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Aula 02

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Direito Penal 02 
Aula 02 
Professora: Ana Paula 
Tema: Concurso de Pessoas II 
O sistema jurídico brasileiro admite o concurso de agentes diferenciando o autor de 
partícipe, vez que adota a Teoria da autoria restritiva e em alguns casos a Teoria do 
domínio do fato. 
Vamos delimitar, na aula de hoje, o que consiste à participação, visando a 
diferenciação entre autor e partícipe. 
Autor ou coautor é o protagonista do fato típico. É aquele que pratica o verbo tipo ou 
tem o domínio sobre o fato. 
Partícipe é aquele que, sem praticar o verbo tipo, concorre para a produção do 
resultado. Em suma, o partícipe dá auxílio ao autor do crime. 
1. Teorias sobre participação. 
A) Teoria da acessoriedade extrema: Se o autor fosse inimputável ou incidisse em 
erro de proibição ou, por qualquer razão fosse inexcusável, o participe seria 
impunível 
B) Teoria da acessoriedade mínima: uma ação justificada para o autor, constitui 
crime para o participe. 
 C) Hiperacessoriedade: para essa teoria pune se, a título de participação, o auxílio 
dado a alguém que pratica o fato típico, ilícito e culpável, incidindo sobre o participe 
todas as agravantes e atenuantes vinculadas ao autor principal. 
D) Teoria da acessoriedade limitada: É preciso apurar se o autor praticou um fato 
típico e antijurídico, pelo menos. Se faltar tipicidade ou ilicitude não há cabimento em 
punir o participe. 
3) Espécies de participação: 
 Punibilidade no concurso de pessoas 
De acordo com a teoria Monista adotada pelo código Penal, em seu artigo 29, o 
concurso de pessoas há pluralidade de agentes e unidade de crime. 
 
A) Cooperação dolosamente distinta. 
Ocorre quando a conduta executada difere daquela idealizada pelo partícipe. 
Exemplo: (A) determina que (B) dê uma surra em (C). Por razões pessoas (B) mata 
(C). 
Pode cair em prova 
 
 
A) Participação de menor importância: 
Trata- se de uma questão de grau, julgado a cada caso concreto. 
(O juiz que irá determinar o grau de importância) 
 
A) Participação em cadeia: 
Ocorre quando alguém induz ou instiga outrem a induzir, instigar ou auxiliar terceira 
pessoa. 
 
B) Participação sucessiva: 
 Ocorre quando o mesmo agente é instigado, induzido ou auxiliado por duas ou mais 
pessoas sem que elas tomem conhecimento uma das outras. 
Exemplo: Rackers, estelionato (eles não se conhecem) 
C) Multidão delinquente: 
Prática coletiva de delito(arrastão) 
D) Participação impunível: Se dá quando o delito não é consumado. 
Artigo 31 do Código Penal 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser 
tentado. 
 
 A doutrina acusa, de forma majoritária, a ociosidade da norma do artigo 31 do 
Código Penal, pois só ser pode punir um fato típico que foi ao menos iniciado, noutros 
termos, pelo menos tentado. Antes disso, não há como se cogitar lesão aos bens 
jurídicos tutelados em lei, determinante de alguma punição. 
 
4) concurso de pessoas em crimes culposos. 
Para Damásio de Jesus pode haver a coautoria, mais não há participação. Já para 
Cezar Roberto Bittencourt, há autoria e participação em sentindo estrito. 
 
5) Concurso de pessoas em crimes omissivos. 
Duas pessoas de comum acordo, deixando de prestar socorro a uma vítima ferida, 
podendo prestar socorro, sem risco pessoal, serão coautoras no crime de omissão de 
socorro. 
 
Artigo: 135 do Código Penal - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo 
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, 
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da 
autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
 
1. Introdução 
Malgrado a maioria dos tipos contidos na parte especial do Código Penal referir-
se a fatos praticáveis por uma só pessoa, frequentemente o que se vê é a 
associação de dois ou mais agentes concorrendo para a execução de um evento 
criminoso. Deste consórcio resulta o concurso de delinquentes, também 
conhecido como concurso de pessoas, concurso de agentes, coautoria ou 
participação. 
O Código Penal de 1940 estabelecia em seu art. 25, sobre a rubrica “pena da 
coautoria” que, quem, de qualquer modo, concorresse para o crime incidia nas 
penas a ele cominadas, procurando desta forma, resolver a questão do concurso 
de pessoas partindo da teoria da equivalência dos antecedentes adotada para a 
apuração do nexo de causalidade, igualando assim, todos os antecedentes 
causais do crime, sem distinção de tratamento entre os vários integrantes da 
empresa criminosa. 
É forçoso reconhecer, todavia, que quando se reúne varias pessoas num 
consórcio para a prática delituosa, nem todos os integrantes colaboram de 
maneira equânime para o resultado final, não sendo justo, portanto, o tratamento 
dado pelo legislador, posto que, independentemente da importância da 
colaboração que deu cada um no crime, todos sofriam a mesma penalidade. 
O código penal de 1.969, consciente de que a expressão coautoria não podia 
designar o concurso eventual de delinquentes, de vez que é apenas uma 
espécie do gênero “codelinquência”, utilizou-se da terminologia concurso de 
agentes, abrangendo também assim, a participação que é a outra espécie de 
concurso. 
Não obstante o código Penal de 1969 se quer ter entrado em vigor, ainda assim, 
a expressão concurso de agentes foi severamente criticada, posto que a 
doutrina da época entendia que o termo, por ser muito abrangente, incluía, 
também, os fenômenos naturais que provocavam resultados naturalísticos, 
sendo em função disso, rejeitado pelo legislador por ocasião da reforma penal 
de 1984, que preferiu, acertadamente a nosso ver, o termo concurso de 
pessoas. 
O concurso de pessoas, na precisa definição de Mirabete, “é a ciente e 
voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal” [1] 
Essa união de esforços, com o objetivo de praticar uma infração penal, traz 
consigo problemas de diferenciação das diversas modalidades de delinquência 
coletiva, de vez que pode apresentar-se, nas formas de concurso necessário, 
coautoria, participação, autoria colateral etc. 
O concurso necessário oriundo dos crimes plurisubjetivos, por sua natureza 
intrínseca, só pode ser praticado por duas ou mais pessoas, logo, não oferece 
dificuldade, pelo fato de que todos são autores, ou melhor, todos são co-autores 
uns dos outros. 
Essas dificuldades, entretanto, se apresentam nos crimes passíveis de serem 
praticados por uma única pessoa, ou seja, nos crimes unissubjetivos, posto que 
essa união, em casos tais, dá origem ao chamado concurso eventual de 
pessoas de que nos ocuparemos no presente ensaio. 
2. Teorias sobre o concurso de pessoas 
Conforme bem delineado ficou, tem-se o concurso de pessoas quando, para o 
cometimento de uma mesma infração penal, se verifica a união de duas ou mais 
pessoas. O problema que se tem discutido arduamente é se, nesses casos, a 
conduta praticada em concurso constitui um ou vários delitos. Nessa esteira 
várias são as teorias que procuram resolver o complexo problema da co-
delinquência, ou, como preferem alguns, da criminalidade coletiva. São elas: 
Teoria Monista, Teoria Dualista e Teoria Pluralista. 
2.a). Teoria monista (unitária ou igualitária) da participação 
Pela teoria Monista, o crime, ainda que praticado por várias pessoas em 
colaboração, continua único, indivisível. Assim, todo aquele que concorre para o 
crime, causa-o na sua totalidade e por ele responde integralmente, de vez que o 
crime é o resultado da conduta de cada um e de todos indistintamente. Não se 
distinguindo, portanto, entre as várias categorias de pessoas, autor, partícipe, 
instigador, cúmplice etc. Todos são considerados autores ou co-autores do 
crime. 
Esta foi a teoria adotada pelo Código Penal de 1940 ao estatuir no seu art. 25que “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas”. Essa concepção, conforme já se disse, parte da teoria da 
equivalência das condições necessárias à produção do resultado, donde se 
deduz que toda a pessoa que contribui para a sua produção o causa em sua 
totalidade e, portanto, por ele deve responder integralmente. 
Por uma questão de política criminal, houve por bem o legislador, em 
estabelecer que todos os participantes do crime são autores dele, evitando, 
assim, uma série de questões que poderiam, naturalmente, decorrer das 
definições de autores, partícipes, participação necessária, auxilio necessário, 
auxilio secundário etc. 
A crítica que se verificou acerca da teoria Monista derivou tanto da dificuldade de 
se estabelecer a realidade da equivalência das condições quanto das 
dificuldades em se aplicar a lei, posto que, apesar de adotar a teoria Unitária, 
contemplou ela algumas exceções nas causas de agravação e de atenuação da 
pena. 
A reforma penal de 1984, ao estabelecer no art. 29 que “quem, de qualquer 
modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de 
sua culpabilidade”, da o entender que continua agasalhando a teoria Igualitária, 
posto que, a par da lei anterior, dispôs haver um só crime e que todos por ele 
respondem. Todavia, sensível as constantes críticas e, sobretudo a decisões 
manifestamente injustas em face da teoria monista, o legislador andou bem ao 
procurar regras precisas para abrandar seus rigores distinguindo a punibilidade 
de autoria e participação. 
Para Raúl Zaffaroni, o fato do art.29 estabelecer que “quem de qualquer modo 
concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade“, não pode ser entendido que todos os que concorrem para o crime 
são autores, e sim, que todos os que concorrem têm, em princípio, a mesma 
pena estabelecida para o autor. [2]. 
Com efeito, essa afirmação do Mestre Argentino encontra guarida na primeira 
parte do § 2º do mesmo dispositivo onde está asseverado que “Se algum dos 
concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena 
deste”. 
Ora, se num concurso de pessoas o próprio código prevê a possibilidade de 
algum dos concorrentes ter querido participar de um crime menos grave do que 
o que efetivamente foi praticado pelos demais, está claro que não se pode 
admitir de forma simplista que adotou a teoria monista. 
Parece-nos que, neste aspecto, a razão está com Cezar Roberto Bitencourt, 
para quem a reforma penal de 1984 “adotou, como regra, a teoria monista, 
determinando que todos os integrantes de uma infração penal incidem nas 
sanções de um único e mesmo crime e, como exceção, a concepção dualista, 
mitigada, distinguindo a atuação de autores e partícipes, permitindo uma efetiva 
dosagem de pena de acordo com a efetiva participação e eficácia causal da 
conduta de cada partícipe, na mediada da culpabilidade perfeitamente 
individualizada. Na verdade, continua o mestre, os parágrafos do art. 29 
aproximaram a teoria monista da teoria dualística ao determinar a punibilidade 
diferenciada da participação”. [3] 
2.b). Teoria dualista (ou dualística) 
Consoante esta teoria, nos casos de condutas delituosas praticadas em 
concurso existem dois crimes: um para aqueles que realizam o verbo, a 
atividade principal ou a conduta típica propriamente dita emoldurada no 
ordenamento jurídico, ditos autores e outro para aqueles que desenvolvem uma 
atividade secundária no evento delituoso sem conformar a sua conduta com a 
figura nuclear descrita no tipo objetivo, são os ditos partícipes. 
Existe no crime uma ação principal praticada pelo autor que executa o verbo da 
figura típica e uma ação secundária, portanto acessória, que é praticada pelos 
partícipes que são as pessoas que integram o plano criminoso, instigam ou 
auxiliam o autor a cometer o delito sem, contudo, desenvolver um 
comportamento central, executivamente típico. 
2.c). Teoria pluralista 
Por esta teoria, a pluralidade de agentes corresponde um real concurso de 
ações distintas e, por conseguinte, uma pluralidade de delitos. Assim, cada 
participante contribui com uma conduta própria, com um elemento psicológico 
próprio existindo, pois, tantos crimes quantos forem os participantes do fato 
delituoso. Cada agente envolvido comete um crime próprio, autônomo. 
A maior falha apontada para esta teoria, reside no fato de que as condutas de 
cada um dos envolvidos no crime não são e nem podem ser consideradas 
autônomas de vez que convergem para uma ação única com objetivo e 
resultado comum. 
3. Causalidade física e psíquica 
Na questão das condutas delituosas praticadas em concurso a causalidade 
psíquica e tão importante quanto a causalidade física. A decisão comum para o 
fato significa a convergência de idéias, de consciência e vontade para a sua 
realização. 
A solução para o intricado caso do concurso de pessoas está intimamente ligada 
à teoria adotada com relação ao nexo de causalidade. Como o Direito Penal 
pátrio adotou a teoria da equivalência das condições, não distinguindo causa de 
condição, a causalidade Física vinha desfrutando de importância maior na 
solução dos problemas relacionados com a co-delinqüência. 
Com o passar do tempo, entretanto, verificou-se que a causalidade física ou a 
contribuição causal física, mostrou-se importante, necessária mas insuficiente 
para aperfeiçoar o instituto, posto que era apenas um fragmento do complexo 
problema do concurso de pessoas que, para aperfeiçoar-se, exigia também o 
linhame subjetivo. 
Com a constatação da imprescindibilidade do elemento subjetivo, traduzido na 
vontade e consciência de participar da obra comum, verificou-se que o concurso 
de pessoas pode ocorrer desde a ideação até a consumação do delito, 
respondendo por ele, na medida de sua culpabilidade, é claro, tanto o que 
ajudou a planejá-lo, o que instigou, o que forneceu os meios materiais 
necessários e o que atuou na sua execução e consumação. 
Portanto, há que se ter em mente que o concurso de pessoas compreende não 
só a contribuição causal puramente objetiva, mas também a contribuição 
subjetiva, que em determinados casos, como se disse, é tão importante quanto a 
contribuição material para a consumação do delito. 
Não obstante prescindir de acordo prévio, para configurar o concurso eventual 
de pessoas é necessário, além da causalidade material, também, a adesão 
consciente e voluntária tanto na ação comum como, também, no resultado final 
pretendido pelo autor principal. 
Logo, inexistindo o nexo causal ou o linhame subjetivo, qualquer dos dois, não 
há falar-se em concurso eventual de pessoas. Assim, para aclarar um pouco 
mais, cita-se como exemplo o criado que objetivando favorecer a prática de um 
furto na casa do seu patrão, deixa a porta da frente aberta, mas o ladrão, usando 
uma chave falsa, pratica o furto entrando pela porta dos fundos; ou, então, o 
mesmo criado, por negligência, deixa aberta a porta da casa durante a noite, 
favorecendo, inconscientemente a prática de um furto. 
No primeiro caso, a sua conduta de nada serviu ao autor do furto, posto que não 
teve eficácia causal. Já no segundo, a conduta do criado teve eficácia causal, 
mas faltou, contudo, o elemento subjetivo, de vez que não aderiu voluntária e 
conscientemente a ação do marginal, não sendo, portanto, puníveis, em nenhum 
dos casos, a conduta do criado. 
4. Requisitos do concurso de pessoas 
A co-delinqüência, nos dias atuais, tem se mostrado cada vez mais freqüente. 
Seja porque a divisão dos trabalhos facilita e garante o êxito no empreendimento 
criminoso, seja para garantir a impunidade, seja para satisfazer a todos com o 
produto do crime, seja para satisfazer outros interesses pessoais dos meliantes, 
o fato é que está presente e os seus problemas tem sido objeto de penoso 
estudo, no sentido de dotar os interpretese aplicadores do Direito de 
mecanismos seguros com os quais possam contar para uma aplicação justa e 
eficaz da pena ao caso concreto. 
Conforme foi dito no tópico anterior, para que se configure o concurso eventual 
de pessoas é absolutamente indispensável a existência de elementos de 
natureza objetivas e subjetiva. Não obstante, é necessário, também, para que se 
configure a co-delinqüência eventual em estudo, a existência de alguns outros 
requisitos que lhes complementam e aperfeiçoa. São eles: 
4.a) Pluralidade de participantes e de condutas 
Esse é o principal requisito do concurso de pessoas. Malgrado todos os 
participantes de um evento criminoso, contribuir livre e espontaneamente para o 
seu resultado, não fazem, necessariamente da mesma forma, nas mesmas 
condições e nem com a mesma importância. Para Esther Ferraz, enquanto 
alguns praticam o fato material típico, representado pelo verbo núcleo do tipo, 
outros limitam-se a instigar, induzir, auxiliar moral ou materialmente o executor 
ou executores praticando atos que, em si mesmos, seriam atípicos. [4]. Todavia, 
por obra da norma de extensão do concurso prevista no Caput do art. 29 do CP, 
a participação de cada um e de todos contribui causalmente para a perfeição do 
resultado, razão pela qual, todos respondem pelo mesmo crime. 
4.b) Relevância causal da conduta 
Em se tratando de várias condutas, é indispensável do ponto de vista objetivo 
que haja, evidentemente, o nexo de causalidade entre cada uma delas e o 
resultado criminoso. Caso a conduta típica ou atípica de cada participante não 
integre a corrente causal determinante do resultado, será ela por si só 
irrelevante, como no exemplo do criado que deixou a porta da frente aberta e o 
ladrão furtou pelas portas dos fundos, ou seja, a conduta não será capaz de 
aperfeiçoar o concurso. Conclui-se, por óbvio, que nem todo comportamento 
caracteriza a participação, posto que precisa ter eficácia causal provocando, 
facilitando ou estimulando a realização da conduta principal. 
4.c) Vínculo subjetivo 
Há que existir, também, para que o concurso eventual de pessoas possa se 
aperfeiçoar, a consciência entre os vários integrantes de que cooperam numa 
ação comum. Não basta, portanto, o agente atuar com dolo (ou culpa), é 
necessário, pois, que haja uma relação subjetiva entre os participantes da 
empresa criminosa, caso contrário as várias condutas se tornarão isoladas e 
autônomas. 
Não há crime, pois, no exemplo do criado que, por negligencia, deixou a porta 
aberta durante a noite, favorecendo, inconscientemente a prática do furto. A 
ausência do vinculo psicológico desnaturou o concurso, fazendo com que sua 
conduta se tornasse desvinculada do fato e, em função disso, não fosse atingida 
pela norma de extensão do art.29 do CP. 
Claro está, pois, que somente a adesão voluntária objetiva (nexo causal) e 
subjetiva (linhame psicológico) à atividade criminosa de outrem, visando a 
realização de um fim comum, cria e estabelece efetivamente a co-delinqüência, 
responsabilizando os participantes pelas conseqüências do resultado criminoso. 
É bom esclarecer, todavia, que o simples conhecimento da realização de uma 
infração penal ou mesmo a concordância psicológica caracterizam, no máximo, 
“conivência” que não é punível, a título de participação, se não constituir, pelo 
menos, alguma forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si mesma, 
uma infração típica. [5] 
Deve haver, portanto, uma participação consciente e voluntária no fato, mas não 
é indispensável o acordo prévio de vontade para a existência do concurso de 
pessoas. A adesão tem que ser antes ou durante a execução do crime, nunca 
posterior, posto que, neste caso, pode caracterizar o favorecimento pessoal ou 
real previsto nos art. 348 e 349 do CP, mas nunca o concurso de pessoas. 
4.d). Identidade de fato 
Como último requisito para se configurar o concurso de pessoas, é necessário, 
em face da teoria monista adotada pelo CP, que a infração praticada pelos 
concorrentes seja única. É necessário, pois, que todos atuem conjugando os 
esforços com vistas a consecução de um mesmo objetivo, ou melhor, de um 
mesmo crime. 
5. Autoria 
A relação do sujeito ativo com a conduta descrita pelo legislador no tipo penal, 
como regras gerais que abrangem todas as modalidades da co-delinqüência, 
pode ocorrer sob as formas de autoria ou de participação. No tocante a autoria, 
é pacifico o entendimento de que ela não se restringe a quem prática pessoal e 
diretamente o fato devendo, pois, incluir, também, aquele que serve de outrem 
como instrumento para realizar a figura típica como no caso da autoria mediata. 
Assim, consoante a melhor doutrina, autoria pode ser individual se o autor 
pessoalmente realiza todas as etapas do fato típico; pode ser mediata se o autor 
a pratica utilizando-se de outra pessoa como instrumento; pode ser coletiva ou 
em forma de co-autoria se vários autores conjuntamente realizam todas as 
características do fato típico; pode ocorrer, ainda que excepcionalmente em 
forma de autoria colateral, quando vários autores, sem que um saiba dos outros, 
realiza a mesma figura típica. 
É possível, ainda, que mais de uma pessoa, de forma voluntária e consciente, 
sem praticar os atos descritos na figura típica, coopere para a sua realização, 
quer induzindo, quer instigando ou auxiliando o seu autor ou autores. Diante de 
todas estas possibilidades, várias são as teorias que buscam diferenciar autoria 
de participação. 
5.a). Teoria unitária de autor ou do autor único. 
Autor é quem produz qualquer contribuição causal para a realização do tipo 
legal. Essa é a definição de autor fornecida pela mais antiga das teorias que se 
preocupou em estudar a relação do sujeito ativo com o fato, a teoria unitária de 
autor. 
Conforme se infere do conceito, essa teoria ignora completamente a importância 
de se estabelecer uma diferenciação entre autor e partícipe; defende, pois, que 
as contribuições objetivas e subjetivas entre os diversos autores, constituem 
matéria de aplicação da pena como medida da culpabilidade individual, nada 
tendo a ver com o tipo de injusto. 
Juarez Cirino dos Santos, ao pontuar as vantagens da teoria unitária de autor, 
explica sua influência residual na legislação contemporânea, citando como 
exemplo a sua adoção pelo caput art. 29 do CP Brasileiro. Segundo ele “se toda 
contribuição causal para o resultado típico significa autoria, então não existe 
lacuna de punibilidade; se as diferenças de contribuição subjetiva e objetiva são 
consideradas na pena como expressão da culpabilidade pessoal, então a 
sansão penal aparece com íntima correlação com a personalidade do autor; 
enfim, se não existe diferença entre autores e partícipes então, a aplicação do 
direito penal ao caso concreto é bastante simplificada”. [6] 
Se por um lado esta teoria apresenta como vantagens a facilidade de aplicação 
da lei penal ao caso concreto, traz por outro lado, o grave inconveniente de 
considerar qualquer contribuição causal como autoria, nivelando, assim, todos 
os sujeitos envolvidos na ação típica, sem considerar, como já se disse, a 
importância e as diferenças entre as contribuições de caráter objetivo e subjetivo 
que cada um deu para a lesão do bem jurídico. 
Conforme se observa, por trás da aparente simplicidade da teoria unitária de 
autor existe uma gama exacerbada de injustiças, posto que, por obra do óbvio, 
não se pode afirmar e muito menos aceitar, que todo aquele que de alguma 
forma contribuir para o delito é seu autor. 
Zaffaroni, em suas críticas a teoria de autor único, é bem mais contundente. 
Segundo ele, por elementares razões sistemáticas, não se pode afirmar, como 
pretende a simplista teoria do “autor único”, que todo causador é autor, porque 
não ficaria em pé nenhum dos princípios básicos do direito penal, e porque se 
iria cair no ridículo de considerar autora quem não apresenta caracteres típicos 
nem mesmo caracteres naturais para sê-lo: o farmacêutico que entrega 
substância abortiva seria autor de auto aborto. Isto determina a necessidade 
inafastável de se distinguir entre autores e partícipes. [7]. 
Conforme se verifica, o maior contra senso desta teoria é o nivelamento entre 
todos os participantes, fazendo com que sujeitos sem qualificação para tal, 
possa ser autor (co-autor) de delitos especiais, como por exemplo, para não 
repetir o auto aborto empregado por Zaffaroni, a co-autoria no crime de falso 
testemunho que é, também, um delito de mão própria. 
5.b). Teoria restritiva de autor ou conceito restritiva de autor 
A primeira tentativa de distinguir cientificamente autor e partícipe com base em 
critérios objetivo – formal da ação típica, foi o conceito restritivo de autor. Para 
essa teoria é autor aquele que reúne caracteres ônticos e típicos para sê-lo, ao 
passo que a cumplicidade e a instigação são formas de extensão da 
punibilidade, de vez que, por não integrar a figura típica, constituiria 
comportamento impunível. 
Para Zaffaroni, entretanto, essa é a teoria que se impõe a luz do Código Penal 
brasileiro, porque de outro modo não se explica a razão pela qual a lei se ocupa 
dos partícipes no § 1º e 2º do art.29, de forma especial, visto que a ser certo o 
conceito extensivo, a previsão estaria sobrando. [8]. 
Por obra do obvio, praticar a conduta descrita no tipo é, certamente, diferente de 
favorecer ou contribuir atipicamente para a sua realização, logo, infere-se daí 
que autoria e participação devem ser distinguida também por critérios objetivos. 
Em função disso, o conceito restritivo de autor, por si só, não serve pra definir 
com absoluta propriedade a autoria nem a participação, necessitando, pois, 
segundo Jescheck, ser complementada por uma teoria objetiva da participação, 
a qual assumiria dois aspectos distintos: 
5.b.1). Teoria objetivo-formal 
Essa teoria, sem desprezar ou negar a importância da causalidade, destaca a 
importância das características exteriores do agir, ou seja, a conformidade da 
conduta com a descrição típica do fato. Nessa linha, define autor como sendo 
aquele cuja ação se amolda a descrição típica e como partícipe aquele que 
contribui de qualquer modo para a consumação do fato, mas de forma acessória, 
secundária e, portanto, com uma contribuição menos importante do que a do 
autor. 
Posteriormente verificou-se que esta teoria, por seu apego exacerbado a 
descrição legal do tipo, ao definir autor, mostrou-se insuficiente para esse 
desiderato, posto que os tipos, nem sempre, descrevem o injusto da ação com 
clareza, dificultando, sobretudo, nos crimes materiais, a distinção entre autor e 
partícipe. 
5.b.2). Teoria objetivo-material 
Na tentativa de suprir as deficiências do conceito restritivo de autor, visto que a 
teoria formal-objetiva por si só não foi suficiente, ante a dificuldade de distinguir 
autor e partícipe com base na conduta e na sua descrição típica, a teoria 
objetivo-material procurou fazê-lo com base na maior perigosidade que deve 
caracterizar a ação do autor em relação a ação do partícipe. 
Conforme de depreende dos critérios diferenciadores, essa teoria, a exemplo da 
objetivo-formal, também não levou em consideração os elementos subjetivos, 
naufragando-se pouco tempo depois, em função das dificuldades práticas de 
distinguir causas e condições e, causas mais ou menos importante, que eram os 
critérios utilizados para estabelecer a maior perigosidade do autor e a menor 
perigosidade do partícipe, levando a doutrina alemã a abandoná-la para adotar o 
conceito restritivo de autor sobre o critério formal – objetivo. 
Ainda assim, apesar de distinguir autoria de participação, para Cezar Roberto 
Bitencourt, a teoria restritiva de autor, mesmo complementada com a teoria 
objetiva da participação não contempla a figura do autor mediato e, 
eventualmente, casos de co-autoria em que não haja uma contribuição 
importante. [9] 
5.c). Teoria extensiva de autor ou conceito extensivo de autor 
O conceito extensivo de autor tem como fundamento dogmático a teoria da 
equivalência das condições. Portanto, é autor todo aquele que contribui com 
alguma causa para o resultado. Assim, instigador e cúmplice são igualmente 
autores, já que essa teoria não distingue a importância da contribuição causal de 
cada um no evento. 
Para essa teoria, é interessante assinalar, que os partícipes são autores e, 
portanto, as normas a seu respeito, são causas de atenuação da pena. Assim, 
os preceitos especiais sobre a participação, que apregoa pena diferenciada para 
instigadores e cúmplices, constitui apenas causa de restrição ou limitação da 
punibilidade, mas todos, indistintamente, são autores. 
Em função disso Zaffaroni, apregoa: “se pretendemos fundar a autoria na 
causalidade, todo aquele que traz alguma contribuição é autor e não há maneira 
de distinguir objetivamente autor de partícipe. Portanto, essa teoria deve ser 
rejeitada porque se a participação é uma forma de atenuar a pena da autoria, 
não pode ser partícipe quem não preencha os requisitos para ser autor”. [10] 
Como se vê, a diferença entre autoria e participação, que a própria lei reconhece 
e que está na realidade das coisas, posto que não são conceitos criados pelo 
Direito Penal, não existe em face da teoria da equivalência das condições, 
necessitando, portanto, ser buscado através de um critério subjetivo. 
5.d). Teoria subjetiva da participação 
Objetivando solucionar o problema, da teoria extensiva de autor, surgiu a teoria 
subjetiva da participação, a qual identifica autor e partícipe pelo critério da 
vontade. Assim, a autoria pressupõe a contribuição causal realizada com 
vontade de autor, ou seja, pelo agente que quer o fato como seu, como próprio, 
agindo, portanto, com “animus auctoris”, independente de realizar ou não ação 
típica. Já a participação pressupõe a contribuição causal realizada com vontade 
de partícipe agindo, portanto, com “animus socci”. O partícipe é aquele que tem 
o fato como alheio. 
Essa teoria traz a absurda situação de que, aquele que executa um homicídio 
querendo-o como alheio não é autor e sim partícipe. Algo semelhante poderia 
ocorrer com o crime de falso testemunho que, apesar de ser de mão própria, o 
seu verdadeiro autor poderia ser condenado como partícipe por praticá-lo não 
querendo como próprio. Por razões óbvias, essa teoria, também deve ser 
rechaçada. 
5.e). Teoria do domínio do fato 
A teoria do domínio do fato, também chamada de teoria objetiva-material ou 
objetivo-subjetiva, surgiu e 1939 com o finalismo de Welzel, mas foi 
desenvolvida e aperfeiçoada por Roxin. Parte da premissa de que as teorias 
objetivas ou somente subjetivas não oferecem critérios seguros para distinguir 
autor e partícipe do fato Punível. 
Partindo do conceito restritivo de autor, uma vez que vincula o conceito de autor 
a ação descrita no tipo penal e, também, da teoria subjetiva de autor, já que 
incorpora a vontade como energia produtora do evento típico, define autor do 
fato como sendo não só o que executa a ação típica, mas também aquele que 
se utiliza outrem, como instrumento, para a prática da infração penal. 
O pressuposto básico desta teoria é o fato de que o autor domina a realização 
do fato típico controlando a continuidade ou a paralisação da ação delituosa, 
enquanto que o partícipe não dispõe de poderes sobre a continuidade ou 
paralisação da ação típica. 
Segundo Juarez Cirino dos Santos, a teoria do domínio do fato parece adequada 
para definir todas as formas de realização ou de contribuição para a realização 
do fato típico compreendidas sob a forma de autoria e de participação: 1) 
autoria (a) direta, como forma de realização pessoal do fato típico, (b) mediata, 
como utilização de outrem para a realização do fato típico e, (c) coletiva, como 
decisão comum e realizaçãocomum do fato típico; 2) participação como 
contribuição acessória em fato principal doloso de outrem, sob as formas (a) de 
instigação, como determinação dolosa a fato principal doloso de outrem e (b) de 
cumplicidade, como ajuda dolosa a fato principal doloso de outrem. [11] 
Essa teoria exige, entretanto, que nos caso de autoria mediata o agente, 
obrigatoriamente, deve reunir todos os elementos que o tipo exige em relação ao 
autor, assim fica resguardado a impossibilidade de pessoas sem características 
para tal se tornar autora de crimes próprios e, até mesmo, de mãos próprias 
como ocorre no caso da teoria unitária de autor. 
É oportuno consignar, todavia, que a teoria do domínio do fato tem sua aplicação 
restrita aos crimes dolosos em face do conceito restritivo de autor que adotou. 
Ademais, não se pode olvidar que, somente nos crimes dolosos se pode falar 
em domínio final do fato, até porque, a principal característica dos crimes 
culposos é exatamente a perda desse domínio. 
Para solucionar o problema a doutrina alemã tem trabalhado com dois conceitos 
distintos: para os crimes dolosos aplica-se o conceito restritivo de autor 
fundamentado na teoria do domínio do fato e, para os delitos culposos, vem 
utilizando o conceito unitário de autor que não distingue autoria de participação. 
[12] 
A exposição de motivos reconhece que o legislador optou por introduzir nos dois 
parágrafos do art. 29 do CP, regras precisas de distinção entre autoria e 
participação, com escopo de eliminar as inúmeras reclamações por parte da 
doutrina em face de decisões injustas. 
Para Juarez Cirino dos Santos, autoria e participação devem ser estudadas de 
acordo com os postulados da teoria do domínio do fato, generalizada na 
literatura contemporânea como critério de definição de autor e de partícipe. [13] 
6. Autoria mediata 
Como já se disse, autor não é apenas o que realiza diretamente a ação típica 
descrita na lei, mas quem consegue a execução através de pessoa que atua 
sem culpabilidade. Zaffaroni define autor mediato com sendo aquele que se vale 
de um terceiro que age sem dolo, que age atipicamente ou que age 
justificadamente, para praticar a figura típica. 
Originariamente a autoria mediata surgiu com a finalidade de preencher as 
lacunas que ocorriam com o emprego da teoria da acessoriedade extrema da 
participação; depois, mesmo com a consagração da teoria da acessoriedade 
limitada, ainda assim, a autoria mediata não perdeu a importância, mantendo-se 
a sua prioridade diante da participação em sentido estrito. 
Como a principal característica da autoria mediata é a utilização de terceiros 
como instrumento que realiza a ação típica em posição de subordinação ao 
controle do autor mediato, pode se afirmar que não há autoria mediata nos 
casos: (a) em que o terceiro utilizado não é instrumento e sim autor plenamente 
responsável, (b) nos crimes de mão de própria, (c) nos crimes especiais próprios 
que exigem autores com qualificação especial e, por fim, (d) nos crimes culposos 
em razão de não existir a vontade construtora do acontecimento. 
Por outro lado pode-se afirmar que as principais hipóteses de autoria mediata 
decorrem: (a) de erro, (b) de coação irresistível, (c) do emprego de pessoas 
inimputáveis e, (d) nos casos do emprego de terceiro que age justificadamente 
sob o amparado de um excludente de criminalidade provocada deliberadamente 
pelo autor mediato. 
7. Co-autoria 
O fenômeno da co-autoria, também conhecido como autoria coletiva, pode ser 
definido como sendo a realização em conjunto por mais de uma pessoa da 
mesma infração. É, no dizer de Juarez Cirino dos Santos, o domínio comum do 
tipo de injusto mediante divisão do trabalho entre os co-autores. [14] Co-autor é 
quem executa, juntamente com outras pessoas, a ação ou omissão que 
configura o delito, razão pela qual se pode afirmar como Mirabete, que co-
autoria é, em última análise, a própria autoria. [15] Funda-se ela sob o principio 
da divisão do trabalho, é por isso que cada um responde pelo todo. 
Cabe por oportuno asseverar, que na autoria coletiva, já que todos aderem de 
forma consciente à realização do comportamento típico, não é necessário que 
todos pratiquem o mesmo ato executivo basta, pois, que a contribuição de cada 
um seja considerada importante para a realização do tipo. Cada um 
desempenha uma função fundamental na consecução do objetivo comum, por 
isso que, ausente a relação de acessoriedade, só resta uma imediata imputação 
recíproca, com todos respondendo integralmente pelo delito. 
8. Participação em sentido estrito 
O instituto da participação foi inserido na reforma da parte geral do Código Penal 
de 1.940 através da lei 7.209/84 que, dobrando-se aos eloqüentes reclames da 
doutrina, em face de inúmeras decisões reconhecidamente injustas, acrescentou 
na parte final do art. 29 e nos seus dois parágrafos, regras que permitem 
distinguir com precisão a autoria da participação. 
A participação em sentido estrito, como espécie do gênero concurso de pessoas, 
é a intervenção ciente e voluntária em um fato alheio, o que faz pressupor a 
existência de um fato principal. O partícipe realiza uma atividade secundaria que 
contribui, estimula ou favorece a execução da conduta proibida. Não pratica a 
conduta descrita no preceito primário da norma penal. Dá-se, portanto, a 
participação quando o agente, mesmo não praticando a conduta principal, 
concorre de qualquer modo para a realização do crime, seja induzindo, seja 
instigando ou auxiliando secundariamente o autor. 
Trata-se, pois, de uma contribuição que não tem conteúdo de injusto próprio, 
assumindo, portanto, o conteúdo de injusto do fato principal. Essa dependência 
se dá em razão da teoria da acessoriedade limitada da participação, ou seja, a 
participação, por ser acessória, para que adquire relevância jurídica é 
indispensável que o autor ou co-autores, pelo menos, iniciem a execução da 
infração penal, caso contrário a conduta do partícipe não é atingida pela norma 
de extensão do artigo 29 do CP. 
8.a). Formas de participação 
Várias são as formas de participar intervindo em um fato alheio: Ajuste, 
determinação, instigação, chefia, organização, auxilio material, auxilio moral 
cumplicidade, adesão sem acordo prévio etc. A doutrina, todavia, tem 
considerado apenas duas formas de participação: instigação e cumplicidade, de 
vez que as demais delas fazem parte. 
8.a.1) Instigação 
Instigar é, segundo a melhor doutrina, agir sobre a vontade do autor, 
acoroçoando, estimulando potencializando ou reforçando a idéia já existente. 
Pode ocorrer também quando o partícipe induz o autor tomando a iniciativa 
intelectual suscitando nele uma idéia até então inexistente. Constitui, portanto, 
incutir na mente do autor principal o propósito criminoso quando a idéia de 
praticar o crime não existe. 
Essa forma de instigação é também conhecida como determinação porque o 
partícipe provoca a decisão do fato mediante a influência psicológica que exerce 
sobre o autor. 
Deve a instigação, todavia, ser dirigida a determinado crime, ficando excluída, 
pois, da participação, a incitação genérica a pratica de infrações penais que, se 
realizada publicamente, poderá configurar a apologia ao crime, mas nunca a 
participação. 
Como o conteúdo da instigação parece-nos traduzir em ação, posto que se 
materializa na influência que o partícipe exerce sobre o psiquismo do autor com 
vistas a realizar o fato definido como crime, é forçoso concluir pela exclusão da 
possibilidade de haver instigação por omissão. 
8.a.2). Cumplicidade 
Cúmplice é aquele que presta auxilio material ao crime exteriorizando a conduta 
através de um comportamento ativo, que pode se efetivar, por exemplo, através 
do empréstimo da arma para a prática do crime, do empréstimo de um veículo 
para facilitar a fuga do autor ou autores etc. 
Necessário se faz consignar, que a cumplicidadepode perfeitamente se dá 
através da omissão, nos casos em que o partícipe tem o dever genérico de agir 
como no caso do criado que deixa a porta do armazém aberta propositadamente 
para facilita a ação do autor do furto. 
Para que seja configurada a participação, é necessário, como já foi dito alhures, 
que haja por parte do partícipe, a consciência de que está participando na ação 
dolosa de outrem e que a sua contribuição tenha efetivamente eficácia causal. 
Trata-se do nexo material e nexo psicológico. 
8.a.3). Participação em cadeia 
Ocorre a chamada participação em cadeia ou participação da participação 
quando se incita a instigar, se incita à cumplicidade, ou seja, quando se é 
cúmplice da instigação ou cúmplice da cumplicidade. Assim, ocorre a 
participação em cadeia, quando se instiga alguém a instigar outro a cometer um 
crime; quando se conserta a arma que o outro vai entregar ao autor para que a 
use na prática do crime. 
Em todos os casos citados a tipificação da participação em cadeia, dependerá, 
de que o autor, ao menos, tente a execução do crime e não de que o outro 
partícipe tente a participação, até porque a tipicidade desta depende, em última 
análise, de que o autor inicie o injusto. 
8.a.4). Participação sucessiva 
Existem ainda, além dos casos de participação em cadeia, os casos de 
participação sucessiva. É o que se poderia chamar, pela semelhança com a 
autoria colateral, de participação colateral. Ocorre quando um partícipe instiga o 
autor ao cometimento de determinado crime e, o outro partícipe, sem saber da 
atuação do primeiro, também instiga o mesmo autor ao cometimento dom 
mesmo crime. Ex.: “A” instiga “B” a matar “C” e, “D”, sem saber da atuação de 
“A”, também, instiga “B” a matar “C”. 
Por obra do obvio, como nos demais casos, a ação dos participes só terá 
relevância jurídica se o fato principal chegou, pelo menos, a ser tentado. É 
preciso deixar claro, entretanto, que a participação do participe sucessivo só terá 
relevância se a sua atuação foi, de fato, decisivo para a decisão do autor. 
8.b). Fundamentos da punibilidade da participação 
Infere-se do disposto no art. 29, que todos: autores, co-autores e partícipes, 
incidem nas penas cominadas ao crime principal. Exceção é feita aos casos em 
que o partícipe ou partícipes aderiram a participação em crime menos grave. 
Malgrado a reforma penal manter a teoria unitária no caput do art. 29, adota, 
entretanto, nos seus parágrafos 1º e 2º, o conceito restritivo de autor deixando 
perfeitamente delineada a distinção entre autor e partícipe. 
A participação de menor importância referida no parágrafo 1º, diz respeito única 
e exclusivamente ao partícipe e não ao co-autor, porque este, 
independentemente da maior ou menor importância da conduta, participa 
diretamente na execução do crime propriamente dito. O tratamento a ele 
dispensado está no caput do art. 29 onde assevera que a sua pena obedecerá 
aos limites abstratos previstos para o tipo penal infringido, podendo variar de 
acordo com a sua maior ou menor culpabilidade. Logo, não existe participação 
de menor importância ao co-autor e sim culpabilidade maior ou menor, conforme 
o caso. 
Em se tratando de partícipe, a possibilidade de sua participação no crime ser 
com atividade de menor importância que o autor ou co-autores, levou o 
legislador a estabelecer uma causa geral de diminuição de pena para a 
participação de menor importância, ao contrário da lei anterior que previa apenas 
uma atenuante genérica no inciso II do art. 48. 
Trata-se, todavia, no dizer de Mirabete, de uma redução facultativa da pena 
podendo o juiz deixar de aplicá-la mesmo convencido da pouca importância da 
contribuição causal para o delito, nos casos em que, mesmo emprestando um 
modesto e desnecessário auxilio, revele o partícipe, uma vontade dirigida ao 
delito em intensidade semelhante a dos demais sujeitos, circunstancia em que 
pode autorizar um juízo de equiparação no plano da culpabilidade. [16]. 
A conduta do partícipe no concurso de pessoas, conforme já se disse, em si 
mesma não é tipificada, só sendo punível em razão da norma de extensão 
contida no “caput” do art. 29. Duas são as teorias que procuram explicar o 
fundamento da Punibilidade da participação através desta norma integradora: 
8.b.1) Teoria da participação na culpabilidade 
Para essa teoria, o partícipe deve ser punido porquanto atua gravemente sobre 
o autor, instigando, induzindo, corrompendo, convertendo ou contribuindo para 
que ele se torne um delinqüente culpável e merecedor de pena. 
Essa teoria peca porque a culpabilidade é pessoal de cada participante, não 
depende da culpabilidade dos demais, por tanto, o fato de alguém ser inculpável 
é algo que só diz respeito a ele. 
Como se isso não fosse suficiente, o motivo determinante para o afastamento 
dessa teoria está no fato de que, com a consagração da acessoriedade limitada, 
a conduta do partícipe se aperfeiçoa com a tipicidade e a antijuridicidade da 
conduta, sendo desnecessário o exame da influência da participação na 
culpabilidade do autor. 
8.b.2) Teoria do favorecimento ou da causação 
No fato do partícipe favorecer ou induzir o autor a praticar uma conduta 
socialmente danosa e intolerável reside o fundamento da sua punibilidade para 
esta teoria. 
O partícipe deve ser punido não porque contribui na ação mas porque com sua 
ação ou omissão colabora para que o crime seja cometido. O desvalor da ação 
do partícipe está, exatamente, em causar ou favorecer a lesão não justificada de 
um bem jurídico por parte do autor, sendo indiferente se este agiu ou não 
culpavelmente, porque a sua vontade estava voltada para a ocorrência do fato 
principal. 
É a teoria dominante na Alemanha e na Espanha e acolhe integralmente a 
formula da teoria da acessoriedade Limitada da participação que, na verdade, 
também e a teoria predominante no Brasil. [17] 
8.c). Princípio da acessoriedade na participação 
Que a participação é uma ação secundária que adere a uma ação principal, a 
doutrina é praticamente unânime nos dias atuais; agora, quanto a sua natureza 
acessória existe sérias controvérsia. Várias são as teorias que procuram 
delimitar o alcance da acessoriedade da participação num evento criminoso, 
destacando-se dentre elas as seguintes: 
8.c.1). Teoria da acessoriedade mínima 
Segundo essa teoria, para se punir a participação basta que ela esteja ligada a 
uma conduta típica, não sendo relevante a sua juridicidade. Isso equivale a dizer 
que uma ação justificada para o autor, constitui crime para o partícipe. 
Assim, aquele que induzir o autor a matar em legítima defesa será condenado 
como partícipe do crime de homicídio, enquanto o autor será absolvido pela 
excludente de antijuridicidade. [18] 
8.c.2). Teoria da acessoriedade limitada 
Essa teoria, diferentemente da anterior, exige que, para se punir a participação, 
a ação principal seja, obrigatoriamente, típica e antijurídica. Significa, pois, que a 
participação é acessória da ação principal até certo ponto, posto que não exige 
que o autor seja culpável. Para esta teria o fato é comum, mas a culpabilidade é 
individual. 
Portanto, a punição da participação só depende do caráter antijurídico da ação 
principal, podendo ocorrer impunidade nos casos em que a doutrina tem 
denominado de provocação de uma situação de legitima defesa, quando o 
instigador induz um terceiro a agredir alguém que sabe estar armado, o qual 
reage e, em legitima defesa, elimina o agressor instigado que o instigador queria 
eliminar. 
Neste caso, o fato da ação principal estar justificada para o autor (não sendo 
antijurídica), desnatura, pelos postulados da teoria da acessoriedade Limitada, o 
caráter da participação, ficando o instigador impune. 
Para a doutrina alemã, o instigador tem o domínio do fato da ação justificada do 
executor e, por contas disso, a solução seria a sua punição como autor mediatodo homicídio. Os agentes foram utilizados com instrumento para satisfazer a sua 
vontade. 
8.c. 3). Teoria da acessoriedade extrema 
Para esta teoria, a relevância jurídica da participação está atrelada a uma 
conduta principal que dever ser típica, antijurídica e culpável excetuando-se, 
somente, as circunstancias agravantes e atenuantes da pena. Assim, se o autor 
da ação principal agisse em erro de proibição, fosse inimputável ou, por qualquer 
outro motivo, fosse inculpável, o partícipe ficaria impune. Neste caso, a 
acessoriedade da participação seria absoluta, ou seja, estaria condiciona a 
punibilidade do autor da ação principal. 
Esta teoria vigorou na Alemanha até 1943. Hoje só é defendida pelos adeptos 
da teoria causal da ação, porquanto, para eles, dolo e culpa integram a 
culpabilidade. 
9. Concurso em crime culposo 
A doutrina alemã não admite o concurso em crime culposo sob o fundamento de 
que qualquer contribuição na causa produtora de um resultado não desejado 
caracteriza, em si mesmo, a autoria. Apregoa a doutrina alemã, sob a influencia 
dos ensinamentos de Welzel e Jescheck entre outros, que quando ocorre a 
cooperação imprudente de vários autores, a contribuição de cada um deve ser 
avaliada separadamente, pois cada um será autor acessório. [19] Este 
posicionamento da doutrina alemã se dá em razão de que o direito Germânico 
adotou a teoria do domínio do fato e, por obra do óbvio, nos crimes negligentes, 
não se têm o domínio do fato. 
Há muito se pacificou na doutrina brasileira a possibilidade de concurso em 
crime culposo, ficando rechaçado, contudo, a participação. No concurso em 
crime culposo não existe o nexo subjetivo no “querer” a realização do resultado 
que por negligencia se sobressai; existe, contudo o vinculo subjetivo e voluntário 
no “querer” realizar a conduta conjuntamente. Os co-autores, agindo sem o 
dever objetivo de cuidado, mesmo sem querer, da causa ao resultado. 
O concurso de agentes no crime culposo difere literalmente daquele do ilícito 
doloso, pois se funda apenas na colaboração da causa e não do resultado que 
sobrevém involuntariamente. Daí a conclusão de que todo aquele que causa 
culposamente o resultado é seu autor, não se podendo falar, portanto, na 
participação em crime culposo. 
Conforme se pode observar, no delito negligente, os agentes cooperam na 
causa, sempre, com uma conduta típica em razão da inobservância do dever de 
cuidado objetivo, logo, só podem ser co-autores, porque a conduta do partícipe 
se caracteriza por ser, em si mesma, penalmente irrelevante. 
10. Concurso de pessoas em crimes omissivos 
Cezar Roberto Bitencourt, lembra que não se pode confundir participação em 
crime omissivo com participação por omissão em crimes comissivos. [20] A 
participação no crime omissivo ocorre normalmente através de uma ação 
positiva do partícipe que leva o autor descumprir uma ordem tipificada como 
crime omissivo. É o caso, por exemplo, do partícipe que instiga o devedor da 
pensão alimentícia a não efetuar pagamento determinado na ordem judicial. Já o 
funcionário do mercado que deixa o caixa aberto propositadamente para facilitar 
o furto é partícipe, com sua ação omissiva, de um crime comissivo. Interessante 
observar, conforme se extrai dos dois exemplos, que, do mesmo modo que os 
crimes comissivos admitem a participação por omissão, os crimes omissivos 
admitem a participação por ação. 
Com emérita propriedade ensina Bustos Ramires que é impossível, entretanto, a 
participação omissiva em crimes omissivos, na modalidade de instigação, de vez 
que não se pode instigar através da omissão pela absoluta falta de eficácia 
causal dessa inatividade. 
É preciso consignar por oportuno, que nos casos em que o agente tem 
igualmente o dever de agir, não será ele partícipe e sim autor ou, como ensina 
Cezar Roberto Bitencourt, caso haja a consciência de anuir a omissão de 
outrem, co-autor, já que o vínculo subjetivo caracterizador da unidade delitual 
tem o mesmo efeito tanto nas ações ativas quando nas ações passivas. 
Observe que se duas pessoas, deixarem de prestar socorro uma pessoa 
gravemente ferida, podendo fazê-lo, sem risco pessoal, praticarão 
individualmente o crime de omissão de socorro. Agora, se nas mesmas 
condições, de comum acordo deixam de prestarem serão co-autoras do crime de 
omissão de socorro. 
Malgrado ser controverso, parte da doutrina admite ser possível, também, a 
participação, nos crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão 
mesmo nos caso em que o partícipe não tem o dever jurídico de agir, até porque 
se tivesse, seria igualmente autor ou co-autor no caso de resolução em conjunto. 
É, pois, perfeitamente possível que uma pessoa que não está obrigada ao 
comando da norma, instigue o garante a não impedir a ocorrência do resultado. 
Neste caso, a atividade do “não garante” foi acessória, secundarias, mas 
contribuiu moralmente para a resolução criminosa do “garante”, que por ter o 
domínio do fato e estar obrigado pela norma é autor. 
O instigador que não tinha o domínio do fato e nem estava obrigado pela norma, 
contribuiu mas não cometeu crime autônomo, por que a tipicidade de sua ação 
só pode ser encontrada através da norma de extensão que regula a conduta do 
partícipe. 
11. Autoria Colateral 
Há a autoria colateral quando duas ou mais pessoas, agindo sem qualquer 
vínculo subjetivo, portanto, sem que uma saiba da outra, praticam condutas 
convergentes objetivando a prática da mesma infração penal. 
Alguns a identificam como co-autoria lateral ou imprópria. Ocorre, por exemplo, 
quando duas pessoas, pretendendo matar a mesma vítima, postam-se de 
emboscada, ignorando cada uma a intenção da outra e atiram na vítima ao 
mesmo tempo vindo a vitima a falecer. Nesse caso não há concurso de pessoas, 
mas sim autoria colateral. 
A autoria colateral nada mais é do que o agir conjuntamente de várias pessoas, 
sem reciprocidade consensual, num mesmo empreendimento criminoso. Tem 
como elemento caracterizador a ausência de vínculo subjetivo entre os 
intervenientes. Entretanto, não é a adesão a resolução criminosa que não existe, 
mas sim o dolo dos participantes individualmente considerado que estabelece os 
limites da responsabilidade jurídico penal dos autores. 
Nesse aspecto a diferença prática que existe entre a co-autoria e a autoria 
colateral é marcante. Se duas pessoas se colocam de tocaia, sem que um saiba 
da existência da outra, e ambas, ao mesmo tempo, disparam matando a vitima, 
cada um responderá individualmente pelo crime cometido. Já se existisse o 
vinculo subjetivo, responderiam como co-autores do crime de homicídio 
qualificado. 
A diferença se apresenta no fato de que, havendo a co-autoria, se torna 
indiferente saber quem foi o autor do disparo letal, vez que os dois responderão 
pelo crime consumado. Já havendo a autoria colateral é indispensável saber 
quem foi o autor do disparo fatal porque só ele responderá pelo crime 
consumando, o outro responderá pelo crime tentado. 
Por outro lado, se no mesmo exemplo não for possível precisar quem foi o autor 
do disparo que matou a vítima, estar-se-á diante de um caso de autoria incerta, 
que não se confunde com autoria desconhecida, porque nesta não se sabe 
quem praticou a ação enquanto que, naquela, sabe-se quem praticou a ação, 
mas, não se sabe quem produziu o resultado, levando os dois, em face do 
princípio “in dúbio pro reo” a condenação pelo crime tentado. 
12. Multidão delinqüente 
Fora dos casos de associação criminosa, pode ocorrer que, eventualmente, uma 
multidão, em situação ou momento de elevado furor, perde o senso da razão, o 
respeito as leis e passa agir em desacordo com os padrões éticos e morais, 
cometendo graves crimes, como é caso de linchamentos, saques, depredações 
etc. 
Essa forma incomum de concurso de pessoas, apesar da ação desordenada e 
as circunstancias normalmente traumática em queocorre, não afasta a 
existência do vínculo psicológico entre os integrantes da multidão. 
Assim, nos exemplos anteriores, todos responderão por homicídio, roubo e 
dano, devendo ser apurado durante a instrução criminal a maior ou menor 
participação de cada um. Aqueles que agiram sob a influencia de multidão em 
tumultuo poderão ter suas penas atenuadas nos termos do art. 65, III, “e” do CP. 
Já os que promoveram, organizaram, lideraram a pratica criminosa ou dirigiram 
a prática dos demais, terão a pena agravada nos termos do art. 62. “I” do CP. 
13. Participação impunível 
A participação, materializada na contribuição dolosa a fato principal doloso de 
outrem, por não ter conteúdo de injusto próprio, assume o conteúdo de injusto 
do fato principal, ficando a sua tipificação condicionada a que este seja, pelo 
menos, tentado. É o principio da acessoriedade Limitada, acolhido pelo art. 31 
do CP que faz com que a participação fique limitada ao tipo de injusto principal. 
Ressalta-se, todavia, que, além dessa dependência, a participação para se 
aperfeiçoar depende, também, da sua eficácia causal e da consciência e 
vontade de participar na ação comum. 
Com efeito, pelo mandamento do art. 31, a participação num crime que não 
chegou a ser iniciado não teve eficácia causal e, sem ela, na há que se falar em 
participação criminosa. Logo, nessas circunstancias, a participação, como 
atividade acessória que é, em qualquer de suas formas não será punível, a 
menos é que, por si só, se enquadre na ressalva do dispositivo, como crimes 
autônomos como é o caso da formação de quadrilha e da incitação ao crime. 
Ora, se num concurso de pessoas o próprio código prevê a possibilidade de 
algum dos concorrentes ter querido participar de um crime menos grave do que 
o que efetivamente foi praticado pelos demais, está claro que não se pode 
admitir de forma simplista que adotou a teoria monista. 
Parece-nos que, neste aspecto 
14. Punibilidade do concurso de pessoas 
As dificuldades apresentadas nos casos da delinqüência coletiva sempre 
pairaram na individualização da conduta de cada um dos integrantes da 
empresa crimina. Já foi axaustivamente falado que, embora num concurso de 
pessoas todos contribuam para a consecução de um fim comum, as condutas 
praticadas pelos colaboradores não são e nem podem ser, consideradas 
equânimes. 
Se assim fosse, não haveria dificuldade aos aplicadores do direito. Bastaria 
apenar igualitariamente a todos os integrantes da empresa criminosa, que se 
estaria fazendo justiça. 
Ocorre que, como é cediço, na prática isso não se verifica. Para se fazer justiça, 
é necessário que cada um seja apenado na medida certa da sua culpabilidade, 
ou seja, na medida daquilo que individualmente contribuiu para o delito, até 
porque, a culpabilidade só vai até onde o dolo do agente for, caso contrário 
estaria se contemplando a odiosa responsabilidade objetiva há muito banida do 
direito penal brasileiro. 
A reforma penal de 1.984, atenta a tudo isso, dispôs no art. 29 do CP que todos: 
autores, co-autores e partícipes, incidem nas penas cominadas ao crime 
praticado, ficando ressalvado no caso destes últimos terem queridos praticar 
crime menos grave, quando então se aplica a pena deste. 
Observa-se que a reforma manteve a teoria monista más adotou, entretanto, a 
teoria restritiva de autor fazendo, assim, perfeita distinção entre autor e partícipe 
os quais, apesar de abstratamente incorrem na mesma pena, no plano da 
concreção ela sofrerá variações segundo a culpabilidade de cada um. 
A nós quer parecer que o citado dispositivo tem relevância apenas para tipificar 
a conduta do partícipe, porque, a conduta daquele que intervém materialmente 
na execução do crime (co-autor), já está tipificada na norma incriminadora 
violada. Logo, por ser uma norma de extensão, o art. 29 só é indispensável para 
a punibilidade do partícipe, porque sem ele, a sua conduta seria irrelevante para 
o direito penal ou, em última análise, se enquadraria em tipo autônomo, mas 
nunca naquele que voluntariamente aderiu. 
14.a). Participação de menor importância 
Preceitua o § 1º do artigo 29 do CP, uma redução facultativa da pena entre um 
sexto a um terço, se a participação for de menor importância, deixando, 
entretanto, a cargo da doutrina definir o que seria participação de menor 
importância. 
Está claro que a redação do citado artigo se refere a atuação do partícipe e não 
do co-autor, porque este atua no núcleo da figura típica, portanto, ainda que 
tenha dado contribuição menor, atuou diretamente na execução do delito. 
Não pode ser considerada participação de menor importância os caso em que a 
instigação e a cumplicidade foram determinantes para o crime. Induvidosamente 
há caso em o autor tem a idéia, tem os meios e lhe falta muito pouco para 
decidir. Há, também, entretanto, casos em que a decisão do autor está muito 
mais distante e o trabalho do autor tem de ser muito mais demorado, constante e 
até insidioso. Trata-se, pois, a infração de menor importância, no dizer de 
Zaffaroni, de uma questão de grau, que o julgador deve estabelecer em cada um 
dos casos concretos. [21] 
14.b) Cooperação dolosa distinta 
Conforme já se demonstrou, a doutrina moderna considera que a participação é 
acessória de um fato principal, o que pode resultar, nos caso de instigação ou 
induzimento que o resultado produzido pelo autor seja diverso daquele 
pretendido pelo partícipe. O crime efetivamente praticado pelo autor principal 
não é o mesmo que o partícipe aderiu, logo, o conteúdo do elemento subjetivo 
do partícipe é diferente do crime praticado. Por exemplo, “A” determina a “B”, 
que de uma surra em “C”. por razões pessoais, “B” aproveita o ensejo e mata 
“C”, excedendo na execução do mandato. Antes da reforma Penal inserida pela 
Lei 7.209/84, os dois responderiam pelo delito de homicídio. 
Para regular os casos de cooperação dolosa distinta ou, Como preferem alguns, 
os casos de desvio subjetivo de condutas, como no exemplo citado, de vez que 
as decisões em casos tais eram severamente criticadas, porquanto 
reconhecidamente injustas, o legislador ao reformar a Parte Geral do CP dispôs 
no § 2.º do art. 29 que “se algum dos concorrentes quis participar de crime 
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a 
metade, na hipótese de se ter sido previsível o resultado mais grave”. 
Conforme se observa, o desvio subjetivo de condutas passou a ter tratamento 
adequado e justo. No exemplo anterior, a reforma leva a punição de “A” pelo 
crime de lesões corporais por ser o crime que efetivamente queria, podendo, 
entretanto, a pena ser aumentada de até a metade se o homicídio era previsível. 
O concorrente só responde de acordo com o quis, segundo o seu dolo e não de 
acordo o dolo do autor. 
Apesar da aparente solução nos casos de participação dolosa distinta, a reforma 
apresentou uma verdadeira “vexata quaestio” nos casos de participação em 
crimes com dolo no antecedente e culpa no conseqüente, ou seja, nos crimes 
preterdolosos, como no caso da lesão corporal seguida de morte. 
O contra senso é exposto inteligentemente pelo professor Damásio de Jesus. 
Segundo ele, pela disposição da parte especial, o autor que, querendo produzir 
lesões corporais, acaba causando a morte, mesmo não a desejando, responde 
pelo delito de lesões corporais seguida de morte. Já o partícipe, nas mesmas 
circunstâncias, segunda a norma em exame, responderá pelo delito de lesões 
corporais. Se o crime mais grave for previsível sua pena será aumentada até a 
metade. O contra-senso está no fato de que o autor ou co-autor do crime 
receberia uma pena mínima de quatro anos e, o partícipe, três meses de 
detenção, que, no caso de ser aumentado da metade chegaria a quatro meses e 
meio. [22] 
Conclui-se, em face disse, que a reforma deu tratamento justo ao partícipe nos 
casos de cooperação dolosadistinta quando o resultado diverso for doloso, 
criou, contudo, um contra-senso nos casos de participação dolosa distinta em 
crimes preterdolosos, posto que o partícipe fica praticamente impune. 
15. Circunstancias incomunicáveis 
Um dos mais tormentosos problemas da responsabilidade penal tem sido a 
comunicabilidade ou incomunicabilidade das circunstâncias que envolvem autor 
e crime. 
O art. 30 do CP dispõe que, “não se comunicam as circunstancias e as 
condições de caráter pessoal, salvo quando elementar do crime”. 
Para Cezar Roberto Bitencourt, essa redação dada pela reforma de 1984 pode 
ter ampliado esse conflito ao incluir as circunstancias de caráter pessoal 
distinguindo-as das circunstancias. [23] 
Circunstancias são dados, fatos, elementos ou peculiaridades que apenas 
circundam o fato sem integrar a figura típica, contribuindo, entretanto, para 
aumentar ou diminuir a sua gravidade. Podem ser objetivas e subjetivas. 
Objetivas são as que dizem respeito ao fato, a qualidade e condições da vitima 
ao tempo, lugar, modo e meio de execução do crime. Subjetivas as que se 
referem aos agentes, as suas qualidades, estado, parentesco, motivo do crime 
etc. 
Elementares são dados, fatos, elementos e condições que integram 
determinadas figuras típicas, cuja supressão faz desaparecer ou modificar o 
crime, transformando-o em outra figura típica. 
Tais circunstâncias e condições, quando não constituem elementares do crime, 
pertencem exclusivamente ao agente que as tem como atribuo logo, não se 
comunicam. Cada um responde pelo crime de acordo com sua circunstancias e 
condições pessoais. 
Nos casos de constituírem circunstâncias elementares do crime principal, as 
condições e circunstancias de caráter pessoal, comunicam-se dos autores aos 
partícipes mas não dos partícipes aos autores por ser a participação acessória 
da autoria.

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