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ESPORTES INDIVIDUAIS: ATLETISMO PROFESSOR Me. Humberto Garcia de Oliveira EDUCAÇÃO FÍSICA 2 DIREÇÃO CESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Maria Fernanda Vasconcelos e Yasminn Zagonel, Qualidade Editorial e Textual Daniel F. Hey, Hellyery Agda, Revisão Textual Gabriel Bruno Martins, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; OLIVEIRA, Humberto Garcia de. Esportes Individuais: Atletismo. Humberto Garcia de Oliveira. Maringá - PR.: Cesumar, 2016. Reimpresso em 2018. 186 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Educação Física. 2. Atletismo. 3. Miniatletismo EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0326-0 CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Impresso por: NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD boas-vindas Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação autor Professor Mestre Humberto Garcia de Oliveira Possui graduação em Educação Física - Faculdades Integradas de Guarulhos (1983), Especialização em treinamento desportivo pela Universidade Estadual de Maringa e mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Foi treinador de Atletismo durante 30 anos, possui vários títulos como treinador de equipes de renome e da seleção brasileira em campeonatos sul-americanos, jogos pan-americanos, campeonatos mundiais e outros eventos internacionais na modalidade. Atualmente é coordenador do curso de Educação Física Licenciatura e Bacharelado do Centro Universitário de Maringá-Unicesumar.Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Treinamento Desportivo, atuando principalmente nos seguintes temas: atletismo, treinamento desportivo, tenistas e preparação física em geral. apresentação do material ESPORTES INDIVIDUAIS: ATLETISMO Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Este livro tem como tema central o Atletismo enquanto conteúdo a ser ensinado. O componente curricular, Educação Física, abrange os seguintes conteúdos de forma progressiva e por níveis de complexi- dade: jogos, brincadeiras, atividades esportivas, atividades rítmicas e expressivas, ginásticas, danças, lutas e conhecimento sobre seu próprio corpo. Para o ensino e a aprendizagem de cada um desses conteúdos, é essencial considerar as abordagens: procedimental (fazer) sem restringir somente ao entendimento/desenvolvimento das habilidades motoras e dos fundamentos do esporte, mas também incluir a organização, sistematização de informações, aperfeiçoamento, entre outros; con- ceitual (conhecimentos teóricos, conceitos e fatos), que, além da reflexão sobre o conhecimento das regras, táticas e dados históricos, devem abordar conceitos sobre ética, estética, desempenho, satisfação, eficiência, entre outros; e atitudinal (valores, atitudes e normas), que expressam o próprio objeto de ensino e apren- dizagem por meio de experiências vivenciadas pelos alunos, contribuindo para a construção de posturas responsáveis perante si e a sociedade. Nesse contexto, é necessário entender que a Educação Física participa do processo de formação humana, assim, possui como objetivo sistematizar e socializar os conhecimentos construídos historicamente pelo homem, sendo o movimento humano seu objeto de estudo. A Educação Física deve proporcionar uma ampla experiência de movimentos aos alunos desde cedo, de forma planejada e bem orientada e, você que certamente tem um compromisso com a formação, poderá usufruir do conteúdo deste livro a fim de contribuir para o desenvolvimento global de nossas crianças e jovens. Toda ciência, conteúdo e modalidade esportiva teve uma origem, conhecê-la nos faz compreender os significados da atividade esportiva humana na História. O atletismo é o esporte mais antigo e também o mais jovem. A primeira Olimpíada em que o atletismo foi praticado data 776 a.C. Na Era Moderna, os primeiros Jogos Olímpicos foram realizados em Atenas, Grécia, no ano de 1896; no Brasil os Jogos ocorreram em 1924. O atletismo é uma modalidade esportiva e pode ser tratada como esporte de rendimento (competitivo), o qual objetiva a otimização dos resultados, a performance, ou, pode ser tratado como esporte educacional, em que a Educação Física irá oportunizar o acesso ao conhecimento do atletismo sob uma perspectiva pedagógica, formativa e inclusiva. Dessa foram, contamos com você para que possamos contribuir com a formação de crianças e jovens por meio do atletismo, ao proporcionarmos vivências de qualidade. Para atingir o nosso objetivo, este material está dividido em cinco unidades: A unidade I: introdução ao atletismo traz informações históricas sobre esta prática, bem como a sua importância no mundo esportivo, a contribuição no desenvolvi- mento de crianças e jovens em idade escolar e os princípios básicos da biomecânica aplicados ao movimento humano. A unidade II: você conhecerá os fundamentos e os processos pedagógicos das corridas, da saída de blocos, corridas com barreiras e revezamentos. A unidade III: fundamentos dos saltos; você estudará as técnicas e os processos pedagógicos de ensino-aprendizagem do salto no atletismo. A unidade IV: fundamentos dos lançamentos, você conhecerá as técnicas e os processos pedagógicos do lançamento do peso, do disco, do dardo e do martelo. A unidade V: o miniatletismo e suas manifestações, você aprenderá a trabalhar com o atletismo por meio de atividades adaptadas, lúdicas e recreativas. sumário UNIDADE I INTRODUÇÃO AO ATLETISMO 14 Histórico 20 Aspectos Didáticos do Atletismo 22 Aspectos Biomecânicos do Movimento UNIDADE II FUNDAMENTOS DAS CORRIDAS, SAÍDA DE BLOCOS, BARREIRAS E REVEZAMENTOS 40 Fundamentos das Corridas 44 Saída de Blocos para as Corridas de Velocidade 50 Corrida sobre Barreiras 56 Corrida de Revezamentos UNIDADE III FUNDAMENTOS DOS SALTOS 76 Saltar 78 Salto em Distância 82 Salto Triplo 88 Salto em Altura 94 Salto com Vara UNIDADE IV FUNDAMENTOS DOS LANÇAMENTOS 112 Lançamentos e Arremessos 116 Lançamento do Peso 124 Lançamento do Disco 130 Lançamento do Dardo 138 Lançamento do Martelo UNIDADE V O MINIATLETISMO E SUAS MANIFESTAÇÕES 162 O Atletismo para Crianças 164 O Atletismo em Forma de Jogos e Brincadeiras 168 Miniatletismo para Crianças de 7 a 8 Anos 175 Miniatletismo para Crianças de 9 a 10 Anos. Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Histórico • Aspectos didáticos do atletismo • Aspectos Biomecânicos do Movimento Objetivos de Aprendizagem • Compreender os aspectos históricos e evolutivos das atividades motrizes do homem que motivou a formação do atletismo enquanto modalidade. • Entender os objetivos da prática do atletismo. • Estudar os conceitos básicos da mecânica do movimento. INTRODUÇÃO AO ATLETISMO I unidade INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a) nesta unidade, você terá os primeiros contatos com esta disciplina tão importante para o curso de Educação Física e para exercer a sua profissão. O ato de ensinar deve ir além das técnicas aprendidas no dia a dia. A reflexão dos con- teúdos que se ensina e a certeza do que ensinamos está fundamentada em bases científicas, que minimizam os erros que possam surgir ao lon- go de nossa carreira profissional. O que se conhece do atletismo, basicamente, são as corridas e even- tualmente uma modalidade ou outra que o compõe. O atletismo é com- posto pelas modalidades de corridas, saltos, lançamentos, marcha atlé- tica, as corridas de cross country (por meio do campo), as corridas de rua (todas as distâncias), incluindo a tradicional corrida de maratona de 42.195 m. Torna-se necessário, nesta unidade, o seu conhecimento de forma global sobre os aspectos didáticos e históricos do atletismo, pois sabemos que a maioria dos alunos nunca tiveram contato além de corridas e um salto em distância – talvez o salto em altura –. Este fator provavelmente deve-se ao fato de que muitos ambientes não possuem infraestrutura suficiente e adequada para sua prática. Entretanto, muito ainda pode ser feito, principalmente sob o ponto de vista dos movimen- tos básicos contidos no atletismo. Outro tema importante que você de- verá conhecer nesta unidade é a biomecânica. Para entender as técnicas e principalmente saber ensinar uma técnica, de qualquer movimento, é necessário que se compreenda os conceitos do movimento humano, que são em sua maioria explicados pela física. Aproveite os conhecimentos e se esforce para aprender, pois este conteúdo dará suporte para que você aprenda com eficiência os demais. Desejo a você uma boa leitura e que aproveite os conhecimentos ad- quiridos nesta unidade. EDUCAÇÃO FÍSICA 14 O atletismo, derivado do grego athos, signifi ca “combate”, “aquele que nada teme”, em outro tem- po aplicado ao conjunto de vários esportes, não defi ne mais que quatro ordens de atividade hu- mana: a marcha, as corridas, os saltos e os lança- mentos/arremessos. De todos os esportes, o me- nos subjetivo, podendo ser compreendido como prática de um conjunto de exercícios corporais baseados nos gestos naturais do homem por meio destas atividades (OLIVEIRA, 2013). Devemos ter cuidado ao crer que qualquer atividade moto- ra (como lançar, correr e saltar) defi na atletismo. A corrida só é considerada atletismo se estiver de acordo com a regulamentação do esporte e das técnicas desenvolvidas ao longo de todos esses anos. Veja este exemplo: a corrida de velocidade exige uma saída específica (saída dos blocos de partida), o mesmo acontece com os saltos, os lan- çamentos e a marcha atlética. HISTÓRICO A origem do atletismo retrocede até a origem do gênero humano, quando os primeiros habitantes tinham que se alimentar caçando, lançando obje- tos, correndo, ora atrás, ora à frente, dos animais, saltando obstáculos e riachos a fi m de se proteger e aos outros. O atletismo enquanto competição, que os ingleses chamam de athletics sports e os ameri- canos de track and fi eld contests, vem de uma época mais próxima, embora possamos encontrar vestígios de competição de atletismo há 40 séculos atrás, em vários povos da Ásia e da África (OLIVEIRA, 2013). Duas raças europeias no extremo do continente foram as primeiras a praticar regularmente o atle- tismo de competição na mesma época, aproximada- mente 2.000 anos antes da nossa Era, na Idade do Bronze. Esses povos foram os irlandeses do perío- do pré-céltico e os gregos de Acádia, assim como os seus vizinhos, os cretenses da época minoica (1750- 1400 a.C). É muito provável que esses povos se igno- EDUCAÇÃO FÍSICA 15 Fonte: wikimedia5 rassem quanto a cultura uns dos outros. Um poema histórico de Aristeo, crônica da ilha de Mirmara, menciona um atletismo praticado pelos “escitas hi- perbóreos” (povos celtas místicos): a lenda se con- funde com a realidade, as façanhas são fabulosas e os vencedores aparecem como semideuses, as proezas descritas, são sobre-humanas. Do período pré-helênico – período clássico da História Grega (IV-VI a.C.) –, temos como testemu- nho poucos documentos descobertos em Knossos (sítio arqueológico da Idade do Bronze da Ilha grega de Creta). Figura entre eles um atletismo acrobático praticado por jovens de ambos os sexos que saltam touros apoiando-se em varas (CABRAL, 2004). Devemos a Homero (lendário poeta épico da Grécia Antiga) os primeiros relatos, sobretudo, nas Ilíadas (contos épicos da Grécia Antiga, séc. XXIII a.C.) e na Odisseia (um dos principais poemas épi- cos da Grécia; antigo-canto VII), escrito no século VII a.C. (CABRAL, 2004). Existe em Dublin, Irlanda, um manuscrito con- servado no Trinity College, intitulado “Livro de Leins (1160)”. Nele são descritos jogos de Tailti, aldeia do condado de Meath, organizados a partir do século XIX a.C. e que continuaram a ser realizados durante 25 séculos. Há referências sobre lançamentos e sal- tos (OLIVEIRA, 2013). Fonte: wikimedia6 Evidentemente mistura-se a pré-história, a mito- logia e a lenda. Todas as reuniões atléticas da Grécia Antiga, como também as da Irlanda, estão ligadas às cerimônias religiosas e aos funerais, como as de Patroclo (um dos heróis gregos da mitologia), evo- cados por Homero. Este mesmo modelo se encontra em outras organizações oficiais de jogos gregos, es- pecialmente os olímpicos (CABRAL, 2004). EDUCAÇÃO FÍSICA 16 Esses jogos foram os mais importantes da Antiga Grécia, mas não eram os únicos. A partir de 527 a.C, próximo à Delfos (região grega que hoje possui um importante sítio arqueológico), na cidade de Pítia, celebravam-se os jogos “Píticos”, dedicados a Apolo (Deus grego da beleza e juventude) – primeiramente a cada oito anos e, depois, no ano seguinte a cada Olimpíada. Próximo a Corinto, em Istmia, celebra- vam-se a cada dois anos os Jogos Istmicos e, poste- riormente, também em Argos (a cada dois anos), os Jogos Nemeos celebravam a vitória de Heracles (filho de Zeus na mitologia grega) sobre Nemea (monstro da mitologia grega) – vencido naquele mesmo local. Esses Jogos Olímpicos são os mais antigos e seus iní- cios remontam do ano de 884 a.C, mas na história oficial é datado de 776 a.C. (CABRAL, 2004). EDUCAÇÃO FÍSICA 17 O símbolo da Educação Física aprovado pelo Conselho Federal de Educação Física – CON- FEF (Resolução n. 49, 2002)¹ é o “Discóbolo de Mirón” (lançador de discos), uma estátua do escultor grego Mirón produzida em torno de 455 a.C. – que representa um atleta no momento preparatório do lan- çamento de disco. O arremesso de disco é considerada uma das mais antigas provas de arremesso do atle- tismo. EDUCAÇÃO FÍSICA 18 O atletismo moderno originou-se, segundo re- latos, em 1886, com a criação do Amatheur Athletic Club, fundado com o propósito de organizar cam- peonatos nacionais na Inglaterra (ocorrido naquele ano). As primeiras descrições dos Jogos Londrinos são datadas no sec. XII. O rei Henrique II os patroci- nava. Eram oficialmente competições de lançamen- tos de martelo de ferro com cabo de madeira, pedra, barra e sem cabo. O rei Henrique V era um admira- dor de corridas e Henrique VII um especialista em lançamento de martelo (OLIVEIRA, 2013). Alguns registros ao longo dos séculos marcam o atletismo: no séc XVI, numerosas citações acerca de corridas a pé; no séc. XVII, primeiros ensaios so- bre cronometragem, marcas e competições incluin- do apostas; durante o séc. XIX, o atletismo desperta lentamente por meio de corridas a pé. O livro “Tom Brown”, de Thomas Hughes (1857), descreve deta- lhadamente uma competição entre jovens, a mais antiga da história moderna de atletismo. Em 1857, a Universidade de Cambridge organiza campeonatos de atletismo. Em 1860 e em 1864, em Oxford, uma competição entre as duas universidades marca o iní- cio de confrontos entre entidades (MATTHIESEN; RANGEL; DARIDO, 2014). Os primeiros Jogos Olímpicos, em 1896, foram realizados com provas de 100, 400, 800 e 150 m; e fora da pista, a maratona com aproximadamente 40 km. Os saltos foram: distância, triplo, altura e com vara. Os arremessos contemplaram disco e peso. O Fonte: wikipedia7 atletismo para mulheres estreou nos Jogos Olímpicos somente em Amsterdã, em 1928. O atletismo sempre esteve ligado aos Jogos Olímpicos, considerado o es- porte rei dentre os demais (OLIVEIRA, 2013). EDUCAÇÃO FÍSICA 19 19 Os períodos mais recentes que envolvem o atletismo regulamentado e ofi cialmente tratado como uma modalidade esportiva e olímpica passa pelas datas a seguir: • 1896 – Realização dos primeiros Jogos Olímpicos (com as provas anteriormente descritas). • 1910 – Primeiras competições de atletismo no Brasil. • 1912 – Criação do orgão ofi cial mundial responsável pela admi- nistração do atletismo International Amateur Athletic Federa- tion – IAAF (Federação Internacional de Atletismo Amador). • 1914 – O atletismo brasileiro por meio da Confederação Brasilei- ra de Desportos (CBD) fi lia-se à IAAF. • 1924 – Primeira participação do Brasil em Jogos Olímpicos (Pa- ris, 1924). • 1928 – Primeira participação das mulheres em Jogos Olímpicos (Amsterdã, 1928). • 1929 – Primeira competição ofi cial de atletismo no Brasil – Cam- peonato Brasileiro entre Estados. • 1945 – Realização da primeira edição do Troféu Brasil de Atletis- mo – principal competição ofi cial do atletismo brasileiro. • 1977 – Criação da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), orgão responsável pela administração do atletismo nacional até os dias de hoje. • 2001 – A IAAF altera sua denominação para International Asso- ciation of Athletics Federation (Associação Internacional das Fe- derações de Atletismo). EDUCAÇÃO FÍSICA 20 O atletismo é um esporte que muitas vezes é ne- gligenciado na Educação Física, principalmente na escola. Os motivos que levam a esta afirmação são vários: a falta de infraestrutura física das escolas e clubes (um dos principais fatores de desinteresse em trabalhar o atletismo nas aulas); a falta de cria- tividade dos professores; falta de conhecimento; o comodismo; a falta de cultura esportiva e social; entre outros. A influência da mídia em alguns esportes per- suade no conhecimento e nas opções de prática pe- los jovens. Isto ocorre tanto no meio escolar como em outros. Assim, a prática de jogos e esportes com bola tem a preferência por serem mais atrativos e coletivos do que esportes que exigem grandes esfor- ços e são de cunho individual. Nas escolas, clubes ou associações esportivas é possíveldesenvolver um atletismo lúdico para a iniciação, onde se compete e se aprende brincando em torno de gincana, por exemplo. A proposta tem origem na preocupação em desenvolver o esporte para crianças e jovens em idade escolar. A ludicidade, um aspecto difícil de se encontrar no atletismo, pode estar mudando. ASPECTOS DIDÁTICOS DO ATLETISMO A proposta para desenvolver os atos de correr, sal- tar e lançar está inserida em um processo por meio de uma abordagem lúdica e pedagógica na forma de gincana, e pode ser compreendido como um conjunto de atividades planejadas e concebidas de forma inovadora a partir de gestos naturais bási- cos, executados de maneira recreativa em qualquer local, como estádios, ginásios, áreas livres etc., vi- sando despertar nas crianças o interesse pela prática do atletismo tornando a atividade física um ato sau- dável promovendo o desenvolvimento psicomotor (MATTHIESEN; RANGEL; DARIDO, 2014). O atletismo para as crianças deve ser atraente, inclusivo, acessível e construtivo; deveria ser o es- porte mais praticado em todo o mundo, bem como oportunizar a criança a se preparar para o futuro também em outros esportes. Toda e qualquer prá- tica neste sentido deverá se preocupar, em primeiro lugar, com a vivência do conteúdo e interação so- cial, para consequentemente desenvolver aspectos motores básicos e variados – ou ainda pensar em desenvolver a velocidade, a força, a coordenação, a flexibilidade e a resistência. EDUCAÇÃO FÍSICA 21 É significativo salientar que toda atividade pode desenvolver o espírito de competitividade de equipe e o espírito de aventura. Ela deve ser simples, sem a necessidade de muitos materiais e que esses possam ser construídos e adaptados. É importante que haja atividades em equipes mistas e que não necessite de muitas pessoas para organizá-las. Existe uma afirmação que parece no mínimo proporcionar aos professores uma reflexão: o atletismo se aprende – ou pelo menos deveria se aprender – na escola. Essa afirmação deveria motivar discussões, uma vez que, quan- do se é criança ou jovem, torna-se favorável o aprendizado e o desenvolvimento das capacida- des motoras necessárias à preparação motriz do indivíduo. Em 2005, a IAAF instituiu a “Política de Atletismo Global para Jovens” visando difundir o Atletismo e tornando-o o esporte individual mais pratica- do na escola, além de promover, em articulação com as Confederações e Federações Nacionais e outros órgãos, eventos de “Mini Atletismo” como forma de preparação para o futuro do atletismo de modo mais eficiente. O Programa “Mini Atletismo”, representado por uma nova concepção, no sentido de tornar o Atletismo uma das modalidades esportivas mais praticadas nas escolas brasileiras – posto que pode ser integrado ao conteúdo das aulas de Educação Física, favorecendo, dessa forma, o desenvolvimento da cultura atlética. Fonte: Programa..., ([2009?], on-line).² SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 22 Neste tópico, você deverá conhecer os aspectos fun- damentais da biomecânica humana. Deverá conhe- cer as definições básicas da biomecânica, bem como o que produz os movimentos, uma vez que o atletis- mo tem como premissa básica desenvolver o movi- mentos, principalmente os movimentos básicos do ser humano. A biomecânica (bio = seres vivos; mecânica = movimento) pode ser compreendida como movi- mento humano, presente em todo ser vivo que se movimenta – desde o ato de engatinhar, andar, cor- rer ou qualquer gesto que envolva movimento até os mais complexos movimentos, como os gestos espor- tivos de competição. Qualquer movimento pode ser analisado a par- tir do estudo funcional ou cinesiológico. Para que isto ocorra, poderemos utilizar um dos meios para se entender a biomecânica: por meio da caracteriza- ção dos movimentos (também denominada “mecâ- nica”) ou via compreensão das causas do movimen- to (denominada “cinética”). O professor de Educação Física poderá, a par- tir dos conhecimentos em biomecânica, promover uma prática que poderá contribuir para a efetiva- ção de processos educativos com o objetivo de alte- rar o comportamento corporal consciente. O profissional de Educação Física, na condição ocupacional de professor, tem como responsabili- dade não somente os aspectos técnico-pedagógicos ou esportivos, mas também a função de contribuir para a melhoria da qualidade da saúde das crianças e dos jovens, com ênfase nas informações que fo- ram desenvolvidas por meio de estudos científicos – desde sentar-se em uma cadeira na posição ergo- nomicamente correta; transportar uma mochila; ou receber outras orientações que possam contribuir para a melhoria da saúde. Assim, essa profissão ob- jetiva-se a ir além do que se ensina nas quadras, nos campos ou em uma sala de aula. ASPECTOS BIOMECÂNICOS DO MOVIMENTO No domínio da biomecânica, faz parte do campo de pesquisa as seguintes aplicações que caracterizam o estudo do movimento humano: (a) Esporte de alto nível de ren- dimento; (b) Esporte escolar e atividades de recreação; (c) Prevenção e reabilitação orientados à saúde; (d) Atividades do coti- diano e do trabalho Fonte: Amadio e Serrão (2007, p. 62). SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 23 Conceito O conceito de biomecânica para o movimento hu- mano, tratando-se de aprendizagem, deve ir além do entendimento da palavra. Portanto, a biomecâ- nica pode ser definida como: a ciência que estuda os movimentos dos seres vivos considerando as forças internas e externas que atuam sobre eles (MÜLLER; RITZDORF, 2000). Força As forças produzem o movimento: ela puxa ou em- purra um corpo ou um objeto em dado espaço, por exemplo. A força não é visível, mas se sabe que ela existe pelos resultados que produz. Por exemplo, um aluno quando corre aplica uma força no apoio dos pés no solo. Ela pode ser exposta de duas formas: as forças internas, que são resultados das contrações musculares voluntárias que tracionam os ossos; e as forças externas, aquelas que se encontram no am- biente, fora do nosso corpo, como a gravidade e o atrito (HALL; TARANTO, 2000). Velocidade A velocidade é a rapidez com a qual um objeto se move a uma determinada direção. Esse objeto pode ser o corpo humano ou um implemento lançado. Um corredor de 100 metros que corre essa distância em 10 segundos, correu 100 metros com uma velocidade de 10 metros por segundo. A velocidade horizontal é de- terminada dividindo a distância percorrida pelo tem- po gasto nesta distância (HALL; TARANTO, 2000). Aceleração Pode ser compreendida como sendo a capacida- de de atingir a maior velocidade possível no me- nor espaço de tempo. Qualquer objeto ou corpo que parte de uma posição estática necessita desse tempo para atingir uma velocidade máxima. Por exemplo, o velocista quando parte para a corrida após o tiro de partida ou um objeto quando é lan- çado. O gráfico 1 ilustra a velocidade e a aceleração velocidade-tempo para um corredor de 100 me- tros (HALL; TARANTO, 2000), em que o eixo X se refere ao tempo nos 100 metros em segundos; e o eixo Y é a velocidade em metros por segundo. Gráfico 1 – Velocidade e tempo para um velocista (aceleração) Fonte: Thompson (1991). Utilize todas as articulações envolvidas no movimento; essas devem combinar-se para produzir o máximo efeito, em consequência isto aumentará a velocidade e a aceleração. Use também cada articulação por ordem cor- reta de execução, no momento certo. Deve-se começar os movimentos com os grandes gru- pos musculares e expandir progressivamente para os menores músculos. Este processo produz forças de capacidades elevadas. Fonte: Thompson (1991, cap.3.5). SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 24 Movimento Linear e rotacional O movimento linear acontece em linha reta e o movimento rotacional (ou de translação) ocorre sobre um eixo de rotação. No atletismo, os movi- mentos são regularmente uma combinação entre Figura 1 – Ilustração de exemplos de exercícios com movimentos lineares Fonte: adaptadode Th ompson (2016, on-line)³. ambos, o linear e o rotacional – esta combinação é conhecida como movimento geral. Na corrida, por exemplo, o corpo se movimenta de forma linear e as pernas realizam um movimento rotacional. EDUCAÇÃO FÍSICA 25 Momentum Momentum quer dizer a quantidade de movi- mentos que um corpo possui e realiza, é tam- bém o produto do peso pela velocidade. No corpo humano pode haver transferência de momentum de uma parte do corpo para outra, por exemplo, no salto em distância, quando a perna contrária à da impulsão é bloqueada quando chega na posição horizontal, ela trans- fere o momentum como força adicional para a perna de impulsão. O momentum angular é a quantidade de movi- mento angular ou rotacional do corpo e é o momen- to de inércia angular com a velocidade rotacional. Quando o corpo gira sobre seu próprio eixo, o mo- mento da inércia é proporcional ao seu comprimen- to. Também pode haver transferência de momen- to angular de uma parte do corpo para outra, isto ocorre quando um lado do corpo é bloqueado nos lançamentos. As Leis do Movimento Devemos a compreensão da relação entre força e movimento principalmente ao inglês Isaac Newton (1642-1727). Ele é conhecido por enunciar as três leis do movimento, em 1687, com a sua obra “Philo- sophiae Naturalis Principia Mathematica”. A Primeira Lei do Movimento A primeira lei do movimento ou inércia de Newton alega que “todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele esta- do por forças aplicadas sobre ele” (UNESCO, 2013 p. 17). O mais importante é saber como aplicar esta lei na prática. Um corredor, por exemplo, não sairá do lugar no bloco de partida se não aplicar uma força sobre ele. O saltador ou o barreirista não conseguirá saltar ou ultrapassar as barreiras se não aplicar uma força que mude a direção da corrida. A Segunda Lei do Movimento A segunda lei do movimento ou aceleração expõe que “a aceleração de um corpo é proporcional à for- ça que à produz e ocorre na direção em que a força atua” (UNESCO, 2013, p. 18). Isto é, quanto maior a força maior a aceleração. A aceleração de um corpo depende da quantidade de força aplicada sobre ele. Nos lançamentos, quanto maior a força exercida so- bre o objeto lançado, maior será a aceleração. Uma vez lançado esse objeto, não haverá nenhuma for- ça que possa ser exercida sobre ele para acelerar. O mesmo se aplica aos saltos, quanto maior for a força aplicada no momento da impulsão, mais aceleração, altura ou distância poderá ser obtida. Figura 2 – Salto Triplo Fonte : IAAF (2009). EDUCAÇÃO FÍSICA 26 A Terceira Lei do Movimento A terceira lei do movimento ou lei da reação diz que “para cada ação existe uma reação igual e no sentido oposto” (UNESCO, 2013 p. 19). O Centro de Gravidade A gravidade é uma força que nos puxa para o cen- tro da Terra e está permanentemente presente. Esta força é exercida em cada objeto e em cada corpo no planeta, sendo que cada objeto ou cor- po possui um ponto imaginário onde esta força atua. O corpo humano é uma forma complexa que se modifi ca constantemente em relação aos movimentos. O centro de gravidade desloca-se de acordo com os movimentos do corpo, como mos- tra a fi gura 4. Por exemplo, um corredor exerce uma força contra o solo no momento em que impulsiona o cor- po para frente, isto cria uma reação igual e oposta que provoca o deslocamento do corpo no sentido da corrida. A lei da reação também se aplica aos mo- vimentos que ocorrem em suspensão. Nessas situa- ções, a reação igual e oposta ocorre nos movimentos de outras partes do corpo. Por exemplo, um saltador irá projetar o tronco, as pernas e os braços à fren- te no momento da queda, a reação igual e oposta do tronco em relação às pernas irá auxiliar em uma perfeita queda na areia. Figura 3 – Figura representativa da ação e reação Fonte: adaptado de IAAF (2009). EDUCAÇÃO FÍSICA 27 Quando uma pessoa salta ou lança um implemento (disco, dardo, peso etc.), a gravidade atua como uma força que puxa a pessoa ou o implemento em dire- ção ao solo. O desenho da trajetória pelo C.G. de um corpo em suspensão é uma curva denominada parábola ou movimento parabólico. A trajetória da parábola depende de três fatores: • Velocidade de lançamento. • Ângulo de impulsão ou implemento. • Altura do C.G. do saltador no momento da impulsão ou do C.G. do implemento no mo- mento do lançamento. Figura 4 – Representação do ponto do Centro de Gravidade (C.G.) no corpo em várias posições Fonte: Gallahue e Ozmun (2005, on-line)4. “As aulas de Educação Física nas escolas pro- porcionam às crianças o contato com uma grande variedade de experiências de movi- mentos. Toda esta vivência motora envolve o conhecimento de diversos elementos que vão muito além do aprendizado de sequências de movimentos [...].” (Fabiana Fernandes de Freitas e Paula Hentschel Lobo da Costa) REFLITA 28 considerações finais C aro(a) aluno(a), a unidade I objetivou-se em compreender os aspec- tos históricos do atletismo enquanto modalidade para, assim, contex- tualizar seu conteúdo nos diversos ambientes. Trouxemos também os princípios da biomecânica, pois todos os princípios do movimento ba- seiam-se na forma como o executor exerce força ou no efeito que estas forças exercem no corpo humano. No início, todas estas informações poderão parecer complexas sob o ponto de vista científico, mas à medida em que você for apren- dendo os fundamentos aliados à prática de cada disciplina, a biomecânica e a aná- lise de movimento formarão uma parte útil de seus conhecimentos sobre como compreender e aprender a ensinar, auxiliando nos processos pedagógicos de en- sino para ser um bom professor. A biomecânica exerce uma influência ampla nas modalidades do atletismo, todos os princípios são baseados nas ações e efeitos que a mecânica exige. Por este motivo, você deverá se aprofundar nos estudos em biomecânica à medida em que as dúvidas irão surgindo. Muitos professores só se preocupam com a parte muscular para a realização dos movimentos, entretanto existem áreas do nosso corpo tão importantes quanto os músculos. No curso de Educação Física você estudará diversos conteúdos que, ao final, entrelaçam-se em uma rede de conhecimentos que possibilitará exercer de forma competente a profissão. Para que você possa entender uma técnica e analisá-la são necessários conhecimentos em várias ciências, isto fará a diferença entre o leigo e o profis- sional. Faça uma reflexão a respeito: as ações básicas do atletismo, correr, saltar e lançar. Tome como exemplo um salto, que para que ele possa ocorrer você deverá estender todas as articulações da perna, gerando uma impulsão, que empurra seu corpo contra a gravidade. Isto deverá ocorrer com a marcha, a corrida e todos os outros movimentos inclusive no ato de lançar um objeto. 29 LEITURA COMPLEMENTAR VERBETE – Atividade Lúdica Para se conceituar “atividades lúdicas”, tornam-se ne- cessárias duas etapas, uma que defi ne atividade e ou- tra que prioriza o foco na sua característica lúdica. Por atividade compreende-se a qualidade ou estado de ativo; ação, conforme o dicionário (FERREIRA, 1993). Consequentemente, denota-se o componente da dis- posição para a ação prática, conduzindo a estímulos energéticos, derivando em situação de movimento de qualquer natureza. Esta ação pode ser criteriosamente defl agrada por estratégias motivadoras de diferentes magnitudes e dependentes de valores pessoais e cultu- rais. Por outro lado, quando se focaliza o componente lúdico, pode-se perceber a presença de um fenômeno com características próprias, que se inscreve na cultura para além da simples associação com a alegria, com o prazer, com a espontaneidade ou com o divertimento. É óbvio que estas características permeiam o que se toma como lúdico, mas não bastam para que se pro- cesse uma defi nição efetiva dotermo. No estudo da etimologia do verbete “lúdico”, caracterizado enquan- to adjetivo, a signifi cação traz referência ao caráter de jogo, brinquedo ou divertimento. O comportamento ou a conduta lúdica traz em si circunscrita a voluntarieda- de da ação, carregada de alegria e com um fi m em si própria, representando, inclusive, uma forma primitiva de comunicação entre realidade e fantasia e uma forma de expressão de sentimentos prazerosos, que acompa- nham o ser humano ao longo de toda a sua existên- cia. O lúdico pode ser considerado como um traço de personalidade, o qual, para autores como Lieberman (1977) e Rosamilha (1979), apresenta-se em todas as faixas de idade, obtendo funções importantes no estilo cognitivo, diferenciado de indivíduo, sendo considera- do elemento natural constituinte da personalidade e da cultura. As características desta conduta lúdica têm ramifi cações nas atividades físicas, nos jogos, na recre- ação, nos entretenimentos, nos brinquedos, nas brinca- deiras e ocasiões sociais de diversas ordens, tornando- -se parte da realidade cultural. Sobre as possibilidades de compreensão do elemento lúdico, alguns autores de diversas áreas têm oferecido suas contribuições, como Huizinga (1971), Callois (1990) Kishimoto (1992), Schwartz (1997), Marcellino (1999) Bruhns (2000), entre outros, evidenciando o valor das atividades lúdicas em diversos contextos. Deste modo, as atividades lúdicas se fundamentam na perspectiva de vivências de conte- údos signifi cativos para o enredo psicológico dos indiví- duos em qualquer período do ciclo vital, tendo em vista o valor de suas características já descritas. Fonte: Schwartz (2005, p. 35-37). 30 atividades de estudo 1. Com base nesta unidade, leia atentamente as afirmações a seguir: I. Uma força simplesmente empurra ou puxa um corpo. II. Um velocista que corre 200 metros em 25 se- gundos tem uma velocidade média de 9 me- tros por segundo. III. Todos os corpos continuam em um estado de repouso ou movimento uniforme mesmo quando acionados por uma força externa. IV. O movimento deve começar com os grupos pequenos e terminar com os grandes grupos musculares. V. O C.G. é um ponto imaginário que por meio da gravidade atrai a pessoa ou o implemento para o solo. Agora, assinale a alternativa que expõe as afirma- ções verdadeiras: a. I e II b. II e III c. I e III d. I e V e. II e V 2. Assinale a alternativa que apresenta correta- mente o significado do termo parábola ou pa- rabólico. a. Um ângulo maior de lançamento. b. A diferença entre movimento linear e angular. c. Todos os tipos de movimento retilíneo. d. Uma trajetória linear. e. O percurso do C.G. em uma trajetória do cor- po ou objeto. 3. Assinale a alternativa que apresenta, correta- mente, uma afirmação sobre as leis do movi- mento: a. A lei da aceleração e a lei da reação têm o mesmo efeito sobre uma corrida. b. Maior força significa maior aceleração. Esta afirmação diz respeito à primeira lei de New- ton. c. Para cada ação existe uma reação igual no sentido oposto. Esta afirmação qualifica a fase de impulso na corrida de velocidade. d. A segunda lei de Newton diz respeito à inércia. e. Nenhuma afirmação anterior está correta. 4. Foi possível, na unidade I, entender a origem do atletismo, que se confunde com a história do próprio ser humano. Também foi possível entender a aplicabilidade e a função pedagógi- ca deste conteúdo. A origem do atletismo retrocede até a origem do gênero humano, quando os primeiros ha- bitantes tinham de se alimentar caçando, lan- çando objetos, correndo, ora atrás, ora à frente dos animais, saltando obstáculos e riachos a fim de se proteger e aos outros. Leia a afirmação a seguir: O atletismo enquanto competição, que os ingleses chamam de athletics sports e os americanos de track and field contests, tem o seu início em uma época mais próxima – mesmo que possamos encontrar vestígios de competição de atletismo há 40 séculos atrás, de vários povos da Ásia e da África –. Os egíp- cios praticavam um atletismo primitivo, embora te- nha durado muito pouco tempo. 31 atividades de estudo Por este motivo: O atletismo moderno originou-se, segundo relatos, em 1886, com a criação do Amatheur Athletic Club, fundado com o propósito determinado a organizar campeonatos nacionais na Inglaterra, que ocorre- ram naquele ano. As primeiras descrições dos Jogos Londrinos são datadas do séc. XII. O rei Henrique II os patrocinava e eram, oficialmente, competições de lançamentos de martelo de ferro com cabo de madeira, pedra, barra e sem cabo. O rei Henrique V era um admirador de corridas e Henrique VII um especialista em lançamento de martelo. Agora, assinale a afirmação correta: a. A primeira afirmação é verdadeira e a segun- da justifica a primeira. b. Ambas as afirmações são verdadeiras e a se- gunda só existe em função da primeira. c. Ambas as afirmações são falsas. d. A primeira afirmação é verdadeira, a segunda também, entretanto a segunda não se justifica em função da primeira. e. A primeira afirmação é falsa, a segunda ver- dadeira. 5. O atletismo é um esporte que muitas vezes é negligenciado na Educação Física, principal- mente na escola. Os motivos que levam a esta afirmação são vários. Assinale a alternativa que apresenta esses motivos. a. Falta estrutura. b. Falta conhecimento dos professores. c. Falta motivação dos alunos. d. Falta cultura esportiva e social. e. Todas as anteriores. 6. Correr, saltar e lançar são atividades naturais do homem. Entretanto, é necessário conhecer aspectos biomecânicos complexos para ensi- nar as técnicas quando associadas às regras do atletismo. Neste contexto, é possível afirmar que: a. A corrida exige do indivíduo mais que conhe- cimento. Os aspectos mecânicos podem ser melhorados quando são realizados exercícios técnicos de corrida. b. Todos os saltos são iguais sob o ponto de vista técnico. c. Os saltos podem ser verticais e horizontais, os verticais são saltos em distância e os saltos de altura e horizontais são os com vara e triplo, respectivamente. d. Os lançamentos são atividades de fácil exe- cução, pois não exige conhecimento técnico e pedagógico para serem efetuados, segundo suas regras. EDUCAÇÃO FÍSICA 32 Carruagens de Fogo Ben Cross, Ian Charleson, Nicholas Farrell mais Direção: Hugh Hudson Ano: 1981 Gênero: Drama, Histórico, Esporte Sinopse: As Olimpíadas de 1924, a serem realizadas em Paris, aproximam - se. Eric Liddell (Ian Charleson) e Harold Abrahams (Ben Cross) pretendem disputá-la, mas seguem caminhos bem diferentes. Liddell é um missionário escocês que corre em de- voção a Deus. Já Abrahams é fi lho de um judeu que enriqueceu recentemente e deseja provar sua capacidade para a socieda- de de Cambridge. Liddell corre usando seu talento natural, en- quanto que Abrahams resolve contratar um treinador pessoal. Ambos seguem as eliminatórias sem problemas, até que uma das classifi catórias de Liddell é marcada para domingo. Ele se recusa a competir, por ser este um dia santo. Percebendo a si- tuação, um nobre oferece a Liddell sua vaga na disputa dos 400 metros. Ele aceita e vence a corrida, assim como Abrahams. A partir de então, os dois integram a equipe do Reino Unido para as Olimpíadas. 33 referências AMADIO, A. C.; SERRÃO, J. C. Contextualização da biomecânica para investi- gações do movimento: fundamentos, métodos e aplicações para análise da técni- ca esportiva. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes, São Paulo, v. 21, n. 61, p. 61-85, dez. 2007. CABRAL, L. A. M. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga: Olímpia Antiga e os Jogos Olímpicos. São Paulo: Odysseus Editora, 2004. FREITAS, F. F. de; LOBO, P. H. D. da. O Conteúdo Biomecânico na Educação Física Escolar: Uma Análise a Partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Re- vista Paulista de Educação Físic., São Paulo, n. 14, p. 65-71, jan.-jun. 2000. HALL, S. J.; TARANTO, G. Biomecânica básica.3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 417 p. IAAF. Material didático apresentado e disponibilizado no curso de formação de treinadores nível 1. Bragança Paulista: International Association of Athletics Federations, 2009. MATTHIESEN, S. Q.; RANGEL, I. C. A.; DARIDO, S. C. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 221 p. MÜLLER, H.; RITZDORF, W. Correr! saltar! lanzar!: la guía IAAF para la en- señanza del atletismo. Santa Fé: Federacion Internacional de Atletismo Amateur, 2000. 199 p. OLIVEIRA, H. G. de. O Atletismo no Ensino Superior. In: MARTINS JÚNIOR, J.; PEREIRA, J. da S. N. (Orgs.). Curso de Educação Física do Cesumar: 10 anos de História. Maringá: Centro Universitário de Maringá, 2013. p. 85-95. SCHWARTZ, G. M. Atividade Lúdica. In: GONZÁLEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P. E. (Org.). Dicionário Crítico de Educação Física. Ijuí: Editora Unijuí, 2005, p. 35-37. THOMPSON, P. Introdução à Teoria do Treino. [S.I.]: IAAF, 1991. UNESCO. Biomecânica do movimento humano. Brasília: Fundação Vale, UNESCO, 2013. 36 p. (Cadernos de referência de esporte; 9). 34 referências Referências On-line ¹ Em: <http://www.confef.org.br/extra/resolucoes/conteudo.asp?cd_resol=87>. Acesso em: 15 abr. 2016. ² Em: <http://cbat.org.br/atletismo_escolar/default.asp>. Acesso em: 20 jan. 2016. ³ Em: <http://slideplayer.com/slide/7648987/>. Acesso em: 19 abr. 2016. 4 Em: <http://www.educacaofisicanaveia.com.br/equilibrio-de-um-corpo-so- bre-uma-superficie-de-apoio/>. Acesso em: 19 abr. 2016. 5 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Knossos_frise_taureau-edit. png>. Acesso em: 12 jun. 2016. 6 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:AGMA_Sauteur.jpg?uselan- g=pt-br>. Acesso em: 12 jun. 2016. 7 Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_de_Ver%- C3%A3o_de_1928>. Acesso em: 12 jun. 2016. 35 gabarito 1. D 2. E 3. C 4. D 5. E 6. A Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Fundamentos das Corridas • Saída de Blocos para as Corridas de Velocidade • Corrida sobre Barreiras • Corrida de Revezamentos Objetivos de Aprendizagem • Analisar as atividades motrizes básicas das corridas. • Conhecer a técnica da saída de bloco (saída baixa). • Conhecer as fases das corridas sobre barreiras. • Conhecer as técnicas das corridas e passagens de bastão. FUNDAMENTOS DAS CORRIDAS, SAÍDA DE BLOCOS, BARREIRAS E REVEZAMENTOS II unidade INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), nesta unidade você deverá analisar, identificar e co- nhecer as corridas rasas, com barreiras e o revezamento, identificando as fases e os processos pedagógicos e, com isso, conhecer todos os as- pectos para o processo ensino-aprendizagem deste grupo que compõe a disciplina de atletismo. É importante que se pratique principalmente os exercí- cios contidos nesta unidade, para melhor compreensão dos movimentos. A prá- tica leva ao entendimento apurado dos exercícios propostos. Correr é considerada uma atividade natural, e se comparada à outras ativi- dades, a princípio parece ser fácil. Contudo, não há nada de simples em correr quando colocamos em prática os aspectos mecânicos envolvidos no exercício. As corridas são consideradas atividades cinéticas cíclicas (movimentos repetidos sistematicamente). Entretanto, deixa de ser cíclica e simples quando associamos as corridas às barreiras, aos obstáculos, em passagem de bastão nos revezamentos e, ainda, precedida por saídas de blocos na partida (nas corridas de velocidade). A mecânica de corrida é uma soma total da constituição corporal do indi- víduo: força, potência, mobilidade articular, coordenação e até a capacidade de relaxamento muscular. Pode-se dizer que a corrida reflete a personalidade do indivíduo: cada um tem um estilo próprio, como se fosse uma impressão digital. Isso se torna próprio à medida que a mecânica da corrida evolui. A forma e o estilo de corrida é em grande parte uma qualidade treinável. O objetivo principal em todas modalidades de corrida é maximizar a ve- locidade média ao longo do percurso. Nas corridas de velocidade (100 m, 200 m e 400 m), o objetivo é alcançar e manter a velocidade máxima durante o percurso. Nas corridas que possuem as barreiras (100 m, feminino, 110 m, masculino, e 400 m, em ambos os gêneros), a concentração deve ser a mesma, porém, adicionar as passagens sobre as barreiras. Em distâncias mais longas (800 m, 1.500 m, 5.000 m, 10.000 m e maratona, com percur- so de 42.195 m), o corredor deverá otimizar a distribuição do esforço ao longo da distância a percorrer. EDUCAÇÃO FÍSICA 40 Com objetivo de conhecer a estrutura de uma pista ofi cial de atletismo, a fi gura 1 apresenta o esquema dos locais de prática. Uma pista de atletismo é formada por competições em pista e campo contudo, as corridas de velocidade em qualquer uma das distâncias são realizadas na pista. FUNDAMENTOS DAS CORRIDAS Figura 1 – Esquema que representa a pista de atletismo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 41 As corridas são formadas por duas fases: apoio e suspensão, conforme exposto na fi gura 2. Figura 2 – Corridas de Velocidade Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). As corridas de meia e longa distância também contam com as duas fases men- cionadas. Figura 3 – Sequência completa das corridas de velocidade fundo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Na fase de apoio, à frente, há uma desaceleração do movimento contínuo do corpo que deve ser minimizado por um apoio rápido e ativo do terço anterior do pé, no solo. Durante esta fase do passo, a energia é poupada nos músculos enquanto a perna se fl exiona para absorver o impacto, este processo é conhecido por amor- tização. A fase de impulsão tem a função de acelerar o corpo. O objetivo desta fase é exercer a maior força possível contra o solo em um menor espaço de tempo possível: a força é produzida pela contração muscular e pela liberação de energia acumulada no momento da extensão de todas as articulações do tornozelo, joelho e quadril – em combinação com uma ação de balanço ativo da perna contrária e uma ação dinâmica e coordenada dos braços. Apoio suspensão Apoio suspensãoApoio Apoio EDUCAÇÃO FÍSICA 42 O ensino da técnica de corrida é introduzido a partir de habilidades que estão relacionadas com os exercícios de coordenação de corrida de velocidade. Como não há uma forma pedagógica de treinar todos os movimentos ao mesmo tempo, são utilizados exercícios com foco nos aspectos específicos. Os objetivos destes exercícios são: • Melhorar a velocidade de reação. • Aumentar a frequência da passada. • Aumentar a amplitude da passada. Essas características podem ser melhoradas por meio de exercícios condicionan- tes que têm como objetivos: • Melhorar a ação do pé de apoio, que deve ser rápido. • Executar a extensão total das articulações do tornozelo, joelho e quadril. • Realizar a ação dinâmica e descontraída dos braços. • Manter a posição do tronco proporcional à velocidade da corrida. Os exercícios condicionantes devem fazer parte de quase todas as práticas das corridas. Esses exercícios são denominados de exercícios básicos de coordenação. EDUCAÇÃO FÍSICA 43 Figura 4 – Exercícios técnicos condicionantes das corridas de velocidade Calcanhar atrás Elevação alta do joelho Elevação do joelho com chute Elevação baixa do joelho Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Observação importante: todos os exercícios devem ser feitos de forma dinâmica e com deslocamento linear. Carga: 3 repetições 20 a 30 minutos com intervalo de 45 segundos. EDUCAÇÃO FÍSICA 44 Nas corridas de velocidade de 100 metros até as provas de 400 metros, incluindo as provas de corridas sobre barreiras (100 m, feminino, 110 m, masculino, e 400 metros, para ambos) é regulamentado que todos devam realizar a saída dos blo- cos de partida. A seguir, você conhecerá a técnica desaída dos blocos de partida. A técnica de partida nos blocos é formada por fases que estão conectadas à voz de comando dada pelo árbitro de partida, como mostra a fi gura 5. SAÍDA DE BLOCOS PARA AS CORRIDAS DE VELOCIDADE Figura 5 – Sequência completa da saída baixa (dos blocos de partida) Aos seus lugares partida aceleraçãoprontos Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). A Partida de Blocos, exposta na fi gura 5, divide-se em quatro fases: (1) posição “aos seus lugares”; (2) posição “prontos”; (3) partida; e (4) aceleração. EDUCAÇÃO FÍSICA 45 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Objetivo: encontrar a posição inicial mais apropriada. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS • Ambos os pés devem estar em contato com o chão. • O joelho da perna de trás deverá estar apoiado no chão. • As mãos são colocadas no chão, ligeiramente mais afastadas do que a lar- gura dos ombros e os dedos devem estar arqueados. • A cabeça deve estar ao nível das costas e o aluno deve olhar diretamente para o chão. Na posição “aos seus lugares”, o aluno tem de se colocar nos blocos de partida e defi nir a posição inicial. Na posição de “prontos”, o aluno move-se colocando-se na posição ideal para a partida. Na fase da partida, o aluno abandona os blocos e realiza a primeira passada de corrida. Na fase de aceleração, o aluno aumenta a velocidade e faz a transição para a corrida de velocidade máxima. Em posição “aos seus lugares”, veja a fi gura 6. Figura 6 – Visão lateral e frontal da posição “aos seus lugares” EDUCAÇÃO FÍSICA 46 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Posição de “prontos”, veja a fi gura 7. Figura 7 – Visão lateral da fase de “prontos” na saída do bloco de partida Objetivo: o atleta deve colocar-se na posição ideal para iniciar a corrida. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS • Os pés devem pressionar os blocos para trás. • O joelho da perna da frente deve fazer um ângulo de 90º. • O joelho da perna de trás deve fazer um ângulo de 120º-140º. • O quadril deve estar ligeiramente mais alto que os ombros e o tronco deve estar inclinado para a frente. • Os ombros devem estar ligeiramente adiantados em relação às mãos. Fase de aceleração Figura 8 – Sequência dos primeiros passos na fase de aceleração Objetivos: aumentar a velocidade para que haja uma transição efi caz para a corri- da de velocidade máxima. EDUCAÇÃO FÍSICA 47 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS • O pé da frente deve ser rapidamente colocado no terço anterior para a pri- meira passada de corrida. • O aluno deve manter a inclinação do tronco à frente. • A recuperação deve ser rápida, o pé não deve subir mais que o joelho. • A amplitude e a frequência das passadas aumentam a cada passada. • O tronco endireita-se gradualmente após 10-20 m de corrida. EXERCÍCIOS PEDAGÓGICOS CONDICIONANTES Exercícios de reação: Objetivos: melhorar a capacidade de reação e aceleração. Ao sinal, o aluno deverá reagir rapidamente; o sinal deverá ser auditivo, visual e tátil. Pode ser feito individualmente ou em grupo e também com perseguições. Variar as posições: deitado, sentado, em pé etc. Figura 9 – Exercícios condicionantes de reação e aceleração Exercícios de aceleração partindo parado Objetivos: compreender a elevação do tronco e melhorar a aceleração. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 48 Como sugere a fi gura 10: 1. Partida em desequilíbrio sem ordem de partida. 2. Partida de pé em posição inclinada. 3. Partida de pé com três ou quatro apoios. 1 2 3 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 10 – Exercícios condicionantes partindo da posição “em pé” Método para ensinar a sequência completa: Passo 1 – Ensinar a posição nos blocos de partida. Passo 2 – Ensinar a posição de prontos no bloco de partida. Passo 3 – Correr 20 a 30 metros com e sem voz de comando. Passo 4 – Realizar a sequência completa unindo todas as fases: • “Aos seus lugares”. • “Prontos”. • “Sinal auditivo de partida”. • “Aceleração” – 20 a 30 metros. Figura 11 – Sequência completa da saída nas provas de velocidade Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 49 EDUCAÇÃO FÍSICA 50 É uma modalidade que teve origem na Inglaterra e foi inspirada nas competições hípicas. Em meados do século XIX, as barreiras eram feitas de madeira enterradas no solo, medindo normalmente 3 pés e 6 polegadas (1,067 m) esta altura se mantém até hoje. Os materiais foram evoluindo e ainda hoje as barreiras evoluem à medida da necessidade. As técnicas de transposição das barreiras evoluíram das formas mais diversas, até que, em 1886, um estudante da Universidade de Oxford, chamado Arthur Croome, criou o estilo de atacar a barreira com a perna extendida que se mantém até aos nossos dias (MATTHIESEN; RANGEL; DARI- DO, 2014). CORRIDA SOBRE BARREIRAS EDUCAÇÃO FÍSICA 51 A técnica das corridas sobre barreiras são forma- das por três fases: impulsão, transposição e recep- ção. Entretanto, um elemento-chave que deve ser considerado é a velocidade (ou a corrida entre as barreiras). O objetivo principal da transposição das barreiras é de minimizar o tempo de suspen- são. Para que isto, ocorra de forma rápida é ne- cessário que se domine a técnica, pois ela permi- tirá o atleta a cumprir este objetivo (LOHMANN, 2011). Sequência completa Figura 12 – Sequência completa da transposição sobre as barreiras impulsão Transposição Recepção Fase de impulsão Objetivo: estabelecer uma trajetória ideal que mini- mize a altura da passagem. Para que isto ocorra de forma tecnicamente ade- quada, é necessário que: • Mantenha a posição alta do tronco quando atacar à barreira. • A impulsão deve ser feita mais para a fren- te do que para cima (correr para a barreira e não saltar). As articulações do tornozelo, joelho devem estar em extensão completa. A coxa da perna da frente eleva-se rapidamente para posição horizontal. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 13 – Fase de ataque à barreira (a seta indica a direção da corrida) Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 52 Fase de transposição Objetivo: minimizar a perda de tempo na suspensão da transposição. Para isto, a impulsão é feita à frente da barreira pelo terço anterior do pé. A impulsão é feita a uma distância proporcional à velocidade de corrida. Após a transposição, o aluno deverá abaixar rápida e ativamente a perna que está à frente. A recepção deve ser ativa e feita pelo terço anterior do pé (não deve haver contato do calcanhar com o solo durante a recepção). Transposição com ênfase na perna de ataque (perna que está extendida) Figura 14 – Visão lateral de ataque e transposição da barreira Vista frontal Figura 15 – Visão frontal do ataque e transposição sobre barreiras Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Objetivos: enfatizar a inclinação para a frente e diminuir o tempo gasto na trans- posição da barreira. Nesta posição, a perna de ataque deverá fi car totalmente estendida sobre a barreira e após a transposição. O pé deverá fi car fl exionado. O tronco deverá in- clinar-se sobre a coxa da perna de ataque, quanto mais alta a barreira maior deverá ser a inclinação. Os ombros deverão estar paralelos às barreiras. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 53 Transposição com ênfase na perna de rebote (perna que está fl exionada) Figura 16 – Transposição com ênfase na perna de rebote (perna que está fl exionada) Objetivos: minimizar a altura que se passa a barreira e preparar para uma recepção ativa. Nesta posição, o joelho está fl exionado e o pé da perna de rebote (1) também; o joelho deve ser puxado muito rapidamente para cima e para frente (2). Fase de Recepção Figura 17 – Fase de recepção Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Objetivo: transferir a passagem da barreira para a corrida. Nesta fase, a perna de apoio deve estarbem rígida. O apoio no solo é feito pelo terço anterior do pé (1). O tronco não deve inclinar para trás no momento da recepção. A perna de trás se mantém fl exionada até o contato com o solo da perna da frente, depois é puxada rápida e ativamente para a frente (2), o contato com o solo é breve e a primeira passada é agressiva. EDUCAÇÃO FÍSICA 54 Exercícios Técnicos Pedagógicos para o Apren- dizado Transposição da barreira Exercícios para a perna de rebote: Objetivo: aprender e melhorar a ação da perna de rebote. • Começar com exercícios em pé sem barreira. • Aumentar a altura da barreira. • Realizar o exercício caminhando, depois cor- rendo em ritmo moderado. • Repetir até que o aprendizado esteja completo. Figura 18 – Exercícios técnicos pedagógicos para perna de rebote Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Exercícios para ambas as pernas: Objetivo: treinar a perna de rebote e a perna de ata- que simultaneamente. • Colocar barreiras ou obstáculos de acordo com a fi gura 19. • Passar ambas as pernas com alturas diferentes. • Utilizar bolas na parte onde passa a perna de rebote. • Repetir quantas vezes for necessário até o aprendizado. Figura 19 – Exercícios condicionantes para ambas as pernas Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 55 Sequência completa com transposição e ritmo de 3 passos. Objetivo: aprender a sequência completa de transposição no ritmo de 3 passos. • Colocar 3 a 5 barreiras ou obstáculos com distância entre 5-7 metros. • Utilizar barreiras baixas no início até o domínio completo e depois ir au- mentando gradualmente a altura das barreiras ou obstáculos. • Aumentar gradativamente a distância entre as barreiras até o limite. Figura 20 – Sequência de transposição em três barreiras Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). “A perseverança não é uma longa corrida; ela é muitas corridas curtas, uma depois da outra.” (Walter Elliott)¹ REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 56 As únicas modalidades do atletismo que são cole- tivas são os revezamentos, realizados nas distâncias de 4 x 100 metros e 4 x 400 metros. A corrida de revezamento tem raízes na Grécia Antiga, nas Pana- teneias realizadas em homenagem à deusa Atena, e incluía no programa de atletismo uma prova de re- vezamento chamada de “Corrida das Tochas”. CORRIDA DE REVEZAMENTOS Fonte: A tocha… (2004, on-line)². A prova era disputada por cinco equipes, com- postas de quarenta atletas cada. A chama não podia apagar e o vencedor iria acender a fogueira colocada no altar de Prometeu, localizado no marco da che- gada. Na Era Moderna, a primeira corrida de reve- zamento ocorreu em 17 de novembro de 1883, em Berkeley, Califórnia - EUA. Na Olimpíada de 1908, uma corrida de revezamento de 1.600 me- tros foi incluída no programa atlético. As distân- cias foram 800, 200, 200 e 400 metros. Em 1912, nos Jogos de Estocolmo, os revezamentos de 4 x 100 e 4 x 400 metros estrearam e permanecem até os tempos atuais na programação olímpica ofi cial. A sequência completa de passagem é apresenta- da na fi gura 21. EDUCAÇÃO FÍSICA 57 Figura 21 – Visão geral da pista e ponto das passa- gens do bastão As fases da passagem são: preparação, aceleração e passagem. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002). Sendo que, na fase de preparação, o aluno que se aproxima mantém a velocidade e quem irá receber o bastão coloca-se na posição de partida. Na fase de aceleração, os corredores sincronizam as suas velo- cidades, mantendo a velocidade de quem irá entre- gar e maximizando a aceleração do corredor que irá receber. Na fase de passagem, o bastão é entregue com a técnica específi ca, o mais rápido possível. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Características das passagens alternadas Objetivo: maximizar a passagem do bastão. • O primeiro corredor leva o bastão na mão di- reita e se aproxima do segundo corredor pela parte interna da sua raia (passagem interior). • O segundo corredor recebe o bastão na mão es- querda e se aproxima do terceiro corredor pela parte externa da sua raia (passagem exterior). • O terceiro corredor recebe o bastão na mão direita e se aproxima do quarto corredor pela parte interna da sua raia (passagem interior). • O quarto corredor recebe o bastão na mão esquerda. Zonas de aceleração e passagem Objetivos: realizar uma passagem efi ciente e de acordo com as regras. Da primeira marca até a segunda: zona de ace- leração (10 metros). Figura 22 – Início e fi m da zona de passagem do bastão Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 58 58 Da segunda marca até a terceira: zona de passa- gem ou entrega do bastão (20 metros). CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS • O bastão deve ser passado na zona de passa- gem – 20m. • O corredor que vai receber o bastão deve es- perar dentro da zona de aceleração – 10m. • O corredor que irá receber o bastão deve colocar uma marca antes da zona de ace- leração, para partir quando seu companheiro cruzar esta marca. • A marca é colocada entre 15 - 25 pés a partir do início da zona de aceleração do lado da pista em que corre seu companheiro. Descrevendo as fases Fase de preparação Objetivo: preparar para uma passagem rápida e segura. Características técnicas • O corredor que entrega o bastão se aproxima em alta velocidade. • O corredor que irá receber o bastão deve co- locar-se na posição de partida (apoiado nos terços anteriores dos pés com os joelhos fl e- xionados e inclinado para frente). • O aluno que irá receber o bastão deve olhar para a marca e partir quando seu compa- nheiro cruzar esta marca. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 23 – Fase de preparação na passagem do re- vezamento 4 x 100 m EDUCAÇÃO FÍSICA 59 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fase de aceleração Objetivos: manter a velocidade máxima e dar com precisão a “voz de comando”, bem como encontrar a velocidade ideal para a passagem. Características técnicas • A aceleração do corredor que recebe o bastão deve ser consistente. • O corredor que entrega o bastão deve dar “voz de comando” para o com- panheiro que irá receber, quando estiver na distância exata para a entrega. • O corredor que irá receber o bastão estende o braço para trás (de acordo com a técnica utilizada), o companheiro entrega-lhe o bastão. Figura 24 – Fase de aceleração no revezamento 4 x 100 m Fase de passagem do bastão Objetivos: realizar uma passagem rápida e segura. Características técnicas • O corredor que entrega concentra-se na mão do que recebe. • O corredor que entrega coloca o bastão na mão do que recebe. • O corredor que recebe deve segurar o bastão ao sentir seu contato. • Ambos devem permanecer no seu lado da pista durante a passagem. • O corredor que entrega o bastão deve permanecer na sua raia até terminar todas as passagens. Figura 25 – Fase de passagem do bastão no revezamento 4 x 100 m Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 60 Técnicas de passagem do bastão Passagem ascendente – passagem relativamente segura Objetivo: realizar uma passagem rápida e segura. Características técnicas desta passagem: • A mão do corredor que recebe é estendida para trás ao nível do quadril. • O corredor deve entregar o bastão de forma ascendente (de baixo para cima) e colocá-lo entre o indicador e o polegar de quem recebe. Nesse momento, o polegar e o indicador de- vem estar bem afastados. • Durante a passagem, a distância entre ambos é de cerca de 2 m. Figura 26 – Movimento ascendente da entrega do bastão no revezamento 4 x 100 m Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Passagem descendente – passagem utilizada por atletas experientes Objetivo: realizar uma passagem rápida e segura. Características técnicas desta passagem: • A mão do corredor que recebe é estendida para trás na horizontal, com a palma da mão virada para cima. • O corredor deve entregar o bastão de forma descendente (decima para baixo) e colocá-lo na palma da mão, que deve estar bem aberta – de quem recebe. • Durante a passagem, a distância entre ambos é de cerca de 2 m. Figura 27 – Movimento descendente da entrega do bastão no revezamento 4 x 100 m Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 61 Resumo da passagem do bastão (visão com- pleta) Os corredores devem sincronizar a velocida- de dentro dos 30 m, que compreendem a zona de aceleração e a zona de passagem. O ponto de passagem ideal entre ambos, se forem prin- cipiantes, é no meio dos 20 m da zona de pas- sagem. Para os mais experientes, o ponto de passagem ideal é no último terço da zona de passagem. A colocação correta da marca e uma aceleração consistente são segredos para uma passagem de sucesso. Figura 28: Aproximação e entrega do bastão na zona de passagem no revezamento 4 x 100 m Exercícios para o aprendizado 1º Exercício: • Um grupo corre ao acaso em um área de 40 m. Um bastão para cada dois alunos. • Os alunos devem passar o bastão pela frente, pelo lado e por trás. • Trabalhando em pares, devem praticar a pas- sagem visual em um zona de 20 m. Veja a fi - gura 29. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 29 – Exercício lúdico de prática de entrega do bastão 2º Exercício: • Em pares, entregar e receber o bastão, pri- meiro andando e depois trotando. • Introduzir as técnicas de passagem “ascen- dente” e “descendente”. • Repetir o exercício em grupos de quatro, pas- sando o bastão direita-esquerda. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 62 Figura 30 – Exercício de passagem do bastão após sinal auditivo 3º Exercício: Passagem com velocidade progressiva • Trabalho em pares. • Passar o bastão a uma velocidade média para aumentar a velocidade aos 50 – 70 m (2 a 3 passagens). • Utilizar as duas técnicas diferentes de passagem: “ascendente” e “descen- dente”. Figura 31 – Exercício de passagem do bastão com velocidade progressiva Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). 4º Exercício: Defi nindo a marca de aceleração • Colocar a marca e treinar as saídas da posição de partida. • Utilizar várias posições de partida (sem contato com o solo, com uma ou com as duas mãos). • O aluno que entrega se aproxima em alta velocidade. EDUCAÇÃO FÍSICA 63 Figura 32 – Exercício de prática da marca de aceleração de quem recebe e aproxi- mação de quem passa o bastão no revezamento 4 x 100 m 5º Exercício: Sequência completa para praticar em modelos de jogos e competições. • Equipes de quatro alunos em raias separadas com e sem adversários. • Utilizar distâncias diferentes (4 x 50 m ou 4 x 75 m) e diferentes velo- cidades. Figura 33 – Sequência completa da passagem do bastão nas corridas de reveza- mento 4 x 100 m Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). 64 considerações finais E ncerramos a unidade II com o estudo e aprendizado dos conceitos e definições, bem como as técnicas, processos pedagógicos, exercícios e outras informações importantes. Espero que você tenha adquirido conhecimento suficiente para a aplicação teórica e prática de todos os assuntos abordados até aqui. Tanto a teoria quanto a prática são importantes para o processo ensino-aprendizagem, por isso, é necessário o bom entendimento de todas as informações contidas nesta unidade. É facil correr? A resposta deveria ser sim. Entretanto, a corrida, sob viés esportivo, exige técnica. Apesar de ser um gesto natural, o aspecto mais importante é a formação de um movimento de corrida nos padrões mecânicos adequados. A corrida exige força muscular, potência, mobilidade articular, ritmo, coordenação e relaxamento. Também au- xilia na execução de todas as atividades esportivas que contenham o ato de cor- rer. Ela é como se fosse uma impressão digital: cada pessoa desenvolverá, após o aprendizado da técnica, seu próprio estilo de corrida. É importante conhecer a técnica e, para isto, você precisa praticar para melhor compreensão dos movi- mentos. Sozinho ou em grupo, é importante que o faça. A sequência pedagógica fornecida passo a passo é um importante instrumento de informações inseridas no processo ensino-aprendizagem. As corridas de velocidade e sem barreiras, as corridas com barreiras e o revezamento compõem um importante grupo de provas do atletismo que sustentará vários outros elementos-chave para as outras modalidade do atletismo. Assim, a unidade II torna-se um importante capítulo para que as informações sejam processadas como um todo. As corridas, princi- palmente as de velocidade, juntamente com as barreiras, servem de base para os saltos – componente da unidade III. 65 LEITURA COMPLEMENTAR Fonte: Greco, Moraes e Conti (2013, p. 338). Para o estudo do atletismo, partimos do conhecimento de seus aspectos técnicos, mas, para o ensino da mo- dalidade no ambiente escolar são necessários os aspec- tos lúdicos e inclusivos. Assim, apresentamos algumas atividades como sugestão. É importante que ao serem aplicadas na escola, cada atividade esteja alinhada com o planejamento da disciplina de Educação Física – e ade- quadas às fases de desenvolvimento das crianças e jo- vens. 1. Nome do jogo: “Tatu sai da toca”. 2. Objetivo: velocidade (partida). 3. Material: arcos e bola. 4. Descrição: vários arcos serão distribuídos no espa- ço. O número de arcos deverá ser correspondente à quantidade de alunos, exceto um. Cada aluno deve- rá posicionar-se dentro de um arco. Um aluno fi cará de fora do arco segurando uma bola e será o pe- gador. Ao comando do professor, “tatu sai da toca”, os alunos que estiverem dentro dos arcos deverão correr para trocar de arco. O pegador deverá encos- tar a bola em um dos alunos que ainda estiver fora de um arco. Quem o aluno pegar será o próximo pegador. 1. Nome do jogo: “O bastão é seu”. 2. corrida de velocidade (revezamento). 3. Material: bastões. 4. Descrição: alguns alunos receberão um bastão. Um aluno será defi nido como “pegador” e deverá pegar o aluno que estiver com o bastão, este, para não ser pego, deverá passar o bastão para outro aluno que não poderá se recusar a recebê-lo. 5. Desenho 66 LEITURA COMPLEMENTAR Fonte: Greco, Moraes e Conti (2013, p. 340). Fonte: Greco, Moraes e Conti (2013, p. 340). 1. Nome do jogo: “Corrida meteórica”. 2. Objetivo: corrida (revezamento e transposição de obstáculos). 3. Material: bolas e bastões. 4. Descrição: dois grupos se posicionarão nas duas li- nhas de fundo da quadra, um de frente para o outro. Um grupo será dividido em dois subgrupos, estando um deles na linha de fundo e o outro subgrupo pró- ximo à linha central. Um grupo deverá rolar as bolas em direção ao outro grupo para que eles, na corri- da, executem a passagem do bastão transpondo as bolas (obstáculos) que deslocam em sua direção. O segundo aluno da dupla deverá ultrapassar a linha correspondente ao grupo que rolou as bolas no me- nor tempo possível. 5. Desenho: 5. Desenho: 67 atividades de estudo 1. O objetivo principal em todas as modalidades de corrida é maximizar a velocidade média ao longo do percurso. As corridas são divididas em velo- cidade, meio fundo e fundo ou meia distância e corridas longas. Assinale a alternativa correta: a. As corridas de 400 metros correspondem às modalidades de meio fundo ou meia distância. b. As corridas de 100 metros são distâncias clas- sificadas como provas de fundo no atletismo. c. As corridas de maratona não fazem parte do calendário olímpico. d. As corridas com barreiras são provas de ve- locidade. e. Todas as alternativas acima estão erradas. 2. A corrida de revezamento de 4 x 100 metros é classificada como uma modalidade coletiva no atletismo. Pode-se afirmar que em relação a esta modalidade: I. É uma prova de velocidade e são necessários no mínimo dois atletas para completar a equipe. II. O bastão necessita ser transportadopelo pri- meiro corredor até o segundo corredor – que irá esperar parado até receber o bastão, e as- sim sucessivamente até o último corredor. III. São necessários quatro elementos para com- por a equipe e todos devem permanecer na sua raia até que a corrida seja completada. IV. Será vencedora a equipe que chegar primeiro com o bastão na mão. V. Após a largada, os corredores não poderão trocar o bastão de mão. Assinale a alternativa correta: a. Está correto o que se afirma em I e II. b. Está correto o que se afirma em II e III. c. Está correto o que se afirma em III e IV. d. Está correto o que se afirma em IV e IV. e. Nenhuma afirmação de I a V está correta. 3. Elabore dois exercícios ou jogos que possam contribuir para o aprendizado das corridas so- bre barreiras. 4. É correto afirmar que, em relação às corridas: a. Todas possuem a mesma técnica de aprendi- zado. b. As corridas com barreiras são modalidades mais fáceis de se aprender do que as demais. c. As corridas de velocidade são somente as provas de 100, 200 e 400 metros. d. As corridas de revezamentos são modalidades do atletismo consideradas provas de velocidade. e. Todas as afirmações anteriores estão corretas. 5. Assinale V (Verdadeiro) e F (Falso) nas afirma- ções abaixo: ( ) Os movimentos da técnica em corridas sobre bar- reiras, quando comparados, são bastante similares nas corridas de 100 metros sobre barreiras, no fe- minino, e 110 metros sobre barreiras, no masculino. ( ) Nos revezamentos existem dois tipos de passa- gem do bastão: a descendente e a ascendente. ( ) Na saída de bloco para provas de velocidade, a voz de comando será: “ aos seus lugares”, “prontos” e o tiro de partida. Sendo estas as fases da técnica de saída de bloco. ( ) Nas corridas de meia distância (800 e 1.500 me- tros) não é necessária a saída dos blocos de partida. ( ) A altura das barreiras modificou muito desde a sua estréia nos Jogos Olímpicos. EDUCAÇÃO FÍSICA 68 Atletismo na Escola SARA QUENZER MATTHIESEN Editora: EDUEM Sinopse: “Atletismo - Teoria e prática” reúne informações que visam, em última instância, ao ensino do atletismo. Nele, o lei- tor encontrará informações importantes acerca de movimentos específi cos, regras básicas, dados históricos, estilos técnicos, resultados relevantes, sugestões de atividades e exercícios bá- sicos para cada uma das provas dessa modalidade esportiva. Aluno(a), nos links a seguir você saberá mais, sobre este assunto. Consulte os sites do atletismo. Disponível em: <http://www.iaaf.org>. Disponível em: <http://cbat.org.br/>. 69 referências GRECO, P. J.; MORALES, J. C. P.; CONTI, G. T. Manual de práticas para a ini- ciação esportiva no Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2013. LOHMANN, L. A. Atletismo: manual técnico para atletas iniciantes. Rio de Ja- neiro: Sprint, 2011. MATTHIESEN, S. Q.; RANGEL, I. C. A.; DARIDO, S. C. Atletismo: teoria e prá- tica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 221 p. (Educação física no ensino superior). MÜLLER, H.; RITZDORF, W. Corre! Salta! Lança!: guia IAAF do ensino de atle- tismo. Santa Fé: Federacion Internacional de Atletismo Amateur, 2002. 211 p. ______; ______. Correr! Saltar! Lanzar!: La guia IAAF para la enseñanza del atletismo. Santa Fé: Federacion Internacional de Atletismo Amateur, 2000. Referências On-line ¹ Em: <http://pensador.uol.com.br/autor/walter_elliott/>. Acesso em: 19 abr. 2016. ² Em: <http://www.institutoniciamacieira.com.br/imgproj2004/olimpiadas/to- cha.htm>. Acesso em: 19 abr. 2016. 70 gabarito 1. D 2. C 3. As respostas se encontram no tópico “Exercícios Técnicos Pedagógicos para o Apren- dizado” de corridas sobre barreiras. 4. D 5. V -V -F -V- F UNIDADEUNIDADEIII Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Saltar • Salto em distância • Salto triplo • Salto em altura • Salto com vara Objetivos de Aprendizagem • Analisar as atividades motrizes básicas das corridas dos saltos. • Conhecer as técnicas e os processos pedagógicos de ensino aprendizagem do salto em distância. • Conhecer as técnicas e os processos pedagógicos de ensino aprendizagem do salto em altura. • Conhecer as técnicas e os processos pedagógicos de ensino aprendizagem do salto triplo. • Conhecer as técnicas e os processos pedagógicos de ensino aprendizagem do salto com vara. FUNDAMENTOS DOS SALTOS III unidade INTRODUÇÃO C aro(a), aluno(a), na unidade II, você conheceu o grupo de pro- vas do atletismo, as corridas, barreiras e revezamentos. Você percebeu que as corridas, principalmente as de velocidade, compõem os saltos na primeira fase e que sem uma técnica ade- quada não é possível a sua realização correta. Aqui, na unidade III, você deverá adquirir conhecimento sobre um grupo de provas – ou modali- dades do atletismo – que desafia a gravidade: os saltos. Eles podem ser divididos em horizontais (salto em distância e salto triplo) e em verticais (salto em altura e salto com vara); é um grupo de provas em que se torna indispensável o conhecimento de técnicas específcas que se baseiam em mecânicas do movimento – um tema que você estudou na unidade I, a biomecânica. É importante que, quando surgir alguma dúvida relacio- nada a conceitos biomecânicos, que você volte e recorde esses conceitos. Agora que já comentamos o que você estudará nesta unidade, desejo que você faça uma boa leitura antes de começar a praticar os movimentos básicos e específicos deste grupo de provas do atletismo. Os quatro saltos do atletismo (distância, altura, triplo e vara) podem parecer muito sim- ples, mas cada salto possui uma técnica diferenciada – especialmente o salto com vara, que possui uma técnica extremamente complexa. Contu- do, é possível encontrar uma série de movimentos semelhantes entre eles (destaque para o salto em distância, que possui um movimento que mais se aproxima do gesto natural do ato de saltar). Por outro lado, o salto com vara é uma das modalidades mais complexas, não só do atletismo, mas acredito que todos os esportes. O principal objetivo dos saltos é maximi- zar não só a distância, mas a altura alcançada. No salto triplo o objetivo é maximizar a distância dos três saltos consecutivos; e no salto com vara, o saltador é auxiliado pelo uso da vara. Espero que aproveite o conteúdo desta unidade! Boa leitura. EDUCAÇÃO FÍSICA 76 EDUCAÇÃO FÍSICA 76 Para termos uma visão geral das quatro modalidades de salto, atenção nas fi guras 1, 2, 3 e 4, a seguir. SALTAR Figura 1 – Salto em distância Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 2 – Salto triplo Figura 3 – Salto em altura Figura 4 – Salto com vara Corrida de Impulso Hop SaltoStep Corrida de Impulso Chamada QuedaVoo Corrida de Impulso Chamada Voo Queda Figura 1 – Salto em distância Figura 3 – Salto em altura Corrida de Impulso Apresentação Encaixe Transposição da Fasquia Engrupamento Extensão Rotação Chamada Apresentação Figura 4 – Salto com vara EDUCAÇÃO FÍSICA 77 As fases dos saltos são divididos em: corrida, impulsão, suspensão e queda. No salto triplo, a sequência é repetida três vezes. No salto com vara, podem ser aplicadas quatro fases, sendo que a estrutura é alterada considerando os movimentos adicionais em rela- ção à vara. A fase de corrida: deve-se alcançar uma velocidade submáxima horizontal. Isto é, muito próximo da velocidade máxima do saltador. No salto em altura a velocidade hori- zontal tem uma importância menor no resultado fi nal. Uma ótima corrida para os saltos deve ser rápida, controlada, exata e consistente e deve preparar para uma impulsão po- tente. A fase dos impulsão: esta fase é determinante e fundamental para todos os saltos e defi ne a altura do centro de gravidade e a trajetória do corpo do saltador. Os objetivos nesta fase são: • Certifi car-se que seu centro de gravidade esteja o mais alto possível no momento da impulsão. • Maximizar a velocidadevertical à horizontal alcançada na corrida que precede o salto. • Realizar uma impulsão no ângulo ideal para os saltos. Lembrando que todos esses pontos dependem da prova em que o saltador está realizando (distância, altura, triplo e vara) e também da técnica que utilizará em cada uma das pro- vas. Para uma impulsão efetiva, o saltador deverá manter-se com o centro de gravidade alto, o pé no momento da impulsão deverá ser rápido na batida, o joelho da perna livre deverá manter-se alto e as articulações do tornozelo, joelho e quadril deverão estar em extensão completa (LOHMANN, 2011) A fase de suspensão: nesta fase, para os saltos horizontais (distância e triplo), o salta- dor deverá evitar reduzir a distância do tamanho do salto e se preparar para a queda. Nos saltos verticais (altura e vara), o saltador deverá evitar reduzir a altura do percurso para assegurar uma boa transposição da barra. Já no salto com vara, o saltador deverá aumen- tar o tempo de ascensão vertical, proporcionado pelo auxílio da vara. A fase de queda: nesta fase, para os saltos horizontais, o saltador deverá minimizar a distância do contato inicial dos pés com o solo. Já no salto triplo, cada queda de cada salto é utilizada como transição para o salto seguinte. Nos saltos verticais, a queda deverá ser utilizada de forma segura para evitar lesões. EDUCAÇÃO FÍSICA 78 É uma das modalidades mais antigas presentes no atletismo. Os primeiros documentos conhecidos são dos Jogos da Antiguidade: um registro, de 656 a.C., expõe que um atleta chamado Chionis, de Esparta, teria saltado 7,05 m. Essa marca só foi igualada em 1884, pelo irlandês John Lane, isto é, 2.530 anos de- pois. Se verdadeira, essa é a primeira notícia de um recorde atlético, quando comparada com os regis- tros modernos. O salto dos gregos se diferenciava muito da pro- va dos nossos dias. Eles usavam, durante o salto, uma espécie de halteres de pedra nas mãos, acreditando que assim obteriam uma distância maior – conhe- cido em outros tempos como “salto em extensão” –. Entretanto, de acordo com a regra ofi cial, a deno- minação é “salto em distância”. Regras Ofi ciais de Competição - 2012-2013, CBAt. regra 185 (CBAt, 2015, on-line).¹ As fases: corrida, impulsão, suspensão e queda. Na corrida, o saltador deverá acelerar até a uma velocidade próxima da máxima, sem perder o con- trole da técnica – essa deverá ser proporcional à capacidade de transferência para a impulsão –. Na impulsão, o saltador deverá gerar uma velocidade vertical sem perder a velocidade horizontal. Na suspensão, o saltador prepara a queda e poderá uti- lizar uma das técnicas proporcionadas pelo salto. Na queda, o saltador deverá estender ao máximo ambas as pernas, maximizando a distância e evi- tando cair para trás, a fi m de não diminuir a dis- tância do salto. A corrida: o objetivo da corrida é o de atingir uma velocidade próxima do máximo para o salto. Deverá ter uma distância que poderá variar de 15 a 35 metros. A técnica é semelhante à técnica da corrida de velocidade e deverá aumentar progressi- vamente até a impulsão. Figura 5 – Mecânica da corrida para o salto em dis- tância SALTO EM DISTÂNCIA Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). A impulsão: o objetivo na impulsão é ganhar ve- locidade vertical sem perder a velocidade da corrida. EDUCAÇÃO FÍSICA 79 O pé deverá fazer um contato rápido e ativo com o solo sendo tracionado rapidamente para trás (1). O tempo de contato com o solo neste momento deve ser mínimo, com uma fl exão mínima do joelho (da perna de impulsão). O saltador deverá estender to- talmente a perna por meio de todas as suas articula- ções. A perna livre deverá ser elevada rapidamente para cima (2). Figura 6 – Fase de impulsão do salto em distância Figura 7 – Fase de suspensão do salto em distância Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). A suspensão: o objetivo da suspensão é se prepa- rar para uma queda efi ciente. A técnica mais utilizada para a formação ou o aprendizado inicial é a técnica de passada. As ca- racterísticas técnicas desta fase são a seguinte: a perna livre é mantida na posição obtida na fase de impulsão. A posição do tronco deve ser ereta na maior parte do tempo. A perna de impulsão deverá estar em constante movimento durante, na maior parte desta fase. A perna de impulsão deverá se fl e- xionar e ser direcionada para frente e para cima, próximo do fi nal da fase de suspensão. Ambas as pernas devem se estender no fi nal da fase de sus- pensão, antes da queda. A queda: o objetivo desta fase é de minimizar a perda da distância do salto. As características técnicas desta fase nos mos- tram que as pernas deverão estar em completa ex- tensão e o tronco deverá ser inclinado para frente, os braços devem ser puxados para trás, sendo que, o quadril deve ser empurrado para frente, em direção ao ponto de contato com o solo. SEQUÊNCIA COMPLETA DO SALTO EM DISTÂNCIA EDUCAÇÃO FÍSICA 80 Exercícios técnico-pedagógicos de aprendizado. • Saltos sobre obstáculos: Figura 8 – Exercício de saltos sobre os caixotes Praticar saltos em uma plataforma procurando aumentar o tempo de suspensão. • Após uma corridaprévia de 5 a 7 passos, rea- lizar o salto na areia. • Manter a posição de impulsão durante a sus- pensão. • A queda deverá ser feita em afastamento an- tero-posterior (ver fi gura 9). • A altura da plataforma deverá variar entre 10 e 20 cm. • Salto com queda e afundo Figura 10 – Exercício de salto com perna de impul- são sem o caixote Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Com uma corrida curta, simular a posição de impulsão. • Utilizar uma corrida de curta distância. • A queda é feita na perna contrária à do salto. • Utilizar o ritmo de três passos entre os obs- táculos. • A distância entre os obstáculos é proporcio- nal à capacidade do saltador (4 a 6 metros). • A altura dos obstáculos varia entre 20 e 40 cm. • Salto da plataforma na areia Figura 9 – Exercício de salto com perna de impulsão a partir do caixote Enfatizar a posição de impulsão e manter a podi- ção na fase de suspensão. • Após uma corrida de 5 a 7 passos, realizar o salto. • Manter a posição de impulsão durante a sus- pensão. • Queda em posição de afundo (ver a fi gura 10). EDUCAÇÃO FÍSICA 81 • Praticar a técnica a partir da plataforma Figura 11 – Salto com uma das técnicas sobre o caixote • Sequência completa – marcar a corrida e co- nectar todas as fases Figura 13 – Exercício de corrida para encontrar a marca Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Praticar a técnica com impulsão e salto completo. • Após uma corrida de 5 a 7 passos, fazer o sal- to completo conforme fi gura 11. A queda de- verá ser feita com os pés paralelos. • Salto completo com uma breve corrida Figura 12 – Salto com uma das técnicas sem o caixote Praticando a técnica. • Após uma corrida curta de 5 a 7 passos, rea- lizar um apoio ativo com a metade da frente do pé (apoio plantar) e manter a posição de impulsão durante a suspensão. Cair na areia com os pés paralelos. Praticando a corrida • Correr 20 a 30 metros a partir da marca no sentido contrário. • Simular uma impulsão após esta distância a fi m de determinar a marca. • Marcar a impulsão. • Correr no sentido do salto, a partir desta marca. Figura 14 – Salto completo • Realizar o salto completo, conectando todas as fases: corrida, impulsão, suspensão e que- da. Corrigir a corrida e a marca quando ne- cessário. Caixa de Areia EDUCAÇÃO FÍSICA 82 A história desta modalidade é um tanto obscura, mas, sabe-se que os Celtas, nos seus Jogos Tailtia- nos, já praticavam a modalidade no século II, da nossa Era. De qualquer forma, o triplo saltoera firmemente disputado na Irlanda e na Escócia, no final do século XIX. Entretanto, nem sempre de acordo com as regras e/ou sequência dos saltos que são praticados na atualidade. Esta é a prova olímpica que deu mais glórias ao Brasil, pois além dos dois títulos olímpicos e dos cinco recordes mundiais, realizados por Adhemar Ferreira da Sil- va; da medalha de Nelson Prudêncio; e dos títulos panamericanos, conquistados por João Carlos de Oliveira, tivemos outros grandes atletas (MAT- THIESEN, 2009). As fases: a prova do salto triplo possui quatro fases: corrida; hop; step; e jump (salto). Cada um dos três saltos podem ser divididos em três fases (impul- são, suspensão e queda). Você poderá achar estra- nho os nomes em inglês, mas esses foram adotados como oficiais, pois as traduções ficariam abstratas: hop significa algo como “coxinho” ou “salto na mes- ma perna”; step seria “o salto alternado”; e jump é, literalmente, “salto”. Para melhor compreensão das fases (figura 15), após a corrida, o saltador (a partir da tábua de im- pulsão) realiza o primeiro salto que pode ser inicia- do com a perna direita ou a esquerda, conhecido como hop; o segundo salto é o step um salto alter- nando a perna; o terceiro salto é o jump – similar ao salto em distância. Se o saltador iniciar com a perna esquerda, o salto terá a seguinte sequência (a partir da tábua de impulsão): esquerda; esquerda; direita; e queda na areia com ambas as pernas. Caso comece o salto com a perna direita: direita; direita; esquerda; e queda na areia com ambas as pernas. Na fase de corrida, o saltador deve acelerar para ganhar velocidade suficiente para o salto. Na fase do hop, o saltador deve executar um movimento rápido e com predominância do salto na horizontal – isto corresponde à aproximadamente 35% da distância total do salto triplo. Na fase do step, o saltador de- verá percorrer uma distância aproximada de 30% do valor total do salto consiste numa fase crítica do salto. Na última fase, o jump (ou salto) é o momento em que o saltador percorre 35% da distância total do salto, considera-se a finalização do salto triplo e é muito semelhante ao salto em distância. SALTO TRIPLO EDUCAÇÃO FÍSICA 83 A seguir, vejamos a visão geral do salto triplo, em que, nas fi guras, a perna livre é a sombreada, contrária à perna de impulsão. A corrida: o objetivo geral da corrida é obter uma velocidade adequada para o salto. Características técnicas: a distância da corrida varia entre 15 metros para iniciantes e 35 metros para saltadores experiêntes. De acordo com a fi gura 16, a corrida possui técnicas semelhantes às das cor- ridas de velocidade em que se aumenta a velocidade progressivamente até o início do salto. Cada passo de corrida possui uma característica própria de apoio, sendo ativos e rápidos na direção do salto (1). Figura 16 – Fase da corrida do salto triplo O hop: o objetivo do hop é realizar um salto lon- go e horizontalizado, com perda mínima de veloci- dade. As caracteristicas técnicas são: a coxa da perna livre (contrária a da perna de impulsão) é projeta- da para cima e para frente na horizontal. De acordo com a fi gura 17, a direção da impulsão tem predo- minância no eixo horizontal e não para cima (1); a perna livre é tracionada para trás; a perna de impul- são é projetada para frente e para cima, na sequência estendida para frente, preparando-se para o próxi- mo contato com o solo (2); e o tronco, nesta fase, deve ser mantido ereto e equilibrado. Figura 17: Fase do hop (primeiro salto) do salto triplo Figura 15 – Salto triplo completo e suas fases Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000).Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Corrida de Impul Hop SaltoStep EDUCAÇÃO FÍSICA 84 O step: o objetivo desta fase é manter-se no mesmo ritmo do hop, sem perder a distância média do salto. As características técnicas são: o apoio do pé de- verá ser plantar (isto é, o pé todo) e deve ser ativo e rá- pido, puxando para trás rapidamente. Como exposto na fi gura 18, a perna livre deverá ser estendida quase que completamente antes do contato com o solo; os braços devem ser sincronizados, para equilibrio; a coxa da perna livre deve ser mantida alta (1); o tronco deve ser mantido ereto e equilibrado; e a perna livre deve ser estendida para frente e para baixo (2). Figura 18 – Fase do step (segundo salto) do salto triplo Figura 19 – Fase do jump (terceiro salto) e fi naliza- ção do salto triplo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). O jump: o objetivo do salto é projetar o corpo (fi gura 19) em um ângulo adequado (1) e fi nalizar o salto de uma forma potente e com máxima amplitu- de de salto. As características técnicas são: o apoio plantar deve ser rápido e ativo, empurrando o corpo para frente. A perna de impulsão deverá estar totalmente estendida. Os braços são acionados no salto (2). O tronco deve ser inclinado ligeiramente para frente para fi nalizar o salto. A técnica do salto poderá ser a mesma do salto em distância. As pernas se estendem quase que totalmente na queda na areia. EXERCÍCIOS DE PROGRESSÃO TÉCNICA E PE- DAGÓGICA Exercício 1 – Saltos para adquirir ritmo Objetivos: conhecer e melhorar a técnica dos saltos. • Correr 5 a 6 metros antes de começar a sal- tar. • Realizar multissaltos alternados. • Realizar hops. • Combinar steps alternando com hops. O salto triplo é uma das provas que possui maior impacto nas articulações. Por isso, deve-se escolher um terreno macio, porém fi rme, por exemplo, gramado ou terra batida. REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 85 Utilizar impulsão e queda em ambas as pernas. Figura 20 – Ilustração do exercício 1 Exercício 2 – Saltos múltiplos Objetivo: conhecer o ritmo do salto triplo. • Correr 5 a 6 metros antes de começar a saltar • Usar o ritmo do salto triplo sem o jump. • Manter o ritmo igual ao do hop e do step durante a execução do exercício. • Manter o tronco ereto e ritmo dos braços, que podem ser simultâneos ou alternados. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 21 – Ilustração do exercício 2 Exercício 3 – Salto triplo na plataforma. Objetivo: aprender e melhorar o movimento do step. • Correr 5 a 6 metros antes de começar a saltar. • A partir de uma marca, realizar o hop e o step. • A queda do step deverá ser sobre uma plataforma de 15 cm de altura. • Após a plataforma, deverá ser realizado o jump ou salto – caindo na areia. • O ritmo entre os saltos deverá ser mantido. EDUCAÇÃO FÍSICA 86 Figura 22 – Ilustração do exercício 3 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Exercício 4 – Ritmos do salto em marcas no solo com queda na areia. Objetivos: aprender e compreender os ritmos dos saltos. • Fazer marcas no chão com cordas ou linhas. • A distância das cordas ou linhas deverá ser proporcional aos saltos. • Fazer uma corrida curta antes de começar a saltar. • Aumentar a distância dos saltos na medida do possível. Figura 23 – Ilustração da variação do exercício 4 EDUCAÇÃO FÍSICA 87 Execício 5 – Salto triplo com corrida de média distância. Objetivos: compreender e praticar o salto completo. • Fazer uma marca aproximada de 10 a 15 metros. • Correr em direção a uma marca ou tábua de impulsão. • Realizar a sequência completa com queda na areia. • Manter o ritmo do hop e do step. Figura 24 – Ilustração do salto completo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). O atletismo escolar, dependendo da metodologia que é utilizada em sua aplicação, pode ser o maior responsável pelo desenvolvimento das capaci- dades motoras, pela promoção da saúde e pelo desenvolvimento da perso- nalidade da criança e do organismo, contribuindo para o desenvolvimento do sistema cardiovascular e nervoso e para aperfeiçoar as qualidades físicas fundamentais. Fonte: Marques e Iora (2009,p. 106, on-line)² SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 88 Não está bem definida a origem desta modalidade, porém o que se tem de registro é que ela tenha co- meçado a ser praticada nos ginásios alemães, prin- cipalmente como disciplina militar. Johann Guts Muths, autor do livro “Gymnastik fuer die Jugend”, de 1793, apresenta um certo tipo de salto em altura que começou como uma atividade infantil. A partir de 1820, as escolas militares alemães começaram a ensinar uma técnica de apoio das mãos. Existe uma grande variedade de técnica para o salto em altura: o estilo tesoura, utilizado na iniciação, não tem a necessidade de um colchão; o estilo “rolo ventral”; e o mais utilizado atualmente, o estilo “fosbury flop” ou de costas. O principal objetivo do salto em altura é trans- por a barra e para que isto ocorra de forma adequa- da e eficiente, o saltador deverá elevar o centro de gravidade acima da barra e utilizar uma das técnicas permitidas pelo regulamento técnico da prova. SALTO EM ALTURA Fonte: Guts Muts (1793). EDUCAÇÃO FÍSICA 89 As fi guras, a seguir ilustram a posição do centro de gravidade em diversas posições. Figura 25 - posição do centro de gravidade em di- versas posições O salto em altura é dividido em quatro fases: Cor- rida, impulsão, suspensão e transposição da barra e queda. Na corrida o saltador acelera e deve pre- parar-se para impulso. Na impulsão o saltador deve transferir a velocidade horizontal para a impulsão vertical. Na suspensaõ o saltador transpões a barra. A queda deverá ser realizada de forma correta para evitar lesões. A corrida: O objetivo da corrida é ganhar veloci- dade proporcional para o salto Caracteristicas técnicas: A corrida tem a forma de um “J” invertido com a primeira parte em reta (3 a 6 passos) e a segunda em curva (4 a 5 passos). Os primeiros passos o apoio dos pés deve ser plantar e o tronco inclina-se levemente à frente. A velocidade da corrida é progressiva. Figura 26 - Ilustração da corrida em curva para o salto em altura Fonte: o autor Fonte: o autor EDUCAÇÃO FÍSICA 90 A impulsão: O objetivo da fase de impulsão é de maximizar a velocidade vertical e iniciar as rotações das alavancas para iniciar a elevação do corpo. Caracteristicas técnicas: O pé deve fazer um apoio rápido e ativo com uma ação rápida dos pés em direção ao solo. O pé deve apontar para o colchão ou direção do salto (1). O tempo de apoio do pé e da flexão do joelho deve ser rápidos e minimizados. O tronco deve- rá estar na vertical no fi nal da impulsão (2). Figura 27 - Fase de impulsão para o salto em altura mais baixo que o quadril. Os joelhos devem ser afas- tados para uma melhor extensão da coluna. Figura 28 - Fase de transposição do salto em altura. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). A suspensão - O objetivo desta fase é transpor a barra sem tocá-la. As características técnicas desta fase orienta que a posição do fi nal da fase de impulsão seja mantida durante a elevação do corpo(1). O braço do lado da perna de impulsão deverá ser extendido na direção da barra. O quadril transpões a barra e para que isto ocorra as costas deverá ser estendida formando um arco. A cabeça e as pernas neste momento estarão A queda - O objetivo desta fase é cair de uma forma segura evitando qualquer tipo de lesão decor- rente da queda. As caracteristicas técnicas desta fase orienta o saltador à posicionar a cabeça junto ao peito, sen- do que a queda deve ser feita sobre os ombros e as costas. Os joelhos devem se afastar evitando assim contato com o rosto. Figura 29 - Fase da queda para o salto em altura EDUCAÇÃO FÍSICA 91 Exercícios técnicos pedagógicos para o processo ensino aprendizagem. Exercício 1- Aprendendo a correr para o salto. Objetivo: aprender a correr em curva • correr fazendo curvas (slalon). • Correr em formato de “8”. • Correr rapidamente e com controle. • Aumentar a velocidade na entrada da curva. • Fazer corrida elevando os joelhos de forma ativa e rápida. Figura 30 - Ilustração do exercício 2 Figura 31 - Ilustraçãodo exercício 2 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: o autor. Exercício 2- Corrida em curva com impulsão no fi nal Objetivo: Aprender a transferir a velocidade hori- zontal para fase de impulso sem perda de velocidade. • A partir de um ponto corra em linha reta e marque uma curva no fi nal. • Corra de 4 a 6 passos. • Aumentar a velocidade e a frequência dos passos. • No fi nal da curva simular um salto “hop”. • Use alvos variados para se orientar. EDUCAÇÃO FÍSICA 92 Exercício 3- Saltos estilo tesoura Objetivo: aprender a fazer a impulsão vertical. • Corra em linha reta ou em curva. • O pé deve ser colocado na direção da corrida para fazer a impulsão. • Aumente progressivamente a altura da barra. • Na queda o saltador deverá cair em apoio com o pé contrário ao de impulso. • Nota: este estilo de salto poderá ser realizado em locais que não tenha colchões para a que- da. Poderá ser utilizado grama ou areia. Figura 32 - Ilustraçãodo exercício 3 Figura 33 - Ilustraçãodo exercício 4 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Exercício 4 - Saltos de costas parado. Objetivo: aprender a transpor a barra • Comece o salto do solo ou de uma platafor- ma. • Utilize alturas diferentes. • Para sua segurança afaste os joelhos na que- da. • Use barras ou cordas elásticas. Exercício 5- Transposição com corrida e joelhos altos. Objetivo: aprender a correr no ritmo para saltar. • Marque uma distância em reta e curva de 5 a 7 passos. • Corra com frequência de passo elevada. • Corra com elevação dos joelhos alto. • Não abaixe o quadril na preparação para a impulsão. EDUCAÇÃO FÍSICA 93 Figura 34 - Sequência do salto em altura sem a queda Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Exercíco 6 - sequência completa do salto. Objetivo: Realizar o movimento completo do salto. • Faça uma marca com reta e curva a partir de um ponto, • Corra uma corrida curta de 4 a 6 passos. • Aumente progressivamente o tamanho da corrida e a velocidade. Figura 35 - Sequência completa do salto em altura. EDUCAÇÃO FÍSICA 94 Neste tópico apresentarei esta modalidade do atle- tismo para efeito de informação e para efeito de possibilidades de práticas adaptadas, pois, a falta de materiais específi cos, varas e colchões, bem como a falta de segurança que esta prova implica em sua prática. O salto com vara é original dos britânicos, há re- gistros que esta prova era praticada entre a nobreza inglesa. No fi m do século XVII, esse evento era uma disciplina de ginástica na Inglaterra e na Alemanha. Há registros de competições que datam de 1843. As varas que eram usadas durante o século XIX eram muito pesdas e eram equipadas com três pregos de ferro na base. As varas de bambu, foram trazidas do Japão para a Europa e América do Norte durante os primeiros anos do século XIX. As varas eram encai- xadas em um buraco antes do salto.Com o tempo inventaram varas de fi bra de vidro, carbono e etc, permitindo transposições mais altas com maior se- gurança (CBAT, 2010). Como nos outros saltos o salto com vara é divi- dido em fases, a saber: Corrida, encaixe, impulsão, engrupamento ex- tensão e rotação e transposição da barra. Salto com Vara Figura 36 - Sequência completa do salto com vara Alguns exercícios que podem ser realizados como destreza e experiência motriz com mínimo de risco à segurança. SALTO COM VARA Exercício 1 -Salto a partir de uma plataforma na areia. Objetivo: Apoio em suspensão. • A partir de uma plataforma realizar o salto com auxílio do professor que irá puxar a vara para frente. • A queda deve ser feita em pé na areia ou grama. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Corrida de Impulso Apresentação Encaixe Transposiçãodo Sarrafo Engrupamento Extensão Rotação Chamada e Penetração EDUCAÇÃO FÍSICA 95 Figura 37 - Ilustração do exercício 1 Exercício 3 - Repetir o exercício anterior colo- cando uma corda elástica para transpor. Figura 39 - Ilustração do exercício 3 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Execício 2 - Salto de uma plataforma com rotação Objetivo: sustentar o corpo e girar. • A partir de uma plataforma salta para frente. • Fazer a rotação do corpo a partir da segunda metade do salto. • Cair sobre os dois pés unidos olhando para o ponto de partida. Figura 38 - Ilustração do exercício 2 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Nesta unidade III é comum para os saltos con- dicionar-se a fi m de ganhar condição física para re- alizar os saltos. A seguir segue alguns exercícios de orientação para que este objetivo seja alcançado. Os exercícios técnicos condicionantes são clas- sifi cados conforme as fases dos saltos. Em relação à primeira fase que são os grupos de exercícios de cor- rida, são todos os exercícios descritos para a sessão de corrida de velocidade. Exercícios de corridas de aceleração específi cos para todos os saltos. Exercícios de corrida específi cos são corridas com acelerações imitando a corrida para o salto, corridas segurando a vara (para a modalidade de salto com vara) incluindo joelho alto, calcanhar atrás e joelho baixo, corridas em “slalom” e em “J” (primeira parte reta e segunda em curva para direita e esquerda) para o salto em altura com e sem a parte da impulsão. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 96 A seguir, uma tabela com exercícios, distância, número de repetições e séries para execução prática e aprendizado. Tabela 1 - Orientação das cargas dos exercícios Exercício Distância Repetições Séries carga Corridas de aceleração 20-40m 3-5 2 próprio corpo Corridas com a vara 20-40m 3 2 próprio corpo Corridas em curva 8-10m 3-5 2 próprio corpo Grupos de exercícios de saltos com impulsão cain- do na perna contrária “step”: • Salto na perna esquerda e/ou direita caindo na contrária partindo parado elevar o joelho da perna. • Salto na perna esquerda e/ou direita caindo na contrária elevando o joelho da perna após corrida de 5-6m. • Salto na perna esquerda e/ou direita caindo na contrária elevando o joelho da perna após corrida rápida. • Salto na perna esquerda e/ou direita caindo na contrária elevando o joelho da perna, na rampa (subida). • 5 a 10 saltos alternados em sequência, saltar o mais longo possível. • 5 a 10 saltos alternados em sequência, saltar o mais longo possível na maior velocidade. Observar: Salto realizado com impulsão na per- na esquerda e queda na perna direita.O joelho da perna livre(1) deverá manter-se na horizontal na fase de maior altura do salto. A perna livre deverá se extender antes de tocar no colo e ser puxada para trás em um movimento rápido(2). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura - Modelo do salto sugerido Figura 40: Mecânica do salto alternado Fonte: adaptado de IAAF (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 97 A seguir, uma tabela com exercícios, distância, número de repetições e séries para execução prática e aprendizado. Tabela 2 - Orientação das cargas dos exercícios Exercício Distância Repetições Séries carga salto após partida em pé 20-50m 3-5 2-4 baixo salto apos corrida curta 20-40m 3-5 2-4 médio salto após corrida rápida 15-20m 2-4 1-3 elevado saltos em rampa 20-50m 2-4 1-3 baixo Grupos de exercícios realizados na mesma perna “hop” OBS - Os saltos com impulsão e queda na mes- ma perna produzem uma carga maior, por este mo- tivo deve-se alternar a perna direita e esquerda em cada série de repetição. Figura 41 - Mecânica do alto “hop” Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Observar: Este salto é realizado com impulsão e que- da na mesma perna. A direção do salto é para frente e para cima com elevação do joelho da perna livre(1). Na queda a perna deverá ser puxada rapidamente em direção ao solo para manter o equilíbrio (2). • Salto após uma partida parada. • Salto após uma corrida curta. • Salto após uma corrida rápida. • Salto subindo escadas. • Saltos mais amplos em velocidade. • Saltos alternando o lado, esquerda-esquerda- -direita-direita etc. A seguir uma tabela com exercícios, distância, número de repetições e séries para execução prática e aprendizado. Fonte: adaptado de IAAF (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 98 Tabela 3 - Orientação das cargas dos exercícios Exercício Distância Repetições Séries carga salto após uma partida parada 10-15m 2-4 2-4 Média salto após uma corrida curta 10-20 2-4 2-4 Média salto após uma corrida rápida 10-15 1-3 1-3 Elevada salto subindo escadas 15-30 2-4 2-4 Média saltos alternando o lado, E-E-D-D-E-E etc 10-20 2-4 1-3 Média 98 salto após uma corrida rápida 10-15 1-3 1-3 Elevada salto subindo escadas 15-30 2-4 2-4 Média saltos alternando o lado, E-E-D-D-E-E etc 10-20 2-4 1-3 Média Fonte: adaptado de IAAF (2000). 99 considerações finais C aro(a) aluno(a)! Um bom programa de aprendizado deve ter séries de exercícios preparatórios e de desenvolvimento das qualidades motrizes, necessárias para esse grupo de disciplina atlética. Todas as atividades con- tidas nesta unidade remete a um desenvolvimento da qualidade de saltar. Os saltos, por sua vez exige do praticante duas destrezas muito importantes, a velocidade e a coordenação. Também é necessário entender que um salto nem sempre exige força bru- ta, mas sim força rápida, também chamado de po- tência. A proporção do peso do praticante e a sua potência, pode facilitar os saltos. As características para um bom saltador é a sua capacidade de impul- são vertical e horizontal, que naturalmente poderá ser percebido com alguns exercícios de saltos. A des- contração é uma característica importante neste pro- cesso. Você deverá sempre lembrar que o salto é um corpo que está em suspensão e implicará na capaci- dade de vencer a força da gravidade. Sob o ponto de vista de segurança todo praticante deve ter em mente que qualquer tipo de salto, em uma perna, duas per- nas, alternados, partindo da posição estacionária ou após uma corrida, implica em sobrecarga nas articu- lações. Neste sentido é melhor que sejam realizados em terrenos macios, principalmente quando houver queda, neste caso, utilize colchões ou na falta deles, a areia. Uma boa opção é utilizar campo de grama. No salto em altura, uma boa opção é se utilizar da téc- nica “tesoura” apresentado na sequência de execícios do salto em altura. Se o salto em distância apresen- ta alguns cuidados, que dirá o salto triplo, que são três saltos em sequência. Evite esta modalidade para crianças muito jovens, não é indicado para jovens com idade inferiores a 14 anos. Porém jogos e brin- cadeiras sem muito esforço para saltar é saudável. O salto com vara exige uma técnica muito avançada para a sua prática completa. É indicado exercícios de ginástica em aparelhos e de solo no aperfeiçoamento desta modalidade. 100 LEITURA COMPLEMENTAR Apresentamos algumas atividades a seguir, como sugestão. É importante que ao serem aplicadas, cada atividade esteja alinhada com o planejamento da disciplina e adequada as fases de desenvolvimento das crianças e jovens. 1. Nome do jogo: atravessando o rio. 2. Objetivo: saltos (distância e triplo). 3. Material: arcos e bolas. 4. Descrição: os alunos serão divididos em dois gru- pos que se posicionarão nos fundos da quadra que também será dividida em duas partes, em dois “campos”. Vários arcos serão distribuídos dentro da quadra a uma distância de aproximadamente 1,5 m entre eles. O numero de arcos deverá ser superior ao número de alunos que participem do jogo. As bo- las estarão ao fi nal da quadra. Ao sinal do professor, os grupos deverão saltar pisando dentro dos arcos com o objetivo de alcançar o campo adversário, pe- gar uma bola e retornar ao seu campo. 5. Desenho Fonte: Greco,Moraes e Conti, (2013, p. 337).Fonte: Greco, Moraes e Conti, (2013, p. 337). 1. Nome do jogo: Pega-pega de salto. 2. Objetivo: corrida e salto. 3. Material: cones grandes e elásticos. 4. Descrição: um elástico será suspenso por dois cones que serão distribuídos pela quadra. Os alunos serão organizados em duplas, e um alu- no terá que pegar o outro colega de sua dupla. O objetivo será fugir do pegador saltando sobre os elásticos. Se o aluno conseguir saltar sobre dez elásticos sem ser pego, somam se pontos, se ele for pego antes de completar dez saltos passa a ser o pegador. 5. Desenho 101 LEITURA COMPLEMENTAR 1. Nome do jogo: Corda maluca. 2. Objetivo: salto (impulsão). 3. Material: duas cordas. 4. Descrição: os alunos serão organizados em fi las. Outro aluno de posse de uma corda posicionado a uma distância de acordo com o comprimento da mesma irá fazer movimentos circulares passando-a muito próxima do chão. Os alunos enfi leirados de- verão saltar a corda com a sua aproximação. A for- ma de saltar poderá ser orientada pelo professor, ex.: saltar impulsionando com as duas pernas simul- taneamente, impulsionar com uma perna e cair com mesma. Outra possibilidade de variação é colocar duas cordas sendo rodadas alternadamente. 5. Desenho Fonte: Greco, Moraes e Conti, (2013, p. 337). Fonte: Greco, Moraes e Conti, (2013, p. 337). 1. Nome do jogo: Amarelinha adaptada. 2. Objetivo: salto (distância e triplo). 3. Material: arcos. 4. Descrição: delimitar diferentes formatos para o jogo de amarelinha com arcos no chão. Variar as formas de realização do impulso e da queda. 5. Desenho 102 LEITURA COMPLEMENTAR 1. Nome do jogo: Impulso no quadrado. 2. Objetivo: salto (distância e triplo). 3. Material: colchão, trena, cordas e elásticos. 4. Descrição: os alunos posicionados a uma determi- nada distância do colchão, caixa de areia ou outro local adequado irão correr e saltar em direção ao local de queda tocando com somente um dos pés nos setores demarcados no chão. 5. Desenho Fonte: Greco, Moraes e Conti, (2013, p. 337). 103 atividades de estudo 1. Em fundamentos dos saltos existem as fases dos saltos, que são comuns a todos eles. Apon- te a afirmação correta: a. A corrida para o salto é igual para todos os sal- tos em relação á sua velocidade e trajetória. b. A fase de impulsão tem o mesmo princípio en- tre os saltos, ou seja, elevar a perna livre após a impulsão. c. O salto triplo é mais indicado para jovens do que o salto em distância ou altura. d. O salto em altura não poderá ser praticado se não houver colchões para amortecer a queda. e. O salto com vara pode ser praticado por jo- vens, pois não há contra indicações algumas. 2. Você deverá elaborar três (03) exercícios para o salto em distância passíveis de serem reali- zados em uma quadra poliesportiva onde não exista quadra de areia. 3. Descreva a atividade do salto em altura que permite que seja realizada mesmo sem ter col- chão para o salto. Faça um relato de como ela poderá ser praticada na ausência de uma área de saltos específica. 4. São quatro saltos no total deste grupo de pro- vas atléticas, o salto em distância, o salto triplo, o salto em altura e o salto com vara. A respeito destas provas analise as afirmações a seguir: I. Todos os saltos são iguais em relação a sua trajetória. II. A corrida é comum para todos os saltos, en- tretanto existe diferenças entre elas. III. A prática dos saltos em escola é possivel. En- tretanto deve-se ter cuidado com o local de realização, e principalmente, com os exercí- cios que você irá propor. IV. A modalidade de saltos em que o Brasil possui mais medalhas olímpicas é o salto em distância. Aponte a única opção correta com base nas afirma- ções de I a IV: e. É correto o que se afirma em I e II f. É correto o que se afirma em III e IV g. É correto o que se afirma em II e III h. É correto o que se afirma em II e IV i. É correto o que se afirma em I e III 5. Como atividade de estudo você deverá: a. Descrever as fases dos saltos em distância e altura. b. Elaborar tres exercícios para o aprendizado do salto triplo. EDUCAÇÃO FÍSICA 104 Educação Física no ensino Superior - Atletismo- Teo- ria e prática Sara Quenzer Matthiesen Editora:Guanabara Koogan LTDA Sinopse: Sinopse: ‘Atletismo - Teoria e prática’ reúne informa- ções que visam, em última instância, ao ensino do atletismo. Nele, o leitor encontrará informações importantes acerca de movimentos específi cos, regras básicas, dados históricos, es- tilos técnicos, resultados relevantes, sugestões de atividades e exercícios básicos para cada uma das provas dessa modalidade esportiva. Remetendo-se à teoria e prática do atletismo, o leitor encontrará as informações necessárias para que possa ensinar o atletismo em diferentes espaços, utilizando materiais que vão desde os alternativos até os ofi ciais. Comentário: Este livro contribui para a difusão do atletismo que pode ser praticado em bosques, campos abertos, quadras esportivas e em vários outros locais abertos e planos. Contribui também para aumentar os conhecimentos sobre atçletismo na iniciação. Portanto, você poderá usufruir amplamente as suas informações. Melhore seu conhecimento assistindo um vídeo sobre as fases do salto triplo. Disponével em: <https://www.youtube.com/watch?v=t7CzcZmqTvI>. 105 referências GUTS MUTHS, J. C. F. (1793) Gymnastics for youth. Philadephia: P. Byrne, 1800. GRECO, P. J.; MORALES, J. C. P.; CONTI, G. T. Manual de práticas para a ini- ciação esportiva no Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2013. FERNANDES, J. L. Atletismo: arremessos. 2. ed. rev. São Paulo: EPU, 1978. IAAF. Material didático apresentado e disponibilizado no curso de formação de treinadores nível 1. Bragança Paulista: International Association of Athletics Federations, 2000. LOHMANN, L. A. Atletismo: manual técnico para atletas iniciantes. Rio de Ja- neiro: Sprint, 2011. MATTHIESEN, S. Q.; RANGEL, I. C. A.; DARIDO, S. C. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. MÜLLER, H.; RITZDORF, W. Corre! salta! lança!: guia IAAF do ensino de atle- tismo. Santa Fé: Federacion Internacional de Atletismo Amateur, 2002. ROMERO FRÓMETA, E.; TAKAHASHI, K. Guia metodológico de exercícios em atletismo: formação, técnica e treinamento. Porto Alegre: Artmed, 2004. 1 Em: <http://www.cbat.org.br/regras/REGRAS_OFICIAIS_2016_2017.pdf>. Aces- so em: 22 abr. 2016. 2 Em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/3078/5137>. Acesso em: 20 abr. 2016 106 gabarito 1. B 2. R: Ver tópico do salto em distância e descrever os exercícios de aprendizagem. Ob- servar as normas de segurança, utilizando colchonetes, ou realizar exercícios sem impacto. Por exemplo: corrida com elevação da perna livre (hop) 3. R: Descrever o salto tesoura que se encontra nos exercícios para o salto em altura. 4. C 5. R: a. Corrida, impulsão, suspensão e queda (salto em distancia). Corrida, impulsão, transposição da barra, queda (salto em altura) b. Resposta com base nos exercícios das fases, exemplo: descrever o hop o step e o jump. UNIDADEUNIDADEIV Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Lançamentos e arremessos • Lançamento do peso • Lançamento do disco • Lançamento do dardo • Lançamento do martelo Objetivos de Aprendizagem • Analisar as atividades motrizes básicas dos lançamentos. • Conhecer as técnicas do lançamento do peso. • Estudar as técnicas do lançamento do disco. • Conhecer as técnicas do lançamento do dardo. • Estudar as técnicas do lançamento do martelo. FUNDAMENTOS DOS LANÇAMENTOS IV unidade INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), na unidade III, você conheceu os fundamentos e os processos pedagógicos dos saltos. Nesta unidade, você conhecerá, ana- lisará e aprenderá todos os fundamentos dos lançamentos e as técni- cas necessárias para sua execução e, principalmente,saber ensinar por meio dos processos pedagógicos deste grupo de provas atléticas. As provas atléti- cas deste grupo são compostas exigências, basicamente, de força, coordenação e velocidade. A técnica é importante, pois permite inserir movimentos mecânicos adequados ao melhor aproveitamento da força aliados à velocidade. O destaque deste grupo é o lançamento do disco, que é uma modalidade do atletismo que se apresenta como símbolo deste esporte. O domínio da técnica e, principalmente, dos exercícios necessários para o ensino são a chave para um bom processo de aprendizagem. Uma das limitações deste grupo de provas é justamente o acesso aos materiais, entretanto, todos podem ser adaptados de alguma forma, pois o mais importante dos lançamentos para os alunos é o contato com os movimentos básicos que caracterizam os lançamentos. Os materiais podem ser elaborados a partir de adaptações, por exemplo, bolas menores para realizar o movimento do arremesso do peso, bolas dentro de sacos de estopa para imitar o movimento do lançamento do martelo, pneus pequenos de bicicletas para imitar o movimento do lançamento do disco, entre outros. Em termos de preparação, você per- ceberá que são necessários algumas capacidades importantes até mesmo no processo de ensino da técnica. O objetivo principal deste grupo de provas ob- viamente não é o desempenho, mas sim a experiência motora proporcionada pelos movimentos. Nos esportes em geral, o domínio dos movimentos dos membros superiores, o ato de lançar um objeto, torna-se o centro de toda estrutura motriz. Portanto, aproveite as informações, pois essas serão mui- to úteis no futuro para muitas ações motoras contidas na Educação Física. EDUCAÇÃO FÍSICA 112 Você irá, agora, conhecer os nomes das modalida- des dos lançamentos: Arremesso ou lançamento do peso, lançamentos do disco, dardo e martelo. Os lançamentos possuem uma série de situações características deste grupo de modalidade. Você perceberá que as características dos engenhos uti- lizados são diferentes umas das outras o tamanho, o peso e os locais onde são praticados incluem-se nestas diferenças –. As técnicas ditadas pelas re- gras infl uenciam toda a sequência de movimentos, que são únicos. Contudo, existem vários pontos em comum entre todos os lançamentos, o que tor- na mais compreensível sobre o ponto de vista me- cânico dos movimentos. O principal objetivo dos lançamentos é maximi- zar a distância percorrida pelos engenhos. LANÇAMENTOS E ARREMESSOS Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 1 – Arremesso do peso DeslizamentoPreparação Arremesso Recuperação Figura 1 – Arremesso do peso EDUCAÇÃO FÍSICA 113 Figura 2 – Lançamento do dardo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Ritimo das 5 PassadasCorrida de balanço Lançamento Recuperação RotaçãoBalanço Lançamento Recuperação Figura 3 – Lançamento do disco Figura 4 – Lançamento do martelo Figura 2 – Lançamento do dardo 1 ° Volta 3 ° VoltaMolinete Recuperação2 ° Volta EDUCAÇÃO FÍSICA 114 Os movimentos dos lançamentos são divididos em quatro fases, conforme, Fernandes (1978), que são comuns a todos: a. Preparação. b. Construção do movimento. c. Lançamento. d. Recuperação. Na fase de Preparação o aluno deverá pegar o im- plemento e se preparar para a contrução do movi- mento: Na fase de construção do movimento o objetivo é aumentar a velocidade do lançamento e acelerar a velocidade do corpo e do implemento para um nível ideal. Esta velocidade é feita em um movimento li- near (reto) no lançamento do dardo e no arremesso do peso – e em movimentos rotacionais, no lança- mento do disco e do martelo. Na fase de lançamento a velocidade é armazenada aumentando a transferência do peso do corpo para o implemento que será lançado. Existe um momento em todos os lançamentos que é chamado de posição de força, é a ligação entre a construção do movimen- to e o lançamento. Um dos pontos mais importantes para os lança- mentos é a posição de força. Você deverá observar alguns pontos comuns para a posição de força nos vários lançamentos: • Tensão muscular em todo o corpo. • Posição equilibrada com os dois pés no chão. • O peso do corpo sobre o pé direito com o cal- canhar direito levemente levantado. • Inclinação atrás levemente em direção ao lançamento. Aluno(a), a seguir, apresentamos algumas fi guras da posição de força para os lançamentos: Arremesso do peso Figura 5 – Posição de força do arremesso do peso Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Lançamento do disco Figura 6 – Posição de força do lançamento do disco Fase do lançamento 2 Parte: Posição de Força OBJETIVO Iniciar a aceleração fi nal EDUCAÇÃO FÍSICA 115 Na fase de lançamento, o aluno deverá manter o mo- vimento e iniciar a aceleração fi nal do implemento. Os movimentos devem ser contínuos e deverão ser utilizadas todas as alavancas, em um movimento de extensão completa de todas as articulações. Pontos importantes a serem observados na fase de lançamento: • Uma ação completa e sucessiva de movimen- tos sequenciais com a extensão completa de todas as articulações do tornozelo, joelho, quadril tronco ombro, cotovelo e punhos. • Extensão rápida da perna direita, utilizando os músculos dela para elevar o corpo. • Ação forte da perna esquerda para acelerar o lado direito e, assim, produzir um movimen- to vertical. • Uma posição de torção, provocando uma pré-tensão no tronco, ombros e braços que podem ser usadas para produzir uma acele- ração contínua. • Uma ação bloqueadora do lado esquerdo, permitindo que o lado direito possa continu- ar a produzir força. Na fase de recuperação, o objetivo é recuperar a po- sição de equilíbrio evitando, assim, ultrapassar os limites regulamentados do setor de lançamento. Lançamento do dardo Figura 7 – Posição de força do lançamento do dardo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Lançamento do martelo Figura 8 – Posição de força do lançamento do Martelo EDUCAÇÃO FÍSICA 116 A origem desta prova parece ser irlandesa, pois nos Jogos Tailteanos, no início da Era de Cristo, os Celtas disputavam uma prova de arremesso de pedra que pelas descrições correspondem ao lançamento atual. [...] Aliás, é interessante notar que na Península Ibérica, nas províncias onde ainda se encontram con- centração humanas etnicamente celtas, Galiza na Espanha e Trás-os-Montes em Portugal, ainda se disputa uma competição chamada de ‘arremesso do callhau’, que se assemelha ao nosso moderno arremesso do peso (CBAt, 2010, on-line).¹ A regulamentação do lançamento do peso é total- mente britânica, inclusive o peso do implemento, 7,256kg, correspondente a 16 libras inglesas, que era precisamente o que pesavam os projéteis dos famo- sos canhões britânicos do início do século XIX. As técnicas praticadas para o lançamento são duas: a técnica linear e a rotacional. Entretanto é possível praticar, e até mesmo competir, lançan- do sem deslocar-se a partir da posição de força. A LANÇAMENTO DO PESO técnica indicada e estudada neste livro será a téc- nica linear (MATTHIESEN, RANGEL; DARIDO, 2014). As fases do lançamento do peso são divididas em preparação, deslocamento arremesso e recuperação. Antes de iniciar a primeira fase, na preparação, é necessário aprender a pegar ou empunhar o peso. A fi gura 9 mostra exatamente como deve ser realizada esta ação. EDUCAÇÃO FÍSICA 117 Figura 9 – Ilustração da “pega” (empunhadura) do peso Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). O objetivo desta técnica é segurar o peso com fi rmeza, em que o peso fi ca apoiado nos dedos e nas bases dos dedos. Os dedos deverão fi car paralelos e ligeiramente afastados. O peso estará encostado no pescoço, por baixo do maxilar, e o polegar na tra- queia. O cotovelo deverá se posicionarem um ângu- lo de 45° em relação ao corpo. Fase de preparação: o objetivo desta fase, como o próprio nome indica, prepara-se para iniciar o deslocamento. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 10 – Ilustração da preparação para o arremesso O arremessador começa de pé, no fi nal do cír- culo de arremesso e de costas para a direção do lan- çamento. O tronco deve ser inclinado para a frente e fi ca paralelo ao chão. O corpo fi ca equilibrado em apenas uma perna. A perna de apoio deve estar fl e- xionada enquanto que a perna esquerda é estendida para trás (1), conforme fi gura 10. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 118 Fase do deslocamento: o objetivo desta fase é acelerar o corpo e se preparar para lançar. Figura 11 – Ilustração do deslocamento do arremesso do peso Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Características técnicas: o lançador deverá mover-se para trás em uma ação plantar do pé da perna que impulsiona o corpo. Esta ação deverá ser precedida pela extensão para trás da perna livre. A perna de apoio deverá ser apoiada pelo calcanhar. Durante o deslocamento, a perna de apoio deverá ser arrastada sem perder contato com o solo (fi gu- ra 11). O tronco mantém-se na posição inicial. A fi gura 12 demonstra a posição dos pés na área de arremesso. Figura 12 – Ilustração da movimentação dos pés no círculo de lançamento Fase do Arremesso/lançamento: os objetivos são man- ter a velocidade do peso e iniciar a aceleração fi nal. As características técnicas consistem em man- ter o peso do corpo sobre a perna direita e o joelho fl exionado. O calcanhar da perna direita e os dedos devem estar posicionados na mesma linha. O tron- co deverá realizar uma torção. A cabeça e o braço esquerdo devem estar virados para trás. O cotovelo direito estará em um ângulo de 90º em relação ao tronco. O arremesso propriamente dito começa com as ações expostas na fi gura 13. Figura 13 – Ilustração da fase do arremesso/lança- mento do peso EDUCAÇÃO FÍSICA 119 O objetivo é transferir a velocidade do desloca- mento para o peso. Neste momento a perna direi- ta deverá empurrar o corpo, fi cando em extensão. O quadril deverá girar na direção do arremesso. A perna esquerda, antes de começar a empurrar o peso, deve estar em extensão e determinará o ân- gulo de saída do peso. O movimento de rotação do tronco é bloqueado pelo braço esquerdo. O cotove- lo do braço direito deverá estar alto. No fi nal des- te momento, o peso do corpo deve ser transferido para a perna esquerda. Na fase fi nal do arremesso, a velocidade do cor- po do arremessador é transferido para o peso. Figura 14 – Ilustração da fi nalização do arremesso do peso O movimento fi nal começa por meio da exten- são completa dos membros inferiores e do tronco. Na sequência, o cotovelo deve ser estendido com- pletamente e fi nalizado pela extensão da articula- ção do punho e dedos. O braço esquerdo deve estar fl exionado e junto ao tronco. Os pés mantêm-se em contato com o solo até o fi nal do arremesso. A fase de recuperação: o objetivo desta fase é es- tabilizar o corpo para evitar ultrapassar o limite da área de lançamento (círculo). Figura 15 – Ilustração da fase de recuperação do ar- remesso do peso Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). As características técnicas indicam que o arre- messador, após soltar o peso, deverá inverter as po- sições das pernas, sendo que a perna direita deve fi - car fl exionada e a parte superior do tronco abaixada e equilibrada pela perna esquerda. Neste momento, a visão do arremessador estará direcionada ao solo. EDUCAÇÃO FÍSICA 120 Exercícios de aprendizado: No primeiro passo do aprendizado, o peso deverá ser introduzido ao processo, como é uma modalidade que exige cuidados, as normas de segurança deverão ser enfatizadas. Por exemplo, ninguém deverá fi car à frente da área que será utilizada para lançar. Após segurar o peso na mão (fi gura 16), o aluno deverá fazer peque- nas extensões com o braço a fi m de sentir o implemento (1). O passo seguinte deverá estimular lançamentos para frente (2) e para trás (3). O objetivo destes exercícios é se adaptar ao peso e à resistência. Figura 16 – Exercícios de adaptação ao peso e lançamentos Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Observação: todos os movimentos deverão ser feitos com completa extensão das articulações envolvidas. Segundo passo, lançar o peso de frente à area de lançamento. O objetivo é com- preender os movimentos básicos do lançamento utilizando, a perna para gerar força e o movimento dos braços com extensão completa para o lançamento. A posição inicial deverá ser com os pés afastados em relação à largura dos ombros. Os joelhos devem ser fl exionados e, em seguida (após estendê-lo totalmente, sem sair do solo), o peso deverá ser empurrado para frente e ligeiramente para cima. Variar este movimento com o recuo da perna direita (fi gura 17). EDUCAÇÃO FÍSICA 121 Figura 17 – Exercícios pedagógicos do arremesso Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Terceiro passo, lançar a partir de um passo. O objetivo é compreender a ação da perna direita e o bloqueio do lado esquerdo. A posição inicial deverá ser igual à po- sição do segundo passo. Em seguida, deverá dar um passo à frente com o quadril e o ombro voltados para a direção do lançamento, para frente. Lançar a partir de uma rotação e extensão rápida da perna direita e bloqueio do lado direito (fi gura 18). Figura 18 – Movimento da fase de arremesso de frente Quarto passo, o objetivo é compreender a posição de força e lançar a partir dela. A posição inicial deve ser de costas à direção do lançamento. Fazer o giro a partir da ação da perna direita e lançar para frente e ligeiramente para cima sem perder o contato com o solo (fi gura 19). EDUCAÇÃO FÍSICA 122 Figura 19 – Movimento da fase de arremesso com giro do tronco Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Quinto passo, o objetivo é entender o deslocamento e unir à posição de força. Para isto, pode-se pedir auxílio a um companheiro ou ao professor que irá segurar o braço livre do peso. O deslizamento deverá ser feito ao longo de uma linha que poderá ser desenhada no solo. Após fi nalizar o deslizamento, o aluno deverá parar, fi xar a posição de força corrigir e repetir até aprender o movimento. Figura 20 – Exercícios para o deslocamento linear EDUCAÇÃO FÍSICA 123 Sexto passo, arremesso a partir da sequência completa. O objetivo é unir todas as partes e lançar com deslocamento na técnica linear. A sequência completa deverá ser realizada com e sem peso, pode ser praticada com pesos menores. A posição de força deve ser corrigida sempre que necessário (fi gura 21). Figura 21 – Sequência completa do arremesso do peso Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 124 A origem da prova é muito conhecida – quem não teve oportunidade de ver uma reprodução da famo- sa estátua o “Diskobolos”, de Myron? No entanto, não se tem informações referencia- das à respeito do material utilizado e peso naquele tempo. Algumas referências sugerem que o disco teria um diâmetro entre 17 a 32 cm, enquanto que o peso oscilava entre 1,3 e 6,6 kg. Em escavações, foram encontrados discos de ferro, bronze e até de pedra que eram denominados de “solos” (OLIVEI- RA, 2013). O lançamento do disco na Antiguidade era par- te integrante do Pentatlo Pesado, que incluía o salto em distância, o “stadion”, o lançamento do dardo e uma luta, juntamente com o lançamen- to do disco. Acredita-se que teria sido incluído no programa olímpico da Antiguidade na 18ª Olimpíada, em 708 a.C. (BORGES, [2012], on- -line)². LANÇAMENTO DO DISCO Fonte Topgim O peso e a medidado disco para homens é de 2 kg, com 219 e 221 mm de diâmetro e 44 a 46 mm de espessura; e para mulheres é de 1 kg, com 180 a 182 mm de diâmetro e 37 a 39 mm de espessura (PACIEVITCH, [2016])³. A sequência completa do lançamento do disco é dividida em fases. As fases possuem a denominação de preparação, rotação ou giro, lançamento e recu- peração. Tal como no arremesso do peso, antes de iniciar os movimentos para o lançamento é neces- sário compreender e saber como se deve empunhar o disco. A empunhadura do disco também possui o nome de pega (LOHMANN, 2011). De acordo com a fi gura 22, o disco deve ser sus- tentado pelas últimas articulações dos dedos (1). Os dedos devem estar afastados do disco. O punho deve fi car relaxado (2). O disco deverá ser apoiado na base da mão (2), o polegar deve apenas encostar para dar equilíbrio ao disco (3). EDUCAÇÃO FÍSICA 125 Figura 22 – Ilustração da empunhadura do lança- mento do disco Fase de Rotação ou Giro: é a parte inicial, tem como objetivo o ganho de velocidade com a rotação do corpo. As caracteristícas técnicas desta fase orientam que o joelho, o braço e a região plantar do pé do lado esquerdo rodem em um movimento ativo e simultâ- neo. O peso do corpo é totalmente sustentado pela perna esquerda que está ligeiramente fl exionada. O braço que segura o disco deverá fi car atrasado em relação ao tronco. A perna direita acompanha o mo- vimento e passa rasante, acompanhando o giro. Ver fi gura 24. Figura 24 – Ilustração do início da fase de rotação do lançamento do discoFonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fase de preparação: o objetivo desta fase é preparar o lançador para a rotação ou giro e criar uma pré- -tensão nos ombros e braços. De acordo com as características técnicas desta fase, as costas devem fi car posicionadas na direção do lançamento. As pernas deverão fi car afastadas à largu- ra dos ombros e os joelhos ligeiramente fl exionados. O peso do corpo deve ser equilibrado no terço anterior dos pés ou na região plantar. O disco deve ser balança- do para trás e o calcanhar esquerdo deverá ser elevado. O tronco gira durante o balanço e os braços devem ser mantidos à altura dos ombros. Ver fi gura 23. Figura 23 – Ilustração da fase de balanço do lança- mento do disco Fase de rotação ou giro: é a segunda etapa, o obje- tivo desta fase é ganhar velocidade do lançador e do disco, bem como criar uma pré-tensão do tronco. As características técnicas indicam que o pé esquerdo é que impulsiona o corpo para frente e a parte anterior do pé estará voltada para a direção do lançamento. Durante o giro, o lançador dará um breve salto rasante sem estender a perna de impulsão. O pé direito faz uma abordagem no solo e será apoiado pelo terço anterior do pé girando para dentro. O braço esquerdo mantém-se fl exio- nado à frente do tronco. A perna esquerda passa pela perna direita em direção à frente do corpo. Ver fi gura 25. EDUCAÇÃO FÍSICA 126 Figura 25 – Ilustração da primeira parte do giro do lançamento do disco Fase do lançamento: esta fase será dividida, para melhor compreensão dos movimentos. Os objetivos desta fase são manter a posição equilibrada do corpo e se preparar para a aceleração fi nal do lançamento. As características técnicas no início da fase de lançamento têm como função indicar os movimen- tos desta parte da fase. A perna direita deve estar fl exionada, em sequência o pé da perna direita gira pela planta na direção do lançamento. O disco neste momento deverá se posicionar à altura da cabeça. A perna esquerda toca o solo rapidamente, logo, após a perna direita (fi gura 27). Figura 27 – Ilustração da parte fi nal do giro do lan- çamento do disco Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). A movimentação dos pés é importante para se con- seguir uma posição adequada, equilibrada e correta do corpo. Veja a sequência do movimento na fi gura 26. Figura 26 – Ilustração do movimentação dos pés para o giro do lançamento do disco A seta indica a direção do lançamento. A par- te escura dos pés signifi ca que o corpo está apoiado nela. A posição de força na última fi gura à direita ocupa metade do circulo. A posição de força na fase de lançamento tem como objetivo preparar-se para a aceleração fi nal do lançamento. O peso do corpo é sustentado pela per- na direita que estará fl exionada. A linha dos ombros estará na mesma linha do pé direito (fi gura 28). EDUCAÇÃO FÍSICA 127 Figura 28 – Ilustração da posição de força do lança- mento do disco Figura 29 – Ilustração da fase do lançamento do lan- çamento do disco Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fase fi nal do lançamento. O objetivo neste mo- mento da fase de lançamento é transferir a velocida- de do deslocamento para o disco. As características técnicas são: a perna direita realiza uma rotação seguida de uma extensão com a máxima potência. O lado direito do quadril gira em direção à frente do círculo ou da direção do lançamento. A parte esquerda do corpo é bloque- ada pela extensão da perna esquerda e pela fl exão do cotovelo esquerdo, que deve estar fl exionado junto ao tronco. O peso do corpo é transferido da perna direita para a perna esquerda. O disco sai da mão à altura do ombro ou levemente mais baixo (fi gura 28). Fase de recuperação: o objetivo desta fase é a es- tabilização do corpo a fi m de evitar ultrapassar os limites da borda do setor de lançamento. As carac- terísticas técnicas desta fase são: inverter a posição das pernas rapidamente, a perna direita deve ser fl e- xionada para recuperar a posição corporal, o tronco abaixa levemente à frente e a perna esquerda é eleva- da para manter o equilíbrio (fi gura 30). Figura 30 – Ilustração do lançamento e recuperação do lançamento do disco Fase do lançamento 2 Parte: Posição de Força OBJETIVO Iniciar a aceleração fi nal EDUCAÇÃO FÍSICA 128 Exercícios técnico-pedagógicos para o aprendizado e desenvolvimento da prática. O processo de aprendizagem dos alunos começa pela adaptação ao material e gradualmente são so- mados elementos e informações para executar ações motoras em uma determinada sucessão lógica sobre o qual, posteriormente, será possível realizar um movimento completo e dinâmico. Primeiro passo: introdução do elemento Após assimilar a empunhadura (ou pega do dis- co) o aluno deverá realizar alguns exercícios dinâ- micos para entender as suas rotações. Também é im- portante enfatizar as normas de segurança, uma vez que o disco é um elemento que facilmente escapa das mãos e pode variar sua direção. Então, é neces- sário que todos que não estiverem lançando fi quem atrás da posição em que o disco irá se direcionar. Vale a regra básica: todos lançam e todos buscam (ROMERO FRÓMETA; TAKAHASHI, 2004). Um exercício que deve ser realizado para enten- der a rotação do disco é o de rolar o disco no chão para frente soltando o disco pelo dedo indicador, lançar o disco para cima fazendo-o girar no sentido horário (fi gura 31). Figura 31 – Exercício de adaptação ao giro dolança- mento do disco Segundo passo: lançar de frente O objetivo deste execício é aprender a soltar o disco a partir do movimento de lançamento com aceleração. Como exposto na fi gura 32, a posição inicial é de frente na direção do lançamento com os pés pa- ralelos (1). Lançar a partir desta posição. Com um pé à frente e o outro atrás, realizar o lançamento in- clinando o tronco para trás e usando as pernas para impulsionar o corpo (2). Realizar ambos os exercí- cios utilizando implementos diversos, como bolas, arcos, medicine balls leves e também lançar direcio- nando à um alvo. Figura 32 – Exercícios: Lançar de frente (1) e com afastamentodos pés (2) Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). 2 1 EDUCAÇÃO FÍSICA 129 Terceiro passo: lançamento lateral O objetivo é compreender a ação da perna direita e do quadril para o lançamento. Comece o exercício com o lado esquerdo do corpo (para quem é destro) na direção do lançamento, os pés estarão afastados à largura dos ombros. Em seguida, o disco deve ser balançado para trás sobre a perna direita e atrás do quadril – a perna direita tem a ação de pivô. O calca- nhar da perna direita deve girar para fora, enquanto o quadril é girado para frente e para o interior. O braço é o último a fazer a ação de lançar o disco, a perna esquerda é bloqueada após lançar. Ver fi gura 33. Figura 33 – Lançamento a partir da posição lateral Quinto passo: lançamento com rotação O objetivo é compreender a rotação ou o giro. O início do exercício de lançamento é de fora do círculo ou atrás da linha inicial de giro. O disco é colocado atrás do corpo. Entrar no círculo com o pé esquerdo e o pé direito deve ser apoiado no centro do círculo ou logo à frente. A seguir, é feito um giro sobre a perna direita apoiada e lançar a partir deste movimento contínuo. Ver fi gura 35. Figura 35 – Lançamento com deslocamento e rotação Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Quarto passo: lançamento a partir da posição de força O objetivo deste exercício é aprender toda a ação utilizando as alavancas envolvidas no lançamento parado. Lançar de costas para a direção do lança- mento. Movimento contínuo até o lançamento, que deverá ser feito para frente e para cima com a palma da mão voltada para baixo. Ver fi gura 34. Figura 34 – Lançamento a partir da posição de força Sexto passo: lançamento completo com giro Como exposto na fi gura 36, une-se todas as fa- ses em uma sequência completa. Praticar a sequên- cia corrigindo a posição de força. Lançar discos mais leves e materiais diferentes, incluindo bolas mais pe- sadas (até 2 kg). Figura 36 – Lançamento completo com giro EDUCAÇÃO FÍSICA 130 O lançamento do dardo é a prova atlética com a conotação mais direta com o dia a dia dos tem- pos antigos: sua prática servia para caçar ou para guerrear. Píndaro conta-nos que o lendário herói Aquiles (da Ilíada, de Homero) era um excelente lançador de dardo. Tal como o disco, o dardo não era um evento isolado, pois fazia parte do Pentatlo, e deve ter feito a sua aparição nos jogos Antigos – provavelmente por volta da 18ª Olimpíada, em 708 a.C. (OLIVEIRA, 2013). Em relação a sua execução os movimentos são derivados de aspectos de força e velocidade com potência dos músculos. Diferente dos demais lança- mentos, o dardo é uma modalidade que envolve a corrida como parte integrante do todo. Enquanto, os lançamentos de peso, disco e martelo são realizados em um círculo, o lançamento do dardo necessita de um espaço maior onde é realizada a primeira fase ou corrida de aproximação. O dardo é um implemento aerodinâmico que sofre a infl uência da resistência do ar. Ele é utilizado em competições e tem de com- primento 2.60 m a 2.70 m, possuindo diâmetro de 2.5 a 3.0 cm, e pesa 800 g (para homens) e 600 g (para mulheres) (CBAt, 2010, on-line)¹. Tal como os demais lançamentos, esta moda- lidade atlética é dividida em fases. As fase do lan- çamento do dardo são: corrida, ritmo de cinco passos, lançamento e recuperação. A corrida de aproximação tem por fi nalidade alcançar uma ve- locidade ideal para aceleração do dardo. O ritmo de cinco passos tem a função de preparar o lança- mento, neste momento, é importante se posicionar de maneira adequada na preparação para o lança- mento propriamente dito, a recuperação tem por objetivo evitar ultrapassar o limite da área de lan- çamentos para não anular a sua tentativa (MÜL- LER; RITZDORF, 2000), como a sequência expos- ta na fi gura 37. LANÇAMENTO DO DARDO Figura 37 – Lançamento completo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Ritmo das 5 PassadasCorrida de Balanço Lançamento Recuperação Figura 37 – Lançamento completo EDUCAÇÃO FÍSICA 131 Antes de iniciar o lançamento, todos devem en- tender e praticar a pega ou empunhadura, que, tal como nos demais lançamentos, existem formas de segurar o dardo. Existem três formas de segurar o dardo para lançar (fi gura 38): • O dardo é apoiado na mão em diagonal e o polegar e o indicador seguram o dardo (1). • O polegar e o dedo médio seguram o dardo (2). • O indicador e o dedo médio seguram o dardo (3). • A palma da mão é virada para cima. • A empunhadura do dardo deve ser feita de uma forma descontraída. Figura 38 – Modelos de empunhaduras A ponta do dardo deverá estar apontada à frente, na linha da cabeça. O braço que transporta o dardo deve fi car descontraído sem se movimentar. A dis- tância da corrida pode variar entre 6 e 12 passos. A aceleração deve ser progressiva e mantida quando entrar na fase de preparação (ritmo de 5 passos). Figura 39 – Corrida com o dardo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). A corrida: o objetivo da corrida é de ganhar ve- locidade do lançador e do dardo. Conforme a fi gura 39, o dardo deve ser trans- portado paralelo ao solo acima da linha dos ombros. Ritmo de 5 passos: o objetivo desta fase é au- mentar a velocidade e transferir para o dardo. As características desta fase compreendem um arran- que, passada de impulso e passada do lançamento. O aumento da velocidade nesta fase depende da co- ordenação, do ritmo e da capacidade de controle da velocidade nesta fase (fi gura 40). EDUCAÇÃO FÍSICA 132 Figura 40 – Ilustração dos passos para o lançamento do dardo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). No arranque, o dardo deverá ser posicionado atrás (fi gura 41). Figura 41 – Passada de impulso Na passada de impulso, o lançador deve se posicionar de forma à preparar-se para o lançamento. O impulso deve ser ativo e sem fl utuar (rasante), com apoio pela região plantar do pé e o mais importante é não perder velocidade, de acordo com a fi gura 42. EDUCAÇÃO FÍSICA 133 Figura 42 – Transição para o lançamento Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Na transição para o lançamento, a velocidade dos membros inferiores devem ser transferidas para o tronco. Neste momento, o braço lançador ainda está esten- dido atrás, conforme a fi gura 43. Figura 43 – Tulo: pré-tensão da posição de força Na fase de lançamento, a posição de força deverá ser observada com mais atenção. Neste momento, toda a velocidade é transferida para o tronco e deste para o om- bro do lançador. O pé deve ser apoiado de forma rígida e fi rme. O lado esquerdo do corpo deve bloquear a rotação do tronco. O corpo deve fi car na posição ar- queada. O ombro que deve ser puxado ativamente à frente. O cotovelo gira para o interior e a mão estará voltada para cima (fi gura 44). Visão Lateral Visão Posterior EDUCAÇÃO FÍSICA 134 Figura 44 – Posição de força No movimento fi nal de lançamento, o objetivo é transferir toda a potencia adquirida até o momento para ombro, braço, mão e, na sequência, para o dar- do. O cotovelo passa ao lado e próximo da cabeça. O tronco move-se para frente, o braço é puxado para frente em grande velocidade e o pé da perna direita mantém-se em contato com o solo até a soltura do dardo (fi gura 45 e 46). Figura 45 – Início da puxada para o lançamento Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000).Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Posição de Força Posição em Arco Figura 46 – Visão posterior do lançamento Na fase de recuperação: o objetivo é bloquear o corpo, evitandoanular o lançamento. A posição das pernas são invertidas e a perna direita é fl e- xionada. O tronco baixa à frente. A perna esquer- da naturalmente se eleva buscando o equilíbrio (fi gura 47). Figura 47 – Recuperação EDUCAÇÃO FÍSICA 135 Agora que você já conheceu a teoria do lançamento do dardo, você deverá aprender os exercícios de progressão técnico-pedagógica para o processo ensi- no-aprendizagem. Por se tratar de uma modalidade atlética complexa, o melhor método é o analítico (dividir o todo em partes). A seguir, você irá aprender como o lançamento do dardo pode ser ensinado a partir deste método. Primeiro passo: lançar o dardo de frente Objetivo: aprender a acelerar o dardo. Após escolher uma das pegas apresentadas no início deste tópico e enfatizar as normas de segurança, você irá estimular os seguintes exercícios: lançar o dardo a partir da extensão do braço posicionado acima e atrás da cabeça; lançar a uma distância de 3 a 4 metros do chão a frente. Inclinar o tronco para trás e aumentar a distância do lançamento (fi gura 48). Figura 48 – Exercício de adaptação, aceleração do dardo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Segundo passo: Lançar o dardo Objetivo: aprender a lançar a partir da posição de força. De lado, lançar o dardo para frente e para cima com um passo. Para lançado- res destros, apoiar a perna esquerda à frente, preparar o lançamento levantando a perna esquerda. Após lançar, a perna direita se eleva atrás (fi gura 49). EDUCAÇÃO FÍSICA 136 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 49 – Lançamento de dardo - posição lateral Terceiro passo: lançar após três passos Objetivo: assimilar a passada de impulso e conectar à posição de forma. Comece com a perna direita à frente, dardo recuado atrás. A seguir, realizar um passo com a perna esquerda, direita e esquerda e lançar para frente e para cima (fi gura 50). Figura 50 – Lançamento de dardo em três passos Quarto passo: lançar após cinco passos Objetivo: desenvolver o ritmo de cinco passos. Comece com a perna direita à frente e faça a progressão do ritmo de cinco passos o último passo deve ser rasante, conforme a fi gura 51. Figura 51 – Lançamento de dardo em cinco passos EDUCAÇÃO FÍSICA 137 Quinto passo: corrida e passada de impulso Objetivos: aprender a passada de impulso e unir ao ritmo de cinco passos. Praticar a passada de impulso a partir da caminhada e depois com dois passos de corrida. Posicionar o dardo recuado atrás na passada de impulso. Praticar com distâncias maiores até fi xar o movimento. Após fi xar esta posição, praticar com ritmo de cinco passos sem lançar (fi gura 52). Figura 52 – Lançamento de dardo - passada Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Sexto passo: realizar a sequência completa Objetivo: unir as partes ao lançamento completo. Realizar a sequência completa a partir da corrida, passada de impulso, ritmo de cinco passos e lançamento. Corrigir a posição de força para o lançamento. Uti- lizar dardos com pesos menores, no início (fi gura 53). Figura 53 – Lançamento de dardo sequência completa EDUCAÇÃO FÍSICA 138 Esta modalidade atlética tem uma característica única, referente ao movimento e consequentemen- te à sua execução. É uma prova do atletismo que, apesar de pouco praticada, possui uma quantidade de movimentos relacionados à rotações do corpo e translações do implemento. O lançamento do martelo necessita de muito espaço e é considerado a prova do atletismo que exige ainda mais aten- ção quanto às normas de segurança. É muito im- provável que seja possível realizar sem as devidas áreas adequadas para sua execução. Entretanto, o conhecimento desta modalidade e os movimentos relacionados para sua execução são importantes no processo de aprendizado e desenvolvimento da co- ordenação motora. Por este motivo, neste tópico, tal qual no tópico do salto com vara, passaremos informações da prova e exercícios que podem ser praticados com segurança, sem perder a oportuni- dade de desenvolver os movimentos pertinentes à esta modalidade. O folclore irlandês, rico em citações épicas, conta-nos as proezas extraordinárias de um tal Cuchulain (que significava herói em gaélico), uma espécie de Hércules do mundo celta, que nos Jogos Atléticos daquele povo, mais ou me- nos 2.000 anos a.C, realizava prodígios de força e destreza. [...] Tinha nascido o “roth-cl heas”, ou como nós conhecemos hoje: o lançamento do martelo (CBAt, 2010, on-line).¹ Na categoria masculina, o martelo pesa 7,26 kg, na feminina, o martelo pesa 4 kg. O conjunto bola, ara- me e alça, formam uma unidade de comprimento máximo de 1,2 m, conforme a figura a seguir. LANÇAMENTO DO MARTELO EDUCAÇÃO FÍSICA 139 As fases: o lançamento do martelo é formado por fases, tal qual em todos os lan- çamentos. A técnica do lançamento do martelo é formado pelas fases: Molinetes, voltas e lançamento. A voltas são em número de três (IAAF, 2009), como expostas na fi gura 54. Figura 54 – Lançamento de martelo sequência completa Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Antes de iniciar os lançamentos, é necessário que o martelo adquira veloci- dade de translação, para isto são realizados Molinetes – giro do martelo sobre o próprio corpo –, como expostos na fi gura 55. Figura 55 – Lançamento de martelo giro Para uma fi xação do martelo na mão (pega ou empunhadura) existe uma téc- nica específi ca. A mão direita deve fi xar por cima da mão esquerda (lançadores destros); os braços devem permanecer extendidos (fi gura 56). 1 ° Volta 3 ° VoltaMolinete Recuperação2 ° Volta EDUCAÇÃO FÍSICA 140 Figura 56 – Lançamento de martelo empunhadura Exercícios para introdução ao lançamento do martelo Lançar objetos: estes exercícios introduzem os mo- vimentos básicos para o lançamento do martelo. O objetivo é aprender a utilizar as pernas e o tronco juntamente com as ações dos braços para o lança- mento. Poderão ser utilizados vários objetos (fi gura 58 e 59). Figura 58 – Lançamento com medicine ball Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fase do lançamento: o objetivo é transferir a veloci- dade dos molinetes para o lançamento do martelo. O martelo deve ser lançado com a extensão total de todas as articulações, quando o martelo atingir o ponto mais alto de sua órbita. O quadril deve rodar para frente e o lado esquerdo do corpo deverá bloque- ar imediatamente antes de soltar o martelo. O martelo deverá ser lançado quando os ombros apontarem para a direção do lançamento, como na fi gura 57. Figura 57 – Lançamento de martelo (direção) Figura 59 – Lançamento à partir dos molinetes EDUCAÇÃO FÍSICA 141 Introduzir a “pega”, realizar os molinetes e lançar a partir destas ações, como na fi gura 60. Figura 60 – Lançamento de martelo empunhadura ou “pega” Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Ensino da Técnica dos Lançamentos Aluno(a), vamos defi nir o que vem a ser o mé- todo analítico que implica dividir o todo em partes. Para os lançamentos, você deverá decompor cada fase, aprender cada uma delas e em seguida unir uma parte à outra até formar o todo (TENROLLER, 2004). Para os lançamentos você deverá ensinar os seguin- tes elementos em ordem de apresentação: • Introdução ao implemento (peso, disco, dar- do e martelo), juntamente com as normas de segurança e a forma adequada de segurar o implemento. • Ensinar a fase de lançamento (lançar de fren- te). • Ensinar a posição de força. • Ensinar a fase de recuperação. • Ensinar a construção do movimento. • Ensinar a fase de preparação. Você ainda deverá observar os pontos de maior im- portância durante o aprendizado: • Alcançar umavelocidade média alta na fase de construção dos movimentos. • Executar uma velocidade progressiva na exe- cução do movimento a partir da posição de força e durante a fase de lançamento. • Cobrar uma correta posição de força de cada lançamento. • Executar ações sucessivas de todas as articu- lações, transferindo o máximo de velocidade para o implemento. • Estender completamente o corpo antes de soltar o implemento na fase de lançamento. • Utilizar uma grande variedade de exercícios, engenhos, situações e lançamentos. Você sabia que para ensinar as técnicas dos lançamentos, você deverá utilizar o método analítico? REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 142 Vários execícios podem ser descritos para entender os lançamentos, tal como em princípios das corri- das e dos saltos. Esses são denominados exercícios especiais: Grupo 1 - Exercícios de lançamentos para o dardo. Lançar, com uma mão por trás da cabeça, obje- tos mais leves com as seguintes variantes: • Da Posição de Pé. • Da Posição de Joelhos. • Com Ritmos de Três Passos. • Com Ritmos de 5 Passos. Figura 61 – Exercício de lançamento A técnica de lançamento pode ser melhorada utilizando materiais mais leves que os ofi ciais. Se existem pontos importantes que devem ser observados, existem também situações que devem ser evitadas que naturalmente poderão ocorrer na prática: • Utilizar ou cobrar uma técnica avança- da em alunos que não estão familiari- zados com os movimentos ou que não tenham pré-requisitos básicos para execução correta. • Utilizar implementos em tamanho, peso e de qualidades aerodinâmicas inadequados. • Tentar ensinar uma nova técnica ou movimento antes de ter aprendido movimentos básicos. • Executar um grande número de repe- tições em alunos que não possuem resistência para isto. Fonte: o autor. SAIBA MAIS Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Lançar, com duas mãos, objetos mais pesados (por exemplo, uma medicine ball de 2 e 3 kg) com as seguintes variantes: • Lançar por trás da cabeça para frente. • A partir da posição sentado. • A partir da posição de joelhos. • Com ritmo de três passos. EDUCAÇÃO FÍSICA 143 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Exercício Peso Efeito Repetições Séries Lançar em pé com uma mão 150-500 g Velocidade e Potência 5-10 2-4 Lançar em pé com uma mão - três passos 150-500 g Velocidade e Potência 5-10 2-4 Lançar em pé com duas mãos 1,0 á 2,0 kg Força 5-15 2-4 Lançar em pé com duas mãos - três passos 1,5 -3,0 kg Força 5-15 2-4 Fonte: adaptado de IAAF (2009). Grupo 2 - Exercícios de especiais para o lançamento do peso. Lançamento de frente com as medicine balls com braços estendidos e joelhos fl exionados para frente e de costas, com as seguintes variantes: • Para frente e para cima parado. • Para cima na vertical. • Para trás e para cima parado. • Com variações de pesos. • Com salto para frente e para cima na vertical. Figura 62 – Exercício de lançamento A seguir, orientações para prática deste grupo com volume e intensidade de repetições. Tabela 1 – Orientação das cargas dos exercícios EDUCAÇÃO FÍSICA 144 Lançamento em pé, com as seguintes variantes: • Passe de peito com torção do tronco. • Passe de peito com duas mãos para frente. • Ambos com deslocamento de um passo. • Com dois passos. Figura 63 – Exercícios gerais de lançamento Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 145 A seguir, orientação para prática deste grupo com volume e intensidade de repetições. Tabela 2 – Orientação das cargas dos exercícios Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de IAAF (2009). Exercício Peso Efeito Repetições Séries Lançamento para frente, para cima e para trás 2-4 kg Força e potência 5-10 2-4 Lançamento em pé com deslocamento 5-8 kg Força 5-10 2-4 Lançamento em pé com deslocamento 2-4 kg Velocidade e potência 5-10 2-4 Grupo 3 - Exercícios de especiais para o lançamento do disco. Lançamentos com pesos mais leves. Figura 64 – Lançamentos com pesos mais pesados EDUCAÇÃO FÍSICA 146 Figura 65 – Exercícios de lançamentos Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Variantes desta posição: • Lançar a partir da posição sentado. • Lançar a partir da posição de joelhos. • Lançar a partir da posição frontal. • Lançar a partir da posição de força – com um giro e um giro e meio. • Lançar com diferentes tipos de objetos, como cones, aros bastões, pedras, med ball, pesos e discos. EDUCAÇÃO FÍSICA 147 A seguir, orientação para prática deste grupo com volume e intensidade de repe- tições. Tabela 3 – Orientação das cargas dos exercícios Fonte: adaptado de IAAF (2009). Fonte: adaptado de IAAF (2009). Exercícios Peso Efeito Repetições Séries Exercícios com imple- mentos leves 0,5 a 1,5 kg Velocidade e potência 5-10 2-4 Exercícios com imple- mentos pesados 1,5 -3.0 kg Força 5-10 2-4 Grupo 4 - Exercícios para lançamento do martelo. Lançamento para trás com as duas mãos por cima do ombro, com pés parale- los e giro do tronco; com as seguintes variantes: • Implementos leves. • Implementos pesados. • Implementos curtos. • Com balanço (pêndulo), mas sem rotações. • Com balanço e com rotações. • Com diferentes implementos (med ball, pedras e martelos). Lançamentos com saltos, a partir de agachamentos completos com variantes para cima, na vertical e distantes do corpo, para frente. A seguir, orientação para prática deste grupo com volume e intensidade de repetições. Tabela 4 – Orientação das cargas dos exercícios. Exercícios Peso Efeito Repetições Séries Exercícios com im- plementos leves 1,5 a 3,0 kg Velocidade e po- tência 5-10 2-4 Exercícios com im- plementos pesados 3.0-5,0 kg Força 5-10 2-4 EDUCAÇÃO FÍSICA 148 QUANTO À SEGURANÇA E ORGANIZAÇÃO NAS AULAS E PRÁTICAS. Todo equipamento (materiais) utilizados de- vem estar em perfeitas condições de uso e devem ser guardados após sua utilização, em local seguro. Não utilizar os dardos quando transportados na horizontal, eles devem ser transportados na vertical. Nunca realizar exer- cícios sozinho. Quem lança fica sozinho na área; os demais, afastados deste local, atrás da linha, deve-se certificar que não tem nin- guém na área de queda antes de lance. Os implementos só devem ser buscados quando todos forem lançados. Evitar dias chuvosos. Nas aulas, deve-se manter espa- ços entre os participantes de 2 a 3 metros. Fonte: o autor. SAIBA MAIS 149 considerações finais C aro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade na qual apren- demos que um bom programa de aprendizado deve ter séries de exer- cícios preparatórios e de desenvolvimento das qualidades motrizes ne- cessárias para esse grupo de modalidade atlética. Todas as atividades contidas nesta unidade remetem a um desenvolvimento da qualidade de lançar e arremessar, necessária para qualquer outra atividade que possua estas ações motrizes. Na unidade IV você conheceu as modalidades atléticas da área de lançamen- tos. Ao planejar uma aula, você deverá destacar alguns momentos, como a im- portância dos alunos aprimorarem o domínio motor e a melhorarem a coorde- nação corporal; e desenvolverem a capacidade de executar movimentos de força, criando premissas para o desenvolvimento físico. É preferível que seus futuros alunos executem movimentos simples no início, mas com o tempo certo, sem se preocupar com a velocidade, estimule-os o desenvolvimento das sensações mo- toras táteis – que auxiliam a desenvolver, encontrar uma posição adequada dos diferentes membros do corpo no tempo e espaço adequados. Com uma base ade- quada de informações externas e internas, a sucessão adequada de aprendizado dos lançamentos, as tarefas motoras, são processos relativamente independentes para o domínio geral de toda a estrutura motriz que é desenvolvida por meios e métodos. Por fim, todas as etapas devem ser baseadas nos princípios didáticos e peda- gógicos até completar o domínio de complexas ações motoras. É necessáriores- saltar a importância e se adequar a meios (aparelhos) que se ajustem à realidade. O professor não deverá se ater somente aos implementos oficiais (peso, disco, dardo e martelo). O mais importante neste processo, além do conhecimento téc- nico, didático e pedagógico, é a criatividade na elaboração dos execícios e tam- bém dos materiais utilizados. Destaco ainda a importância dos cuidados com a segurança durante as aulas, pois são materiais que podem provocar acidentes e lesionar os participantes. A regra básica “todos lançam e todos buscam” desta- ca-se neste sentido. 150 LEITURA COMPLEMENTAR Apresentamos algumas atividades a seguir, como su- gestão. É importante que ao serem aplicadas na escola, cada atividade esteja alinhada com o planejamento da disciplina de Educação Física – e adequadas às fases de desenvolvimento das crianças e jovens. 1. Nome do jogo: “Corre, salta e lança”. 2. Objetivo: lançamento da pelota (dardo). 3. Material: pelota. 4. Descrição: o aluno deverá realizar a corrida inicial posicionando o braço que empunha a pelota esten- dido para trás. Em seguida, deve realizar a transpo- sição do obstáculo e impulsar com a perna do lado oposto ao que empunha o implemento, para, estan- do com os dois pés no chão, realizar o lançamento na maior distância possível. 5. Desenho 1. Nome do jogo: “Troca-troca”. 2. Objetivo: lançamento da pelota (dardo). 3. Material: arcos, pelota ou bola de borracha. 4. Descrição: em dupla, um de frente para o outro, cada aluno deve girar um arco com um dos braços. Os alunos deverão executar lançamentos para o ou- tro integrante de sua dupla sem deixar nenhum dos objetos cair. 5. Desenho Fonte: Greco, Morales e Conti (2013, p. 360). Fonte: Greco, Morales e Conti (2013, p. 360). 1. Nome do jogo: “Alvo pesado”. 2. Objetivo: lançamento da pelota (dardo). 3. Material: plinto, medicine ball, bolas de borrachas e arcos. 151 LEITURA COMPLEMENTAR 4. Descrição: colocar algumas medicine balls de dife- rentes pesos (2 a 5 kg) posicionadas uma ao lado da outra sobre um plinto ou outro equipamento com aproximadamente 1,50 m de altura. Os alunos gi- ram um arco no braço não dominante e, com a pos- se de bolas de borracha (de iniciação), deverão reali- zar lançamentos em direção às medicine balls com o objetivo de fazer com que elas caiam no chão. 5. Desenho 4. Descrição: os alunos devem ser organizados em dois grupos. O primeiro de cada grupo posiciona- -se em cima do colchonete. Em cada lançamento ou arremesso, o aluno deverá posicionar-se de forma diferente. Ele será orientado a lançar ou arremessar o implemento em direção ao alvo. Os alvos serão arcos ou setores previamente desenhados no chão. O aluno deverá arremessar ou lançar de maneiras diferentes, de acordo com o implemento. 5. Desenho Fonte: Greco, Morales e Conti (2013, p. 361). Fonte: Greco, Morales e Conti (2013, p. 361). 1. Nome do jogo: “Lance total”. 2. Objetivo: lançamento (dardo) e arremesso (peso). 3. Material: colchonete, medicine balls, pelotas, pesos, bolas de vôlei, basquete, handebol, futsal, arcos e giz. 1. Nome do jogo: “Por cima do muro”. 2. Objetivo: lançamento (dardo) e arremesso (peso). 3. Material: arcos, bolas variadas, pelotas e medicine ball. 152 LEITURA COMPLEMENTAR 4. Descrição: alunos deverão lançar ou arremessar os implementos por cima da corda visando os al- vos. Poderão ser colocadas cordas em diferentes alturas ou uma corda fi xada em pontos com cores diferentes alturas, estando a corda, neste último caso, inclinada. Os alunos deverão variar os locais de execução dos lançamentos ou arremessos, tanto no sentido lateral como em distância em relação à rede. 5. Desenho Fonte: Greco, Morales e Conti (2013, p. 367). 153 atividades de estudo 1. O aprendizado é formado por ações motoras gerais e específicas. Não é diferente para os lançamentos. Vários exercícios são fundamen- tais e dirigidos a todos os lançamentos em co- mum. A partir deste enunciado: a. Descreva 5 exercícios para o aprendizado fun- damental dos lançamentos. b. Determine a série e quantidade de repetições, bem como peso dos implementos. 2. Quanto à estrutura do movimento dos lança- mentos, são dirigidos a todos as seguintes fa- ses, em ordem de apresentação: a. Preparação, lançamento, construção do movi- mento e recuperação. b. Preparação, recuperação, construção do mo- vimento e lançamento. c. Preparação, construção do movimento, lança- mento e recuperação. d. Construção do movimento, preparação, lan- çamento e recuperação. e. Construção do movimento, lançamento, pre- paração e recuperação. 3. Escreva um resumo sobre as normas de segu- rança que devem ser praticadas nas aulas de educação física em que tenha que utilizar ma- terias de lançamentos. 4. Todos os lançamentos possuem em comum a construção do movimento. O objetivo desta fase é de: I. Segurar com firmeza o implemento. II. Aumentar a velocidade do implemento. III. Transferir a velocidade do lançador para o im- plemento. IV. Estabilizar e evitar lançamentos nulos. É correto o que se afirma em: a. I e II b. II e IV c. I e IV d. II e III e. I e III 5. A partir dos conteúdos da unidade IV, elabore e descreva um plano de atividades contendo quatro exercícios para o lançamento do peso que estimule o aprendizado do início até o lan- çamento, a partir da posição de força. 6. Faça uma descrição da posição de força para o lançamento do disco. Utilize os termos adequa- dos para descrever a posição das articulações envolvidas nesta posição. EDUCAÇÃO FÍSICA 154 Manual de práticas para a iniciação esportiva no Pro- grama Segundo Tempo ablo Juan Greco, Gustavo Conti, Juan Carlos Pertez Morales Edito: Eduem Sinopse: O processo de formação continuada, desenvolvido pela Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Snelis), do Ministério do Esporte, para os profi ssionais vinculados ao Programa Segundo Tempo, prima pela conciência teórica e sua aplicabilidade nas diversas realidades dos núcleos de desenvolvimento do programa. Atletismo: Regras Ofi ciais de Competição Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) Resumo: Este livro contém as regras ofi ciais atualizadas pela Fe- deração Internacional de Atletismo (IAAF). Editora: Sport Training LTDA Edição: 1ª Coleção: Atletismo: Regras Ofi ciais de Competição Ano: 2014 155 referências FERNANDES, J. L. Atletismo: arremessos. 2. ed. rev. São Paulo: EPU, 1978. GRECO, P. J.; MORALES, J. C. P.; CONTI, G. T. Manual de práticas para a ini- ciação esportiva no Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2013. IAAF. Material didático apresentado e disponibilizado no curso de formação de treinadores nível 1. Bragança Paulista: International Association of Athletics Federations, 2009. LOHMANN, L. A. Atletismo: manual técnico para atletas iniciantes. Rio de Ja- neiro: Sprint, 2011. MATTHIESEN, S. Q.; RANGEL, I. C. A.; DARIDO, S. C. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. MÜLLER, H.; RITZDORF, W. Corre! salta! lança!: guia IAAF do ensino de atle- tismo. Santa Fé: Federacion Internacional de Atletismo Amateur, 2002. ROMERO FRÓMETA, E.; TAKAHASHI, K. Guia metodológico de exercícios em atletismo: formação, técnica e treinamento. Porto Alegre: Artmed, 2004. TENROLLER, C. A. Futsal: ensino e prática. Canoas - RS: Editora Ulbra, 2004. Referências On-line ¹ Em: <http://www.cbat.org.br/provas/historico_masculino.asp>. Acesso em: 22 abr. 2016. ² Em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAHVoAF/atletismo-disco- -dardo-peso-martelo>. Acesso em: 22 abr. 2016. ³ Em: <http://www.infoescola.com/atletismo/lancamento-de-disco/>. Acesso em: 22 abr. 2016. 156 gabarito 1. Orientação de resposta a. Estão descritos em exercícios para os lançamentos; descrever com base nas orienta- ções. b. As respostas se encontram nas tabelas expostas no texto. 2. C 3. A resposta encontra-se no capítulo de lançamentos. 4. D 5. Orientar-se pelas descriçõesdos exercícios expostos em exercícios pedagógicos. 6. Orienta-se pela descrição exposto no topico do lançamento do disco da posição de força, no texto do livro. UNIDADEUNIDADE V Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O atletismo para crianças • O atletismo em forma de jogos e brincadeiras • Miniatletismo para crianças de 7 a 8 anos • Miniatletismo para crianças de 9 a 10 anos Objetivos de Aprendizagem • Conhecer as possibilidades de praticar o atletismo de forma lúdica e competitiva. • Desenvolver a criatividade por meio da elaboração de jogos e brincadeiras adaptadas. • Qualifi car o professor por meio de pesquisas em livros de educação infantil e recreação, evidenciando as diferentes possibilidades de atividades lúdicas. O MINIATLETISMO E SUAS MANIFESTAÇÕES V unidade INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a). Chegamos na última unidade do livro. Nas demais unidades, você aprendeu sobre a história do atletismo, a origem e a evolução, as moda- lidades que compõem o esporte (as corridas, os saltos e os lançamentos). Espero que você tenha gostado mas, acima de tudo, se familiarizado com esta incrível modalidade e aprendido muito sobre tudo que compõe o atletismo. Na unidade V você deverá conhecer uma nova visão da apli- cação prática do atletismo por meio de jogos e brincadeiras. A palavra “adaptação” deve ser uma constante nesta unidade, pois nas escolas, clu- bes e associações esportivas a prática do atletismo torna-se impossível, seja pela falta de espaço, materiais e principalmente pelo conhecimento de possibilidades de práticas alternativas. Apresento aqui uma proposta que pode ser aplicada em vários am- bientes com pouco investimento. Entretanto serão necessárias vontade, disciplina e criatividade para elaborar e aplicar o atletismo por meio de jogos e brincadeiras. Ao finalizar esta unidade, você será capaz de elabo- rar uma competição para crianças na qual todos participam, oferecendo uma incrível atividade e tornando-as mais felizes quanto à prática da Educação Física. Entretanto, lembre-se de valorizar cada vivência de seus alunos, cada resultado e cada conquista: os últimos colocados precisam ser tão incentivados quanto os primeiros. Motive o trabalho em grupo, a integração é fundamental no desenvolvimento do atletismo. A proposta dos jogos, brincadeiras e atividades competitivas não devem estar descoladas do planejamento da iniciação ao atletismo. A organização dos conteúdos e dos eventos, ao englobarem os objetivos do planejamento, proporciona maior chance de você cumprir com seus objetivos e de contribuir na formação das crianças e jovens. Vamos começar? EDUCAÇÃO FÍSICA 162 A Educação Física, que tem como missão primor- dial desenvolver processos de ensino-aprendizagem, desempenha papel fundamental na formação e atua- ção dos alunos em todas as áreas da vida social. Jun- tamente com outros espaços, sociais e esportivos, ela cumpre um papel decisivo na formação ampla dos alunos, na percepção e construção da cidadania e no acesso à políticas públicas. Deste modo, pode tor- nar-se locus para ações de promoção da sáude para crianças, adolescentes, jovens adultos (DEMARZO; AQUILANTE, 2008). Muito se discute sobre a afirmação de que “o atletismo se aprende na escola”. Será possível? A res- posta deveria ser uma só: sim, é possível e deveria ser uma rotina nas aulas de Educação Física (MAT- THIESEN, 2014). Se analisarmos de forma prática, as capacidades motoras necessárias para a prática do atletismo são inatas (correr, saltar e lançar), são gestos naturais. Qualquer criança que goze de saúde física consegue realizar um salto, uma corrida rápida ou lançar um objeto, desde que compatível com a sua força. Con- O ATLETISMO PARA CRIANÇAS EDUCAÇÃO FÍSICA 163 tudo, organizar de forma que essas capacidades se revertam em uma atividade lúdica e que essas ativi- dades básicas (corrida, salto e lançamento) evoluam para um movimento completo e se desenvolvam – para um correr mais rápido, em equipe, mudando de direções; saltando obstáculos, saltos na vertical e na horizontal, aumentando a distância do salto; lançar vários tipos de objetos cada vez mais distantes. Todas estas ações em forma de gincana e competições sau- dáveis, promovendo e desenvolvendo o lado social e, ao mesmo tempo, desenvolvendo o comportamento psicossocial e psicofísico. A criança deve aprender a ganhar e a perder sozinha e em grupo, crianças gostam de competir entre elas. Os jogos e brincadei- ras, bem como as competições de atletismo, devem ser desenvolvidos de tal maneira que o lúdico se so- bressaia. Deve ser uma atividade atrativa e não um atletismo em miniatura ou uma versão menor das atividades dos adultos. O atletismo é uma atividade (ou esporte) individual, diferente de modalidades coletivas, nas quais um elemento do grupo depen- de do outro de forma direta. Uma das características de competições adaptadas é quebrar este paradigma de que o atletismo é eminentemente individual, pois nesta proposta de atletismo, na forma de gincana, torna-se necessário fazer uma competição de equi- pes em que a maior soma das pontuações realizadas por todos os participantes dará a vitória à equipe. Portanto é um trabalho em grupo em que o esforço de cada contará para o resultado final. EDUCAÇÃO FÍSICA 164 Vamos caracterizar esta atividade? A proposta do miniatletismo tem a origem em um estudo para im- plantar e popularizar o atletismo no mundo intei- ro. A entidade responsável pelo desenvolvimento e administração da modalidade no mundo é a Inter- national Association Athletic Federation (IAAF) ou Associação das Federações Internacionais de Atle- tismo. Preocupados com as facilidades que estimu- lam a inatividade física, hoje, dos jovens, como vi- deogames, festas, transporte mais fácil, alimentação sem qualidade, hábitos não saudáveis de vida etc., a IAAF realizou um estudo pensando em como esti- mular a prática do esporte nas crianças e os jovens. Assim, foi criada a 1ª edição, em 2002, por Charles Gozzolli (FRA), Elio Locatelli (IAAF), Dieter Mas- sin (GER) e Björn Wangemann (IAAF), de um pro- grama denominado “Atletics Kid´s” (ou “atletismo para criança”, mas que no Brasil é chamado de Mi- niatletismo). A 2ª edição foi revisada e alterada por Charles Gozzoli (FRA), Jamel Simohamed (IAAF), Abdel Malek El-Hebil (IAAF). Eles desenvolveram uma série de atividades correspondentes ao que se de- seja para o desenvolvimento do atletismo adaptado para crianças. Existem várias versões, como: “Ju- gando ao atletismo”, da Real Federação Espanhola; “Viva o atletismo – atletismo juvenil”, da federação Portuguesa de atletismo; entre outros autores que propõem jogos e brincadeiras voltados para o de- senvolvimento das provas atléticas. Entretanto, re- comendamos a versão da IAAF do Miniatletismo. A principal característica do Miniatletismo é que todo o trabalho é feito em grupo, seja de quem organiza como de quem participa. Nos revezamen- tos, por exemplo, todos participam, qualificando o trabalho em equipe e isto reforça a ideia de que deve ser valorizada a participação de cada criança. Todos os membros devem participar ou competir em vá- rias modalidades de cada grupo de eventos. Previne- -se, com isso, a especialização precoce e contribui-se para um enfoque multivariado do desenvolvimento do atletismo (VAZ, 2011, on-line)¹. É uma atividade física voltada para a promoção da saúde e para o desenvolvimento social, além de es- timular o espírito de aventura, pois competir é uma aventura. Por isso, os objetivos organizacionais do conceito de miniatletismo são: um grande número de crianças ativas ao mesmo tempo que sejam experi- mentadas formas de movimentos básicos e variados, não sendo apenas as crianças mais fortes e velozes O ATLETISMO EM FORMA DE JOGOS E BRINCADEIRAS EDUCAÇÃO FÍSICA 165 únicas responsáveis pordarem contribuições para um bom resultado; o respeito para que as exigências de habilidades variem de acordo com a idade e o re- quisito das capacidades coordenativas; o espírito de aventura empregado ao programa, oferecendo uma aproximação adequada do atletismo as crianças; a simplicidade na estrutura e pontuação das atividades, baseadas na ordem de posição das equipes; a necessi- dade de poucos assistentes e/ou árbitros; a diversida- de das equipes, sendo oferecida como uma atividade de equipes mistas (meninas e meninos juntos). As divisões etárias do miniatletismo se dão por três faixas de idade: grupo I, com crianças de 7 a 8 anos; grupo II, com crianças de 9 a 10 anos; e grupo III, com crianças de 11 a 12 anos. Sendo que cada equipe terá 10 participantes, que deverão ser forma- dos por grupos mistos, com cinco meninos e cinco meninas. Todos os eventos são desenvolvidos em equipe e ocorrerem ao mesmo tempo – além disso, cada equipe deverá ter um suplente ou um reserva (CBAt, 2011, on-line)². Sobre os materiais e equipamentos, existe uma proposta interessante quanto à elaboração. Entre- tanto devem ser materiais de fácil transporte, fáceis de montar e que possam ser armados e desarmados rapidamente. É importante que as provas não se- jam elaboradas com materiais que possam colocar as crianças em perigo. Lembre-se, materias colori- dos tendem a estimular a participação de crianças (BJÖRN, 2000). É necessário um espaço plano, como grama, asfal- to ou um campo aberto, que tenha uma metragem mí- nima de 60 x 30 metros. O evento ocorre dentro de um tempo limite que não poderá ultrapassar duas horas. Várias pessoas trabalham na organização, pois são necessários um coordenador geral, assistentes e juízes. Um coordenador de cada estação, um ou mais anotadores, fará todas as anotações dos tempos e mar- cas obtidos pelos participantes; um árbitro de partida responsável pela largada da competição; um ou mais cronometristas que marcarão os tempos ou medições e passarão para os anotadores e assistentes que têm como funções incentivar e demonstrar as provas. Cada equipe deverá ser identificada de alguma forma, com camisas ou fitas nos braços com cores diferentes. A seguir há um quadro de pontuação das equipes e provas para controle da competição. Este quadro deverá ficar à mostra para que as equipes, à medida que pontuarem, possam acompanhar os resultados. EDUCAÇÃO FÍSICA 166 A tabela de resultados permite uma rápida visão do placar, ao fi nalizar uma modalidade, rapidamen- te a pontuação dela será incorporada à tabela. Logo, após a fi nalização de todas as etapas de cada equipe, será realizada a pontuação geral e a classifi cação fi - nal. Para tal, poderão ser usados murais, quadros- -negros, computadores etc. A dinâmica de competições terá o seguinte per- fi l: cada equipe deverá cumprir todas as estações, ou seja, todas as marcas, tempos e distâncias alcança- das nas corridas serão registradas em uma planilha, assim como as marcas nos saltos e lançamentos. A equipe que obtiver o menor tempo fi nal e a maior média das marcas terá a melhor posição e, assim, su- cessivamente para as classifi cações posteriores. A seguir, você terá uma visão geral da composi- ção das estações de competições. Quadro 1 – Quadro de pontuação das equipes e atividades O bs tá cu lo s Sl al om Fó rm ul a 1 Re si st ên ci a Sa lta r c / V ar a Pu la r C or da Sa lto R ã Sa lto s La te ra is Es ca da s La nç ar a o Al vo La nç ar D ar do Ar re do nd ad o La nç ar p / T rá s Ro ta ci on ai s Po nt os Cl as si fi c aç ão Roxa Resultados Ptos. Amarelo Resultados Ptos. Verde Resultados Ptos. Lilás Resultados Ptos. Marrom Resultados Ptos. Azul Resultados Ptos. Vermelho Resultados Ptos. Rosa Resultados Ptos. Laranja Resultados Ptos. Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Figura 1 – Composição das estações (visão geral) As modalidades ou provas de competições são divi- didas em grupo de atividades. Faz parte dos grupos: grupos de corridas, grupos de saltos e grupos de lan- çamentos. Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). EDUCAÇÃO FÍSICA 167 EDUCAÇÃO FÍSICA 168 Descrevendo as atividades para crianças com 7-8 anos. GRUPOS DE CORRIDAS Corrida de revezamento de velocidade e barreiras MINIATLETISMO PARA CRIANÇAS DE 7 A 8 ANOS Figura 2 – Revezamento de velocidade e barreiras Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Breve descrição: o equipamento é instalado conforme a fi gura 2. Duas raias são necessárias para cada equipe uma raia com barreiras e a outra sem barreiras. A primeira raia a ser corrida é a raia com barreiras, em seguida, os membros da equipe correm a raia de velocidade como um revezamento normal. A prova é completada uma vez que toda a equipe tenha corrido tanto a distância de velocida- de como a de barreira. O revezamento é conduzido de forma que a troca do bastão seja feita com a mão esquerda. Pontuação: o ranking é avaliado de acordo com o tempo a equipe vencedora será a que tenha obtido o menor tempo. As equipes seguintes serão ranque- adas de acordo com os seus tempos de chegada. Assistentes: para uma organização efi ciente, é necessário um assistente por equipe. Esta pessoa tem as seguintes obrigações: controlar o curso regu- lar da atividade, tomar o tempo, marcar a pontuação e registrar na súmula da atividade. Corrida de “Resistência” de 8 minutos Figura 3 – Corrida de “Resistência” de 8 minutos Breve descrição: corrida de 8 minutos usando EDUCAÇÃO FÍSICA 169 um percurso de cerca de 150 m. Cada equipe tem que correr em volta de um percurso de 150 m (fi gura 3) a partir de um determinado ponto. Cada membro da equipe tenta correr em volta do percurso quan- tas vezes for possível, em 8 minutos. O comando de partida é dado a todas as equipes ao mesmo tempo (com a utilização de um apito). Cada membro da equipe recebe um cartão (ou similar) logo que com- pletar uma volta na pista e assim sucessivamente. Após 7 minutos, o início do último minuto é anun- ciado por outro apito. Após 8 minutos, outro sinal é dado indicando a conclusão da corrida. Pontuação: após o término dos 8 minutos, todos os participantes entregam seus cartões aos assisten- tes que então contarão os pontos. Somente voltas completas devem ser contadas, aquelas iniciadas e não completadas devem ser ignoradas. Assistentes: para uma organização efi ciente da atividade, pelo menos dois assistentes por equi- pe serão necessários. Eles serão responsáveis pela designação da linha de largada, assim como para distribuir, coletar e contar os cartões. Eles também deverão registrar os pontos na súmula da atividade. Além disso, uma pessoa é necessária para a partida, para a cronometragem e para dar outros sinais (últi- mo minuto e sinal fi nal). Revezamento com uma combinação de corri- das rasas, corridas com barreiras e slalom em ve- locidade. Figura 4 – Fórmula 1 Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Breve descrição: revezamento com uma com- binação de corridas rasas, corridas com barreiras e slalom em velocidade. A distância é de cerca de 60 m ou 80 m de comprimento e é dividida em uma área para cada uma das corridas: rasas, com barreiras e para corridas de slalom (ver fi gura 4). Uma argola fl exível é utilizada como bastão de revezamento. Cada participante tem que iniciar com um rola- mento frontal em um colchonete, ou outra variação. “Fórmula Um” é uma atividade de equipe em que cada membro tem que completar todo o percurso. Podem competir até seis equipes ao mesmo tempo em um percurso. Pontuação: o ranking é avaliado de acordo com o tempo a equipe vencedora é aquela com o melhor tempo e as equipes seguintes são ranqueadas de acordo com seus tempos de chegada. EDUCAÇÃO FÍSICA 170 Assistentes: para cada uma das áreas (barreiras, slalom) pelo menos dois assistentes são necessários para montaro equipamento apropriado. Além dos atendentes das equipes, dois assistentes adicionais são necessários para servir como árbitros nas zonas de passagem do bastão. Uma pessoa também é ne- cessária para dar a largada. Finalmente, é necessário ter cronometristas na mesma proporção de equipes que estejam participando da atividade. Os cronome- tristas também são responsáveis pelo registro dos pontos nas súmulas da atividade. Grupos de saltos Saltos em Agachamento para Frente Figura 5 – Saltos em Agachamento para Frente sendo marcada a parte do corpo que fi ca mais perto da linha de largada. O ponto de queda, por sua vez, torna-se a linha de largada do segundo saltador da equipe, que realiza seu salto rã a partir dali. O ter- ceiro membro da equipe realiza seu salto a partir do ponto de queda do segundo e assim sucessivamente. A atividade termina quando o último membro da equipe tiver saltado e o ponto de queda tenha sido marcado. O procedimento total é repetido uma se- gunda vez (segunda tentativa). Pontuação: cada membro de equipe compete. A distância total de todos os saltos é o resultado da equipe. A pontuação da equipe é baseada no melhor resultado de duas tentativas. A medida é registrada em intervalos de 1 cm. Assistentes: um assistente por equipe é neces- sário para esta atividade e ele tem que controlar e regular os procedimentos (linha de largada, queda); medir a distância total de cada tentativa; registrar os pontos na súmula da atividade. Corrida em Escada Figura 6 – Corrida de ida e volta em uma escada Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Breve descrição: salto com os dois pés para fren- te, a partir da posição de agachamento. A partir de uma linha de largada, os participantes realizam um salto rã (agachado), um após outro (salto rã: salto com os dois pés juntos e joelhos fl exionados). O primeiro participante da equipe permanece com as pontas dos dedos na linha de largada. Ele/ela então se agacha e salta para frente o mais longe possível, aterrizando com os dois pés. O assistente marca o ponto de queda mais próximo da linha de largada, EDUCAÇÃO FÍSICA 171 Breve descrição: colocam-se dois cones sinaliza- dores, com distância de 9,5 m de afastamento. Uma escada de coordenação é posicionada no chão com distância igual entre os cones (ver fi gura 6). Na lar- gada, o participante permanece em posição de sa- ída alta (saída parada), com a ponta de seu pé na linha de largada, que se encontra ao lado do primei- ro cone. Após o comando de largada, o participante corre para a escada, pula/corre através da escada (a distância entre os degraus é de 50 cm) o mais rápido possível e corre até o segundo cone. Após tocar o cone com a mão, o participante vira rapidamente e corre e volta pela escada até o primeiro cone. Quan- do tocar este cone, o assistente para o cronômetro. Se um participante deixar a área da escada ou saltar sobre dela, a distância é aumentada em 1 m pelo as- sistente, no respectivo cone mais próximo (um as- sistente é posicionado em cada cone). Deste modo, o participante é penalizado por não ter executado corretamente a tarefa, correndo distância maior. Se dois erros forem cometidos, a distância é aumentada em 2 metros e assim sucessivamente. Pontuação: após duas tentativas, considera-se o menor tempo. Assistentes: para uma organização efi ciente des- ta atividade, dois assistentes são necessários. Eles te- rão as seguintes atribuições: dar a largada ao evento; controlar e regular a atividade; cronometrar o tem- po; registrar os resultados na súmula da atividade. Saltos Cruzados Figura 7 – Saltos com os dois pés com mudança de direção Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Procedimento: a partir do centro da cruz de salto, o participante salta para frente, para trás e para os lados. Especifi camente, o ponto de partida é o centro da cruz para frente, então salta para trás no centro, para trás novamente e regressa para o centro, logo, após para a direita e novamente para o centro, em seguida para a esquerda e fi nalizando volta para o centro. EDUCAÇÃO FÍSICA 172 Pontuação: cada membro da equipe tem 15 se- gundos para executar a tentativa, o qual deve rea- lizar tantos saltos, com os dois pés, quanto sejam possíveis. Cada quadro (frente, centro, ambos os lados, atrás) representa um ponto, de modo que em uma sequência completa pode-se obter um máximo de oito pontos. De duas tentativas considera-se a de maior pontuação. Assistentes: para esta atividade é necessário um assistente por equipe com as seguintes obrigações: dar a ordem de partida; controlar e regular o pro- cedimento; controlar o tempo e contar o número de saltos; registrar a pontuação na súmula da atividade. Salto com corda Figura 8 – Pular corda (15 segundos) Procedimento: o participante se coloca com os pés paralelos na posição de saída, segurando a cor- da de salto atrás de seu corpo com ambas as mãos. Quando a ordem é dada, o participante levanta a corda sobre a cabeça e para baixo à frente do corpo e salta sobre a cabeça. Este processo cíclico se repete tantas vezes possíveis em 15 segundos. Esta ativi- dade é destinada exclusivamente ao grupo etário I. As crianças devem saltar com ambos os pés. Cada criança tem direito a duas tentativas. Pontuação: cada membro da equipe participa. Cada toque da corda sobre o chão deve ser conta- do. O melhor resultado de cada membro de equipe é considerado para a pontuação fi nal da equipe. Assistentes: para uma efi ciente organização des- ta atividade, é necessário um assistente que tenha as seguintes obrigações: começar a atividade; regular os saltos e assegurar-se de que eles sejam feitos de forma correta; controlar o tempo; mrcar a pontua- ção e registrar na súmula da atividade. GRUPO DE LANÇAMENTOS Lançamento do Dardo Figura 9 – Lançamento do dardo com um braço, com dardo para crianças Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). EDUCAÇÃO FÍSICA 173 Procedimento: o lançamento de dardo para crianças é realizado a partir de uma área de apro- ximação de 5 metros. Após uma breve corrida de aproximação, o participante lança o dardo para a zona de queda a partir da linha limite. Os gru- pos etários I e II lançam dardos leves, enquanto que os do grupo III lançam dardos turbo (TUR- BO-JAV). Cada participante tem direito a duas tentativas. Nota de segurança: como a segurança é vital na atividade de lançamento de dardo para crianças, só é permitida a presença dos assistentes na área de que- da. É estritamente proibido lançar o dardo de volta para a área de lançamento. Pontuação: cada lançamento é medido a 90º (ân- gulo reto) com a linha limite registrada a interva- los de 20 centímetros, tomando-se o número maior onde a queda está entre as linhas. O melhor dos dois lançamentos de cada membro da equipe contribui para a pontuação total da equipe. Assistentes: esta atividade requer dois assisten- tes por equipe com as seguintes obrigações: con- trolar e regular o procedimento; aferir a distância de queda do dardo (medição a 90º da linha de fal- ta); levar o dardo de volta a área de lançamento; fazer a leitura da medição e registrar na súmula da atividade. Lançamento Ajoelhado Figura 10 – Lançamento de medicine ball à distância com duas mãos, em uma posição ajoelhada Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Procedimento: o participante ajoelha-se em um colchonete (ou outro tipo de superfície macia), tendo à frente uma área macia elevada, como, por exemplo, um colchonete ou esteira de espuma. O participante reclina-se para trás (estendendo o qua- dril), e lança a bola (1 kg) à maior distância possível, utilizando ambas as mãos sobre a cabeça enquan- to ajoelhado. Depois do lançamento o participante pode cair sobre o colchonete que está colocado à sua frente para proteção. EDUCAÇÃO FÍSICA 174 Nota de segurança: a bola nunca deve ser lança- dade volta aos participantes. Aconselha-se que ela seja levada de volta ou se faça rolar até a marca ini- cial, para o próximo lançador. Pontuação: cada participante tem direito a duas tentativas. A medição é registrada em intervalos de 20 centímetros (tomando o número maior quando a queda ocorre entre as linhas) e a 90º (ângulo reto) da linha limite. A melhor das duas tentativas de cada membro da equipe será considerada para a pontua- ção fi nal da equipe. Assistentes: esta atividade necessita de dois assis- tentes por equipe com as seguintes obrigações: con- trolar e regular o procedimento; aferir a distância de queda da bola (medição a 90º da linha limite); levar ou fazer rodar a bola novamente à linha limite; levar a pontuação e registrá-la na súmula da atividade. Lançamento ao Alvo sobre uma barreira Figura 11 – Lançamento ao alvo com um braço Procedimento: o lançamento ao alvo é reali- zado a partir de uma área de aproximação de 5 metros. Um sarrafo vertical é colocado a uma al- tura de 2,5 m, com a área-alvo colocada no chão 2,5 m após o sarrafo (ver fi gura 11). O objeto es- colhido é lançado em direção ao alvo sobre o sar- rafo, sendo que o participante arremessa a partir de uma determinada distância. São necessárias quatro linhas de arremesso a serem marcadas a 5 m, 6 m, 7 m ou 8 m de distância do sarrafo. Cada participante tem direito a três tentativas para alcançar o alvo com o objeto do lançamento. Em cada tentativa, um participante pode escolher arremessar a partir de qualquer uma das quatro linhas; potencialmente, quanto maior a distância do lançamento em relação ao sarrafo, maior será a pontuação. Pontuação: se o objeto cair na zona do alvo ou ao menos sobre suas bordas, considera-se como uma tentativa válida. Os pontos são registrados: 5 m = 2 pontos; 6 m = 3 pontos; 7 m = 4 pontos; 8 m = 5 pontos. Se o objeto é lançado sobre o sarra- fo, mas não acerta o alvo, considera-se um ponto. Cada participante tem direito a três tentativas e a soma destas irá contribuir para a pontuação fi nal da equipe. Assistentes: para organizar esta atividade se requer um assistente com as seguintes obrigações: controlar e regular o procedimento da atividade (distância de lançamento e acertos); marcar a pon- tuação e registrar na súmula da atividade.Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). EDUCAÇÃO FÍSICA 175 Descrevendo as atividades para crianças com 9-10 anos de idade GRUPO DE CORRIDAS Revezamento de Velocidade – barreiras e slalom Figura 12 – Revezamento com combinação de corri- da rasa, barreiras e slalom Procedimento: a estação é organizada conforme indicado na fi gura 12. Duas raias são necessárias para cada equipe: uma raia com barreiras e a outra sem barreiras. A primeira etapa a ser corrida é a distância da barreira combinada com os postes de slalom e na segunda etapa os membros da equipe correm a dis- tância de velocidade como um revezamento normal. A atividade é fi nalizada uma vez que cada membro da equipe tenha corrido tanto as distâncias rasas quanto as distâncias com slalom/barreiras. Uma argola macia (bastão de revezamento) é carregada na mão esquer- da e passada à mão esquerda do próximo corredor. Pontuação: o ranking é montado de acordo com o tempo fi nal de cada equipe a equipe vencedora será a que obtiver o menor tempo. As equipes seguintes se classifi carão de acordo com a ordem de seus tempos. No caso de haver menos equipes do que raias dispo- níveis, o ranking pode ser montado diretamente, de acordo com a posição fi nal de cada equipe. Assistentes: para uma organização efi ciente, é necessário um assistente por equipe. Esta pessoa tem as seguintes tarefas: controlar o curso regular da atividade; tomar o tempo; marcar a pontuação e registrar os pontos na súmula da atividade.Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). MINIATLETISMO PARA CRIANÇAS DE 9 A 10 ANOS EDUCAÇÃO FÍSICA 176 GRUPO DE SALTOS Salto em Distância com Vara Figura 13 – Salto em distância utilizando uma vara ou pneu, o salto considera-se “válido”. Se ao cair, uma das pernas fi car dentro do colchonete ou pneu e a ou- tra fora, desconta-se um ponto. Para esta atividade, as crianças terão direito a três tentativas. Os árbitros precisarão informar aos atletas sobre as regras. Assistentes: para esse evento, necessita-se de um assistente com as seguintes obrigações: controlar a altura e amplitude da empunhadura; controlar a impulsão correta; marcar a pontuação e registrar na súmula da atividade. Salto em Distância Exato Figura 14 – Salto com corrida de aproximação pe- quena em distância com precisão determinada Procedimento: a partir de uma área de aproxi- mação de 5 metros (a linha de saída sendo marca- da por um cone ou mastro), o participante corre em direção a um buraco/pneu/colchão. A impulsão deve ser realizada com uma perna (saltadores des- tros – dando um salto com o pé esquerdo – devem pegar a vara com a mão direita acima). Fixando a vara no solo, o saltador então balança sobre a vara. “Montado” na vara, o saltador passa por sobre uma segunda marca em direção ao objeto alvo (pneus ou colchões). Os alvos são distribuídos conforme a fi gura 13, sendo o primeiro alvo colocado a 1 metro da marca. Recomenda-se não deixar a vara cair durante o salto. A vara não deve ser maior que 2 metros. Pontuação: cada participante tem direito a duas tentativas. Se o participante cair dentro do alvo 1 cor- respondem 2 pontos; se a queda ocorrer dentro do alvo 2, corresponde-se a 3 pontos; e assim por diante (alvo 3 = 4 pontos, alvo 4 = 5 pontos e alvo 5 = 6 pon- tos). Quando, ao cair, tocar na borda do colchonete Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). Procedimentos: a partir de uma área de corrida de aproximação de até 10 m, no máximo, os partici- pantes completam um salto em distância no qual é necessária a precisão tanto no momento da impul- são quanto no momento da queda. Os pontos são registrados como se seguem (as diversas áreas de- vem ser defi nidas previamente): área de queda – os pontos são dados de acordo com o alvo alcançado em uma posição instável (área nº 3 = 3 pontos). Se cair com os dois pés próximos e paralelos, em uma EDUCAÇÃO FÍSICA 177 posição de pé, 1 ponto adicional é concedido. Se um impulso preciso for dado: + 2 pontos = na área de impulsão + 1 ponto = em áreas defi nidas +/- 10 cm 0 ponto = fora da área de impulsão. Pontuação: cada membro da equipe terá três tentativas. Cada ponto é registrado. O melhor resul- tado de cada membro da equipe é contado para o total da equipe. Assistentes: um assistente por equipe é requeri- do para esta atividade. A pessoa tem que: controlar a precisão do impulso; controlar a precisão da queda; contar os pontos de cada participante; contar e re- gistrar os pontos na súmula da atividade. GRUPO DE LANÇAMENTOS Lançamento Rotacional Figura 15 – Lançamentos a alvos variados, com mo- vimento rotacional Procedimento: a área total entre duas traves (ou entre dois postes de gol de futebol) é dividida em três zonas de igual medida: zona esquerda, central e direita. Partindo de uma posição lateral parada, 5 m à frente da zona central, o participante lança uma bola (ou objeto similar) com o braço estendido, para a rede ou trave de futebol (de modo similar ao lança- mento do disco ou voleio de lado de uma raquete de tênis). Cada participante tem direito a duas tentati- vas para lançar o objeto para a área que melhor cor- responda a seu braço de lançamento (por exemplo: um arremessador canhoto tentará lançar o objeto para a zona esquerda). Pontuação: se o participante destro lançar o ob- jeto para a zona direita, obterá 3 pontos. Dois pon- tos serão registrados para lançamentos em direção à zona central e 1 ponto para lançamentos realiza- dos em direção à zona esquerda. Se a borda de uma área for atingida, o maior ponto é concedido. Para os lançadores canhotos, os pontos são registrados nasequência inversa. Se um lançador não acertar a área alvo (ao lado, acima ou abaixo) ou ultrapassar a li- nha limite, ele tem direito a somente um lançamen- to extra para tentar obter pontuação. A melhor das duas tentativas de cada membro da equipe contribui para o total da equipe. Assistentes: esta atividade necessita de dois as- sistentes por equipe com as seguintes obrigações: controlar e regular o procedimento; devolver a bola de lançamento à linha limite sem arremessá-la; mar- car a pontuação e registrar na súmula da atividade. Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). EDUCAÇÃO FÍSICA 178 Lançamento para Trás Figura 16 – Lançamento do medicine ball à distância e para trás sobre a cabeça Assistentes: esta atividade requer dois assistentes por equipe com as seguintes obrigações: controlar o curso regular da atividade; medir a distância de queda da bola (medição a 90º da linha limite) e levar a bola de volta; marcar a pontuação e registrar na súmula da atividade. Segurança dos Participantes A segurança é a principal preocupação do orga- nizador de evento das competições do miniatletis- mo. Instruções Gerais: as instalações devem ser se- guras; não utilizar nenhum equipamento perigoso (objetos de arremessos, postes); os árbitros não pre- cisam ser experientes, mas precisam estar atentos; todos devem ter respeito aos procedimentos de or- ganização . Todos os eventos devem ter regras de seguran- ça. Nos eventos de velocidade e revezamento o chão não pode ser ou estar escorregadio, os bastões e/ou anéis e marcadores devem ser seguros; evitar mate- riais pontiagudos e rígidos. Nas corridas que conte- nham barreiras e revezamentos, o chão não poderá ser ou estar escorregadio, os bastões e/ou anéis de- verão ser seguros e as barreiras ultrapassáveis, feitas com materiais leves. Nos saltos sobre uma caixa de areia, os assisten- tes deverão afofar a areia da caixa antes da atividade, a manutenção do corredor de aproximação deve ser feita, peneirar a areia para retirada de possíveis ob- jetivos perigosos. No lançamento rotacional, utilizar objetos apropriados, manter a organização do grupo e fazer recomendações apropriadas. No lançamento das medicine balls, a bola deverá ter o peso apropria- do, a área de trás deverá ser livre (para o caso do aluno perder o equilíbrio). Procedimento: o participante se posiciona com as pernas paralelas, calcanhares sobre a linha limite e de costas para a área de queda. A bola é colocada no chão e à frente do corpo, segurando fi rmemente com ambas as mãos, com os braços estendidos. O participante, então, fl exiona os joelhos (para con- trair os músculos das coxas) e rapidamente estende as pernas e, em seguida, os braços para lançar a bola para trás sobre a cabeça, à maior distância possível na área de queda. Depois do lançamento o partici- pante pode pisar a marca inicial (ou seja, passada de costas). Cada participante tem direito a duas tenta- tivas. Pontuação: a medição é feita a um ângulo de 90º (ângulo reto) da linha limite e registrada em inter- valos de 20 centímetros, tomando o número maior quando a bola cai entre os intervalos. A melhor das duas tentativas de cada membro contribui para o to- tal da equipe. Fonte: adaptado de Charles et al. (2002). 179 considerações finais N a unidade V, você conheceu uma prática que cresce em todo o mundo, que é o atletismo direcionado para as crianças. A Educação Física, en- quanto componente curricular, contribui para a formação dos alunos por meio de aprendizados específicos que os remetem ao aprendizado e desenvolvimento motor. As atividades lúdicas e jogos de cooperação devem desenvolver e estimular hábitos que favoreçam a adoção de um estilo de vida ativo e saudável. Neste sentido, é importante ressaltar a necessidade de praticar o atletismo com crianças. A formação motriz da criança depende de atividades que irão desenvolver aspectos motores básicos, necessários para um desenvolvimento completo das ações motoras. Entretanto, não basta ficar só no conhecimento teó- rico, é necessário colocar em prática o estudado, a fim de proporcionar oportuni- dade para que as crianças possam conhecer o atletismo. A falta de estrutura não pode ser um fator limitador para a implantação desta atividade. Correr, saltar e lançar são movimentos básicos e podem ser adaptados em ambientes abertos. Nesta fase, a técnica é rudimentar e qualquer um pode participar. O mais impor- tante é o contato com a modalidade e todos os aspectos positivos que ela poderá proporcionar. A proposta de implantação do miniatletismo vai ao encontro na quebra de paradigmas com as limitações impostas pela falta de estrutura para a prática desta modalidade. Todos os materiais podem e muitas vezes devem ser elaborados, modificados e adaptados principalmente quando estão em falta. A elaboração destes materiais deve ser feita com o auxílio do professor o que au- xilia nos aspectos físico, cognitivo e afetivo da criança. Entre os fatores que essa prática proporciona, podemos citar o estímulo ao raciocínio, aprender a conviver com conflitos, aprender a concentra-se, sentir prazer no aprendizado e, por fim, a incorporação de hábitos saudáveis no seu dia dia. Esperamos que você, aluno(a), de Educação Física possa aproveitar ao máximo todas essas informações. 180 LEITURA COMPLEMENTAR ATLETISMO SE APRENDE NA ESCOLA: O PROJETO DO NÚCLEO DE ENSINO DA UNESP/RIO CLARO - 2003 Apesar de ser considerado como um dos conteúdos clás- sicos da Educação Física, o atletismo é ainda muito pouco difundido nas escolas e clubes brasileiros. Não há como negar que do pouco que dele se conhece, muito está mis- turado à história particular de meninos e meninas, em sua grande maioria pobres, que encontraram nas corri- das, saltos, arremessos e lançamentos, um meio para a sua sobrevivência e inserção social. Ainda que esse seja o retrato mais comum do atletismo em nosso país, em épo- ca de Jogos Olímpicos ele sofre modifi cações. De mero desconhecido da população em geral, o atletismo passa a divulgar nomes, provas, esforços físicos, conquistas e recordes, no que conta com o apoio dos meios de comu- nicação de massa, sobretudo da televisão, até mesmo em horários de grande audiência. É neste curto espaço de tempo olímpico que grande parte da população bra- sileira entra em contato com as provas, os movimentos e as glórias do atletismo, capazes de comover todo aquele que acompanha o desempenho dos atletas, transforma- dos pela mídia em verdadeiros heróis. Mas, será apenas esse o conhecimento a ser veiculado pelo atletismo? Ainda que esse seja o mais comum, existem outras possi- bilidades de conhecimento dessa modalidade que mere- cem serem revistas. Se são vários os caminhos possíveis para o êxito nesta tarefa, o trabalho com crianças é um bom começo para o ensino desta modalidade que envolve habilidades motoras por elas utilizadas cotidianamente. Não por outro motivo, propomos que este caminho seja traçado com base na realização de jogos pré-desportivos envolvendo as habilidades motoras básicas de marchar, correr, saltar, lançar e arremessar principais neste cam- po as quais procuraram traduzir, em eum linguagem cor- poral, o signifi cado do atletismo sem, contudo, perder a dimensão de sua especifi cidade técnica e normativa que faz do atletismo a modalidade esportiva que é. Assim, o profi ssional de Educação Física deveria buscar, por meio de atividades recreativas que mesclem um conhecimento geral sobre as habilidades motoras e um conhecimento específi co acerca das provas ofi ciais, aproximar as crian- ças do universo do atletismo, levando-as a vivenciá-lo por meio do próprio corpo. Assim, ao dedicar-se ao ensino do atletismo visando, mais do que qualquer outra coisa, despertar nas crianças o gosto pelos movimentos desta modalidade esportiva, o profi ssional desta área, além da iniciação e aprendizagem dos movimentos básicos dessamodalidade esportiva por meio de jogos pré-desportivos que exploram as habilidades motoras, poderia criar uma base de conhecimentos capaz de sustentar um aprofunda- mento técnico mais específi co a partir de então. É por essa razão que, sem nos determos nas particularidades de cada faixa etária, procuramos por meio do material elaborado referirmo-nos ao ensino do atletismo tendo como ponto de partida uma introdução a esta modalidade esportiva que poderá ocorrer a qualquer momento, além de favo- recer o aprofundamento técnico a partir dessas primeiras orientações. A preocupação básica do material didático foi, portanto, uma introdução geral ao ensino do atletis- mo para crianças, lembrando ao leitor que não faça destas meras receitas de êxito rápido, mas, que as compreendam como ideias capazes de orientar a elaboração e prescrição de suas próprias atividades condizentes com o espaço físi- co, turma e objetivos de sua realidade de trabalho. Para leitura na íntegra, acesse: <http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2004/artigos/eixo10/atletismo2003.pdf>. Fonte: Matthiesen et al. (2003, on-line)³. 181 atividades de estudo 1. A Educação Física, que tem como missão pri- mordial desenvolver processos de ensino aprendizagem, desempenha papel fundamen- tal na formação e atuação dos alunos em to- das as áreas da vida social e também esportiva. Muito se discute em torno da frase “o atletismo se aprende na escola”. Neste contexto, é possível afirmar que: I. A escola é um ambiente que favorece o aprendizado nos esportes em geral, pois é nesta situação que o aluno se sente mais motivado. II. Sim, é possível e deveria ser uma rotina nas aulas de Educação Física. III. A criança deve aprender a ganhar e a perder sozinha e em grupo, crianças gostam de com- petir entre elas. IV. Uma das características de competições adaptadas é quebrar o paradigma de que o atletismo é eminentemente individual. É correto o que se afirma: a. Somente em I, II e III. b. Em I, II, III e IV. c. Somente em I e II. d. Somente em II, II e IV. 2. O miniatletismo é um conjunto de atividades variadas, com ênfase no correr, saltar e lançar. Aponte a única afirmação verdadeira: a. É uma atividade física voltada para a promo- ção da ideia que o mais importante é vencer. b. Competir é uma aventura. Essa afirmação jus- tifica o que se afirma em “A”. c. Não só as crianças mais fortes e velozes, quando participam, dão contribuições para um bom resultado no final do evento. d. O regulamento indica que todos devem competir e participar juntos sem distinção de faixa etária. e. Todas as alternativas anteriores estão corretas. 3. Na elaboração dos eventos de miniatletismo, as modalidades ou provas de competições são divididas em grupo de atividades. Faz parte dos grupos: grupos de corridas, grupos de saltos e grupos de lançamentos. Ordene as provas de acordo com o quadro indicativo. 4. Elabore uma lista de materiais alternativos que podem substituir os materias oficiais para a realização do miniatletismo e justifique onde pode ser utilizado. 5. Descreva os procedimentos para os saltos cruza- dos e como você poderia marcar o solo? EDUCAÇÃO FÍSICA 182 MINIATLETISMO – GUIA PRÁTICO Charles, Jamel e Abdel. Editora: CBAT Sinopse: Desde tempos imemoráveis as crianças demonstram interesse em competir e comparar-se com outras. O atletismo, com sua variedade de provas, proporciona excelente oportuni- dade para este tipo de interação. Por isso, a entidade-dirigente do esporte-base no plano internacional – a IAAF – buscou desen- volver atividades apropriadas para crianças. Assim, após nume- rosas pesquisas e estudos sobre este tema, o desafi o da IAAF tem sido o de formular um novo conceito de atletismo, trabalha- do para desenvolver as necessidades infantis. 183 referências BJÖRN, W. Atletismo IAAF: um evento de Atletismo para crianças. [S.I.]: [s.n.], 2000. CHARLES, G.; ELIO, L; DIETER, M; BJÖRN, W. Miniatletismo, iniciação ao esporte: guia prático de atletismo para crianças. 1. ed. [S.I.]: IAAF, 2002. DEMARZO, M. M. P.; AQUILANTE, A. G. Saúde escolar e escolas promoto- ras de saúde. Programa de atualização em Medicina da Família e Comunidade. Porto Alegre, RS, v. 3, Artmed: Pan-Americana, 2008, p. 49-76. MATTHIESEN, S. Q.; RANGEL, I. C. A.; DARIDO, S. C. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 221 p. Referências On-line ¹ Em: <http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2011/04/01/uniceuma-ado- ta-a-clinica-de-mini-atletismo/>. Acesso em: 25 abr. 2016. ² Em: <http://www.cbat.org.br/mini_atletismo/Mini_Atletismo_Guia_Pratico. pdf>. Acesso em: 25 abr. 2016. ³ Em: <http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2004/artigos/eixo10/atletis- mo2003.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2016. 184 gabarito 1. Resposta da 1 LETRA : B 2. Resposta da 2 LETRA: C 3. Resposta da 3 1- Velocidade com barreiras; 2- Velocidade com slalon; 3- S. com vara a distância; 4- Lançamento com rotação; 5- Rebotes cruzados; 6- Foguetinho; 7- Escadaria; 8- Ar- remesso sobre a cabeça; 9- Fórmula 1. 4. Resposta da 4 Resposta: Garrafas pet (encha com areia e coloque os cabos de vassouras dentro para fazer o slalon), sacos de estopa (para com bola dentro possa ser usado para lançar), pneus de bicicleta (para lançamento rotacional e revezamento), pneus de carro (apoio para o salto com vara a distância e rebotes cruzados), caixas de papelão (obstáculos imitando as barreiras), cabos de vassoura, cordas (pular cordas e marcar os lançamentos) etc. 5. Resposta da 5 Resposta: A partir do centro da cruz de salto, o participante salta para frente, para trás e para os lados. Especificamente, o ponto de partida é o centro da cruz para frente, então salta para trás no centro, para trás novamente e regressa para o cen- tro, logo após para a direita e novamente para o centro, em seguida para a esquerda e finalizando volta para o centro. Poderia pintar o solo, abrir uma caixa de papelão e desenhar os números ou marcar com fita crepe. 185 Conclusão Geral conclusão geral Prezado(a) acadêmico(a), encerramos aqui uma eta- pa importante do conhecimento integrante da for- mação geral do profissional de Educação Física. Cada vez mais serão exigidos do professor que irá trabalhar com os esportes um conhecimento profundo de sua área de atuação. Acreditamos que as limitações en- contradas serão superadas com o conhecimento. Nesta obra, procuramos estabelecer uma relação importante entre o conhecimento teórico e pedagó- gico, aliado a uma capacidade de desenvolvimento prático. No livro, introduzimos diversos aspectos do atletismo, desde seu conhecimento histórico, ques- tões pedagógicas, biomecânicas até suas modalida- des especificas: marcha, corridas, revezamentos, sal- tos, arremesso e lançamentos. Salientamos, ainda, a importância de consultarem as referências indicadas como forma de adquirir mais conhecimentos além dos trabalhados no livro. Destacamos a importância em adaptar a prá- tica voltada para as crianças e jovens. A adapta- ção de ambientes e materiais, de regras e enfoque que permitam a criança e o jovem a vivenciarem o atletismo de forma lúdica. Aprender brincando ou criar vínculos sem impor uma forma tecnicista é a intenção principal. As possibilidades de implan- tação nos primeiros anos da criança é o mais inte- ressante deste método, pois permite um conheci- mento e desenvolvimento prévio de ações motoras possíveis de serem realizadas sem limitações – e brincando. Tenho certeza que as informações contidas neste livro poderão ajudar na sua formação como profes- sor(a) de Educação Física. E que na caminhada rumo ao conhecimento, essa é uma peça que não poderá faltar. Agradeço a oportunidade de participar deste processo e em sua trajetória acadêmica. Um forte abraço e nossos melhores votos! Professor Humberto Garcia de Oliveira