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DESENVOLVIMENTO-HUMANO-E-SEXUALIDADE-2

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 DESENVOLVIMENTO HUMANO ............................................................... 5 
2.1 Importância do estudo do desenvolvimento humano ........................... 5 
2.2 Fatores que influenciam o desenvolvimento humano .......................... 6 
2.3 Aspectos do desenvolvimento humano ................................................ 6 
3 A SEXUALIDADE NO BRASIL ................................................................... 7 
3.1 O conceito e a sexualidade .................................................................. 9 
3.2 A sexualidade no desenvolvimento humano ...................................... 10 
3.3 Definindo sexo e sexualidade ............................................................. 14 
3.4 Desenvolvimento cognitivo de acordo com Piaget ............................. 16 
3.5 Estágio sensório-motor ....................................................................... 17 
3.6 Etapa pré-operacional ........................................................................ 18 
3.7 Estágio das operações concretas ...................................................... 18 
3.8 Estágio de operações formais ............................................................ 19 
3.9 O que é sexualidade infantil? ............................................................. 19 
3.10 Os Estudos de Piaget Sobre a Mente Infantil .................................. 22 
4 Sexualidade na Adolescência ................................................................... 23 
4.1 Adolescência e mudanças .................................................................. 25 
4.2 A descoberta da sexualidade ............................................................. 28 
5 A FAMÍLIA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO SEXUAL DO 
ADOLESCENTE ........................................................................................................ 30 
5.1 Os pais frente a sexualidade dos filhos adolescentes ........................ 34 
6 DIREITOS SEXUAIS E LIBERDADE SEXUAL ......................................... 35 
6.1 Dignidade da Pessoa Humana, Sexualidade e Mínimo Existencial ... 41 
6.2 Educação Sexual: como lidar com a sexualidade .............................. 44 
 
3 
 
6.3 Educação sexual no contexto familiar e escolar ................................. 47 
7 O TRABALHO PEDAGÓGICO A RESPEITO DA SEXUALIDADE NA 
ESCOLA 49 
7.1 Sexualidade na escola ....................................................................... 52 
7.2 Sexualidade na educação infantil: estratégias de trabalho................. 53 
7.3 Os parâmetros curriculares nacionais e a sexualidade: entre o discurso 
e a prática 54 
7.4 Sexualidade na infância e na adolescência para os PNC´s ............... 57 
7.5 O trabalho de Orientação Sexual na escola segundo os PCN’s ........ 58 
7.6 Objetivos gerais da Orientação Sexual segundo os PCN’s ................ 60 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 62 
9 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 65 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
Fonte: jrmcoaching.com 
O desenvolvimento humano se estabelece através da interação do indivíduo 
com o ambiente físico e social. Se caracteriza pelo desenvolvimento mental e pelo 
crescimento orgânico. 
O desenvolvimento mental se constrói continuamente e se constitui pelo 
aparecimento gradativo de estruturas mentais. As estruturas mentais são formas de 
organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando, até o 
momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um 
estado de equilíbrio superior em relação à inteligência, à vida afetiva e às relações 
sociais. Algumas estruturas mentais podem permanecer ao longo de toda a vida, 
como, por exemplo: a motivação. Outras estruturas são substituídas a cada nova fase 
da vida do indivíduo. A obediência da criança é substituída pela autonomia moral do 
adolescente. A relação da criança com os objetos que, se dá primeiro apenas de forma 
concreta se transforma na capacidade de abstração. 
2.1 Importância do estudo do desenvolvimento humano 
Cada fase do desenvolvimento humano: pré-natal, infância, adolescência, 
maturidade e senescência; apresentam características que as identificam e permitem 
o seu reconhecimento. O seu estudo possibilita uma melhor observação, 
compreensão e interpretação do comportamento humano. 
 
6 
 
Distinguindo como nascem e como se desenvolvem as funções psicológicas do 
ser humano para subsidiar a organização das condições para o seu desenvolvimento 
pleno. O desenvolvimento humano é determinado pela interação de vários fatores. 
2.2 Fatores que influenciam o desenvolvimento humano 
Hereditariedade - Cada criança ao nascer herda de seus pais uma carga 
genética que estabelece o seu potencial de desenvolvimento. Estas potencialidades 
poderão ou não se desenvolver de acordo com os estímulos advindos do meio 
ambiente. 
Crescimento orgânico - Com o aumento da altura e estabilização do 
esqueleto, é permitido ao indivíduo comportamentos e um domínio de mundo que 
antes não eram possíveis. 
Maturação Neurofisiológica - É o que torna possível determinados padrões 
de comportamento. Por exemplo, o aluno para ser, adequadamente, alfabetizado deve 
ter condições de segurar o lápis e manejá-lo com habilidade, para tanto, é necessário 
um desenvolvimento neurológico que uma criança de 2 anos ainda não possui. 
Meio Ambiente - Conjunto de influências e estimulações ambientais que 
alteram os padrões de comportamento do indivíduo. Uma criança muito estimulada 
para a fala pode ter um vocabulário excelente aos 3 anos e não subir escadas bem 
porque não vivenciou isso. 
2.3 Aspectos do desenvolvimento humano 
O desenvolvimento deve ser entendido como uma globalidade; mas, em razão 
de sua riqueza e diversidade, é abordado, para efeito de estudo, a partir de quatro 
aspectos básicos: 
Aspecto físico-motor - Refere-se ao crescimento orgânico, à maturação 
neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio 
corpo. 
Aspecto intelectual - Inclui os aspectos de desenvolvimento ligados as 
capacidades cognitivas do indivíduo em todas as suas fases. Como quando, por 
 
7 
 
exemplo, a criança de 2 anos puxa um brinquedo de baixo dos móveis ou adolescente 
planeja seus gastos a partir da mesada. 
Aspecto afetivo emocional - É a capacidade do indivíduo de integrar suas 
experiências. São os sentimentos cotidianos que formam nossa estrutura emocional, 
envolvem os aspectos relacionados ao convívio em sociedade. 
Todos esses aspectos estão presentes de forma concomitante no 
desenvolvimento do indivíduo. Uma criançacom dificuldades auditivas poderá 
apresentar problemas na aprendizagem, repetir o ano letivo, se isolar e por esta causa 
se tornar agressiva. Após tratada pode voltar a ter um desenvolvimento normal. 
Todas as teorias do desenvolvimento humano partem deste pressuposto de 
indissociabilidade desses quatro aspectos, mas, podem estudar o desenvolvimento 
global a partir da ênfase em um dos aspectos. 
A psicanálise, por exemplo, toma como princípio o aspecto afetivo-emocional. 
Piaget, o desenvolvimento intelectual. 
3 A SEXUALIDADE NO BRASIL 
Na sociedade brasileira, em virtude da influência portuguesa em nossa 
colonização, a sexualidade dentro do casamento não se deu de forma muito diferente 
da que aconteceu na Europa. 
Para GOLDBERG (1984), no Brasil-colônia a Igreja Católica, para combater o 
concubinato (forma de união predominante nas camadas rurais e populares), defende 
a família patriarcal, como o principal modelo de poder na organização familiar, em que 
só se admitia o desejo e o prazer sexual do homem fora do lar com prostitutas ou 
mulheres pobres (brancas, negras, índias e mestiças), por isso elas se tornavam a 
companheira sexual preferida para o homem branco e também para a iniciação sexual 
dos meninos. 
A esposa, geralmente portuguesa ou espanhola, tinha uma posição social de 
destaque, mas, estava confinada a um mundo antissexual. A sexualidade para ela 
resumia-se à reprodução da raça e essa era a educação passada de mãe para filha. 
Segundo a autora, o Brasil tornou-se uma república, mas a diferenciação não 
desapareceu, principalmente nas grandes cidades onde o maior contingente de 
 
8 
 
mulheres para o prazer sexual é proveniente das classes pobres, mostrando que as 
raízes classistas e raciais não desapareceram. 
Para PARKER (1991), o patriarcalismo no Brasil não foi simplesmente uma 
forma de organização familiar e social, foi também uma construção ideológica, onde 
os conceitos de homem e mulher foram definidos em termos de oposição; o homem 
como um ser forte, superior, ativo, viril e com potencial para violência; e, em 
contrapartida, a mulher como um ser inferior em todos os sentidos: mais fraca, dócil, 
bela e desejada, mas de qualquer forma, e em qualquer posição social, sujeita à 
absoluta dominação masculina. 
Ainda para o citado autor, “Essa extrema diferenciação carregava consigo um 
dualismo moral explícito, que contribuiu para legitimar e reforçar a ordem 
aparentemente natural de hierarquia de gênero”. Esse legado patriarcal continua a 
afetar o pensamento brasileiro e a maneira como os homens de hoje visualizam seu 
meio social. Por outro lado, CONCEIÇÃO (1988) afirma que, tanto para homens como 
para mulheres, a educação sexual sempre foi ostensivamente repressora. As regras 
sociais vigentes só aceitavam, para os jovens, o exercício da sexualidade dentro do 
matrimônio e mesmo assim limitado à reprodução. 
Esse esquema se manteve estável até meados da década de 50, quando se 
desencadeou, na Europa, o “movimento beat” com reflexos no Brasil. Esse 
movimento, representando uma contestação dos jovens ao modelo social vigente, 
trazia em seu bojo a “revolução sexual”, pregando uma nova concepção de sexo 
desvinculado de compromisso, o uso de drogas e novos hábitos de vestir e falar. 
Segundo a autora, esse movimento trouxe a oportunidade para que o homem 
avaliasse seu comportamento sexual e repensasse a opressão que vinha vivendo há 
várias gerações. 
 Na década de 60, segundo SALES (1988), um outro movimento começa a 
tomar vulto, o “movimento hippie”, que surgiu como uma grande esperança de 
derrubada de muitos mitos políticos, culturais, sociais e entre eles os sexuais, como o 
da virgindade e da superioridade masculina. Novos conceitos começam a ser 
discutidos como o direito ao prazer sem restrição, a liberação sexual da mulher através 
da pílula anticoncepcional e a produção, em larga escala, de revistas pornográficas. 
 
 
9 
 
Segundo CONCEIÇÃO (1988), vários estudos sobre sexualidade foram 
iniciados mostrando que a sociedade vigente desvinculava o sexo da natureza 
humana. O homem, apesar de acreditar no seu direito de buscar o prazer e o seu 
exercício pleno, vivia em conflito entre esses ideais de liberdade e uma educação 
sexual rígida da qual era fruto. 
O exercício da sexualidade por homens que foram educados sob repressão, 
não lhes dava liberdade e nem sempre trazia benefícios, podendo mesmo haver 
prejuízos e cita como exemplos mais relevantes dessa situação o uso do sexo para 
agredir o sistema, o sexo com finalidades econômicas, além de sua exploração e 
vulgarização pelos meios de comunicação de massa. 
3.1 O conceito e a sexualidade 
Sexualidade é o nome que damos para o aspecto da vida humana que inclui as 
sensações corpóreas e subjetivas que envolvem, também, as questões emocionais. 
Claro que não dá para separar a emoção, a razão, a cognição e as questões sociais, 
o que torna a sexualidade um conceito abrangente, que diz respeito a várias 
manifestações e não somente a sexo. 
 Quando falamos de sexo, nos referimos às práticas sexuais ou à relação 
sexual, isto é, um comportamento que envolve as questões genitais. Também falamos 
de sexo para categorizar pessoas em machos e fêmeas, mas isso seria mais um dos 
componentes da sexualidade. 
O sexo faz parte da sexualidade, que é um fenômeno bem abrangente. Tendo 
ou não relações sexuais, todo mundo sempre será uma pessoa “sexuada”, pois todas 
as pessoas, independentemente de quais condições, são seres dotados de 
sexualidade. Assim, são capazes de sentir o bem-estar, diante de sensações 
prazerosas táteis, sensações confortantes diante da afetividade e acolhimento 
amoroso, vindo de relacionamentos conjugais ou mesmo fraternos ou de amizade. 
Dar e receber carinho é bom. Sentir-se amado e querido é bom, receber um abraço 
afetuoso de quem confiamos e gostamos é muito bom! Isso tudo é sexualidade. 
 
 
 
 
10 
 
Componentes da sexualidade humana, na figura abaixo: 
 
Fonte:Maia.com.br 
Sexualidade é um aspecto central do ser humano durante toda a vida e 
abrange o sexo, as identidades e os papéis de gênero, orientação sexual, 
erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é experimentada e 
expressada nos pensamentos, nas fantasias, nos desejos, na opinião, as 
atitudes, nos valores, nos comportamentos, nas práticas, nos papéis e nos 
relacionamentos. Embora a sexualidade possa incluir todas estas dimensões, 
nem todas são sempre experimentadas ou expressadas. A sexualidade é 
influencia pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, 
econômicos, políticos, cultural, éticos, legais, históricos, religiosos e 
espirituais. (World Health Organization, 2007 apud; Amaral V 2011). 
3.2 A sexualidade no desenvolvimento humano 
A sexualidade se manifesta ao longo de toda a nossa vida, desde que 
nascemos, na infância, na adolescência, na juventude, na vida adulta, na maturidade 
e no envelhecimento. A forma como isso ocorre varia de pessoa para pessoa e de 
diferentes condições vinculadas a diferentes contextos, como, por exemplo, o contexto 
social e econômico (diferentes culturas e momentos históricos), o contexto familiar 
(valores morais e religiosos), o contexto subjetivo (questões emocionais e cognitivas), 
entre outras. 
 
11 
 
O desenvolvimento da sexualidade humana ocorre antes do nascimento de um 
bebê, para a concepção da existência houve a necessidade de um ato sexual entre 
homem e mulher fecundando o óvulo pelo espermatozoide dando origem a uma nova 
vida. Durante todo o período de gravidez, o feto absorve os sentimentos positivos e 
negativos que a futura mamãe possa ter vivenciado e essas emoções são passadas 
para a criança que, inconscientemente, incorpora prazerosamente ou não. 
Ao nascer o bebê é totalmente indefeso necessitando de proteção e de 
cuidados especiais como: amamentação, higiene e amor, que são pontos 
fundamentaispara o desenvolvimento dos laços de confiança com o mundo ao qual 
passa a pertencer. Indiretamente, nos primeiros meses de vida, o papel da mãe é 
primordial passando segurança e afetividade, através da aproximação física 
(amamentação), facilitando a formação de vínculos afetivos quando adultos. 
Há três embrionários, Ectoderma, Mesoderma e Notocorda. Por volta da 3º 
semana (21 a 22 dias) o embrião desenvolve a placa neural que é um 
espaçamento do Ectoderma, para a formação desta placa e a subsequente 
formação desta placa e a subsequente formação e desenvolvimento do tudo 
neural, tem importante papel e ação indutora da Notocorda e Mesoderma, 
(Machado, 2000 apud Portal Educação). 
A ciência comprova que a criança ao nascer traz características próprias, o 
relacionamento com as pessoas do meio em que vive determinará a vivência de sua 
sexualidade. Importante também é a figura materna, que por muito tempo assumiu o 
centro da formação da criança, no entanto estudos recentes demonstram que a figura 
paterna é fundamental também, para o desenvolvimento psíquico da criança. 
A criança desde pequena tem percepção de sua sexualidade e por isso procura 
explorar seu corpo de forma descencabulada fazendo questionamentos 
principalmente em relação aos órgãos genitais. O papel dos pais e professores é 
encarar de maneira séria e respeitosa, respondendo adequadamente de acordo com 
a faixa etária correspondente. 
É necessário que permita à criança desenvolver-se com naturalidade, onde 
possa se tocar, se sentir e com carinho fazer um passeio pelo seu corpo, que é o bem 
mais precioso para ela. Aprendendo dessa maneira, consequentemente, o ser 
humano saberá respeitar e admirar a sexualidade do outro, independente do sexo ou 
da idade do mesmo. 
 
12 
 
 Infelizmente, devido aos mitos criados pela sociedade, adultos criam 
verdadeiras barreiras de moralidade em relação ao assunto, não permitindo que este 
movimento normal de busca e de exploração pessoal aconteça. 
Crescimento e desenvolvimento são processos paralelos, mas com conceitos 
próprios e não obrigatoriamente dotados de igual velocidade ou de igual sensibilidade 
aos agravos. Crescimento é aumento de massa por hipertrofia e divisões celulares 
(passível de aferição por meio de cm e kg) e desenvolvimento é a aquisição de 
capacidade (somente passível de aferição por meio de provas funcionais). 
O crescimento humano se caracteriza por quatro fases nitidamente 
distintas: 
Fase 1: Crescimento intrauterino, inicia-se na concepção e vai até o 
nascimento. 
Fase 2: Primeira infância, vai do nascimento aos dois anos de idade, 
aproximadamente, caracterizando-se por um crescimento incremental, que se inicia 
no nascimento e estende-se até um mínimo marco inicial da fase seguinte. 
Fase 3: Segunda infância ou intermediária, período de equilíbrio e crescimento 
uniforme em que o acréscimo anual de peso se mantém no mesmo nível, desde o 
mínimo limítrofe, anteriormente citado, até o início de uma nova fase de crescimento 
acelerado. 
Fase 4: Adolescência, fase final de crescimento, que se estende mais ou 
menos dos dez aos vinte anos de idade. O crescimento inicialmente se acelera, até 
atingir um máximo em torno dos quinze anos e, depois, declina rapidamente até os 20 
anos. 
Na infância, a sexualidade se expressa por meio de curiosidades, 
questionamentos, exploração do próprio corpo e do outro, reconhecimento das 
diferenças sexuais. É o erotismo infantil marcado pelo diálogo sobre sexo, ocorrências 
de masturbação individual e jogos ou brincadeiras sexuais. O que caracteriza essa 
fase é a exploração do seu corpo e do outro, ainda não contaminados pelas regras 
sociais. Nem sempre a criança sabe as regras que regem as possibilidades desse 
conhecimento, ou seja, o que pode fazer ou não. 
 
 
 
13 
 
A adolescência, fase que começa na puberdade e termina quando se assumem 
papéis de adultos, é um período muito importante para a sexualidade, pois é quando 
descobrimos e vivenciamos nossas escolhas amorosas e sexuais e nos 
reconhecemos como sujeitos sexuados no mundo. Nessa fase, reconhecemos nossa 
identidade pessoal, assumindo nossos desejos e forma de sentir e amar. 
Enfim, nos preparamos para a vida adulta no que diz respeito à independência 
emocional e afetiva. A partir dos contextos supracitados nos apropriamos de muitas 
das regras sociais que regem a questão da sexualidade. 
O adulto (já com o corpo físico desenvolvido) precisa enfrentar novos desafios 
da sexualidade: o cuidado de si e do outro, a maternidade e a paternidade, a possível 
relação conjugal, as experiências mais amadurecidas da resposta sexual (desejo, 
excitação, orgasmo), escolha das práticas sexuais e as manifestações e as condições 
da identidade sexual que nem sempre condizem com as regras e padrões definidos 
pela sociedade. 
No envelhecimento, o corpo, que nunca deixa de ser sexuado, passa por 
transformações, pois deixa de ser reprodutivo, o que implica em uma série de 
mudanças para homens e mulheres. As mulheres vivem o climatério quando várias 
mudanças ocorrem devido à redução da taxa hormonal: ressecamento da vagina, 
perda da sensibilidade, ondas de calor, instabilidade emocional, perda da elasticidade 
da pele, menopausa (última menstruação). 
Os homens também têm redução hormonal, embora mais gradual, demoram 
mais para ter ereção, diminui a ejaculação, perdem força física etc. Todas essas 
mudanças no corpo, hoje bem remediadas pelos avanços da medicina, não impedem 
que as pessoas, até o final da vida, possam amar, ter relações sexuais e a viver 
plenamente a vida erótica, se assim desejarem. 
Desenvolvimento humano, na figura abaixo: 
 
Fonte: istockphoto.com 
 
14 
 
Ao longo do desenvolvimento humano vamos construindo o sentido da nossa 
sexualidade, que é influenciada pelos padrões culturais e históricos no processo 
interpessoal que chamamos de socialização. 
Assim, a socialização primária é importante na construção dos nossos valores 
sexuais, e a infância é um período da vida importante para o aprendizado e a vivência 
da sexualidade. Desse aprendizado, compreendem-se muitas manifestações sexuais 
que teremos na adolescência, na vida adulta e no envelhecimento, pois ao longo de 
toda a vida muitos desses aprendizados vão direcionar o modo como vivemos nossa 
sexualidade: mais favorável, mais prazerosa, positiva ou não. 
“À possibilidade de uma sexualidade que corresponda aos nossos desejos 
[...] dependerá de uma luta que o jovem deve enfrentar por uma nova moral 
sexual, que supere o poder castrador e passe para uma fase de encontro 
entre o prazer e a responsabilidade” (BOCK, 1999, apud; Amaral V 2011). 
3.3 Definindo sexo e sexualidade 
Sexo é coisa muito simples. Eu explico os essenciais em poucas linhas. [...]. 
Para se entender o sexo há de se entender a música que ele toca. [...] A 
música que o corpo quer tocar se chama prazer. [...]. Os instrumentos da 
orquestra-corpo são os seus órgãos [...] todos têm uma utilidade. Além disso, 
esses mesmos órgãos e membros são lugares de prazer. [...] Entre os órgãos 
da orquestra-corpo estão os órgãos sexuais. Não há nada de especial que os 
distinga dos outros. Como os demais órgãos eles são fontes de prazer. Os 
prazeres do sexo são variados. Vão desde uma sensação muito suave que 
mais parece uma coceira de bicho-de-pé e que chega a provocar riso, até um 
prazer enorme, explosão vulcânica, que tem o nome de orgasmo, e que deixa 
aqueles que por ele passaram semimortos. [...]. Mas eles anunciam o fim da 
brincadeira. [...] complicados são os pensamentos dos seres humanos sobre 
ele (o sexo). Os homens por razões que não entendo, passaram a considerar 
o sexo uma coisa vergonhosa (ALVES, 1999, apud Tanferi J; 2013). 
Nunes (1987) afirma que, enquanto aquisição evolutiva do ser humano – 
pertencente ao Reino Animal - o sexo limita-se às características genitais. Porém, a 
espécie humana apresentaa sexualidade, uma qualidade cultural e significativa do 
sexo, construída desde a infância, sendo o sexo genital um parâmetro para a formação 
pessoal e social da criança, muito além da manifestação instintiva. 
Por se tratar de uma construção sócio histórica, abordar a questão da 
sexualidade exige uma reflexão sobre a forma como os desejos, sentimentos, 
sensações, concepções de variadas instâncias sociais moldam os relacionamentos. 
Sendo assim, refletir sobre sexualidade implica primeiro, refletir sobre si mesmo, para 
buscar entender o outro em suas dimensões diversificadas. Sendo assim, “a 
 
15 
 
sexualidade supõe mais do que corpos, nela estão envolvidas fantasias, valores, 
linguagens, rituais, comportamentos, representações mobilizadas ou postos em ação 
para expressar desejos e prazeres” (LOURO, 2007). 
Dessa forma, por se tratar de algo cultural e socialmente construído, não é 
estática e definida, mas mutável e plural (LOURO 1997; FIGUEIRÓ, 2009). A 
sexualidade humana, assim, compreende um conjunto de fenômenos biológicos, 
psicológicos e sociológicos de grande importância para a pessoa e para a sociedade, 
estando vinculada à afetividade e aos valores, sua esfera vai além da função 
reprodutora e da mera genitalidade ficando englobada no âmbito mais amplo do 
erotismo. 
Assim entendido, é relevante esclarecer que numa concepção biológica, o sexo 
constitui apenas um dos aspectos que permeiam a sexualidade humana, e sendo 
assim configura-se um reducionismo a abordagem em determinismos biológicos para 
justificar preconceitos, mitos e tabus que foram criados histórica e socialmente em 
torno desse tema. 
Daí que segundo Nunes (1987) tratar de sexualidade na escola requer domínio 
prévio de uma concepção científica e humanista da mesma, sobrepujando o senso 
comum - estágio elementar da cognição social - com abordagem histórica e cultural 
da sexualidade humana, abalizada por uma minuciosa compreensão científica do 
desenvolvimento psicológico e sexual do sujeito. 
Na mesma ótica Cabral (1999), ao manifestar-se sobre sexo, expõe a visão 
sócio construtivista de que o indivíduo, por nunca estar pronto ou acabado, inclusive 
biologicamente, sofre constantes influências dos costumes do meio em que vive, 
sendo, portanto, produto do ambiente e da cultura. 
Também Chauí (1985) reitera que a sexualidade é uma elaboração histórica, 
que tem sua manifestação social de acordo com o ambiente em que se formaram suas 
raízes. Nesse sentido Foucault (1990) conceitua o sexo como uma manifestação física 
ligada ao uso do sistema reprodutor, com fim único de procriação. As demais 
manifestações, tais como: o beijo, a carícia, o olhar, o pensamento, o sonho, o desejo, 
estariam na área da sexualidade, uma qualidade global do homem. 
 
 
 
 
16 
 
 Acrescenta, ainda: 
O sexo, esta instância que parece dominar-nos, esse segredo que nos parece 
subjacente a tudo o que somos, esse ponto que nos fascina pelo poder que 
manifesta e pelo sentido que oculta, ao qual pedimos revelar o que somos e 
liberar-nos o que nos define, o sexo nada mais é do que um ponto ideal 
tornado necessário pelo dispositivo de sexualidade e por seu funcionamento. 
(...) O sexo é, ao contrário, o elemento mais especulativo, mais ideal e 
igualmente mais interior, num dispositivo de sexualidade que o poder 
organiza em suas captações dos corpos, de sua materialidade, de suas 
forças, suas energias, suas sensações, seus prazeres. (FOUCAULT, 1990, 
apud Tanferi J; 2013). 
Para Bernardi (1985), a sexualidade é analisada, psicologicamente, como 
sendo multiforme polivalente e símbolo do desejo. O deleite sexual pode ser atingido 
sem o contato genital, uma vez que qualquer região do corpo é suscetível ao prazer 
sexual. A sexualidade difere do instinto, não objetivando o parceiro ou o coito. Louro 
(1999), diz que a sexualidade não se restringe ao corpo, mas envolve o aspecto 
psíquico da pessoa, através de suas crenças, ideologias e imaginações, deixando de 
ser preocupação individual, devendo passar por uma investigação e a uma análise 
histórica e sociológica cuidadosa, a fim de atingir uma atmosfera crítica e política. 
Conceito interessante que ilustra adequadamente a diferença entre os 
dois termos: 
Sexo – é uma energia positiva que impulsiona a vida. É como a pessoa se 
percebe. Não é safadeza, sacanagem, órgão genital, nem atividade coital 
(transa). Sexualidade – é uma conduta adquirida, de base biológica, com sua 
fonte instintiva expressa de acordo com o desenvolvimento e normalidade 
psicossexual, com parâmetros socioculturais do lugar e época em que 
vivemos. Tem caráter modificável, plástico, permutante. Envolve 
personalidade, maturidade física e psicológica e a formação (SOUZA, 
2007apud Tanferi J; 2013). 
Destaca-se, do exposto que, as concepções sobre sexo e sexualidade podem 
variar de acordo com a sociedade, a história, o grupo social e as diversas ciências 
humanas que se relacionam ao ramo que a estuda, daí a importância de um resgate 
histórico da sexualidade, em especial no mundo ocidental. 
3.4 Desenvolvimento cognitivo de acordo com Piaget 
Uma criança não é um adulto meio crescido. Pelo menos em um nível 
quantitativo, e é que por um longo tempo foi ampliada a ideia de que uma criança é 
 
17 
 
um pequeno adulto que não tem experiência na vida. Piaget foi encarregado de 
demonstrar a parte mais qualitativa do assunto. O desenvolvimento cognitivo não deve 
ser entendido como algo linear e cumulativo, mas cada pessoa tem características 
cognitivas diferentes, dependendo do estágio da vida em que se encontra. 
Desta forma, as pessoas que estão em um estágio evolucionário têm uma 
maneira de ver as coisas diferentes daquelas encontradas em outro. Não só é que os 
mais velhos têm mais experiência na vida, mas no nível psicológico, há uma série de 
coisas que devem ser levadas em conta. 
Os quatros estágios do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget: 
Hoje, a psicologia evolutiva não seria a mesma sem a figura de Jean Piaget. E, 
mais especificamente, a psicologia evolucionista, e essa é a teoria dos estágios do 
desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget, estabeleceu as bases dessa disciplina 
psicológica. Abaixo estão os famosos estádios propostos pelo autor. 
 
Fonte: desa.com.br 
3.5 Estágio sensório-motor 
O estágio sensório-motor vai do nascimento do bebê até este começar a falar. 
Esse momento chega por volta dos dois anos de idade, quando a pessoa consegue 
construir frases simples. O primeiro dos estágios do desenvolvimento cognitivo de 
Jean Piaget tem como característica fundamental a maneira como o bebê interage 
com o mundo. Seus sentidos dão a ele toda a informação sobre o mundo, sendo sua 
ânsia por uma exploração fundamental para seu desenvolvimento cognitivo. 
 
18 
 
A necessidade de compreender o mundo através dos sentidos não impede que 
os bebês saibam que existem objetos que existem, apesar de não tê-los na frente 
deles. Por outro lado, há pessoas que estão no estágio sensório-motor e são 
basicamente egocêntricas. Não é até etapas posteriores que tendem a mostrar 
comportamentos mais ligados ao altruísmo e à autonegação. 
3.6 Etapa pré-operacional 
O estágio pré-operacional é aquele que corresponde entre dois e sete anos de 
idade. As pessoas que estão nesta fase do desenvolvimento de Jean Piaget já são 
mais capazes de interagir, e o jogo é frequentemente desempenhado por papéis 
fictícios. É, portanto, um período no qual a capacidade de usar objetos com um caráter 
simbólico é adquirida. É o caso dos jogos infantis, onde eles podem cozinhar e lutar 
com brinquedos que representam potes ou espadas. 
Embora continuem sendo pessoas egocêntricas, é a partir desse estágio que 
aparecem manifestações claras que podem ser colocadas no lugar de outra pessoa. 
Portanto, começam a mostrar reações empáticas e altruístas, embora isso não seja 
usual. No estágio pré-operacional,a capacidade de associação de ideias é clara, mas 
também sua simplicidade e baixa capacidade de contraste. É por essa razão que 
crianças entre dois e sete anos de idade podem facilmente recorrer ao pensamento 
mágico para explicar fatos diferentes. 
3.7 Estágio das operações concretas 
O estágio das operações concretas vai de sete a doze anos de idade 
aproximadamente. Neste episódio evolutivo, a pessoa já é capaz de adquirir muitas 
das capacidades mentais de uma pessoa adulta. 
É nesse estágio, por exemplo, quando o uso da lógica ganha força. É, portanto, 
um episódio evolutivo em que a pessoa pode chegar a conclusões usando 
capacidades associativas maiores. A pessoa pode se tornar menos egocêntrica nesse 
estágio de Piaget e está numa fase de desenvolvimento de sua capacidade de 
abstração. 
 
19 
 
3.8 Estágio de operações formais 
O estágio das operações formais vai de doze anos até o final da idade adulta. 
A maioria da população, portanto, está nesta fase da vida e representa a culminação 
do desenvolvimento cognitivo no nível evolutivo. Nesta etapa de Piaget, a pessoa já é 
capaz de recorrer à sua capacidade total de abstração e ao uso da lógica para resolver 
problemas. 
É assim que o pensamento hipotético-dedutivo toma importância nessa fase da 
vida. Baseia-se na ideia de que uma pessoa gera hipóteses para tentar explicar o que 
observa, sendo que experimentação e raciocínio são os meios para prová-la. 
 Embora algumas pessoas permaneçam egocêntricas, isso não é mais uma 
característica definidora desse estágio. As pessoas no estágio das operações formais 
são capazes de condicionar seu pensamento ou comportamento por motivos que vão 
além de sua pessoa. 
Dentro das etapas do desenvolvimento de Piaget, enquanto que a fase 
sensório-motora (zero a dois anos) é caracterizada pela exploração corporal, na fase 
pré-operatória (dois a seis anos) é iniciado o reconhecimento das diferenças 
morfológicas e fisiológicas entre os meninos e meninas importantes na estruturação 
cognitiva dos modelos masculino e feminino. A identidade sexual é estabelecida em 
torno dos cinco a seis anos e ocorre quando as diferenças são interiorizadas, levando 
a organização dos papéis sexuais. 
3.9 O que é sexualidade infantil? 
A sexualidade infantil é diferente da sexualidade do adulto. Tem-se o costume 
de pensar a sexualidade sob a ótica do adulto, no entanto, a sexualidade da criança 
está relacionada ao desenvolvimento emocional que vem desde a infância. As 
manifestações da sexualidade da criança ocorrem desde o nascimento até a 
puberdade. 
De acordo com a psicóloga Silva (2007), compreender a sexualidade infantil é 
ir além do desenvolvimento sexual. É estar atento ao desenvolvimento emocional da 
criança. Levar em consideração seus desejos, suas necessidades como um todo, 
assim, fazem parte do seu desenvolvimento. 
 
20 
 
O corpo todo é erótico, pois é através dele que a criança possui seu primeiro 
contato com a natureza, com o mundo. É a partir desse contato com o mundo que a 
criança possui a sua primeira sensação de prazer. Portanto, o prazer não está só na 
relação sexual, no ato sexual ou na masturbação. (SILVA, 2007). 
Para o professor e psicólogo D’Andrea (1987), Freud entende que a 
sexualidade infantil é desenvolvida desde o nascimento e vai se aprimorando com o 
passar dos anos. Para Freud, a personalidade é o padrão dos pensamentos e 
emoções de uma pessoa e considera a libido um conceito biológico que apresenta 
uma energia que impulsiona os indivíduos a se reproduzirem. Salienta-se que essa 
energia é aquilo que impulsiona as pessoas a cuidarem umas das outras e a criança, 
com o decorrer dos anos, aprende a direcioná-la para longe de seus pais e em direção 
aos seus objetivos. De acordo com Khan (2005), Freud compreende a sexualidade 
infantil como o prazer que as crianças descobrem desde muito pequenas, quando se 
incumbem de funções corporais necessárias. 
Freud em suas investigações na prática clínica, sobre as causas e 
funcionamento das neuroses, descobriu que a maioria dos pensamentos e desejos 
reprimidos se referia a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de 
vida dos indivíduos. Portanto, na vida infantil, estavam as experiências de caráter 
traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais e, 
confirmava-se, desta forma, que as ocorrências, neste período de vida, deixam 
marcas profundas na estruturação da personalidade. 
De acordo com a teoria freudiana, todas as experiências ocorridas na infância 
influenciam na vida psíquica e sexual da criança. Com isso, a escola tem de se 
preocupar com a forma de trabalhar a sexualidade da criança para que não ocorram 
conflitos traumáticos posteriores na vida adulta. 
A criança, durante a época escolar, está em fase de desenvolvimento e 
formação e todas as atitudes desencadeadas podem gerar problemas futuros em sua 
vida social e emocional. Para Freud, o indivíduo encontra o prazer no próprio corpo, 
pois nos primeiros tempos de vida, a função sexual está intimamente ligada à 
sobrevivência. 
 
 
 
21 
 
As excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo (zonas erógenas) 
e há um desenvolvimento progressivo também ligado às modificações das formas de 
gratificação e de relação com o objeto, que foram propostas por Freud pela teoria das 
fases do desenvolvimento sexual: Fase oral, Fase anal, Fase fálica e Fase Genital. 
 
Fonte: psicologiad14.blogspot.com 
Khan (2005) compreende que na fase oral a zona de erotização é a boca e o 
prazer ainda está ligado à ingestão de alimentos e à excitação da mucosa dos lábios 
e da cavidade bucal. Objetivo sexual consiste na incorporação do objeto. Durante a 
fase anal, o interesse da criança é o ânus, este controle é uma nova fonte de prazer. 
Na fase fálica o manuseio da criança é o órgão sexual. 
 Apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais 
sobre esse objeto. No caso do menino, a fase fálica se caracteriza por um interesse 
narcísico que ele tem pelo próprio pênis em contraposição à descoberta da ausência 
de pênis na menina. 
O professor pode proporcionar ao aluno ajuda e orientação na descoberta da 
sexualidade, desse modo ele deve conhecer as fases de desenvolvimento 
psicossexual apresentadas por Freud e compreender como elas manifestam-se na 
vida da criança. 
http://psicologiad14.blogspot.com/
 
22 
 
O conhecimento dessas fases e saber como procede ao desenvolvimento do 
pensamento infantil proporcionam a escola e ao professor subsídios interessantes 
para trabalhar, pedagogicamente, a sexualidade em sala de aula. 
3.10 Os Estudos de Piaget Sobre a Mente Infantil 
O desenvolvimento mental da criança dá-se espontaneamente a partir de suas 
potencialidades e da sua interação com o meio. A teoria de Piaget busca compreender 
o desenvolvimento da mente infantil e constata que o desenvolvimento do raciocínio 
e do físico corresponde também ao desenvolvimento psicossexual citado por Freud 
na teoria psicanalítica. 
Na obra Iniciação ao desenvolvimento da criança, os professores de Psicologia 
educacional Sylva e Lunt (1999) citam que Piaget, após os seus estudos em zoologia, 
voltou sua atenção para os estudos na área do desenvolvimento. Estudou as 
estruturas mentais e, para investigá-las, teve de se afastar dos métodos da biologia. 
Piaget iniciou os seus estudos com as crianças, a partir de indagações e 
investigações. Assim, ele descobre que a diferença entre o pensamento da criança e 
do adulto está na complexidade de seus conhecimentos. Foi com o apoio aos 
“enganos” cometidos pelas crianças que Piaget percebeu mudanças no pensamento 
durante a infância. 
De acordo Sylva e Lunt (1999), Piaget defende que a inteligência permite que 
o homem consiga se adaptar a seu ambiente. Por isso, segundo ele é essencial que 
a inteligência possua esquemas que forneçam o conhecimentosobre as coisas e de 
como fazê-las. 
Piaget inicia sua pesquisa com crianças antes de entrarem na escola, a partir 
de perguntas de todos os tipos. Ele observava cuidadosamente a visão da criança 
sobre o mundo e sobre as coisas ao seu redor. A partir das respostas dadas por elas 
Piaget ia acompanhando seus pensamentos, em que o objetivo ficou conhecido como 
“entrevista clinica”. Esta tinha por finalidade estudar cada pessoa de uma vez, mas 
ele se interessava pelas semelhanças de pensamento entre as crianças e não pelo 
caráter único de cada uma. 
 
 
23 
 
Sylva e Lunt (1999) afirmam que Piaget, a partir de suas pesquisas com as 
crianças entre três e doze anos, notou que, a princípio, o pensamento da criança se 
caracteriza pelo animismo, a criança considera reais os fenômenos naturais tanto 
quanto o ser humano. Segundo as autoras, o que faz a pesquisa de Piaget tão 
interessante é o fato de ele ter “ido além das “falsas concepções”, isoladas para 
encontrar os modos sistemáticos de pensamento que caracterizam as crianças de 
várias idades. ” (SYLVA; LUNT, 1999). 
 Um desses modos é a inexperiência da criança em aceitar os acontecimentos 
através da percepção de outras pessoas, o egocentrismo. Ele explica o fato de a 
criança não ser capaz de imaginar que os fenômenos naturais são diferentes dela, por 
isso ela os toma de emoções e sentimentos parecidos aos seus. 
Para Piaget, de acordo com SYLVA e LUNT(199), a inteligência é um tipo de 
atividade que permite a adaptação ao ambiente. Piaget percebeu que as crianças a 
partir do momento em que elas interagem com o mundo constroem ativamente sua 
compreensão dele. Em etapas diferentes do seu desenvolvimento, tem-se a 
capacidade de diferentes tipos de interação, logo alcançam diferentes níveis de 
compreensão. Surgem-se, assim, os estágios de desenvolvimento segundo a teoria 
piagetiana. 
4 SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA 
Após a fase da infância, os hormônios sexuais e do crescimento se ativam e o 
corpo passa por muitas modificações físicas, alterando, também, sentimentos e 
sensações. É a chamada puberdade que, embora se refira a mudanças no corpo, tem 
implicações psicológicas e sociais na vida do adolescente. 
Na puberdade, o corpo entra em crescimento e amadurecimento acelerado e a 
sexualidade ganha novo sentido. Os vínculos afetivos se ampliam das relações 
familiares o círculo de amigos para os encontros amorosos e sexuais e, o corpo, já 
apto para a reprodução, vivencia nossos aprendizados. 
Podemos comparar as mudanças que ocorrem no corpo durante a puberdade 
com as mudanças de um corpo na gravidez, pois rapidamente há tantas 
transformações corporais e sentimentais, que não sabemos bem como lidar com isso. 
Algumas pessoas vão reagir satisfeitas: vangloriam com o corpo crescendo, os pelos 
 
24 
 
aparecendo, anseiam pela menstruação etc. Outras, no entanto, reagem 
negativamente, com muita insatisfação, vergonha, escondem-se em roupas largas, 
mostram-se retraídas. Muitas dessas reações estão relacionadas com nossa infância, 
o quanto estamos preparados, com informações e sentimentos de autoestima para 
lidar com tantas transformações, nem sempre formando o corpo que “desejamos”. 
São muitas as mudanças que ocorrem e elas não são iguais aos dos colegas 
púberes (aqueles que as pessoas convivem e comparam diariamente). Nas meninas, 
essas mudanças chegam uns dois anos antes do que nos meninos, afastando ainda 
mais uns dos outros nessa fase da vida. Basicamente, a puberdade significa a 
passagem do corpo não reprodutivo para o corpo reprodutivo. Veja no quadro as 
principais mudanças para meninos e meninas nessa fase. 
 
Fonte:Maia.com 
No campo da afetividade e sexualidade, o corpo crescido também gera novas 
sensações: ereções penianas, lubrificação vaginal, o desejo sexual aparece 
fortemente, direcionado para pessoas do sexo oposto ou não, e muitas dúvidas 
surgem: “Será que sou normal? ”, “Será que sou desejável? ”, “Será que sou bonito? 
“, “Será que sou gay? ”. Muitos momentos da vida dos adolescentes são voltados para 
 
25 
 
essas dúvidas e inquietações e, às vezes, essas preocupações são mais fortes do 
que as escolares, tais como uma profissão futura, ou a tarefa de matemática que 
precisa ser feita ou, ainda, o valor da conta de luz de uma casa etc. 
A prevenção, então, é importante. Os adolescentes se sentem invulneráveis e, 
muitas vezes, agem de modo inconsequente, movido a paixões, ilusões, 
imediatismos, têm sentimentos de ousadia, carecem de informações, têm 
incapacidade de planejar o futuro etc. Por isso, nessa etapa do desenvolvimento, 
aumentam-se os riscos de contágio do vírus da AIDS e de doenças sexualmente 
transmissíveis, de uma gravidez indesejada etc. Não é o “sexo” que é ruim, mas os 
jovens precisam aprender a viver a vida sexual com responsabilidade. 
Garantir a saúde sexual e reprodutiva oferecendo educação sexual aos jovens 
que precisam aprender a cuidar do próprio corpo, estabelecer vínculos amorosos e 
sexuais saudáveis, ter atitudes conscientes que previna uma gravidez indesejada ou 
o contágio de doenças para que possam usufruir de forma gratificante e plena a 
sexualidade são responsabilidades que devem ser divididas entre todos os que 
convivem com essa população. É importante ensiná-los a ter uma vida sexual 
saudável e, ao mesmo tempo, prazerosa. 
Para Foucault (1988), a sexualidade é um “dispositivo histórico” que se 
constitui, historicamente, a partir de múltiplos discursos sobre o sexo: 
discursos que regulam, que normatizam, que instauram saberes, que 
produzem “verdades”. De acordo com o autor, é no âmbito da cultura e da 
história que se definem as identidades sociais: sexuais, de gênero, de raça, 
de nacionalidade, de classe e outras. Os sujeitos são formados por essas 
múltiplas e diferentes personalidades, na medida em que esses são 
interrogados a partir de diversas situações, instituições ou agrupamentos 
sociais. Reconhecer-se numa identidade supõe, pois, responder 
afirmativamente a uma interpelação e estabelecer um sentido de 
pertencimento a um grupo social de referência (Foucault 1988 apud Brilhante 
A et al., Catrib A; 2011). 
4.1 Adolescência e mudanças 
No corpo dos adolescentes, ou melhor, dos púberes, se processam largas 
mudanças hormonais, que aceleram o crescimento físico e também o 
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, sendo que o crescimento físico 
acelerado não é igualado algumas partes do corpo, se desenvolvem mais rapidamente 
que outras o que surpreende o adolescente, que passa a não reconhecer o seu próprio 
corpo. 
 
26 
 
 
Fonte: amigopai.wordpress.com 
Seu esquema corporal ainda não se adaptou ao crescimento, de modo que 
começa a esbarrar em alguns objetos, derrubar coisas, abraçar forte demais outras 
pessoas, porque, ainda não redimensionou a sua percepção de espaço, tempo e força 
ao novo corpo que passou a possuir. 
O aparecimento de caracteres sexuais secundários reforça este ponto, influindo 
largamente na autoimagem do adolescente, na forma como ele vê seu corpo 
modificado e em processo de modificação. Em consequência destas mudanças 
bruscas, que trazem em si um caráter vital de desenvolvimento, de amadurecimento 
e aumento das responsabilidades e atribuições, a adolescência caracterizar-se como 
um período de crise. 
Na adolescência as questões emocionais são de extrema importância, visto 
que repercutem direta e profundamente na formação da identidade do mesmo e 
diversos aspectos permeiam as vivências emocionais. 
A relação com os pais se torna diferente, a identidade infantil também se 
dissipa, fazendo-o buscar uma nova noção de si mesmo e deste modo, a relação 
idealizada com os pais se quebra, surgindo conflitos, que geralmente gravitam nos 
polos dependência / independência, ânsia de liberdade. 
 
27 
 
O jovem também sofre uma transformação na convivência social, começa a se 
relacionar com turmas,inicialmente só de meninos ou de meninas, exercitando a 
possibilidade de relacionamento com os outros. 
Sendo uma nova fase na vida do adolescente, é o período em que tem que 
enfrentar novas situações o que cria medos e receios, e ao mesmo tempo o desejo 
da busca do novo. Esses pontos extremos são constantes na vida dos jovens e 
acompanha-os este mesmo processo, a sexualidade do adolescente também sofre 
intensas mudanças, diz-se que a fase, o momento de (re) descoberta da sexualidade. 
Enfatiza-se (re) descoberta, porque acredita que a sexualidade é construída ao 
longo da vida, da história pessoal de cada indivíduo, desde a infância, na teia de 
relações interpessoais que se estabelecem entre o indivíduo e o ambiente. 
Por muito tempo, teve-se um silêncio a respeito da sexualidade humana, devido 
a um rigorismo imposto por autoridades civis e, principalmente, religiosas, baseado 
numa repressão antissexual fruto de uma ignorância, repúdio e de um puritanismo 
demasiadamente exagerados em relação ao assunto. Todavia, tal silêncio não se 
restringe somente àquela época. Ainda hoje, falar sobre tal assunto requer um cuidado 
na abordagem ao mesmo tempo, pois, diferente daquele tempo, corre-se o risco de 
tratá-lo de forma leviana, irresponsável, deturpada. 
Se antes era proibido falar sobre a sexualidade, hoje é algo que goza de uma 
liberalidade sem limites. Fala-se sobre o assunto de uma forma tão inconsequente 
com uma naturalidade, que, se alguém fizer alguma represália, será taxado de 
“careta”, “conservador”, “antiquado”. Nada, em relação ao assunto, pode ou deve ser 
proibido. Tudo pode, não há limites: é normal a homossexualidade, bissexualidade, a 
troca de/entre parceiros, sexo fora e dentro do matrimônio etc. O sexo tornou-se um 
tema de muita importância em nossos dias, porém pouco e mal abordado pelos ditos 
“especialistas” no assunto. 
Entretanto, muitos deles reconhecem o quanto a sexualidade influi nas diversas 
atividades humanas, produzindo padrões e comportamentos que variam de acordo 
como é vivida a sexualidade nas diversas sociedades. De fato, muitos reduzem 
sexualidade ao sexo. Por sua vez, o sexo é visto como uma simples necessidade 
fisiológica do homem. Nem sexualidade e só sexo e nem sexo é apenas fisiologia. A 
sexualidade humana é maleável e apresenta grande plasticidade se comparada ao 
determinismo biológico dos demais animais. 
 
28 
 
Sexo, além de fisiologia e de uma relação carnal entre pessoas, é, também 
afeto, amor e inspiração. Se tratarmos o sexo como uma simples necessidade 
fisiológica do ser humano, estaremos alimentando a proliferação de DSTs e as várias 
formas de preconceitos, que, como outrora, ao invés de educar sexualmente as 
pessoas, deixou-as reprimidas e ignorantes em relação ao assunto. Por ignorar-se a 
importância da sexualidade na vida do homem, teve-se uma violenta repressão 
antissexual e, hoje, tem-se uma exacerbação superficial causada pelo fenômeno da 
globalização dos nossos dias. É preciso buscar as respostas para os anseios do 
homem em relação à sua sexualidade, a fim de interpretar devidamente as relações 
interpessoais de homens e mulheres considerando suas multidimensões (psicológica, 
social, biológica etc.) na formação de sua personalidade. 
4.2 A descoberta da sexualidade 
A sexualidade está presente na vida das pessoas durante todo o seu processo 
de desenvolvimento, manifesta-se por meio dos valores morais e sociais. A escola e 
o professor interessam-se pela orientação adequada e conhecimento da sexualidade, 
pois o primeiro contato social da criança ocorre na escola. 
A escola desempenha um papel determinante na formação da criança com 
vista a seu posicionamento e integração em uma sociedade em constante mudança, 
assim, abordar o tema da sexualidade constitui grande desafio aos educadores, pois, 
neste espaço, são transmitidos valores morais da vida social em que a criança está 
inserida. É responsabilidade do professor auxiliar no processo de desenvolvimento da 
criança, trazendo-lhe o conhecimento saudável e natural a respeito da sexualidade. 
Faz-se necessária a compreensão de que a descoberta da sexualidade é algo 
saudável e necessário para o desenvolvimento humano sem traumas. 
Ariès (2006), historiador e medievalista, apresenta, em sua obra História Social 
da Criança e da Família, a imagem da criança nua. Nesse momento, perpassa pela 
imagem da morte e da alma que colocaria no mundo da linguagem visual a imagem 
da nudez infantil. Na Idade Média, a alma era retratada na figura de uma criança nua 
e assexuada, ou seja, representada pela pureza e inocência. A criança não era 
passível de qualquer maldade ou pecado, era símbolo de inocência. 
 
29 
 
Ao conhecer como era vista a criança na Idade Média, percebe-se que a 
mesma era vista como sinal de pureza, jamais haveria de se falar em sexualidade ou 
prazer que a criança pudesse sentir. O trabalho pedagógico da escola e do professor 
tem como responsabilidade discutir a sexualidade infantil e suas consequências ao 
desenvolvimento da criança. Quando se tem a imagem da criança na Idade Média, 
compreende-se a mudança ocorrida na imagem da criança daquela época para os 
dias atuais, considerando, por exemplo, as descobertas de Freud a respeito da 
sexualidade infantil. 
Ariès (2006) salienta, desse modo, que as primeiras demonstrações de 
paparicação, ou seja, a criança era vista como um ser inocente e divertido; 
servindo como meio de entreter os adultos. Segundo Ariès (2006, p. 21): 
(...) a criança se tornou uma das personagens mais frequentes dessas 
pinturas anedóticas: a criança com sua família; a criança com seus 
companheiros de jogos, muitas vezes adultos; a criança na multidão, mas 
“ressaltada” no colo de sua mãe ou segura pela mão, ou brincando, ou ainda 
urinando; a criança no meio do povo assistindo aos milagres ou aos martírios, 
(...) ou a criança na escola, um tema frequente e antigo que remontava ao 
século XIV e que não mais deixaria de inspirar as cenas do gênero até o 
século XIX ( Ariés 2006, apud Mariano H; 2018). 
A criança era representada nas pinturas como um ser tão sem importância que, 
nem após sua morte, se preocupavam se iria voltar para importunar os vivos. Muitas 
crianças da idade média morriam devido à precariedade das condições de vida. 
No fim do século XVI, surge a representação do putto, a criancinha nua, como 
nova forma de representar a infância, ligada a nudez clássica e as representações do 
Heros helenísticos. A partir dessas considerações, pode-se entender que a criança 
histórica para Ariès (2006) mesmo representada nua ou envolvida em panos, jamais 
poderia ter ligação com a sexualidade, a criança ainda era vista como sinal de pureza 
e inocência. Foi neste mesmo século que a criança começa a se colocar como centro 
da composição das imagens. 
A descoberta da infância de acordo com Ariès (2006) começou no século XIII e 
foi evoluindo no decorrer dos séculos XV e XVI. Porém os sinais de seu crescimento 
se deram no fim do século XVI e continuaram no século XVII. Há, portanto, nesse 
contexto a percepção de que a criança não era vista na sua simplicidade e 
particularidade. A infância não era relevada entre os adultos a partir de sua inocência, 
mas sim de seus aspectos sociais e oportunos a realidade do mundo adulto. 
 
30 
 
A criança, na Idade Média, não tinha suas características discutidas, ou 
propostas à sociedade. A descoberta da sexualidade era um assunto que não tinha a 
menor relevância naquela época, pois a criança era símbolo de pureza e jamais 
poderia se pensar em sexualidade. 
5 A FAMÍLIA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO SEXUAL DO ADOLESCENTE 
O crescimento dos filhos faz desabrochar a sexualidade dos próprios pais, 
motivo pelo qual rever valores, muitas vezes, resulta em atitudes diferentes em 
relação à educação de meninos e meninas, no que diz respeito à sexualidade. 
Acredita-se que aoconhecer as particularidades desta fase, os conflitos e problemas 
sejam menores (MALDONADO, 1996). 
Os pais precisam acompanhar a evolução do desenvolvimento sexual de seus 
filhos, principalmente no que diz respeito às questões sobre sexo e afetividade. A 
família mesmo que na maioria das vezes sem condições de fazê-la, deveria ser 
encarregada pela educação sexual dos filhos, pois é no seio da família que em geral, 
se dão as primeiras vivências e expressões da sexualidade, onde fatores culturais 
podem servir como barreira para a sua compreensão (MARQUES; VIEIRA; 
BARROSO, 2003). 
A família desempenha importante papel na transmissão da cultura. Em geral, 
as tradições, os valores, a manutenção de ritos, mitos e costumes prevalecem na 
educação dos filhos e interferem no desenvolvimento sexual do indivíduo. Estes 
valores, crenças e práticas são construídos ao longo da história. Porém, sofrem 
mudanças, com o passar do tempo, à medida que as famílias entram em contato com 
novos modelos de educação (ALVES; FISCHMAN, 2001; CENTA, 2001). 
Destaca-se, ainda, em 1989, o Programa de Saúde do Adolescente, com 
diretrizes ambiciosas de atenção integral, tanto nos aspectos de promoção 
quanto de prevenção. A definição da sexualidade no programa já estava 
alinhada com concepções atuais e com a perspectiva de direitos humanos, 
sendo essa definida como uma manifestação psicoafetiva individual e social 
que transcende sua base biológica (sexo), cuja expressão é normatizada 
pelos valores sociais vigentes (BRASIL, 1989 apud Lobato et al., Delgado, 
Padilha, Almeida, Brandão & Lamare 2017). 
Ao abordar a sexualidade, é fundamental que seja considerada a multiplicidade 
de visões que a família possui. 
 
31 
 
 Elas estão relacionadas com a herança cultural e são influenciadas por valores 
familiares e sociais (ROCHA; TASSITANO; SANTANA, 2001). Segundo Castro, 
Abromovay e Silva (2004), há casos em que o controle e a interferência da família 
sobre a conduta sexual dos filhos estão ligados e permeados por princípios religiosos 
rígidos. A família considerada como um sistema, composto por pessoas unidas por 
um compromisso mútuo, geralmente afetivo, que se relacionam entre si, transmitem 
para gerações futuras a sua cultura, os seus hábitos e o seu modo de viver, os quais 
podem ter impacto significativo na maneira de como seus membros vivenciarão a 
sexualidade (CANO; FERRIANI, 2000). 
Ao envolver a família na educação sexual dos filhos é necessário levar em 
conta outros aspectos relacionados ao meio familiar como as condições em que vive, 
pois ela não é apenas um processo que interfere na vida das pessoas, mas uma forte 
influência na trajetória de cada um (ROCHA; TASSITANO; SANTANA 2001). Na 
opinião de Egypto (2003), cabe aos familiares, à escola e a todos os profissionais de 
saúde, envolvidos com o adolescente mostrar-lhe o valor da sexualidade em sua vida, 
conscientizando-os para que respeitem o próprio corpo e o do outro. É preciso 
fortalecer os vínculos familiares e estimular os pais a criar oportunidades para o 
diálogo com seus filhos. 
Os pais e educadores devem auxiliar os adolescentes a refletir sobre sua 
sexualidade motivando-os a enfrentar o mundo de forma consciente e responsável. 
Cabe aos educadores desenvolver uma ação crítica, reflexiva e educativa quando se 
trata do tema, oferecendo às famílias um espaço para expor suas dúvidas, trocar 
experiências e sentimentos sobre as ocorrências da adolescência (DIAS e GOMES, 
1999). As primeiras experiências em relação à sexualidade normalmente acontecem 
na própria família, uma vez que os pais manifestam sua sexualidade de várias 
maneiras, seu comportamento e ações aparecem como o primeiro e talvez o mais 
importante modelo de vivência da sexualidade para as crianças. 
Acredita-se que todas as famílias realizam, de uma maneira ou de outra, a 
educação sexual de seus filhos, pois mesmo nunca falando abertamente sobre o 
tema, alguns comportamentos dos pais, em seu dia a dia, retratam questões de 
sexualidade, fazendo com que a criança e o adolescente os vivenciem e aprendam 
(BRASIL, 1997). 
 
32 
 
A família tem grande potencial e força para educar seus filhos; portanto os pais 
deveriam ser os primeiros e grandes responsáveis pela orientação e formação sexual 
dos adolescentes. Cano e Ferriani (2000) referem que, embora os pais tenham 
dificuldades em falar sobre o assunto, suas palavras têm impacto na sexualidade dos 
filhos. Assim sendo, é essencial que as famílias sejam orientadas para realizar a 
educação sexual de seus filhos, da melhor maneira possível. 
As famílias passam por mudanças inevitáveis, à medida que os filhos crescem. 
Estas podem gerar conflitos e insegurança nos pais, porque eles na maioria das 
vezes, não sabem como reagir diante de determinadas mudanças e ações de seus 
filhos durante as demonstrações de sexualidade. Para os pais é um desafio aceitar a 
maneira de ser e de pensar dos filhos nos dias de hoje, pois suas ideias se contrapõem 
à maneira de pensar dos jovens, exigindo adaptação (TIBA, 2005). 
Apesar da interferência dos conteúdos da sexualidade lançados pela mídia, que 
atingem a maioria das famílias e se reflete na formação das crianças e adolescentes, 
cabe aos pais selecionar esses conteúdos, fazer uma análise crítica, acompanhar e 
orientar seus filhos de acordo com seus valores e herança cultural. O meio familiar 
encarrega-se de transmitir aspectos morais e éticos aos seus componentes (BRASIL, 
1997). A compreensão e a percepção da sexualidade do adolescente estão ligadas 
às experiências familiares. Isto significa que as atitudes e condutas dos pais são de 
grande relevância na vida sexual dos filhos. 
No meio familiar que os pais vivenciam suas experiências sexuais, os filhos 
desenvolvem sua curiosidade e iniciam seu aprendizado da sexualidade (PINCUS; 
DARE, 1987). 
Para que as crianças se tornem adultos sexualmente saudáveis e vivam 
intensamente as modificações sexuais próprias da idade, é importante que os pais 
tenham vivenciado positivamente sua sexualidade, de tal modo que consigam 
transmitir isso para seus filhos (TIBA, 1994). 
Os laços familiares, de uma forma ou de outra, continuam ocupando lugar de 
destaque na maneira com que a maioria de nós vê e vive o mundo; portanto falar de 
família é enfocar um conjunto de valores que dá aos indivíduos uma identidade e à 
vida um sentido (OSÓRIO, 1996). A família é reconhecida como a instituição que 
auxilia a vivência do indivíduo em sociedade, pois nela se formarão as novas gerações 
de cidadãos e se darão as primeiras experiências de relacionamentos. 
 
33 
 
Diante disso é preciso estimular uma vivência saudável entre pais e filhos 
mediante o diálogo, a troca de experiência, de afeto, e a convivência entre seus 
membros. 
Se existe uma época da vida em que as famílias precisam de ajuda é na 
adolescência de seus filhos. Embora a maioria delas seja capaz de lidar com as 
demandas desse período de transição, muitas apresentam dificuldades que precisam 
ser superadas (MALDONADO, 1996). 
Para isso elas necessitam de apoio. Pode ocorrer que alguns de seus membros 
se sintam incapazes ou despreparados, para lidar com as ocorrências próprias da 
adolescência; em alguns casos, tentam soluções ineficazes e com resultados 
negativos. Neste processo, muitas famílias sentem dificuldades para fazer as 
mudanças necessárias para facilitar o desenvolvimento de seus filhos, repetindo 
modelos disfuncionais, que provocam reações e comportamentos indesejados 
(CARTER; MC GOLDRICK, 1995). 
A modernidade trouxe aos pais grandes dúvidas sobre a maneira de como 
educar seus filhos durante o processo de desenvolvimento. Embora eles lutem por 
uma independência, os pais sentem dificuldade em propiciar autonomia aos filhos 
(OSÓRIO, 1996). 
Durante períodos críticos como a puberdade, a adolescência e juventude, os 
pais, ao perceberem algum sinalde desconforto nos filhos, seja de ordem física, 
emocional, social ou espiritual, devem atendê-los em suas necessidades, orientando-
os e apoiando-os. Em cada etapa do desenvolvimento da sexualidade, o indivíduo 
vive situações e acontecimentos distintos, apresentando dúvidas, expectativas e 
anseios em relação a si próprio a família e à sociedade em que vive (SIQUEIRA, 
1986). Os pais precisam repensar a maneira como educam seus adolescentes e como 
os conduzem em relação a sua sexualidade. 
Para orientar adequadamente os filhos sobre sexualidade é necessário que os 
pais vençam o bloqueio que normalmente experimentam ante a curiosidade dos filhos, 
pois algumas perguntas ultrapassam até a capacidade lógica dos interrogados. 
Contudo, é preciso que os pais estejam conscientes de que os filhos têm grande 
necessidade de falar sobre questões não somente relacionadas ao sexo, mas também 
sobre afetividade (TIBA, 2005). 
 
34 
 
5.1 Os pais frente a sexualidade dos filhos adolescentes 
Os pais da década atual foram os adolescentes desse período de 
transformações e vivenciaram, de diferentes maneiras, esses movimentos que 
influenciaram suas visões de mundo e, de uma certa forma, os deixaram inseguros 
vendo os rígidos padrões morais de sua infância irem sendo derrubados pelas rápidas 
transformações que estavam ocorrendo, sem que houvesse um tempo para a 
elaboração e modificação da realidade interna de cada um (SALES, 1988). 
Segundo TIBA (1986), é inegável que essas experiências produziram adultos 
de um tipo especial, que se consideram psicologizados, pois levam em conta 
que nem sempre as relações humanas obedecem a regras sociais; muitas 
vezes elas são movidas por desejos. Querem que os filhos sejam mais felizes 
do que eles próprios, mas não estão seguros de como transmitir isso. (Tiba 
1988 apud Ferraro C ;2000). 
Para o autor, talvez a principal explicação para esse antagonismo é que o 
discurso liberal e a psicologização instalou-se na superfície, na periferia da 
personalidade desses pais, ao passo que a educação e os valores que receberam 
durante a infância e juventude permanecem gravados, quase intactos, numa região 
mais profunda de sua personalidade. 
Essas “camadas”, a periférica e a profunda se alteram durante o período de 
educação dos filhos. Quando chega a adolescência e se apresentam questões mais 
sérias, como é o caso da sexualidade, a camada mais profunda entra em ação e eles 
acabam, repetindo as mesmas atitudes que condenaram em seus pais. 
Segundo SUPLICY (1991), a questão da sexualidade mudou tão rapidamente, 
nas últimas décadas, que deixou os pais meio perdidos. Antigamente as famílias não 
tinham muitas dúvidas em saber o que era certo ou errado; o que podiam permitir ou 
não. Hoje vivemos um momento difícil para a construção de um sistema de valores 
sexuais. 
Para a autora, apesar do período de transição em que vivemos, existem 
alguns valores que não podem deixar de ser transmitidos aos jovens, tais como: 
 O respeito por si próprio e pela sua dignidade enquanto pessoa; 
 O respeito pelo outro. A ninguém é permitido ver outro como meio de 
satisfação de suas necessidades; 
 O acesso à informação. Responder o que a criança quer saber de forma 
honesta e não preconceituosa; 
 
35 
 
 Ajudar a criança a desenvolver o espírito de crítica, a capacidade de 
raciocínio e a reflexão para escolher o que lhe convém. 
Um outro aspecto da sexualidade abordado por SUPLICY (1991) é que, para 
lidar com a sexualidade dos filhos, os pais necessitam se defrontar com a própria 
sexualidade e esta situação pode gerar, muitas vezes, angústia. A sexualidade dos 
filhos traz à tona para muitos pais aspectos reprimidos da própria sexualidade. 
 Uma pesquisa realizada por ARRUDA (1992) nas escolas públicas e privadas 
de Campina Grande Paraíba, com adolescentes entre 13 e 19 anos, deixa evidente, 
através das respostas aos questionários aplicados, que os jovens se ressentem da 
falta de informações sobre sexo. No entanto, esses mesmos jovens citam que a 
primeira fonte de informação são os amigos e as revistas “Ele e Ela, Playboy e Privê” 
(especialmente os meninos). 
As orientações recebidas em casa, segundo a autora, não esclarecem nada, 
uma vez que os jovens só ouvem de seus pais frases como: “sexo só quando casar”; 
“isto é pecado”; “é feio”. Apesar da dificuldade dos pais, entendemos que é no convívio 
familiar, entre pessoas que se estimam e tentam superar as dificuldades do dia a dia 
que as questões de sexualidade devem ser debatidas levando-se em conta os valores, 
atitudes, crenças religiosas e culturais da família. 
6 DIREITOS SEXUAIS E LIBERDADE SEXUAL 
Com o advento da sexualidade, em meio a uma sociedade moderna e 
globalizada, incitou novas temáticas dentro deste tema, que anteriormente eram 
pouco abordadas, ou, nunca. A sexualidade, como faz parte da vida do cidadão, 
passou também a ser vista como objeto de direitos, na esfera internacional, com a 
criação dos direitos na esfera sexual. 
 “Apesar dos avanços obtidos, razões de ordem teórica e de ordem prática 
recomendam avançar mais. Para tanto, é preciso desenvolver um direito democrático 
da sexualidade” (RIOS, 2006). 
Para tal, é necessário que seja observada a própria Constituição Federal de 
1998, que, legisla, timidamente, sobre direitos sexuais, direitos esses que estão na 
esfera de direitos e garantias fundamentais, sem os quais, não há como se falar em 
um Estado democrático de direitos. 
 
36 
 
Entre eles: a dignidade da pessoa humana (art. 1º); o direito inerente às 
pessoas ao bem-estar, livre de qualquer tipo de discriminação (art. 3º, IV); o direito à 
isonomia entre homem e mulher (SOUSA, 2010). Dentre esses que representam 
vários ramos do Direito, estes mesmos artigos, também tutelam os direitos sexuais e 
é interessante notar que esses direitos são imprescindíveis, para que a vida do ser 
humano seja minimamente digna e próspera. 
 Normas essas, que são direitos fundamentais e são utilizadas no ramo do 
direito sexual, presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual o 
Brasil é signatário e que, em seu primeiro artigo, declara a igualdade entre todos os 
seres humanos em dignidade e direitos (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 
1948). 
Segundo Souza (2010, p. 4.907), o termo, direitos sexuais é proveniente dos 
grupos homossexuais, da década de 1980 e vivenciaram a epidemia do vírus 
HIV/AIDS. Grupos esses que buscavam ser contemplados pelos Direitos Humanos 
como as demais pessoas eram, em seus direitos de constituir uma família, e serem 
reconhecidos pelo judiciário (MELLO, 2005, apud SOUSA, 2010). 
Deste modo, estes grupos enfrentavam o desrespeito a seus direitos 
fundamentais, e viviam em um contexto em que, a saúde sofria com os riscos de 
epidemias que se espalhavam sexualmente. 
 Tal cenário era impróprio para o desenvolvimento da sexualidade de maneira 
plena e, apesar dos avanços, ainda é possível se deparar com situações em que 
Direitos Humanos são violados, como na área jurídica, na saúde e educação 
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, s.d., p. 06). O debate acerca da saúde 
sexual, por causa da presença de doenças sexualmente transmissíveis na sociedade, 
necessitava de uma discussão mais ampla, e a proteção debatida no Cairo, quanto à 
saúde sexual põe em evidencia a necessidade de uma regulamentação internacional, 
não com um caráter intervencionista, mas com uma proposta que proporcionar 
liberdade, informação e igualdade. 
Nesse contexto, também foi abordada a importância de se voltar a atenção para 
os jovens, educando e orientando, da mesma forma como os "segmentos 
populacionais mais vulneráveis às violações de Direitos Humanos nos campos da 
reprodução e da sexualidade” (SOUSA, 2010, p. 4.906). 
 
37 
 
Tal nomenclatura, “direitos sexuais”, só fora utilizada na IV Conferência 
Internacional sobre a Mulher, em Pequim, de acordo com o escólioapresentado por 
Sousa (2010). 
Apesar da legislação existente, não somente no Brasil, mas também, em vários 
Estados, persistem as violações aos princípios dos direitos humanos, violações 
baseadas na condição sexual dos indivíduos discriminados (ORGANIZAÇÃO DAS 
NAÇÕES UNIDAS) que seguem um contexto social e histórico, como aponta o 
preâmbulo da Yogyakarta: 
“PREOCUPADOS com a violência, assédio, discriminação, exclusão, 
estigmatização e preconceito dirigidos contra pessoas em todas as partes do mundo 
por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero, com que essas 
experiências sejam agravadas por discriminação que inclui gênero, raça, religião, 
necessidades especiais, situação de saúde e status econômico, e com que essa 
violência, assédio, discriminação, exclusão, estigmatização e preconceito solapam a 
integridade daquelas pessoas sujeitas a esses abusos, podendo enfraquecer seu 
senso de autoestima (sic) e de pertencimento à comunidade, e levando muitas dessas 
pessoas a reprimirem sua identidade e terem vidas marcadas pelo medo e 
invisibilidade” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, s.d.). 
Desta forma, os direitos que deveriam ser distribuídos a todos, pois "todo ser 
humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta 
Declaração, sem distinção (...)" (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948, p. 
05), se tornam direitos condicionados à orientação sexual do indivíduo, que foge aos 
padrões pré-estabelecidos pela sociedade. 
O ideal de liberdade que aqui se refere, além da ideia de ser livre para pensar, 
agir, e ser, também importa a liberdade sexual, e de expressar sua sexualidade de 
forma saudável e livre de qualquer preconceito (WAS, 2000). Neste cenário, são 
construídos os Princípios da Yogyakarta, em que se dispõem 29 princípios, que estão 
em comunhão com a DUDH, como, por exemplo, o primeiro princípio, que guarda 
identidade ao conteúdo da DUDH, entretanto dando maior ênfase à parte que 
concerne à igualdade de gênero e orientação sexual (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES 
UNIDAS, s.d., p. 11). 
 
 
38 
 
O próprio documento aponta diretrizes para a aplicação eficaz dos princípios, 
tendo em vista a legislação dos Estados que venham a recepciona-la, os princípios 
são bem lúcidos, e foram debatidos com o propósito de sua aplicação internacional 
trazendo benefícios ao cenário mundial (como fazer citação de resenha). 
 Assim, o conteúdo da Yogyakarta tem como objetivos, tanto a aplicação efetiva 
dos direitos humanos, a todos sem restrições, como também, nortear os direitos no 
âmbito sexual (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, s.d., p. 07), trazendo em seu 
texto uma base solida para fomentar leis que possam respeitar de fato preceitos 
fundamentais preestabelecidos. 
Dentro do tema, de direitos sexuais, agora, que tratam do direito reprodutivo, 
direito esse, que foi abordado na Conferência Internacional de População de 
Desenvolvimento, sediada no Cairo, em que foi discutida a reprodução sexual pelo 
viés da saúde, em temas como prevenção de doenças e planejamento familiar que 
estiveram em pauta (CORREA; PETCHESKY, 1996). 
“[...] no Programa de Ação, as definições acerca da saúde reprodutiva como 
estado geral de bem-estar físico, mental e social em todos os aspectos relacionados 
ao sistema reprodutivo e às suas funções e processos e dos direitos reprodutivos 
como o direito básico de todo casal e indivíduo de decidir livre e responsavelmente 
sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de ter filhos, bem como o direito de 
ter informação e os meios de assim o fazer, e o direito de gozar do mais elevado 
padrão de saúde sexual e reprodutiva”. (VIANNA; LACERDA, 2004 apud SOUSA, 
2010). Tais direitos, debatidos pela Conferência do Cairo, proporcionaram a mulher 
uma maior visibilidade quanto aos seus direitos, a demandas de igualdade de direitos 
entre gêneros e o fenômeno do empowerment, que representa para o movimento 
feminista o "reequilíbrio das relações de poder entre homens e mulheres" (CORREA; 
PETCHESKY, 1996). 
Desta forma, a mulher recebeu, não somente, o direito de gestar quantos filhos 
desejar ter, como também, teve sua liberdade reafirmada, quanto ao seu corpo, e sua 
inviolabilidade como indivíduo que devidamente debatidas e postuladas por meio 
desta conferência, que apesar de “não possuir um caráter vinculante”, trouxe átona a 
discussão os direitos das mulheres (SOUSA, 2010). 
 
 
39 
 
De fato, tal evento trouxe em sua discussão não somente o ponto de vista do 
feminismo, mas também um debate que visa quebrar o paradigma na sexualidade, 
em que o homem domina a relação e a mulher é passiva, discutindo assim a maior 
liberdade da mulher sobre seu próprio corpo, visto pelo prisma da sexualidade. 
Ademais, além da reprodução consciente, a saúde sexual foi abordada como tema de 
grande relevância, pois, para o desenvolvimento da sexualidade, tanto como o 
desenvolvimento da própria sociedade, o acesso à saúde e a educação sexual são 
imprescindíveis, pois se tratam de “direitos fundamentais” (WAS, 2000, s.p.). 
Posterior à conferência realizada no Cairo, a conferência realizada em Pequim 
debateu o tema direitos reprodutivos fazendo uma vinculação aos direitos sexuais 
(RIOS, 2006, apud SOUSA, 2010, p. 4.906). A Conferência em Pequim continuou os 
debates acerca do que foi tratado em Cairo, contudo, agora fazendo sua análise e 
debate a luz da sexualidade e dos Direitos humanos (VIANNA; LACERDA, 2004, p. 
28 apud SOUSA, 2010, p. 4.906). 
Os Direitos reprodutivos são tutelados pela magna carta, como os direitos 
elencados voltados para as gestantes, e a gestação, (art. 6º), mesmo quando a 
gestante se encontra em cumprimento de pena (art. 5º, L), e o direito ao "planejamento 
familiar" (art. 226, §7º) (SOUSA, 2010, p. 4.907). Neste ponto, vale ser observado, 
que o liame de tais fundamentos são os direitos e garantias fundamentais, embasados 
na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição federal, outrossim, 
há leis infraconstitucionais que legislam sobre o assunto (SOUSA, 2010, p. 4.907). 
A sexualidade é papel importante para o exercício da reprodução e, neste 
sentido, Ricardo Amaral (2006), em sua obra, descreve um caso do direito 
extraterrestre, em solo português, em que a esposa da vítima de um acidente pede 
indenização, em face de que o acidente ocorrido causou a impotência de seu marido. 
Tal caso foi descrito pela esposa da vítima, por intermédio de sua petição, como uma 
violação ao seu Direito a sexualidade conjugal, e também, a o seu direito a 
reprodução, que lhe foi tolhido por causa do acidente (AMARAL, 2006). 
E sobre a sexualidade, a legislação brasileira falha em regulamentar lei sobre 
direitos sexuais e reprodução, falta de regulamentação, que, afeta de modo negativo 
em leis já existentes, e que obrigam a sociedade a ajuizarem demandas judiciais que 
esbarram na burocracia, e às vezes na arbitrariedade de alguns juízes. 
 
40 
 
 Como descrito por Sousa, à discrepância nas decisões judicias, no âmbito dos 
Direitos sexuais, que ora são favoráveis, ora desfavoráveis, gerando uma 
“insegurança jurídica”, em que, o mérito é julgado por valores morais e religiosos, e 
que demandas são decididas como improcedentes por causa da omissão legislativa 
(SOUSA, 2010, p. 4.911). E esta insegurança, por fim, acaba por ferir a liberdade 
sexual dos indivíduos. A liberdade sexual é definida pelos Direitos sexuais (WAS, 
2000, s.p.), como: “A liberdade sexual diz respeito à possibilidade dos indivíduos em 
expressar seu potencial sexual. 
No entanto, aqui se excluem todas as formas de coerção, exploração e abuso 
em qualquer época ou situação da vida” (citar direitos sexuais). Desta maneira, a 
liberdade sexual corresponde à livre vontade de se relacionar, pensar e exprimir sua 
vontade sexual, e opinião, longe de qualquer tipo de preconceito ou discriminação. 
Como descreve o décimo nono princípio

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