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aleitamento materno 2

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CUIDADO 
INTEGRAL À 
SAÚDE DA 
MULHER
Andreza Gonçalves Vieira Amaro
Cuidados de enfermagem 
no aleitamento materno
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Analisar a fisiologia da mama, bem como os benefícios e o manejo 
do aleitamento materno.
 � Identificar as intercorrências do aleitamento materno.
 � Elaborar um plano de cuidados de enfermagem para o aleitamento 
materno.
Introdução
Muito mais do que nutrir a criança, amamentar é um processo que en-
volve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado 
nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em 
sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional.
O profissional de saúde, principalmente os enfermeiros, deve identi-
ficar e compreender o aleitamento materno no contexto sociocultural e 
familiar da mulher, buscando formas de interação para que a população 
reconheça a importância de adotar práticas saudáveis de aleitamento 
materno.
A amamentação é mais satisfatória quando as mães têm informações 
sobre as práticas saudáveis para ela e para os seus bebês, incluindo a 
importância do aleitamento exclusivo durante os primeiros 6 meses 
de vida. Mesmo quando existem obstáculos, a amamentação pode ser 
mantida se as mães receberem a compreensão e o apoio dos familiares, 
dos amigos, da equipe de saúde e no seu ambiente de trabalho.
Acredita-se que é na infância que se desenvolve grande parte das 
potencialidades humanas, e o aleitamento materno resulta em um im-
pacto positivo quando se pensa na promoção da saúde integral do 
binômio mãe/bebê (BRASIL, 2012). Esta é a forma natural de criação 
de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais 
sensível, econômica e eficaz intervenção para reduzir a morbimortalidade 
infantil (BRASIL, 2015).
Um profissional que presta as orientações necessárias e adequadas 
ajuda a mãe a compreender os aspectos relacionados à prática do alei-
tamento materno, colaborando para que esse momento se torne efetivo 
e tranquilo.
Fisiologia da mama
O preparo para a amamentação deve ser iniciado durante o pré-natal, tornando-
-se importante conversar sobre as vantagens da amamentação para a mulher, 
a criança, a família e a comunidade, além de garantir orientações sobre o 
manejo da amamentação (BRASIL, 2012).
Em casos de gestação na adolescência, nos quais a jovem está em uma 
etapa evolutiva de grandes modificações corporais, acrescidas de todo o 
impacto advindo da gravidez, é importante que o profissional desenvolva uma 
abordagem sistematizada e diferenciada, que visem a facilitar a aceitação da 
amamentação (BRASIL, 2012).
A mama constitui-se pela glândula mamária/láctea (tecido glandular) 
e pelo estroma (tecido fibro-adiposo), pelos vasos, pelos nervos e pela 
pele. Na infância, a presença de tecido mamário rudimentar faz com que 
as meninas apresentem discreta elevação na região mamária, e, na puber-
dade, a hipófise, uma glândula localizada no cérebro, produz os hormônios 
folículo-estimulantes e luteinizante, que controlam a produção hormonal 
de estrogênio e progesterona pelos ovários (BRASIL, 2002). As mulheres 
adultas apresentam lobos mamários, glândulas túbulo-alveolares formadas 
por alvéolos (BRASIL, 2015).
Cuidados de enfermagem no aleitamento materno2
A estrutura funcional da glândula mamária denominada alvéolo mamário 
secreta o leite. A um conjunto de 10 a 100 alvéolos, dá-se o nome de lóbulos 
mamários. Cada mama tem de 15 a 20 lobos, e cada um deles se reúne em 
canalículos que se fundem em ductos lactíferos e ampolas lactíferas (seios 
lactíferos). Os canalículos são finos canais que transportam o leite dos alvéolos 
para os ductos e seios mamários, dos quais se exteriorizam por meio de 15 a 20 
orifícios existentes nos mamilos de cada mama (HU-UFGD/EBSERH, 2017).
Durante a gestação, as mamas têm um crescimento ainda maior em 
razão dos altos níveis de hormônios, principalmente estrogênio, havendo, 
então, aumento do volume das mamas, dilatação das veias superficiais, au-
mento do fluxo sanguíneo e aumento da pigmentação da aréola e do mamilo 
(HU-UFGD/EBSERH, 2017).
Durante as mamadas, o reflexo de ejeção do leite fica ativo, e os ductos 
sob a aréola se enchem de leite e se dilatam. Com o nascimento da criança e a 
expulsão da placenta, há uma queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos 
de estrogênio e progestogênio, com consequente liberação de prolactina pela 
hipófise, iniciando a lactogênese fase II e a secreção do leite. A liberação de 
ocitocina durante a sucção contrai as células mioepiteliais que envolvem os 
alvéolos, expulsando o leite neles contido (BRASIL, 2015).
A plenitude funcional das mamas se dá na amamentação, com a produção 
e a saída do leite. A ejeção do leite, no momento das mamadas, é reflexo ba-
sicamente da contração das células mioepiteliais, estimuladas pela liberação 
de ocitocina (reflexo de ocitocina ou reflexo de descida) (BRASIL, 2002).
A fase de descida do leite, também chamada “apojadura”, nada mais é do 
que a estabilização da produção láctea, podendo demorar de 24 a 72 horas, 
período em que as mamas ficam edemaciadas, com um grau leve de tumefa-
ção, vermelhidão e um pouco de dolorimento (HU-UFGD/EBSERH, 2017).
Após a apojadura, inicia-se a fase também denominada galactopoiese, 
que se mantém por toda a lactação e depende principalmente da ação de dois 
hormônios produzidos a partir da mecânica de sucção do bebê (ocitocina) e 
do esvaziamento da mama (prolactina) (HU-UFGD/EBSERH, 2017).
A mamada do lactente provoca transmissão de impulsos sensoriais pelos 
nervos somáticos dos mamilos para a medula espinal da mãe e daí para o 
hipotálamo, promovendo a secreção da ocitocina com a prolactina (Figura 1) 
(HU-UFGD/EBSERH, 2017).
3Cuidados de enfermagem no aleitamento materno
Figura 1. Ilustração do reflexo da ocitocina e da prolactina.
Fonte: Adaptada de Torrenta Y/Shutterstock.com.
Benefícios do aleitamento
Considerando o fato de que a mulher passa por um longo período de gestação 
até que consiga realmente amamentar seu filho, entende-se a importância 
de conversar sobre as vantagens da amamentação para a mulher, a criança, 
a família e a comunidade, além de garantir orientações sobre o seu manejo 
(BRASIL, 2012).
Entre os benefícios da amamentação para a mulher, o Ministério da Saúde 
aponta o fortalecimento do vínculo afetivo, o favorecimento da involução 
uterina (que reduz o risco de hemorragia), uma contribuição para o retorno 
ao peso normal e a contribuição para o aumento do intervalo entre gestações.
Já para a criança, o leite materno é um alimento completo que não precisa 
de complementação até os 6 meses de idade, facilita a eliminação de mecônio 
e diminui a incidência de icterícia, aumenta a imunidade da criança prote-
gendo contra infecções, diminui as chances de desenvolvimento de alergias 
e as internações (bem como seus custos), aumenta o vínculo afetivo entre a 
mãe e seu filho, é limpo, pronto e na temperatura adequada, além de gratuito 
(BRASIL, 2015).
Cuidados de enfermagem no aleitamento materno4
A amamentação pode funcionar como um método anticoncepcional apenas se a 
mulher estiver amamentando exclusivamente em livre demanda (ou seja, não estiver 
oferecendo outro tipo de leite para o bebê), nos primeiros 6 meses e se ainda não 
teve nenhuma menstruação depois do parto (BRASIL, 2012).
Manejo do aleitamento
Os estudiosos apontam que o sucesso do aleitamento materno está relacionado 
ao adequado conhecimento quanto à posição da mãe e do bebê e à pega da região 
mamilo-areolar. A posição deve ser escolhida pela mulher (sentada, deitada 
ou em pé), pois ela precisa se sentir confortável e relaxada. Em contrapartida, 
é preciso orientá-la a posicionar a criança no sentido de garantir o alinhamento 
do corpo, com a barriga da criança junto ao corpo da mãe, o que facilita na 
coordenação da respiração, da sucção e da deglutição (OPAS/OMS, 2018).
Outro pontoimportante que deve ser levado em consideração perante o 
manejo da amamentação refere-se à pega correta, que só acontece quando o 
posicionamento do bebê é adequado, permitindo que a criança abra a boca e 
abocanhe parcial ou totalmente a região mamilo-areolar.
Existem três principais tipos de mamilos — os chamados de protusos (que 
sobressaem as aréolas), os invertidos e os planos (Figura 2). Mamilos planos 
ou invertidos podem dificultar o início da amamentação, mas não necessa-
riamente a impedem, pois o bebê faz o “bico” com a aréola (BRASIL, 2007). 
Para uma mulher com mamilos planos ou invertidos, o sucesso na amamen-
tação muitas vezes depende de ajuda, que deve ser dada logo após o nascimento 
do bebê. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2015), isso envolve:
 � orientá-la a ter paciência e ser perseverante, pois os problemas serão 
superados, uma vez que, com a sucção do bebê, os mamilos vão se 
tornando mais propícios à amamentação;
 � inicialmente ajudar o bebê a abocanhar o mamilo e parte da aréola, 
lembrando que, para isso, é preciso deixá-la macia por meio da ordenha 
manual;
 � orientá-la a tentar diferentes posições que melhor se adaptem (à mãe 
e ao bebê);
5Cuidados de enfermagem no aleitamento materno
 � mostrar manobras capazes de ajudar a aumentar o mamilo antes das 
mamadas, como o simples estímulo (toque) do mamilo (antes das ma-
madas e nos intervalos, se assim a mãe o desejar).
Figura 2. Tipos de mamilo: (a) mamilo protuso, (b) mamilo plano, (c) mamilo invertido ou 
umbilicado.
Fonte: Brasil (2007, documento on-line).
É importante identificar os conhecimentos, as crenças e as atitudes de que 
a mulher dispõe em relação à amamentação, que tipo de experiência apresenta 
ou se já vivenciou alguma vez a amamentação (OPAS/OMS, 2018). Isso porque, 
para um bom aleitamento, é fundamental fazer o preparo das mamas, pela 
avaliação na consulta de pré-natal, pelo uso de sutiãs durante a gestação, por 
banho de sol nas mamas por 15 minutos diários, pelo esclarecimento sobre a 
contraindicação do uso de sabões, cremes ou pomadas no mamilo e, princi-
palmente, pela contraindicação da expressão do peito (ou ordenha) durante a 
gestação para a retirada do colostro (BRASL, 2007). Além disso, deve haver 
uma troca de experiências, por meio de reuniões de grupo que objetivem 
informar as vantagens e o manejo para facilitar a amamentação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento ex-
clusivo nos 6 primeiros meses de vida, podendo ser prolongado até os 2 anos 
ou mais. Esse leite muda conforme a fase da amamentação (Figura 3), sendo 
três as descritas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2015).
Cuidados de enfermagem no aleitamento materno6
 � Colostro: primeiro leite produzido pela mãe, entre o 1º e o 5º dia após o 
parto. Geralmente, é produzido em pequena quantidade e tem a carac-
terística de um líquido transparente ou amarelo, um concentrado com 
muitos anticorpos, nutritivo e rico em proteínas. Também apresenta 
alta concentração de imunoglobulinas, o que faz com que tenha um 
papel de destaque para a imunidade do recém-nascido (é considerado 
a primeira vacina do bebê). Além de dar proteção, ajuda a treinar o 
jeito de mamar, já que, com o passar do tempo, o peito produz um leite 
adequado às necessidades e à idade do bebê, mudando de aparência 
conforme a duração da mamada.
 � Leite de transição: a quantidade produzida do leite materno aumenta 
com a estimulação de sucção do bebê; entre o 6º e o 15º dia após o nas-
cimento, sua composição se altera, tornando-se mais rico em gorduras 
e nutrientes que contribuem para o desenvolvimento e o crescimento 
da criança.
 � Leite maduro: alimentará o bebê do 15º dia em diante, sendo composto 
de todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento físico e 
cognitivo da criança.
Figura 3. O leite materno muda à medida que o bebê vai crescendo, pas-
sando pelas três fases apresentadas.
Fonte: Marcella (2018, documento on-line).
7Cuidados de enfermagem no aleitamento materno
Intercorrências no aleitamento materno
Alguns problemas enfrentados pelas mães durante o aleitamento materno 
podem se tornar importantes causas de interrupção da amamentação se não 
forem precocemente identificados e tratados (BRASIL, 2009).
Desse modo, os profissionais de saúde têm um papel importante na pre-
venção e no manejo dessas dificuldades, conforme observado a seguir.
 � A pega incorreta da região mamilo-areolar dificulta a sucção suficiente 
do leite, o que promove muito choro e agitação. A pega errada (so-
mente no mamilo) provoca dor e fissuras, deixando a mulher ansiosa, 
incomodada e com falta de confiança, acreditando que o seu leite não 
é suficiente e/ou fraco para seu filho (BRASIL, 2012).
 � Bebê que não suga ou tem sucção fraca: existem diferentes causas 
nesse caso, já que alguns bebês resistem às tentativas de serem ama-
mentados, quadro associado com frequência ao uso de bicos artificiais 
ou chupetas ou, ainda, à dor quando o bebê é posicionado para mamar 
(BRASIL, 2009).
 � Alguns bebês não conseguem pegar a aréola adequadamente ou não 
conseguem manter a pega por muito tempo, o que pode ocorrer porque 
ele não está bem posicionado, não abre a boca o suficiente, está usando 
mamadeira e/ou chupeta ou porque não consegue abocanhar adequa-
damente a mama porque está muito tensa, ingurgitada ou os mamilos 
invertidos ou muito planos (BRASIL, 2009).
 � Fissuras (rachaduras), comuns em casos nos quais o bebê é posicio-
nado de modo errado ou a pega está incorreta durante a amamentação 
(BRASIL, 2012).
 � O ingurgitamento mamário deixa as mamas dolorosas, edemaciadas 
(com pele brilhante) e, às vezes, avermelhadas, podendo provocar febre. 
Esse quadro aparece na maioria das vezes, no 3º ao 5º dia após o parto, 
sendo transitório e desaparecendo entre 24 e 48 horas (BRASIL, 2012). 
No ingurgitamento mamário, há três componentes básicos (BRASIL, 
2009): 
 ■ congestão/aumento da vascularização da mama; 
 ■ retenção de leite nos alvéolos; 
 ■ edema decorrente da congestão e da obstrução da drenagem do 
sistema linfático. 
Cuidados de enfermagem no aleitamento materno8
O ingurgitamento resulta na compressão dos ductos lactíferos, dificultando 
e/ou impedindo a saída do leite dos alvéolos. Se não for eliminado, a produção 
do leite pode ser interrompida, com posterior reabsorção do leite represado. O 
leite acumulado na mama sob pressão torna-se mais viscoso; daí a origem do 
termo “leite empedrado” (BRASIL, 2015). É importante diferenciar o ingurgi-
tamento fisiológico, que é normal, do patológico (BRASIL, 2009) (Figura 4).
 � Ingurgitamento fisiológico: é discreto e representa um sinal positivo 
de que o leite está “descendo”, não se tornando necessária qualquer 
intervenção. 
 � Ingurgitamento patológico: nessa condição, a mama fica excessiva-
mente distendida, o que causa grande desconforto, às vezes acompa-
nhado de febre e mal-estar. Pode haver áreas difusas avermelhadas, 
edemaciadas e brilhantes. Tem como causas comuns leite em abundân-
cia, início tardio da amamentação, mamadas infrequentes, restrição da 
duração e frequência das mamadas e sucção ineficaz do bebê; desse 
modo, a amamentação em livre demanda, iniciada o mais cedo possível, 
preferencialmente logo após o parto, e com técnica correta, e o não 
uso de complementos (água, chás e outros leites) constituem medidas 
eficazes na prevenção do ingurgitamento.
Figura 4. Diferenciação do ingurgitamento fisiológico, que é normal, do patológico.
Fonte: Grazif (2018, documento on-line).
9Cuidados de enfermagem no aleitamento materno
Mastite consiste em um processo inflamatório ou infeccioso que ocorre 
comumente a partir da 2ª semana após o parto, que pode decorrer de ingurgita-
mento não tratado e se apresentar de forma unilateral. Nesses casos, é impor-
tante fazer uma avaliação médica, pois o tratamento pode ser medicamentoso 
(BRASIL, 2012), mantendo-se a amamentação, sempre que possível, na mama 
afetada. A pega e a posição devemser avaliadas e, se necessário, corrigidas.
A ordenha manual (Figura 5) serve para retirar o leite, começando com 
massagens circulares com as polpas dos dedos indicador e médio na região 
mamilo-areolar, progredindo até as áreas mais afastadas e se intensificando 
nos pontos mais dolorosos (BRASIL, 2012).
Para a retirada do leite, é importante garantir o posicionamento dos dedos 
indicador e polegar no limite da região areolar, seguido de leve compressão do 
peito em direção ao tórax, e, ao mesmo tempo, comprimindo a região areolar 
com a polpa dos dedos (OPAS/OMS, 2018).
Figura 5. Ordenha manual.
Fonte: Fala, Maria (2014, documento on-line).
Existem poucas contraindicações para a amamentação: entre as situações 
maternas, encontram-se “[...] mulheres com câncer de mama que foram tratadas 
ou estão em tratamento, mulheres HIV+ ou HTLV+, mulheres com distúrbios 
graves da consciência ou do comportamento [...]” (BRASIL, 2012, p. 278), e, 
entre as causas de contraindicações neonatais, na maioria das vezes transitórias, 
incluem-se alterações da consciência de qualquer natureza e prematuridade.
Cuidados de enfermagem no aleitamento materno10
Plano de cuidados de enfermagem para o 
aleitamento materno
Para prevenir as fissuras, é importante que a mulher adquira hábitos de manter 
as mamas secas e não usar sabonetes, cremes ou pomadas. Se aparecerem, 
recomenda-se tratá-las com o leite materno do fim das mamadas, banho de 
sol e correção da posição e da pega.
Para evitar mamas ingurgitadas, a pega e a posição da amamentação de-
vem ser revistas e estar adequadas. Em casos de produção de leite superior 
à demanda, as mamas devem ser ordenhadas manualmente. As medidas de 
prevenção da mastite são as mesmas do ingurgitamento mamário, do bloqueio 
de ductos lactíferos e das fissuras (BRASIL, 2015).
Para evitar o ingurgitamento, toda vez que o peito estiver muito cheio 
ou pesado, deve ser esvaziado; para retirar o leite, é importante massagear 
suavemente em todo o peito e aplicar a técnica de ordenha manual de leite. 
Inicialmente, o leite sairá em gotas e, logo depois, em pequenos jatos (BRA-
SIL, 2014). 
Em caso de ingurgitamento fisiológico, as mamas podem ficar sensíveis e 
dolorosas, orientando-se a mãe a massagear a mama e, em seguida, posicionar 
o seu bebê para que inicie a sucção sob livre demanda. Em quadros com dor 
excessiva, a mãe deve ser orientada a aplicar compressa fria após esvaziar as 
mamas pela ordenha (não ultrapassar o tempo limite de 10 minutos) para que 
a quantidade de leite e, consequentemente, o edema mamário sejam reduzidos 
(HU–UFGD/EBSERH, 2017).
Quando, por alguma razão, o bebê não estiver sugando ou a sucção é 
ineficaz, a mulher deve ser orientada a estimular a sua mama regularmente 
(no mínimo cinco vezes ao dia) por meio de ordenha manual ou bomba de 
sucção, pois isso aumentará a sua produção de leite. 
Quando há dor, é preciso acalmar o bebê, suspender o uso de bicos e 
chupetas (quando presentes) e insistir nas mamadas em vários momentos por 
dia (BRASIL, 2015).
Quando o bebê experimenta outro bico dentro da boca, pode ficar con-
fuso e começar a atrapalhar-se na hora de mamar, eventualmente levando-o 
a abandonar o peito. Além disso, as mamadeiras e chupetas são difíceis de 
limpar e esterilizar, podendo causar infecções (BRASIL, 2014).
11Cuidados de enfermagem no aleitamento materno
Não é raro o bebê ter dificuldade para sugar em uma das mamas porque 
existe alguma diferença entre elas (mamilos, fluxo de leite, ingurgitamento) 
ou porque a mãe não consegue posicioná-lo adequadamente. Por isso, o 
enfermeiro deve estar atento e orientá-la da melhor maneira possível (BRA-
SIL, 2009).
Mamilos planos ou invertidos podem dificultar o início da amamenta-
ção, mas não necessariamente a impedem, pois o bebê faz o “bico” com 
a aréola. Para auxiliar a mulher, é preciso promover a sua confiança, 
fortalecendo-a, o que pode ser feito a partir de medidas como ajudar a 
mãe a favorecer a pega do bebê, tentar diferentes posições facilitando a 
adaptação da mãe e do bebê e mostrar à mãe manobras capazes de ajudar 
a aumentar o mamilo antes das mamadas, como o simples estímulo (toque) 
do mamilo (BRASIL, 2009).
BRASIL. Ministério da Saúde. Humanização do parto e do nascimento. Brasília: Ministério 
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Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. 2. ed. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten-
ção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil — aleitamento materno e alimentação 
complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
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ingurgitamento-mamario/. Acesso em: 21 jul. 2019.
Cuidados de enfermagem no aleitamento materno12
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OPAS/OMS. OMS e UNICEF lançam novas orientações para promover aleitamento materno 
em unidades de saúde de todo o mundo. 2018. Disponível em: https://www.paho.org/
bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5631:oms-e-unicef-lancam-
-novas-orientacoes-para-promover-aleitamento-materno-em-unidades-de-saude-
-de-todo-o-mundo&Itemid=820. Acesso em: 21 jul. 2019.
Leitura recomendada
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Coordenação-Geral de Saúde da Criança e Aleitamento 
Materno. Caderneta de saúde da criança. 11. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
13Cuidados de enfermagem no aleitamento materno

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