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Patologia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Fabiana Aparecida Vilaça Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Processo Inflamatório • Introdução; • Células e Mecanismos do Processo Inflamatório; • Diferenças Entre Inflamação Aguda e Inflamação Crônica. • Caracterizar o processo infl amatório; • Diferenciar a infl amação aguda da infl amação crônica. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Processo Infl amatório Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Processo Inflamatório Introdução O organismo humano possui um Sistema Imune que o protege contra a ação de patógenos, agressão por corpos estranhos e presença de substâncias tóxicas. Um dos mecanismos efetores desse Sistema Imune para deflagar o ataque aos agentes agressores dos tecidos humanos é o processo inflamatório. Assim, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o Processo Inflamató- rio não é uma ação, inicialmente, prejudicial, podendo ser considerado um meca- nismo de defesa do organismo contra patógenos. Figura 1 – Esquema de um Processo Inflamatório em curso Fonte: Adaptado de Getty Images O Processo Inflamatório ocorre, basicamente, quando um tecido vascularizado é agredido iniciando uma série de ações como liberação de histamina, vasodilatação, aumento da permeabilidade celular e diapedese, sendo que que o termo diapedese indica a passagem das células sanguíneas, no caso leucócitos, de dentro do vaso sanguíneo para os tecidos. Assim, podemos observar que, para haver inflamação, ocorre a saída de líquidos e de células do sangue para o interstício. A inflamação tem como objetivo: • Matar microrganismos; • Coordenar as reações imunológicas; • Eliminar células lesadas; • Reestruturar tecidos; • Restaurar a homeostasia. Na maioria das vezes, a inflamação é benéfica ao organismo, porém, em muitos casos, pode levar também a lesões e a alterações que comprometam o bom fun- cionamento orgânico. 8 9 São patologias desencadeadas pela resposta inflamatória exacerbada: • Esclerose múltipla; • Osteoartrite; • Lúpus Eritematoso Sistêmico; • Aterosclerose; • Dermatite atópica; • Asma; • Sarcoidose; • Diabetes Tipo I; • Colites; • Vasculites; • Doença de Crohn. Historicamente, os gregos antigos já conheciam o poder de defesa do processo infamatório e definiam seus sinais e sintomas como sinais cardinais, que levam a alterações funcionais, chamadas de perda de função. Os sinais cardinais do processo inflamatório são: • Calor; • Rubor; • Tumor; • Dor. CALOR RUBOR TUMOR DOR Perda de Função Vasodilatação Aumento do metabolismo celular Vasodilatação Extravasamento de �uido (permeabilidade) In�uxo celular (químiotaxia) Vasodilatação Hiperemia Liberação de mediadores afetam terminações nervosas Figura 2 – Sinais Cardinais da Infl amação Caso a inflamação não existisse, microrganismos estariam livres para penetrar em feridas e tecidos e não ocorreria cicatrização. Mas, quando a inflamação com- promete demais a função inicial do órgão acometido, pode levar a um problema maior do que a agressão inicial, como, por exemplo, a cirrose hepática. 9 UNIDADE Processo Inflamatório As respostas inflamatórias precoces (agudas) diferem das respostas tardias (crô- nicas). Cada fase envolve mediadores químicos e células diferentes, que funcionam associados para: • Enfrentar, destruir e remover os agentes injuriosos; • Isolar esses agentes; • Estimular as respostas imunes; • Promover cura/cicatrização. A inflamação tem as seguintes fases: • Fase 1: Inflamação aguda (resposta vascular e celular, quando dominam os granulócitos); • Fase 2: Inflamação crônica (proliferação, quando dominam os monócitos); • Fase 3: Formação de granuloma; • Fase 4: Cura/cicatrização Células e Mecanismos do Processo Inflamatório Os agentes inflamatórios (bactérias, vírus, agentes químicos e físicos, protozoá- rios etc.) agem sobre o tecido e induzem a liberação de mediadores químicos que, ao agirem nos receptores existentes nas células da microcirculação e nos leucócitos, produzem aumento da permeabilidade vascular e exsudação de plasma e células sanguíneas para o interstício. Assim, são mecanismos do processo inflamatório: • Vasodilatação; • Aumento da Permeabilidade Vascular; • Diapedese. Isso porque a presença de patógenos, corpos estranhos ou substâncias tóxicas ocorre nos tecidos. Logo, as células de defesa, que estão dentro dos vasos sanguí- neos, precisam passar para os tecidos, onde desempenharão suas funções efetoras. A histamina leva à vasodilatação e ao aumento da permeabilidade vascular (ede- ma). A vasodilatação assegura um fornecimento aumentado de sangue na região onde ocorre o Processo Inflamatório e o aumento da permeabilidade vascular faz com que o mais líquido de dentro dos vasos sanguíneos escape para o meio in- tersticial, levando a um acúmulo de células da linhagem branca próximo às células endoteliais, preparando-se para passar, por rolamento, do vaso para os tecidos. 10 11 Esse processo de passagem das células de defesa (linhagem branca) dos vasos sanguíneos para os tecidos chama-se diapedese. Figura 3 – Visão geral da infl amação Fonte: ROBBINS, 2013 Figura 4 – Visão geral da diapedese Fonte: Wikimedia Commons 11 UNIDADE Processo Inflamatório Inúmeras células e moléculas participam do Processo Inflamatório. As moléculas mais comuns são histamina e citocinas, sendo que a citocina mediadora da resposta inflamatória é a interleucina 1 (IL-1). As células envolvidas no processo incluem: • Neutrófilos; • Monócitos; • Eosinófilos; • Mastócitos; • Células Dendríticas; • Células Endoteliais. Células presentes no Processo Inflamatório: http://bit.ly/2s3ybOS Ex pl or Quando as células do Sistema Imune saem da corrente sanguínea e chegam aos tecidos, por quiomiotaxia, dirigem-se até o local onde está havendo a agressão teci- dual. Nesse momento, ocorre a fagocitose do agente agressor ou patógeno. Podemos dizer, então, que o Processo Inflamatório possui vasculares e altera- ções celulares, sendo que as alterações vasculares são as primeiras a ocorrer, visto que há necessidade de as células do Sistema Imune migrarem do sangue para os te- cidos,e persistem mesmo quando as alterações celulares da inflamação têm início. As alterações vasculares da inflamação são deflagadas no início da lesão tecidual pela histamina e pelo óxido nítrico, que favorecem a entrada de mais sangue nos vasos sanguíneos (vasodilatação) e relaxamento da parede dos vasos. O acúmulo de sangue no local da inflamação é chamado de estase e justifica 2 das características do Processo Inflamatório: o calor e o rubor. Após a vasodilatação, ocorre um aumento da permeabilidade vascular, levando ao extravasamento de líquido na microvasculatura. Isso leva a uma diminuição do fluxo sanguíneo. Como houve diminuição de líquido dentro do vaso, as células aumentam seu contato umas com as outras e com o próprio endotélio vascular, ocorrendo, também, uma concentração maior de leucócitos no local da inflamação. Quando ocorre a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular, a his- tamina também provoca uma alteração no citoesqueleto das células endoteliais, levando a uma contração celular. A célula retrai e diminui o seu contato com a célula vizinha, formando poros no endotélio, por onde irão passar as células da linhagem de defesa. 12 13 Figura 5 – Elementos vasculares e celulares envolvidos na infl amação Fonte: cecierj.edu.br Para manter esse processo até que todos os agentes agressores sejam fagocita- dos há necessidade da secreção de outros mediadores químicos da inflamação, visto que a histamina e o óxido nítrico possuem um tempo de vida muito curta. Então, mediadores químicos como leucotrienos, prostaglandinas e fator ativador de plaquetas são sintetizados. A prostaglandina é um mediador químico que possui uma implicação clínica fun- damental é ele que causa a febre e a dor presentes nos processos inflamatórios. Por isso, os Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINES) tiram a dor e são antitérmicos, pois agem, justamente na prostaglandina, anulando a sua ação. Dessa maneira, o Processo Inflamatório progride por meio do mediador químico leucotrieno, que não causa dor e nem febre. Quando todos os agentes agressores forem fagocitados, a menor quantidade de interleucina 1 e os mediadores químicos da inflamação no sangue irá proporcio- nar o final do Processo Inflamatório da seguinte maneira: o hipotálamo percebe a queda nos níveis de IL-1 e outros mediadores inflamatórios e estimula as glândulas adrenais a secretarem glicocorticoides que desmontam o aparato inflamatório. Indivíduos imunodeprimidos e com doenças autoimunes precisam fazer a inges- tão de corticoides via oral. Ação da aspirina (AINE) sobre a prostaglandina: http://bit.ly/36boSLS Ex pl or 13 UNIDADE Processo Inflamatório Diferenças Entre Inflamação Aguda e Inflamação Crônica O Processo Inflamatório que dura de 10 a 12 dias é chamado de Processo Inflamatório Agudo, sendo que a inflamação aguda é considerada o mecanismo efetor da imunidade inata do organismo, aquela que é inespecífica e não tem memória imunológica. Assim, são características da inflamação aguda: • Agente pouco patogênico; • Contato único e ligeiro com um tecido saudável; • Agressão leve; • Reação inflamatória de curta duração (aguda) e de pequena intensidade. • Aumento do calibre dos vasos do local agredido; • Alteração dos capilares: saída de células sanguíneas e plasma para o sítio da inflamação; • Migração de leucócitos e acúmulo no foco inflamatório. Visão geral da Inflamação Aguda: http://bit.ly/2LveHcU Ex pl or A Inflamação Crônica ocorre em doenças autoimunes, por exemplo, onde, de- vido ao estado de imunodepressão do indivíduo, há a necessidade de ingestão de corticoide via oral. São características da Inflamação Crônica: • Agente muito resistente e patogênico; • Contatos repetidos e persistentes, mesmo em tecidos saudáveis; • Agressão mais grave com reação inflamatória de longa duração (crônica) e de maior intensidade; • Infiltração de células mononucleares: macrófagos e linfócitos; • Tentativa de reparo da área lesada: formação de tecido conjuntivo e angiogênese; • Destruição tecidual causada essencialmente pelas células inflamatórias. Na Inflamação Crônica, temos a formação de granulomas, que é um nódulo de tecido inflamatório composto por conglomerado de macrófagos e linfócitos T ativa- dos, muitas vezes associados à necrose e à fibrose. O granuloma surge devido à presença de microrganismos de difícil destruição, como o Mycobacterium spp, Fungos e Schistosoma mansoni. 14 15 Macrófago Macrófago ativado Leucócitos Morte dos macrófagos acumulo de células in amatórias e brina formam um granuloma (tubérculo) Granuloma Células gigantes de Langhans que retiram água e depositam sais de cálcio M. tuberculosis Ativo Figura 6 – Esquema do granuloma gerado devido à Tuberculose Fonte: Adaptado de Getty Images Nos casos de câncer, é comum a existência de inflamação crônica, visto que o organismo, diante de uma célula neoplásica, sempre tentará desenvolver uma res- posta imunológica que combata a lesão ocasionada, porém, como não há sucesso e o agente agressor consegue manter-se nos tecidos, a resposta inflamatória passa a ser crônica, conforme o esquema a seguir: Inflamação crônica e o câncer: http://bit.ly/2rkUn7j Ex pl or Nesta Unidade, podemos observar, então, que a inflamação é uma resposta de defesa do organismo co ntra agentes agressores e que apenas quando essa inflama- ção perde o controle e passa a desenvolver uma resposta imunitária exacerbada é que passa a ser considerada algo prejudicial ao organismo humano. 15 UNIDADE Processo Inflamatório Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Inflamação em doenças neurodegenerativas LIMA, R. R. et. al. Inflamação em doenças neurodegenerativas. Revista Paraense de Medicina, v. 21, n. 2, p. 29-34, 2007. http://bit.ly/348FEtj Inflamação Aguda http://bit.ly/2qF98l8 Processo Inflamatório BECHARA, G. H.; SZABÓ, M. P. J. Processo Inflamatório. Alterações vasculares e mediação química. Adams, p. 1-15, 2009. http://bit.ly/2P8It9P Células inflamatórias e seus mediadores na patogênese da DPOC COSTA, C. H. da; RUFINO, R.; LAPA E SILVA, J. R. Células inflamatórias e seus mediadores na patogênese da DPOC. Rev. Assoc. Med. Bras.(1992), v. 55, n. 3, p. 347-354, 2009. http://bit.ly/2LEmAwH Inflamação Crônica http://bit.ly/38mlkby 16 17 Referências MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia: processos gerais. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2010. ROBBINS, S. L. Patologia: Patologia básica 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. (e-book) ________.; COTRAN, R. S. Patologia: bases patológicas das doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 17
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