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RESENHA A PESTE

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28 de março de 2011
[Resenha]: A Peste (Albert Camus)
Em 1950, a cidade de Oran encontra-se isolada do mundo por causa da peste. A cidade é condenada ao isolamento completo para evitar a propagação da epidemia. Como reagirão a isso os habitantes? Alguns tentam fugir, outros se resignam, outros dela tiram proveito. O tempo passa e os habitantes clamam que a calamidade não cessará nunca. Oran se assemalha a um campo de concentração onde a vida de cada um esta ameaçada. Se esta obra literária é pura ficção, ela nos remete entretanto a uma realidade inquietante: a Segunda Guerra Mundial e os campos de concentração. Exceto que, na obra, a calamidade é a peste e não seres humanos. A realidade é mais desoladora que a ficção...
O romance A Peste, de Albert Camus, foi interpretado como uma espécie de alegoria ao nazismo e a qualquer regime totalitário. O livro possui alusões à ocupações ou ditaduras, bem como o fato de se iniciar um estado de sítio em Oran, cidade onde se passa a trama. Com isso, Camus faz uma crítica evidenciando um dos personagens, o jornalista Raymond Rambert, como uma representação do bloqueio da liberdade de imprensa.
É uma trama de resistência, em todos os sentidos da palavra. A resistência política e a resistência de cidadãos tão comuns passarem a, de repente, a uma nova rotina, um novo começo. A Peste traz à tona questões de ordem filosófica e existencial, como por exemplo uma filosofia acerca da morte. Ali então é representado o quanto a dor, o medo, a incerteza e a solidão gerados pela peste podem reavivar e resgatar sentimentos puros do ser humano. Até aquele momento sentimentos como compaixão, piedade e solidariedade se encontravam ocultos. Nesse caso, a morte não se passa como uma personagem de cunho natural e sim, algo desolador, trágico, com sofrimento. É algo que surge repentinamente gerando um fim gradual e devassador. Aqui, ao mesmo tempo que representa separação, ela também representa a esperança, marcando o fim de um ciclo, iniciando outro e modificando a perspectiva e visão de mundo de todos os concidadãos.
A Peste se passa em Oran, cidade argelina onde a vida é rotineira. Pessoas vivem trabalhando para gerar riquezas. Seguem uma rotina monótona, a exemplo de casais que vivem juntos por força do costume. Não há espaço para devaneios amorosos. “Em Oran, como no resto do mundo, por falta de tempo ou reflexão, somos obrigados a amar sem saber...”
Toda essa paz e estabilidade se revoluciona a partir do momento em que ratos aparecem e fazem da cidade um caos com uma doença, até então desconhecida. A morte, personagem unipresente, alcança os moradores e muda tudo aquilo que estava "construído" dentre sonhos e idealizações. Todos estão assustados, sem saberem o que pensar frente à situação que só é reconhecida depois de vários acontecimentos e falecimentos: peste bubônica.
Camus representa em sua obra duas características marcantes: o absurdo e a revolta. O absurdo, pelo homem se dizer tão racional e buscar esse racionalismo em tudo; possuir um anseio de explicação dos vários mistérios que tangem a vida. Obter como resultado a revolta por ver que não pode encontrar essa racionalidade e resolução dos mistérios, achando apenas desordem. A morte representa um aspecto do absurdo, e a revolta, estreita os laços de fraternidade. "O homem revoltado é aquele que enfrenta seu próprio absurdo.”
"Em épocas normais, sabíamos todos, conscientemente ou não, que não há amor que não se possa superar e aceitávamos no entanto, com maior ou menor tranqulidade, que o nosso permanecesse medíocre. Mas a recordação é mais exigente. E, muito logicamente, esta desgraça que nos vinha do exterior e que atingia toda uma cidade não nos trazia apenas um sofrimento injusto, com que teríamos podido indignar-nos; levava-nos a incitar mais sofrimentos em nós mesmos, fazendo-nos, assim, consentir na dor. Essa era uma das maneiras que a doença tinha de desviar a atenção e baralhar as cartas."
 Fonte: http://universoliterario.blogspot.com/2011/03/peste.html

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