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LEGISLAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE LEI 8.080 E 8.142/90 Prof. Douglas Avelar Santarém - PA 2020.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL (CF-1988 ) Artigos 196 a 200 Saúde = DIREITO Leis 8.080/90: Regulamenta os serviços de saúde Lei 8.142/90: Regulamenta a Participação da Comunidade no SUS e Transferências Financeiras Normas Operacionais Básicas (NOBs): NOBs : 01/91, 01/93, 01/96 MUNICIPALIZAÇÃO Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS): NOAS 01/2001 e 01/2002 REGIONALIZAÇÃO 2 1 - Disposições Gerais do SUS Disposições Gerais do SUS (arts. 1º a 4º) A Lei 8.080/90 dispõe sobre as condições para: a promoção; a proteção; a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes; a recuperação da saúde; e dá outras providências. Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. 3 Saúde Estado Dever não exclui o das pessoas, da família das empresas e da sociedade. condições indispensáveis ao seu pleno exercício; redução de riscos de doenças e de outros agravos; acesso universal e igualitário às ações e aos serviços; promoção, proteção e recuperação Direito Fundamental 4 Determinantes e condicionantes (Lei 8.8080/90-Art 3º e 4º) 5 6 SUS Federais; Estaduais; Municipais. Também fazem parte do SUS as instituições públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados e de equipamentos para saúde é o conjunto de ações e de serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições de administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. 7 2 - Objetivos e Atribuições do SUS Objetivos e Atribuições do SUS (arts. 5º a 6º) 8 Ressaltamos que o SUS é um sistema de saúde universal complexo, que tem um campo de atuação muito amplo para garantir atendimento integral ao usuário de saúde (Lei nº 8.080/90, art. 6°). Nesse sentido, estão incluídos no campo de atuação do SUS: I. a execução de ações: a) de vigilância sanitária; b) de vigilância epidemiológica; c) de saúde do trabalhador; e d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; II. - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; III. a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde; IV. a vigilância nutricional e a orientação alimentar; 9 V- a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; VI- a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; VII- o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; VIII- a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; IX- a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; X- o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico; XI- a formulação e execução da política de sangue e seus derivados. 10 vigilância sanitária; vigilância epidemiológica; saúde do trabalhador; Em resumo, estão incluídas, no campo de atuação do SUS, as seguintes ações assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; 11 Em resumo, estão incluídas, no campo de atuação do SUS, as seguintes ações: saneamento básico; recursos humanos; vigilância nutricional; proteção do meio ambiente; política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos; fiscalização de serviços, de produtos e de substâncias; fiscalização e inspeção de alimentos, de água e de bebidas; produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; desenvolvimento científico e tecnológico; política de sangue e seus derivados. 12 3 - Vigilância em Saúde Vigilância em Saúde (art. 6º,§§ 1º a 3º) Vigilância Sanitária Conjunto de ações que visam eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes: do meio ambiente; da produção e da circulação de bens; da prestação de serviços de interesse da saúde. 13 Vigilância Sanitária Abrange: o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, relacionam-se com a saúde, compreendidas todas as etapas e os processos, da produção ao consumo; o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. 14 ação normativa e fiscalizatória → serviços prestados, produtos e insumos terapêuticos de interesse para a saúde; Vigilância Sanitária permanente avaliação da necessidade de prevenir risco; possibilidade de interagir constantemente com a sociedade, em termos de promoção da saúde, da ética e dos direitos de cidadania. 15 Vigilância Epidemiológica é o conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde INDIVIDUAL ou COLETIVA; com a FINALIDADE de recomendar e adotar as medidas de PREVENÇÃO e CONTROLE de doenças ou agravos. 16 através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária à promoção e à proteção da saúde dos trabalhadores; A SAÚDE do TRABALHADOR se destina à recuperação e à reabilitação da saúde dos trabalhadores. Saúde do Trabalhador Visa à promoção da saúde e à redução da morbimortalidade da população trabalhadora; Por meio da integração de ações que intervenham nos agravos e seus determinantes; Decorrentes dos modelos de desenvolvimento e de processos produtivos. 17 4- Princípios do SUS I. universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II. integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo de ações e de serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III. preservação da autonomia das pessoas em defesa de sua integridade física e moral; IV. igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V. direito à informação às pessoas assistidas sobre sua saúde; VI. divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário VII. Utilização da epidemiologia para o estabelecimento deprioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII. participação da comunidade; IX. descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: Princípios do SUS (art. 7º) 18 a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X- integração, em nível executivo, das ações de saúde, do meio ambiente e do saneamento básico; XI- conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII- capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII- organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. XIV- organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013. 19 5.1- Organização, Direção e Gestão do SUSAs ações e os serviços de saúde, executados pelo SUS, seja diretamente ou com a participação complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. A direção SUS é única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, e exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos: I. - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; II. - no âmbito dos estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e III. - no âmbito dos municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente (arts. 8º a 14B) 20 Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver, em conjunto, as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam. Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância. Em nível municipal, o SUS poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para cobrir totalmente as ações de saúde. De acordo com os princípios da regionalização e da hierarquização da rede de serviços de saúde, o usuário do SUS deve procurar o atendimento de sua necessidade de saúde prioritariamente na APS. Caso esse nível de atenção não consiga resolver seu problema de saúde, deve ser atendido na média e/ou alta complexidade, a depender da necessidade apresentada. 21 encaminhamento de usuários do SUS para níveis de maior complexidade é chamado de referência. Quando o estado de saúde dos usuários atendidos na média e na alta complexidade melhora, eles devem ser reencaminhados para serviços de saúde da APS, especialmente para as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) de sua área de abrangência. Isso se denomina contrarreferência, ou seja, o caminho de volta. 22 Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil. 23 5.2- Organização, Direção e Gestão do SUS ◦ Em âmbito nacional, funciona a Comissão Intergestores Tripartite (CIT), integrada paritariamente por representantes do Ministério da Saúde (MS), representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e representantes do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS). ◦ Em cada estado da Federação, funciona uma Comissão Intergestores Bipartite (CIB), composta de forma paritária, por representação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Conselho Estadual de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS). 24 ◦ Essas comissões, instituídas no início dos anos 1990, são espaços intergovernamentais, políticos e técnicos em que ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das políticas de saúde pública. São instâncias que integram a estrutura decisória do SUS. Constituem uma estratégia de coordenação e negociação do processo de elaboração da política de saúde nas três esferas de governo, articulando-as entre si. ◦ As disposições sobre as Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) foram incluídas na Lei nº 8.080/90 (arts. 14-A e 14-B) pela Lei nº 12.466, de 2011. Foi uma regulamentação importante, porque conferiu mais legitimidade a essas comissões e conselhos existentes há muito tempo no país. 25 26 27 6- Competências e Atribuições do SUS ◦ I- definição das instâncias e dos mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações e dos serviços de saúde; II- administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à saúde; III- acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das condições ambientais; IV- organização e coordenação do sistema de informação de saúde; V- - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a assistência à saúde; VI- elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador; 28 (arts. 15 a 19) Inicialmente, vejamos quais são as atribuições comuns da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios no âmbito do SUS (Lei nº 8.080/90, art. 15): VII- participação de formulação da política e da execução das ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recuperação do meio ambiente; VIII- elaboração e atualização periódica do plano de saúde; IX- participação na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; X- elaboração da proposta orçamentária do SUS, de conformidade com o plano de saúde; XI- elaboração de normas para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; XII- realização de operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; XIII- para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização; XIV- implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; XV- propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde, ao saneamento e ao meio ambiente; 29 XVI- elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde; XVII- promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades representativas da sociedade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde; XVIII- promover a articulação da política e dos planos de saúde; XIX- realizar pesquisas e estudos na área de saúde; XX- definir as instâncias e os mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária; XXI- fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial. 30 6.2- Competências e Atribuições do SUS 31 Política de insumos, equipamentos e hemoderivados 32 Participação complementar da iniciativa privada 33 Alimentação e nutrição União (art. 16) • formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição. Estados (art. 17) • Coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços de alimentação e nutrição. Municípios (art. 18) • executar serviços de alimentação e nutrição. 34 Vigilância sanitária, epidemiológica e saúde do trabalhador 35 Saúde do trabalhador 36 Execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras Ministério da Saúde Secretarias Estaduais de Saúde estabelece normas e executa; Secretarias Municipais de Saúde colabora com a União na execução; colabora com a União e estados na execução. 37 38 Continuação... 39 Meio ambiente 6.3- Competências e Atribuições do SUS 40 Saneamento básico 41 Financiamento da saúde Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União e outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saúde, através do Fundo Nacional de Saúde (Lei nº 8.080/90, art. 33, § 1°). Portanto, o FNS é considerado o gestor financeiro, na esfera federal, dos recursos do SUS; na esfera estadual, o Fundo Estadual de Saúde (FES); ena esfera municipal, o Fundo Municipal de Saúde (FMS). 42 Gestão em saúde 43 Continuação... 7 -Subsistema de Saúde Indígena 44 Subsistema de Saúde Indígena (arts. 19A a 19H) 45 Financiamento do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena: Obrigatório União Facultativo Estados Municípios Outras instituições governamentais e não governamentais 46 Art. 19-F Devem-se levar em consideração obrigatoriamente a realidade local e as especialidades da cultura dos povos indígenas. Contemplando os aspectos assistência à saúde; saneamento básico; nutrição, habitação, meio ambiente; demarcação de terras, educação sanitária; integração institucional. 47 8 - Subsistema de Atendimento e Internação Domiciliar no SUS e Trabalho de Parto 48 São estabelecidos, no âmbito do SUS, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. Na modalidade de assistência de atendimento e internação domiciliares, incluem-se, principalmente, os procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio. O atendimento e a internação domiciliares devem ser realizados por equipes multidisciplinares, que atuarão nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. O atendimento e a internação domiciliares só podem ser realizados por indicação médica, com expressa concordância do paciente e de sua família. 49 Trabalho de Parto, Parto e Pós-Parto Imediato no SUS (art.19J) A rede própria ou conveniada do SUS deve permitir que a parturiente tenha um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. O acompanhamento será indicado pela parturiente. Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito referido (incluído pela Lei nº 12.895, de 2013). 9 - Assistência Terapêutica e Incorporações de Tecnologia em Saúde no SUS 50 Assistência terapêutica integral do SUS dispensação de medicamentos e de produtos de interesse para a saúde; oferta de procedimentos terapêuticos em regime domiciliar, ambulatorial e hospitalar. 51 Assistência Terapêutica e Incorporação de Tecnologia em Saúde no SUS (arts. 19M a 19U) Atribuições da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS incorporação, exclusão ou alteração pelo SUS de constituição ou alteração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica. novos medicamentos; novos produtos; novos procedimentos. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) elaborará relatório sobre esses aspectos. 52 O Relatório da CONITEC levará em consideração, necessariamente: as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o registro ou a autorização de uso; I a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos custos em relação às tecnologias já incorporadas, INCLUSIVE no que se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, quando cabível. II 10 - Serviços Privados de Assistência à Saúde 53 Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção e recuperação da saúde (art. 20). A assistência à saúde é livre para a iniciativa privada (art. 21). Na prestação de serviços privados de assistência à saúde, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas pelo órgão de direção do SUS quanto às condições para seu funcionamento (art. 22). Serviços Privados de Assistência à Saúde (arts. 20 a 26) 54 Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de determinada área, o SUS poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada (art. 24). A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público (art. 24, parágrafo único). Em relação à participação complementar, as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do SUS (art. 25 55 Estabelecidos pelo Ministério da Saúde critérios e valores para a remuneração de serviços do SUS; parâmetros de cobertura assistencial do SUS. Aprovados pelo CNS Os critérios e os valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do SUS e aprovados pelo Conselho Nacional de Saúde (art. 26). 56 Na fixação dos critérios, dos valores, das formas de reajuste e de pagamento da remuneração referidos, a direção nacional do SUS deverá fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços contratados (art. 26, § 1°). Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técnicas e administrativas e aos princípios e às diretrizes do SUS, mantido o equilíbrio econômico e financeiro do contrato (art. 26, § 2°). Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou de serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou função de confiança no SUS (art. 26, § 4°). 57 Intervenção de países estrangeiros na saúde brasileira A Constituição Federal de 1988 (CF/88) criou proteções para a assistência à saúde no Brasil em relação à intervenção de outros países. Primeiramente, foi assegurado pela CF/88 (art. 199, § 3°) que seria vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. Isso significa que, no Brasil, a assistência à saúde deve ser prestada apenas pelo poder público, por empresas e capitais brasileiros, com a possibilidade de haver exceções determinadas por lei 58 Posteriormente, foi determinado pela Lei nº 8.080/90 (art. 23) que seria vedada a participação direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU), de entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos (regra antiga). 59 O art. 23 da Lei nº 8.080/90 foi alterado pela Lei nº 13.097/2015 e passou a vigorar com a seguinte redação: É permitida a participação direta ou indireta, inclusive, o controle de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde nos seguintes casos (ampliação considerável): I - doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU), de entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos; II- pessoas jurídicas destinadas a instalar, a operacionalizar ou a explorar: a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlínica, clínica geral e clínica especializada; e b) ações e pesquisas de planejamento familiar; III- serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atender aos seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social; e IV- demais casos previstos em legislação específica. 60 Verificamos que, no Brasil, a alteração referida incluiu na saúde praticamente todos os serviços e as intervenções internacionais e ampliou consideravelmente as exceções previstas no art. 199, § 3° da CF/88, ou seja, essa regra constitucional ficou fragilizada. Acrescentamos que a Lei nº 8.080/90 (art. 15, inciso XII) estabelece que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios poderãoexecutar, em seu âmbito administrativo, operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, desde que autorizadas pelo Senado Federal. Isso significa que qualquer empréstimo, convênio ou acordo firmado pelos entes federativos com instituições internacionais somente poderá ser feito depois de aprovados pelo Senado Federal. 11 - Recursos Humanos no SUS 61 Recursos Humanos no SUS (arts. 27 a 30) A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas de governo, em cumprimento aos seguintes objetivos (art. 27): - organizar um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além de elaborar programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal; - valorizar a dedicação exclusiva aos serviços do SUS 62 Os serviços públicos que integram o SUS constituem campo de prática para o ensino e a pesquisa, com normas específicas elaboradas conjuntamente com o sistema educacional. Os cargos e as funções de chefia, direção e assessoramento, no âmbito do SUS, só poderão ser exercidos em regime de tempo integral (art. 28). Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabelecimento do SUS. Essa regra também se aplica aos servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento (art. 28, §§ 1° e 2°). 63 As especializações na forma de treinamento em serviço sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, instituída de acordo com o art. 12 dessa Lei, garantida a participação das entidades profissionais correspondentes (art. 30). 12- - Financiamento, Planejamento e Orçamento do SUS 64 O SUS será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, além de outras fontes. (CF/88, art. 198, § 1°). 65 São considerados de outras fontes os recursos para financiamento do SUS (art. 32): Arts. 31 a 38 Financiamento e Planejamento no SUS Arts. 39 a 55 Disposições Finais e Transitórias oCriada em 28/12/1990, dispõe sobre : Participação da comunidade na gestão do SUS Transferências intergovernamentais de recursos financeiros Conselhos e Conferências de Saúde COMPOSIÇÃO PARITÁRIA 50% USUÁRIOS 50% REPRESENTANTES DO GOVERNO TRABALHADORES DE SAÚDE PRESTADORES DE SAÚDE o Regular e Automática Fundo a Fundo oOs recursos para cobertura de ações e serviços de saúde serão transferidos de forma regular e automática aos Municípios, Estado e DF oCondições para receber a transferência Fundo de saúde Conselho de saúde Plano de Saúde Relatórios de gestão (controle) Contrapartida de recursos da saúde no próprio orçamento Comissão de Elaboração de PCCS (plano de carreira cargos e salários) Referências AGUIAR, Zenaide Neto. SUS: Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari, 2015. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 8ª Conferência Nacional de Saúde: relatório final. 1986. MINISTÉRIO DA SAÚDE. ABC do SUS: doutrinas e princípios. Brasília. 1990. FADEL, Cristina Berger [et al]. Administração pública: o pacto pela saúde como uma nova estratégia de racionalização das ações e serviços em saúde no Brasil. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, 43(2), p. 445-456, mar./abr. 2009. MACHADO, Rosani Ramos [et. al.]. Entendendo o pacto pela saúde na gestão do SUS e refletindo sua implementação. Revista Eletrônica de Enfermagem, 11(1), p.181-187, 2009. Leia mais: http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/pacto-pela-saude/ TEIXEIRA, Carmen. Os princípios do sistema único de saúde. Texto de apoio elaborado para subsidiar o debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde. Salvador, Bahia, 2011. Adaptado do Professora Mara Spinola
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