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1 LEI DA LIBERDADE ECONOMICA E O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL

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1 LEI DA LIBERDADE ECONOMICA E O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL
A lei de liberdade econômica, originada com a MP 881/2019, pleiteou a desburocratização da administração pública a fim de harmonizar a relação da ordem social e econômica, restringir a intervenção do Estado nas relações empresariais evidenciando um governo voltado à economia de mercado. A iminência dessas normas de aplicação de ordem empresarial, civil, urbanística e trabalhista tornou a lei, de acordo com o atual Ministro da Economia, Paulo Guedes, “um caminho para a prosperidade”. 
É certo que, para que se infira de forma sagaz e límpida a nova legislação, é primordial o conhecimento principiológico. Princípios estes, que de acordo com o ilustre Miguel Reale, são “verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade”.
Princípios direcionam a aplicação normativa, portanto, preliminarmente, é imperioso que o Código Civil Brasileiro seja observado tendo em vista o princípio da função social. Valendo-se das hipóteses de Judith Martins Costa, constata que: 
“O princípio da função social, ora acolhido expressamente no Código Civil (arts. 421 e 1.228, § 1.º) constitui, em termos gerais, a expressão da socialidade no Direito Privado, projetando em seus corpora normativos e nas distintas disciplinas jurídicas a diretriz constitucional da solidariedade social (CF, art. 3.º, III, in fine). Conquanto expresso no Código em tema de propriedade e contrato, o princípio manifesta-se também no Direito da Empresa: conjugando os fatores da produção (trabalho, capital e recursos humanos) e os agentes do processo econômico (consumidor, trabalhador e empresário), as empresas têm, indiscutivelmente, dimensão transindividual ou comunitária.” (MARTINS-COSTA, Judith. 2005).
Miguel Reale já havia expresso em sua obra esta perspectiva estrutural e funcional, onde apresentou as três características que conceituam este capítulo: contextualiza a fundamentada função social na liberdade, a função social como limitadora da liberdade de contratar e a função inclusa ao princípio da liberdade de contratar. 
A liberdade expressa no Código Civil se detém como uma liberdade situada no contexto da vida em comunidade, agora regida por direitos e obrigações da vida civil. Portanto, a liberdade de contratar situada no artigo 421 do Código Civil de 2002, define que: “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”, 
A modificação realizada pela medida provisória 881/19 atribui ao texto legislativo do artigo 421 do Código Civil de 2002 as seguintes disposições: 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade Econômica. 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes será excepcional. (BRASIL, 2002)
	A alteração no texto embora tenha levantado certa desburocratização nas relações empregatícias, por outro lado, é geradora de um fenômeno denominado de insegurança jurídica, que desprotege principalmente aquele que está sendo contratado, a medida que se torna passível os abusos nas relações contratuais onde toda a segurança positivada em normas norteadas por princípios reguladores do próprio código, se tornam dispensáveis a vista desta alteração.
Contudo, a liberdade não se confunde com o princípio da livre iniciativa, como citado no artigo 174 da Constituição da República Federativa do Brasil, “é todos assegurado o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente da autorização dos órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei” (Brasil, 1988) Portanto, como já apreciado anteriormente, a liberdade de contratar é, nas palavras de Judith Martins, um instrumento para o exercício da atividade econômica podendo ser limitada de acordo com os valores, erradicação da pobreza, dignidade da pessoa humana da marginalização, entre outros, para que se adeque a um ordenamento coerente e considerável. Infelizmente, a livre iniciativa como princípio que origina uma norma só encontra sua efetiva limitação na legislação quando é exteriorizado seu abuso, ou uso excessivo. Como contextualizado por Flávio Tartuce:
“[...] sabe-se que muitos negócios empresariais são de adesão, com conteúdo imposto por uma das partes e sem margem de negociação e estipulação do conteúdo da avença. A grande maioria dos contratos civis enquadra-se nessas situações, inclusive alguns negócios empresariais, podendo ser citados, apenas para ilustrar, a locação imobiliária não residencial, a locação em "shopping center" ou em centros de compras (box), a representação comercial, a agência, a distribuição e a franquia [...]”
Outra observação, é a da relação de liberdade contratual baseada no princípio da função social, onde se deturpa a própria terminologia da palavra, como citado por Bruno De Ávila Borgarelli “[...] termo completamente desconectado da realidade, pois ninguém contrata, como nunca contratou, nem nunca contratará, em razão de uma função social”. E por fim, é preciso atentar-se que o individualismo como princípio do Código Civil de 1916 parece retornar articulado nesta mudança legislativa, ignorando o fato do princípio da função social ter função interna, entre as partes e função externa, onde gera efeitos a terceiros, a função social gera trocas de perdas e ganhos a ambas as partes sendo submissa apenas a Declaração de Direito de Liberdade Econômica .
Compreendido isto, é possível avançar para a questão principal a ser abordada: as relações empresariais inseridas neste contexto social. 
“(...) não somente detém uma função social, mas é uma função social. A atividade empresarial deve ser exercida pelo empresário nas sociedades mercantis, não no interesse próprio, mas no interesse social, i.é, de todos os sócios uti singuli.Trata-se, portanto, de um poder-dever, a meio caminho entre o jus e o múnus. (COMPARATO, Fábio Konder. 1983. p. 100-101)
Tendo em vista a lei 13.874/19 denominada de Liberdade Econômica que prevê a livre iniciativa, princípio este, de eficácia plena e aplicabilidade imediata consagrada pela Constituição da República Federativa do Brasil, foi possível observar as principais alterações promovidas no Livro de "Direito de Empresa" inserindo na realidade jurídica brasileira a Sociedade Limitada Unipessoal e a inclusão da despersonalização da pessoa jurídica na EIRELI.
A criação deste instituto que permite a atividade empresarial limitada por um único indivíduo já era pauta das discussões na esfera empresarial, pois, a inscrição do sujeito como empresário individual não limitava a responsabilidade em seu nome próprio bem como na sujeição de seu patrimônio pessoal. Esta alteração trouxe consigo o afastamento das chamadas sociedades pro forma, que são aquelas em que um dos sócios detém praticamente a maior quantia de quotas equivalente a 99% e o outro sócio - geralmente familiares, amigos ou subordinados- 1% desta totalidade, não se eximindo a responsabilidade e riscos trabalhistas, cíveis, ambientais, entre outros. A princípio esta nova alteração atraí também os trabalhadores informais, à medida que é diminuída as dificuldades e entraves burocráticas. 
Contudo, a Lei 12.441 de julho de 2011 ao inserir a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELLI, já havia superado tais propósitos previstos pela Sociedade Unipessoal mesmo que os tenha apresentado de forma insuficiente e contraditória, evidenciando como exemplo, o requisito de capital inicial de cem salários mínimos aos empresários, gerando uma quebra na isonomia entre as sociedades. Nesse sentido, uma possível solução seria a de ajustes significativos ao próprio tratamento da EIRELI, como já citado em capítulos anteriores, para que haja a efetiva aplicação correta da norma e da leiem si no contexto econômico do Brasil.

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