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REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES Luísa Magalhães Araújo E-mail: luisamagalhaesaraujo@gmail.com Regularização de Vazões • Déficit hídrico: vazão dos rios é inferior à necessária para atender determinado uso. • Excesso de vazão. Variabilidade da Precipitação Variabilidade da Vazão Regularização de Vazões Regularização de Vazões Sazonalidade das Vazões Regularização de Vazões • SOLUÇÃO → Regularização através da utilização de um ou mais reservatórios (acumula parte das águas disponíveis nos períodos chuvosos para compensar as deficiências nos períodos de estiagem). • Barragens: características físicas, especialmente a capacidade de armazenamento, dependem das características topográficas do vale em que estão inseridos e da altura da barragem. Propósito para Regularização de Vazões Controle de Inundações Abastecimento Recreação e Paisagismo Navegação Fluvial Geração de Energia Reservatórios Um reservatório pode ser descrito por seus níveis e volumes característicos: • NÍVEL MÍNIMO OPERACIONAL • NÍVEL MÁXIMO OPERACIONAL • NÍVEL MÁXIMO MAXIMORUM • VOLUME MÁXIMO • VOLUME MORTO • VOLUME ÚTIL Reservatórios • Volume morto → parcela de volume que não está disponível para uso, corresponde ao nível igual ao mínimo operacional. • O tamanho é definido no projeto do reservatório, mas pode ser alterado com o tempo (assoreamento). Abaixo dele: 1. Pode entrar de ar nas turbinas (cavitação), diminuindo sua vida útil. 2. Ocorre instabilidade no controle de vazão e pressão na turbina . Reservatórios • Nível máximo operacional → cota máxima permitida para operações normais no reservatório. Níveis superiores podem ocorrer em situações extraordinárias, mas comprometem a segurança da barragem. O nível máximo operacional define o volume máximo do reservatório. Geralmente coincide com o nível da crista do vertedor ou com o limite superior de capacidade das comportas do vertedor. Reservatórios • Volume útil → diferença entre o volume máximo de um reservatório e o volume morto, ou seja, a parcela do volume que pode ser efetivamente utilizada para regularização de vazão. Reservatórios • Nível máximo maximorum → durante eventos de cheia excepcionais admite-se que o N.A. no reservatório supere o nível máximo operacional por um curto período de tempo. A barragem e suas estruturas de saída (vertedor) são dimensionados para uma cheia com tempo de retorno alto (10 mil anos) no caso de barragens médias e grandes. • Na hipótese de ocorrer uma cheia igual à utilizada no dimensionamento das estruturas de saída o nível máximo atingido é o nível máximo maximorum. Reservatórios Outras características importantes são as estruturas de saída de água: • Vertedores → Liberam o excesso de água que não pode ser aproveitado para geração de energia elétrica abastecimento ou irrigação. Reservatórios • Vertedores → pode ser livre ou controlado por comportas. O tipo mais comum apresenta um perfil de rampa, para que a água escoe em alta velocidade, e a jusante é construída uma estrutura de dissipação de energia, para evitar erosão excessiva. • A vazão de um vertedor livre é dependente da altura da água sobre a soleira. Q = vazão do vertedor (m3.s-1) L = comprimento da soleira (m) h = altura da lâmina de água sobre a soleira (m) C = coeficiente com valores entre 1,4 e 1,8. Reservatórios • Descarregadores de Fundo → utilizados como estruturas de saída de água de reservatórios, especialmente para atender usos da água existentes a jusante. • Para estimar a vazão pode ser utilizada uma equação de vazão de um orifício: Q = vazão (m3.s-1) A = área da seção transversal do orifício (m2) g = aceleração da gravidade (m.s-2) h = altura da água desde a superfície até o centro do orifício (m) C = coeficiente empírico com valor próximo a 0,6. Reservatórios • Cota da crista do barramento → definida a partir do nível da água máximo maximorum somado a uma sobrelevação denominada borda livre (free board). O objetivo é impedir que ondas formadas pelo vento ultrapassem a crista da barragem. Reservatórios • Curva Cota – Área – Volume → A relação entre nível da água, área da superfície inundada e volume armazenado de um reservatório é importante para o seu dimensionamento e para a sua operação. • Volume armazenado em diferentes níveis → define capacidade de regularização do reservatório. • Área da superfície → perda de água por evaporação. • Devido às características topográficas da área inundada, a relação entre cota e área não é, em geral, linear. Da mesma forma, a relação entre cota e volume também não é linear. Reservatórios • Curva Cota – Área – Volume: Altimetria da área de um possível reservatório no Rio Gravataí - RS Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume Reservatórios • Curva Cota – Área - Volume 0 100 200 300 400 500 600 700 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Cota (m WGS84) V o lu m e ( H m 3 ) o u Á re a ( k m 2 ) Volume Hm3 Área (km2) Balanço Hídrico dos Reservatórios • Equação de continuidade aplicada a um reservatório S = volume (m3) t = tempo (s) I = vazão afluente (m3.s-1) Q = vazão de saída do reservatório (m3.s-1 ), incluindo perdas por evaporação, retiradas para abastecimento, vazão turbinada e vertida. Balanço Hídrico dos Reservatórios • Equação de continuidade aplicada a um reservatório A equação mostrada anteriormente é utilizada quando o intervalo de tempo é pequeno (1 dia ou menos), especialmente no caso de análise de propagação de cheias em reservatórios. Quando o intervalo de tempo é longo (um mês, por exemplo) a equação é simplificada para: Dimensionamento de Reservatórios O dimensionamento de um reservatório pode ser realizado com base na equação: Sujeita às restrições 0 < St+Δt < Vmax; onde Vmax é o volume útil do reservatório. Entradas → Q afluentes no intervalo de tempo t e P sobre o reservatório durante o intervalo de tempo t. Saídas → Descargas operadas visando ao suprimento das demandas e E do reservatório durante o intervalo de tempo t. Dimensionamento de Reservatórios Dimensionamento de Reservatórios • Passos para dimensionar um reservatório com o volume necessário para regularizar uma vazão D: 1. Faça uma estimativa inicial do valor de Vmax 2. Aplique a equação abaixo para cada mês do período de dados de vazão disponível (é desejável que a série tenha várias décadas). →As perdas por evaporação (E) variam com o mês e podem ser estimadas por dados de tanque classe A. →A demanda D pode variar com a época do ano. →A vazão vertida Qt é diferente de zero apenas quando a equação indica que o volume máximo será superado. EXEMPLO Um reservatório com volume útil de 500 hectômetros cúbicos (milhões de m3) pode garantir uma vazão regularizada de 55 m3.s-1, considerando a sequência de vazões de entrada da tabela? Considere o reservatório inicialmente cheio, a evaporação nula e que cada mês tem 2,592 milhões de segundos Mês Vazão (m3/s) Jan 60 Fev 20 Mar 10 Abr 5 Mai 12 Jun 13 Jul 24 Ago 58 Set 90 Out 102 Nov 120 Dez 78 SOLUÇÃO mês Vazão (m3/s) Volume I (hm3) D (hm3) Volume Q (hm3) jan 60 500 156 143 fev 20 mar 10 abr 5 mai 12 jun 13 jul 24 ago 58 set 90 out 102 nov 120 dez 78 Supondo que não será necessário verter St+Dt = St + It - Dt = 500 + 156 – 143 = 513 SOLUÇÃO St+Dt = St + It - Dt = 500 + 156 – 143 = 513 mês Vazão (m3/s) Volume I (hm3) D (hm3) Volume Q (hm3) jan 60 500 156 143 513 13fev 20 500 mar 10 abr 5 mai 12 jun 13 jul 24 ago 58 set 90 out 102 nov 120 dez 78 Vmáx excedido! → É necessário verter 13 hm 3 SOLUÇÃO mês Vazão (m3/s) Volume I (hm3) D (hm3) Volume Q (hm3) jan 60 500 156 143 513 13 fev 20 500 52 143 409 0 mar 10 409 abr 5 mai 12 jun 13 jul 24 ago 58 set 90 out 102 nov 120 dez 78 St+Dt = St + It - Dt = 500 + 52 – 143 = 409 SOLUÇÃO No início do mês de julho o volume calculado é negativo, o que rompe a restrição, portanto o reservatório não é capaz de regularizar a vazão de 55 m3.s-1 EXEMPLO Semelhante ao caso anterior → Qual é a vazão que pode ser regularizada para um reservatório com capacidade (Vmax) de 1.400 Hm3? EXEMPLO Testar a demanda constante de 13 m3/s ttttΔtt QvDISS −−+=+ EXEMPLO Testar outro valor de demanda, pois houve falha EXEMPLO Testar a demanda constante de 12 m3/s Dimensionamento de Reservatórios • Planilha de cálculo ou uma calculadora científica → fácil repetir o cálculo até que o volume atenda a vazão regularizada desejada. • Da mesma forma é fácil determinar em uma planilha eletrônica qual é a maior vazão que pode ser regularizada com um dado volume de reservatório. Teoricamente, a máxima vazão que pode ser regularizada é a vazão média do rio no local em que está a barragem. Este valor máximo é impossível de ser atingido porque a criação do reservatório aumenta a perda de água por evaporação. Dimensionamento de Reservatórios Relação entre o volume do reservatório e a vazão regularizada em uma bacia cuja vazão média é 25,4 m3.s-1, sem considerar a evaporação. Reservatórios de Usinas Hidrelétricas Dependendo do volume do reservatório as usinas hidrelétricas podem ser: • Centrais a fio d’água → UH’s com reservatórios cujo volume é pequeno em relação à vazão afluente. A energia que podem gerar depende diretamente da vazão do rio. • Regularização de vazão desprezível. Barragem construída para aumentar a diferença de nível da água (queda) entre a tomada de água e a turbina - (PCHs). • Centrais com reservatório de acumulação → dispõe de um reservatório de tamanho suficiente para acumular água na época das cheias para uso na época de estiagem. Pode dispor de uma vazão substancialmente maior do que a vazão mínima natural. Reservatórios de Usinas Hidrelétricas Dependendo do volume do reservatório as usinas hidrelétricas podem ser: • Centrais reversíveis → utilizada para gerar energia durante o período em que ocorre o pico da demanda no sistema elétrico. • Utilizando água previamente bombeada para um reservatório temporário, aproveitando o excesso de oferta de energia nos períodos que não coincidem com o pico de demanda. Reservatórios de Usinas Hidrelétricas eHQγP = • POTÊNCIA A potência gerada em uma UH depende da vazão, da queda líquida e da eficiência da conversão de energia potencial em elétrica, de acordo com a equação: P = Potência (W) = peso específico da água (N/m3) Q = vazão (m3/s) H = queda líquida (m) e = eficiência da conversão de energia hidráulica em elétrica, depende da turbina; do gerador e do sistema de adução (0,76 < e < 0,87). Reservatórios de Usinas Hidrelétricas Quanto à potência as UH podem ser classificadas em: • Micro – Potência inferior a 100 kW • Mini – Potência entre 100 e 1000 kW • Pequenas - Potência entre 1000 e 10000 ou 20000 kW • Médias – Potência entre 10 e 100 MW • Grandes – Potência maior do que 100 MW Quanto à altura de queda da água (H) as UH podem ser classificadas em: • Baixíssima queda – H < 10 m • Baixa queda – 10 < H < 50 m • Média queda – 50 < H < 250 m • Alta queda – H > 250 m EXERCÍCIO Um reservatório com volume útil de 150 hm3 é suficiente para regularizar a vazão de 28 m3.s-1 num rio que apresenta a sequência de vazões da tabela abaixo para um determinado período crítico? Considere o reservatório inicialmente cheio, 200 km2 de área superficial constante e que cada mês tem 2,592 milhões de segundos. Os dados de evaporação de tanque classe A são dados na tabela.
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