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UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO Campus Fernandópolis Curso de Engenharia Civil ADRIANO MAIK JESUS SANTOS CÁLCULO ESTRUTURAL DO TELHADO DE UMA ÁREA DE LAZER EM MADEIRA STRUCTURAL CALCULATION OF THE ROOF OF A RECREATIONAL AREA IN WOOD Fernandópolis SP 2015 ii ADRIANO MAIK JESUS SANTOS CÁLCULO ESTRUTURAL DO TELHADO DE UMA ÁREA DE LAZER EM MADEIRA Orientador: Prof.Me.Maicon Marino Aubertini Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de graduação em Engenheiro Civil. Fernandópolis SP 2015 v RESUMO SANTOS, Adriano. M. J. Cálculo estrutural do telhado de uma área de lazer em madeira. Fernandópolis/SP. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Curso de Engenharia Civil, Universidade Camilo Castelo Branco, Campus Fernandópolis. O presente trabalho, a princípio ira abordar sobre a influência da madeira como elemento estrutural nas primeiras construções visando a cobertura, bem como os tipos de madeira, sua estrutura de crescimento e algumas das mais importantes propriedades e ainda a resistência da mesma assegurada através de coeficientes estabelecidos por norma. Posteriormente será abordado o cálculo referentes ao vento, responsável por exercer significante pressão sobre o telhado, assegurados pela ABNTNBR 6123, demonstrando ainda o processo de cálculos estruturais envolvidos na construção do mesmo de acordo com a ABNT NBR 7190. Por fim, haverá as considerações finais do presente trabalho, justificando a pertinência do tema. Palavras-chave: Madeira. Vento. Telhado. Cálculos Estruturais. vi ABSTRACT SANTOS, Adriano. MJ structural calculation of the roof of a recreational area in wood. Fernandópolis / SP. Work Completion of course (Graduation). Of Civil Engineering, University Camilo Castelo Branco, Fernandópolis. This work, will first address the influence of wood as a structural element in the first constructions aimed at coverage and types of wood, its growth structure and some of the most important properties and also its strength ensured through coefficients established a rule. Later will address the calculation for the wind, responsible for exerting significant pressure on the roof, secured by ABNT NBR 6123, further demonstrating the process of structural calculations involved in the construction of the same according to ABNT NBR 7190. Finally, there will be the final remarks this work, justifying the relevance of the theme. Keywords: Wood. Wind. Roof. Structural calculations. vii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Principio da estrutura. ...................................................................................................... 23 Figura 2: Evolução das estruturas. ................................................................................................. 23 Figura 3: Seção transversal de um tronco, mostrando as camadas. ........................................ 25 Figura 4: Direções principais da madeira. ..................................................................................... 27 Figura 5: Umidade do ar % no estado de São Paulo. ................................................................. 24 Figura 6: Dados meteorológicos das 7 horas da manhã à 7 horas da manhã dos últimos 7 dias, (Contados a partir de 19/06/2015), em Fernandópolis. ...................................................... 25 Figura 7: Dados geométricos. ......................................................................................................... 29 Figura 8: Isopletas da velocidade básica V0 (m/s). ..................................................................... 30 Figura 9: Ação do vento. .................................................................................................................. 34 Figura 10: Orientação dos Ce’s. ..................................................................................................... 35 Figura 11: Coeficiente de pressão, para este telhado de uma água, a 0°. .............................. 38 Figura 12: Combinação do coeficiente de pressão, corte AA do telhado, a 0°. ...................... 39 Figura 13: Combinação do coeficiente de pressão, corte BB do telhado, a 0°. ...................... 39 Figura 14: Combinação do coeficiente de pressão, corte CC do telhado, a 0°. ..................... 40 Figura 15: Coeficiente de pressão, para este telhado de uma água, a 90°. ............................ 40 Figura 16: Combinação do coeficiente de pressão, em corte, a -90°. ...................................... 41 Figura 17: Área de influência da ripa. ............................................................................................ 42 Figura 18: Eixo da seção da ripa e Ângulo de inclinação. .......................................................... 43 Figura 19: Comportamento das forças, exceto os ventos. ......................................................... 43 Figura 20: Decomposição das forças, exceto as dos ventos. .................................................... 44 Figura 21: Telha adotada no projeto. ............................................................................................. 45 Figura 22: Esquema estático e diagrama de momento. ............................................................. 47 Figura 23: Esquema estático e diagrama de esforço cortante. .................................................. 49 Figura 24: Combinações ultimas normais para ripa. ................................................................... 54 Figura 25: Combinações ultimas normais para ripa (Momentos 3-3). ...................................... 54 Figura 26: Combinações ultimas normais para ripa (Cortante 2-2). ......................................... 55 Figura 27: Combinações ultimas normais para ripa (Momentos 2-2). ...................................... 55 Figura 28: Combinações ultimas normais para ripa (Cortante 3-3). ......................................... 56 Figura 29: Sentido e direção de cortantes e momentos presente na ripa. .............................. 57 Figura 30: Cisalhamento. ................................................................................................................. 58 Figura 31: Comportamento da ripa causado pelas forças na direção 3-3. .............................. 60 Figura 32: Flecha efetiva. ................................................................................................................. 61 Figura 33: Deslocamento máximo originado pelos carregamentos na direção 2-2. .............. 62 Figura 34: Deslocamento de cálculo. ............................................................................................. 65 Figura 35: Área de influência da viga. ............................................................................................ 66 Figura 36: Ângulo de inclinação, eixo e seção da viga. .............................................................. 66 Figura 37: Distribuição das forças na viga. ................................................................................... 67 Figura 38: Peças de forro de cedrilho. ........................................................................................... 69 Figura 39: Esquema estático com força concentrada e momento fletor. ................................. 72 Figura 40: Esquema estático com força concentrada e diagrama de esforço cortante. ........ 74 Figura 41: Esquema estático e diagrama de esforço normal. .................................................... 74 viii Figura 42: Combinações ultimas normaispara viga. ................................................................... 77 Figura 43: Combinações ultimas normais para viga (Momentos 3-3). ..................................... 77 Figura 44: Combinações ultimas normais para viga (Cortante 2-2). ......................................... 78 Figura 45: Combinações ultimas normais para viga (Normal 1-1). ........................................... 79 Figura 46: Flecha (carga concentrada). ......................................................................................... 85 Figura 47: Área de influência beiral. ............................................................................................... 86 Figura 48: Esquema estático e diagrama de momento fletor. ................................................... 90 Figura 49: Esquema estático e diagrama de momento fletor para força concentrada. ......... 91 Figura 50: Esquema estático e diagrama de esforço cortante, para carregamento distribuído. ........................................................................................................................................... 91 Figura 51: Esquema estático e diagrama de esforço cortante, para força concentrada. ...... 92 Figura 52: Esquema estático e diagrama de esforço normal, para carregamento distribuido. ............................................................................................................................................................... 93 Figura 53: Combinações ultimas normais para o beiral, (Momentos 3-3). .............................. 95 Figura 54: Combinações ultimas normais para o beiral (Cortante 2-2). ................................... 95 Figura 55: Combinações ultimas normais para o beiral (Normal 1-1). ..................................... 96 Figura 56: Esquema estático e comportamento da flecha, (carregamento distribuído). ..... 100 Figura 57: Esquema estático e comportamento da flecha, (força concentrada). .................. 101 Figura 58: Área de influência da viga, como um só elemento. ................................................ 103 Figura 59: Esquema estático e comportamento da viga como um só elemento. ................. 107 Figura 60: Diagrama de esforço cortante e momento fletor. .................................................... 107 Figura 61: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (G1pp,k). ..... 108 Figura 62: DEC, referente ao carregamento (G1pp,k). ............................................................. 108 Figura 63: DMF, referente ao carregamento (G1pp,k). ............................................................. 108 Figura 64: Deslocamento no meio do vão, referente ao carregamento (G1pp,k). ................ 108 Figura 65: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (G2 ec,k). .... 110 Figura 66: DEC, referente ao carregamento (G2 ec,k). ............................................................ 110 Figura 67: DMF, referente ao carregamento (G2 ec,k). ............................................................ 110 Figura 68: Deslocamento no meio do vão, referente ao carregamento (G2 ec,k). ............... 110 Figura 69: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (Qch,k). ....... 111 Figura 70: DEC, referente ao carregamento (Qch,k). ............................................................... 111 Figura 71: DMF, referente ao carregamento (Qch,k). ............................................................... 111 Figura 72: Deslocamento no meio do vão, referente ao carregamento (Qch,k). .................. 111 Figura 73: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (Qsobr,k). .... 112 Figura 74: DEC, referente ao carregamento (Qsobr,k). ............................................................ 112 Figura 75: DMF, referente ao carregamento (Qsobr,k). ............................................................ 112 Figura 76: Deslocamento no meio do vão, referente ao carregamento (Qsobr,k). .............. 112 Figura 77: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (Qwsuc,k). .. 113 Figura 78: DEC, referente ao carregamento (Qwsuc,k). ........................................................... 113 Figura 79: DMF, referente ao carregamento (Qwsuc,k). .......................................................... 113 Figura 80: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (Qwsob,k). .. 114 Figura 81: DEC, referente ao carregamento (Qwsob,k). .......................................................... 114 Figura 82: DMF, referente ao carregamento (Qwsob,k). .......................................................... 114 Figura 83: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (QA,k). ......... 115 Figura 84: DEC, referente ao carregamento (QA,k). ................................................................. 115 ix Figura 85: DMF, referente ao carregamento (QA,k). ................................................................. 115 Figura 86: Deslocamento no meio do vão, referente ao carregamento (QA,k). .................... 115 Figura 87: Deslocamento referente ao peso próprio (δ22G1pp,k). ......................................... 123 Figura 88: Deslocamento referente ao elementos construtivos (δ22G2 ec,k). ..................... 123 Figura 89: Deslocamento referente a ação da chuva (δ22 Qch,k). ......................................... 124 Figura 90: Deslocamento referente a sobrecarga (δ22 Qsobr,k). ........................................... 124 Figura 91: Deslocamento referente a carga acidental (δ22 QA,k). ......................................... 124 Figura 92: Área de influência da viga (pranchão). ..................................................................... 125 Figura 93: Eixo e seção do pranchão. ......................................................................................... 125 Figura 94: Esquema estático e momento. ................................................................................... 129 Figura 95: Esquema estático e momento para força concentrada. ......................................... 130 Figura 96: Esquema estático e DEC. ........................................................................................... 131 Figura 97: Esquema estático e DEC para força concentrada. ................................................. 132 Figura 98: Combinações ultimas normais para o pranchão (Momentos 3-3). ....................... 134 Figura 99: Combinações ultimas normais para o pranchão (Cortante 2-2). .......................... 135 Figura 100: Dente contribuinte para redução do comprimento de flambagem lateral. Fonte: Próprio autor,2015 ............................................................................................................... 138 Figura 101: Deslocamento (carregamento distribuído). ............................................................ 139 Figura 102: Deslocamento (força concentrada). ........................................................................ 140 Figura 103: Vigas sobre o pranchão sem encache. .................................................................. 146 Figura 104: Área de influência da viga, como realmente é, e como pode ser interpretada, respectivamente. .............................................................................................................................. 147 Figura 105: Ângulo de inclinação, eixo e seção da viga. .......................................................... 147 Figura 106: Distribuição das forças. ............................................................................................. 148 Figura 107: Comprimento das vigas por sobre a agua furtada e orientação geométrica. ... 149 Figura 108: Comprimento das ripas por sobre a agua furtada. ............................................... 150 Figura 109: Esquema estáticoe reação de apoio, referente ao carregamento (G1pp,k).... 153 Figura 110: DEC, referente ao carregamento (G1pp,k). ........................................................... 154 Figura 111: DMF, referente ao carregamento (G1pp,k). ........................................................... 154 Figura 112: Deslocamento no meio do vão, referente ao carregamento (G1pp,k). ............. 154 Figura 113: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (G2 ec,k). .. 154 Figura 114: DEC, referente ao carregamento (G2 ec,k). .......................................................... 155 Figura 115: DMF, referente ao carregamento (G2 ec,k). .......................................................... 155 Figura 116: Deslocamento no meio do vão, referente ao carregamento (G2 ec,k). ............ 155 Figura 117: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (Qch,k). ..... 155 Figura 118: DEC, referente ao carregamento (Qch,k). ............................................................. 156 Figura 119: DMF, referente ao carregamento (Qch,k). ............................................................. 156 Figura 120: Deslocamento, referente ao carregamento (Qch,k). ............................................ 156 Figura 121: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (Qsobr,k). . 156 Figura 122: DEC, referente ao carregamento (Qsobr,k). .......................................................... 156 Figura 123: DMF, referente ao carregamento (Qsobr,k). ......................................................... 157 Figura 124: Deslocamento no meio do vão, referente ao carregamento (Qsobr,k). ............ 157 Figura 125: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (Qwsuc,k). 157 Figura 126: DEC, referente ao carregamento (Qwsuc,k). ........................................................ 157 Figura 127: DMF, referente ao carregamento (Qwsuc,k). ........................................................ 157 x Figura 128: Esquema estático e reação de apoio, referente ao carregamento (Qwsob,k). 158 Figura 129: DEC, referente ao carregamento (Qwsob,k). ........................................................ 158 Figura 130: DMF, referente ao carregamento (Qwsob,k). ........................................................ 158 Figura 131: Esquema estático e reação de apoio, referente a força concentrada (QA,k). . 158 Figura 132: DEC, referente a força concentrada (QA,k). .......................................................... 159 Figura 133: DMF, referente a força concentrada (QA,k). ......................................................... 159 Figura 134: Deslocamento, referente a força concentrada (QA,k). ......................................... 159 Figura 135: Combinações ultimas normais (Momento 3-3) ...................................................... 161 Figura 136: Combinações ultimas normais (Cortante 2-2) ....................................................... 161 Figura 137: Combinações ultimas normais (Normal 1-1). ......................................................... 162 Figura 138: Deslocamento na extremidade em balanço, referente ao carregamento (G1pp,k). ............................................................................................................................................ 166 Figura 139: Deslocamento na extremidade em balanço, referente ao carregamento (G2 ec,k). ................................................................................................................................................... 166 Figura 140: Deslocamento na extremidade em balanço, referente ao carregamento (Qch,k). ............................................................................................................................................................. 166 Figura 141: Deslocamento na extremidade em balanço, referente ao carregamento (Qsobr,k). ........................................................................................................................................... 167 Figura 142: Deslocamento na extremidade em balanço, referente a carga (QA,k). ............ 167 Figura 143: Área de influência da viga de apoio. ....................................................................... 168 Figura 144: Parafusos de fixação ................................................................................................. 169 Figura 145: Combinações ultimas normais, para a viga de apoio (Momento 3-3). .............. 175 Figura 146: Combinações ultimas normais, para a viga de apoio (Cortante 2-2). ................ 176 Figura 147: Pinos em corte simples. ............................................................................................ 184 Figura 148: Espaçamentos em ligações com pinos. ................................................................. 185 Figura 149: Planta baixa ................................................................................................................ 193 Figura 150: Vista frontal. ................................................................................................................ 194 Figura 151: Vista lateral. ................................................................................................................ 194 Figura 152: Vista superior. ............................................................................................................. 194 Figura 153: Perspectiva isométrica. ............................................................................................. 195 Figura 154: Madeiramento. ............................................................................................................ 195 Figura 155: Catalogo de pregos. .................................................................................................. 201 xi LISTA DE TABELAS Tabela 1: Valores de kmod,1. .......................................................................................................... 24 Tabela 2: Classes de umidade. ....................................................................................................... 25 Tabela 3: Valores de kmod,2 ........................................................................................................... 25 Tabela 4: Valores usuais para carregamentos de longa duração. ............................................ 27 Tabela 5: Parâmetros meteorológicos. .......................................................................................... 31 Tabela 6: Valores mínimos do fator estatístico S3. ...................................................................... 32 Tabela 7: Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com uma água, em edificações de planta retangular. ..................................................................................................... 35 Tabela 8: Coeficientes de pressão e de forma, externos para o ângulo de 19,3°. ................. 38 Tabela 9: Ações permanentes de grande variabilidade. ............................................................. 52 Tabela 10: Ações variáveis. ............................................................................................................. 52 Tabela 11: Fatores de combinação e de utilização. ..................................................................... 53 Tabela 12: Bitolas comerciais em (JP x LPP) e correspondente em (mm). ........................... 188 xii LISTA DE ABREVIATURAS A - Área de uma superfície plana sobre a qual é calculada a força exercida pelo vento, a partir dos coeficientes de forma Ce e Ci (força perpendicular à superfície) e do coeficiente de atrito Cf, (força tangente à superfície) a - Lado maior: a maior dimensão horizontal de uma edificação Ai - Área de influência correspondenteà coordenada b - Lado menor: a menor dimensão horizontal de uma edificação Ce - Coeficiente de forma externo; Ce = Fe/Qa Ci - Coeficiente de forma interno; Ci = Fi/qA cp - Coeficiente de pressão: cP = cpe - cpi d – diâmetro DEC – Diagrama de esforço cortante DMF – Diagrama de momento fletor e – excentricidade F - Força em uma superfície plana de área A, perpendicular à respectiva superfície. Fr - Fator de rajada Fd - valor de cálculo das ações Fk - valor característico das ações f - resistência de um material fd - valor de cálculo da resistência fk - valor característico da resistência fm - valor médio da resistência fw - resistência da madeira fw0 - resistência da madeira paralelamente às fibras fwc0 - resistência à compressão paralela às fibras fwt0 - resistência à tração paralela às fibras fwv0 - resistência ao cisalhamento na presença de tensões tangenciais paralelas às xiii fibras G - ação permanente, módulo de deformação transversal Gd - valor de cálculo da ação permanente Gk - valor característico da ação permanente Gw - módulo de deformação transversal da madeira g - carga distribuída permanente (peso específico para evitar confusão com γ coeficiente de segurança. h - Altura de uma edificação acima do terreno, medida até o topo da platibanda ou nível do beiral. Altura de muro ou placa h - altura, espessura i - raio de giração k - coeficiente (em geral) kmod - coeficiente de modificação I - momento de inércia l- vão, comprimento (pode ser substituído por L para evitar confusão com o número1) K - coeficiente de rigidez (N/m) k – característico L - vão, comprimento (em substituição a l para evitar confusão com o número M - momento (em geral, momento fletor) Mr - momento resistente Md - valor de cálculo do momento (Md , Mrd , Msd) Mk - valor característico do momento (Mk , Mrk , Msk) Mu - valor último do momento m - momento fletor por unidade de comprimento ou largura, massa, valor médio de uma amostra N - força normal (Nd , Nk , Nu) n - força normal por unidade de comprimento ou largura, número de elementos xiv p - Expoente da lei potencial de variação de S2 q - Pressão dinâmica do vento q - carga acidental distribuída Q - ação acidental (variável) (Qd , Qk , Qu) S - Solicitação, momento estático de área S1 - Fator topográfico S2 - Fator que considera a influência da rugosidade do terreno, das dimensões da edificação ou parte da edificação em estudo, e de sua altura sobre o terreno. S3 - Fator baseado em conceitos probabilísticos U - umidade V - força cortante (Vu , Vd , Vk), volume Vo - Velocidade básica do vento: velocidade de uma rajada de 3 s, excedida na média uma vez em 50 anos, a 10 m acima do terreno, em campo aberto e plano. Vk - Velocidade característica do vento; Vk = Vo S1 S2 S3 W - carga do vento, módulo de resistência à flexão w - madeira, vento, alma das vigas y - escoamento dos aços z - Cota acima do terreno α (alfa) - ângulo, coeficiente β (beta) - ângulo, coeficiente, razão γ (gama) - coeficiente de segurança, peso específico (pode ser substituído por g), deformação tangencial específica γf - coeficiente de ponderação das ações xv γm - coeficiente de ponderação das resistências dos materiais γs - coeficiente de minoração da resistência do aço γW - coeficiente de minoração da resistência da madeira δ (delta) - coeficiente de variação θ (theta) - rotação, ângulo θ - Ângulo de inclinação de telhados λ (lambda) - índice de esbeltes = Lo/i π (pi) - emprego matemático apenas ρ (ro) - massa específica (densidade) σ (sigma) - tensão normal (σd ,σk, σu), desvio-padrão de uma população τ (tau) - tensão tangencial (τd, τk, τu) τw - tensão tangencial na alma da viga ψ (psi) – coeficiente xvi SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 22 1.1 - Justificativa ................................................................................................................................ 22 1.2 - Metodologia .............................................................................................................................. 22 2 - HISTÓRIA DA MADEIRA COMO MATÉRIA PRIMA ............................................................................. 23 2.1 - Conceito .................................................................................................................................... 24 2.2 - Tipos de madeira na construção ............................................................................................... 24 2.3 - Estrutura e crescimento da madeira ......................................................................................... 25 2.4 - Propriedades físicas da madeira ............................................................................................... 26 2.5 - Propriedades mecânicas da madeira ........................................................................................ 27 2.6 - Comercialização da madeira ..................................................................................................... 28 3 - RESISTÊNCIA DA MADEIRA ............................................................................................................... 28 3.1 - Coeficiente de modificação ....................................................................................................... 23 3.2 - Coeficientes de ponderação das resistências. .......................................................................... 26 3.3 - Valores das resistências de cálculo ........................................................................................... 26 3.4 - Resistências de cálculo da madeira Cupiúba ............................................................................ 27 4 - CÁLCULO DA AÇÃO DO VENTO ........................................................................................................ 28 4.1 - Velocidade característica do vento ........................................................................................... 30 4.1.2 - Fator topográfico S1 ........................................................................................................... 30 4.1.3 – Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno: Fator S2 ....... 31 4.1.3.1 - Cálculo do S2 ............................................................................................................... 31 4.1.4 - Fator estatístico, S3 ............................................................................................................ 32 4.1.5 - Determinação das forças estáticas devidas ao vento ........................................................ 33 4.1.5.1 - Cálculo da velocidade característica (Vk) .................................................................... 33 4.2 - Cálculo da pressão dinâmica (q) ............................................................................................... 33 4.3 - Cálculo do coeficiente de pressão interna. ............................................................................... 33 4.4 - Cálculo do coeficiente de pressão externo. .............................................................................. 35 4.5 - Cálculo do coeficiente de pressão resultante. .......................................................................... 38 4.5 - Força do vento .......................................................................................................................... 41 5 - DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS ........................................................................................... 42 5.1 - Dimensionamento da ripa .........................................................................................................42 5.1.1 - Ações na ripa ...................................................................................................................... 44 5.1.1.1 - Carga permanente ...................................................................................................... 44 xvii 5.1.1.2 - Carga variável .............................................................................................................. 45 5.1.2 - Solicitações na ripa ............................................................................................................. 46 5.1.3 - Momentos na ripa .............................................................................................................. 47 5.1.3 - Cortantes ............................................................................................................................ 49 5.1.4 - Coeficientes de ponderações das ações na ripa ................................................................ 51 5.1.5 - Combinação das ações para ripa........................................................................................ 53 5.1.5.1 - Combinações Direção 2-2 ........................................................................................... 54 5.1.5.2 - Combinações Direção 3-3 ........................................................................................... 55 5.1.6 - Flexão simples oblíqua ....................................................................................................... 56 5.1.6.1 - Verificação da tensão de compressão ........................................................................ 57 5.1.6.2 - Verificação da tensão de tração .................................................................................. 58 5.1.7 - Cisalhamento...................................................................................................................... 58 5.1.8 - Estabilidade lateral das vigas de seção retangular ............................................................ 59 5.1.9 - Determinação dos deslocamentos (Flecha) ....................................................................... 61 5.1.9.1 - Flechas máximas originadas pelos carregamentos na direção 2-2 ............................. 62 5.1.9.2 - Flechas máximas originadas pelos carregamentos na direção 3-3 ............................. 63 5.1.9.3- Combinação para deslocamento na direção 2-2 ......................................................... 64 5.1.9.4 - Combinação para deslocamento na direção 3-3 ........................................................ 65 5.1.9.3 – Verificação .................................................................................................................. 65 5.2 - Dimensionamento da viga (6 X 20) ........................................................................................... 66 5.2.1 - Ações na viga ...................................................................................................................... 67 5.2.1.2 - Carga variável .............................................................................................................. 69 5.2.1.3 - Carga acidental ............................................................................................................ 70 5.2.2 - Solicitações na viga ............................................................................................................ 70 5.2.3 - Momentos na viga .............................................................................................................. 71 5.2.4 - Cortantes ............................................................................................................................ 73 5.2.5 - Normal na viga ................................................................................................................... 74 5.2.6 - Coeficientes de ponderações das ações na viga ................................................................ 75 5.2.7 - Combinação das ações para viga ....................................................................................... 76 5.2.7.1 - Combinações Direção 2-2 ........................................................................................... 77 5.2.7.2 - Combinações Direção 1-1 ........................................................................................... 78 5.2.8 - Flexão simples .................................................................................................................... 79 5.2.8.1 - Verificação da tensão de compressão ........................................................................ 80 5.2.8.2 - Verificação da tensão de tração .................................................................................. 80 xviii 5.2.8.3 - Flexocompressão ........................................................................................................ 80 5.2.9 - Cisalhamento...................................................................................................................... 81 5.2.10 - Estabilidade lateral das vigas de seção retangular .......................................................... 81 5.2.11 - Determinação dos deslocamentos (Flecha) ..................................................................... 83 5.2.11.1 - Flechas máximas originadas pelos carregamentos na direção 2-2 ........................... 83 5.2.11.2 - Combinação para deslocamento na direção 2-2 ...................................................... 85 5.2.11.3 - Verificação ................................................................................................................. 86 5.3 - Dimensionamento do beiral como elemento isolado ............................................................... 86 5.3.1.1 - Carga permanente ...................................................................................................... 87 5.3.2 - Momentos no beiral ........................................................................................................... 90 5.3.3 – Cortantes ........................................................................................................................... 91 5.3.4 - Normal na viga ................................................................................................................... 93 5.3.5 - Coeficientes de ponderações das ações no beiral ............................................................. 94 5.3.6 - Combinação das ações para viga ....................................................................................... 94 5.3.6.1 - Combinações Direção 2-2 ........................................................................................... 95 5.3.7 - Flexão simples .................................................................................................................... 96 5.3.7.1 - Verificação da tensão de compressão ........................................................................ 97 5.3.7.1 - Verificação da tensão de tração .................................................................................. 97 5.3.7.3 - Flexocompressão ........................................................................................................ 97 5.3.8 - Cisalhamento...................................................................................................................... 98 5.3.9 - Estabilidade lateral das vigas de seção retangular ............................................................ 99 5.3.10 - Determinação dos deslocamentos (Flecha) ..................................................................... 99 5.3.10.1 - Flechas máximas originadas pelos carregamentos na direção 2-2 ......................... 100 5.3.11 - Combinação para deslocamento na direção 2-2 ........................................................... 102 5.4 - Dimensionamento da viga Considerando a continuidade da mesma após o apoio ...............103 5.4.1 - Ações na viga .................................................................................................................... 103 5.4.1.1 - Carga permanente .................................................................................................... 103 5.4.1.2 - Carga variável ............................................................................................................ 104 5.4.2 - Solicitações na viga .......................................................................................................... 105 5.4.3 - Cortantes, momentos e deslocamentos na viga respectivamente. ................................. 106 5.4.4 - Normal na viga ................................................................................................................. 116 5.4.5 - Coeficientes de ponderações das ações na viga .............................................................. 116 5.4.6 - Combinação das ações para viga ..................................................................................... 117 5.4.6.1 - Combinações Direção 2-2 ......................................................................................... 117 xix 5.4.6.2 - Combinação de Cortante .......................................................................................... 118 5.4.6.3 - Combinações da normal, direção 1-1 ....................................................................... 118 5.4.7 - Flexão simples .................................................................................................................. 119 5.4.7.1 - Verificação da tensão de compressão ...................................................................... 119 5.4.7.2 - Verificação da tensão de compressão ...................................................................... 119 5.4.7.3 – Flexocompressão ...................................................................................................... 120 5.4.8 - Cisalhamento.................................................................................................................... 120 5.4.9 - Estabilidade lateral das vigas de seção retangular .......................................................... 121 5.4.10 - Determinação dos deslocamentos (Flecha) ............................................................... 122 5.4.10.1 - Combinações dos deslocamentos na direção 2-2 no trecho 2 ............................... 122 5.4.10.2 – Verificação .............................................................................................................. 123 5.4.11 - Flechas máximas originadas pelos carregamentos na direção 2-2 ................................ 123 5.4.11.1 - Combinações dos deslocamentos na direção 2-2 no trecho 1 ............................... 124 5.4.11.2 – Verificação .............................................................................................................. 124 5.5 - Dimensionamento do pranchão ............................................................................................. 125 5.5.1 - Ações no pranchão ........................................................................................................... 126 5.5.1.1 - Carga permanente .................................................................................................... 126 5.5.1.2 - Carga variável ............................................................................................................ 127 5.5.2 - Solicitações no pranchão ................................................................................................. 128 5.5.3 - Momentos na viga ............................................................................................................ 129 5.5.4 – Cortantes ......................................................................................................................... 131 5.5.5 - Coeficientes de ponderações das ações no pranchão ..................................................... 132 5.5.6 - Combinação das ações para o pranchão .......................................................................... 133 5.5.6.1 - Combinações Direção 2-2 ......................................................................................... 134 5.5.7 - Flexão simples .............................................................................................................. 135 5.5.7.1 - Verificação da tensão de compressão ...................................................................... 136 5.5.7.2 - Verificação da tensão de tração ................................................................................ 136 5.5.8 - Cisalhamento.................................................................................................................... 136 5.5.9 - Estabilidade lateral das vigas de seção retangular .......................................................... 137 5.5.10 - Determinação dos deslocamentos (Flecha) ................................................................... 139 5.5.10.1 - Flechas máximas originadas pelos carregamentos na direção 2-2 ......................... 139 5.5.11 - Combinação para deslocamento na direção 2-2 ........................................................... 141 5.5.11.1 – Verificação .............................................................................................................. 141 5.6 - Dimensionamento do pranchão “sem travamento lateral” ................................................... 142 xx 5.6.1 - Solicitações no pranchão ................................................................................................. 142 5.6.1.1 - Carga permanente .................................................................................................... 142 5.6.2 - Momentos na viga ............................................................................................................ 142 5.6.3 - Cortantes .......................................................................................................................... 142 5.6.4 - Combinações .................................................................................................................... 142 5.6.5 - Flexão simples .................................................................................................................. 143 5.6.5.1 - Verificação da tensão de compressão ...................................................................... 143 5.6.5.1 - Verificação da tensão de tração ................................................................................ 143 5.6.6 - Cisalhamento longitudinal ............................................................................................... 143 5.6.7 - Estabilidade lateral ........................................................................................................... 144 5.6.8 - Determinação dos deslocamentos (Flecha) ..................................................................... 144 5.6.8.1 - Flechas máximas originadas pelos carregamentos na direção 2-2 ........................... 145 5.6.8.2 - Combinação para deslocamento na direção 2-2 ...................................................... 146 5.6.8.3 - Verificação ................................................................................................................. 146 5.7 - Dimensionamento da viga (Água furtada) .............................................................................. 147 5.7.1 - Ações na viga .................................................................................................................... 148 5.7.1.2 - Carga variável ............................................................................................................ 151 5.7.3 - Cortante, Momento, e flecha na viga .............................................................................. 153 5.7.4 - Normal na viga .................................................................................................................159 5.7.5 - Coeficientes de ponderações das ações na viga .............................................................. 160 5.7.6 - Combinações Direção 2-2 ................................................................................................ 161 5.7.7 - Flexão simples .................................................................................................................. 162 5.7.7.1 - Verificação da tensão de compressão .......................................................................... 163 5.7.7.2 - Verificação da tensão de tração ................................................................................ 163 5.7.7.3 - Flexocompressão ...................................................................................................... 163 5.7.8 - Cisalhamento.................................................................................................................... 164 5.7.9 - Estabilidade lateral das vigas de seção retangular .......................................................... 165 5.7.10 - Determinação dos deslocamentos (Flecha) ................................................................... 165 5.7.10.1 - Combinação para deslocamento na direção 2-2 (meio do vão) ................................. 165 5.7.11 - Combinação para deslocamento na direção 2-2 (extremidade em balanço) ................ 166 5.8.1 - Ações na viga de apoio ..................................................................................................... 168 5.8.1.1 - Carga permanente .................................................................................................... 169 5.8.1.2 - Carga variável ............................................................................................................ 170 5.8.2 - Solicitações no pranchão ................................................................................................. 171 xxi 5.8.3 - Momentos na viga ............................................................................................................ 172 5.8.4 - Cortantes .......................................................................................................................... 173 5.8.5 - Coeficientes de ponderações das ações no pranchão ..................................................... 174 5.8.6 - Combinação das ações para viga ..................................................................................... 175 5.8.6.1 - Combinações Direção 2-2 ......................................................................................... 175 5.8.7 - Flexão simples .................................................................................................................. 177 5.8.7.1 - Verificação da tensão de compressão ...................................................................... 177 5.8.7.2 - Verificação da tensão de tração ................................................................................ 177 5.8.8 - Cisalhamento.................................................................................................................... 178 5.8.9 - Estabilidade lateral das vigas de seção retangular .......................................................... 178 5.8.10 - Determinação dos deslocamentos (Flecha) ................................................................... 180 5.8.10.1 - Combinação para deslocamento na direção 2-2 .................................................... 181 5.8.10.2 – Verificação .............................................................................................................. 182 5.9 - Ligações com pinos metálicos ................................................................................................. 182 5.9.1 - Generalidades .................................................................................................................. 182 5.9.2 - Critério de dimensionamento .......................................................................................... 182 5.9.3 - Cálculo das ligações pregadas. ......................................................................................... 185 5.9.3.1 - Normal proveniente da viga 6x20, responsável por cisalhar os pregos. .................. 185 5.9.3.2 - Combinação da normal proveniente da viga 6x20 ................................................... 186 5.9.3.3 - Cálculo ....................................................................................................................... 186 5.9.4 - Comercialização de pregos .............................................................................................. 187 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................... 189 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 190 Anexo A: Projeto arquitetônico ........................................................................................................... 192 Anexo B: Catálogo de pregos .............................................................................................................. 196 22 1 - INTRODUÇÃO A estrutura de madeira existe desde a pré-história, a princípio utilizada na construção de cabanas, cuja estrutura seria constituída por ramos e canas sendo a cobertura realizada de folhas aglomeradas com argila, possibilitando ao homem abandonar as cavernas; Posteriormente como “ponte” na travessia de cursos de água (tronco disposto de margem a margem). A necessidade por abrigos e estruturas mais resistentes fez com que o homem buscasse aprimorar seus conhecimentos com tal material, afinal o mesmo existia e ainda existe em abundancia com diâmetro e comprimentos variáveis, boa resistência e facilidade de manuseio. Por conta desta necessidade em meados do século XX, foram estabelecidas as primeiras teoria técnicas aplicadas as estruturas de madeira. Assim sendo, o presente trabalho ira abordar sobre os agentes envolvidos nos cálculos de um telhado em estrutura de madeira, bem como o processo do mesmo, regido pelas atuais normas, fruto da evolução desses estudos. 1.1 - Justificativa Justifica-se a pertinência do presente trabalho em função das inúmeras variáveis envolvidas no processo de cálculo de telhados em madeira, ignoradas na simplicidade de “achar” que um projeto é igual ao outro generalizando o problema, adotando muita das vezes seções de madeira pré-definidas para vãos e carregamentos desconhecidos. 1.2 - Metodologia A metodologia empregada neste trabalho envolveu pesquisa bibliográfica e internet, citando renomados autores, além de utilizações de softwares tais como AutoCAD, Ftool e SketchUp, ainda calculadora científica e Excel para elaboração de tabelas. Em termos de formatação, foram seguidas as diretrizes fornecidas pela Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO). 23 2 - HISTÓRIA DA MADEIRA COMO MATÉRIA PRIMA Segundo o Portal da Madeira (2015), a mais elementar estrutura de madeira surgiu, com a forma de dois paus cravados no solo e ligados nas extremidades superiores, em forma triangular, por elementos vegetais fibrosos, como o vime, por tiras de pele ou, mais tarde, por elementos de ferro ou bronze. Figura 1: Principio da estrutura. Fonte: Portal da Madeira, 2015 A necessidade de cobrir espaços cada vez mais amplos tornou a estrutura mais complexa; ou seja, as peças inclinadas exigiam um apoio intermédio, surgindo assim as escoras e o contra nível, uma peça horizontal. Para um maior aproveitamento do espaço e maior facilidade para realizar aberturas para o exterior, as peças de suporte direto da cobertura deixaram de estar diretamente ligadas ao solo, passando ser apoiadas em elementos verticais, realizando assim o esqueleto de paredes, istoé, um conjunto de vigas e pilares. Figura 2: Evolução das estruturas. Fonte: Portal da Madeira, 2015 A carpintaria antecede o uso da pedra argamassada, que só surge quando o homem decide dividir a pedra em blocos manuseáveis que, sobrepostos, possibilitavam longas paredes resistentes. Durante muitos séculos foi a carpintaria a arte mais importante na construção dos edifícios, cuja arquitetura foi fortemente influenciada por este 24 material. Desde as habitações às primeiras fortificações, os seus sistemas de defesa (pontes levadiças, catapultas, etc.), e edifícios religiosos, cuja cobertura dos mesmos e estruturas das torres trouxeram problemas, relativamente ao vão, cuja resolução era problemática. Os muitos carpinteiros transmitiam de geração em geração a sua própria experiência somada à experiência anterior. Os seus conhecimentos sobre as características da madeira e sobre o comportamento das estruturas, permitiram-lhe realizar, na Idade Média e nos séculos XVI, XVII e XVIII, verdadeiras obras-primas quer do ponto de vista de concepção como de realização. 2.1 - Conceito O telhado é um conjunto de elementos com função de proteger a edificação contra os agentes externos, tais como chuva, vento, raios solares, neve, e também de impedir a passagem de poeira e ruídos para seu interior. O telhado se divide em dois fundamentais conjuntos. Cobertura: Parte superior do telhado, podendo ser de diversos matérias, desde que impermeável e resistente a ação do vento e agentes externos. Armação: Conjunto de elementos estruturais, responsáveis por sustentar a cobertura, tais como; ripas, caibros, terças, vigas, pranchas, tesouras e contraventamentos, usualmente conhecido como madeiramento. O telhado pode apresentar uma infinidade de formatos, ficando a critério do projetista a escolha do mesmo, podendo constituir um ou mais planos, conhecido como água, (uma água, duas águas ou múltiplas águas), ou ainda por uma ou mais superfícies curvar (arco, cúpula), (MOLITERNO, 2010). 2.2 - Tipos de madeira na construção As madeira utilizadas na execução de estruturas podem ser classificadas em duas categorias principais. Madeiras duras: proveniente de arvores frondosas classificadas ainda anatomicamente como dicotiledôneas, apresentando alta densidade e lento crescimento. 25 Madeira macias: proveniente em geral de árvores em formato de cone, anatomicamente classificadas como coníferas, encontradas em regiões de baixas temperaturas, caracterizada pelo rápido crescimento. 2.3 - Estrutura e crescimento da madeira Segundo Walter Pfeil (1994), as arvores produtoras de madeira de construção são do tipo exogênico, que crescem pela adição de camadas externas, sob a casca. A seção transversal de um tronco de arvore revela as seguintes camadas de fora para dentro: a) casca, proteção externa da árvore, formada por uma camada externa morta, de espessura variável com idade e as espécies, e uma fina camada interna, de tecido vivo e macio, que conduz o alimento preparado nas folhas para as partes em crescimento; b) alburno ou branco, camadas formadas por células vivas que conduzem a seiva das raízes para as folhas; c) cerne ou durâmen. Com o crescimento, as células vivas do alburno tornam-se inativas e constituem o cerne, de coloração mais escura, passando a ter apenas função de sustentar o tronco; d) medula, tecido macio, em torno do qual se verifica o primeiro crescimento da madeira, nos ramos novos. Figura 3: Seção transversal de um tronco, mostrando as camadas. Fonte: Pfeil, 1994 O tronco das arvores é constituído principalmente pelo alburno e pelo cerne. O alburno é a parte viva do tronco, com espessura variável conforme a espécie, geralmente de 3cm a 5 cm, servindo para conduzir a seiva da raiz para as folhas e também para armazenar alimentos. A área ocupada pelo alburno é 26 aproximadamente constante ao longo do tronco; como o diâmetro deste diminui da base para o topo, a espessura do alburno cresce na mesma direção. O cerne é constituído pelas partes mais velhas do alburno, cujas células morrem e são impregnadas de vários minerais. Esses minerais aumentam a resistência á decomposição da madeira não tratada, quando exposta ao tempo. A madeira do alburno é mais sensível a decomposição de fungos que a do cerne. Por outro lado, a madeira do alburno aceita melhor a penetração de agentes protetores, como alcatrão e certos sais minerais. A madeira é constituída principalmente por substancias orgânicas. Os principais elementos constituintes apresentam-se nas seguintes porcentagens aproximadas, independentemente da espécie vegetal considerada. Carbono 50%, oxigênio 44% e hidrogênio 6%. O composto orgânico predominante é a celulose, que constitui cerca de 70% da madeira, formando as fibras longitudinais. Outro composto orgânico importante, constituindo 20 a 28% da madeira, denomina-se lignina, deposita-se nas paredes das células, reforçando-as estruturalmente e reduzindo a absorção de umidade. A estrutura de madeira constitui ainda pequenas quantidades de sais minerais, cerca de 0,2 a 1%, servindo de alimento para os tecidos vivos. Esses minerais produzem as cinzas quando a madeira é queimada. As espécies vegetais apresentam ainda materiais, como resinas, óleos, ceras etc., que são depositados nas cavidades das células, produzindo coloração e cheiro característicos da espécie. 2.4 - Propriedades físicas da madeira A madeira é um material anisotrópico, devido a orientação das células, apresentando três direções principais: longitudinal, radial e tangencial. A diferença de propriedades entre as direções radial e tangencial raramente tem importância prática, bastando diferenciar as propriedades na direção das fibras principais (direção longitudinal) e na direção perpendicular as mesmas fibras. 27 Figura 4: Direções principais da madeira. Fonte: SlideShare, 2015 Segundo Carvalho (1996), a madeira é um material com excelente relação resistência/peso, apresentando ainda: Higrospicidade: Capacidade da madeira em absorver humidade da atmosfera envolvente (entumecimento) e de a perder por evaporação (retração). Flexibilidade: Capacidade que a madeira apresenta em flexionar por ação de forças exercidas sobre si, sem romper. Durabilidade: Propriedade que a madeira apresenta, em resistir aos agentes prejudiciais, sem se putrificar. 2.5 - Propriedades mecânicas da madeira A madeira é utilizada a séculos em função de suas capacidades em resistir a esforços causados por forças externas, tais como. Resistência à compressão: Capacidade que a madeira apresenta em resistir a forças que tendem a encurtar o seu comprimento. Resistência à tração: Capacidade que a madeira apresenta em resistir a forças que tendem a estender o seu comprimento. Resistência à flexão: Capacidade que a madeira apresenta em resistir a flexão ao longo do seu comprimento. Dureza: Resistência oferecida pela madeira a forças de penetração. 28 2.6 - Comercialização da madeira A madeira é comercializada por metro cubico, porém, em lojas valoriza-se a venda de peças por metro, referente a uma dada seção, geralmente comercial, para facilitar a compra. Segue abaixo a nomenclatura e seções comerciais de madeira serrada. Figura 5: Dimensões comerciais usuais de madeira serrada. Fonte: Catalogo técnico, 2015 Figura 6: Nomenclatura das peças de madeira serrada. Fonte: Catalogo técnico, 2015 3 - RESISTÊNCIA DA MADEIRA A madeira escolhida para o projeto do telhado foi a Cupiúba (Goupia glabra), por ser encontrada nos estados do Amazonas, Roraima, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Rondônia, o que facilita o acesso; E pelo fato apresentar um rápido crescimento, o 23 que nos remete a optar por madeira de reflorestamento, alémde apresentar boas qualidades tecnológicas. Segundo a secretaria do meio ambiente (2015), o Estado de São Paulo consome cerca de 25% da madeira extraída da Amazônia, e destes, 70% é consumido pelo setor da construção civil. Desta forma, o Estado de São Paulo, através do seu poder de compra e do transporte, armazenamento e comercialização responsável, atua como um dos principais agentes reguladores e indutores da preservação dos recursos florestais da Amazônia. Assim sendo, a escolha foi feita com base na logística do material em função da disponibilidade comercial no município de Fernandópolis-SP. Segundo a ABNT NRB 7190:1997, de acordo com o anexo E, temos os valores médios de resistência da madeira usada neste projeto, qual seja a Cupiúba (Goupia glabra), mais conhecida em nossa região como Peroba conforme mostrado abaixo: • Massa especifica aparente a 12% de unidade: ρap = 838 Kg/m³ • Resistência à compressão paralela às fibras: fc,0 = 54,4 MPa • Resistência à tração paralela às fibras: ft,0 = 62,1 MPa • Resistência à tração normal às fibras: ft,90 = 3,3 MPa • Resistência ao cisalhamento: fv = 10,4 MPa • Módulo de elasticidade longitudinal: Ec0 = 13627 Mpa 3.1 - Coeficiente de modificação Segundo a ABNT NRB 7190:1997, os coeficientes de modificação afetam os valores de cálculo das propriedades da madeira em função da classe de carregamento da estrutura, da classe de umidade admitida, e do eventual emprego de madeira de segunda qualidade, atua a favor da segurança reduzindo a resistência de cálculo do material. O coeficiente de modificação é formado pelo produto: kmod = kmod,1. kmod,2. Kmod,3 24 O coeficiente parcial de modificação kmod,1, que leva em conta a classe de carregamento e o tipo de material empregado, é dado pela tabela 10 da ABNT NRB 7190:1997 – Classe de carregamento para longa duração e madeira serrada, conforme 5.2 da ABNT 7190:1997. Tabela 1: Valores de kmod,1. Classe de carregamento Tipos de Madeira Madeira serrada Madeira laminada colada Madeira compensada Madeira recomposta Permanente 0,60 0,30 Longa duração 0,70 0,45 Media duração 0,80 0,65 Curta duração 0,90 0,90 Media duração 1,10 1,10 Fonte adaptada: ABNT NRB 7190:1997 kmod,1 = 0,7 O coeficiente parcial de modificação kmod,2, leva em conta a classe de umidade dispostos nas Figura 5 e Figura 6 e o tipo de material empregado. Figura 5: Umidade do ar % no estado de São Paulo. Fonte: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimatico Um = 80 + 79 + 80 + 80 + 79 + 78 + 77 + 74 + 77 + 79 + 78 + 80 12 = 78,42% 25 Figura 6: Dados meteorológicos das 7 horas da manhã à 7 horas da manhã dos últimos 7 dias, (Contados a partir de 19/06/2015), em Fernandópolis. Fonte: http://www.ciiagro.org.br/ema/index.php?id=24 U amb = 100 + 36,9 2 = 68,45% A classe de umidade é fornecido pela Tabela 2 , conforme segue abaixo. Tabela 2: Classes de umidade. Classes de umidade Umidade relativa do ambiente Uamb Umidade de equilíbrio da madeira Ueq 1 <65% 12% 2 65% < Uanb 75 % 15% 3 75% < Uanb 85 % 18% 4 Uanb > 85 % Durante longos periodos >25% Fonte adaptada: ABNT NRB 7190:1997 Tabela 3: Valores de kmod,2 Classes de umidade Madeira serrada Madeira laminada colada Madeira compensada Madeira recomposta (1) e (2) 1,0 1,0 (3) e (4) 0,8 0,9 Fonte adaptada: ABNT NRB 7190:1997 Kmod,2 = 1,0 (Classe de umidade 2, madeira serrada). 26 Segundo a ABNT NRB 7190:1997– O coeficiente parcial de modificação Kmod,3 leva em conta se a madeira é de primeira ou segunda categoria. No caso de madeira de segunda categoria, admite-se Kmod,3 = 0,8, e no caso de primeira categoria, Kmod,3 = 1,0. A condição de madeira de primeira categoria somente pode ser admitida se todas as peças estruturais forem classificadas como isentas de defeitos. Não se permite classificar as madeiras como de primeira categoria apenas por meio de método visual de classificação. Kmod,3 = 0,8 (Madeira de segunda categoria) Kmod = Kmod,1. Kmod,2. Kmod,3 Kmod = 0,7. 1,0. 0,8 Kmod = 0,56 3.2 - Coeficientes de ponderação das resistências. Segundo a ABNT NRB 7190:1997, O coeficiente de ponderação para estados limites últimos decorrentes de tensões de compressão paralela às fibras tem o valor básico γwc = 1,4. O coeficiente de ponderação para estados limites últimos decorrentes de tensões de tração paralela às fibras tem o valor básico γwt = 1,8. O coeficiente de ponderação para estados limites últimos decorrentes de tensões de cisalhamento paralelo às fibras tem o valor básico γwv = 1,8. 3.3 - Valores das resistências de cálculo Segundo a ABNT NRB 7190:1997, Os valores de cálculo fwd, são obtidos através da minoração de fwk, pelos coeficientes Kmod e γw pela expressão. fwd = Kmod. fwk γw Segundo a ABNT NRB 7190:1997– Para peças estruturais de madeira serrada de segunda qualidade, apresentam-se na Tabela 4 os valores usuais para estruturas submetidas a carregamentos de longa duração. 27 Tabela 4: Valores usuais para carregamentos de longa duração. Situações duradouras de projeto para carregamentos de longa duração (kmod,1 = 0,7) Madeira serrada (segunda categoria: kmod,3 = 0,8) Classes de umidade (1) e (2) Classes de umidade (3) e (4) kmod = 0,7 x 1,0 x 0,8 = 0,56 kmod = 0,7 x 0,8 x 0,8 = 0,45 γwc = 1,4 γwt = 1,8 γwv = 1,8 fwN,k,12 = 0,70 fwN,m,12 fwV,k,12 = 0,54 fwV,m,12 ft0,d = fc0,d fc90,d = 0,25 fc0,d . αn fe0,d = fc0,d fe90,d = 0,25 fc0,d . αe Coníferas: fv0,d = 0,12 fc0,d Dicotiledôneas: fv0,d = 0,10 fc0,d Fonte adaptada: ABNT NRB 7190:1997 3.4 - Resistências de cálculo da madeira Cupiúba fwc0,m = 54,4 MPa fwt0,m = 62,1 MPa fwt90,m = 3,3 MPa fwv0,m = 10,4 MPa Ewc0 = 13627 Mpa fwc0,k = 0,7. fwc0,m → fwc0,k = 0,7. 54,04 → fwc0,k = 38,08 MPa fwc0, d = Kmod. fwc0, k γwc fwc0, d = 0,56. 38,08 1,4 fwc0, d = 15,23 MPa fwt0,k = 0,7. fwt0,m → ft0,k = 0,7. 62,1 → fwt0,k = 43,47 MPa fwt0, d = Kmod. fwt0, k γwt fwt0, d = 0,56. 43,47 1,8 fwt0, d = 13,52 MPa fwv0,k = 0,54. fwv0,m → fwv0,k = 0,54. 10,4 → fwt0,k = 5,62 MPa 28 fwv0, d = Kmod. fwv0, k γwv fwv0, d = 0,56. 5,62 1,8 fwv0, d = 1,75 MPa Ewc0,ef = kmod. Ewc0 → 0,56. 13627 → Ewc0,ef = 7631,12 MPa fwc0,d = 15,23 MPa fwt0,d = 13,52 MPa fwv0,d = 1,75 MPa Ewc0,ef = 7631 Mpa 4 - CÁLCULO DA AÇÃO DO VENTO Afim de se obter resultados satisfatórios, se faz necessário analisar todas as combinações possíveis, externas e internas, de ação do vento e também os condicionantes da região como a topografia do terreno, a existência de obstáculos e prédios que possam aumentar a força dos ventos, uma vez que o mesmo exercer significante pressão sobre o telhado. Com base nessa necessidade, sempre em busca de segurança as forças devidas a ação do vento serão obtidas segundo as recomendações da norma ABNT NRB 6123/1988, de acordo com a seguinte localidade: Estado: São Paulo. Cidade: Fernandópolis. Utilidade: Área de lazer. 29 Figura 7: Dados geométricos. Fonte: Próprio autor, 2015 Para fins deste projeto iremos utilizar as dimensões da área I por se tratar da região mais critica, (maior área exposta as açãos dos ventos). a = 11,75 m b = 4,65 m z = 4,65 m h = 3,00 m h’ = 1,63 m 𝜃 = 19,29° → atan 𝜃 = 1,63 4,65 30 4.1 - Velocidade característica do vento Figura 8: Isopletas da velocidade básica V0 (m/s). Fonte: ABNT NRB 6123/1988 Para este trabalho, será considerada a velocidade básica do vento (V0) como sendo a máxima velocidade média medida sobre 3 s, que pode ser excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 m sobre o nível do terreno em lugar aberto. V0 = 40 (m/s)com base na isopleta adotada para este projeto. 4.1.2 - Fator topográfico S1 Segundo a ABNT NRB 6123/1988 o fator topográfico leva em considerações as variações do relevo do terreno; Para o estudo deste projeto, S1 = 1 em função do terreno ser plano ou fracamente acidentado: 31 4.1.3 – Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno: Fator S2 Segundo a ABNT NRB 6123/1988, “o fator S2 considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, da variação da velocidade do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da edificação ou parte da edificação em consideração. Em ventos fortes em estabilidade neutra, a velocidade do vento aumenta com a altura acima do terreno. Este aumento depende da rugosidade do terreno e do intervalo de tempo considerado na determinação da velocidade. Este intervalo de tempo está relacionado com as dimensões da edificação, pois edificações pequenas e elementos de edificações são mais afetados por rajadas de curta duração do que grandes edificações. Para estas, é mais adequado considerar o vento médio calculado com um intervalo de tempo maior”. 4.1.3.1 - Cálculo do S2 Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada. Exemplos: zonas de parques e bosques com muitas árvores; cidades pequenas e seus arredores; subúrbios densamente construídos de grandes cidades; áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas. A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 10m. Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical não exceda 20m. Portanto: S2 = 𝑏. 𝐹𝑟. ( 𝑧 10 ) 𝑝 Tabela 5: Parâmetros meteorológicos. Categoria Zg Parâmetros Classes A B C I 250 b p 1,10 0,06 1,11 0,065 1,12 0,07 II 300 b Fr p 1,00 1,00 0,085 1,00 0,98 0,09 1,00 0,95 0,10 III 350 b p 0,94 0,10 0,94 0,105 0,93 0,115 32 Categoria Zg Parâmetros Classes A B C IV 420 b p 0,86 0,12 0,85 0,125 0,84 0,135 V 500 b p 0,74 0,15 0,73 0,16 0,71 0,175 Fonte adaptada: ABNT NBR 6123/1988 z = 4,65 m b = 0,86 Fr = 1,00 p = 0,12 S2 = 𝑏. 𝐹𝑟. ( 𝑧 10 ) 𝑝 S2 = 0,86. 1. ( 4,65 10 ) 0,12 S2 = 0,784 4.1.4 - Fator estatístico, S3 Segundo a ABNT NBR 6123/1988, O fator estatístico S3 é baseado em conceitos estatísticos, e considera o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação. Tabela 6: Valores mínimos do fator estatístico S3. Grupo Descrição S3 1 Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou possibilidade de socorro a pessoas após uma tempestade destrutiva (hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de segurança, centrais de comunicação, etc.) 1,10 2 Edificações para hotéis e residências. Edificações para comércio e indústria com alto fator de ocupação 1,00 3 Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação (depósitos, silos, construções rurais, etc.) 0,95 4 Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc.) 0,88 5 Edificações temporárias. Estruturas dos grupos 1 a 3 durante a construção 0,83 Fonte adaptada: ABNT NBR 6123/1988 Para fins deste trabalho o valor de S3 = 1, pois a edificação trata-se de uma área de lazer, o que não deixa de ser uma residência, coincidindo com o grupo 2. 33 4.1.5 - Determinação das forças estáticas devidas ao vento Segundo a ABNT NBR 6123/1988, As forças estáticas devidas ao vento são determinadas a princípio encontrando a velocidade básica do vento, V0, adequada ao local onde a estrutura será construída, multiplicando a pelos fatores S1, S2 e S3 para ser obtida a velocidade característica do vento, Vk, onde Vk = V0. S1. S2. S3; Posteriormente usando a velocidade característica do vento para determinar a pressão dinâmica pela expressão: q = 0,613. Vk² sendo (unidades SI): q em N/m² e VK em m/s 4.1.5.1 - Cálculo da velocidade característica (Vk) V 0 = 40 m/s S1 = 1,00 S2 = 0,784 S3 = 1,00 Vk = V0. S1 S2 S3 Vk = 40. 1. 0,784. 1 Vk = 31,36 m/s 4.2 - Cálculo da pressão dinâmica (q) q = 0,613. Vk² q = 0,613. 31,36² q = 602,29 N/m² q = 0,60 KN/m² 4.3 - Cálculo do coeficiente de pressão interna. Segundo a ABNT NBR 6123/1988, toda edificação apresenta determinada pressão interna, variável em função de aberturas; Para fins deste projeto adotou- se Cpi = +0,2 para vento perpendicular a uma face permeável e Cpi = -0,3 para vento perpendicular a uma face impermeável, se enquadrando na condição de conter duas faces opostas igualmente permeáveis e as outras faces impermeáveis. 34 Referente ao telhado são considerados impermeáveis, elementos construtivos tais como lajes e cortinas de concreto armado ou protendido; Já a permeabilidade deve-se a presença de aberturas, tais como juntas entre painéis de vedação e entre telhas, frestas entre portas e janelas, ventilação entre telhas e telhados, vãos abertos de portas e janelas, chaminés, lanternins, etc. Para este projeto o telhado não contem forro impermeável. Figura 9: Ação do vento. Fonte: Próprio autor, 2015 35 4.4 - Cálculo do coeficiente de pressão externo. Tabela 7: Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com uma água, em edificações de planta retangular. θ Valores de Ce para ângulo de incidência do vento 90°(C) 45° 0° -45° -90° H L H L H e L (A) H e L (B) H L H L 5° -1,0 -0,5 -1,0 -0,9 -1,0 -0,5 -0,9 -1,0 -0,5 -1,0 10° -1,0 -0,5 -1,0 -0,8 -1,0 -0,5 -0,8 -1,0 -0,4 -1,0 15° -0,9 -0,5 -1,0 -0,7 -1,0 -0,5 -0,6 -1,0 -0,3 -1,0 20° -0,8 -0,5 -1,0 -0,6 -0,9 -0,5 -0,5 -1,0 -0,2 -1,0 25° -0,7 -0,5 -1,0 -0,6 -0,8 -0,5 -0,3 -0,9 -0,1 -0,9 30° -0,5 -0,5 -1,0 -0,6 -0,8 -0,5 -0,1 -0,6 0 -0,6 Fonte adaptada: ABNT NBR 6123/1988 Figura 10: Orientação dos Ce’s. Fonte adaptada: ABNT 6123/1988 (A) Até uma profundidade igual a b/2. (B) De b/2 até a/2. (C) Considerar valores simétricos do outro lado do eixo de simetria paralelo ao vento. Nota: Para vento a 0°, nas partes I e J, que se referem aos respectivos quadrantes, o coeficiente de forma Ce tem os seguintes valores: a/b = 1, mesmo valor das partes H e L, para a/b = 2 o valor Ce = - 0,2. Interpolar linearmente para valores intermediários de a/b. 36 Como o ângulo que estamos lidando não se encontra na tabela acima (19,3°), temos duas opções; A primeira seria optar pelo ângulo mais crítico em relação a incidência do vento, o que teoricamente seria 15°. A segunda e mais viável, optar por interpolar os valores afim de encontrar resultados mais precisos. Para este projetos adotaremos os valores por interpolação linear. Valores de Ce a 90° 15° − 20° −0,9 − (−0,8) = 15° − 19,3° −0,9 − (−𝐻) −5 −0,1 = −4,3 −0,9 − (−𝐻) −5. (−0,9 − (−𝐻)) = −0,1. −4,3 4,5 − 5𝐻 = 0,43 −5𝐻 = 0,43 − 4,5 𝐻 = −4,07 5 𝐻 = −0,814 𝐿 = −0,5 Valores de Ce a 45° 𝐻 = −1,0 15° − 20° −0,7 − (−0,6) = 15° − 19,3° −0,7 − (−𝐿) −5 −0,1 = −4,3 −0,7 − (−𝐿) −5. (−0,7 − (−𝐿)) = −0,1. −4,3 3,5 − 5𝐿 = 0,43 −5𝐿 = 0,43 − 3,5 𝐿 = −3,07 5 𝐿 = −0,614 Valores de Ce a 0° 15° − 20° −1,0 − (−0,9) = 15° − 19,3° −1,0 − ( −𝐻 𝑒 𝐿 (𝐴) ) 37 −5 −0,1 = −4,3 −1,0 − ( −𝐻 𝑒 𝐿 (𝐴) ) −5. (−1,0 − ( −𝐻 𝑒 𝐿 (𝐴) )) = −0,1. −4,3 5,0 − 5. ( 𝐻 𝑒 𝐿 (𝐴) ) = 0,43 −5. ( 𝐻 𝑒 𝐿 (𝐴) ) = 0,43 − 5,0 ( 𝐻 𝑒 𝐿 (𝐴) ) = −4,57 5 ( 𝐻 𝑒 𝐿
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