Buscar

INTRODUÇÃO A MTC E ACUPUNTURA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Curso de Acupuntura 
 
 
 
 
 
 
Coordenação 
Prof. Dr. Caio Imaizumi - Fisioterapeuta acupunturista 
Doutor em Engenharia Biomédica (Tese em Laseracupuntura) 
Especialista em Fisiologia Humana 
Especialista em acupuntura 
Crefito 3: 91198F 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO A MTC E ACUPUNTURA 
 
 
 
Huangdi 
黃帝 
Imperador Amarelo 
 
O Imperador Amarelo como descrito em uma tumba a partir de meados do 
século II aC 
 
Huang Di ou Huang-Ti (黃帝) (pinyin: huángdì), conhecido como o Imperador 
Amarelo, é um dos Três Augustos, reis lendários, sábios e moralmente perfeitos 
que teriam governado a China durante um período anterior à Dinastia Xia. O 
Imperador Amarelo teria reinado de 2697 a.C. a 2597 a.C. É considerado o ancestral 
de todos os chineses da etnia Han (a principal etnia da China) e o introdutor do 
antigo calendário chinês, bem como o criador lendário de importantes elementos da 
cultura chinesa, como o taoismo, a astrologia chinesa,o Shuai Jiao, a medicina 
chinesa e o feng shui (geomancia chinesa). 
Conta a tradição que, desde criança, Huang Di era muito perspicaz, dotado de uma 
inteligência fora do comum e capaz de estabelecer raciocínios avançados, além do 
normal para a sua idade, sobre os mais variados temas. Durante o seu reinado, 
Huang Di interessou-se especialmente pela saúde e pela condição humana, 
questionando os seus ministros-médicos sobre a tradição médica da época. 
Ele passou a ser considerado um grande herói e fundador da nação chinesa, após 
liderar sua tribo, a dos Youxiong, para a vitória contra a tribo vizinha dos Shennong, 
na Batalha de Banquan. Nessa batalha, que na verdade foi uma série de três 
embates, Huangdi venceu o segundo dos lendários Augustos, Shen Nong, e uniu 
as duas tribos para criar a nação Huaxia, o povo chinês. Mais tarde, com a ajuda de 
Shen Nong, agora seu amigo e aliado, Huangdi venceu uma força invasora de 
bárbaros do leste, os Dongyi, que eram liderados por Chi You, na Batalha de Zhuolu. 
Essas duas batalhas memoráveis imortalizaram a figura de Huangdi, e ele então 
ascendeu como o terceiro dos grandes Augustos e herdeiro de Fu Xi. 
O Clássico Livro do Imperador Amarelo 
 
Do registro das conversas entre Huang Di e seus ministros, surgiu a obra conhecida 
actualmente como Nei Jing (内經) (pinyin: Nèijīng) - "O Clássico do Imperador 
Amarelo". Essa obra é considerada um dos livros fundamentais da medicina 
tradicional chinesa. Divide-se em dois livros, de 81 capítulos cada um: 
� O Su Wen - "Tratado de Medicina Interna" 
� Ling Shu - "O Pivô Maravilhoso". 
Além de uma concepção sobre a patologia humana, suas causas e tratamentos, 
contém prescrições sobre a vida e "adaptação" do ser humano de acordo com o 
sexo e faixas de idade, distinguindo diferentes ciclos: sazonais (5 estações), ciclos 
circadianos (Yin/Yang) e ciclos infra e ultradianos ("a grande circulação da energia" 
que obedece aos cinco elementos e o ciclo vital) que delimitam a relação dos órgãos 
internos com as fases do dia ou períodos comuns da vida humana envolvendo o 
nascimento, maturação sexual e envelhecimento. 
Há muitas versões sobre a origem desses textos ideográficos. Alguns estudiosos 
da história da China acreditam que o Nei Jing tenha sido realmente escrito por um 
grupo de médicos do Período dos Reinos Combatentes 480-221 a.C. ou no séc. III 
a.C. época associada à conquista do ferro e aos grandes clássicos da cultura 
chinesa que originaram o taoismo (a partir do Tao Te King de Lao Tsé que teria 
vivido por volta dos séculos VII ou VI a.C.) e o confucionismo a filosofia de Confúcio 
(551 a.C.-479 a.C.). Os sábios da corte teriam feito uma síntese da tradição oral 
médica chinesa daquela época. Naturalmente, face aos recursos da escrita 
artesanal e à instabilidade política da época, teria sofrido diferentes adaptações e 
versões. 
Os primeiros papéis produzidos na China datam do século II de nossa era, 
descobertos em antigo sítio arqueológico do período Han (estampados como 
tabuinhas que resultaram na invenção da xilografia século VIII a.C. e tipografia entre 
1380 e 1430). O primeiro texto de ampla divulgação encontrado é a Sutra do 
Diamante (Jingangjijing), o que se deve à divulgação do budismo. A partir dos 
séculos XII e XIII, ocorreram as primeiras grandes coleções de textos 
enciclopédicos. 
Segundo os eminentes sinólogos Needham e Gwei-Djen é um consenso acadêmico 
a opinião que o Suwen pertence ao século II a.C. início da Dinastia Han. Eles 
afirmam ainda que há evidências de que o Suwen é mais recente do que o clássico 
farmacêutico, do Imperador Shennong, "Bencao Jing". 
A versão da dinastia Tang (618-906) é uma das mais conhecidas graças ao poder 
e riqueza dessa época. Contudo, a versão mais antiga (clássica) corresponde à 
dinastia Han. O Livro do Imperador Amarelo, na sua forma atual, encontrou 
respaldo, apesar de mais recente, nos achados recuperados em 1973 do túmulo nº 
3 em Mawangdui, Changsha, na província de Hunan segundo Fu Weikang (o.c.). 
Além do cânone básico, a fabricação do aço - imprescindível para compreensão e 
prática da acupuntura moderna - e potencial divulgação do papel são referências 
suficientes para associar a etnia Han ao desenvolvimento da acupuntura. As 
primeiras referências à fundição do ferro são anteriores à esta, correspondendo à 
dinastia Chou (513 a.C.). Contudo, nada impede ter ocorrido a prática da acupuntura 
com agulhas de bronze (2000 a.C.) ou mesmo pedra e ossos. 
Múltiplas possibilidades de interpretação 
A própria existência mítica ou histórica, do Imperador Amarelo, com respectivos 
descendentes é amplamente questionável, não há dúvidas, porém, de seu 
importante legado à medicina. Na perspectiva da antropologia estrutural, o Livro do 
Imperador Amarelo corresponde segundo Lévi-Strauss a um "documento bruto", o 
que equivale a uma etnografia elaborada por representantes da própria etnia, 
opinião da qual também partilham Durkheim e Mauss. A abordagem etnográfica 
traz, com ela, a dificuldade de comparar povos sem escrita vivendo organizações 
naturais de famílias, clãs e tribos ou nações com formações culturais complexas 
organizadas no tempo e espaço a partir da escrita em interação com a nossa 
civilização. 
No caso da China, com cinco mil anos de história e sociedades pré–econômicas, 
protoeconômicas, pré-científicas ou pré-industriais, dificilmente se aplicam períodos 
anteriores a formações imperiais, dado o volume do comércio e tecnologia que se 
registra desde 2000 a.C., data em torno da qual se assinalam o fim do período 
neolítico, as técnicas de cerâmica Longshan e Yang Shao e os mitos que 
fundamentam a organização imperial dos cinco e três imperadores ancestrais. 
O estudo da dinastia Han, por sua vez, nos remete à difícil distinção conceitual, na 
perspectiva antropológica entre etnias e dinastias ou à organização destas a partir 
das lutas internas pelo poder imperial. Identificam-se, hoje, na República Popular 
da China, 56 etnias, 55 destas (60 milhões de pessoas) sob a sombra do poder da 
principal nacionalidade, segundo Haesbaert, o grupo Han, que envolve 93% da 
população. 
Para Carneiro, 2000 no período Han (202 a.C. - 248 AD) houve contatos com 
romanos, e se estabeleceu a Rota da Seda, o que favoreceu em paralelo à 
exportação e importação de ideias e técnicas. Neste período desenvolveu-se ainda 
mais o racionalismo que se opunha às crenças supersticiosas, sendo comparado 
por Joseph Needham ao período Hipocrático da medicina chinesa. É também desse 
período a primeira referência à teoria dos meridianos nos Manuscritos Médicos de 
Mawangdui escritos em seda desenterrados em Mawangdui em 1973. 
O citado estudioso da civilização chinesa Joseph Needham (1900-1995), da 
Universidade de Cambridge, compartilha da ideia de que a medicina chinesa está 
embrionicamente integrada ao nosso processo civilizatório. Identifica uma série de 
"coincidências" deperíodo histórico e estrutura conceitual entre esta e a medicina 
hipocrática, inclusive entre os textos (66 tratados) que compõem o Corpus 
Hippocraticum (460 – 379 a.C.), destacando a concepção dual, a dinâmica dos cinco 
elementos, a relação microcosmo–macrocosmo e, em especial, a relação entre 
saúde e meio ambiente. 
Medicina tradicional chinesa 
A medicina tradicional chinesa (MTC), também conhecida como medicina chinesa 
(em chinês 中醫, zhōngyī xué, ou 中藥學, zhōngyaò xué), é a denominação 
usualmente dada ao conjunto de práticas de medicina tradicional em uso na China, 
desenvolvidas no curso de sua história. A MCT é utilizada principalmente como 
medicina alternativa, com caráter complementar - e não substitutivo - à medicina 
alopática. 
A MCT tem por princípio básico a teoria da energia vital do corpo (chi ou qi) que 
circula pelo corpo através de canais, chamados de meridianos, os quais teriam 
ramificações que os conectariam aos órgãos. Os conceitos de “corpo” e “doença” 
utilizados pela Medicina Tradicional Chinesa se baseiam em noções de uma cultura 
pré-científica, similar à teoria europeia dos humores (humorismo), em voga até o 
advento das pesquisas médicas modernas dos anos 1800. Pesquisas científicas 
não encontraram nenhuma prova fisiológica ou histológica dos conceitos 
tradicionais chineses, como qi, meridianos ou mesmo pontos de acupuntura. 
A teoria e a prática da Medicina Tradicional Chinesa não são baseadas em 
conhecimento científico, e seus praticantes discordam grandemente sobre os 
diagnósticos e os tratamentos dos pacientes. A eficácia da medicina fitoterápica 
chinesa continua pouco pesquisada e documentada. 
Pesquisas farmacêuticas têm explorado o potencial de criação de novos remédios 
baseados em princípios ativos que poderiam ser encontrados em soluções da MCT, 
mas têm obtido pouco sucesso. Editorial da revista especializada “Nature” descreve 
a Medicina Tradicional Chinesa como repleta de pseudociência (“fraught with 
pseudoscience”). 
Uma história que não corresponde exatamente a China que conhecemos hoje, e 
sim ao Oriente, ao longo de milhares de anos, quando foram se consolidando as 
fronteiras dos atuais países e desenvolvendo uma civilização que reuniu mais da 
metade das descobertas e invenções tecnológicas do "mundo moderno". 
Para Padilla (o.c.) a medicina chinesa pode ser considerada, portanto, uma 
"sistematização" das mais antigas formas de medicina oriental, abrangendo, para 
fins de estudo, as outras medicinas da Ásia, como os sistemas médicos tradicionais 
do Japão, Taiuan, da Coreia, do Tibete e da Mongólia. 
A MTC foi desenvolvida empiricamente a partir da experiência clínica, e 
documentada em muitos textos, hoje clássicos. Se fundamenta numa estrutura 
teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. Ela inclui entre seus 
princípios o estudo da relação de yin/yang, da teoria dos cinco elementos e do 
sistema de circulação da energia pelos meridianos do corpo humano. 
Tendo como base o reconhecimento das leis fundamentais que governam o 
funcionamento do organismo humano e sua interação com o ambiente segundo os 
ciclos da natureza, procura aplicar esta compreensão tanto ao tratamento das 
doenças quanto à manutenção da saúde através de diversos métodos. 
Os principais métodos de tratamento da medicina tradicional chinesa basicamente 
são: 
� Tui Na ou Tuiná (推拿) 
� Acupuntura (針疚) 
� Moxabustão (艾炙) 
� Ventosaterapia (拔罐) 
� Fitoterapia chinesa (中药) 
� Terapia alimentar chinesa (食療) ou dietoterapia chinesa 
Práticas físicas: exercícios integrados a prática de meditação relacionadas à 
respiração e à circulação da energia, como o qi gong (氣功), o Tai ji quan (太極拳) 
e outras artes marciais chinesas internas que podem contribuir para o reequilíbrio 
do organismo. Estas práticas são consideradas simultaneamente métodos 
profiláticos para a manutenção da saúde e formas de intervenção para recuperá-la. 
Práticas como o Zhan Zhuang (站椿), o Baduanjin (八段锦) e o Lian gong (练功
)são realizadas atualmente fora do contexto das artes marciais. 
A medicina tradicional chinesa utiliza a fitoterapia e outros medicamentos como seu 
último recurso para combater os problemas de saúde. 
Segundo sua crença básica, o corpo humano dispõe de um sistema sofisticado para 
localizar as doenças e direcionar energia e recursos para curar os problemas por si 
mesmo. 
O objetivo dos esforços externos deveria se focar em cuidadosamente auxiliar as 
funções de auto cura do corpo humano, sem interferir. Refletindo esta mesma ideia, 
um ditado chinês diz que "qualquer remédio tem 30% de ingredientes venenosos". 
Atualmente, a medicina tradicional chinesa está progressivamente incorporando 
técnicas e teorias da medicina ocidental em sua práxis, em especial os tipos de 
exames sem características invasivas. 
Outras técnicas associadas a estes métodos: 
� Gua Sha ou "esfregar moedas" (刮痧), técnica associada ao Tui Na. 
� Auriculopuntura (耳燭療法), especialidade da acupuntura. 
Datas históricas da Medicina Tradicional Chinesa 
Além de datas específicas de conquistas da arte médica, a invenção da escrita e 
metalurgia modificaram os rumos e evolução dessa técnica no contexto da 
civilização chinesa. 
4115 – 4365 aC. - Yang Shao, parentesco matrilinear; Lung Shao, parentesco 
patrilinear [20] - condição essencial para entender as regras avô-filho-neto no 
estudo dos 5 elementos. 
2000 aC - Fundição do Bronze / dinastia Shang 
1400 aC. - Descoberta do álcool na dinastia Shang (1800 aC. – 1100 aC.) No norte 
da China 
600 aC. - Cunhagem de moedas de cobre (Zhou) 
513 aC.- Primeira referência a fundição do ferro 
501 a C. - Referência a 4 processos de diagnóstico médico: exame da tez; da língua; 
auscultação com técnicas da época; exame de pulso e história médica do paciente 
479 a C. - Data tradicional da morte de Confúcio (551 – 479) 
436 a C. - Cálculo do ano solar 365 dias 3, 1/4 
289 a C. - Morte de Mêncio, discípulo de Confúcio 
200 aC. – 0 dC. - Primeira dinastia Han, Consolidação da unificação da escrita 
(pincel sobre papel); "Publicação" do Livro do Imperador Amarelo; paquímetro 
graduado em "cun"; rota da seda – contato com mundo árabe 51 a.C.; contato com 
romanos; Doutrina dos 5 elementos e Yin Yang. 
200 a.C. - século II a.C..- Siderurgia do aço 
113 a.C. - Agulhas de ouro e prata incluídas na tumba do príncipe Liu Sheng 
140 a.C. - Primeira obra de alquimia chinesa 
160 a.C. - Hospitais - controle do ensino médico na corte 
28 a.C. - Início do registro sistemático das manchas solares 
0 – 200 d.C.- Segunda dinastia Han; Primeiros hospitais, que aumentam de número 
com desenvolvimento do Budismo 
50 - Chegada do Budismo 
215-282 - O médico Zhenjiu Jiayijing de Anding – Gansu publica uma síntese e 
sistematização do nei jing definindo nomes para 348 pontos 
300 (século IV) - Publicação das coletâneas de Ge Gong refere-se a moxa com alho 
e sal para infecções com pus e diversas outras indicações em “Receitas para casos 
urgentes ao alcance da mão” 
600 - Publicação tipográfica (?) sobre acupuntura 
618-917 - Dinastia Tang cria o Instituto de Medicina Imperial (Tai Yi Shu) com 
departamentos separados de acupuntura, moxabustão e farmacologia 
624 - Início dos exames sistemáticos controlados pelo estado representado pelo 
Tai-yi-chou (grande serviço médico) cujo quadro efetivo era de 349 funcionários 
900 - Impressão com blocos de madeira 
1000 - Impressão c/ tipos móveis 
1200 - impressão de ilustrações; publicações de trabalhos de botânica 
1500 - Hospitais colônias de leprosos 
1518-1593 (século XVI) - O médico Li Shizhen publica Compêndio de matéria 
médica (Ben Cao Gang Mu) com recomendações da moxabustão para esquentar 
os canais e eliminar o frio e umidade. Inclui detalhada descrição da farmacopéia até 
então conhecida, reunindo 443 produtos derivados de animais; 1074 substancias 
vegetais e 354 produtos minerais. 
História da acupunturaA história da Acupuntura é indissociável da história da Medicina na China. Há que 
se recordar que a cultura chinesa tem a mais antiga tradição de linguagem escrita 
(desde 3100 AC). Isto permitiu a transmissão de conhecimentos entre gerações, 
sem a deturpação típica da tradição oral. Na China, a história, período após o 
surgimento da escrita, é anterior à idade dos metais. 
Animais estimulam pontos doloridos em seu próprio corpo, para alívio. O homem 
pré-histórico provavelmente já fazia o mesmo. 
Na China antiga já se utilizavam as “Pedras Bian”, pedras pontiagudas, para 
tratamento da dor por estímulo de pontos doloridos, ou pontos “Ashi”. Em ruínas 
chinesas, da idade da pedra, datadas entre 10000 e 4000 AC, foram encontradas 
estas pedras. 
Em achados datados da Dinastia Shang , cerca de 1000 AC, já havia agulhas de 
bronze. 
A medicina chinesa começou seu desenvolvimento documentado na era da Dinastia 
"Zhou", de 1027 AC a 221 AC. Naquele período, a medicina chinesa evolui de uma 
medicina xamânica, onde as doenças eram consideradas obras de espíritos 
demoníacos, para uma medicina mais evoluída, com embasamento filosófico. 
Durante o período chamado de "Média Era Zhou", de 772 AC a 480 AC, o 
confucionismo estabeleceu-se como um dos três pilares filosóficos da medicina 
chinesa (Confucionismo, Taoísmo e Budismo). Deste período vem a noção de que 
os atos de uma pessoa afetam diretamente a sua saúde, afastando a ideia de que 
as doenças eram de origem demoníaca. 
Durante a "Era Zhou Tardia" de 480 AC a 221 AC, surgiu na China o Taoísmo. Data 
desta era uma das mais significativas diferenças entre a medicina Chinesa e a 
Ocidental. A persistência de antigas tradições mágico-demoníacas da Medicina 
Chinesa foram mantidas, junto a conceitos mais modernos de etiopatogenia. 
Esta característica de manutenção de antigos conhecimentos junto a novos, é algo 
que a construção substitutiva da medicina Ocidental não soube fazer. No ocidente, 
o conhecimento moderno apaga o antigo. Na tradição Chinesa, o conhecimento 
antigo não é desprezado, mas fica armazenado, para referência. 
A persistência deste conhecimento, em nossos dias, leva alguns praticantes de 
Medicina Chinesa a desconsiderar o conhecimento científico moderno, atendo-se 
ao caráter místico do conhecimento antigo. Tal fato deve ser visto com cautela. Um 
exemplo desta afirmação é a antiga prescrição de Acupuntura para apendicite 
aguda, que, sendo eficaz para aliviar a dor, sem o correto diagnóstico, pode retardar 
o tratamento cirúrgico, com grandes prejuízos para o paciente. 
Em seguida, a dinastia "Qin" de 221 AC a 206 AC, embora conhecida como período 
de "queima de livros", teve o mérito de adotar a moeda e sistematizar pesos e 
medidas, construir estradas e organizar a escrita, promovendo o crescimento 
econômico e cultural para a Dinastia Han, de 206 AC a 220 DC. . 
Datam desta época, três livros importantes da Medicina Chinesa. O Ma Wang Hui', 
o Nan jing (clássico das dificuldades) e o Huang Di Nei jing,o livro do imperador 
amarelo. Foi redigido entre o primeiro e segundo séculos antes de Cristo, como uma 
compilação do conhecimento médico então existente. Escrito como se fosse pelo 
mítico "Imperador Amarelo", que teria vivido entre 2698 AC a 2598 AC, é dividido 
em dois livros. O primeiro, Su Wen, questões fundamentais, discorre sobre a teoria 
médica da época. O segundo livro, Ling Shu, ou eixo espiritual, é um manual de 
acupuntura. Os dois livros tratam da aplicação dos conceitos de Ying e Yang na 
medicina, da teoria dos cinco elementos (ou cinco movimentos), descrevem a teoria 
dos meridianos, tratam do conceito do Qi e atribuem definitivamente aos sintomas 
causas orgânicas ao invés de causas sobrenaturais. 
Durante a Dinastia Han, a fisiologia foi compreendida como a inter-relação entre os 
sistemas orgânicos. 
Entre 220 e 589, a China passou por novo período de instabilidade política. A 
introdução do budismo, embora pouco tenha modificado as práticas médicas então 
vigentes, introduziu o conceito de manutenção da saúde pela prática de exercícios 
físicos e de meditação. É desta época o livro Zhen Jiu Jia Yi Jing que é um texto 
clássico da acupuntura e moxibustão. Detalha os meridianos, os pontos e as 
técnicas de tratamento por acupuntura e moxibustão. 
Também deste período é a expansão da acupuntura para o Japão, Coreia e 
Vietnam. Na curta Dinastia Sui, de 590 a 617, o médico Sun Si Miao combinou as 
teorias taoístas e budistas com a correspondência sistemática entre os sinais, 
sintomas e as doenças. Também descreveu vários pontos de acupuntura 
localizados fora dos meridianos tradicionais, chamados de "Pontos Extras". 
A dinastia Tang (618 a 906) é conhecida como a segunda idade do ouro na China. 
O império foi unificado. Os pilares filosóficos (Confucionismo, Taoísmo e Budismo) 
e o contato com outras culturas fizeram a China crescer intelectualmente. Nos 
outros países do oriente, a acupuntura ganhou terreno e foi bem estudada. Em 702, 
é fundada a primeira escola médica imperial, em Nara, Japão, onde se ensinou a 
acupuntura. Entretanto, o desenvolvimento da acupuntura, na China no período 
Tang, foi modesto. Isto, porque a grande preocupação dos imperadores, era que se 
desenvolvessem elixires da longevidade. 
A dinastia Song (960 a 1264) foi um período chamado de Neo-confucionismo. O 
conceito de Qi tornou-se outra vez popular e os princípios básicos da Medicina 
Chinesa ficaram bem estabelecidos em todas as áreas, acupuntura e moxibustão, 
farmacoterapia, nutrologia, etc. Em 1255, com a "Viagem à Terra dos Mongóis", o 
europeu William de Rubruk já fazia referências à acupuntura. 
A Dinastia Yuan, de 1264 a 1368 é o período durante o qual a China foi dominada 
pelos mongóis, liderados por Gengis-Khan. O neoconfucionismo prosseguiu e a 
acupuntura, também progrediu. Em 1341, o médico "Hua Shuo" publicou Shi Si Jing 
Fa Hui. Este texto descreveu 303 pontos dos chamados 12 meridianos regulares e 
51 pontos em dois meridianos extraordinários, totalizando 657 dos 670 pontos 
clássicos de acupuntura. 
A dinastia Ming, de 1368 a 1644, foi o período de consolidação do conhecimento 
médico chinês e, consequentemente, da acupuntura. Entre 1518-1593 o médico Li 
Shizhen publica Compêndio de matéria médica (Ben Cao Gang Mu) com 
recomendações da moxabustão para esquentar os canais e eliminar o frio e 
umidade. Inclui detalhada descrição da farmacopéia até então conhecida, reunindo 
443 produtos derivados de animais; 1074 substâncias vegetais e 354 produtos 
minerais. 
Monges Jesuítas, a partir do século XVI, cunharam o termo, em língua portuguesa, 
que significa "Punção com agulhas" perpetuando um erro de tradução. Em Chinês, 
"Zhen Jiu" significa, literalmente, "Agulha e Moxa". Moxa é bastão de artemísia, 
enrolado como um charuto, usado para aquecer o ponto de acupuntura. 
Em meados do século 18, um médico chinês interessado em recuperar o saber 
médico da antiguidade, relatou que entre as dificuldades que encontrou, estava a 
escassez de livros no assunto. Em 1822, o status da acupuntura ficou seriamente 
comprometido, com o decreto imperial que bania o ensino e a prática da acupuntura 
da Academia Médica Imperial, a instituição que fornecia médicos para a família do 
imperador. 
A Dinastia Qing, que durou de 1644 a 1911, não foi um período de grande 
desenvolvimento para a acupuntura e moxibustão, constituindo-se de modo geral, 
em período de estabilização e continuidade em vários aspectos. 
Além das lendárias descrições feitas por Marco Polo (1254-1324) e dos citados 
jesuítas as primeiras referências médicas da acupuntura no ocidente estão 
associadas às descrições de Andreas Cleyer (1634–1698) que publicou em 
Frankfurt, 1682, uma descrição da acupuntura no seu "Specimen Medicinae 
Sinicae, sive Opuscula Medica ad Mentem Sinensium" e do médico, anatomista, 
bibliotecário, botânico e reformador holandêsGerard van Swieten (1700–1772) que 
já interpretava o efeito da acupuntura como um fenômeno neurológico, sendo seu 
uso indicado para o alívio da dor. Segundo Jacques, 2006 Van Swieten (1755) e 
Rougement, que estudou a acupuntura na ótica das teorias da contra-irritação 
(1798), podem ser considerados os precursores das pesquisas sobre acupuntura 
em neurociência. 
A influência da medicina ocidental no desenvolvimento da medicina tradicional 
chinesa ainda está por ser avaliado inclusive quanto às questões da restrição da 
prática da acupuntura no território chinês nos finais do séc. XIX como veremos 
adiante. 
No século XIX, a dificuldade de comunicação com a China não impediu que a 
acupuntura fosse praticada e estudada por médicos ocidentais. 
Pesquisas médico-científicas foram publicadas também no início do século XX. 
Entre 1939 e 1941 foi publicado na França o livro L'acuponcture chinoise do 
diplomata e cônsul francês na China Soulié de Morant (1878-1955) que se 
interessou por essa técnica ao ver sua aplicação e efeitos durante a epidemia de 
cólera em Beijing. Seu livro “A acupuntura chinesa”, teve como referências antigos 
textos chineses como Zhēnjiǔ Dacheng (针灸 大成), possui várias traduções e 
reedições e ainda hoje é considerado uma obra clássica sobre a acupuntura. 
No início da década de 1930, o médico e professor universitário Cheng Danan 
(1898-1957) utilizou referências anatômicas para reabilitar a acupuntura como uma 
prática médica. Enfatizou o fato de ser uma terapia médica eficaz, porque o seu 
mecanismo de ação era a estimulação dos nervos. No livro que publicou em 1932, 
apresentou uma localização dos pontos - antes usados para sangrias - fora dos 
vasos sanguíneos, associando-os aos trajetos nervosos. O livro era ilustrado com 
fotografias de voluntários, em cuja pele foram desenhados os novos traçados das 
linhas que comunicavam os pontos de acupuntura. O livro, que teve diversas 
edições entre 1930 e 1960, ajudou a conferir à acupuntura credibilidade suficiente 
para que fosse oficialmente incorporada ao ensino e à prática da medicina. 
Persistia, porém, a carência de mais informações sobre o modo como a acupuntura 
era praticada na China, havia notícia sobre sua proibição no final do período imperial 
(1822) quando foi excluída do Instituto Médico Imperial por decreto do Imperador. 
Apesar da proibição foi mantida como interesse acadêmico, costume e tradição 
sobretudo nas áreas rurais ao ponto de ser novamente proibida (1929) durante a 
república, juntamente com outras formas de medicina tradicional por uma crescente 
ocidentalização ou adoção da medicina cosmopolita. 
O grande marco da história da acupuntura na primeira metade do século XX foi a 
Revolução Chinesa, que inclusive cerrou as portas da China ao Ocidente. Há 
controversas informações sobre a manutenção da proibição da prática da 
acupuntura pelo Partido Comunista da Chinês, que a considerava um símbolo do 
antigo regime imperial. Notícias de que os intelectuais foram perseguidos, e as 
escolas de Medicina que ensinavam acupuntura foram fechadas estão em franca 
contradição com o desenvolvimento do saber popular proposto na revolução 
cultural. É fato que após 1949, quando Mao Tse-tung assumiu o poder, a China 
passou por um renascimento cultural e científico e a pesquisa e ensino da 
Acupuntura foram novamente permitidos e até incentivados, com a reabertura das 
escolas médicas chinesas, inclusive foi uma concepção patrocinada pelo Ministro 
da Saúde Pública da República popular da China a elaboração e publicação do livro 
dos 4 institutos (Zhongguo Zhenjiuxue Gaiyao, 1964). 
Mas foi a partir de 1971, com o relato do efeito da acupuntura no tratamento das 
dores pós-operatórias do jornalista James Reston, que foi submetido a uma 
apendicectomia enquanto estava na China, e após 1972, com a visita do presidente 
norte-americano Richard Nixon àquele país, que a acupuntura passou a ser melhor 
estudada pelo método científico, no Ocidente, graças ao reatamento de relações 
internacionais que permitiu a melhor troca de informações entre os cientistas. Nos 
EUA, a FDA - Food and Drug Administration somente aprovou o uso das agulhas 
de acupuntura como dispositivo médico em 1996. 
Realizou-se em Pequim, no ano de 1979 o primeiro Seminário Internacional sobre 
Acupuntura, Moxabustão e Anestesia para Acupuntura organizado pela OMS 
(Organização Mundial da Saúde) incluindo representantes de 12 países onde foi 
elaborado uma lista com 40 doenças reconhecidas como tratáveis com a 
acupuntura. Essa lista já amplamente divulgada e modificada incluia: 
Trato respiratório superior 
� Sinusite aguda 
� Rinite aguda 
� Amigdalite aguda 
� Resfriado comum 
� Sistema respiratório 
� Bronquite aguda 
� Bronquite asmática (sem complicações) 
Distúrbios dos olhos 
� Conjuntivite aguda 
� Retinite central 
� Cataratas sem complicações 
� Miopia em crianças 
Distúrbios da boca 
� Dor de dente e dor pós-extração 
� Gengivite 
� Faringite aguda e crônica 
Distúrbios gastrintestinais 
� Espasmos do esôfago e da cárdia 
� Soluço 
� Gastroptose 
� Gastrite aguda e crônica 
� Hiperacidez gástrica 
� Úlcera duodenal crônica (alívio de dor) 
� Úlcera duodenal aguda (sem complicações) 
� Colite aguda e crônica 
� Disenteria bacilar aguda 
� Constipação 
� Diarreia 
� Paralisia do intestino 
Distúrbios neurológicos e musculoesqueléticos 
� Dor de cabeça e enxaqueca 
� Nevralgia do nervo trigêmeo 
� Paralisia facial (estágio inicial) 
� Paresia após derrame cerebral 
� Neuropatias periféricas 
� Sequelas da poliomielite de estágio inicial 
� Doença de Meniere 
� Disfunção neurogênica da bexiga 
� Incontinência urinária noturna 
� Nevralgia intercostal Síndrome cervicobraquial 
� Capsulite adesiva ou epicondilite lateral 
� Dor no nervo ciático 
� Dor lombar 
� Osteoartrite 
Uma das relevantes declarações que referendam essa lista veio do NIH (National 
Institutes of Health), 1997, que publicou uma Declaração de Consenso sobre o uso 
e a eficácia da acupuntura para uma variedade de condições incluindo recuperaçãp 
pós-operatório de adultos; náuseas da quimioterapia; vômitos pós-operatório; dor 
de dente; auxiliar na reabilitação da toxicodependência; dor de cabeça; cólicas 
menstruai; cotovelo de tenista; fibromialgia; dor miofascial; osteoartrite; dor lombar; 
síndrome do túnel do carpo; e asma. Onde a acupuntura pode ser útil como 
tratamento adjuvante ou alternativa aceitável ou ser incluídos em um programa de 
gestão. 
 
Acupuntura no Brasil 
A acupuntura no Brasil, como em muitos outros países, acompanhou o histórico das 
migrações de profissionais que dominam essa técnica dos países orientais, onde é 
uma medicina tradicional reconhecida, e o processo de legitimação enquanto 
prática de saúde e profissionalização, ou melhor a regulamentação jurídica de 
prática e processo de ensino aprendizagem formal e a demanda da população por 
tal forma de atendimento. 
Alguns autores associam a origem da acupuntura no Brasil à práticas indígenas e 
tradicionais (a escarificação indígena, as sangrias dos barbeiros e aplicação de 
ventosas da medicina do período imperial, e/ou à marcos específicos da imigração 
chinesa (1812, com a autorização de D. João VI para entrada de 2.000 chineses 
destinados às plantações experimentais de chá do Jardim Botânico e da Fazenda 
Imperial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro) e japonesa (1908, a chegada do navio 
Kasato Maru trazendo os primeiros imigrantes para o Brasil, após a crise do final do 
Período Feudal no Japão – 1895). Já a regulamentação do processo de ensino – 
aprendizagem da acupuntura no Brasil tem como marco 1958: a fundação da 
Sociedade Brasileira de Acupuntura e Medicina Oriental e o curso ministrado pelo 
fisioterapeuta e massoterapeuta Friedrich Johann Spaeth natural Luxemburgo com 
aprendizagem de acupuntura na Alemanha. 
A regulamentação da acupunturano Brasil 
O reconhecimento do exercício da acupuntura como atividade profissional no Brasil 
é atualmente foco de grandes debates entre os diversos grupos de profissionais 
interessados em oferecer atendimento à população através desta técnica. Inclusive, 
segundo Rossetto, a maioria das profissões da área da saúde a tem como uma de 
suas ferramentas de trabalho e outras a incluem como especialidade. 
Por muito tempo a medicina ocidental rejeitou a acupuntura sem que tivesse 
realizado quaisquer estudos para verificar a sua eficiência e os princípios em que 
se apoia, limitando-se a descrição como algo exótico do desconhecido oriente. 
Atualmente, a pesquisa científica sobre os resultados do tratamento com esta 
técnica tradicional se ampliam por todo o mundo, trazendo cada vez mais dados 
sobre tratamentos bem sucedidos para comprovar a sua eficácia. Além do alívio da 
dor que proporciona, aceite já pela maioria dos profissionais de medicina, a OMS 
lista mais de 68 doenças para as quais a acupuntura é indicada. 
A medicina tradicional chinesa (MTC) indica seu uso para cerca de 350 doenças, 
baseada na experiência de sua adoção como técnica de tratamento para a saúde 
ao longo dos 5.000 anos da cultura chinesa. 
A partir das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerindo 
seu oferecimento entre as formas de medicina complementar, houve um movimento 
de abertura legal para a prática desta especialidade por diversos profissionais da 
saúde com formação em nível superior: Biomedicina, Educação Física, 
Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Psicologia. 
Entidades representantes da classe médica no país contestaram esta abertura 
exigindo que a prática da Acupuntura fosse considerada mais uma especialidade 
médica. As entidades representantes das demais categorias de profissionais da 
saúde contestaram legalmente esta postura, iniciando também abaixo assinados 
que ampliaram a dimensão política desta polêmica. 
Outro aspecto importante desta questão é o exercício desta prática por pessoas 
com outra formação ou sem formação universitária, incluindo muitos dos 
responsáveis pela introdução desta técnica no Brasil. É irônico pensar numa 
regulamentação que não incorpore nem mesmo os acupunturistas formados no 
oriente que trouxeram esta prática para o país e estão entre os mais qualificados 
para o seu exercício. Por outro lado, é claro que a prática exige regulamentação 
para evitar charlatanismos e assegurar o respeito aos direitos dos pacientes, mas 
esta legislação poderia pensar formas de incluir os profissionais que já exercem 
esta profissão dialogando com as entidades da classe. 
Apesar de a acupuntura estar largamente difundida no Brasil e contar com a 
credibilidade de outros profissionais de saúde e cidadãos de diferentes níveis sócio-
econômicos, a profissão de acupunturista ainda não foi regulamentada (Atualmente 
tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei n.1549/2003), sendo, portanto, de 
livre exercício. Por outro lado, ela já existe na Classificação Brasileira de Ocupações 
- CBO em quatro distintas modalidades (acupunturista, fisioterapeuta acupunturista, 
médico acupunturista e psicólogo acupunturista, sendo protegida por sindicatos 
registrados no Ministério do Trabalho, como o Sindicato dos Profissionais de 
Acupuntura e Terapias Afins do Estado do Rio de Janeiro - SINDACTA 
[www.sindacta.org.br], o SATOSP [http://www.satoesp.com.br/] e o SATOPAR. 
Para saber mais sobre a situação atual veja em: [05/05/2018] 
http://www.satoesp.com.br/noticias112016/ 
Nos países onde esta técnica se originou as práticas suaves de Chi Kung, de 
meditação, e de artes marciais internas são tradicionalmente utilizadas para 
potencializar o seu efeito, auxiliando a circulação da energia vital chi em sua 
polaridade yin yang. 
Incluir a experiência em práticas corporais e meditativas relacionadas à MTC como 
requisito na formação do profissional de acupuntura é uma forma assegurar que 
mantenha o equilíbrio de sua própria energia e saiba como orientar seus pacientes 
de modo a manter sua saúde em equilíbrio por si mesmos. 
A história da Acupuntura no Brasil 
1810 – Chegada dos imigrantes chineses ao Brasil para trabalhar nas lavouras de 
chá, trazendo também a Medicina Tradicional Chinesa. 
1908 – Imigrantes japoneses vindos no navio Kasato Maru introduziram sua 
Acupuntura no Brasil. 
1930 – O diplomata Soulie de Morant introduziu a Acupuntura na Europa. 
Posteriormente, acabou sendo perseguido por alguns ex-alunos médicos, pelo fato 
de ele mesmo não ser médico. 
1950 – Professor Friedrich Spaeth, fisioterapeuta e massoterapeuta, natural de 
Luxemburgo e naturalizado brasileiro, foi para Alemanha fazer um curso de 
Acupuntura e ficou lá por 3 anos. 
1958 – Frederico Spaeth começo a ensinar Acupuntura para os médicos e 
acupunturistas brasileiros. 
1960 – Teve início o interesse e a prática dos primeiros médicos brasileiros na 
Acupuntura, até então, em número muito reduzido. 
1966 – a OIT (Organização Internacional do Trabalho) incluiu acupunturista como 
uma das profissões da CIUO (Classificação Internacional Uniforme das 
Ocupações). 
1972 – Fundação da ABA (Associação Brasileira de Acupuntura). Nesta década, 
cresceu o interesse dos médicos pela Acupuntura devido à repercussão da notícia 
de que na China se fazia anestesia com Acupuntura. 
1975 – Regulamentação da Acupuntura em nível multiprofissional nos Estados de 
Nova York e Califórnia. 
1980 – Com a abertura da China para acordos culturais e científicos com os países 
do Ocidente, médicos brasileiros puderam visitar, estudar e criar vínculos com 
instituições de ensino e pesquisa de MTC (Medicina Tradicional Chinesa). Neste 
ano, realizou-se o primeiro curso de Auriculoterapia no Brasil, ministrado pelo 
dentista Olivério de Carvalho Silva. Foi lançado também o primeiro aparelho de 
eletroacupuntura fabricado no país, o MH1. 
1981 – Implantação oficial do primeiro ambulatório de Acupuntura em um serviço 
público de saúde, no Hospital Municipal Paulino Werneck, na cidade do Rio de 
Janeiro. No mesmo ano, foi fundado o CEATA (Centro de Estudos de Acupuntura e 
Terapias Alternativas). 
1984 – Criação da Sociedade Médica Brasileira de Acupuntura (SMBA). Também 
neste ano, o médico Mário Hato entra na Câmara dos Deputados com o PL3838/84, 
para regulamentar a Acupuntura em nível multiprofissional. 
1985 – Pela Resolução COFITO-60, o Conselho Federal de Fisioterapia decidiu em 
29/10 habilitar os fisioterapeutas para a prática da Acupuntura, sendo este o 
primeiro conselho a regulamentar a Acupuntura no país. 
1989 – A Acupuntura entra oficialmente na universidade, por meio do I Simpósio 
Brasileiro de Acupuntura Científica, realizado na Faculdade de Medicina da USP. O 
simpósio foi presidido pelo Dr. Paulo Luiz Faber e aberto pelo então superintendente 
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Vicente Amato 
Neto. 
1991 – Criação da Federação Nacional dos Profissionais de Acupuntura, 
Moxabustão, Do-In e Quiroprática, com registro no Ministério do trabalho. 
1992 – É realizado o primeiro congresso médico de Acupuntura no Rio Grande do 
Sul, onde são apresentadas pesquisas científicas sobre o tema. No mesmo ano, 
tem início na Universidade de Moji das Cruzes o primeiro curso de Acupuntura do 
Brasil, em nível de pós-graduação, aberto a todos os profissionais da área da saúde. 
1995 – Em 11 de agosto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprova a 
Acupuntura como especialidade médica. Entidades representantes das demais 
categorias de profissionais da saúde contestaram legalmente essa postura. 
1996 – O Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro reconheceu e 
disciplinou o primeiro curso técnico de Acupuntura e de Shiatsu do Brasil. 
1997 – A cidade de são Paulo institui o Dia do Acupunturista (23 de março), pela 
Lei nº 12487. É a primeira cidade do mundo ainstituir uma data comemorativa para 
os acupunturistas. 
1999 – Os atendimentos em Acupuntura passam a ser registrados no Ministério da 
Saúde, permitindo o acompanhamento na evolução das consultas por região e em 
todo o país. 
2000 – O Conselho Federal de Farmácia através da Resolução nº 353 e o Conselho 
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional através da Resolução nº 272 
reconhecem a Acupuntura como especialidade. 
2001 – o Sindicato dos Acupunturistas e Terapias Orientais do Estado de São Paulo 
(SATOSP) obtém do Ministério do Trabalho confirmação da Acupuntura como 
profissão. 
2002 – O Conselho Federal de Psicologia reconhece a utilização da Acupuntura 
como recurso complementar no trabalho do psicólogo. 
2006 – Criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no 
Sistema Único de Saúde pelo Ministério da Saúde, aproximando a Acupuntura do 
serviço público de saúde do Brasil. A normativa autoriza a utilização, além da 
Acupuntura, da homeopatia, fitoterapia e do termalismo social/crenoterapia (uso de 
águas minerais) nos tratamentos do SUS. 
 
 
 
Taoísmo 
 
 
 
O Taoísmo, também chamado Daoismo e Tauismo, é uma tradição filosófica e 
religiosa originária do Leste Asiático que enfatiza a vida em harmonia com o Tao 
(romanizado atualmente como "Dao"). O termo chinês "Tao" significa "caminho", 
"via" ou "princípio", e pode ser encontrado em outras filosofias e religiões chinesas. 
No taoísmo, especificamente, o termo designa a fonte, a dinâmica e a força motriz 
por trás de tudo que existe. 
É, basicamente, indefinível: "O Tao do qual se pode discorrer não é o eterno Tao." 
A principal obra do taoísmo é o Tao Te Ching, um livro conciso e ambíguo que 
contém os ensinamentos atribuídos a Lao Zi (chinês: 老子, pinyin: Lǎozi, Wade-
Giles: Lao Tzu). Juntamente com os escritos de Zhuangzi, estes textos formam os 
alicerces filosóficos dessa religião. Este taoísmo filosófico, individualista por 
natureza, não foi institucionalizado. 
Ao longo do tempo, no entanto, foram sendo criadas formas institucionalizadas do 
taoísmo na forma de diferentes escolas que, frequentemente, misturaram crenças 
e práticas que antecediam até mesmo os textos-chave do taoísmo - como, por 
exemplo, as teorias da Escola dos Naturalistas, que sintetizaram conceitos como o 
do yin-yang e o dos cinco elementos. As escolas taxistas tradicionalmente 
reverenciam Lao Zi e os "imortais" ou "ancestrais" e possuem diversos rituais de 
adivinhação e exorcismo, além de práticas que visam a atingir o êxtase e obter maior 
longevidade ou mesmo a imortalidade. 
 
As tradições e éticas taxistas variam de acordo com a escola, porém, no geral, 
enfatizam a serenidade, a não ação (wu-wei), o vazio, a moderação dos desejos, a 
simplicidade, a espontaneidade, a contemplação da natureza e os Três Tesouros: 
compaixão, moderação e humildade. 
O taoísmo teve uma influência profunda na cultura chinesa no decorrer dos séculos. 
Os clérigos do taoísmo institucionalizado (chinês: 道士, pinyin: dàoshi), geralmente, 
tomam cuidado para deixar clara a distinção entre suas tradições rituais e os 
costumes e práticas encontrados na religião popular chinesa, uma vez que estas 
distinções podem ser facilmente pouco perceptíveis. A alquimia chinesa 
(especialmente neidan), a astrologia chinesa, o zen-budismo, diversas artes 
marciais, a medicina tradicional chinesa, o feng shui e diversos estilos de qiqong 
têm suas histórias entrelaçadas com a do taoísmo. Além da China em si, o taoísmo 
teve grande influência nas sociedades do leste da Ásia. 
Após Lao Zi e Zhuangzi, a literatura do taoísmo cresceu com regularidade e passou 
a ser compilada na forma de um cânone, o Daozang, que, por vezes, era publicado 
a mando do Imperador da China. Ao longo da história chinesa, o taoísmo foi, por 
diversas vezes, decretado a religião do Estado. Após o século XVII, no entanto, ele 
perdeu muito de sua popularidade. Tal como todas as outras atividades religiosas, 
o taoísmo foi reprimido nas primeiras décadas da República Popular da China e até 
mesmo perseguido durante a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung; continuou, no 
entanto, a ser praticado livremente em Taiwan. Hoje em dia, é uma das cinco 
religiões reconhecidas pela República Popular da China e, embora não costume ser 
compreendida com facilidade longe de suas raízes asiáticas, tem seguidores em 
diversas sociedades ao redor do mundo. 
O ideograma tao (ou dao) (道) pode ser traduzido como "via" ou "caminho", mas 
assume um significado mais abstrato para a religião e para a filosofia chinesa. É o 
que há de mais profundo e misterioso na realidade e que faz com que tudo seja 
como é. É o conjunto indiferenciado de tudo o que existe, mas também o princípio 
supremo que gera e está na origem do seu "devir", ou seja, é também o seu 
"caminhar". Embora seja invisível, inaudível e intangível, manifesta‑se pela sua 
influência, a que se chama "virtude" — o te (德, dé). Mas essa influência é 
espontânea, ou seja, faz parte da sua própria natureza, do seu próprio fluir natural. 
Como se diz no Tao Te King: o tao "age sem agir" (為無為, wu wei). 
Um tema no pensamento chinês primitivo é tian-dao ou "caminho da natureza" (tian, 
também traduzido como "céu" e, às vezes, "Deus"). Corresponde aproximadamente 
à ordem das coisas de acordo com a lei natural. Tanto o "caminho da natureza" 
quanto o "grande caminho" inspiram o afastamento estereotípico taxista das 
doutrinas morais e normativas. Assim, pensado como o processo pelo qual cada 
coisa se torna o que ela é (a "mãe de todas as coisas"), parece difícil imaginar que 
temos que escolher entre quaisquer valores de seu conteúdo normativo - portanto 
pode ser visto como um princípio eficiente de "vazio" que sustenta confiavelmente 
o funcionamento do universo. 
Filosofia taoísta 
Do "caminho", surge "um" (aquele que está consciente), de cuja consciência, por 
sua vez, surge o conceito de "dois" (yin e yang), dos quais o número "três" está 
implícito (céu, terra e humanidade); produzindo, finalmente, por extensão, a 
totalidade do mundo como o conhecemos, "as 10 000 coisas", através da harmonia 
do wu xíng. O caminho, enquanto passa pelos cinco elementos do wu xíng, é 
também visto como circular, agindo sobre si mesmo através da mudança para 
simular um ciclo de vida e morte nas 10 000 coisas do universo fenomênico. 
Aja de acordo com a natureza e com sutileza, em lugar de força. 
A perspectiva correta será encontrada pela atividade mental da pessoa, até chegar 
a uma fonte mais profunda que guie sua interação pessoal com o universo. O desejo 
obstrui a habilidade pessoal de entender o caminho, moderar o desejo gera 
contentamento. Os taoístas acreditam que, quando um desejo é satisfeito, outro, 
mais ambicioso, brota para substituí-lo. Em essência, a maioria dos taoistas sente 
que a vida deve ser apreciada como ela é, em lugar de forçá-la a ser o que não é. 
Idealmente, não se deve desejar nada, "nem mesmo não desejar". 
Unidade: ao perceber que todas as coisas (inclusive nós mesmos) são 
interdependentes e constantemente redefinidas pela mudança das circunstâncias, 
passamos a ver todas as coisas como elas são e a nós mesmos como apenas uma 
parte do momento presente. Essa compreensão da unidade nos leva a uma 
apreciação dos fatos da vida e do nosso lugar neles como simples momentos 
miraculosos que "apenas são". 
Dualismo: a oposição e combinação dos dois princípios básicos - yin e yang - do 
universo é uma grande parte da filosofia básica. Algumas das associações comuns 
com yang e yin, respectivamente, são: masculino e feminino, luz e sombra, ativo e 
passivo, movimento e quietude. Os taoistas acreditam que nenhum dos dois é mais 
importante ou melhor que o outro. Na verdade, nenhum pode existir sem o outro, 
porque eles são aspectos equiparados do todo. São, em última análise, uma 
distinção artificial baseada em nossa percepçãodas 10 000 coisas, portanto é só 
nossa percepção delas que realmente muda. 
Wu wei 
Muito da essência do tao está na arte do wu wei ("agir pelo não agir"). 
No entanto, isso não significa "espere sentado que o mundo caia no seu 
colo". Essa filosofia descreve uma prática de se realizarem coisas 
através da ação mínima. Pelo estudo da natureza da vida, você pode 
influenciar o mundo do modo mais fácil e menos disruptivo (usando a 
sutileza em vez da força). A prática de seguir a corrente em vez de ir 
contra ela é uma ilustração: uma pessoa progride muito mais não por 
lutar e se debater contra a água, mas permanecendo quieta e deixando 
o trabalho nas mãos da correnteza. 
O wu wei funciona a partir do momento em que confiamos no nosso 
design humano, que é perfeitamente ajustado para nosso lugar na 
natureza. Em outras palavras, confiando na nossa natureza em vez de 
na nossa racionalidade, nós podemos encontrar contentamento sem 
uma vida de luta constante contra forças reais e imaginárias. 
Tao Te Ching 
O Tao Te Ching (道德經), ou Dao De Jing, é amplamente considerado como o mais 
influente texto taoista. É uma escritura de fundação de importância central no 
taoismo, supostamente escrita por Laozi entre 350 e 250 a.C. No entanto, a data 
exata em que foi escrito é ainda objeto de debate: há aqueles que a colocam em 
qualquer lugar entre os séculos VI a.C. e III d.C. Ele tem sido usado como um texto 
ritual ao longo da história do taoismo religioso. 
Os comentadores taoistas ponderaram profundamente nos primeiros versos do Tao 
Te Ching. Eles são amplamente discutidos, tanto na literatura acadêmica quanto na 
mais popular. Uma interpretação comum é semelhante à observação de Korzybski 
de que "o mapa não é o território". As linhas de abertura, com a tradução literal e a 
comum, são: 
道 可 道, 非常 道. 
"O caminho que pode ser descrito não é o verdadeiro caminho." 
(O tao (caminho ou o caminho) pode ser dito, não da forma usual.) 
名 可 名, 非常 名. 
"O nome que pode ser nomeado não é o nome constante." 
(Os nomes podem ser citados, os nomes não usuais.) 
Tao, literalmente, significa "caminho" ou "o caminho" e pode significar 
figuradamente "natureza essencial", "destino", "princípio", ou "caminho verdadeiro". 
O filosófico e religioso tao é infinito, sem qualquer limitação. Um ponto de vista 
afirma que a abertura paradoxal destina-se a preparar o leitor para os ensinamentos 
sobre o tao não ensinável. Acredita-se que o tao é transcendente, indistinto e sem 
forma. Por isso, não pode ser nomeado ou categorizado. Mesmo a palavra "tao" 
pode ser considerada uma perigosa tentação de fazer do tao um nome limitador. 
O Tao Te Ching não é tematicamente ordenado. No entanto, os principais temas do 
texto são repetidamente expressos em formulações variantes, muitas vezes com 
apenas uma pequena diferença entre elas. Os temas principais giram em torno da 
natureza do tao e como alcançá-lo. O tao é dito ser inominável e capaz de realizar 
grandes coisas através de meios pequenos. Há um debate importante sobre qual 
tradução do Tao Te Ching é a melhor. Discussões e disputas sobre várias traduções 
do Tao Te Ching podem tornar-se amargas, envolvendo visões profundamente 
arraigadas. 
Os comentários antigos sobre o Tao Te Ching são textos importantes por direito 
próprio. O comentário Heshang Gong foi, provavelmente, escrito no século II d.C. e 
é, talvez, o mais antigo comentário. Ele contém a edição do Tao Te Ching que foi 
transmitida até os dias atuais. Outros comentários importantes incluem o Xiang'er, 
um dos textos mais importantes do Caminho do Mestre Celestial e o Wang Bi. 
Zhuangzi 
O Zhuangzi (庄子) é, tradicionalmente, atribuído a um sábio taoista de mesmo 
nome, mas isso foi recentemente contestado no meio acadêmico ocidental. 
Zhuangzi também aparece como um personagem na narrativa do livro. O Zhuangzi 
contém prosa, poesia, humor e disputa. O livro é, frequentemente, visto como 
complexo e paradoxal quanto aos argumentos e temas de discussão, que não são 
aqueles comuns à filosofia clássica ocidental, como a doutrina do nome de 
retificação (zhengming) e fazer distinções "isso/não presente" (shi/fei). Entre o 
elenco de personagens das histórias do Zhuangzi, está Laozi, o autor do Tao Te 
Ching, bem como Confúcio. 
Daozang 
O Daozang (道 藏, Tesouro do Tao) é, por vezes, referido como o cânon taoista. 
Foi, originalmente, compilado durante as dinastias Jin, Tang e Song. A versão 
publicada sobreviveu durante a dinastia Ming. O Ming Daozang inclui quase 1.500 
textos. Seguindo o exemplo do budista Tripitaka, é dividido em três dong (洞, 
"cavernas", "grutas"). Eles estão organizados do mais alto para o mais baixo: 
 
O Zhen ("real" ou "verdade" - 眞): Inclui o Shangqing. 
A Xuan ("mistério"- 玄): Inclui o Lingbao. 
O Shen ("divino" - 神): Inclui textos anteriores a Maoshan (茅山). 
Daoshi geralmente não consultam versões publicadas do Daozang, mas escolhem 
individualmente, ou herdam, os textos incluídos no Daozang. Estes textos foram 
passados por gerações de professor para aluno. 
A escola Shangqing tem uma tradição de se aproximar do taoismo através do 
estudo das escrituras. Acredita-se que, recitando alguns textos muitas vezes, se 
será recompensado com a imortalidade. 
Outros textos 
Enquanto o Tao Te Ching é o mais conhecido, há muitos outros textos importantes 
no taoismo tradicional. Taishang Ganying Pian ("Tratado do Abençoado na 
Resposta e Retribuição") discute pecado e ética e tornou-se uma referência de 
moralidade popular nos últimos séculos. Afirma que aqueles em harmonia com o 
tao vão viver longas e frutíferas vidas. Que os ímpios e seus descendentes vão 
sofrer e ter encurtadas vidas. Tanto a Taiping Jing ("Escritura de Grande Paz") e o 
Baopuzi ("Livro do Mestre que Conserva a Simplicidade") contêm fórmulas 
alquímicas taoistas que se acreditavam poder conduzir à imortalidade. 
Além disso, o Huainanzi é uma compilação da escrita de oito acadêmicos da 
dinastia Han que combina taoismo, confucionismo e os conceitos legalistas, 
incluindo as teorias, tais como yin-yang e cinco fases. O patrono Liu An (c. 180-122 
a.C.) foi governador do estado de Huainan e neto do fundador da dinastia Han. O 
discurso em sua corte, favoreceu o pensamento taoista e trouxe filósofos, poetas e 
mestres de práticas esotéricas para a sua corte. Isso resultou no Huainanzi. 
 
 
Taoísmo e confucionismo 
O taoísmo é uma tradição que, dialogando com seu tradicional contraste, o 
confucionismo, modelou a vida chinesa por mais de 2 000 anos. O taoísmo enfatiza 
a espontaneidade ou liberdade da manipulação sociocultural pelas instituições, 
linguagem e práticas culturais. Manifesta o anarquismo - defendendo 
essencialmente a ideia de que não precisamos de nenhuma orientação 
centralizada. Espécies naturais seguem caminhos apropriados a elas e os seres 
humanos são uma espécie natural. Seguimos todos por processos de aquisição de 
diferentes normas e orientações da sociedade, mas poderíamos viver em paz 
mesmo se não procurássemos unificar todas estas formas naturais de ser. 
Como o conceito confucionista de governo consiste em fazer todos seguirem a 
mesmo moral, o taoísmo representa, de certa forma, a antítese do conceito 
confucionista referente a deveres morais, coesão social e responsabilidades 
governamentais (embora o pensamento de Confúcio inclua valores taoistas e o 
inverso também ocorra, como se pode observar lendo os Analectos de Confúcio. 
Religião taoista 
Embora Laozi nunca tenha pregado nenhuma religião no Tao Te Ching e tenha 
sempre se mantido no terreno filosófico e moral, cerca de mil anos depois da sua 
morte, formou-se um corpo de doutrinas e de práticas religiosas e culturais que 
constituíram a religião taoista. A religião taoista conserva apenas uns traços da 
filosofia de Laozi, com empréstimos de ideias e práticas culturais do budismo, com 
a introdução de vários deuses, deusase génios, e uma mistura com algumas 
crenças preexistentes, como a teoria dos cinco elementos, a alquimia e o culto aos 
ancestrais. 
Tentativas de alcançar maior longevidade eram um tema frequente na magia e 
alquimia taoistas, com vários feitiços e poções, ainda existentes, com esse 
propósito. Muitas versões antigas da medicina tradicional chinesa foram enraizadas 
no pensamento taoista e a medicina chinesa moderna, bem como as artes marciais 
chinesas, são ainda de várias formas baseadas em conceitos taoistas, como o tao, 
o qi e o balanço entre o yin e o yang. 
Com o tempo, a absoluta liberdade dos seguidores do taoísmo pareceu ameaçadora 
à autoridade de alguns governantes, que incentivaram o crescimento de seitas mais 
comprometidas com as tradições confucionistas. Uma escola taoista foi formada ao 
fim da dinastia Han, por Zhang Daoling. Muitas seitas evoluíram através dos anos, 
mas a maioria traça suas origens a Zhan Daoling, e grande parte dos templos 
taoistas modernos pertence a uma ou outra dessas seitas. As escolas taoistas 
incorporam panteões inteiros de divindades, incluindo Laozi, Zhang Daoling, O 
Imperador Amarelo, O Imperador de Jade, Lei Gong (O Deus do Trovão), entre 
outros. 
As duas maiores escolas taoistas da atualidade são a Seita Zhengyi (evoluída de 
uma seita fundada por Zhang Daoling) e o Taoismo Quanzhen (fundado por Wang 
Chongyang). 
Taoísmo no Brasil 
No Brasil, existem vários ramos ligados ao taoísmo, tanto o religioso (taochiao) 
quanto o filosófico (taochia). Uma das vertentes religiosas mais importantes é 
representada pela Sociedade Taoista do Brasil. A Sociedade Taoista do Brasil foi 
instituída no Rio de Janeiro, em 15 de janeiro de 1991, com o objetivo de difundir o 
ensinamento do taoísmo em todas as suas formas de expressão - religiosa, 
filosófica, científica e cultural - e contribuir para o aperfeiçoamento espiritual dos 
frequentadores. 
O caminho taoista propõe a restauração do estado pleno de vida e consciência, 
chamado tao. Para isso, utilizam-se vários meios, como as práticas que promovem 
a boa saúde física e mental, o estudo de clássicos escritos pelos grandes mestres 
do passado, os métodos místicos para a restauração da ordem interna e 
fundamentalmente a meditação, como caminho de autotransformação e elevação 
espiritual. 
 
A Sociedade Taoista do Brasil foi fundada por Wu Jyh Cherng (1958-2004), 
sacerdote taoista Kao Kon Fa Shi (Alto Ofício, Mestre da Lei). Mestre Cherng 
escreveu diversos livros sobre artes taoistas e traduziu o Tao Te Ching (O Livro do 
Caminho e da Virtude) e o Yi Jing (I-Ching, O Livro das Mutações), entre outros 
clássicos do taoísmo. 
Em março de 2002, foi inaugurada a sede de São Paulo, um espaço adequado para 
a prática e estudo do taoísmo, suas artes e sabedoria, onde há palestras abertas 
ao público, rituais, meditação e diversos cursos. Entre as atividades de São Paulo, 
enfatizam-se as práticas de meditação (tao yin), I Ching (ou Yi Jing), feng shui, 
astrologia chinesa (zi wei dou shu), tai chi chuan (ou tai ji quan), chi kung (ou qi 
gong) e o atendimento de acupuntura e massagem (tui na). 
Além dos grupos formalmente ligados ao taoísmo, também podem ser encontrados 
muitos ensinamentos taoistas em várias escolas do budismo maaiana chinês e em 
religiões sincréticas como o cao dai, entre outras. 
http://sociedadetaoista.com.br/sp/ 
 
https://www.youtube.com/channel/UCxw3dCvcR5jhxLbUkZiw1Tg 
(Canal no Youtube da sociedade Taosita) 
 
I Ching (Jing) 
易經 
O I Ching ou Livro das Mutações, é um texto clássico chinês composto de várias 
camadas sobrepostas ao longo do tempo. É um dos mais antigos textos chineses 
que chegaram até nossos dias. Ching, significando "clássico", foi o nome dado por 
Confúcio à sua edição dos antigos livros. Antes, era chamado apenas de I: o 
ideograma "I" é traduzido de muitas formas e, no século XX, ficou conhecido no 
ocidente como "mudança" ou "mutação". 
O "I Ching" pode ser compreendido e estudado tanto como um oráculo quanto como 
um livro de sabedoria. Na própria China, é alvo de estudo diferenciado realizado por 
religiosos, eruditos e praticantes da filosofia de vida taoista. 
Filosofia e cosmologia no I Ching 
As oito figuras que formam o I Ching estão na base da cultura que se desenvolveu 
na China durante milênios. Para os chineses, a ordem do mundo depende de se dar 
o nome correto às coisasː portanto, o significado de "I" sempre foi objeto de 
discussão. 
Alguns veem o ideograma I como semelhante ao desenho de um camaleão, 
representando o movimento (como o lagarto) e a mutação (como o mimetismo do 
camaleão, que muda de cor conforme a cor do ambiente em que está). Outros 
afirmam que o ideograma é formado pelo do Sol em cima e o da Lua embaixo, a 
mutação sendo simbolizada pelo movimento incessante destes astros no céu. 
Para o pensamento chinês, não há o que mude, há apenas o mudar. A mutação 
seria o caráter mesmo do mundo. Mas a mutação é, em si mesma, invariável, ela 
sempre existe. Portanto, "I" significa mutação e não mutação. Subjaz, à 
complexidade do universo, uma 'simplicidade' que consiste nos princípios que estão 
por trás de todos os ciclos. Ao fluir com as circunstâncias, se evita o atrito e, 
portanto, a resistência: esse é o caminho do homem sábio. 
Tanto o taoismo como o confucionismo, duas das principais correntes filosóficas 
chinesas, beberam da fonte do I. 
Tudo que ocorre no céu e na terra tem sua imagem nos oito trigramas, que estão 
continuamente se transformando um no outro. Têm várias camadas de significados, 
e representam processos da natureza. 
História 
O I Ching surgiu antes da dinastia Chou (1150-249 a.C.) e era um conjunto de oito 
Kua , figuras formadas por três e seis linhas sobrepostas. James Legge, na tradução 
para o inglês (1882), chamou de trigrama o conjunto de três linhas e hexagrama o 
de seis, para distingui-los entre si. 
A origem dos 64 hexagramas é atribuída a Fu Hsi, o criador mítico chinês, e, até a 
dinastia Chou, eles formavam o I. Os oito trigramas recebem o nome de Pa Kua 
(Wide-giles) ou Ba Gua (pynin)ː a sua origem é pré-literária. 
O tempo obscureceu a compreensão das linhas e, no começo da dinastia Chou, 
surgiram dois anexos: o Julgamento, atribuído pela tradição ao rei Wên, e as Linhas, 
atribuídas a seu filho, o duque de Chou, ambos fundadores desta dinastia. 
Mais tarde, mesmo o significado destes textos começou a ficar obscuro e, no século 
VI a.C., foram acrescentadas as Dez Asas, que a tradição atribui a Confúcio, 
embora seja claro que a maioria delas não pode ser de sua autoria. O nome "I 
Ching" é dado ao conjunto dos Kua e todos os textos posteriores. 
O I Ching escapou da grande queima de livros feita pelo tirano Ch'in Shih Huang Ti, 
no tempo em que era considerado um livro de magia e adivinhação, o que levou a 
escola de magos das dinastias Ch'in e Han a interpretá-lo segundo outras visões. A 
doutrina do Yin Yang foi sobreposta ao texto. O sábio Wang Pi veio a resgatá-lo 
como livro de sabedoria. 
Houve várias traduções do "I Ching" para línguas ocidentais, algumas claramente 
desrespeitosas, tratando a cultura chinesa como primitiva. A tradução de Legge fez 
parte da série Sacred books of the East (Livros sagrados do Oriente), e foi traduzida 
também para o português. 
Richard Wilhelm traduziu o I Ching para o alemão ao longo dos anos em que viveu 
na China, inclusive durante a invasão japonesa, quando a cidade em que estava foi 
cercada. Teve o apoio de um velho e sábio mestre, Lao Nai Suan, que morreu ao 
ser concluída a tradução. A edição alemã é do ano de 1923. Wilhelm traduziu 
também outro clássico chinês, o Tao Te Ching. 
O uso oracular do I Ching 
A ênfase no aspecto oracular do "I" variou com o tempo. No século VI a.C., era visto 
mais como livro de filosofia, ao passo que, na dinastia Han, quando a magia teve 
grande papel, era visto como oráculo. 
Como todooráculo, exige a aproximação correta: a meditação prévia, o ritual, e a 
formulação precisa da pergunta. O oráculo nunca falha, quem falha é o consulente: 
se a pergunta não foi clara e precisa, isto indica que a pessoa não tem clareza sobre 
o que deseja saber. O ritual tem a função psicológica de focar a atenção da pessoa 
na consulta. 
A consulta oracular é feita com 50 varetas (originalmente de mil-folhas, uma planta 
sagrada), das quais uma é separada e as outras 49 manuseadas, seguindo seis 
vezes a mesma operação matemática, para a obtenção da resposta. Dessa 
manipulação, resulta uma linha firme ou uma linha maleável, que podem ser móveis. 
As linhas firmes são resultado da obtenção dos números 7 ou 8, e as maleáveis 
vêm dos números 6 ou 9. Destes, 6 e 9 correspondem a linhas móveis que, por 
estarem prestes a mudar, têm importância na interpretação. 
O I Ching, por ser um livro sagrado, e as varetas usadas na consulta, eram 
guardados em uma caixa de madeira virgem, embrulhados em seda também 
virgem. 
Durante a dinastia Han, que durou de 206 a.C. até 220 d.C., a consulta começou a 
ser feita de forma alternativa, mais simples, com o uso de três moedas. Este é o 
método mais utilizado hoje no Japão e nos países ocidentais. 
Hipótese mitológica para a criação do I Ching 
Há cerca de seis ou sete mil anos, havia um mito universal de que todos os seres 
eram provenientes do útero de uma Mãe Cósmica; tal mito da criação universal teve 
lugar durante uma fase informe do mundo, aonde nada podia ainda ser identificado. 
Inicialmente cultuada na Índia, como Kali, a Mãe Informe, recebeu, depois, os 
nomes de Tiamat (Babilônia), Nu Kua (China), Temut (Egito), Têmis (Grécia pré-
helênica) e Tehom (Síria e Canaã) - este último foi o termo usado mais tarde pelos 
escritores bíblicos para Abismo. 
As mais antigas noções de criação se originavam da ideia básica do nascimento, 
que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos 
primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue 
era capaz de criar magicamente a prole. Acreditava-se que, a partir do sangue 
divino do útero e através de um movimento, dança ou ritmo cardíaco que agitasse 
este sangue, surgissem os "frutos", a própria maternidade. Essa é uma das razões 
pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos 
pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno, 
que detém todo o poder da criação. 
Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso" 
organizou, separou e definiu os elementos que compõem e produzem o cosmos; a 
esta energia organizadora os gregos deram o nome de Diakosmos, a Determinação 
da Deusa. Os egípcios, nos hieróglifos, chamaram este coração de ab e os hebreus 
foram os primeiros a chamar de pai (ainda que masculinizassem, a ideia 
fundamental de família e continuidade da vida não era patriarcal). 
O coração e o sangue definem um elo imanente a todos os seres que dele nasceram 
e uma ideia de coração oculto do universo que pulsa e mantém o ritmo de ciclos 
das estações, dos nascimentos, mortes, destinos. Este é o significado que está no 
Livro dos Mortos ou das mutações. No mesmo sentido, o livro chinês é denominado 
Livro das Mutações. 
O nome chinês dado à Mãe Primordial e informe é Nu Kua, nome referido também 
entre os egípcios, gregos, mesopotâmicos e hindu. As referências a ela remontam 
a 2500 a.C. e a imagem permanece venerada nas regiões setentrionais. Kuan Yin 
ou A Mulher é uma deusa dos casamentos e das mulheres em geral. O corpo 
original do I Ching chama-se "kua" (oito Trigramas) e os sessenta e quatro 
hexagramas são denominados por kua, derivado linguístico de Mãe Primordial ou 
Nu Kua. 
Ba Gua 
Ba Gua (pinyin) ou Pa Kua (Wade-giles) (八卦) é a representação de um conceito 
filosófico fundamental da antiga China, sua tradução literal significa oito trigramas 
ou oito mutações. Pode ser representado como um diagrama octogonal com um 
trigrama situado em cada lado. Os trigramas podem ser dispostos segundo 
diferentes arranjos, assumindo diferentes significados, os mais importantes são a 
disposição do Céu Primordial e a disposição do Céu Posterior. 
Trigramas são as oito combinações possíveis das energias Yin Yang em três linhas 
(as tracejadas significam Yin e as contínuas representam o Yang). O Ba Gua é a 
união desses trigramas e serve para delimitar onde cada energia se localiza em 
pessoas e ambientes. Contudo, sua configuração no Feng Shui 風水 é especial, 
pois leva em consideração as alterações de paredes, portas e janelas nas vibrações 
da natureza. A lenda mais popular sobre a descoberta do Ba guá diz que o 
imperador Fu Hsi viu os trigramas desenhados no casco de uma tartaruga, às 
margens do Rio Amarelo, e com eles desvendou o segredo de todas as coisas. 
O conceito não se aplica apenas à filosofia Taoísta Chinesa e ao I Ching, mas é 
também fundamental em outros domínios da cultura Chinesa, as artes marciais 
chinesas, e a navegação. 
O princípio das "Oito Mutações" 
 
Os oito trigramas 
O diagrama do Pa Kua representa formalmente os princípios das "Oito Mutações". 
Este conhecimento pode ser utilizado e adaptado à compreensão de qualquer tipo 
de situação, considerando que estas estão sempre em mutação assim como a 
própria natureza. 
Observando os trigramas como indicações de oito caminhos que se abrem a partir 
de cada situação, é possível avaliar o desenvolvimento de uma determinada 
questão sob oito perspectivas diferentes. A partir destas referências cada pessoa 
pode escolher melhor os seus próprios caminhos. 
Essas forças antagonicas são opostas e complementares, existindo dentro de todos 
nós e sendo guiadas pelo discernimento. 
Lendas sobre a revelação do conhecimento do Ba Gua 
Existem várias lendas sobre como o conhecimento do Ba Gua foi revelado aos seres 
humanos. A mais conhecida é a do imperador Fu Hsi, a quem também são 
atribuídas a invenção da escrita, do matrimônio, da arte da costura e os primeiros 
relatos sobre a Medicina Tradicional Chinesa. 
Ao passear pelas margens do Rio Amarelo, aproximadamente em 3.000 a.c, Fu Hsi 
teria visualizado os oito trigramas no casco de uma tartaruga. 
Outra lenda se refere a um animal com corpo de dragão e cabeça de cavalo com 
os trigramas representados nas costas. 
Fu Hsi teria percebido neles uma chave para explicar todas as coisas e os deixou 
como legado para os seus sucessores, que trataram de dar continuidade aos 
estudos sobre os trigramas elaborando o I Ching (O livro como o conhecemos 
atualmente possuiu três autores: o conde Wen, o duque Chou e o famoso filósofo 
Confúcio (Kung Fu Tsé).) 
Além do I Ching outros aspectos da cultura tradicional chinesa foram estruturados 
a partir dos princípios revelados pelo Pa Kua, como a arte marcial chinesa Ba Gua 
Zhang, desenvolvida por Dong Hai Chuan no início do século XIX, e o Feng Shui. 
O uso do Ba Gua como amuleto 
O Ba Gua assume também um significado religioso dentro da doutrina Taoísta, 
justificando o seu uso como amuleto pelos que seguem o Tao como religião. 
No Ocidente, com a crescente divulgação do Feng Shui como um modo de 
harmonizar os ambientes e a vida de seus habitantes, o Ba Gua também passou a 
ser utilizado como um símbolo de proteção que acreditam poder ser usado para 
consertar aspectos não harmônicos de um determinado ambiente. 
É comum encontrar nestes símbolos a imagem dos oito trigramas associada ao 
símbolo do Tai Chi, uma vez que estes trigramas têm sua origem nestas duas forças 
primordiais. 
Trigrama 
Os Trigramas (卦) (pinyin: guà) são desenhos que correspondem às 8 
possibilidades de combinação de Yin Yang em três linhas. São elementos que 
estruturam o livro chinês I Ching (易經) (pinyin: yì jīng). 
A representação dos oito trigramas desenhados em torno de um mesmo centro é 
chamado em chinês de Bagua. 
Ostrigramas são sequências formadas por três linhas, compostas pela combinação 
de linhas contínuas ( ____ ) e linhas quebradas ( __ __ ). 
As linhas contínuas representam o Yang (o convexo, a força, o movimento) 
enquanto as linhas quebradas representam o Yin (o concavo, a fraqueza, a 
quietude). 
Estas linhas agrupadas em pares originam os quatro bigramas. 
Através da adição de uma linha aos bigramas são constituídos os trigramas, 
representações básicas dos fenômenos da natureza. 
Os oito Trigramas 
Esta tabela foi construída com os trigramas desenhados na vertical, o mais usual é 
representá-los na horizontal, considerar a linha mais à esquerda como linha inferior. 
 
A representação vertical dos trigramas torna mais aparente o motivo pelo qual 
podem ser lidos também como representações numéricas pertencentes a um 
Sistema binário. Assim, se tomarmos o "1" como representação do Yang e o "0" 
como representação do Yin, o trigrama da Terra poderia ser escrito como "000" e o 
do Céu como "111". 
Descrição de cada trigrama 
 
Dos Trigramas aos Hexagramas 
Os 64 hexagramas do I Ching são obtidos através da combinação de dois trigramas. 
Hexagramas 
Os hexagramas (卦) (pinyin: guà) são símbolos constituídos por seis linhas Yīn ou 
Yáng que estruturam o livro chinês I Ching (易經) (pinyin: yì jīng). 
Os 64 hexagramas podem também ser considerados combinações entre os oito 
trigramas básicos. 
Tabela dos 64 hexagramas 
 
Lista dos nomes dos 64 hexagramas 
01.qián _____O Criativo 
02.kūn _____O Receptivo 
03.zhūn _____A Dificuldade Inicial 
04.mēng _____A Insensatez Juvenil 
05.xû _____A Espera 
06.sòng _____O Conflito 
07.shī _____O Exército 
08.bì _____A Solidariedade (A União) 
09.xiǎo chù _____O Poder de Domar do Pequeno 
10.lǚ _____A Trilha (A Conduta) 
11.tài _____A Paz 
12.pǐ _____A Estagnação 
13.tóng rén _____A Comunidade com os Homens 
14.dà yǒu _____Grandes Posses 
15.qiān _____A Humildade (Modéstia) 
16.yù _____O Entusiasmo 
17.suí _____O Seguir 
18.gǔ _____O Trabalho sobre o Deteriorado (O Trabalho sobre o Corrompido) 
19.lín _____A Aproximação 
20.guān _____A Contemplação 
21.shì kè _____O Morder 
22.bì _____A Graciosidade (Beleza) 
23.bō _____A Desintegração 
24.fù _____O Retorno (O Ponto de Mutação) 
25.wú wàng _____A Inocência 
26.dà chù _____O Poder de Domar do Grande 
27.yí _____O Prover Alimento (As Bordas da Boca) 
28. dàguò _____A Preponderância do Grande 
29.kǎn _____O Abismal (A Água; O Insondável) 
30.lí _____O Aderir (O Fogo) 
31.xián _____A Influência (O Cortejar) 
32.héng _____A Duração 
33.dùn _____A Retirada 
34.dà zhuàng_____O Poder do Grande 
35.jìn _____O Progresso 
36.míng yí _____O Obscurecimento da Luz 
37.jiā rén _____A Família 
38.kuí _____A Oposição 
39.jiǎn _____O Obstáculo (A Obstrução) 
40.jiě _____A Liberação 
41.sǔn _____A Diminuição 
42.yì _____O Aumento 
43.guài _____A Determinação (O Irromper) 
44.gòu _____Vir ao Encontro 
45.cuì _____A Reunião 
46.shēng _____A Ascensão 
47.kùn _____A Opressão (A Exaustão) 
48.jǐng _____O Poço 
49.gé _____A Revolução 
50.dǐng _____O Caldeirão 
51.zhèn _____O Incitar (A Comoção; O Trovão) 
52.gèn _____A Quietude (A Montanha) 
53.jiàn _____O Desenvolvimento (O Progresso Gradual) 
54.guī mèi _____A Jovem que se Casa 
55.fēng _____A Abundância (A Plenitude) 
56.lǚ _____O Viajante 
57. xùn _____A Suavidade (O Penetrante; O Vento) 
58.duì _____A Alegria (O Lago) 
59.huàn _____A Dispersão (A Dissolução) 
60. jié _____A Limitação 
61.zhōng fú _____A Verdade Interior 
62.xiǎo guò_____A Preponderância do Pequeno 
63.jì jì _____Após a Conclusão 
64.wèi jì _____Antes da Conclusão 
 
 
Feng Shui 
⻛水 (風水) 
Feng Shui ⻛水 ou 風水 (pinyin: fēngshuǐ) é um termo de origem chinesa, cuja 
tradução literal é vento e água. Sua pronúncia correta em mandarim é "fân shuei". 
Os mesmos ideogramas 風水 são utilizados em outros países da Ásia com um 
sentido semelhante: no Japão (fūsui), Coreia (pung-su) e Vietnam (phong-thủy). 
Segundo esta corrente de pensamento, estabelecendo uma relação yin/yang, os 
ideogramas Feng e Shui (respectivamente Vento - yang e Água - yin) 
representariam o conhecimento das forças necessárias para conservar as 
influências positivas que supostamente estariam presentes em um espaço e 
redirecionar as negativas de modo a beneficiar seus usuários. 
A origem da expressão "Feng Shui" está no Zang Shu (O Livro dos Enterros) escrito 
pelo Mestre Guo Pu (276-324 d.C). O termo é citado na seguinte sentença: 
O Qi é disperso pelo vento (feng) e acolhido pela água (shui). 
O Feng Shui é uma corrente de pensamento analítico com tradição de mais de 4000 
anos. Os mestres chineses que o estruturaram teriam percebido que cada área 
natural, terreno ou edificação seria dotada de sua própria vibração influenciada pela 
presença do Ch'i (chamada em chinês de qi), e estaria sujeita às várias influências 
do ambiente que a circunda. 
Constatando que certos tipos de vibrações presentes no ambiente e em seu entorno 
poderiam agir de modo benéfico para o corpo e a mente, enquanto que outros tipos 
tenderiam a ser prejudiciais, supostamente compreenderam a importância de 
estudar como situar as edificações, móveis e objetos da maneira mais adequada 
para favorecer seus usuários, segundo esta interpretação da natureza. 
Segundo as ideias pregadas pelo Feng Shui, quando as pessoas buscam este 
equilíbrio com as forças benéficas da Natureza, podem gozar de saúde, boa sorte 
e prosperidade. Quando as ignoram e se alinham com influências nocivas, podem 
experimentar dificuldades e obstáculos que podem se expressar como doenças, má 
sorte ou indisposição. Claro está que tais sentenças fazem parte desta crença e não 
são de forma alguma endossadas pela ciência. 
Os mestres taoístas que desenvolveram esta arte, não utilizavam-na isoladamente: 
consideravam-na mais um instrumento de equilíbrio a ser utilizado em conjunto com 
outras práticas articuladas à Medicina tradicional chinesa, como a acupuntura, a 
meditação, e o Tai Chi Chuan. 
Os chineses comparam os benefícios que o tratamento que o Feng Shui pode 
proporcionar a um espaço com os resultados que a terapia da acupuntura pode 
oferecer a um paciente. 
Segundo eles, da mesma forma que o Acupunturista, diagnostica os bloqueios na 
circulação de energia de um paciente e aplica agulhas em uma parte do corpo para 
curar uma outra parte ou órgão, o consultor de Feng Shui detecta as supostas 
influências visíveis e invisíveis em um ambiente e recomenda curas em uma área 
particular do imóvel que são capazes de alterar as características da circulação de 
energia no todo. Não há, entretanto, provas científicas da existência de tais 
influências "visíveis e invisíveis" nos ambientes. 
Supostamente cada avaliação de Feng Shui é única, relativa às influências 
magnéticas do local, da edificação e de seus habitantes. 
O conhecimento destas "influências" pode explicar muitos fenômenos que 
percebemos apenas de forma intuitiva, por exemplo: o que nos faz sentir 
confortáveis em determinado ambiente; porque certas áreas de uma edificação são 
pouco ou nunca ocupadas; porque alguns dos seus moradores sempre estão 
adoentados; porque certas edificações ou áreas em uma cidade são bem ocupadas 
enquanto outras são evitadas pelos habitantes. 
� O primeiro objetivo do Feng Shui é guardar e preservar as boas influências 
disponíveis no lugar de modo a permitir que permaneçam e se distribuam 
suavemente pela edificação. 
� O segundo objetivo é reduzir os efeitos negativos das diversas influências 
nocivas ao local, presentes na sua construção ou frutos das alterações em 
seu entorno. 
� O terceiro objetivo é implementar "curas" que possam produzir resultados em 
termos de saúde, bem-estar e harmonia para os moradores ou usuários do 
espaço tratado. Isto pode ser conseguido estimulando as características do 
espaço benéficas para as pessoas que habitam este local

Continue navegando