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2- Eric Hobsbawm na era do capital, trata de eventos históricos ocorridos na Europa entre 1848 (Primavera dos Povos) e 1875, período que marca o início da Grande Depressão.É contada a história de uma sociedade que buscava consolidar o processo de transição do feudalismo para o liberalismo clássico, tendo como princípio guia na área econômica a livre iniciativa privada, por meio da qual esperavam conseguir uma melhor distribuição das riquezas materiais. Porém, o livro conta como o processo de industrialização afetou essa concepção e modificou esse pensamento no final do período investigado. É contado também o avanço na moral e no conhecimento ocorrido no período. No geral, o autor analisa as contradições do período, com o avanço da ciência, da razão, da economia do capitalismo industrial e das operações militares, que tinham sua origem também em focos reacionários que tinham por objetivo frear muitos desses avanços. Eric Hobsbawm utiliza em sua obra dados históricos e geográficos, tais como informações sobre a densidade demográfica das cidades em determinadas épocas. Além disso, também utiliza poemas e cita outros autores, como Samuel Smiles, em diversos trechos dos capítulos.Ele aborda o tema, demonstrando como aquela época era cercada de incertezas, em que não era possível confiar no seu emprego atual nem em sua saúde; essa insegurança pairava constantemente sobre os trabalhadores mais pobres. Entretanto, nem mesmo a insegurança mostrou-se o pilar básico para incentivar a produção a seu ponto máximo.O autor aponta tal capacidade de organização à própria vontade e expectativa dos trabalhadores, seja porque eles vieram do campo, “orgulhosos de sua força”, ou porque eram sensíveis a incentivos de ordem não-capitalista. É possível observar como tal visão privilegia muito mais aos empregadores que aos empregados.Sobre o questionamento dos trabalhadores como classe única, o autor disserta que, até meados do século XIX, os trabalhadores uniram-se graças ao crescente descontentamento ao perceber o crescimento burguês em contraponto à miséria cada vez maior da massa de trabalhadores. Entretanto, essa identificação entre os trabalhadores se perde a partir do momento em que tem início uma diferenciação entre os trabalhadores “respeitáveis”, ou seja, aqueles que possuíam especialização dos “não respeitáveis”, correspondente à grande massa de trabalhadores mais pobres e sem grandes perspectivas.A vitória da burguesia nestes processos revolucionários foi a vitória de uma nova ordem social, a vitória da propriedade privada burguesa sobre a feudal, da nacionalidade sobre o provincianismo, da concorrência sobre a corporação, do direito burguês sobre os privilégios medievais. No entanto, com o advento das revoluções industriais e o desenvolvimento do capitalismo sob as revoluções burguesas pelo mundo, a nova divisão social do trabalho deu à luz uma nova classe, antagônica a burguesia, sua antítese segundo Marx, o Proletariado. Em muitos processos revolucionários, as massas, mais ou menos proletarização, foram manobradas pela burguesia para o êxito da revolução, mas em todos estes processos, as muitas vezes antagônicas demandas políticas e sociais das massas se misturavam com as de suas direções burguesas. Essas contradições, especialmente na metade do século XIX, estiveram muito presentes, de formas distintas, em boa parte dos levantes ocorrendo então na Europa e foram subsídio para um debate acerca dos rumos que tomava a burguesia a partir deste período. 1- Segundo René Rémond, esses preceitos configuram-se na afirmação de que “Declarado ou oculto, o ideal do liberalismo é sempre o poder mais fraco possível, e alguns não dissimulam que o melhor governo, de acordo com eles, é o governo invisível, aquele cuja ação não se faz sentir”;dentro de uma visão sociológica, “A conclusão é fácil de se adivinhar: o liberalismo é a expressão, isto é, o álibi, a máscara dos interesses de uma classe. O liberalismo é um dos grandes fatos do século XIX, século que ele domina por inteiro e não apenas no período onde todos os movimentos alardeiam explicitamente a fi losofi a liberal. Muito depois de 1848 ainda encontraremos grande número de políticos, de fi lósofos, cujo pensamento é marcado pelo liberalismo,segundo René , a partir da segunda metade do século XVIII, por iniciativa europeia, o desenvolvimento de pesquisas no campo geográfico começou a sinalizar uma possível mudança de mentalidades. São diversos os motivos que justificam tal disposição dos povos europeus em iniciar esta jornada, tais como: que tiveram o desejo de descobrir o mundo em que viviam por sua totalidade e também de propagar a crença cristã até onde fosse possível, além de procurarem por novas fontes de riqueza e também a sua declarada rivalidade, que transferiram do limitado espaço europeu para o restante do mundo conhecido.De acordo com Rémond, é importante buscar não um conceito puro de democracia, mas “defini-la no contexto da primeira metade do século XIX,quando ela se define como oposição ao Antigo Regime”. Rémond atribui à herança do liberalismo muitos dos ingredientes que permitiram o estabelecimento e continuidade de práticas democráticas, como a liberdade de expressão e de pensamento. O autor ressalta que se fez ainda avanço nessas questões, de modo que “a democracia constitui um prolongamento da ideia liberal”. Por fim, é a contribuição de Rémond quando afirma que a dissociação entre democracia e liberalismo leva ao seguinte cenário: o liberalismo, antes subversivo e responsável por combater os vestígios do Antigo Regime, torna-se um princípio de manutenção do status quo e de importante confronto com as ideias democráticas.
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