – Lima Marques
· CDC Comentado (Forense) – Autores
Aula 01
 O direito do consumidor é o direito dos desiguais. Perspectiva Aristotélica, igualdade é tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual. Olhar mais parecido com o direito do trabalho do que com o direito civil. Estuda proteção jurídica dos desiguais. Relação de desigualdade, em que o consumidor está sempre em desigualdade perante o fornecedor, estuda como o legislador buscou diminuir essa desigualdade. Evitar cultura do coitadismo em relação ao consumidor, ele não tem sempre a razão. Importante encontrar um equilíbrio, o caminho do meio, dar a cada um o que é justo. Relação jurídica entre dois sujeitos em que um é sempre vulnerável perante o outro, pois quem mais entende é quem vende, não quem compra. Existem várias espécies de vulnerabilidade, mas sempre, o consumidor é ao menos vulnerável no sentido técnico, informacional.
Art. 49 do CDC – direito de devolver o produto em até sete dias, se comprado fora da loja. Teoria do risco do negócio jurídico. Recebe o frete e o valor do produto de volta. E o consumidor tem o direito de testar o produto. Tem que compatibilizar com a boa-fé objetiva, por exemplo, não pode usar quase o produto inteiro e querer de volta.
OBS: Cuidado com lendas urbanas, como o “direito” de devolver ou trocar o produto em até trinta dias, que não existe.
Art. 5º Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo;
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
(Revogado)
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado) ;
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Aula 02
 
Relação de Consumo
 Dificuldade em distinguir relação civil de relação consumo. Nesse caso, existiria a nulidade absoluta, por conta do vício de objeto. 
 A relação de consumo é como um quebra cabeça de três peças e só é relação de consumo quando existem essas três peças juntas: consumidor, fornecedor e produto ou serviço. 
 É uma relação jurídica em que NECESSARIAMENTE em um polo existe um consumidor, no polo oposto um fornecedor e, como elo de ligação entre os polos, o produto ou serviço.
 O próprio CDC nomeia esses elementos.
 Importante lembrar que no CDC existem quarto tipos de consumidor.
· Consumidor
· Padrão (art. 2, caput) – Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
OBS: o destinatário final é o último elo da cadeia produtiva (um fenômeno da pós-revolução industrial). O destinatário final é a parte descritiva do artigo, a parte mais importante. O destinatário final é ditado pela finalidade que se dá ao bem. Por exemplo, alguém pode comprar o produto para revender, podendo ser uma relação civil ou de consumo. Não existe fórmula pronta.
· Teoria Finalista Aprofundada ou Mitigada e o Consumidor Intermediário (Padrão):
 Quando saiu o CDC, nos anos 90, não existia no código uma definição para a expressão “destinatário final” e existiam duas correntes que brigavam para definir o conceito. Os finalistas ou minimalistas (compra com a finalidade de consumo) e as teoria do maximalismo (só interessa que comprou). Ganhou a teoria do finalismo, pois não pode tratar igual alguém que compra um vestido e uma revendedora de carros.
 No entanto, o finalismo evoluiu e o que existe agora é o finalismo aprofundado ou mitigado, que criou uma figura nova, o consumidor intermediário. Como regra geral para ser considerado consumidor, precisa-se adquirir o bem (produto ou serviço) para consumo, não insumo. Ainda assim, no finalismo aprofundado, como exceção, uma pessoa pode utilizar o bem como insumo e ainda ser destinatário final, mas o requisito é que exista entre ambos fornecedores uma extrema vulnerabilidade. Por exemplo, a relação entre Dona Maria, que compra a máquina de costura da Singer para produzir vestidos para a subsistência, e a Singer. Em um processo, Dona Maria seria transformada em consumidora intermediária, para proteger seus interesses, em face de sua vulnerabilidade. Dona Maria, apesar de originalmente ser considerada fornecedora, pode ser considerada consumidora padrão a partir da teoria finalista mitigada ou aprofundada.
 Esse finalismo aprofundado ou mitigado previne que os pequenos fornecedores sejam engolidos pelos fornecedores maiores, excepcionalmente. Traz para a relação de consumo alguém que antes não existia.
 Isso faz parte da categoria de consumidor padrão. A importância prática é de ajudar a distinguir relação civil de relação de consumo.
· Caso da PJ:
 Por exemplo, aBaiana compra água, mas essa não é a sua finalidade, de beber ou revender água. A Baiana não é destinatária final, mas ainda pode acionar a justiça, mas na vara civil (justamente por não ser destinatária final). Seria uma consumidora intermediária.
· Quem adquire paga, quem utiliza consume (destinatário final). Se der uma bolsa para alguém, a pessoa pode trocar ou resolver algum problema relacionado sem contatar a pessoa que adquiriu. Essa é uma questão processual de provar quem é o destinatário final. Pode-se provar de todas as formas que sejam lícitas provar. A pessoa pode brigar sozinha, tendo a condição de destinatária final.
· Equiparados (têm os mesmos direitos que o consumidor padrão tem):
· Coletividade (art. 2, inciso único) – Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
· Se, por conta de uma relação de consumo, o produto ou serviço colocado em mercado, causar dano a uma coletividade de pessoas, essas pessoas podem acionar a justiça, equiparados a consumidores padrão. Por exemplo, os passageiros do navio que intoxicou a água. Entraram na justiça como um grupo lesado. Podia entrar individualmente, mas pode agir coletivamente.
· Vítima de acidente de consumo (art. 17) – Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
· O evento referido é o acidente de consumo, um dano específico à saúde ou a vida ou a segurança. Podem existir desdobramentos patrimoniais, mas não pode se exclusivamente patrimonial, precisa ferir a saúde, a vida ou a segurança (na segurança, não precisa ter sido um dano efetivo, vale o risco iminente). A vítima de acidente de consumo é um terceiro, que não estava envolvido na relação de consumo original, mas é trazido e pode acionar a justiça contra o fornecedor sem consorcio do consumidor padrão. A vítima de acidente de consumo, assim, passa a ter relação de consumo com o fornecedor.
· Exposto a prática abusiva (art. 29) – Equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
· Basta à exposição iminente, não precisa ser lesada no caso concreto. Por exemplo, situação de venda casada (art. 39, inciso 1). Ter que voltar a pé, porque havia separado o dinheiro certo para o leite e o mototaxi para voltar a casa. Se a pessoa decidir não comprar e ir a outro mercado, já foi exposto e, por isso, existe relação de consumo, mesmo não comprando nada. Não quer dizer que tem direito a indenização, pois não há indenização em caso de “e se”. Com essa legitimidade de consumidor, pode ir no PROCON fazer uma queixa para que o mercado seja multado ou entrar com uma obrigação de fazer (vender o café e o leite separado ou tirar o comercial do ar) ou apurar se não é caso de ação coletiva (pois lesou a coletividade como um todo). É diferente do caso de coletividade equiparada a consumidor padrão, pois naquele caso é preciso um dano efetivo e na exposição não.
OBS: PJ COMO CONSUMIDOR?
 Em casos nos quais se negociam e adquirem bens tí­picos de produção, isto é, insumos, o CDC não pode ser aplicado por dois motivos óbvios: primeiro, porque não está dentro de seus princípios ou finalidades; segundo, porque, dado o alto grau de protecionismo e restrições para contratar e garantir, o CDC seria um entrave nas relações comerciais desse tipo, e que muitas vezes são de grande porte. Assim, se aplicaria o direito comum (direito civil).
 No entanto, por exemplo, , posso responder que, como o despachante adquiriu o laptop produzido e entregue ao mercado como um típico bem de consumo, a relação está protegida pelo CDC.
 Não podemos esquecer que, no mesmo sentido, uma simples caneta esferográfica pode ser "bem de produção", como da mesma forma o serviço de energia elétrica é bem de produção para a montadora de automóveis.
 Aliás, complemento os exemplos para lembrar que estão na mesma condição o dinheiro e o crédito obtido no sistema financeiro. Assim, quando uma pessoa jurídica faz um empréstimo num banco a relação é típica de consumo, pois ainda que ela utilize o dinheiro como insumo, como este é tanto produto de consumo como de produção, a situação é igual à do exemplo do laptop.
 Assim, observa-se que a pessoa jurídica só é considerada consumidor, pela Lei, quando adquirir ou utilizar produto ou serviço como destinatário final, não, assim, quando o faça na condição de empresário de bens e serviços com a finalidade de intermediação ou mesmo como insumos ou matérias-primas para transformação ou aperfeiçoamento com fins lucrativos (com o fim de integrá-los em processo de produção, transformação, comercialização ou prestação a terceiros).
· Fornecedor (art. 3, caput)
· Art. 3º – Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
· Fornecedor é toda pessoa (lato sensu) que vai ao mercado de consumo oferecer seus produtos ou serviços mediante remuneração e com habitualidade.
· Pessoa física ou jurídica – Exemplo: se contratar alguém para fazer a logomarca da loja, não é relação de consumo, pois não é destinatário final. Se contratar alguém para a manutenção dos computadores de uma lan house, também não é relação de consumo, faz parte do funcionamento interno, não é atividade-fim com destinatário final. Se fosse para consertar o computador pessoal, não seria insumo e sim consumo. No entanto, pessoas físicas podem prestar serviços e produtos, como autônomos, por exemplo, uma mulher que vende bolo ou uma costureira, por exemplo, que optaram por não serem pessoas jurídicas.
OBS: insumo é tudo que se agrega ao produto final direito como consumidor (comparar café para a cafeteria, exemplo da lan house). Consumo é para o consumo interno (um galão de água para os funcionários).
· Nacional ou estrangeira – questão do ordenamento a ser aplicado. Um produto importado teria como base o domicílio do consumidor, no entanto, se comprar um produto fora do país, se a empresa tiver representação no Brasil, não há problema. A questão é quando se compra algo que não tem representação no Brasil ou quando existe a representação, mas a tecnologia é incompatível.
· Pública ou privada – como regra geral, continua sendo relação de direito administrativo, quando um particular se relaciona ao poder público, mas quando o poder público interfere na atividade econômica, prestando um serviço de natureza uti singuli, a relação é de consumo. O serviço que é prestado de forma divisível e direta e remunerado de forma divisível e direta, como água, luz, telefonia, que são obrigação do Estado, que permite a exploração econômica através das concessionárias. É um serviço individualizado, cada um paga especificamente o que é seu. Nesse caso, é um fornecedor como qualquer outro. Ainda é uma relação com o ente público (exemplo: relação direta do consumidor com a Embasa, que é representante do poder público nessa relação).
· Entes despersonalizados – em diversos sentidos, por exemplo, uma massa falida, uma empresa que faliu. Também pode haver uma relação de consumo com camelô, por exemplo, desde que o objeto seja lícito. 
· Produto (art. 3, inciso 1)
· Bem. Se tirar a remuneração do produto, deixa de ser produto, mas não deixa de ser bem. Muitas vezes buscam maquiar a remuneração para fugir da responsabilidade do CDC, para que seja julgado como uma relação civil.
· Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
· Serviço (art. 3, inciso 2)
· Atividade. Se tirar a remuneração do serviço, deixa de ser serviço, mas não deixa de ser atividade. Muitas vezes buscam maquiar a remuneração para fugir da responsabilidade do CDC, para que seja julgado como uma relação civil.
· Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Princípios
· Boa-fé objetiva e tutela da confiança
· Boa-fé objetiva se materializa, é de ação, de comportamento. A boa-fé objetiva não isenta de responsabilidade civil, mas diminui a pancada na hora de indenização. Uma das funções hermenêuticas da boa-fé objetiva é criar os deveres anexos de conduta, isto é, deveres de conduta que devem ocorrer no mundo dos fatos e são deveres obrigatórios. São deveres éticos, que pautam a sociedade como um todo, ninguém pode alegar que não sabia. O dever de esclarecer, alertar, aconselhar, agir com o outro contratante como parceiro contratual e não como inimigo. A quebra de um dever anexo de conduta pode gerar indenização, por exemplo. 
· Um desses deveres anexos de conduta é preservar a confiança, isto é, a tutela da confiança. Toda vez que o consumidor confia no fornecedor em uma relação de consumo, essa confiança vira um bem jurídico e deve ser preservada. O fornecedor não pode puxar a confiança do consumidor e quebrar essa confiança para se beneficiar. Busca vedar o comportamento contraditório do fornecedor. Existe uma súmula do STJ de indenização por dano moral por cheque pré-datado antes do prazo.
· Vulnerabilidade
· Princípio óbvio da relação entre desiguais. A vulnerabilidade é um estado permanente de desigualdade. É da natureza do consumidor ser mais frágil que o fornecedor, a vulnerabilidade é uma presunção absoluta, e essa vulnerabilidade pode existir em várias esferas. Vulnerabilidade não se confunde com hipossuficiência (vulnerabilidade processual, quando a pessoa não tem condição de fazer adequadamente prova em juízo do direito que está alegando). Todo hipossuficiente é vulnerável, mas nem todo vulnerável é hipossuficiência. Por exemplo, é hipossuficiência se vai brigar com a Vivo pelos créditos que se esgotam rapidamente, é a Vivo que controla o sistema, o consumidor não tem como provar o nexo causal. Não seria hipossuficiência se dois dias após comprar uma bolsa, aparecesse com a alça rasgada, não há problemas provando o nexo causal.
· Vinculação da oferta
· Fazer o que prometeu. Todo consumidor é obrigado a ofertar o que promoveu. Em caso de descumprimento de oferta, pode possibilitar uma indenização pelo dano ou, até mesmo, uma ação de execução de uma obrigação de fazer, a execução da oferta – mesmo sendo apenas consumidor exposto (art. 29). 
· A vinculação da oferta obriga, mas é importante notar a boa-fé objetiva (ninguém de boa-fé objetiva acredita na venda de uma televisão de oito reais, por exemplo, precisa ser um erro grosseiro, gritante, mas se a dúvida for razoável, a obrigação existe).
· Transparência e informação
· Ser transparente na relação de consumo é dividir as informações relevantes para a escolha do produto ou serviço, mesmo que a informação faça com que não escolha o produto ou serviço. Essa obrigação é sempre do fornecedor, mas o consumidor também tem obrigações (por exemplo, fazer um plano de saúde omitindo que tem uma doença pré-existente).
· Harmonização dos interesses
· Contraponto necessário ao princípio da vulnerabilidade.
· Harmonizar interesses significa dar a cada um o que lhe é devido na certa medida (igualdade material aristotélica). O fornecedor tem direitos protegidos constitucionalmente pelo art. 170. É preciso que se equilibre a balança, não que se inverta o desequilíbrio.
Direitos básicos do consumidor (art. 6)
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. 
1. Saúde, vida e segurança 
· Recall
Art. 10 - O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1º O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2º Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3º Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
2. Educação e informação para consumo (+ decreto 5903)
Art. 30 – Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31 – A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. 
3. Proteção
· Publicidade ilícita
Art. 36 – A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
Art. 37 – É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2º É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicialou perigosa à sua saúde ou segurança.
§ 3º Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
· Práticas comerciais abusivas
Art. 39 – É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; 
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. 
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. 
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. 
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
· Cláusulas abusivas
Art. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
§ 2º A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
§ 4º É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
4. Previsão contratual
5. Acesso aos órgãos administrativo e judiciário de defesa ao consumidor
6. Facilitação da defesa em juízo ( + possibilidade de inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente)
OBS: a inversão do ônus da prova é uma falácia que consiste em isentar-se de provar uma afirmação feita, exigindo que o outro prove a que essa não é válida.
7. Adequada e eficaz prestação de serviço público (“uti singuli”) 
VIDA
O direito à vida constitui, dentre os direitos básicos do consumidor, aquele que assume o caráter mais essencial. Possui uma dimensão individual, considerando a necessidade de proteção da integridade física e moral do consumidor em uma relação de consumi específica, vinculando a dependência desse direito com os demais, de proteção à saúde e segurança, também previstos no art. 6 do CDC. Há, também, uma segunda dimensão, a dimensão transindividual do direito à vida, que engloba a coletividade de consumidores efetivos e potenciais, vinculando o direito ao meio ambiente sadio, que deve ser concretizado nas vicissitudes do mercado de consumo. Dessa maneira, é evidente a expectativa de que, na relação de consumo, haja um esforço no sentido da conservação e melhoria da condição de vida do consumidor. Dessa forma, essa proteção a vida deve ser estendida para o que diz respeito a prevenção de riscos e danos causados a consumidores pelos produtos e serviços introduzidos no mercado de consumo, quanto a tudo mais que se relaciona as atividades ou bens, como os procedimentos anteriores e posteriores ao seu oferecimento e eliminação no meio ambiente.
SAÚDE E SEGURANÇA
 O direito básico à proteção da saúde e segurança do consumidor nutre um vínculo íntimo com o direito à vida, como disposto no próprio art. 6 do CDC. Por direito à saúde podemos considerar o direito a que seja assegurado ao consumidor no oferecimento de produtos e serviços, assim como no consumo e utilização dos mesmos, todas as condições adequadas à preservação de sua integridade física e psíquica. Já no que diz respeito ao direito à segurança, este consiste no direito que assegura proteção contra riscos decorrentes do mercado de consumo, isto é, riscos decorrentes do oferecimento do produto ou serviço, desde o momento de sua introdução no mercado, abrangendo o efetivo consumo, até a fase de descarte de sobras, embalagens e demais resquícios do mesmo. A proteção legal abarca riscos pessoais e patrimoniais, considerando o direito à segurança como um direito geral de não sofrer danos. No âmbito da responsabilidade do fornecedor, a violação do dever de segurança acarreta na hipótese do dever de indenizar. A proteçãoda segurança visa à preservação da integridade física, mas os danos indenizáveis não se restringem à ofensa física, podendo decorrer do agravo físico à própria integridade moral. 
INFORMAÇÃO
 O direito à informação é, dentre os direitos básicos do consumidor, expostos no art. 6 do CDC, um dos que produz maiores repercussões na prática, pois infere o contraponto de um dever de informação por parte do fornecedor, um desdobramento do princípio da boa-fé objetiva. Dentre outros pressupostos, o tratamento favorável ao consumidor nas relações de consumo apoia-se no reconhecimento de um déficit informacional entre o consumidor e o fornecedor, dinâmica em que, neste caso, o consumidor sempre estará em posição desfavorável. Dessa forma, o CDC parte em uma busca pela equidade informacional. O direito básico à informação é acompanhado por uma série de deveres específicos de informação ao consumidor, por parte do fornecedor, como o dever à informação sobre riscos e periculosidade, defeitos de informação, vícios de informação, eficácia vinculativa da informação, sua equiparação à oferta e proposta, e as consequências da violação do dever de informar, e muitos outros. Incide nesse aspecto, de modo combinado ao dever de informar, alguns deveres anexos decorrentes da boa-fé objetiva, como o dever de colaboração e de respeito à contraparte, visando que a informação transmitida ao consumidor seja de forma adequada (de forma a cumprir sua finalidade de informar) e veraz.
PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS
 Por práticas abusivas considera-se toda a atuação do fornecedor no mercado de consumo, que caracterize desrespeito a padrões de conduta negociais regularmente estabelecidos, tanto na oferta de produtos e serviços, quanto na execução de contratos de consumo, assim como na etapa pós-contratual. Em sentido amplo, as práticas e cláusulas abusivas englobam toda a atuação do fornecedor em desacordo com a boa-fé e a confiança dos consumidores, uma vez que constituem bens jurídicos que devem ser protegidos. No tocante a proibição de práticas e cláusulas abusivas, salienta-se a intersecção entre os interesses individuais dos consumidores e os interesses gerais de todos os consumidores. Dessa forma, a proteção do consumidor se dá através das seguintes técnicas: a enumeração e exemplificação das espécies abusivas e a sanção de nulidade da cláusula abusiva, preservando o restante do contrato no que lhe é válido.
PREVISÃO CONTRATUAL
 A previsão contratual é um dos direitos básicos do consumidor, que busca prevenir, isto é, eliminar ou reduzir, antecipadamente, causas capazes de produzir um determinado resultado que venha a lesar o consumidor, a parte vulnerável da relação contratual consumerista. Este direito indica aos demais destinatários das normas de proteção estabelecidas pelo CDC uma série de deveres conducentes a eliminação ou redução desses riscos. Tais deveres são determinados aos fornecedores, devido a sua condição de agentes econômicos no mercado de consumo, e ao Estado, devido à norma constitucional impositiva de promoção da defesa do consumidor. Obedecendo o princípio da boa-fé objetiva, bem como os deveres anexos de colaboração e respeito à outra parte, o contrato de consumo deve ter a maior previsibilidade possível, com intuito de prevenir futuros danos ao consumidor.
ACESSO A JUSTIÇA
 O reconhecimento dos direitos do consumidor, por si só, não garante a efetividade da proteção jurídica conferida por lei. Para tanto, é necessário tornar disponível ao consumidor a possibilidade real de defesa de seus interesses em juízo. O art. 6 do CDC, com esse intuito, consagra o direito de acesso a justiça, uma decorrência natural do que já se encontrava exposto no art. 5 da CF/88.
FACILITAÇÃO DE DEFESA EM JUÍZO
 O direito à facilitação de defesa em juízo se concretiza, em termos processuais, pela possibilidade de inversão do ônus da prova, uma falácia que consiste em isentar o consumidor de provar uma afirmação feita, exigindo que a outra parte prove que essa não é válida. A razão para o seu reconhecimento é a dificuldade prática dos consumidores de demonstrar os elementos fáticos que suportam a sua decisão, em decorrência da hipossuficiência do consumidor na relação de consumo, uma vez que o domínio do conhecimento acerca do produto ou serviço, assim como dados relevantes ao seu dispêndio, se encontram nas mãos dos fornecedores. O direito à facilitação de defesa em juízo, previsto no art. 6 do CDC como um dos direitos básicos do consumidor existe, portanto, para suprir essa hipossuficiência do consumidor em relação ao fornecedor, na relação de consumo.
ADEQUADA E EFICAZ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
 Um primeiro ponto a ser analisado é o do que se entende como serviço público no CDC, isto é, os serviços públicos de natureza uti singuli, aqueles que são prestados de forma divisível e direta e remunerados de forma divisível e direta, como água, luz, telefonia, que são obrigação do Estado, uma vez que este permite a sua exploração econômica através das concessionárias. É, portanto, um serviço individualizado. Para que se compreenda o que caracterizaria uma adequada e eficaz prestação de serviço público, como garantido pelo art. 6, deve ponderar o que se encontra postulado em outros dispositivos do CDC, como o seu art. 22, onde há a descrição do que se considera uma prestação adequada e eficaz. De acordo com esse artigo, a base para que se atinja o que pretende o CDC está vinculada diretamente ao dever de continuidade de prestação desse serviço. A consequência da violação desse direito básico resulta no direito do consumidor de ser indenizado por eventuais prejuízos decorrentes da interrupção, assim como, em face do descumprimento da obrigação, a possibilidade de abatimento no preço se for de seu interesse, a possibilidade de desfazimento do contrato (resolução por inadimplemento) e o pedido de restituição dos valores pagos.
SEGUNDA UNIDADE
RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR
· REGRA GERAL
· RESPONSABILIDADE OBJETIVA → Respondem independente de culpa, como regra geral, todos os fornecedores da cadeia produtiva. O consumidor não precisa provar. O universo consumerista adota como regra geral a responsabilidade objetiva; vale dizer que havendo um dano ao consumidor, este tem a obrigação de demonstrar apenas o dano e o nexo causal, sem necessária aferição de culpa ou dolo do fornecedor. Esta regra justifica-se no princípio da vulnerabilidade do consumidor, e leva o CDC a adotar a teoria do risco negocial (fornecedor que arca com o bônus, deve arcar com o ônus, deve correr com os riscos que seu negócio apresenta, não pode responsabilizar o consumidor).
· RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA → Respondem independente de culpa, como regra geral, todos os fornecedores da cadeia produtiva. Todos os fornecedores respondem em bloco perante o consumidor. Fornecedor é um gênero que comporta várias espécies. Exemplo: há o fabricante, o importador e o comerciante do celular. Se tiver algum problema, de acordo com essa regra, posso acionar os três fornecedores ou só um, que responderá pelo todo (e depois esse fornecedor poderá buscar a responsabilidade regressiva para indenização pelos outros fornecedores na vara cível). 
· Solidariedade ampla: quando usa no texto do artigo a palavra “fornecedor”.
· Solidariedade restrita: apenas os nomeados no artigo.
· EXCEÇÕES
· Exceção da responsabilidade objetiva - profissionais liberais. Quem se apresenta como autônomo, não empregado de alguma instituição (agência de serviços, por exemplo, a responsabilidade seria objetiva, da agência).
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
· Exceção da responsabilidade solidária - nomeação da espécie de fornecedor no texto do artigo(solidariedade restrita). Exemplo: art. 12. Como regra geral, o comerciante não é fornecedor nesse artigo.
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
· EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE DO CONSUMIDOR
· O CDC admite algumas causas de exclusão de responsabilidade do fornecedor; demonstram desconstituição do nexo de causalidade. 
· Não estão descritas no CDC, exceto pelo art. 12, parágrafo 3º.
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
· CASO FORTUITO e FORÇA MAIOR - Segundo doutrina mais autorizada o CDC admite como causa de exclusão de responsabilidade o caso fortuito externo (estranho à atividade do agente) e a força maior, mesmo não estando expresso nos arts. 12 e 14. Em verdade tal postura demonstra a adoção de institutos típicos da seara civil, os quais foram adaptados para o universo de consumo, numa clara demonstração do diálogo das fontes. 
· A doutrina e a jurisprudência determinam os limites, havendo, inclusive, súmula do STJ sobre isso. 
· Deve ser um fortuito externo. A ação humana se divide em fortuito interno (risco inerente do negócio, não exclui responsabilidade, por exemplo, o assalto a um banco) e fortuito externo (foge da normalidade e do esperado).
· RISCO DO DESENVOLVIMENTO - Riscos constatados após o ingresso do produto ou serviço no mercado. O direito europeu (especialmente o italiano) e americano, atualmemente, tendem a aceitar tal risco como causa de exclusão de responsabilidade. Caso em que fez todos os testes de segurança, mas não havia tecnologia na época para detectar os riscos na época. Tal discussão gera divergências no Brasil (não se aplica no Brasil). Pensa-se que não se pode aceitar tal posição em virtude do princípio da proteção ao vulnerável e da regra contida no art. 10 do CDC, que consagra a obrigação do recall nestes casos. Para Bruno Miragem adotar a teoria do risco do desenvolvimento como causa de exclusão , seria penalizar a vítima.
· RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR PELO FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO
· Defeito na segurança do produto, que atingirá a saúde, a vida ou a segurança.
· ROBERTO SENISE - Classifica as obrigações em de meio, de resultado, de garantia e de segurança. 
· Na obrigação de meio, o agente garante apenas a utilização de toda a sua diligência para o alcance do resultado, mas não o garante, gerando em caso de dano, a responsabilidade por culpa. 
· Na obrigação de resultado, como o agente o garante, a responsabilidade pelo dano dá-se por culpa presumida ( a qual comporta prova em contrário). Na obrigação de garantia, o agente obriga-se a reparar o dano mesmo em caso, mesmo havendo fortuito ou força maior. 
· Por fim, na obrigação de segurança, existe uma obrigação de resultado, mas que não pode ser cumprida de qualquer forma; o resultado tem que ser alcançado sem lesão à saúde, vida, e segurança da outra parte. O agente responde de forma objetiva pela efetivação de dano na busca do resultado. Pode-se então concluir que a responsabilidade do fornecedor advinda do fato do produto, pode ser classificada como obrigação de segurança.
· SUJEITOS PASSIVOS - Consumidor padrão do art. 2º + equiparados à vitimas do acidente de consumo do art. 17.
· FATO DO SERVIÇO - De acordo com o art. 14 ( utiliza a expressão “fornecedores”), respondem todos os fornecedores da cadeia de prestação do serviço.
· PROFISSIONAIS LIBERAIS - Respondem de acordo com a responsabilidade subjetiva prevista no art. 14, parágrafo 4º do CDC. É mister que restem caracterizadas a ausência de subordinação e o exercício de atividade permanente como profissão. Saliente-se que a exigência de demonstração de culpa destes profissionais não exclui do consumidor o direito de inversão do ônus probatório.
· Comerciantes só respondem na situação do art. 13.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
· É possível que haja responsabilidade por fato e por vício, mas a de fato absorbe a do vício, por ser mais grave.
· A responsabilidade por fato também pode gerar repercussões patrimoniais. 
· RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR PELO VÍCIO – responsabilidade solidária ampla.
· Vício pela adequação. Há um prejuízo exclusivamente patrimonial.
· O fornecedor tem o chamado “Dever de Adequação” para com o consumidor. Vale dizer que todo produto ou serviço deve ter uma qualidade mínima e aptidão para fruição dos efeitos que naturalmente se espera.
· Pela sistemática do Código, respondem de forma objetiva e solidária, na forma dos arts. 18 e 19 do CDC, todos os fornecedores. Note-se que, aqui incide a regra geral de solidariedade entre todos os fornecedores que atuaram na cadeia produtiva até chegar ao consumidor ( diferente da regra da solidariedade restrita usada no art. 12). 
· Quando o fornecedor coloca no mercado um produto/serviço que não oferece a qualidade ou uso regular que normalmente se espera, gerando um prejuízo meramente pecuniário ou patrimonial ao consumidor, ocorre o vício. 
· VÍCIO DO PRODUTO ≠ VÍCIO REDIBITÓRIO . O vício contemplado no CDC não apresenta exata correspondência com o vício redibitório adotado no sistema civilista, isto porque, este está ligado ao valor de troca do produto ou serviço, enquanto aquele, está ligado ao valor de uso.
· A responsabilidade pelo vício pode decorrer por violação de quantidade, qualidade ou informação. Este vício pode tornar o produto/serviço impróprio ou inadequado para seu fim ou diminuir o seu valor.
· CLÁUSULA PRAZO - Quando ocorre este vício, possui o fornecedor o prazo de 30 dias para saná-lo nos termos do art. 18, parágrafo 1º. Porém, quando se tratar de BEM ESSENCIAL ou DEFEITO QUE DESVALORIZA DEMASIADAMENTE O BEM, a troca ou devolução do dinheiro deve ser IMEDIATA (parágrafo 3º).
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
· Se não gostou, não pode trocar, a não ser que aloja estabeleça que qualquer produto pode ser trocado, por exemplo. Princípio da vinculação da oferta. 
· O fornecedor tem 30 dias para analisar o problema e renegociar. Obrigatoriamente 30 dias. Se exceder esse prazo, o consumidor deve concordar. No trigésimo primeiro dia, a faculdade de consertar sai do fornecedor e vai para o consumidor. Pode escolher a substituição do produto por outro ou um novo, pedir o dinheiro de volta ou pedir o abatimento proporcional do preço. Muitas empresas, para não perder o negócio, querem escolher o que o consumidor pode fazer, mas a escolha é do consumidor.
· Uma das hipóteses que não acontece muito na prática é o abatimento proporcional do preço. Essa alternativa só é possível quando fornecedor e consumidor entram em acordo sobre o percentual de desconto. O CDC não prevê o percentual.
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
· Em menos de 30 dias se for essencial – mas precisa provar no caso concreto. Se houver uma desvalorização demasiada do bem, também pode ser em menos de 30 dias, substituindo por outro (exemplo: trocar a placa mãe de um computador novo).
· PARA A PROVA: prestar atenção no enunciado. Exemplo: comprou na loja X, o produto Y (já tem fabricante e comerciante). Diferenciar se é produto, serviço, fato ou vício. São responsabilidades diferentes.
PUBLICIDADE
· Oferta – seguem as mesmas diretrizes do CDC (art. 30 a 35).
· Oferta descritiva: meramente descreve o objeto.
· Oferta publicitária (persuasiva) ou PUBLICIDADE: elementos de persuasão.
· Princípio da vinculação da oferta: tudo que o fornecedor anunciar, ele é obrigado a cumprir nos termos que ofertou. As vezes prometem coisas que sabemos que não podem cumprir. Pode fazer exageros (puffing) ao anunciar critérios subjetivos e intangíveis. Cuidado ao anunciar critérios objetivos. Se não cumprir, se torna uma publicidade ilícita.
· Publicidade também é oferta, se vincula ao artigo 30.
· É vedado colocar o consumidor para fazer cálculo. Quem é obrigado a dizer o valor final, número
· Seja publicitaria ou não, a oferta deve ser clara (não pode gerar dúvida), precisa (questão dos cáculos), ostensiva (sem asteriscos) e na língua portuguesa. Minimamente.
· O direito não regula a publicidade, mas a publicidade ilícita.
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével.
· Publicidade ilícita (art. 36 e 37).
· Ultrapassa os limites de ofertas estabelecidos pelo direito.
· Não existe um código para regular a publicidade. Existem normas esparsas. 
· Descaso da comunidade civil em denunciar.
· Na área civil, se pede indenização via tutela coletiva ou tira a publicidade do ar. Existem os aspectos de outras ordens. Podem ter consequências administrativas. Podem aplicar o art. 56 do CDC. Também, existem crimes de consumo, no CP, incluindo a publicidade ilícita.
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:
 I - multa;
 II - apreensão do produto;
 III - inutilização do produto;
 IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
 V - proibição de fabricação do produto;
 VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
 VII - suspensão temporária de atividade;
 VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
 IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
 X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
 XI - intervenção administrativa;
 XII - imposição de contrapropaganda.
 Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.
· Publicidade enganosa: construída sobre uma mentira, sendo a falsidade total ou parcial, e transmitida de maneira comissiva (afirma algo que não é verdade) ou omissiva (deixa de falar alguma coisa que, se você soubesse, não teria comprado o produto). Crível de enganar o homem médio. Análise caso a caso.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. Bu
 § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
· Publicidade abusiva: não usa da falsidade. Usa do ardil, da malícia, focada no grupo dos hipervulneráveis (crianças, idosos, analfabetos, etc). Pode ser também considerada a que explora o medo, o preconceito, a superstição, incita a violência, etc. Fala-se muito da publicidade abusiva em termos de crédito. Busca-se vedar propagandas que garantem juro zero, quando o juro já está embutido, além dos empréstimos sem consulta no SERASA.
 Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
 § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
· Publicidade subliminar: não identifica como publicidade, vem nas entrelinhas. As pessoas têm direito de saber que estão diante de uma publicidade. Publicidade subliminar não se confunde com merchandising (não é subliminar, é um contexto em que fica claro que é publicidade).
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
· Inversão do ônus da prova (art. 6): possibilidade, não é uma inversão automática, atua apenas quando o juiz percebe a verossimilhança da alegação ou quando for o consumidor hipossuficiente. Inversão geral.
· Inversão do ônus da prova ope legis (art. 38): é uma inversão automática, porém não geral. Inversão cirúrgica, incide apenas sobre a veracidade da informação divulgada a publicidade. O ônus da prova é sempre do fornecedor. O fornecedor tem que provar a veracidade do que está anunciando.
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
· Papel do CONAR: conselho de auto regulação publicitária. Existe para ajudar na regulamentação da publicidade. O papel do CONAR é traçar normas éticas para a publicidade e, uma vez não sendo feitas nesses parâmetros, o CONAR pode apurar e fazer recomendações. O CONAR é membro da sociedade civil, não é órgão público, não tem poder de polícia e não pode aplicarmedidas. No Brasil, a lei diz a publicidade que pode ou não, mas o CONAR pode, com seus pares, analisar se a ação foi ética ou não e pode recomendar medidas.
PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS (ART. 39) – geram sanções.
· Forçar venda casada – tanto com produtos diferentes como produtos iguais em uma quantidade maior do que desejada. Sem possibilidade de comprar separado. Impõe condições para adquirir algo. Não é a sugestão, o que caracteriza a prática comercial abusiva é a imposição.
· Três formas:
· Produto + produto
· Serviço + serviço
· Produto + serviço (cobrança de consumação mínima).
· Boa-fé, proporcionalidade e bom senso.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
· Ter produto em estoque e se recusar a vender. “Selecionar” clientes ou esperar valorizar o preço do produto. Em época de crise é ainda mais grave.
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
· Enviar para casa do consumidor produtos ou serviços sem que o consumidor tenha pedido.
Existe uma sanção no próprio artigo. No paragrafo único. O consumidor não é obrigado a pagar, equipara-se a uma amostra grátis. Ninguém pode mandar nada para sua casa sem você pedir antes.
· O ilícito acontece no simples envio. Mesmo que o consumidor aceite, o ilícito de enviar sem pedido prévio ao envio permanece e o consumidor tem a possibilidade de reclamar. Possibilidade de se insurgir contra esse típico de prática.
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
· Práticas voltadas para consumidores hipervulneráveis (idosos, crianças, pessoas com deficiências na escolaridade, pessoas abaixo da linha da pobreza, etc) que tem uma dificuldade em transitar com essas práticas em nossa sociedade.
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
· Exigir vantagem manifestamente excessiva.
· Conceito fluido, cláusula aberta.
· Fornecedor tentando passar os riscos ou custos de seu negócio para o consumidor.
Exemplo: alguns planos de saúde não querem cobrir o COVID, mesmo estando pagos, e alguns estão exigindo o cheque-caução. Dizer que só pode usar cartão a partir de um preço mínimo, etc.
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
· Não se pode executar qualquer serviço para o consumidor sem antes fazer um orçamento que seja aprovado expressamente pelo consumidor.
· Só pode cobrar para fazer orçamento se dispender o fornecedor. Quando há necessidade de serviço técnico especializado para analisar o orçamento. Essa cobrança de orçamento deve ser previamente e claramente avisada e acordada. O preço desse orçamento deve ser razoável em relação ao mercado e em relação ao valor final.
· Orçamento deve ser:
1. Prévio.
2. Expressamente aprovado pelo consumidor.
3. Descriminado.
4. Validade mínima de dez dias.
· Aplicado em conjunto com o art. 40.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
· Repasse de informação depreciativa.
· Dentre dos limites da lei.
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
· Se recusar a vender a qualquer pessoa que queira pagar.
· “Selecionar” consumidores.
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; 
· Aumentar preço sem justa causa.
· Não tem tabelamento no Brasil, mas há limites.
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. 
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999)
· Proibido vender mais ingressos do que comporta o local.
· “Overbooking”.
· Deve ser negociado. Acomodar a pessoa ou devolver o dinheiro, indenização, etc. No entanto, a prática já aconteceu, não elimina o ilícito.
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. 
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
CONTRATO DE CONSUMO
· Contrato de adesão
· Fornecedor redige as cláusulas, muitas vezes complicando para que o consumidor não entenda.
· Dever de fácil entendimento.
· Direito de pensar, refletir, consultar advogado, etc.
· Se uma dessas diretrizes não for cumprida, o contrato é contaminado, o consumidor pode pedir a anulação e não se obrigar.
· Diretrizes para que seja um ato jurídico perfeito.
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
· Em caso de dúvida, se interpreta de modo a beneficiar o consumidor.
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
· Princípio da conservação dos contratos 
· O contrato faz lei entre as partes, se não houver nenhuma abusividade ou ilegalidade.
· Se houver, o juiz pode retirar ou reescrever a cláusula, preservando o vínculo contratual, mas modificando o contrato. Se rescindir o contrato, é pior para o consumidor.
· O consumidor ter direito de revisão do contrato (art. 6).
· Direito de arrependimento (prazo de reflexão)
· Visa evitar a surpresa do consumidor com o que está comprando.
· Possibilita a devolução.
· Só se aplica a compras a distancia, fora do estabelecimento comercial, sem contato físico com o bem.
· Se for dentro do estabelecimento e comprar em catalogo ou na internet, se aplica.
· Prazo de sete dias a partir da assinatura do contrato ou do recebimento do produto, o que acontecerdepois. São sete dias corridos, não sete dias úteis.
· Deve devolver ao fornecedor. Obrigatório que o fornecedor disponibilize endereço e CNPJ.
· O produto deve ser devolvido em perfeito estado, compatível com o princípio da boa-fé objetiva.
· É um direito imotivado, não precisa explicar.
· O dinheiro precisa ser devolvido de forma imediata e corrigido monetariamente de modo integral. Forma imediata, corrigida e integral.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
· Cláusulas abusivas (art. 51)
· Todas as cláusulas que vão contra os direitos e garantias do consumidor no CDC.
· As cláusulas abusivas podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz.
· As cláusulas podem ser arguidas a qualquer tempo e geram nulidade absoluta (sanção no próprio caput).
· Cláusulas que: retirem ou diminuam a responsabilidade do fornecedor, retirem a possibilidade de reembolso, transfira responsabilidade do consumidor para terceiros, estabeleçam obrigações abusivas ou que contrariem a boa-fé, imponha arbitragem, deixe ao fornecedor a opção de não terminar o contrato ou alterá-lo unilateralmente, obriguem consumidor a ressarcir custos de cobrança, desacordo com o sistema de proteção ao consumidor.
· Não pode retirar ou alterar responsabilidades estabelecidas pelo CDC. 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
 I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
 II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
 III - transfiram responsabilidades a terceiros;
 IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
 VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
 VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
 VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
 IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
 X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
 XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
 XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
 XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
 XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
 XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
 XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
 § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
 I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
 II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
 III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
 § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
 § 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
SNDC
· Art. 55 a 60 + 105 e 106 do CDC.
1. Denúncia do consumidor ou abertura via auto de infração.
2. Defesa do consumidor em prazo de 10 dias (não confundir com contestação, prazo de 15 dias).
3. Decisão do órgão (decisão, não sentença).
4. Recurso administrativo (prazo de 10 dias) – é o único recurso para a autoridade hierárquica imediatamente superior.
5. Aplicação de sanção.
· Sanções (art. 56)
· A sanção mais conhecida é a aplicação de multa administrativa, que reverte para o consumidor de forma mediata. A multa é recolhida a um fundo de defesa ao consumidor e será usada apara financiar ações em prol do consumidor. Critérios de dosimetria da multa. Existem critérios agravantes (ser reincidente, grau de dano à sociedade, poder econômico, etc) e atenuantes. É uma multa que pode ser cumulativa, pode ser aplicada junto com outras sanções.
· Apreensão não se confunde com a inutilização do produto. Nem sempre a inutilização será consequência da apreensão. Na apreensão, é dado um prazo para que se regularize a situação. Caso não regularize, essa apreensão será seguida da inutilização. Ainda, há casos em que a apreensão necessariamente será seguida pela inutilização.
· Cassação de registro ou licença. Se a infração for de uma gravidade que comporte esse tipo de sanção.
· A proibição ou suspensão de fabricação ou fornecimento.
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:
 I - multa;
 II - apreensão do produto;
 III - inutilização do produto;
 IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
 V - proibição de fabricação do produto;
 VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
 VII - suspensão temporária de atividade;
 VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
 IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
 X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
 XI - intervenção administrativa;
 XII - imposição de contrapropaganda.
 Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.
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