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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 FREUD E A TEORIA DA SEXUALIDADE ................................................... 4 2.1 O desenvolvimento da sexualidade na infância ................................... 9 2.2 Comportamentos sexuais em crianças............................................... 13 2.3 Comportamentos sexuais problemáticos em crianças ....................... 16 3 ADOLESCÊNCIA ...................................................................................... 19 3.1 Corpo e sexualidade na adolescência ................................................ 22 3.2 Alterações físicas, emocionais e comportamentais ............................ 27 3.3 A curiosidade sexual .......................................................................... 29 3.4 Práticas sexuais na adolescência ...................................................... 30 3.5 Consequências do comportamento sexual dos adolescentes ............ 31 3.6 A contracepção na adolescência ........................................................ 34 4 SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO SEXUAL ................................................. 38 4.1 Educação sexual ................................................................................ 41 4.2 Percursos brasileiros da sexualidade e da educação sexual ............. 49 5 MANIFESTAÇÕES DA SEXUALIDADE NA ESCOLA .............................. 60 5.1 Importância e finalidade da educação sexual no contexto escolar ..... 62 5.2 A sexualidade no cotidiano atual da escola ........................................ 64 5.3 Orientação sexual: uma questão pedagógica .................................... 66 5.4 Como a escola prepara os jovens para uma vida sexual ................... 68 5.5 O papel da família no desenvolvimento sexual de seus filhos ........... 71 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 75 7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 79 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 FREUD E A TEORIA DA SEXUALIDADE Fonte:psiconeuropedagogia.com A busca por respostas aos transtornos mentais dos adultos levou Sigmund Freud (1856- 1939) a defender sua teoria sobre a existência da sexualidade infantil e as contribuições desse neurologista (Nunes & Silva, 2006 apud Borges; 2019) foram decisivas para esse reconhecimento. Durante sua investigação, Freud desenvolveu e organizou a teoria do inconsciente e da dupla consciência. Dedicado a investigar a origem neuroses nos indivíduos adultos Freud passa a analisar o comportamento infantil e conclui que é na infância que se instala o estado patológico manifesto nas fases subsequentes. As primeiras noções sobre a sexualidade na teoria freudiana partem dos pontos de vista da fisiologia e da química e pelas influências de Fliess por volta de 1890 (Freud, 1901/1905 apud Borges; 2019). Seis anos depois surgem as primeiras manifestações de uma abordagem mais psicológica em que aparecem elementos também da cultura como a vergonha e a moral. É a partir disso que Freud irá suspeitar de que os fatores causais da histeria estavam localizados na infância. Na verdade, Freud está preparando o caminho para a hipótese de que a escolha objetal na vida adulta (desde a adolescência) faz-se seguindo, de algum modo, os rastros deixados pela relação primordial mãe-filho. Hipótese que sugere que o primeiro objeto sexual da criança é o próprio seio da mãe: "Numa época em que a satisfação sexual estava ligada à absorção de 5 alimentos, a pulsão encontrara seu objeto fora do corpo da criança, na sucção do seio da mãe." (Freud, 1987, p.164 apud Amaral M; 1995). Essa questão levou alguns anos para que o próprio Freud pudesse afirmar sua teoria, ora fazendo sua defesa, ora se posicionando contra, como acontece em alguns pronunciamentos sobre seu ensaio A Sexualidade e a Etiologia das Neuroses. Por um lado, diz que “as crianças são capazes de todas a funções sexuais psíquicas e de muitas das somáticas e que é errôneo supor que a vida sexual só comece na puberdade” (Freud, 1901/1905, p. 81 apud Borges; 2019). Por outro lado, declara que é sempre desastrosa atividade sexual na infância e que tais experiências nesse período estão propícias à formação de patologias (Freud, 1901/1905 apud Borges; 2019). Embora sejam, em alguma medida, contraditórias, para nós se apresenta como um alerta às concepções sobre a sexualidade na infância que tomam como referência as experiências adultas. O fato de afirmar a sexualidade infantil, isso não significa que a precocidade seja saudável. Também podemos tomar essas afirmações como advertência às culturas de violência e agressão contra a infância, em especial, as vinculadas à sexualidade, a exemplo de práticas comportamentais que naturalizam a união sexual entre adultos e crianças, a mutilação dos genitais, a prática do estupro e da violência de gênero. A experiência sexual, a partir da concepção adulta, deve ser relegada à maturidade física, psíquica e emocional. Pois para Freud (1901/1905 apud Borges; 2019), a sexualidade e a vida sexual são importantes para todas as realizações humanas. Dessa forma, a teoria da sexualidade infantil é também uma contraposição à noção clássica fundamentada sob os impulsos instintivos. Noção que concebe a criança como ser assexuado, nas experiências sexuais somente a partir da puberdade e de que o objeto e os objetivos são pré-determinados e a finalidade é fixa. Essa noção reforça as questões biológicas, a heteronormatividade e exclui as dimensões culturais, históricas e sociais. A noção ampliada do conceito de sexualidade de Freud, concebe que, a criança possui, desde o princípio, o instinto e as atividades sexuais. Ela os traz consigo para o mundo, e deles provêm, através de uma evolução rica de etapas, a chamada sexualidade normal do adulto. Não são difíceis de observar as manifestações da atividade sexual infantil; ao contrário, deixá-las passar 6 despercebidas ou incompreendidas é que é preciso considerar-se grave (Freud, 1970, citado por Nunes & Silva, 2006, p. 46 apud Borges; 2019). Tomando como modelo prototípico da sexualidade infantil o ato de sucção do bebê, Freud deriva as três características daquela, sem, no entanto, mencionar explicitamente a questão do apoio (da sexualidade sobre a auto conservação), que aparecerá de modo mais evidenciado apenas na edição de 1915 apud Amaral M; 1995. A teoria da sexualidade de Freud, reforça a importância e a complexidade do desenvolvimento psicossocial da criança. Ao considerar a sexualidade infantil desde o nascimento, Freud nos possibilita a pensar a sexualidade não apenas a partir dos referenciais adultos e encarar com naturalidadeos atos e efeitos sexuais das crianças como ereção, masturbação que ele denominou autoerotismo. A sexualidade infantil é definida por dois argumentos centrais: “o caráter predominante auto erótico da vida sexual infantil e a fragmentação dos impulsos pelas zonas erógenas” (Mezan, 2003 citado em Neves, 2016, p. 58 apud Borges; 2019). A primeira manifestação impulsiva sexual não desvincula o prazer libidinal da necessidade biológica, a exemplo da sucção do polegar. Essa desvinculação ou ruptura ocorre com o processo de auto erotização por meio do desvio objetal: do seio para o dedo, por exemplo. Nesse exemplo, a finalidade é a obtenção de prazer e não uma necessidade puramente biológica. O corpo se torna meio e fim de satisfação dos impulsos sexuais. Assim, o conceito de sexualidade teve de ser ampliando de modo a incorporar muitas coisas que não se classificavam sob a função reprodutora (Freud, 1920/1922 apud Borges; 2019). Obviamente, antes de ser aceita no campo científico a teoria freudiana provocou grande repercussão na sociedade conservadora contemporânea de Freud. Desse modo, lidar com naturalidade em relação a essas manifestações sexuais da infância é preservar os indivíduos do desenvolvimento de patologias psíquicas originadas pelo modo severo e violento com que, normalmente, os adultos respondem as expressões sexuais das crianças. Assim, o próprio Freud afirma que as psiconeuroses se aproximam das perversidades e “é bem possível, de fato, que a disposição constitucional, além de um grau desmedido de recalcamento sexual e de uma intensidade hiperpotente da pulsão sexual” (Freud, 1901/1905, p. 104 apud Borges; 2019). 7 De acordo com Marx & Engels (1987 apud Borges; 2019), o primeiro ato histórico é a produção dos meios necessários para a satisfação das necessidades e da produção da própria vida. Nesse sentido, a satisfação das necessidades primeiras, consequentemente, demandam satisfações mais elaboradas e instrumentos de satisfação mais complexos. Isso pressupõe uma intencionalidade sobre a satisfação das necessidades. Ao retomar a tragédia de Édipo Rei Freud (1920/1922 apud Borges; 2019), inaugura também um sujeito dotado de vontade e de responsabilidades na relação consigo mesmo, com a natureza e com outros homens. Enquanto que para Marx & Engels (1987 apud Borges; 2019) o processo de satisfação das necessidades seja a mola propulsora do progresso civilizatório e da complexificação das relações e do modo de produção, para Freud a satisfação se relaciona com o princípio de prazer e o princípio de realidade, a qual ele denominou de libido (Freud, 1920/1922 apud Borges; 2019). A libido se manifesta de diversas maneiras e está presente desde o nascimento. Freud (1920/1922 apud Borges; 2019), a partir da descoberta da sexualidade infantil, classificou a libido segundo a fonte, as zonas erógenas e os objetos de prazer. Essa classificação foi realizada de acordo com as fases de desenvolvimento infantil. A fase oral corresponde a zona erógena relacionada com a boca e lábios e o prazer se manifesta no ato de levar objetos à boca e as ações que ela pode realizar: comer, mastigar, engolir, sugar. A fase anal se relaciona com o prazer de expelir ou reter as fezes e a zona erógena privilegiada é o ânus. No item V, A descoberta do objeto, Freud sugere que o desenvolvimento psíquico observado na puberdade "permite à sexualidade encontrar o objeto, para o que havia sido preparado desde a infância." (Freud, 1987, p.164 apud Amaral M; 1995). O objeto de prazer pode ser facilmente substituído por outros elementos externos ao corpo: barro, argila, massinha etc. A fase fálica ou genital tem como fontes de prazer os órgãos genitais e a satisfação pode ser suprida pela masturbação, toques ou manipulação com objetos. Nessa fase são comuns as ereções, o exibicionismo e a curiosidade infantil. 8 O modo como adulto lida com essas fases infantis pode acarretar em uma erotização (saudável ou patológica) ou a estigmatização de quaisquer das zonas erógenas do corpo, a exemplo das carícias afetivas ou das repressões violentas ou agressivas. Outra contribuição de Freud é a descoberta do inconsciente. De acordo com o autor, esse componente psíquico não é um lugar ou uma coisa, mas uma lógica que emerge de modo fragmentado, disfarçado, enigmático que se opõe a consciência (Freud, 1920/1922 apud Borges; 2019). Essa descoberta auxiliou na elaboração da estrutura do aparelho mental em três instâncias que se relacionam entre si: id, ego, superego. O id é a libido plena, sem freios, sem limites, energia bruta em busca de satisfação. O ego é a parte consciente, voluntária e racional, poderíamos dizer que é a instância mediadora entre o id e o superego. Este último é associado às repressões e o recalque direcionados ao ego e ao id e se manifestam nas formas dos aspectos culturais e sociais, que por sua vez podem ser internalizados elaborados de modo inconsciente. No que diz respeito a sexualidade infantil, a teoria freudiana contribui para o seu reconhecimento, contudo, ainda hoje ela é negada de modo violento. Nesse sentido, não basta reconhecer a existência da sexualidade na infância é preciso compreendê-la dentro da amplitude do sujeito complexo que a desenvolve. Além disso, é necessário respeitar esse sujeito como um ser sexual, não a partir das concepções ou erotizações do adulto, mas em suas capacidades de desenvolvimento e que, nesse processo, ele seja capaz de observar, analisar e de transformar a realidade de opressão em uma presença autônoma numa natureza de liberdade. A opressão, promovida por uma sociedade como a nossa, origina violências das mais diversas ordens. Essas violências vão desde a criminosa negação da sexualidade e do prazer, como a própria negação de existência ou de manifestação da vida. E para que a vida se desenvolva em sua plenitude humana são necessários os meios para esse desenvolvimento e para libertação da servidão e, essa possibilidade, ela é “real no mundo real e através de meios reais” (Marx e Engels, 1987, p. 65 apud Borges; 2019). 9 A sucção voluptuosa nos permitiu distinguir as três características essenciais de uma manifestação sexual infantil. Ela ainda não conhece objeto sexual algum, é auto erótica e seu alvo sexual está sob a dominação de uma zona erógena. (Freud, 1987, p.106-7 apud Amaral M; 1995). 2.1 O desenvolvimento da sexualidade na infância Para compreender sobre a sexualidade infantil na sociedade brasileira, precisamos retornar à história da infância no mundo ocidental com mais aprofundamento. Nesse sentido, Philippe Ariès (1981 apud Souza M; 2017) é um ícone e uma referência sobre os estudos da história da infância e da família. Seus estudos trazem contribuições importantes e relevantes sobre as transformações que ocorreram sobre o significado do que é infância e também sobre a família ao longo dos séculos. De acordo com Ariès (1981 apud Souza M; 2017) na Idade Média a criança era vista como um adulto em miniatura, ela não era considerada como um ser social e era tratada de acordo com a classe social a que pertencia. Seu vestuário era igual ao de um adulto e no período medieval era frequente o matrimônio entre adolescentes e adultos, quer dizer que não existia também limites entre a infância e à adolescência, o que de certa maneira afetava as relações interpessoais de um modo geral. De acordo com Ariès (1981 apud Sousa M; 2017) durante os séculos XV e XVI na Europa existia uma maior liberdade sexual, pois não havia um controle total da sexualidade. Assim, eram frequentes e aceita com naturalidade as brincadeiras sexuais entre adultos e crianças, em algumas regiões da Europa, estas faziam parte do cotidiano tanto de famílias nobres, como de famílias populares. A partir do século XV esse cenário começa a mudar e a criança passaa ser mais preservada e com o advento da sociedade capitalista urbano-industrial, a criança passa a ser vista como uma pessoa que necessita de cuidados e de escolarização. Nesse sentido Jane Felipe e Bianca Guizzo (2003 apud Souza M; 2017) esclarecem que, o conhecimento produzido sobre a infância a partir do século XVIII, suas características e necessidades, foi consolidando aos poucos a ideia da criança como sujeito de direitos, merecedora de dignidade e respeito, devendo ser preservada a sua dignidade física e emocional (FELIPE; GUIZZO, 2003, p. 123 apud Souza M; 2017). 10 A partir desse momento a sexualidade passa a ser tratada de outra maneira, bem como a relação sexual passa a ser uma atividade aceita somente dentro do espaço conjugal, no âmbito e limite da família nuclear (MICHAEL FOUCAULT, 1988 apud Souza M; 2017). Nesse período, os estudos sobre a sexualidade ganharam reforço com as publicações de Sigmund Freud, no século XX, o que contribuiu significativamente para o surgimento do olhar sobre a sexualidade infantil e humana. Antes de Freud a criança era considerada como um ser assexuado, mas com sua teoria Freud apresenta que a criança possui uma sexualidade que perpassa o aspecto genital. A sexualidade infantil passa a ser estudada e vista como uma questão humana, a partir de um novo olhar. De acordo com Ana Camargo e Cláudia Ribeiro (1999 apud Souza M; 2017) após a teoria freudiana, outras áreas do conhecimento como a biologia, a psicologia, a psicanálise e a pedagogia iniciaram vários estudos tendo como principal objeto a sexualidade da criança e a infância. Fonte: corujices.com Freud (1995 apud Souza M; 2017) defende a ideia de que a sexualidade humana não é instintiva, pois o homem busca prazer e satisfação de diferentes maneiras, baseadas em sua história individual, ou seja, a sexualidade humana vai além das necessidades fisiológicas fundamentais. 11 Ele acreditava que a personalidade é formada nos primeiros anos de vida à medida que as crianças lidam com conflitos entre os impulsos biológicos inatos ligados ao sexo e as exigências da sociedade, quer dizer com a inter-relação com o outro. Ele caracterizou que a criança sente prazer em diferentes áreas do corpo. Assim, denominou de fase oral – nascimento até mais ou menos 18 meses de idade –, quando a criança sente prazer ao sugar o seio materno na alimentação, depois isso transfere para outros objetos, como a chupeta, nessa fase a zona erógena é a boca. Na segunda fase a anal – entre 18 meses a 3 anos –, a criança sente prazer com a eliminação ou retenção dos esfíncteres e de brincar com eles; o ânus é a zona erógena. Na fase fálica – 3 a 6 anos –, a criança estimula os órgãos genitais, mas não relaciona o órgão a sua função. A criança se masturba porque lhe causa boas sensações. Nesse período, por exemplo, as crianças querem saber de onde vêm os bebês, as diferenças entre o corpo masculino e feminino. Em seguida vem o período de latência – 6 anos a puberdade –, onde as crianças ficam mais tranquilas com relação as questões da sexualidade, então elas se socializam, desenvolvem outras habilidades tanto na escola, quanto em outros grupos de convivência. A última fase genital, que tem seu início na puberdade e se estende até a fase adulta, caracterizando-se pela atividade sexual que, a princípio, inicia-se com a masturbação a fim de obter prazer e depois com o ato sexual propriamente dito (ANA CLAUDIA MAIA, 2005 apud Souza M; 2017). Apesar de abordamos, brevemente, alguns conceitos da teoria freudiana, esta não seria a fundamentação teórica cerne no estudo. Christiane Sanderson (2005 apud Soza M; 2017) aborda que a sexualidade da criança ainda é um assunto difícil para pais e adultos, considera que eles têm um papel importante e fundamental na compreensão que a criança vai adquirir sobre o mundo, sobre si, sobre o outro e as relações que estabelece. Aqui transpomos a figura desse adulto para a figura da professora, que tem contato diário com crianças da educação infantil na idade entre 4 meses a 5 anos e 11meses, assim como do ensino fundamental com crianças de 6 anos a aproximadamente 11 anos. 12 As crianças “[...] precisam conhecer a sexualidade e entendê-la em uma linguagem adequada à idade e de acordo com o desenvolvimento delas [...]” (SANDERSON, 2005, p.27 apud Souza M; 2017). As crianças querem saber sobre sexualidade e sexo, assim como querem saber sobre outros fenômenos da natureza. Segundo Sanderson (2005 apud Souza M; 2017), a natureza progressiva e o desenvolvimento do comportamento sexual em crianças dependem de vários fatores, que consistem em normas e expectativas socioculturais refletidas na família. Essas interações e valores familiares são interligados com experiências sociais e influências intrapsíquicas, as quais, por sua vez, se tornam integradas ao desenvolvimento das capacidades cognitivas da criança com relação ao pensamento, interpretação e origem do significado. Cada estágio do desenvolvimento está associado a certas características no desenvolvimento sexual das crianças (SANDERSON, 2005, p. 35 apud Souza M; 2017). Sanderson (2005, p. 35 apud Souza M; 2017), explica que “[...] o desenvolvimento do comportamento sexual, assim como outros comportamentos das crianças, assume a forma de brincadeira e jogos [...]”. Um exemplo de comportamento típico entre crianças de 0 a 4 anos de idade são os jogos de “brincar de casinha”, “de papai e mamãe” e “de médico”, sendo um exemplo de comportamento atípico aquele onde a criança “preocupa-se com o comportamento e as atividades sexuais”. A criança na 1ª infância – 0 a 3 anos –, vive a sexualidade de maneira mais tranquila, como o aprendizado sobre o mundo que a cerca, assim como aprende sobre outras questões da vida e do mundo. Maia (2005, p. 85 apud Souza M; 2017) destaca que “[...] a infância é a época mais importante nesse aprendizado e a vivência da sexualidade na infância é a base para compreender as manifestações da sexualidade na vida adulta. ” Pais e professores deveriam agir da maneira mais natural possível e responderem a todas as questões apresentadas pelas crianças. Além de Maia (2005 apud Souza M; 2017), Sanderson (2005 apud Souza M; 2017) e Marcos Ribeiro, (2005 apud Souza M; 2017) também corroboram com essas questões. Precisamos aprender a lidar com essas manifestações e procurar atender as necessidades da criança de maneira mais tranquila, sem dramas e exageros, sem considerar que o comportamento sexual das crianças é precoce ou aflorado no que tange a sexualidade. 13 Neste sentido Maia (2005 apud Souza M; 2017) considera que, uma vez que reconhecermos que a sexualidade está presente nas crianças, que há manifestações da sexualidade no desenvolvimento infantil, essas manifestações são determinantes para a vida sexual na idade adulta, é inegável que as crianças devem receber orientação sexual desde o momento em que mostram interesse pelo tema. E seu direito à informação é inegável (MAIA, 2005, p. 89 apud Souza M; 2017). A autora ainda enfatiza a importância de se respeitar a sexualidade da criança e o seu aprendizado sobre a questão e mostra a necessidade de uma orientação adequada às crianças pelos adultos. Por isso, a importância de se construir propostas de formação que busquem o esclarecimento e orientação para pais e professores. A essa energia, Freud (2006) denominou de libido, que é sinônimo de energia sexual. Segundo Fiori (1981) a libido é, [...] a energia afetiva original que sofrerá progressivas organizações durante o desenvolvimento, cada uma das quais suportadas por uma organização da libido, apoiada numa zona erógena corporal, caracterizará uma fase de desenvolvimento (FIORI, 1981, p. 33 et. al., Freud apud Costa E; et al., Oliveira K; 2011). 2.2 Comportamentos sexuais em criançasHistoricamente, o estudo da sexualidade infantil remonta aos primeiros trabalhos de Sigmund Freud nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905 apud Pinto J ;2013), teoria sobre a qual baseou os estádios de desenvolvimento, que nessa altura sustentaram um ponto de partida revolucionário devido ao reconhecimento da existência da atividade sexual na infância. À medida que os estudos sobre a sexualidade infantil avançaram, comprovou-se que a resposta sexual está presente na criança desde muito cedo. Através de observações diretas e controladas (e.g., entrevistas a pais e crianças), verificou-se a existência de ereções espontâneas em bebês do sexo masculino recém-nascidos e lubrificação vaginal nas bebês do sexo feminino, o que parece demonstrar que o aparelho sexual exerce uma função fisiológica, sendo um processo natural como o respirar ou digerir (Pereira, 1987 apud Pinto J ;2013). Também as descrições retrospectivas de adultos permitem apurar a existência de lembranças destes se comportarem de forma sexual enquanto crianças (Larsson & Svedin, 2002ª apud Pinto J ;2013). 14 Hoje em dia, confirma-se que a sexualidade se manifesta desde o início da vida e que se desenvolve a par com o desenvolvimento geral do indivíduo, integrada no seu bem-estar biopsicossocial (López & Fuertes, 1999 apud Pinto J ;2013). A tecnologia recente da ecografia permite constatar que o sistema de resposta sexual tem o seu início no período de gestação, uma vez que nas ecografias se observou resposta erétil em fetos do sexo masculino com cerca de 16 semanas de gestação, ou seja verificamos que, atualmente, a resposta sexual está presente no ser humano ainda mais cedo do que o constatado pelas descobertas das primeiras investigações (Haffner, 2000 apud Pinto J ;2013). Segundo Friedrich, Fisher, Brouthton, Kuiper & Beilke (1991 apud Pinto J ;2013) os comportamentos sexuais mais comuns na primeira infância consistem principalmente em: comportamentos de auto estimulação sexual; de exposição das partes íntimas; comportamentos relacionados com os limites pessoais quando as crianças ainda estão a aprender a distância culturalmente adequada entre as pessoas (e.g., ficar muito perto das pessoas); comportamentos de papéis de gênero (i.e., comportamentos e interesses baseados no sexo da criança); e comportamentos de voyeurismo (i.e., tentar olhar para outras pessoas na sua intimidade, nomeadamente, quando estão nuas). Por sua vez, os comportamentos menos frequentes são os comportamentos mais intrusivos, tais como a imitação do comportamento sexual adulto, nomeadamente, a tentativa de manter relações sexuais, contato oral/genital e inserir objetos na vagina/reto. A investigação na área dos comportamentos sexuais tende a relatar um declínio do comportamento sexual, de um modo geral, com a idade (Friedrich, Fisher, Broughton, Houston & Shafran, 1998; Gray, Pithers, Busconi & Houchens, 1999; Kendall-Tackett, Williams & Finkelhor, 1993; Tarren-Sweeney, 2008 apud Pinto J ;2013). Friedrich e colaboradores (1998 apud Pinto J ;2013) constataram que determinados comportamentos, como o toque nos genitais do próprio ou de outras crianças, diminuía ao longo do desenvolvimento até aos 12 anos, onde se verifica uma frequência bastante baixa deste comportamento (1,1% dos meninos, 2,2% das meninas) comparativamente com a frequência observada nos rapazes de 5 anos, por exemplo, (60,2%). 15 Em contraste, certo tipo de comportamentos sexuais torna-se mais frequentes à medida que as crianças se desenvolvem, como por exemplo: o interesse no sexo oposto; fazer perguntas sobre sexualidade; ver fotos de que mostrem nudez; usar palavras com conotação sexual; bem como o interesse em nudez na televisão (Friedrich et al., 1991; 1998). No mesmo estudo de Friedrich e colaboradores (1998 apud Pinto J ;2013), por exemplo, os cuidadores reportaram que 5% das crianças com idades compreendidas entre os dois e os cinco anos manifestavam interesse em nudez na televisão, enquanto que nas crianças entre os 10 e os 12 anos o comportamento foi reportado assumindo uma frequência de 15%. O desenvolvimento sexual, contudo, deve ser visto num continuum ocorrendo num contexto de mudanças físicas, cognitivas e psicossociais, influenciadas pelo ambiente familiar, pela comunidade e pela cultura (Friedrich, Jaworsky, Huxsahl & Bengtson, 1997; Friedrich et al., 2001 apud Pinto J ;2013). Isto é, apesar de o comportamento sexual ser fundamentado de forma biológica, resultando na conjugação de fatores genéticos, hormonais e embriológicos, os fatores psicológicos e socioculturais assumem também um papel importante, uma vez que a exposição da criança ao relacionamento com outros e a uma determinada cultura (tabus, valores e crenças em relação ao sexo) vai condicionar o seu futuro comportamento sexual (Pereira, 1987 apud Pinto J ;2013). Os comportamentos sexuais são aprendidos através da observação dos comportamentos dos adultos que rodeiam a criança, nomeadamente, a família, mas também nos meios de comunicação social como a televisão (Haffner, 2000; Ray et al., 1995). Assim, além do declínio que, como referimos anteriormente, é esperado no comportamento sexual consoante a idade e nível de desenvolvimento, também é provável que, à medida que as crianças aprendam os padrões culturais e o tabu inerente à sexualidade, os comportamentos sexuais no geral diminuam (Friedrich et al., 1991 apud Pinto J ;2013). Em suma, os comportamentos sexuais iniciam-se cedo na vida da criança, e continuam ao longo da vida. A análise e avaliação dos comportamentos sexuais devem ser compreendidas com base no desenvolvimento, comportamento e conhecimento sexual da criança, dependendo também da cultura e normas da sociedade em que esta se insere. 16 Como verificamos, o que é normativo para uma criança em idade pré-escolar pode ser atípico para uma criança mais velha e vice-versa (Friedrich et al., 1991, 1992, 1997, 2001; Larsson & Svedin, 2002b apud Pinto J ;2013). Para Freud (1996b), existe uma sexualidade infantil que atua desde o início da vida, e neste caso, o campo do que se chama sexual torna-se muito mais ampliado, pois se circunscreve no esforço do ser humano (no caso, a criança) em compreender e se adaptar à realidade. A sexualidade vai além da ideia de instinto, pois não se reduz a mesma função de fome, sede, excreção, etc. Assim, as atividades infantis revelam, antes de qualquer coisa, a sua sexualidade, e no início de suas vidas revelam-se também como atividades de conservação (alimentação e excreção, principalmente (Freud 1996 apud Santos M; et al., Castilhano A; 2010). 2.3 Comportamentos sexuais problemáticos em crianças Existe uma tendência para negar as crianças enquanto seres sexuais (Davies, Glaser & Kossof, 2000; Pithers & Gray, 1998; Ray et al., 1995 apud Pinto J ;2013). Embora o desenvolvimento psicossexual tenha início na infância (Freud, 1905; Friedrich et al., 1991 apud Pinto J ;2013), verifica-se a dificuldade em aceitar a manifestação de comportamentos sexuais em idades mais precoces (Davies et al., 2000; Pithers & Gray, 1998; Ray et al., 1995 apud Pinto J ;2013). Assim torna-se difícil conceptualizar a sexualidade como uma área do desenvolvimento da criança onde as mesmas estão propensas a ter problemas comportamentais, tal como em qualquer outra área do desenvolvimento ou comportamento (Pithers & Gray, 1998 apud Pinto J ;2013). A investigação na área dos comportamentos sexuais problemáticos em crianças é relativamente recente. Só na década de 1980 é que o número de estudos que se concentram especificamente nestes casos aumentou consideravelmente, assim como a investigação sobre programas de intervenção terapêutica (Baker et al., 2001; Bonner, Walker & Berliner, 1999a; Gray, Busconi, Houchens & Pithers, 1997; Kendall-Tackett et al., 1993; Pithers& Gray, 1998; Silovsky & Niec, 2002 Pinto J ;2013). Alguns autores defendem que a investigação na área se impulsionou com a associação dos comportamentos sexuais problemáticos a crianças vítimas de abuso sexual (Elkovitch, Latzman, Hansen & Flood, 2009; Friedrich et al., 1998 apud Pinto J ;2013). Até esta altura, o comportamento sexual problemático era considerado um problema manifestado, quase exclusivamente, por adolescentes ou adultos do sexo masculino (Gray et al., 1997 apud Pinto J ;2013). 17 Hoje em dia considera-se que as crianças devem ser diferenciadas dos adolescentes e adultos, nomeadamente, na análise dos seus comportamentos e nas diretrizes da intervenção terapêutica (Chaffin, Letourneau & Silovsky, 2002; Hall, Mathews & Pearce, 1998 apud Pinto J ;2013). À medida que a investigação foi aumentando, esta área do comportamento tem sido alvo de preocupação e têm sido feitos avanços na compreensão dos comportamentos sexuais das crianças, nomeadamente, na procura de estratégias e programas de intervenção, bem como de protocolos de avaliação com base na sua normatividade e problemática (Bonner et al., 1999a; Chaffin et al., 2008; Hall et al., 1998; Silovsky, Niec, Bard & Hecht, 2007; Silovsky & Letourneau, 2008 apud Pinto J ;2013). Para determinar se o comportamento sexual é problemático, é importante ter determinados aspetos em conta, embora não existam indicadores únicos e confiáveis que distingam, de forma conclusiva, o que é um comportamento sexual normativo e um comportamento sexual problemático (Bonner et al., 1999a; Pithers, Gray, Busconi & Houchens, 1998b apud Pinto J ;2013). No entanto, são vários os autores que têm trabalhado na melhor definição, compreensão e classificação destes comportamentos. Chaffin e colaboradores (2008 apud Pinto J ;2013) definem comportamentos sexuais problemáticos como sendo comportamentos de “crianças com 12 anos e mais novas que iniciam comportamentos que envolvem partes do corpo sexuais (i.e., genitais, ânus, nádegas ou seios) que são inapropriados, tendo em conta o desenvolvimento, ou potencialmente prejudiciais para o próprio e para outros " (p. 200 apud Pinto J ;2013). Gray e colaboradores (1997; 1999 apud Pinto J ;2013) definiram comportamentos sexuais problemáticos como sendo aqueles que são: (1) repetitivos; (2) que não se modificam com intervenção de adultos e com supervisão; (3), equivalentes a uma infração penal; (4) generalizados, ocorrendo ao longo de diversos contextos e ao longo do tempo, e/ou (5) um leque diversificado de comportamentos sexuais inadequados. Por sua vez, Johnson (1988, 1999, 2000, citada por Johnson, 2002 apud Pinto J ;2013) define três tipologias de comportamentos sexuais: Os comportamentos sexuais naturais, em que a criança explora de forma saudável e espontânea a sua sexualidade durante a infância; 18 Comportamentos sexuais praticados por crianças a que a autora se refere como “sexualmente reativas” (p.92), sendo este tipo de comportamento geralmente uma resposta a uma memória de abuso anterior; E comportamentos sexuais mais intrusivos e agressivos, nomeadamente, referentes a crianças que molestam outras crianças. São considerados comportamentos sexuais agressivos os que possam causar dano, onde esteja presente o uso da força, de intimidação ou coerção, assim como agressões físicas e o resultado de danos emocionais ou perturbação do desenvolvimento social nas crianças envolvidas (Chaffin et al., 2008; Gray et al., 1997 apud Pinto J ;2013). Os comportamentos sexuais problemáticos podem ser comportamentos focados no próprio ou podem envolver outras crianças (Chaffin et al., 2008 apud Pinto J ;2013). Analisando as definições descritas anteriormente, podemos concluir que existem alguns critérios para categorização que reúnem consenso. Nomeadamente, na categorização de um comportamento sexual como normativo ou problemático há que considerar: A idade/nível de desenvolvimento da (s) criança (s) envolvida (s) no comportamento em questão, A frequência do comportamento, No caso de várias crianças envolvidas, a diferença de desenvolvimento/estatura que possa implicar diferenças de poder, As emoções (positivas ou negativas) presentes aquando da interação nas atividades sexuais, A resposta à supervisão e controlo dos comportamentos por parte dos adultos, 6) o uso da força, coerção ou ameaça de outra (s) criança (s) na interação em atividades sexuais, Se os comportamentos sexuais interferem com o desenvolvimento social (i.e., participação da criança em atividades sociais como brincar com os pares) (Chaffin, Letourneau & Silovsky, 2002; Baker et al., 2001; Elkovitch et al., 2009; Gray et al., 1997; Hall et al., 1998; Pithers et al., 1998b apud Pinto J ;2013). 19 Na definição de comportamentos sexuais problemáticos é importante também relembrar que a principal motivação e intenção das crianças que se comportam sexualmente e de forma problemática não é, necessariamente, a gratificação sexual. Ao invés, pode estar relacionado com a curiosidade, a ansiedade, a imitação, procura de atenção ou redução de sentimentos de ansiedade. As crianças não experienciam excitação e impulsos sexuais comparáveis aos dos adultos ou adolescentes (Chaffin et al., 2002 apud Pinto J ;2013). O fato de não existir um padrão claro de comportamentos sexuais problemáticos de crianças, a escassa investigação sobre esta problemática e, ainda, o fato de nenhuma organização em particular se dedicar ao estudo destes comportamentos, são algumas das razões para a ausência de informação acerca da prevalência e incidência destes comportamentos nas crianças. Entretanto, Brigitte Lhomond (2009) afirma que a sexualidade está inteiramente ligada ao uso do corpo manifestando prazer físico e mental. Além disso, a construção da personalidade do indivíduo sofre grandes interferências da sexualidade exposta nessas relações sociais (Brigitte Lhomond; 2009 apud Santos M; et al., Castilhano A; 2010). 3 ADOLESCÊNCIA É um período privilegiado da existência humana em que se verificam mudanças orgânicas, cognitivas, sociais e afetivas que interferem intensamente nos relacionamentos interpessoais quer a nível familiar, escolar e social. Do ponto de vista etário, aspeto cronológico do ciclo vital, a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995 apud Tavares G; 2015) considera adolescente o indivíduo entre os 10 e os 19 anos, e jovem aquele entre 15 e 24 anos. Identificam- se, assim, como adolescentes jovens os indivíduos com idade de 15 a 19 anos, e adultos jovens aqueles com idade de 20 a 24 anos. Apesar das definições clássicas de adolescência se centrarem na delimitação cronológica, é fundamental enquadrá-la em âmbitos abrangentes como as características biológicas, psicológicas e sociais. Estes aspetos salientam todo o processo de mudanças notórias nas diferentes áreas de vida dos jovens (física, social, emocional, cognitiva) que determinam, quer as funções que terão de desempenhar, quer a alteração da sua própria estrutura até esta fase (Bizarro, 2001 apud Tavares G; 2015). 20 O que em primeiro lugar podemos concluir (e tendo por base o levantamento bibliográfico) relativamente à idade, as fronteiras são flexíveis. Embora não existam períodos rígidos, é útil compreender as três fases da adolescência (início, meio e final), devido às variações que acarretam. Para tornar as suas fases mais definidas e orientar a investigação desenvolvimental, a SRA (Society for Research on Adolescence) delimitou a adolescência entre os 10 e os 22 anos de idade, subdividindo-a em três fases: a adolescência inicial (10 aos 15 anos), a fase intermédia da adolescência (entre os 15 e os 18 anos) e a fase final da adolescência (dos 18 aos 22 anos) (Compas, Hinden, & Gerhardt, 1995 apud Tavares G; 2015). Nestes pressupostos,a infância e especialmente a adolescência, não seriam mais que etapas nesse contínuo, fases de transição entre o organismo infantil, incompleto e inacabado para o adulto, esse sim pronto, acabado e socialmente ajustado. Dessa forma, o critério cronológico é privilegiado para distinguir essa etapa evolutiva em direção à maturidade (Oliveira et al, 2002 apud Tavares G; 2015). Assim sendo, o adolescente é definido por oposição à criança e ao adulto, pelas suas características e necessidades peculiares, é mais que um, menos que o outro. A palavra adolescência surge a partir do verbo latino “adolescere”, que significa crescer. Embora o crescimento não seja uma característica apenas da adolescência, fazendo parte integrante de outros períodos de vida das pessoas, a verdade é que o crescimento, nesta fase; envolve mudanças tão profundas e radicais, que são sentidas pelos jovens com profunda intensidade. “Puberdade”, por sua vez, origina-se dos termos latinos pubertas e pubescere, que significam apresentar pelos no corpo e atingir a maioridade; o conceito de puberdade, portanto, refere-se às mudanças biológicas e fisiológicas associadas à maturação sexual (Muuss, 1988 Tavares G; 2015). Para Piaget & Inhelder (1979, citados por Sá, (1997 apud Tavares G; 2015), o adolescente sem que seja adulto, encontra-se na encruzilhada de um duplo movimento de sentido contrário de avanço, a nível funcional, com a aquisição da função reprodutora e com aceleradas transformações somáticas e, a nível cognitivo com a introdução da dimensão hipotético-dedutiva nas operações psíquicas e de retrocesso reorganizador, sedimentando os adeptos e questionado os objetos da relação. 21 Fonte: clubedemulher.com Para Olson (1983 apud Tavares G; 2015) a adolescência é um período ou uma etapa na vida de um indivíduo que se inicia por profundas alterações morfológicas, biológicas e psicológicas, terminando pela formação de uma personalidade e adoção de um sistema de valores que pronunciam a entrada na idade adulta. Tavares & Alarcão (1992 apud Tavares G; 2015) definem adolescente como aquele que “está a crescer, a amadurecer do ponto de vista orgânico, psicológico e social e humano, contraposto ao adulto”. Piaget (1990 apud Tavares G; 2015) refere que o adolescente é um indivíduo que constrói sistemas e teorias cuja adaptação à sociedade far-se-á de forma automática quando se torna realizador. Para o mesmo autor, o adolescente não tem tempo nem oportunidade para aperfeiçoar a sua metafisica, as suas paixões e a sua megalomania para uma verdadeira criação pessoal, fatores indispensáveis para a formação de um “EU” dinâmico, interativo, onde impera a inteligência e a afetividade. No final da adolescência, o jovem deve estar capacitado para emancipar-se da tutela parental, estabelecer relações de intimidade amorosa, comprometer-se num conjunto de objetivos de vida que fomentem a autonomia, a responsabilidade, a capacidade de decisão e assunção de um código de valores pessoais (Dias e Fontaine, 2001 apud Tavares G; 2015). 22 Cordeiro (2009:33-34 apud Tavares G; 2015) referência que a passagem da criança a adolescente é marcada por “ (…) significados simbólicos de ser adulto, mas nos desempenhos que marcam a adultícia de uma forma menos boa: arriscar a vida, fumar, beber exageradamente, entre outros. Mais do que dizer sou adolescente parece quer dizer que não sou criança, logo sou um adulto”. Por sua vez, a pesquisa científica sobre a temática da adolescência tem vindo a desenvolver-se de forma considerável nas últimas duas décadas. Este aumento está evidente em revisões principais de literatura realizadas e publicadas nas principiais revistas cientificas, designadamente: (Annual Review of Psychology; 1988, 1995, 1998, 2001, 2006 apud Tavares G; 2015), em novas revistas científicas (Journal of Research on 7 Adolescence), e em literatura na área da psicologia, (American Psychologist, Psychological Bulletin) e do desenvolvimento, (Child Development, Developmental Psychology) (Smetana, Campione-Barr & Metzger, 2006 apud Tavares G; 2015). A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano em continuidade ao processo dinâmico da evolução, à qual é evidenciada por grandes transformações, tais como o crescimento biológico e as mudanças psicossociais e cognitivas (PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud Freire A et al., Melo M; Vieira M; Gomes I; Gomes J; Ribamar D; Coelho V; Neto A; Marques K; Silva G; Soares F; Costa M; 2017). 3.1 Corpo e sexualidade na adolescência Ao tratarmos o tema corpo e sexualidade na adolescência torna-se preciso discutir o significado desses conceitos e como afetam os adolescentes nesta fase. Assim, o conceito de corpo é diferente de organismo que se trata do aspecto biológico. Corpo, diz respeito aos significados e sentidos que podemos atribuir a qualquer interação, ou seja, o corpo é o organismo atravessado por todas as experiências vividas, inteligência, afeto e desejo. No conceito de corpo, estão incluídas as dimensões da aprendizagem e as potencialidades do indivíduo de suas vivências. Isso significa que é por meio do conceito de corpo que podemos compreender o modo como cada um organiza e sente tudo o que vive, atribuindo sentido a cada experiência. 23 Dessa forma, é possível perceber que a abordagem da sexualidade deve ir além das informações sobre anatomia e funcionamento do corpo, pois os órgãos não existiriam fora de um corpo que pulsa e sente (TALAMONI, 2007 apud Moizés 2010). O corpo é um campo de luta que envolve diferentes saberes, práticas e o imaginário social. O adolescente é uma construção social moderna, emergindo- se de uma nova subjetividade, referências e padrões identitários. Biologicamente é a fase de maior velocidade do crescimento do indivíduo (SERRA; SANTOS, 2003 apud Moizés 2010). Desde bebê até a adolescência, o corpo do ser humano mantém uma identidade que sofre desorganização com a emergência dos caracteres sexuais secundários. As mudanças que ocorrem nesse período levam à perda da antiga imagem corporal e identidade infantis, o que implica na busca de nova identidade, com a tarefa psíquica de papel e identidade sexual. Há uma certa confusão entre puberdade e adolescência, pois essas duas condições ocorrem mais ou menos ao mesmo tempo na vida dos jovens. A puberdade, no entanto, diz respeito aos processos biológicos, que culminam com o amadurecimento dos órgãos sexuais. A adolescência, por sua vez, compreende as alterações biológicas, mas também as psicológicas e sociais que ocorrem nessa fase do desenvolvimento. Há certa discordância quanto ao fato de a adolescência começar um pouco antes, durante ou logo após a puberdade (CAMPAGNA 2006 apud Moizés 2010). Para Scalozub (2007 apud Moizés 2010), o corpo familiar da primeira infância é perdido e, em seu lugar, aparece um mal-estar em relação ao corpo que se modifica, desconhecido, suspeito, fonte de inquietude, e na medida em que remete a sexualidade, interpela e questiona. Com a chegada da adolescência a perda do corpo infantil é progressiva, porém rápida, o adolescente se vê frente à tarefa de processar o que seu corpo representa nesse peculiar momento de sua vida. A imagem corporal vai se desenvolvendo como um produto da relação do indivíduo consigo mesmo e com os outros. É uma unidade adquirida, dinâmica, portanto alterações corporais provocam mudanças na imagem corporal, esse fenômeno é particularmente intenso na adolescência. 24 A imagem corporal é a representação mental do próprio corpo, o modo como ele é percebido pelo indivíduo. Compreende não só o que é percebido pelos sentidos, mas também ideias e sentimentos ao próprio corpo (TALAMONI, 2007 apud Moizés 2010). Percebe – se que, além da dificuldade intrínseca de fixar uma imagem de si, mesmo que temporária, nesse corpo em transformação, ojovem, em nossa sociedade contemporânea, tem que lidar com novos desafios, trazidos pela globalização e forte influência dos meios de comunicação no comportamento humano. A indústria e a mídia articulam diferentes campos, numa lógica de mercado impregnada por um padrão estético de corpo ideal (SERRA; SANTOS, 2003; ROSARIO, 2006 apud Moizés 2010). Além da falta de apoio social para lidar com suas transformações, os jovens se deparam com modelos de beleza e com a extrema valorização da aparência, veiculada pelos meios de comunicação. É preocupante o fato de que esses modelos sejam internalizados, sem que sejam questionados, vistos como algo natural. A intensidade com que os meios de comunicação atingem as culturas é mais intensa que a capacidade de assimilação da população, fazendo com que aquilo que se vê seja incorporado sem ser simbolizado. Fonte: grupoescolar.com Na sociedade ocidental, há a desconsideração da subjetividade e supervalorização da imagem, culto narcísico do corpo, que é vendido como objeto de consumo, onde, mais importante do que sentir, pensar, criar é ter medidas perfeitas, considerando –se o padrão de magreza como ideal. 25 Assim, o adolescente, que já tem que lidar com suas transformações físicas, é colocado frente a esses modelos e a impossibilidade de corresponder a eles (KEHILY, 2003, CAMPAGNA, 2006; apud Moizés 2010). Nesse âmbito, surge o conceito de corpolatria, que se refere à preocupação exagerada que os indivíduos vêm nutrindo acerca de corpo, saúde e estética, fazendo surgir novas práticas e intervenções que visão a construção de um corpo e identidade dentro dos padrões culturais estabelecidos. Apesar de existir um conjunto diverso de fatores que estão associados aos comportamentos sexuais, tem crescido o interesse em compreender o impacto que a influência familiar e dos pares assume na adopção e manutenção de comportamentos sexuais nos adolescentes (DiClemente, Wingood, Crosby et al., 2001; Kingon & Sullivan, 2001 apud Dias S; et al., Matos M; Gonçalves A; 2007). Os adolescentes que não se enquadram nas exigências sociais terão mais probabilidade de serem alvo de recriminação ou assédio moral dos outros alunos. Nesse sentido, temos constatado o bullying nas escolas. Esse termo, bullying, é definido como ato agressivo intencional e repetido, provocado por um, ou mais, estudante contra outro (s). Esses atos ocorrem sem motivação evidente, causado dor e angústia, e são executados dentro de uma relação desigual e poder, seja por idade, diferenças físicas, desenvolvimento físico ou relações com o grupo. São atos comuns, como: colocar apelidos ofensivos, ofender, discriminar, excluir, intimidar, perseguir, assediar, amedrontar, ameaçar, humilhar, agredir fisicamente e, até mesmo, impondo- se, sexualmente. Alguns episódios já terminaram em homicídio ou suicídio, mas esses casos são raros. A maioria das vítimas de bullying, por medo ou vergonha, sofre em silêncio. Geralmente, as vítimas têm poucos amigos, procuram se isolar do grupo e são identificados por algum tipo de diferença física ou comportamental. Além disso, possuem dificuldades que os impedem de buscar ajuda, desesperançados quanto á a sua aceitação no grupo, tendem a manifestar comportamento introvertido. Para os alvos de bullying, as consequências podem ser depressão, angústia, baixa autoestima, estresse, absentismo ou evasão escolar, atitudes de autoflagelação e suicídio, enquanto que os autores dessa prática podem adotar comportamentos de riscos, atitudes delinquentes ou criminosas, tornando –se, por vezes, adultos violentos (ABRAMOVAY, 2005; apud Moizés 2010). 26 Deste modo, acreditamos que todas as dificuldades inerentes a compreensão do corpo encontra-se presentes no processo educativo. Alunos e professores são igualmente interpelados pelas cobranças sociais, bem como, pelas fontes de informação que interferem na construção e/ou manutenção de seus significados de corpo e em sua corporalidade. Essas representações de corpo, por seu lado, influirão na dinâmica educacional, bem como, no processo de ensino e aprendizagem (TALAMONI, 2007 apud Moizés 2010). A cooperação para melhoria da saúde escolar deve integrar esforços advindos de professores, alunos e pais neste processo, pois isso é de fundamental importância. As estratégias utilizadas devem ser definidas e dialogais, observando –se as características de sua população. O incentivo ao protagonismo dos alunos pode se tornar outra estratégia, permitindo a participação nas decisões e no desenvolvimento, promovendo assim, um ambiente escolar seguro e sadio, onde haja amizade, solidariedade e respeito ás características individuais de cada um dos alunos (ABRAMOVAY, 2005 apud Moizés 2010). Isto posto, é fundamental que a escola não se restrinja a ensinar apenas conteúdo programático, mas também educar as crianças e os adolescentes para a prática de uma cidadania justa, conhecendo melhor o corpo e aceitando as diferenças. A cultura é responsável pela transformação dos corpos em entidades sexuadas e socializadas, por intermédio de redes de significados que abarcam categorizações de gênero e de orientação sexual. A sexualidade é elemento fundamental na formação da identidade dos adolescentes, manifestada por múltiplas identificações, como a imagem corporal, descoberta do outro com objeto de amor ou desejo, descoberta de si e de suas relações sociais. Aspectos físicos e culturais são constantemente, imbricados na formação e no exercício da sexualidade humana (ROMERO et al, 2007; apud Moizés 2010). Assim, na adolescência, a sexualidade manifesta- se de forma intensa. As mudanças físicas incluem alterações hormonais e é a fase de novas descobertas e experimentações. Os vínculos afetivos se criam e se desfazem com intensidade e rapidez entre os adolescentes como exemplo, o “ ficar”. 27 De modo geral, o mundo ocidental, a intensidade das experiências e as expressões da sexualidade são aspectos centrais na vida dos adolescentes. A sensualidade está presente nos seus movimentos e gestos, nas roupas que usam, na música, na produção gráfica e nas diferentes expressões artísticas. Então, o corpo é concebido como um todo, integrado de sistemas interligados, que inclui emoções, sentimentos, sensações de prazer e desprazer, assim como as transformações nele ocorridas, ao longo dos tempos. Há que se considerar os fatores culturais que intervêm na construção de percepção do corpo (ABBATE, 2006; apud Moizés 2010). Na atualidade, a divulgação repetitiva pela mídia de corpos magros, associada ao consumo de produtos, promove uma idealização de um tipo físico corporal, relacionando – o aos ideais de beleza, saúde, felicidade e ao poder de atração sexual. Os jovens podem se sentir inadequados e, consequentemente, diminuídos na possiblidade de autoaceitação, quesito tão necessário para a busca de prazer nas relações afetivas. A preocupação com o peso é entendida como resultado da internalização de padrões irreais de beleza, e, muitas vezes, predispõe os jovens á depressão. Ao se defrontarem com modelos geralmente fora dos padrões de normalidade, os adolescentes, que já lidam com as dificuldades intrínsecas de possuir um corpo em transformação, tendem ter uma autoestima rebaixada (STRIEGELMOORE, 2001; NICOLINO, 2007; apud Moizés 2010). Daí, depreende-se da necessidade de formação efetiva e adequada de professores para lidarem com as questões que se atrelam à sexualidade e ao corpo, no âmbito escolar, com a finalidade de aprimoramento e a ampliação do conhecimento, criando possibilidades de diálogos, reflexão e abertura, que conduzam a um efetivo crescimento pessoal, tornando possível a construção de valores concernentes a sexualidade e a totalidade do ser. 3.2 Alterações físicas, emocionais e comportamentaisAs mudanças físicas que ocorrem na adolescência são algo que, por vezes, podem assustar os adolescentes. O crescimento súbito da altura ou do peso, o aparecimento de pelos em zonas como as axilas, cara, genitais e o desenvolvimento 28 do aparelho reprodutor são um conjunto de características que podem ser geradores de ansiedade, não só por ser algo novo para o adolescente como também, o ritmo com que ele se dá (Lamas & Frade, 1995 apud Rodrigues A; 2010). Fonseca (2002 apud Rodrigues A; 2010) defende que a adolescência se desenrola em duas fases: a primeira dá-se entre os 12/13 anos e caracteriza-se por comportamentos de auto erotização, auto experimentação e há uma projeção de uma fantasia erótica por alguém próximo e, normalmente, inacessível (e.g. professor); a segunda fase caracteriza-se pela forte percepção das diferenças entre os corpos e, consequentemente, uma visão muito crítica do seu próprio corpo. Na maior parte dos adolescentes existe uma grande preocupação com o seu aspecto físico, tendo como principal objetivo estar na moda, sentir-se atraente, mas muitas vezes a imagem que transparecem para os outros é de alguma extravagância, tendo como objetivo sentirem-se integrados no seu grupo de amigos (Lamas & Frade, 1995 apud Rodrigues A; 2010). Para Lamas e Frade (1995 apud Rodrigues A; 2010) as alterações emocionais que ocorrem na adolescência estão ligadas às mudanças hormonais e ao desenvolvimento psíquico, i.e., há um despertar das sensações sexuais, ligado à descoberta de reações do próprio corpo, que têm um papel fundamental no desenvolvimento da personalidade. Há um crescimento da ansiedade devido ao sentimento ambivalente de prazer e medo em relação à idade adulta e, nalguns adolescentes pode haver a negação deste crescimento e, consequentemente, uma retração. Os comportamentos caracterizam-se por compulsivos, por estarem relacionados com conflitos internos, com os pais ou com outros adultos, que farão com que o adolescente reaja com surtos de mau humor ou atitudes agressivas (Lamas & Frade, 1995 apud Rodrigues A; 2010). Para Zimmer-Gembeck e Collins (2003 apud Rodrigues A; 2010), a adolescência engloba tarefas psicológicas específicas como: a mentalização do Corpo sexual, onde o adolescente tenta conquistar um corpo desejado e sem ambiguidade, aceitando o próprio corpo e usá-lo de modo eficaz, sendo também necessário adquirir um papel social feminino ou masculino; a separação do nicho afetivo primário ou a separação da infância, havendo necessidade de instaurar relações com os pares e com ambos os sexos; a formação de novos ideais e valores de referência, onde se dá 29 a conquista de uma forma humana desejada aderindo a valores sociais e comportamentos socialmente responsáveis e, por último, a consolidação de um papel social adulto, i.e., o adolescente envolve-se em tarefas e empenha-se em escolhas pessoais que visam a adopção autónoma de um papel social adulto, atingindo a segurança e a independência econômica. É nesta fase da vida do ser humano, que se caracteriza por todas estas transformações que têm sido mencionadas, que surge o início da atividade sexual, cuja precocidade poderá acarretar sérios problemas (Leite et al., 1996 apud Rodrigues A; 2010). 3.3 A curiosidade sexual É na relação mãe-bebê que surge a primeira relação amorosa, sendo considerado o primórdio da construção da sexualidade. É na infância que se constrói essa memória afetivo relacional que, posteriormente, irá integrar noutras funções. Assim, é necessário perceber o desenvolvimento psicológico na infância para podermos perceber o que se passa na adolescência (Fonseca, 2002 apud Rodrigues A; 2010). Contudo, para Lamas e Frade (1995 apud Rodrigues A; 2010) é desde da infância que as crianças dirigem a sua afetividade a amigos da mesma idade ou a adultos, que são considerados bastante importantes (e.g., professor), mas é na adolescência que surge uma forte necessidade de estabelecer com outra pessoa uma relação afetiva especial. Surge, então, o namoro na adolescência que é vivido de forma calorosa e intensa, apesar de, na maioria dos casos, ser de curta duração (Bastos, 2003 apud Rodrigues A; 2010). A vivência intensa do presente é uma das características destas idades e apesar destas relações afetivas durarem apenas meses, semanas ou dias caracterizam-se pelo desencadeamento de grandes paixões e pela sensação de uma forte atração pelo sexo oposto, onde o adolescente assume um aspecto provocador, chamativo, no entanto estas manifestações estão muitas vezes ligadas a uma certa timidez de realização (Leite et al., 1996 apud Rodrigues A; 2010). 30 Assim, estes namoros que surgem na adolescência têm um papel importante no desenvolvimento afetivo do adolescente, reforçando a sua identidade sexual, a autoconfiança e o autoconceito, devido ao facto de se sentirem amados (Bastos, 2003 apud Rodrigues A; 2010). No entanto, quando se fala dos namoros na adolescência é importante ter em conta que esta é uma fase de experimentação sexual, quer com pessoas do sexo oposto, quer com pessoas do mesmo sexo ou de ambos os sexos. Por isso, achou- se importante apresentar seguidamente um subtema sobre as práticas sexuais na adolescência. A partir da adolescência é esperado que os indivíduos se confrontem com um processo de aquisição de uma autonomia e independência emocional dos pais e simultaneamente, estabeleçam relações interpessoais e de intimidade mais amadurecidas com os pares (Caissy, 1994; Zimmer-Gembeck, 2002 apud Dias S; et al., Matos M; Gonçalves A; 2007). 3.4 Práticas sexuais na adolescência É corrente, que na adolescência, estas relações afetivas que se estabelecem possam ser com pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto, tendo como objetivo o conhecimento das reações do seu corpo face a um corpo igual ou a um corpo diferente do seu (Lamas & Frade, 1995 apud Rodrigues A; 2010). A segunda fase da adolescência, definida por Fonseca (2002 apud Rodrigues A; 2010) já referido, a autora também a caracteriza pelas diferentes experimentações hétero, homo e bissexuais, pois são diferentes maneiras de expressar a sexualidade. Esta experimentação é importante, na medida em que ajuda o adolescente a definir e/ou escolher a sua orientação sexual. Por orientação sexual entende-se, o tipo de objetos pelos quais o indivíduo se sente sexualmente atraído e em relação aos quais orientará o seu desejo sexual. De um modo geral, as pessoas heterossexuais sentem-se sexualmente atraídas por pessoas do sexo oposto, as homossexuais dirigem o seu interesse sexual para pessoas do mesmo sexo e, as bissexuais interessam-se sexualmente por pessoas de ambos os sexos (Lopez & Fuertes, 1999 apud Rodrigues A; 2010). 31 Verificou-se, num estudo desenvolvido por Tique (2008 apud Rodrigues A; 2010), que a maior parte dos adolescentes inquiridos manifestam preferências por relações heterossexuais (95,4%), 2,5% por relações por ambos os sexos e 1,3% orientação homossexual. É também, nesta altura que surge a curiosidade pela experimentação sexual, que se caracteriza por uma série de comportamentos, que por sua vez, são acompanhados de grandes expectativas e por uma sensação de desafio, comuns a todas as coisas que não foram ainda vivenciadas e muito desejadas. É por estas razões, que se cria a dificuldade de utilização de formas de contracepção seguras e no conjunto total destes acontecimentos, vão-se consolidando os sentimentos, as atitudes e os valores pessoais faces à sexualidade, influenciando os seus comportamentos sexuais e as formas de relacionamento (Bastos, 2003 apud Rodrigues A; 2010). O amadurecimento da sexualidade e o desenvolvimento de uma autoimagem positiva, são essenciais para a formação da identidade (FONSECA, 2005). A adolescência é uma fase importante no processo de consolidação da identidadepessoal, da identidade psicossocial e da identidade sexual. A identidade constrói-se nas experiências vividas através de um subtil jogo de identificações. Se na infância os nossos modelos de identificação são os pais, na adolescência vão ser os jovens da mesma idade. As relações com os pais têm que mudar para que os adolescentes possam ascender a ideias e afetos próprios e o adolescente encontra no grupo de pares, as certezas para as suas incertezas. No entanto, esse comportamento pode apresentar alguns riscos, sobretudo quando a relação com os pares é de grande dependência e mais ainda porque também eles vivem as mesmas dúvidas e incertezas (FONSECA, 2005 apud Oliveira V; 2011). 3.5 Consequências do comportamento sexual dos adolescentes A adolescência não é apenas uma simples fase de transição como por vezes se afirma, mas antes um mecanismo dinâmico em que funções e comportamento se tornam mais complexos. É um período com dificuldades e conflitos relacionados com as grandes transformações que se operam nesta fase do ciclo vital. O comportamento de rebeldia que caracteriza neste período os adolescentes, é parte integrante do processo dinâmico e individual de conquista de identidade em que, assolados pelas mudanças, tateiam em direção à maturidade. Cometem inimagináveis travessuras e, com grande entusiasmo, abraçam altos ideais. Na adolescência as implicações de maior vulto quanto à saúde decorrem das amplas transformações biopsicossociais vivenciadas e do "timing" em que estas 32 ocorrem. Os mesmos acontecimentos têm impactos diferentes conforme a idade. Como é do conhecimento geral a saúde não é uma preocupação prioritária nesta fase do desenvolvimento, embora se saiba que a responsabilidade por um comportamento favorável à saúde cabe, em grande parte, aos próprios jovens. Os jovens adaptam padrões de risco cada vez mais precocemente e, na escolha de estilos de vida, o fracasso de negociação dos obstáculos desenvolvimentais, pode trazer consequências sérias para a saúde: alcoolismo, ou outras drogas e infecções sexualmente transmissíveis, etc. O comportamento sexual é uma área de potencial risco para os adolescentes, o que deriva essencialmente duma atividade sexual precoce, muitas vezes não desejada, ou sem efetiva ponderação dos riscos possíveis (como por exemplo, contrair infecções sexualmente transmissíveis ou uma gravidez não desejada). Todos sabemos que, a sexualidade tem percalços (uns evitáveis e outros inevitáveis). Os inevitáveis resultam da complexidade dos afetos com ela relacionados, das expectativas e das frustrações, da forma como a vivenciamos desde crianças. A gravidez não desejada é, ainda hoje, um problema evitável, que atinge um significativo número de jovens em todo o mundo. Segundo Meneses (1990 apud Souza M; 2000) as adolescentes, confrontadas com uma gravidez não desejada, têm quatro alternativas: o casamento, o aborto, serem mães solteiras ou entregarem o filho para adoção. Breken, citado pelo autor acima referido, define quatro fases neste processo de tomada de decisão: a tomada de consciência da gravidez com sentimentos de felicidade, tristeza ou ambivalentes; a formulação de soluções possíveis; estudo das vantagens de cada alternativa e a decisão definitiva acompanhada de reações emocionais. O período que medeia entre a certeza da gravidez e a tomada de decisão caracteriza-se grandemente por sentimentos contraditórios e alternados de ansiedade, depressão e euforia. Fatores psicossociais (atitude face ao aborto, opinião dos outros), religiosos e económicos entre outros, vão interferir nesta decisão. Sabendo que, os riscos orgânicos e os riscos psicológicos e sociais são mais elevados nas gravidezes não desejadas do que nas gravidezes desejadas e planeadas, consideramos, tal como Cordeiro (1998 apud Souza M; 2000), que estas deverão ser objeto de prevenção. 33 As (IST’S) Infecções Sexualmente Transmissíveis são outro problema evitável, gerador de angústia nos jovens. A OMS afirma que, para além da violência, do uso de drogas e de acidentes, a propagação do Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH) e outras infecções sexualmente transmissíveis são a maior ameaça à vida dos jovens nos próximos anos. A mesma organização alerta que, existe enorme ignorância entre os jovens sobre o sexo e os riscos a ele associados. Não nos referimos apenas ao Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), mas a outras infecções que, não sendo mortais ou incuráveis, podem ser potencialmente graves. Os desconhecimentos de aspectos fundamentais da sexualidade, da contracepção e da procriação bem como a existência de crenças inadequadas, continuam a ser características da maioria dos adolescentes. A falta de informação, sobre medidas preventivas e locais de apoio à sexualidade por parte dos jovens, dificulta uma prevenção eficaz. No entanto, e de acordo com Pompidou citado por Gir et ai (1998 apud Souza M; 2000), estar informado não significa necessariamente conhecer o problema, nem, tão pouco, que tenha provocado mudanças de comportamento. Segundo os autores supracitados (1998:294 apud Souza M; 2000), quando os jovens se iniciam sexualmente, subestimam a SIDA probabilidade em infectar-se, acreditando que esse perigo está distante de si e que isso não vai acontecer consigo. As questões referentes ao comportamento sexual são complexas porque muitas vezes o indivíduo compreende a situação, porém, não consegue introjetar ou colocar em prática o que a ciência comprova, com vista à promoção da saúde. Baseando-nos no conceito de saúde sexual definido pela OMS, como a capacidade para gozar e controlar o comportamento sexual e reprodutor de acordo com a ética pessoal e social, cada jovem deve: manusear os riscos do seu percurso com prejuízo mínimo para a saúde; estar livre de doenças que interfiram com as funções sexuais e reprodutoras; estar livre de medos e culpas, falsas crenças que inibam a resposta sexual. Este conceito implica uma abordagem positiva da sexualidade humana, preparando os jovens para as responsabilidades familiares e para uma vida estável no futuro. Em suma, a uma sociedade custa menos oferecer aos jovens uma 34 informação/ formação adequada em planeamento familiar (incluindo a sexualidade) que tentar resolver as consequências que resultam da sua ausência. 3.6 A contracepção na adolescência A contracepção é utilizada no planeamento familiar, através de um conjunto de processos que procuram evitar que a mulher fique grávida quando tem relações sexuais " (Miguel, 1994:62 apud Souza M; 2000). A mulher tem o direito ao exercício da sua sexualidade, sem que isto implique ficar escrava da reprodução. A contracepção é utilizada como medida preventiva, ou pelo menos deveria ser, sempre que se verifiquem relações sexuais e não se deseja uma gravidez. A revolução contraceptiva introduziu a possibilidade de modificações profundas no comportamento sexual. A descoberta de métodos eficazes e econômicos de controle dos nascimentos veio permitir ao homem e à mulher um papel ativo e consciente na tomada de decisão sobre ter ou não ter filhos. Diversos estudos confirmam que uma larga proporção de adolescentes não casados são sexualmente ativos, ainda que muitos destes não tenham relações sexuais frequentes. Segundo Cordeiro (1998 apud Souza M; 2000), a maioria continua a não utilizar métodos contraceptivos nas primeiras relações e em muitas das relações ocasionais. Associado ao despontar do instinto sexual, que vai provocar no adolescente modificações profundas no conjunto de uma vida afetiva e da sua personalidade, muitos jovens decidem tornar-se sexualmente ativos. (Whaley e Wong ,1999 apud Souza M; 2000) Porém, de acordo com Vilar (1992 apud Souza M; 2000), esta decisão na maioria das vezes não é acompanhada de medidas contraceptivas adequadas. Para este autor, as razõesque levam os jovens à não utilização dos métodos contraceptivos são: relações sexuais esporádicas, falta de informação sobre métodos contraceptivos, e a própria sexualidade; acrescenta-se ainda, que muitos jovens possuem crenças erradas sobre a sexualidade. Na opinião de Miguel (1994 apud Souza M; 2000), é importante que os adolescentes que têm relações sexuais estejam informados de que uma gravidez pode acontecer quando houver apenas uma relação sexual ou nas relações sexuais incompletas, (sem penetração) e nas relações sexuais com coito interrompido. 35 Devem, ainda, estar alertados para as consequências de ser mãe adolescente ou fazer um aborto. Embora existam opiniões divergentes, Cordeiro (1998 apud Souza M; 2000) afirma que, uma maior informação dos adolescentes, em idades mais precoces, em relação à sexualidade, não se traduz por um maior número de relações em idades mais jovens; pelo contrário, verifica-se um adiamento das primeiras relações e uma maior proteção aquando dessas mesmas relações. Está provado que gostar de si próprio e do seu corpo leva o adolescente a tomar mais cuidado com o que eventualmente possa vir a acontecer (1998:83 apud Souza M; 2000). A utilização de contracepção pelos jovens, aumenta à medida que estes vão estabilizando e regularizando os seus contatos sexuais. Contudo, mesmo em relações regulares o uso de contracepção não é a norma e, quando acontece, pode ainda não ser regular e sistemático. Os adolescentes, casados ou não casados, enfrentam diversos problemas relativos à sua saúde sexual e reprodutiva, incluindo as consequências de uma gravidez não desejada que pode levar entre outras possibilidades, a um aborto inseguro. A gravidez precoce, em idades abaixo dos 16 anos, está associada a um elevado risco de mortalidade e morbilidade para a mãe e para o filho. Além disso, a gravidez reduz as oportunidades de educação e emprego e afeta o desenvolvimento sócio- cultural dos jovens. Além de todos estes problemas, as relações sexuais desprotegidas, como já vimos anteriormente, também expõem os adolescentes a um elevado risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis. O (SIDA) Síndrome de Imunodeficiência Adquirida confronta-nos de imediato com esta realidade: o amor, o prazer, o gosto pelo perigo. Segundo Andrade (1997:335 apud Souza M; 2000), os adolescentes pressentem confusamente, que a erupção da epidemia veio alterar os comportamentos e também a sua própria concepção de vida. O despertar da sexualidade, se os adolescentes não estiverem devidamente informados, poderá constituir uma ameaça para o seu equilíbrio emocional. 36 Sabemos que os jovens, por natureza são atraídos pela aventura e pelo risco. Inconscientemente, não aceitam o triunfo de uma moral à custa de recalcamentos das suas tendências e inclinações. Em contrapartida, em certas situações, a escolha e a decisão são muito complexas porque o desejo e a busca do prazer são mais fortes e imediatos, e o risco associado parece estar mais distante, ser menos plausível. Talvez isto explique a dificuldade que muitos jovens manifestam em utilizar os métodos contraceptivos e entre os quais o preservativo para se protegerem de um vírus tão mortal, que não veem nem sentem. Apesar da disponibilidade e facilidade de acesso, que os jovens têm ao planeamento familiar, Meneses (1990 apud Souza M; 2000) refere que, os adolescentes sexualmente ativos tendem a não utilizar, ou a utilizar de forma ineficaz os métodos contraceptivos, expondo-se a todo o tipo de riscos de uma sexualidade desprotegida. (...) as questões de contracepção não preocupam muito os adolescentes (Clães, 1990:90 apud Souza M; 2000). Justifica-se assim, a necessidade de uma intervenção preventiva dirigida aos jovens. É importante que os médicos e enfermeiros entre outros, tomem consciência do seu papel junto dos jovens e desenvolvam ações de educação para a saúde onde estes, os respectivos pais e professores possam participar de forma ativa e contribuir para que os jovens possam viver a sua sexualidade de forma saudável sem tabus e medos. Existem vários métodos contraceptivos adequados para adolescentes. No entanto, estes deverão ter em conta fatores pessoais, culturais e ambientais, a idade do adolescente, hábitos sexuais, tais como: a frequência das relações sexuais e o número de parceiros e os riscos possíveis. A educação sexual é essencial já que alerta os jovens para as consequências do sexo desprotegido, ajuda-os a explorar os valores e a sentirem-se bem com a sua sexualidade. Através de uma educação sexual adequada, os adolescentes podem desenvolver conhecimentos e a confiança, que lhes permita tomarem decisões relativamente ao seu comportamento sexual, inclusivamente a decisão de não terem relações sexuais até se sentirem preparados. O acesso à contracepção é, na opinião de Vilar (1992 apud Souza M; 2000), um direito que os jovens têm, permitindo-lhes viverem a sua sexualidade com segurança. A taxa de natalidade tem decrescido significativamente, no entanto é conveniente, que a sua subida não se faça à custa de mães adolescentes. A 37 responsabilidade de evitar este problema é de todos nós: pais, professores e profissionais de saúde. Ferreira (1996:25 apud Souza M; 2000) sustenta que, muitos rapazes sexualmente ativos não se importam com o que possa acontecer em resultado de sua atividade sexual. A eles, cabe a iniciativa, a elas a responsabilidade pelo que possa acontecer. Para que este tipo de atitude não prevaleça entre os jovens, é necessário que os próprios pais se libertem de alguns preconceitos e crenças relativas à atividade sexual nos seus filhos (rapazes e meninas) e sobretudo, procurem estabelecer diálogo com eles, que em nosso entender, é fundamental. Os pais com o apoio das instituições sociais, nomeadamente as escolas e os cuidados de saúde primários, devem favorecer a tomada de consciência dos jovens para uma responsabilização de comportamentos sexuais. Os rapazes devem partilhar a responsabilidade da contracepção com as suas parceiras, devem ser encorajados a utilizar preservativo, mesmo que a sua parceira esteja já a utilizar outro método de contracepção, para evitar o contágio de algumas infecções. Os preservativos, quando utilizados de forma correta e adequada, constituem um dos mais importantes métodos de contracepção para este grupo etário. A maior vantagem dos preservativos é proporcionarem segurança. Além de proteger contra uma gravidez indesejada, protege contra as DST, incluindo, como já foi dito o (VIH) Vírus de Imunodeficiência Humana. É um método disponível sem necessidade de prescrição médica que é fornecido gratuitamente pelo sistema de distribuição ao nível da comunidade, nos centros de saúde e em outras instituições de apoio a jovens. A eficácia deste método requer motivação e informação adequada sobre a sua correta utilização. Quando são utilizados apenas para proteção contra as IST’S, os adolescentes devem ser advertidos para a utilização de outro método adicional em relação à gravidez não desejada. Também a contracepção hormonal pós coitai deve, em nosso entender, ter lugar primordial nos serviços de planeamento familiar para adolescentes (mas apenas como segundo recurso), já que estes têm muitas vezes relações sexuais não planeadas e desprotegidas, e podem ter dificuldade em renovar o suprimento de contraceptivos. Este método pode ainda ser utilizado como auxílio no caso de ruptura do preservativo. 38 Face ao exposto, consideramos ser importante advertir e sensibilizar o adolescente a frequentar as consultas de planeamento familiar para aconselhamento ou orientação sobre a utilização de métodos de contracepção ou outro tipo de informação que necessite, bem como para acompanhamento e vigilância. Nas consultas de planeamento familiar é necessário
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