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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ISABEL LESSA QUINTANILHA VASCONCELLOS TRABALHO DE AVALIAÇÃO 1 RIO DE JANEIRO 2020 I. Do Positivismo Histórico à História Nova: A forma de se contar e entender a história teve variações ao longo do tempo, desde o século XVIII. Podemos citar diversas correntes de pensamento que construíram a ciência histórica. Durante o séc. XIX tivemos o Positivismo histórico, sendo uma extensão do pensamento Positivista de Auguste Comte, no qual utilizava-se o método científico, utilizando nas pesquisas uma abordagem objetiva e imparcial. Só eram consideradas fontes históricas aqueles documentos redigidos por fins políticos e religiosos. Esse método teria como fim a construção de uma história universal, pressupondo de forma eurocêntrica, uma história comum a todos os homens. Neste mesmo período temos a vertente do Historicismo, onde, partiam do pensamento de que o homem não é a obra final do estudo, mas sim o agente transformador e em plena transformação. Os estudiosos puderam acoplar aos seus métodos outras disciplinas das ciências humanas, agindo de forma subjetiva e indagadora para que se houvesse uma compreensão mais ampla de tal estudo. No historicismo também acreditava-se que o historiador não pudesse ser imparcial, afinal, em cada homem havia sua história de vida, classe social e diversos outros fatores que influenciavam em sua visão. Os historicistas defendiam a criação de um método de pesquisa próprio para a história, se desligando dos métodos científicos utilizado pelos positivistas. Karl Marx e Friedrich Engels deram sua contribuição à história, também no séc, XIX, com o método do Materialismo Histórico. Nele os principais pontos de análise e crítica eram a sociologia e a economia. A ideia principal de Marx era que as relações sociais e econômicas de tal sociedade eram a peça fundamentadora dos acontecimentos históricos. Esses estudiosos se baseavam no racionalismo científico para buscar a legitimação de suas pesquisas. Já no séc. XX, na França, surge uma nova direção para a história, a Escola dos Annales. Foi um movimento que trazia ainda mais a multidisciplinaridade para a história, adotando como fontes históricas as obras de arte, arquitetura, os relatos orais, a literatura e diversas outras áreas que ampliariam os objetos de estudos. Aqui surgem os conceitos de períodos de longa, média e curta duração histórica para delimitar os ramos de pesquisa. A Nova História parte com o auxílio da psicologia, estudando as mentalidades, o cotidiano das sociedades, das minorias, tirando o foco da história das elites. Irá usar como fonte os relatos orais e obras de arte, o estudo psicológico e antropológico da sociedade. II. Marc Bloch Marc Bloch foi um dos fundadores da Escola de Annales juntamente com Lucien Febvre. Bloch desde o início de seus estudos defendia a interdisciplinaridade da história, considerava os fatos orais, culturais, políticos, econômicos e sociais de suma importância para o entendimento da sociedade. Tinha como ideal metodológico o fator humano, as questões humanas que moviam a vida e as sociedades, as interações, o cotidiano. Nos Annales, Bloch atinha-se à teoria de história-problema, se desprendendo das configurações pré-estabelecidas e buscando em outras disciplinas, uma segunda narrativa para a história. Embora não tivesse dedicado seus livros à teoria historiográfica, deixou implícito em suas obras. Sua carreira acadêmica se iniciou na Alemanha e depois com seu doutorado na Fundação Thiers, lá ele descobriu seu interesse pela sociedade medieval, com ênfase nos feudos, após o contato com seus professores Émile Durkheim e Karl Brücher, sendo muito influenciado pelo método historiográfico alemão. Marc Bloch também considerava as vertentes psicológicas e antropológicas da história. Seu trabalho Os Reis Taumaturgos foi de suma importância pois mostra como o poder dos reis afetavam no imaginário da sociedade medieval europeia. Os camponeses acreditavam veementemente que aqueles reis, principalmente da dinastia Capetíngia, tinham o poder de curar as escrófulas da população apenas com o toque. Bloch participou da Primeira e Segunda Guerra Mundial, sendo voluntário nos dois atos, boa parte de sua literatura foi escrita durante estes períodos. Em seu livro “A apologia da História”, que foi publicado postumamente, ele explicita que os historiadores devem falar tanto para o público acadêmico quanto para os comuns. Mesmo tendo inúmeras críticas aos seus trabalhos, Marc Bloch é considerado um precursor da historiografia das mentalidades, da busca pela história do povo, dando o ponto de partida do método antropologia histórica. Seus estudos tinham como fundamento estudar o passado para compreender o presente. III. Referências: • BURKE, Peter. A nova história, seu passado e seu futuro. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992. • BENTIVOGLIO, Julio & LOPES, Marcos Antônio (orgs.). A constituição da História como ciência: de Ranke a Braudel. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. • BURKE, Peter. A escola dos Annales (1929-1989). Unesp, 1997.