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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 DESENVOLVIMENTO HUMANO ............................................................... 5 2.1 Importância do estudo do desenvolvimento humano ........................... 5 2.2 Fatores que influenciam o desenvolvimento humano .......................... 6 2.3 Aspectos do desenvolvimento humano ................................................ 6 3 A SEXUALIDADE NO BRASIL ................................................................... 7 3.1 O conceito e a sexualidade .................................................................. 9 3.2 A sexualidade no desenvolvimento humano ...................................... 10 3.3 Definindo sexo e sexualidade ............................................................. 14 3.4 Desenvolvimento cognitivo de acordo com Piaget ............................. 16 3.5 Estágio sensório-motor ....................................................................... 17 3.6 Etapa pré-operacional ........................................................................ 18 3.7 Estágio das operações concretas ...................................................... 18 3.8 Estágio de operações formais ............................................................ 19 3.9 O que é sexualidade infantil? ............................................................. 19 3.10 Os Estudos de Piaget Sobre a Mente Infantil .................................. 22 4 Sexualidade na Adolescência ................................................................... 23 4.1 Adolescência e mudanças .................................................................. 25 4.2 A descoberta da sexualidade ............................................................. 28 5 A FAMÍLIA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO SEXUAL DO ADOLESCENTE ........................................................................................................ 30 5.1 Os pais frente a sexualidade dos filhos adolescentes ........................ 34 6 DIREITOS SEXUAIS E LIBERDADE SEXUAL ......................................... 35 6.1 Dignidade da Pessoa Humana, Sexualidade e Mínimo Existencial ... 41 6.2 Educação Sexual: como lidar com a sexualidade .............................. 44 3 6.3 Educação sexual no contexto familiar e escolar ................................. 47 7 O TRABALHO PEDAGÓGICO A RESPEITO DA SEXUALIDADE NA ESCOLA 49 7.1 Sexualidade na escola ....................................................................... 52 7.2 Sexualidade na educação infantil: estratégias de trabalho................. 53 7.3 Os parâmetros curriculares nacionais e a sexualidade: entre o discurso e a prática 54 7.4 Sexualidade na infância e na adolescência para os PNC´s ............... 57 7.5 O trabalho de Orientação Sexual na escola segundo os PCN’s ........ 58 7.6 Objetivos gerais da Orientação Sexual segundo os PCN’s ................ 60 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 62 9 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 65 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 DESENVOLVIMENTO HUMANO Fonte: jrmcoaching.com O desenvolvimento humano se estabelece através da interação do indivíduo com o ambiente físico e social. Se caracteriza pelo desenvolvimento mental e pelo crescimento orgânico. O desenvolvimento mental se constrói continuamente e se constitui pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. As estruturas mentais são formas de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando, até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior em relação à inteligência, à vida afetiva e às relações sociais. Algumas estruturas mentais podem permanecer ao longo de toda a vida, como, por exemplo: a motivação. Outras estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do indivíduo. A obediência da criança é substituída pela autonomia moral do adolescente. A relação da criança com os objetos que, se dá primeiro apenas de forma concreta se transforma na capacidade de abstração. 2.1 Importância do estudo do desenvolvimento humano Cada fase do desenvolvimento humano: pré-natal, infância, adolescência, maturidade e senescência; apresentam características que as identificam e permitem o seu reconhecimento. O seu estudo possibilita uma melhor observação, compreensão e interpretação do comportamento humano. 6 Distinguindo como nascem e como se desenvolvem as funções psicológicas do ser humano para subsidiar a organização das condições para o seu desenvolvimento pleno. O desenvolvimento humano é determinado pela interação de vários fatores. 2.2 Fatores que influenciam o desenvolvimento humano Hereditariedade - Cada criança ao nascer herda de seus pais uma carga genética que estabelece o seu potencial de desenvolvimento. Estas potencialidades poderão ou não se desenvolver de acordo com os estímulos advindos do meio ambiente. Crescimento orgânico - Com o aumento da altura e estabilização do esqueleto, é permitido ao indivíduo comportamentos e um domínio de mundo que antes não eram possíveis. Maturação Neurofisiológica - É o que torna possível determinados padrões de comportamento. Por exemplo, o aluno para ser, adequadamente, alfabetizado deve ter condições de segurar o lápis e manejá-lo com habilidade, para tanto, é necessário um desenvolvimento neurológico que uma criança de 2 anos ainda não possui. Meio Ambiente - Conjunto de influências e estimulações ambientais que alteram os padrões de comportamento do indivíduo. Uma criança muito estimulada para a fala pode ter um vocabulário excelente aos 3 anos e não subir escadas bem porque não vivenciou isso. 2.3 Aspectos do desenvolvimento humano O desenvolvimento deve ser entendido como uma globalidade; mas, em razão de sua riqueza e diversidade, é abordado, para efeito de estudo, a partir de quatro aspectos básicos: Aspecto físico-motor - Refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. Aspecto intelectual - Inclui os aspectos de desenvolvimento ligados as capacidades cognitivas do indivíduo em todas as suas fases. Como quando, por 7 exemplo, a criança de 2 anos puxa um brinquedo de baixo dos móveis ou adolescente planeja seus gastos a partir da mesada. Aspecto afetivo emocional - É a capacidade do indivíduo de integrar suas experiências. São os sentimentos cotidianos que formam nossa estrutura emocional, envolvem os aspectos relacionados ao convívio em sociedade. Todos esses aspectos estão presentes de forma concomitante no desenvolvimento do indivíduo. Uma criançacom dificuldades auditivas poderá apresentar problemas na aprendizagem, repetir o ano letivo, se isolar e por esta causa se tornar agressiva. Após tratada pode voltar a ter um desenvolvimento normal. Todas as teorias do desenvolvimento humano partem deste pressuposto de indissociabilidade desses quatro aspectos, mas, podem estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A psicanálise, por exemplo, toma como princípio o aspecto afetivo-emocional. Piaget, o desenvolvimento intelectual. 3 A SEXUALIDADE NO BRASIL Na sociedade brasileira, em virtude da influência portuguesa em nossa colonização, a sexualidade dentro do casamento não se deu de forma muito diferente da que aconteceu na Europa. Para GOLDBERG (1984), no Brasil-colônia a Igreja Católica, para combater o concubinato (forma de união predominante nas camadas rurais e populares), defende a família patriarcal, como o principal modelo de poder na organização familiar, em que só se admitia o desejo e o prazer sexual do homem fora do lar com prostitutas ou mulheres pobres (brancas, negras, índias e mestiças), por isso elas se tornavam a companheira sexual preferida para o homem branco e também para a iniciação sexual dos meninos. A esposa, geralmente portuguesa ou espanhola, tinha uma posição social de destaque, mas, estava confinada a um mundo antissexual. A sexualidade para ela resumia-se à reprodução da raça e essa era a educação passada de mãe para filha. Segundo a autora, o Brasil tornou-se uma república, mas a diferenciação não desapareceu, principalmente nas grandes cidades onde o maior contingente de 8 mulheres para o prazer sexual é proveniente das classes pobres, mostrando que as raízes classistas e raciais não desapareceram. Para PARKER (1991), o patriarcalismo no Brasil não foi simplesmente uma forma de organização familiar e social, foi também uma construção ideológica, onde os conceitos de homem e mulher foram definidos em termos de oposição; o homem como um ser forte, superior, ativo, viril e com potencial para violência; e, em contrapartida, a mulher como um ser inferior em todos os sentidos: mais fraca, dócil, bela e desejada, mas de qualquer forma, e em qualquer posição social, sujeita à absoluta dominação masculina. Ainda para o citado autor, “Essa extrema diferenciação carregava consigo um dualismo moral explícito, que contribuiu para legitimar e reforçar a ordem aparentemente natural de hierarquia de gênero”. Esse legado patriarcal continua a afetar o pensamento brasileiro e a maneira como os homens de hoje visualizam seu meio social. Por outro lado, CONCEIÇÃO (1988) afirma que, tanto para homens como para mulheres, a educação sexual sempre foi ostensivamente repressora. As regras sociais vigentes só aceitavam, para os jovens, o exercício da sexualidade dentro do matrimônio e mesmo assim limitado à reprodução. Esse esquema se manteve estável até meados da década de 50, quando se desencadeou, na Europa, o “movimento beat” com reflexos no Brasil. Esse movimento, representando uma contestação dos jovens ao modelo social vigente, trazia em seu bojo a “revolução sexual”, pregando uma nova concepção de sexo desvinculado de compromisso, o uso de drogas e novos hábitos de vestir e falar. Segundo a autora, esse movimento trouxe a oportunidade para que o homem avaliasse seu comportamento sexual e repensasse a opressão que vinha vivendo há várias gerações. Na década de 60, segundo SALES (1988), um outro movimento começa a tomar vulto, o “movimento hippie”, que surgiu como uma grande esperança de derrubada de muitos mitos políticos, culturais, sociais e entre eles os sexuais, como o da virgindade e da superioridade masculina. Novos conceitos começam a ser discutidos como o direito ao prazer sem restrição, a liberação sexual da mulher através da pílula anticoncepcional e a produção, em larga escala, de revistas pornográficas. 9 Segundo CONCEIÇÃO (1988), vários estudos sobre sexualidade foram iniciados mostrando que a sociedade vigente desvinculava o sexo da natureza humana. O homem, apesar de acreditar no seu direito de buscar o prazer e o seu exercício pleno, vivia em conflito entre esses ideais de liberdade e uma educação sexual rígida da qual era fruto. O exercício da sexualidade por homens que foram educados sob repressão, não lhes dava liberdade e nem sempre trazia benefícios, podendo mesmo haver prejuízos e cita como exemplos mais relevantes dessa situação o uso do sexo para agredir o sistema, o sexo com finalidades econômicas, além de sua exploração e vulgarização pelos meios de comunicação de massa. 3.1 O conceito e a sexualidade Sexualidade é o nome que damos para o aspecto da vida humana que inclui as sensações corpóreas e subjetivas que envolvem, também, as questões emocionais. Claro que não dá para separar a emoção, a razão, a cognição e as questões sociais, o que torna a sexualidade um conceito abrangente, que diz respeito a várias manifestações e não somente a sexo. Quando falamos de sexo, nos referimos às práticas sexuais ou à relação sexual, isto é, um comportamento que envolve as questões genitais. Também falamos de sexo para categorizar pessoas em machos e fêmeas, mas isso seria mais um dos componentes da sexualidade. O sexo faz parte da sexualidade, que é um fenômeno bem abrangente. Tendo ou não relações sexuais, todo mundo sempre será uma pessoa “sexuada”, pois todas as pessoas, independentemente de quais condições, são seres dotados de sexualidade. Assim, são capazes de sentir o bem-estar, diante de sensações prazerosas táteis, sensações confortantes diante da afetividade e acolhimento amoroso, vindo de relacionamentos conjugais ou mesmo fraternos ou de amizade. Dar e receber carinho é bom. Sentir-se amado e querido é bom, receber um abraço afetuoso de quem confiamos e gostamos é muito bom! Isso tudo é sexualidade. 10 Componentes da sexualidade humana, na figura abaixo: Fonte:Maia.com.br Sexualidade é um aspecto central do ser humano durante toda a vida e abrange o sexo, as identidades e os papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é experimentada e expressada nos pensamentos, nas fantasias, nos desejos, na opinião, as atitudes, nos valores, nos comportamentos, nas práticas, nos papéis e nos relacionamentos. Embora a sexualidade possa incluir todas estas dimensões, nem todas são sempre experimentadas ou expressadas. A sexualidade é influencia pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, cultural, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais. (World Health Organization, 2007 apud; Amaral V 2011). 3.2 A sexualidade no desenvolvimento humano A sexualidade se manifesta ao longo de toda a nossa vida, desde que nascemos, na infância, na adolescência, na juventude, na vida adulta, na maturidade e no envelhecimento. A forma como isso ocorre varia de pessoa para pessoa e de diferentes condições vinculadas a diferentes contextos, como, por exemplo, o contexto social e econômico (diferentes culturas e momentos históricos), o contexto familiar (valores morais e religiosos), o contexto subjetivo (questões emocionais e cognitivas), entre outras. 11 O desenvolvimento da sexualidade humana ocorre antes do nascimento de um bebê, para a concepção da existência houve a necessidade de um ato sexual entre homem e mulher fecundando o óvulo pelo espermatozoide dando origem a uma nova vida. Durante todo o período de gravidez, o feto absorve os sentimentos positivos e negativos que a futura mamãe possa ter vivenciado e essas emoções são passadas para a criança que, inconscientemente, incorpora prazerosamente ou não. Ao nascer o bebê é totalmente indefeso necessitando de proteção e de cuidados especiais como: amamentação, higiene e amor, que são pontos fundamentaispara o desenvolvimento dos laços de confiança com o mundo ao qual passa a pertencer. Indiretamente, nos primeiros meses de vida, o papel da mãe é primordial passando segurança e afetividade, através da aproximação física (amamentação), facilitando a formação de vínculos afetivos quando adultos. Há três embrionários, Ectoderma, Mesoderma e Notocorda. Por volta da 3º semana (21 a 22 dias) o embrião desenvolve a placa neural que é um espaçamento do Ectoderma, para a formação desta placa e a subsequente formação desta placa e a subsequente formação e desenvolvimento do tudo neural, tem importante papel e ação indutora da Notocorda e Mesoderma, (Machado, 2000 apud Portal Educação). A ciência comprova que a criança ao nascer traz características próprias, o relacionamento com as pessoas do meio em que vive determinará a vivência de sua sexualidade. Importante também é a figura materna, que por muito tempo assumiu o centro da formação da criança, no entanto estudos recentes demonstram que a figura paterna é fundamental também, para o desenvolvimento psíquico da criança. A criança desde pequena tem percepção de sua sexualidade e por isso procura explorar seu corpo de forma descencabulada fazendo questionamentos principalmente em relação aos órgãos genitais. O papel dos pais e professores é encarar de maneira séria e respeitosa, respondendo adequadamente de acordo com a faixa etária correspondente. É necessário que permita à criança desenvolver-se com naturalidade, onde possa se tocar, se sentir e com carinho fazer um passeio pelo seu corpo, que é o bem mais precioso para ela. Aprendendo dessa maneira, consequentemente, o ser humano saberá respeitar e admirar a sexualidade do outro, independente do sexo ou da idade do mesmo. 12 Infelizmente, devido aos mitos criados pela sociedade, adultos criam verdadeiras barreiras de moralidade em relação ao assunto, não permitindo que este movimento normal de busca e de exploração pessoal aconteça. Crescimento e desenvolvimento são processos paralelos, mas com conceitos próprios e não obrigatoriamente dotados de igual velocidade ou de igual sensibilidade aos agravos. Crescimento é aumento de massa por hipertrofia e divisões celulares (passível de aferição por meio de cm e kg) e desenvolvimento é a aquisição de capacidade (somente passível de aferição por meio de provas funcionais). O crescimento humano se caracteriza por quatro fases nitidamente distintas: Fase 1: Crescimento intrauterino, inicia-se na concepção e vai até o nascimento. Fase 2: Primeira infância, vai do nascimento aos dois anos de idade, aproximadamente, caracterizando-se por um crescimento incremental, que se inicia no nascimento e estende-se até um mínimo marco inicial da fase seguinte. Fase 3: Segunda infância ou intermediária, período de equilíbrio e crescimento uniforme em que o acréscimo anual de peso se mantém no mesmo nível, desde o mínimo limítrofe, anteriormente citado, até o início de uma nova fase de crescimento acelerado. Fase 4: Adolescência, fase final de crescimento, que se estende mais ou menos dos dez aos vinte anos de idade. O crescimento inicialmente se acelera, até atingir um máximo em torno dos quinze anos e, depois, declina rapidamente até os 20 anos. Na infância, a sexualidade se expressa por meio de curiosidades, questionamentos, exploração do próprio corpo e do outro, reconhecimento das diferenças sexuais. É o erotismo infantil marcado pelo diálogo sobre sexo, ocorrências de masturbação individual e jogos ou brincadeiras sexuais. O que caracteriza essa fase é a exploração do seu corpo e do outro, ainda não contaminados pelas regras sociais. Nem sempre a criança sabe as regras que regem as possibilidades desse conhecimento, ou seja, o que pode fazer ou não. 13 A adolescência, fase que começa na puberdade e termina quando se assumem papéis de adultos, é um período muito importante para a sexualidade, pois é quando descobrimos e vivenciamos nossas escolhas amorosas e sexuais e nos reconhecemos como sujeitos sexuados no mundo. Nessa fase, reconhecemos nossa identidade pessoal, assumindo nossos desejos e forma de sentir e amar. Enfim, nos preparamos para a vida adulta no que diz respeito à independência emocional e afetiva. A partir dos contextos supracitados nos apropriamos de muitas das regras sociais que regem a questão da sexualidade. O adulto (já com o corpo físico desenvolvido) precisa enfrentar novos desafios da sexualidade: o cuidado de si e do outro, a maternidade e a paternidade, a possível relação conjugal, as experiências mais amadurecidas da resposta sexual (desejo, excitação, orgasmo), escolha das práticas sexuais e as manifestações e as condições da identidade sexual que nem sempre condizem com as regras e padrões definidos pela sociedade. No envelhecimento, o corpo, que nunca deixa de ser sexuado, passa por transformações, pois deixa de ser reprodutivo, o que implica em uma série de mudanças para homens e mulheres. As mulheres vivem o climatério quando várias mudanças ocorrem devido à redução da taxa hormonal: ressecamento da vagina, perda da sensibilidade, ondas de calor, instabilidade emocional, perda da elasticidade da pele, menopausa (última menstruação). Os homens também têm redução hormonal, embora mais gradual, demoram mais para ter ereção, diminui a ejaculação, perdem força física etc. Todas essas mudanças no corpo, hoje bem remediadas pelos avanços da medicina, não impedem que as pessoas, até o final da vida, possam amar, ter relações sexuais e a viver plenamente a vida erótica, se assim desejarem. Desenvolvimento humano, na figura abaixo: Fonte: istockphoto.com 14 Ao longo do desenvolvimento humano vamos construindo o sentido da nossa sexualidade, que é influenciada pelos padrões culturais e históricos no processo interpessoal que chamamos de socialização. Assim, a socialização primária é importante na construção dos nossos valores sexuais, e a infância é um período da vida importante para o aprendizado e a vivência da sexualidade. Desse aprendizado, compreendem-se muitas manifestações sexuais que teremos na adolescência, na vida adulta e no envelhecimento, pois ao longo de toda a vida muitos desses aprendizados vão direcionar o modo como vivemos nossa sexualidade: mais favorável, mais prazerosa, positiva ou não. “À possibilidade de uma sexualidade que corresponda aos nossos desejos [...] dependerá de uma luta que o jovem deve enfrentar por uma nova moral sexual, que supere o poder castrador e passe para uma fase de encontro entre o prazer e a responsabilidade” (BOCK, 1999, apud; Amaral V 2011). 3.3 Definindo sexo e sexualidade Sexo é coisa muito simples. Eu explico os essenciais em poucas linhas. [...]. Para se entender o sexo há de se entender a música que ele toca. [...] A música que o corpo quer tocar se chama prazer. [...]. Os instrumentos da orquestra-corpo são os seus órgãos [...] todos têm uma utilidade. Além disso, esses mesmos órgãos e membros são lugares de prazer. [...] Entre os órgãos da orquestra-corpo estão os órgãos sexuais. Não há nada de especial que os distinga dos outros. Como os demais órgãos eles são fontes de prazer. Os prazeres do sexo são variados. Vão desde uma sensação muito suave que mais parece uma coceira de bicho-de-pé e que chega a provocar riso, até um prazer enorme, explosão vulcânica, que tem o nome de orgasmo, e que deixa aqueles que por ele passaram semimortos. [...]. Mas eles anunciam o fim da brincadeira. [...] complicados são os pensamentos dos seres humanos sobre ele (o sexo). Os homens por razões que não entendo, passaram a considerar o sexo uma coisa vergonhosa (ALVES, 1999, apud Tanferi J; 2013). Nunes (1987) afirma que, enquanto aquisição evolutiva do ser humano – pertencente ao Reino Animal - o sexo limita-se às características genitais. Porém, a espécie humana apresentaa sexualidade, uma qualidade cultural e significativa do sexo, construída desde a infância, sendo o sexo genital um parâmetro para a formação pessoal e social da criança, muito além da manifestação instintiva. Por se tratar de uma construção sócio histórica, abordar a questão da sexualidade exige uma reflexão sobre a forma como os desejos, sentimentos, sensações, concepções de variadas instâncias sociais moldam os relacionamentos. Sendo assim, refletir sobre sexualidade implica primeiro, refletir sobre si mesmo, para buscar entender o outro em suas dimensões diversificadas. Sendo assim, “a 15 sexualidade supõe mais do que corpos, nela estão envolvidas fantasias, valores, linguagens, rituais, comportamentos, representações mobilizadas ou postos em ação para expressar desejos e prazeres” (LOURO, 2007). Dessa forma, por se tratar de algo cultural e socialmente construído, não é estática e definida, mas mutável e plural (LOURO 1997; FIGUEIRÓ, 2009). A sexualidade humana, assim, compreende um conjunto de fenômenos biológicos, psicológicos e sociológicos de grande importância para a pessoa e para a sociedade, estando vinculada à afetividade e aos valores, sua esfera vai além da função reprodutora e da mera genitalidade ficando englobada no âmbito mais amplo do erotismo. Assim entendido, é relevante esclarecer que numa concepção biológica, o sexo constitui apenas um dos aspectos que permeiam a sexualidade humana, e sendo assim configura-se um reducionismo a abordagem em determinismos biológicos para justificar preconceitos, mitos e tabus que foram criados histórica e socialmente em torno desse tema. Daí que segundo Nunes (1987) tratar de sexualidade na escola requer domínio prévio de uma concepção científica e humanista da mesma, sobrepujando o senso comum - estágio elementar da cognição social - com abordagem histórica e cultural da sexualidade humana, abalizada por uma minuciosa compreensão científica do desenvolvimento psicológico e sexual do sujeito. Na mesma ótica Cabral (1999), ao manifestar-se sobre sexo, expõe a visão sócio construtivista de que o indivíduo, por nunca estar pronto ou acabado, inclusive biologicamente, sofre constantes influências dos costumes do meio em que vive, sendo, portanto, produto do ambiente e da cultura. Também Chauí (1985) reitera que a sexualidade é uma elaboração histórica, que tem sua manifestação social de acordo com o ambiente em que se formaram suas raízes. Nesse sentido Foucault (1990) conceitua o sexo como uma manifestação física ligada ao uso do sistema reprodutor, com fim único de procriação. As demais manifestações, tais como: o beijo, a carícia, o olhar, o pensamento, o sonho, o desejo, estariam na área da sexualidade, uma qualidade global do homem. 16 Acrescenta, ainda: O sexo, esta instância que parece dominar-nos, esse segredo que nos parece subjacente a tudo o que somos, esse ponto que nos fascina pelo poder que manifesta e pelo sentido que oculta, ao qual pedimos revelar o que somos e liberar-nos o que nos define, o sexo nada mais é do que um ponto ideal tornado necessário pelo dispositivo de sexualidade e por seu funcionamento. (...) O sexo é, ao contrário, o elemento mais especulativo, mais ideal e igualmente mais interior, num dispositivo de sexualidade que o poder organiza em suas captações dos corpos, de sua materialidade, de suas forças, suas energias, suas sensações, seus prazeres. (FOUCAULT, 1990, apud Tanferi J; 2013). Para Bernardi (1985), a sexualidade é analisada, psicologicamente, como sendo multiforme polivalente e símbolo do desejo. O deleite sexual pode ser atingido sem o contato genital, uma vez que qualquer região do corpo é suscetível ao prazer sexual. A sexualidade difere do instinto, não objetivando o parceiro ou o coito. Louro (1999), diz que a sexualidade não se restringe ao corpo, mas envolve o aspecto psíquico da pessoa, através de suas crenças, ideologias e imaginações, deixando de ser preocupação individual, devendo passar por uma investigação e a uma análise histórica e sociológica cuidadosa, a fim de atingir uma atmosfera crítica e política. Conceito interessante que ilustra adequadamente a diferença entre os dois termos: Sexo – é uma energia positiva que impulsiona a vida. É como a pessoa se percebe. Não é safadeza, sacanagem, órgão genital, nem atividade coital (transa). Sexualidade – é uma conduta adquirida, de base biológica, com sua fonte instintiva expressa de acordo com o desenvolvimento e normalidade psicossexual, com parâmetros socioculturais do lugar e época em que vivemos. Tem caráter modificável, plástico, permutante. Envolve personalidade, maturidade física e psicológica e a formação (SOUZA, 2007apud Tanferi J; 2013). Destaca-se, do exposto que, as concepções sobre sexo e sexualidade podem variar de acordo com a sociedade, a história, o grupo social e as diversas ciências humanas que se relacionam ao ramo que a estuda, daí a importância de um resgate histórico da sexualidade, em especial no mundo ocidental. 3.4 Desenvolvimento cognitivo de acordo com Piaget Uma criança não é um adulto meio crescido. Pelo menos em um nível quantitativo, e é que por um longo tempo foi ampliada a ideia de que uma criança é 17 um pequeno adulto que não tem experiência na vida. Piaget foi encarregado de demonstrar a parte mais qualitativa do assunto. O desenvolvimento cognitivo não deve ser entendido como algo linear e cumulativo, mas cada pessoa tem características cognitivas diferentes, dependendo do estágio da vida em que se encontra. Desta forma, as pessoas que estão em um estágio evolucionário têm uma maneira de ver as coisas diferentes daquelas encontradas em outro. Não só é que os mais velhos têm mais experiência na vida, mas no nível psicológico, há uma série de coisas que devem ser levadas em conta. Os quatros estágios do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget: Hoje, a psicologia evolutiva não seria a mesma sem a figura de Jean Piaget. E, mais especificamente, a psicologia evolucionista, e essa é a teoria dos estágios do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget, estabeleceu as bases dessa disciplina psicológica. Abaixo estão os famosos estádios propostos pelo autor. Fonte: desa.com.br 3.5 Estágio sensório-motor O estágio sensório-motor vai do nascimento do bebê até este começar a falar. Esse momento chega por volta dos dois anos de idade, quando a pessoa consegue construir frases simples. O primeiro dos estágios do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget tem como característica fundamental a maneira como o bebê interage com o mundo. Seus sentidos dão a ele toda a informação sobre o mundo, sendo sua ânsia por uma exploração fundamental para seu desenvolvimento cognitivo. 18 A necessidade de compreender o mundo através dos sentidos não impede que os bebês saibam que existem objetos que existem, apesar de não tê-los na frente deles. Por outro lado, há pessoas que estão no estágio sensório-motor e são basicamente egocêntricas. Não é até etapas posteriores que tendem a mostrar comportamentos mais ligados ao altruísmo e à autonegação. 3.6 Etapa pré-operacional O estágio pré-operacional é aquele que corresponde entre dois e sete anos de idade. As pessoas que estão nesta fase do desenvolvimento de Jean Piaget já são mais capazes de interagir, e o jogo é frequentemente desempenhado por papéis fictícios. É, portanto, um período no qual a capacidade de usar objetos com um caráter simbólico é adquirida. É o caso dos jogos infantis, onde eles podem cozinhar e lutar com brinquedos que representam potes ou espadas. Embora continuem sendo pessoas egocêntricas, é a partir desse estágio que aparecem manifestações claras que podem ser colocadas no lugar de outra pessoa. Portanto, começam a mostrar reações empáticas e altruístas, embora isso não seja usual. No estágio pré-operacional,a capacidade de associação de ideias é clara, mas também sua simplicidade e baixa capacidade de contraste. É por essa razão que crianças entre dois e sete anos de idade podem facilmente recorrer ao pensamento mágico para explicar fatos diferentes. 3.7 Estágio das operações concretas O estágio das operações concretas vai de sete a doze anos de idade aproximadamente. Neste episódio evolutivo, a pessoa já é capaz de adquirir muitas das capacidades mentais de uma pessoa adulta. É nesse estágio, por exemplo, quando o uso da lógica ganha força. É, portanto, um episódio evolutivo em que a pessoa pode chegar a conclusões usando capacidades associativas maiores. A pessoa pode se tornar menos egocêntrica nesse estágio de Piaget e está numa fase de desenvolvimento de sua capacidade de abstração. 19 3.8 Estágio de operações formais O estágio das operações formais vai de doze anos até o final da idade adulta. A maioria da população, portanto, está nesta fase da vida e representa a culminação do desenvolvimento cognitivo no nível evolutivo. Nesta etapa de Piaget, a pessoa já é capaz de recorrer à sua capacidade total de abstração e ao uso da lógica para resolver problemas. É assim que o pensamento hipotético-dedutivo toma importância nessa fase da vida. Baseia-se na ideia de que uma pessoa gera hipóteses para tentar explicar o que observa, sendo que experimentação e raciocínio são os meios para prová-la. Embora algumas pessoas permaneçam egocêntricas, isso não é mais uma característica definidora desse estágio. As pessoas no estágio das operações formais são capazes de condicionar seu pensamento ou comportamento por motivos que vão além de sua pessoa. Dentro das etapas do desenvolvimento de Piaget, enquanto que a fase sensório-motora (zero a dois anos) é caracterizada pela exploração corporal, na fase pré-operatória (dois a seis anos) é iniciado o reconhecimento das diferenças morfológicas e fisiológicas entre os meninos e meninas importantes na estruturação cognitiva dos modelos masculino e feminino. A identidade sexual é estabelecida em torno dos cinco a seis anos e ocorre quando as diferenças são interiorizadas, levando a organização dos papéis sexuais. 3.9 O que é sexualidade infantil? A sexualidade infantil é diferente da sexualidade do adulto. Tem-se o costume de pensar a sexualidade sob a ótica do adulto, no entanto, a sexualidade da criança está relacionada ao desenvolvimento emocional que vem desde a infância. As manifestações da sexualidade da criança ocorrem desde o nascimento até a puberdade. De acordo com a psicóloga Silva (2007), compreender a sexualidade infantil é ir além do desenvolvimento sexual. É estar atento ao desenvolvimento emocional da criança. Levar em consideração seus desejos, suas necessidades como um todo, assim, fazem parte do seu desenvolvimento. 20 O corpo todo é erótico, pois é através dele que a criança possui seu primeiro contato com a natureza, com o mundo. É a partir desse contato com o mundo que a criança possui a sua primeira sensação de prazer. Portanto, o prazer não está só na relação sexual, no ato sexual ou na masturbação. (SILVA, 2007). Para o professor e psicólogo D’Andrea (1987), Freud entende que a sexualidade infantil é desenvolvida desde o nascimento e vai se aprimorando com o passar dos anos. Para Freud, a personalidade é o padrão dos pensamentos e emoções de uma pessoa e considera a libido um conceito biológico que apresenta uma energia que impulsiona os indivíduos a se reproduzirem. Salienta-se que essa energia é aquilo que impulsiona as pessoas a cuidarem umas das outras e a criança, com o decorrer dos anos, aprende a direcioná-la para longe de seus pais e em direção aos seus objetivos. De acordo com Khan (2005), Freud compreende a sexualidade infantil como o prazer que as crianças descobrem desde muito pequenas, quando se incumbem de funções corporais necessárias. Freud em suas investigações na prática clínica, sobre as causas e funcionamento das neuroses, descobriu que a maioria dos pensamentos e desejos reprimidos se referia a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos. Portanto, na vida infantil, estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais e, confirmava-se, desta forma, que as ocorrências, neste período de vida, deixam marcas profundas na estruturação da personalidade. De acordo com a teoria freudiana, todas as experiências ocorridas na infância influenciam na vida psíquica e sexual da criança. Com isso, a escola tem de se preocupar com a forma de trabalhar a sexualidade da criança para que não ocorram conflitos traumáticos posteriores na vida adulta. A criança, durante a época escolar, está em fase de desenvolvimento e formação e todas as atitudes desencadeadas podem gerar problemas futuros em sua vida social e emocional. Para Freud, o indivíduo encontra o prazer no próprio corpo, pois nos primeiros tempos de vida, a função sexual está intimamente ligada à sobrevivência. 21 As excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo (zonas erógenas) e há um desenvolvimento progressivo também ligado às modificações das formas de gratificação e de relação com o objeto, que foram propostas por Freud pela teoria das fases do desenvolvimento sexual: Fase oral, Fase anal, Fase fálica e Fase Genital. Fonte: psicologiad14.blogspot.com Khan (2005) compreende que na fase oral a zona de erotização é a boca e o prazer ainda está ligado à ingestão de alimentos e à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal. Objetivo sexual consiste na incorporação do objeto. Durante a fase anal, o interesse da criança é o ânus, este controle é uma nova fonte de prazer. Na fase fálica o manuseio da criança é o órgão sexual. Apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto. No caso do menino, a fase fálica se caracteriza por um interesse narcísico que ele tem pelo próprio pênis em contraposição à descoberta da ausência de pênis na menina. O professor pode proporcionar ao aluno ajuda e orientação na descoberta da sexualidade, desse modo ele deve conhecer as fases de desenvolvimento psicossexual apresentadas por Freud e compreender como elas manifestam-se na vida da criança. http://psicologiad14.blogspot.com/ 22 O conhecimento dessas fases e saber como procede ao desenvolvimento do pensamento infantil proporcionam a escola e ao professor subsídios interessantes para trabalhar, pedagogicamente, a sexualidade em sala de aula. 3.10 Os Estudos de Piaget Sobre a Mente Infantil O desenvolvimento mental da criança dá-se espontaneamente a partir de suas potencialidades e da sua interação com o meio. A teoria de Piaget busca compreender o desenvolvimento da mente infantil e constata que o desenvolvimento do raciocínio e do físico corresponde também ao desenvolvimento psicossexual citado por Freud na teoria psicanalítica. Na obra Iniciação ao desenvolvimento da criança, os professores de Psicologia educacional Sylva e Lunt (1999) citam que Piaget, após os seus estudos em zoologia, voltou sua atenção para os estudos na área do desenvolvimento. Estudou as estruturas mentais e, para investigá-las, teve de se afastar dos métodos da biologia. Piaget iniciou os seus estudos com as crianças, a partir de indagações e investigações. Assim, ele descobre que a diferença entre o pensamento da criança e do adulto está na complexidade de seus conhecimentos. Foi com o apoio aos “enganos” cometidos pelas crianças que Piaget percebeu mudanças no pensamento durante a infância. De acordo Sylva e Lunt (1999), Piaget defende que a inteligência permite que o homem consiga se adaptar a seu ambiente. Por isso, segundo ele é essencial que a inteligência possua esquemas que forneçam o conhecimentosobre as coisas e de como fazê-las. Piaget inicia sua pesquisa com crianças antes de entrarem na escola, a partir de perguntas de todos os tipos. Ele observava cuidadosamente a visão da criança sobre o mundo e sobre as coisas ao seu redor. A partir das respostas dadas por elas Piaget ia acompanhando seus pensamentos, em que o objetivo ficou conhecido como “entrevista clinica”. Esta tinha por finalidade estudar cada pessoa de uma vez, mas ele se interessava pelas semelhanças de pensamento entre as crianças e não pelo caráter único de cada uma. 23 Sylva e Lunt (1999) afirmam que Piaget, a partir de suas pesquisas com as crianças entre três e doze anos, notou que, a princípio, o pensamento da criança se caracteriza pelo animismo, a criança considera reais os fenômenos naturais tanto quanto o ser humano. Segundo as autoras, o que faz a pesquisa de Piaget tão interessante é o fato de ele ter “ido além das “falsas concepções”, isoladas para encontrar os modos sistemáticos de pensamento que caracterizam as crianças de várias idades. ” (SYLVA; LUNT, 1999). Um desses modos é a inexperiência da criança em aceitar os acontecimentos através da percepção de outras pessoas, o egocentrismo. Ele explica o fato de a criança não ser capaz de imaginar que os fenômenos naturais são diferentes dela, por isso ela os toma de emoções e sentimentos parecidos aos seus. Para Piaget, de acordo com SYLVA e LUNT(199), a inteligência é um tipo de atividade que permite a adaptação ao ambiente. Piaget percebeu que as crianças a partir do momento em que elas interagem com o mundo constroem ativamente sua compreensão dele. Em etapas diferentes do seu desenvolvimento, tem-se a capacidade de diferentes tipos de interação, logo alcançam diferentes níveis de compreensão. Surgem-se, assim, os estágios de desenvolvimento segundo a teoria piagetiana. 4 SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA Após a fase da infância, os hormônios sexuais e do crescimento se ativam e o corpo passa por muitas modificações físicas, alterando, também, sentimentos e sensações. É a chamada puberdade que, embora se refira a mudanças no corpo, tem implicações psicológicas e sociais na vida do adolescente. Na puberdade, o corpo entra em crescimento e amadurecimento acelerado e a sexualidade ganha novo sentido. Os vínculos afetivos se ampliam das relações familiares o círculo de amigos para os encontros amorosos e sexuais e, o corpo, já apto para a reprodução, vivencia nossos aprendizados. Podemos comparar as mudanças que ocorrem no corpo durante a puberdade com as mudanças de um corpo na gravidez, pois rapidamente há tantas transformações corporais e sentimentais, que não sabemos bem como lidar com isso. Algumas pessoas vão reagir satisfeitas: vangloriam com o corpo crescendo, os pelos 24 aparecendo, anseiam pela menstruação etc. Outras, no entanto, reagem negativamente, com muita insatisfação, vergonha, escondem-se em roupas largas, mostram-se retraídas. Muitas dessas reações estão relacionadas com nossa infância, o quanto estamos preparados, com informações e sentimentos de autoestima para lidar com tantas transformações, nem sempre formando o corpo que “desejamos”. São muitas as mudanças que ocorrem e elas não são iguais aos dos colegas púberes (aqueles que as pessoas convivem e comparam diariamente). Nas meninas, essas mudanças chegam uns dois anos antes do que nos meninos, afastando ainda mais uns dos outros nessa fase da vida. Basicamente, a puberdade significa a passagem do corpo não reprodutivo para o corpo reprodutivo. Veja no quadro as principais mudanças para meninos e meninas nessa fase. Fonte:Maia.com No campo da afetividade e sexualidade, o corpo crescido também gera novas sensações: ereções penianas, lubrificação vaginal, o desejo sexual aparece fortemente, direcionado para pessoas do sexo oposto ou não, e muitas dúvidas surgem: “Será que sou normal? ”, “Será que sou desejável? ”, “Será que sou bonito? “, “Será que sou gay? ”. Muitos momentos da vida dos adolescentes são voltados para 25 essas dúvidas e inquietações e, às vezes, essas preocupações são mais fortes do que as escolares, tais como uma profissão futura, ou a tarefa de matemática que precisa ser feita ou, ainda, o valor da conta de luz de uma casa etc. A prevenção, então, é importante. Os adolescentes se sentem invulneráveis e, muitas vezes, agem de modo inconsequente, movido a paixões, ilusões, imediatismos, têm sentimentos de ousadia, carecem de informações, têm incapacidade de planejar o futuro etc. Por isso, nessa etapa do desenvolvimento, aumentam-se os riscos de contágio do vírus da AIDS e de doenças sexualmente transmissíveis, de uma gravidez indesejada etc. Não é o “sexo” que é ruim, mas os jovens precisam aprender a viver a vida sexual com responsabilidade. Garantir a saúde sexual e reprodutiva oferecendo educação sexual aos jovens que precisam aprender a cuidar do próprio corpo, estabelecer vínculos amorosos e sexuais saudáveis, ter atitudes conscientes que previna uma gravidez indesejada ou o contágio de doenças para que possam usufruir de forma gratificante e plena a sexualidade são responsabilidades que devem ser divididas entre todos os que convivem com essa população. É importante ensiná-los a ter uma vida sexual saudável e, ao mesmo tempo, prazerosa. Para Foucault (1988), a sexualidade é um “dispositivo histórico” que se constitui, historicamente, a partir de múltiplos discursos sobre o sexo: discursos que regulam, que normatizam, que instauram saberes, que produzem “verdades”. De acordo com o autor, é no âmbito da cultura e da história que se definem as identidades sociais: sexuais, de gênero, de raça, de nacionalidade, de classe e outras. Os sujeitos são formados por essas múltiplas e diferentes personalidades, na medida em que esses são interrogados a partir de diversas situações, instituições ou agrupamentos sociais. Reconhecer-se numa identidade supõe, pois, responder afirmativamente a uma interpelação e estabelecer um sentido de pertencimento a um grupo social de referência (Foucault 1988 apud Brilhante A et al., Catrib A; 2011). 4.1 Adolescência e mudanças No corpo dos adolescentes, ou melhor, dos púberes, se processam largas mudanças hormonais, que aceleram o crescimento físico e também o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, sendo que o crescimento físico acelerado não é igualado algumas partes do corpo, se desenvolvem mais rapidamente que outras o que surpreende o adolescente, que passa a não reconhecer o seu próprio corpo. 26 Fonte: amigopai.wordpress.com Seu esquema corporal ainda não se adaptou ao crescimento, de modo que começa a esbarrar em alguns objetos, derrubar coisas, abraçar forte demais outras pessoas, porque, ainda não redimensionou a sua percepção de espaço, tempo e força ao novo corpo que passou a possuir. O aparecimento de caracteres sexuais secundários reforça este ponto, influindo largamente na autoimagem do adolescente, na forma como ele vê seu corpo modificado e em processo de modificação. Em consequência destas mudanças bruscas, que trazem em si um caráter vital de desenvolvimento, de amadurecimento e aumento das responsabilidades e atribuições, a adolescência caracterizar-se como um período de crise. Na adolescência as questões emocionais são de extrema importância, visto que repercutem direta e profundamente na formação da identidade do mesmo e diversos aspectos permeiam as vivências emocionais. A relação com os pais se torna diferente, a identidade infantil também se dissipa, fazendo-o buscar uma nova noção de si mesmo e deste modo, a relação idealizada com os pais se quebra, surgindo conflitos, que geralmente gravitam nos polos dependência / independência, ânsia de liberdade. 27 O jovem também sofre uma transformação na convivência social, começa a se relacionar com turmas,inicialmente só de meninos ou de meninas, exercitando a possibilidade de relacionamento com os outros. Sendo uma nova fase na vida do adolescente, é o período em que tem que enfrentar novas situações o que cria medos e receios, e ao mesmo tempo o desejo da busca do novo. Esses pontos extremos são constantes na vida dos jovens e acompanha-os este mesmo processo, a sexualidade do adolescente também sofre intensas mudanças, diz-se que a fase, o momento de (re) descoberta da sexualidade. Enfatiza-se (re) descoberta, porque acredita que a sexualidade é construída ao longo da vida, da história pessoal de cada indivíduo, desde a infância, na teia de relações interpessoais que se estabelecem entre o indivíduo e o ambiente. Por muito tempo, teve-se um silêncio a respeito da sexualidade humana, devido a um rigorismo imposto por autoridades civis e, principalmente, religiosas, baseado numa repressão antissexual fruto de uma ignorância, repúdio e de um puritanismo demasiadamente exagerados em relação ao assunto. Todavia, tal silêncio não se restringe somente àquela época. Ainda hoje, falar sobre tal assunto requer um cuidado na abordagem ao mesmo tempo, pois, diferente daquele tempo, corre-se o risco de tratá-lo de forma leviana, irresponsável, deturpada. Se antes era proibido falar sobre a sexualidade, hoje é algo que goza de uma liberalidade sem limites. Fala-se sobre o assunto de uma forma tão inconsequente com uma naturalidade, que, se alguém fizer alguma represália, será taxado de “careta”, “conservador”, “antiquado”. Nada, em relação ao assunto, pode ou deve ser proibido. Tudo pode, não há limites: é normal a homossexualidade, bissexualidade, a troca de/entre parceiros, sexo fora e dentro do matrimônio etc. O sexo tornou-se um tema de muita importância em nossos dias, porém pouco e mal abordado pelos ditos “especialistas” no assunto. Entretanto, muitos deles reconhecem o quanto a sexualidade influi nas diversas atividades humanas, produzindo padrões e comportamentos que variam de acordo como é vivida a sexualidade nas diversas sociedades. De fato, muitos reduzem sexualidade ao sexo. Por sua vez, o sexo é visto como uma simples necessidade fisiológica do homem. Nem sexualidade e só sexo e nem sexo é apenas fisiologia. A sexualidade humana é maleável e apresenta grande plasticidade se comparada ao determinismo biológico dos demais animais. 28 Sexo, além de fisiologia e de uma relação carnal entre pessoas, é, também afeto, amor e inspiração. Se tratarmos o sexo como uma simples necessidade fisiológica do ser humano, estaremos alimentando a proliferação de DSTs e as várias formas de preconceitos, que, como outrora, ao invés de educar sexualmente as pessoas, deixou-as reprimidas e ignorantes em relação ao assunto. Por ignorar-se a importância da sexualidade na vida do homem, teve-se uma violenta repressão antissexual e, hoje, tem-se uma exacerbação superficial causada pelo fenômeno da globalização dos nossos dias. É preciso buscar as respostas para os anseios do homem em relação à sua sexualidade, a fim de interpretar devidamente as relações interpessoais de homens e mulheres considerando suas multidimensões (psicológica, social, biológica etc.) na formação de sua personalidade. 4.2 A descoberta da sexualidade A sexualidade está presente na vida das pessoas durante todo o seu processo de desenvolvimento, manifesta-se por meio dos valores morais e sociais. A escola e o professor interessam-se pela orientação adequada e conhecimento da sexualidade, pois o primeiro contato social da criança ocorre na escola. A escola desempenha um papel determinante na formação da criança com vista a seu posicionamento e integração em uma sociedade em constante mudança, assim, abordar o tema da sexualidade constitui grande desafio aos educadores, pois, neste espaço, são transmitidos valores morais da vida social em que a criança está inserida. É responsabilidade do professor auxiliar no processo de desenvolvimento da criança, trazendo-lhe o conhecimento saudável e natural a respeito da sexualidade. Faz-se necessária a compreensão de que a descoberta da sexualidade é algo saudável e necessário para o desenvolvimento humano sem traumas. Ariès (2006), historiador e medievalista, apresenta, em sua obra História Social da Criança e da Família, a imagem da criança nua. Nesse momento, perpassa pela imagem da morte e da alma que colocaria no mundo da linguagem visual a imagem da nudez infantil. Na Idade Média, a alma era retratada na figura de uma criança nua e assexuada, ou seja, representada pela pureza e inocência. A criança não era passível de qualquer maldade ou pecado, era símbolo de inocência. 29 Ao conhecer como era vista a criança na Idade Média, percebe-se que a mesma era vista como sinal de pureza, jamais haveria de se falar em sexualidade ou prazer que a criança pudesse sentir. O trabalho pedagógico da escola e do professor tem como responsabilidade discutir a sexualidade infantil e suas consequências ao desenvolvimento da criança. Quando se tem a imagem da criança na Idade Média, compreende-se a mudança ocorrida na imagem da criança daquela época para os dias atuais, considerando, por exemplo, as descobertas de Freud a respeito da sexualidade infantil. Ariès (2006) salienta, desse modo, que as primeiras demonstrações de paparicação, ou seja, a criança era vista como um ser inocente e divertido; servindo como meio de entreter os adultos. Segundo Ariès (2006, p. 21): (...) a criança se tornou uma das personagens mais frequentes dessas pinturas anedóticas: a criança com sua família; a criança com seus companheiros de jogos, muitas vezes adultos; a criança na multidão, mas “ressaltada” no colo de sua mãe ou segura pela mão, ou brincando, ou ainda urinando; a criança no meio do povo assistindo aos milagres ou aos martírios, (...) ou a criança na escola, um tema frequente e antigo que remontava ao século XIV e que não mais deixaria de inspirar as cenas do gênero até o século XIX ( Ariés 2006, apud Mariano H; 2018). A criança era representada nas pinturas como um ser tão sem importância que, nem após sua morte, se preocupavam se iria voltar para importunar os vivos. Muitas crianças da idade média morriam devido à precariedade das condições de vida. No fim do século XVI, surge a representação do putto, a criancinha nua, como nova forma de representar a infância, ligada a nudez clássica e as representações do Heros helenísticos. A partir dessas considerações, pode-se entender que a criança histórica para Ariès (2006) mesmo representada nua ou envolvida em panos, jamais poderia ter ligação com a sexualidade, a criança ainda era vista como sinal de pureza e inocência. Foi neste mesmo século que a criança começa a se colocar como centro da composição das imagens. A descoberta da infância de acordo com Ariès (2006) começou no século XIII e foi evoluindo no decorrer dos séculos XV e XVI. Porém os sinais de seu crescimento se deram no fim do século XVI e continuaram no século XVII. Há, portanto, nesse contexto a percepção de que a criança não era vista na sua simplicidade e particularidade. A infância não era relevada entre os adultos a partir de sua inocência, mas sim de seus aspectos sociais e oportunos a realidade do mundo adulto. 30 A criança, na Idade Média, não tinha suas características discutidas, ou propostas à sociedade. A descoberta da sexualidade era um assunto que não tinha a menor relevância naquela época, pois a criança era símbolo de pureza e jamais poderia se pensar em sexualidade. 5 A FAMÍLIA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO SEXUAL DO ADOLESCENTE O crescimento dos filhos faz desabrochar a sexualidade dos próprios pais, motivo pelo qual rever valores, muitas vezes, resulta em atitudes diferentes em relação à educação de meninos e meninas, no que diz respeito à sexualidade. Acredita-se que aoconhecer as particularidades desta fase, os conflitos e problemas sejam menores (MALDONADO, 1996). Os pais precisam acompanhar a evolução do desenvolvimento sexual de seus filhos, principalmente no que diz respeito às questões sobre sexo e afetividade. A família mesmo que na maioria das vezes sem condições de fazê-la, deveria ser encarregada pela educação sexual dos filhos, pois é no seio da família que em geral, se dão as primeiras vivências e expressões da sexualidade, onde fatores culturais podem servir como barreira para a sua compreensão (MARQUES; VIEIRA; BARROSO, 2003). A família desempenha importante papel na transmissão da cultura. Em geral, as tradições, os valores, a manutenção de ritos, mitos e costumes prevalecem na educação dos filhos e interferem no desenvolvimento sexual do indivíduo. Estes valores, crenças e práticas são construídos ao longo da história. Porém, sofrem mudanças, com o passar do tempo, à medida que as famílias entram em contato com novos modelos de educação (ALVES; FISCHMAN, 2001; CENTA, 2001). Destaca-se, ainda, em 1989, o Programa de Saúde do Adolescente, com diretrizes ambiciosas de atenção integral, tanto nos aspectos de promoção quanto de prevenção. A definição da sexualidade no programa já estava alinhada com concepções atuais e com a perspectiva de direitos humanos, sendo essa definida como uma manifestação psicoafetiva individual e social que transcende sua base biológica (sexo), cuja expressão é normatizada pelos valores sociais vigentes (BRASIL, 1989 apud Lobato et al., Delgado, Padilha, Almeida, Brandão & Lamare 2017). Ao abordar a sexualidade, é fundamental que seja considerada a multiplicidade de visões que a família possui. 31 Elas estão relacionadas com a herança cultural e são influenciadas por valores familiares e sociais (ROCHA; TASSITANO; SANTANA, 2001). Segundo Castro, Abromovay e Silva (2004), há casos em que o controle e a interferência da família sobre a conduta sexual dos filhos estão ligados e permeados por princípios religiosos rígidos. A família considerada como um sistema, composto por pessoas unidas por um compromisso mútuo, geralmente afetivo, que se relacionam entre si, transmitem para gerações futuras a sua cultura, os seus hábitos e o seu modo de viver, os quais podem ter impacto significativo na maneira de como seus membros vivenciarão a sexualidade (CANO; FERRIANI, 2000). Ao envolver a família na educação sexual dos filhos é necessário levar em conta outros aspectos relacionados ao meio familiar como as condições em que vive, pois ela não é apenas um processo que interfere na vida das pessoas, mas uma forte influência na trajetória de cada um (ROCHA; TASSITANO; SANTANA 2001). Na opinião de Egypto (2003), cabe aos familiares, à escola e a todos os profissionais de saúde, envolvidos com o adolescente mostrar-lhe o valor da sexualidade em sua vida, conscientizando-os para que respeitem o próprio corpo e o do outro. É preciso fortalecer os vínculos familiares e estimular os pais a criar oportunidades para o diálogo com seus filhos. Os pais e educadores devem auxiliar os adolescentes a refletir sobre sua sexualidade motivando-os a enfrentar o mundo de forma consciente e responsável. Cabe aos educadores desenvolver uma ação crítica, reflexiva e educativa quando se trata do tema, oferecendo às famílias um espaço para expor suas dúvidas, trocar experiências e sentimentos sobre as ocorrências da adolescência (DIAS e GOMES, 1999). As primeiras experiências em relação à sexualidade normalmente acontecem na própria família, uma vez que os pais manifestam sua sexualidade de várias maneiras, seu comportamento e ações aparecem como o primeiro e talvez o mais importante modelo de vivência da sexualidade para as crianças. Acredita-se que todas as famílias realizam, de uma maneira ou de outra, a educação sexual de seus filhos, pois mesmo nunca falando abertamente sobre o tema, alguns comportamentos dos pais, em seu dia a dia, retratam questões de sexualidade, fazendo com que a criança e o adolescente os vivenciem e aprendam (BRASIL, 1997). 32 A família tem grande potencial e força para educar seus filhos; portanto os pais deveriam ser os primeiros e grandes responsáveis pela orientação e formação sexual dos adolescentes. Cano e Ferriani (2000) referem que, embora os pais tenham dificuldades em falar sobre o assunto, suas palavras têm impacto na sexualidade dos filhos. Assim sendo, é essencial que as famílias sejam orientadas para realizar a educação sexual de seus filhos, da melhor maneira possível. As famílias passam por mudanças inevitáveis, à medida que os filhos crescem. Estas podem gerar conflitos e insegurança nos pais, porque eles na maioria das vezes, não sabem como reagir diante de determinadas mudanças e ações de seus filhos durante as demonstrações de sexualidade. Para os pais é um desafio aceitar a maneira de ser e de pensar dos filhos nos dias de hoje, pois suas ideias se contrapõem à maneira de pensar dos jovens, exigindo adaptação (TIBA, 2005). Apesar da interferência dos conteúdos da sexualidade lançados pela mídia, que atingem a maioria das famílias e se reflete na formação das crianças e adolescentes, cabe aos pais selecionar esses conteúdos, fazer uma análise crítica, acompanhar e orientar seus filhos de acordo com seus valores e herança cultural. O meio familiar encarrega-se de transmitir aspectos morais e éticos aos seus componentes (BRASIL, 1997). A compreensão e a percepção da sexualidade do adolescente estão ligadas às experiências familiares. Isto significa que as atitudes e condutas dos pais são de grande relevância na vida sexual dos filhos. No meio familiar que os pais vivenciam suas experiências sexuais, os filhos desenvolvem sua curiosidade e iniciam seu aprendizado da sexualidade (PINCUS; DARE, 1987). Para que as crianças se tornem adultos sexualmente saudáveis e vivam intensamente as modificações sexuais próprias da idade, é importante que os pais tenham vivenciado positivamente sua sexualidade, de tal modo que consigam transmitir isso para seus filhos (TIBA, 1994). Os laços familiares, de uma forma ou de outra, continuam ocupando lugar de destaque na maneira com que a maioria de nós vê e vive o mundo; portanto falar de família é enfocar um conjunto de valores que dá aos indivíduos uma identidade e à vida um sentido (OSÓRIO, 1996). A família é reconhecida como a instituição que auxilia a vivência do indivíduo em sociedade, pois nela se formarão as novas gerações de cidadãos e se darão as primeiras experiências de relacionamentos. 33 Diante disso é preciso estimular uma vivência saudável entre pais e filhos mediante o diálogo, a troca de experiência, de afeto, e a convivência entre seus membros. Se existe uma época da vida em que as famílias precisam de ajuda é na adolescência de seus filhos. Embora a maioria delas seja capaz de lidar com as demandas desse período de transição, muitas apresentam dificuldades que precisam ser superadas (MALDONADO, 1996). Para isso elas necessitam de apoio. Pode ocorrer que alguns de seus membros se sintam incapazes ou despreparados, para lidar com as ocorrências próprias da adolescência; em alguns casos, tentam soluções ineficazes e com resultados negativos. Neste processo, muitas famílias sentem dificuldades para fazer as mudanças necessárias para facilitar o desenvolvimento de seus filhos, repetindo modelos disfuncionais, que provocam reações e comportamentos indesejados (CARTER; MC GOLDRICK, 1995). A modernidade trouxe aos pais grandes dúvidas sobre a maneira de como educar seus filhos durante o processo de desenvolvimento. Embora eles lutem por uma independência, os pais sentem dificuldade em propiciar autonomia aos filhos (OSÓRIO, 1996). Durante períodos críticos como a puberdade, a adolescência e juventude, os pais, ao perceberem algum sinalde desconforto nos filhos, seja de ordem física, emocional, social ou espiritual, devem atendê-los em suas necessidades, orientando- os e apoiando-os. Em cada etapa do desenvolvimento da sexualidade, o indivíduo vive situações e acontecimentos distintos, apresentando dúvidas, expectativas e anseios em relação a si próprio a família e à sociedade em que vive (SIQUEIRA, 1986). Os pais precisam repensar a maneira como educam seus adolescentes e como os conduzem em relação a sua sexualidade. Para orientar adequadamente os filhos sobre sexualidade é necessário que os pais vençam o bloqueio que normalmente experimentam ante a curiosidade dos filhos, pois algumas perguntas ultrapassam até a capacidade lógica dos interrogados. Contudo, é preciso que os pais estejam conscientes de que os filhos têm grande necessidade de falar sobre questões não somente relacionadas ao sexo, mas também sobre afetividade (TIBA, 2005). 34 5.1 Os pais frente a sexualidade dos filhos adolescentes Os pais da década atual foram os adolescentes desse período de transformações e vivenciaram, de diferentes maneiras, esses movimentos que influenciaram suas visões de mundo e, de uma certa forma, os deixaram inseguros vendo os rígidos padrões morais de sua infância irem sendo derrubados pelas rápidas transformações que estavam ocorrendo, sem que houvesse um tempo para a elaboração e modificação da realidade interna de cada um (SALES, 1988). Segundo TIBA (1986), é inegável que essas experiências produziram adultos de um tipo especial, que se consideram psicologizados, pois levam em conta que nem sempre as relações humanas obedecem a regras sociais; muitas vezes elas são movidas por desejos. Querem que os filhos sejam mais felizes do que eles próprios, mas não estão seguros de como transmitir isso. (Tiba 1988 apud Ferraro C ;2000). Para o autor, talvez a principal explicação para esse antagonismo é que o discurso liberal e a psicologização instalou-se na superfície, na periferia da personalidade desses pais, ao passo que a educação e os valores que receberam durante a infância e juventude permanecem gravados, quase intactos, numa região mais profunda de sua personalidade. Essas “camadas”, a periférica e a profunda se alteram durante o período de educação dos filhos. Quando chega a adolescência e se apresentam questões mais sérias, como é o caso da sexualidade, a camada mais profunda entra em ação e eles acabam, repetindo as mesmas atitudes que condenaram em seus pais. Segundo SUPLICY (1991), a questão da sexualidade mudou tão rapidamente, nas últimas décadas, que deixou os pais meio perdidos. Antigamente as famílias não tinham muitas dúvidas em saber o que era certo ou errado; o que podiam permitir ou não. Hoje vivemos um momento difícil para a construção de um sistema de valores sexuais. Para a autora, apesar do período de transição em que vivemos, existem alguns valores que não podem deixar de ser transmitidos aos jovens, tais como: O respeito por si próprio e pela sua dignidade enquanto pessoa; O respeito pelo outro. A ninguém é permitido ver outro como meio de satisfação de suas necessidades; O acesso à informação. Responder o que a criança quer saber de forma honesta e não preconceituosa; 35 Ajudar a criança a desenvolver o espírito de crítica, a capacidade de raciocínio e a reflexão para escolher o que lhe convém. Um outro aspecto da sexualidade abordado por SUPLICY (1991) é que, para lidar com a sexualidade dos filhos, os pais necessitam se defrontar com a própria sexualidade e esta situação pode gerar, muitas vezes, angústia. A sexualidade dos filhos traz à tona para muitos pais aspectos reprimidos da própria sexualidade. Uma pesquisa realizada por ARRUDA (1992) nas escolas públicas e privadas de Campina Grande Paraíba, com adolescentes entre 13 e 19 anos, deixa evidente, através das respostas aos questionários aplicados, que os jovens se ressentem da falta de informações sobre sexo. No entanto, esses mesmos jovens citam que a primeira fonte de informação são os amigos e as revistas “Ele e Ela, Playboy e Privê” (especialmente os meninos). As orientações recebidas em casa, segundo a autora, não esclarecem nada, uma vez que os jovens só ouvem de seus pais frases como: “sexo só quando casar”; “isto é pecado”; “é feio”. Apesar da dificuldade dos pais, entendemos que é no convívio familiar, entre pessoas que se estimam e tentam superar as dificuldades do dia a dia que as questões de sexualidade devem ser debatidas levando-se em conta os valores, atitudes, crenças religiosas e culturais da família. 6 DIREITOS SEXUAIS E LIBERDADE SEXUAL Com o advento da sexualidade, em meio a uma sociedade moderna e globalizada, incitou novas temáticas dentro deste tema, que anteriormente eram pouco abordadas, ou, nunca. A sexualidade, como faz parte da vida do cidadão, passou também a ser vista como objeto de direitos, na esfera internacional, com a criação dos direitos na esfera sexual. “Apesar dos avanços obtidos, razões de ordem teórica e de ordem prática recomendam avançar mais. Para tanto, é preciso desenvolver um direito democrático da sexualidade” (RIOS, 2006). Para tal, é necessário que seja observada a própria Constituição Federal de 1998, que, legisla, timidamente, sobre direitos sexuais, direitos esses que estão na esfera de direitos e garantias fundamentais, sem os quais, não há como se falar em um Estado democrático de direitos. 36 Entre eles: a dignidade da pessoa humana (art. 1º); o direito inerente às pessoas ao bem-estar, livre de qualquer tipo de discriminação (art. 3º, IV); o direito à isonomia entre homem e mulher (SOUSA, 2010). Dentre esses que representam vários ramos do Direito, estes mesmos artigos, também tutelam os direitos sexuais e é interessante notar que esses direitos são imprescindíveis, para que a vida do ser humano seja minimamente digna e próspera. Normas essas, que são direitos fundamentais e são utilizadas no ramo do direito sexual, presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual o Brasil é signatário e que, em seu primeiro artigo, declara a igualdade entre todos os seres humanos em dignidade e direitos (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948). Segundo Souza (2010, p. 4.907), o termo, direitos sexuais é proveniente dos grupos homossexuais, da década de 1980 e vivenciaram a epidemia do vírus HIV/AIDS. Grupos esses que buscavam ser contemplados pelos Direitos Humanos como as demais pessoas eram, em seus direitos de constituir uma família, e serem reconhecidos pelo judiciário (MELLO, 2005, apud SOUSA, 2010). Deste modo, estes grupos enfrentavam o desrespeito a seus direitos fundamentais, e viviam em um contexto em que, a saúde sofria com os riscos de epidemias que se espalhavam sexualmente. Tal cenário era impróprio para o desenvolvimento da sexualidade de maneira plena e, apesar dos avanços, ainda é possível se deparar com situações em que Direitos Humanos são violados, como na área jurídica, na saúde e educação (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, s.d., p. 06). O debate acerca da saúde sexual, por causa da presença de doenças sexualmente transmissíveis na sociedade, necessitava de uma discussão mais ampla, e a proteção debatida no Cairo, quanto à saúde sexual põe em evidencia a necessidade de uma regulamentação internacional, não com um caráter intervencionista, mas com uma proposta que proporcionar liberdade, informação e igualdade. Nesse contexto, também foi abordada a importância de se voltar a atenção para os jovens, educando e orientando, da mesma forma como os "segmentos populacionais mais vulneráveis às violações de Direitos Humanos nos campos da reprodução e da sexualidade” (SOUSA, 2010, p. 4.906). 37 Tal nomenclatura, “direitos sexuais”, só fora utilizada na IV Conferência Internacional sobre a Mulher, em Pequim, de acordo com o escólioapresentado por Sousa (2010). Apesar da legislação existente, não somente no Brasil, mas também, em vários Estados, persistem as violações aos princípios dos direitos humanos, violações baseadas na condição sexual dos indivíduos discriminados (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS) que seguem um contexto social e histórico, como aponta o preâmbulo da Yogyakarta: “PREOCUPADOS com a violência, assédio, discriminação, exclusão, estigmatização e preconceito dirigidos contra pessoas em todas as partes do mundo por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero, com que essas experiências sejam agravadas por discriminação que inclui gênero, raça, religião, necessidades especiais, situação de saúde e status econômico, e com que essa violência, assédio, discriminação, exclusão, estigmatização e preconceito solapam a integridade daquelas pessoas sujeitas a esses abusos, podendo enfraquecer seu senso de autoestima (sic) e de pertencimento à comunidade, e levando muitas dessas pessoas a reprimirem sua identidade e terem vidas marcadas pelo medo e invisibilidade” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, s.d.). Desta forma, os direitos que deveriam ser distribuídos a todos, pois "todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção (...)" (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948, p. 05), se tornam direitos condicionados à orientação sexual do indivíduo, que foge aos padrões pré-estabelecidos pela sociedade. O ideal de liberdade que aqui se refere, além da ideia de ser livre para pensar, agir, e ser, também importa a liberdade sexual, e de expressar sua sexualidade de forma saudável e livre de qualquer preconceito (WAS, 2000). Neste cenário, são construídos os Princípios da Yogyakarta, em que se dispõem 29 princípios, que estão em comunhão com a DUDH, como, por exemplo, o primeiro princípio, que guarda identidade ao conteúdo da DUDH, entretanto dando maior ênfase à parte que concerne à igualdade de gênero e orientação sexual (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, s.d., p. 11). 38 O próprio documento aponta diretrizes para a aplicação eficaz dos princípios, tendo em vista a legislação dos Estados que venham a recepciona-la, os princípios são bem lúcidos, e foram debatidos com o propósito de sua aplicação internacional trazendo benefícios ao cenário mundial (como fazer citação de resenha). Assim, o conteúdo da Yogyakarta tem como objetivos, tanto a aplicação efetiva dos direitos humanos, a todos sem restrições, como também, nortear os direitos no âmbito sexual (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, s.d., p. 07), trazendo em seu texto uma base solida para fomentar leis que possam respeitar de fato preceitos fundamentais preestabelecidos. Dentro do tema, de direitos sexuais, agora, que tratam do direito reprodutivo, direito esse, que foi abordado na Conferência Internacional de População de Desenvolvimento, sediada no Cairo, em que foi discutida a reprodução sexual pelo viés da saúde, em temas como prevenção de doenças e planejamento familiar que estiveram em pauta (CORREA; PETCHESKY, 1996). “[...] no Programa de Ação, as definições acerca da saúde reprodutiva como estado geral de bem-estar físico, mental e social em todos os aspectos relacionados ao sistema reprodutivo e às suas funções e processos e dos direitos reprodutivos como o direito básico de todo casal e indivíduo de decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de ter filhos, bem como o direito de ter informação e os meios de assim o fazer, e o direito de gozar do mais elevado padrão de saúde sexual e reprodutiva”. (VIANNA; LACERDA, 2004 apud SOUSA, 2010). Tais direitos, debatidos pela Conferência do Cairo, proporcionaram a mulher uma maior visibilidade quanto aos seus direitos, a demandas de igualdade de direitos entre gêneros e o fenômeno do empowerment, que representa para o movimento feminista o "reequilíbrio das relações de poder entre homens e mulheres" (CORREA; PETCHESKY, 1996). Desta forma, a mulher recebeu, não somente, o direito de gestar quantos filhos desejar ter, como também, teve sua liberdade reafirmada, quanto ao seu corpo, e sua inviolabilidade como indivíduo que devidamente debatidas e postuladas por meio desta conferência, que apesar de “não possuir um caráter vinculante”, trouxe átona a discussão os direitos das mulheres (SOUSA, 2010). 39 De fato, tal evento trouxe em sua discussão não somente o ponto de vista do feminismo, mas também um debate que visa quebrar o paradigma na sexualidade, em que o homem domina a relação e a mulher é passiva, discutindo assim a maior liberdade da mulher sobre seu próprio corpo, visto pelo prisma da sexualidade. Ademais, além da reprodução consciente, a saúde sexual foi abordada como tema de grande relevância, pois, para o desenvolvimento da sexualidade, tanto como o desenvolvimento da própria sociedade, o acesso à saúde e a educação sexual são imprescindíveis, pois se tratam de “direitos fundamentais” (WAS, 2000, s.p.). Posterior à conferência realizada no Cairo, a conferência realizada em Pequim debateu o tema direitos reprodutivos fazendo uma vinculação aos direitos sexuais (RIOS, 2006, apud SOUSA, 2010, p. 4.906). A Conferência em Pequim continuou os debates acerca do que foi tratado em Cairo, contudo, agora fazendo sua análise e debate a luz da sexualidade e dos Direitos humanos (VIANNA; LACERDA, 2004, p. 28 apud SOUSA, 2010, p. 4.906). Os Direitos reprodutivos são tutelados pela magna carta, como os direitos elencados voltados para as gestantes, e a gestação, (art. 6º), mesmo quando a gestante se encontra em cumprimento de pena (art. 5º, L), e o direito ao "planejamento familiar" (art. 226, §7º) (SOUSA, 2010, p. 4.907). Neste ponto, vale ser observado, que o liame de tais fundamentos são os direitos e garantias fundamentais, embasados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição federal, outrossim, há leis infraconstitucionais que legislam sobre o assunto (SOUSA, 2010, p. 4.907). A sexualidade é papel importante para o exercício da reprodução e, neste sentido, Ricardo Amaral (2006), em sua obra, descreve um caso do direito extraterrestre, em solo português, em que a esposa da vítima de um acidente pede indenização, em face de que o acidente ocorrido causou a impotência de seu marido. Tal caso foi descrito pela esposa da vítima, por intermédio de sua petição, como uma violação ao seu Direito a sexualidade conjugal, e também, a o seu direito a reprodução, que lhe foi tolhido por causa do acidente (AMARAL, 2006). E sobre a sexualidade, a legislação brasileira falha em regulamentar lei sobre direitos sexuais e reprodução, falta de regulamentação, que, afeta de modo negativo em leis já existentes, e que obrigam a sociedade a ajuizarem demandas judiciais que esbarram na burocracia, e às vezes na arbitrariedade de alguns juízes. 40 Como descrito por Sousa, à discrepância nas decisões judicias, no âmbito dos Direitos sexuais, que ora são favoráveis, ora desfavoráveis, gerando uma “insegurança jurídica”, em que, o mérito é julgado por valores morais e religiosos, e que demandas são decididas como improcedentes por causa da omissão legislativa (SOUSA, 2010, p. 4.911). E esta insegurança, por fim, acaba por ferir a liberdade sexual dos indivíduos. A liberdade sexual é definida pelos Direitos sexuais (WAS, 2000, s.p.), como: “A liberdade sexual diz respeito à possibilidade dos indivíduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se excluem todas as formas de coerção, exploração e abuso em qualquer época ou situação da vida” (citar direitos sexuais). Desta maneira, a liberdade sexual corresponde à livre vontade de se relacionar, pensar e exprimir sua vontade sexual, e opinião, longe de qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Como descreve o décimo nono princípio
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