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ESPORTES INDIVIDUAIS: ATLETISMO PROFESSOR Me. Humberto Garcia de Oliveira EDUCAÇÃO FÍSICA 2 DIREÇÃO CESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho, Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli, Gerência de Produção de Contéudo Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Contéudo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Maria Fernanda Vasconcelos e Yasminn Zagonel, Qualidade Editorial e Textual Daniel F. Hey, Hellyery Agda, Revisão Textual Gabriel Bruno Martins, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; OLIVEIRA, Humberto Garcia de. Esportes Individuais: Atletismo. Humberto Garcia de Oliveira. Reimpressão 2018 Maringá - PR.: Cesumar, 2016. 186 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Educação Física. 2. Atletismo. 3. Miniatletismo EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0326-0 CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, Kátia Solange Coelho Diretoria Operacional de Ensino Fabrício Lazilha Diretoria de Planejamento de Ensino de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas autor Professor Mestre Humberto Garcia de Oliveira Possui graduação em Educação Física - Faculdades Integradas de Guarulhos (1983), Especialização em treinamento desportivo pela Universidade Estadual de Maringae mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Foi treinador de Atletismo durante 30 anos, possui vários títulos como treinador de equipes de renome e da seleção brasileira em campeonatos sul-americanos, jogos pan-americanos, campeonatos mundiais e outros eventos internacionais na modalidade. Atualmente é coordenador do curso de Educação Física Licenciatura e Bacharelado do Centro Universitário de Maringá-Unicesumar. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Treinamento Desportivo, atuando principalmente nos seguintes temas: atletismo, treinamento desportivo, tenistas e preparação física em geral. apresentação do material ESPORTES INDIVIDUAIS: ATLETISMO Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Este livro tem como tema central o Atle- tismo enquanto disciplina a ser ensinada nas escolas. O componente curricular, Educação Física, abrange os seguintes conteúdos de forma progressiva e por níveis de complexidade: jogos, brincadeiras, atividades esportivas, atividades rítmicas e expressivas, ginásticas, danças, lutas e conhecimento sobre seu próprio corpo. Para o ensino e a aprendizagem de cada um desses conteúdos, é essencial considerar as abordagens: procedimental (fazer) sem restringir somente ao entendimento/ desenvolvimento das habilidades motoras e dos fundamentos do esporte, mas também incluir a organização, sistematização de informações, aperfeiçoamento, entre outros; conceitual (conhecimentos teóricos, conceitos e fatos), que, além da reflexão sobre o conhecimento das regras, táticas e dados históricos, devem abordar conceitos sobre ética, estética, desempenho, satisfação, eficiência, entre outros; e atitudinal (valores, atitudes e normas), que expressam o próprio objeto de ensino e aprendizagem por meio de experiências vivenciadas pelos alunos, contribuindo para a construção de posturas responsáveis perante si e a sociedade. Nesse contexto, é necessário entender que a Educação Física escolar participa do processo de formação humana, assim, possui como objetivo sistematizar e socializar os conhecimentos construídos historicamente pelo homem, sendo o movimento humano seu objeto de estudo. A Educação Física como componente curricular na escola deve proporcionar uma ampla experiência de movimentos aos alunos desde cedo, de forma planejada e bem orientada e, você que certamente tem um compromisso com a formação, po- derá usufruir do conteúdo deste livro a fim de contribuir para o desenvolvimento global de nossas crianças e jovens. Toda ciência, conteúdo e modalidade esportiva teve uma origem, conhecê-la nos faz compreender os significados da atividade esportiva humana na História. O atletismo é o esporte mais antigo e também o mais jovem. A primeira Olimpíada em que o atletismo foi praticado data 776 a.C. Na Era Moderna, os primeiros Jogos Olímpicos foram realizados em Atenas, Grécia, no ano de 1896; no Brasil os Jogos ocorreram em 1924. O atletismo é uma modalidade esportiva e pode ser tratada como esporte de rendimento (competitivo), o qual objetiva a otimização dos resultados, a performance, ou, pode ser tratado como esporte educacional, em que a Educação Física irá oportunizar o acesso ao conhecimento do atletismo sob uma perspectiva pedagógica, formativa e inclusiva. Dessa foram, contamos com você para que possamos contribuir com a formação de crianças e jovens por meio do atletismo, ao proporcionarmos vivências de qualidade. Para atingir o nosso objetivo, este material está dividido em cinco unidades: A unidade I: introdução ao atletismo traz informações históricas sobre esta prática, bem como a sua importância no mundo esportivo, a contribuição no desenvolvi- mento de crianças e jovens em idade escolar e os princípios básicos da biomecânica aplicados ao movimento humano. A unidade II: você conhecerá os fundamentos e os processos pedagógicos das corridas, da saída de blocos, corridas com barreiras e revezamentos. A unidade III: fundamentos dos saltos; você estudará as técnicas e os processos pedagógicos de ensino-aprendizagem do salto no atletismo. A unidade IV: fundamentos dos lançamentos, você conhecerá as técnicas e os processos pedagógicos do lançamento do peso, do disco, do dardo e do martelo. A unidade V: o miniatletismo e suas manifestações, você aprenderá a trabalhar com o atletismo por meio de atividades adaptadas, lúdicas e recreativas. sumário UNIDADE I INTRODUÇÃO AO ATLETISMO 14 Histórico 20 Aspectos Didáticos do Atletismo Escolar 22 Aspectos Biomecânicos do Movimento UNIDADE II FUNDAMENTOS DAS CORRIDAS, SAÍDA DE BLOCOS, BARREIRAS E REVEZAMENTOS 40 Fundamentos das Corridas 44 Saída de Blocos para as Corridas de Velocidade 50 Corrida sobre Barreiras 56 Corrida de Revezamentos UNIDADE III FUNDAMENTOS DOS SALTOS 76 Saltar 78 Salto em Distância 82 Salto Triplo 88 Salto em Altura 94 Salto com Vara UNIDADE IV FUNDAMENTOS DOS LANÇAMENTOS 112 Lançamentos e Arremessos 116 Lançamento do Peso 124 Lançamento do Disco 130 Lançamento do Dardo 138 Lançamento do Martelo UNIDADE V O MINIATLETISMO E SUAS MANIFESTAÇÕES 162 O Atletismo na Escola 164 O Atletismo em Forma de Jogos e Brincadeiras 168 Miniatletismo para Crianças de 7 a 8 Anos 175 Miniatletismo para Crianças de 9 a 10 Anos. Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Histórico • Aspectos didáticos do atletismo escolar • Aspectos Biomecânicos do Movimento Objetivos de Aprendizagem • Compreender os aspectos históricos e evolutivos das atividades motrizes do homem que motivou a formação do atletismo enquanto modalidade. • Entender os objetivos da prática do atletismo na escola. • Estudar os conceitos básicos da mecânica do movimento. INTRODUÇÃO AO ATLETISMO I unidade INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a) nesta unidade, você terá os primeiros contatos com esta disciplina tão importante para o curso de Licenciatu- ra em Educação Física e para exercer a profissão na ocupação docente. O ato de ensinar deve ir além das técnicas aprendidas no dia a dia. A reflexão dos conteúdos que se ensina e a certeza do que ensinamos está fundamentada em bases científicas, que minimizam os erros que possam surgir ao longo de nossa carreira profissional. O que se conhece do atletismo, basicamente, são as corridas e even- tualmente uma modalidade ou outra que o compõe. O atletismo é com- posto pelas modalidades de corridas, saltos, lançamentos, marcha atlé- tica, as corridas de cross country (por meio do campo), as corridas de rua (todas as distâncias), incluindo a tradicional corrida de maratona de 42.195 m. Torna-se necessário, nesta unidade, o seu conhecimento de forma global sobre os aspectos didáticos e históricos do atletismo na escola, pois sabemos que a maioria dos alunos nunca tiveram contato além de corridas e um salto em distância – talvez o salto em altura –. Este fator provavelmente deve-se ao fato de que as escolas não possuem infraestrutura suficiente e adequada para sua prática. Entretanto, muito ainda pode ser feito, principalmente sob o ponto de vista dos movimen- tos básicos contidos no atletismo. Outro tema importante que você de- verá conhecer nesta unidade é a biomecânica. Para entender as técnicas e principalmente saber ensinar uma técnica, de qualquer movimento, é necessário que se compreenda os conceitos do movimento humano, que são em sua maioria explicados pela física. Aproveite os conhecimentos e se esforce para aprender, pois este conteúdo dará suporte para que você aprenda com eficiência os demais. Desejo a você uma boa leitura e que aproveite os conhecimentos ad- quiridos nesta unidade. EDUCAÇÃO FÍSICA 14 O atletismo, derivadodo grego athos, signifi ca “combate”, “aquele que nada teme”, em outro tem- po aplicado ao conjunto de vários esportes, não defi ne mais que quatro ordens de atividade hu- mana: a marcha, as corridas, os saltos e os lança- mentos/arremessos. De todos os esportes, o me- nos subjetivo, podendo ser compreendido como prática de um conjunto de exercícios corporais baseados nos gestos naturais do homem por meio destas atividades (OLIVEIRA, 2013). Devemos ter cuidado ao crer que qualquer atividade moto- ra (como lançar, correr e saltar) defi na atletismo. A corrida só é considerada atletismo se estiver de acordo com a regulamentação do esporte e das técnicas desenvolvidas ao longo de todos esses anos. Veja este exemplo: a corrida de velocidade exige uma saída específi ca (saída dos blocos de partida), o mesmo acontece com os saltos, os lan- çamentos e a marcha atlética. HISTÓRICO A origem do atletismo retrocede até a origem do gênero humano, quando os primeiros habitantes tinham que se alimentar caçando, lançando obje- tos, correndo, ora atrás, ora à frente, dos animais, saltando obstáculos e riachos a fi m de se proteger e aos outros. O atletismo enquanto competição, que os ingleses chamam de athletics sports e os ameri- canos de track and fi eld contests, vem de uma época mais próxima, embora possamos encontrar vestígios de competição de atletismo há 40 séculos atrás, em vários povos da Ásia e da África (OLIVEIRA, 2013). Duas raças europeias no extremo do continente foram as primeiras a praticar regularmente o atle- tismo de competição na mesma época, aproximada- mente 2.000 anos antes da nossa Era, na Idade do Bronze. Esses povos foram os irlandeses do perío- do pré-céltico e os gregos de Acádia, assim como os seus vizinhos, os cretenses da época minoica (1750- 1400 a.C). É muito provável que esses povos se igno- EDUCAÇÃO FÍSICA 15 Fonte: wikimedia5 rassem quanto a cultura uns dos outros. Um poema histórico de Aristeo, crônica da ilha de Mirmara, menciona um atletismo praticado pelos “escitas hi- perbóreos” (povos celtas místicos): a lenda se con- funde com a realidade, as façanhas são fabulosas e os vencedores aparecem como semideuses, as proezas descritas, são sobre-humanas. Do período pré-helênico – período clássico da História Grega (IV-VI a.C.) –, temos como testemu- nho poucos documentos descobertos em Knossos (sítio arqueológico da Idade do Bronze da Ilha grega de Creta). Figura entre eles um atletismo acrobático praticado por jovens de ambos os sexos que saltam touros apoiando-se em varas (CABRAL, 2004). Devemos a Homero (lendário poeta épico da Grécia Antiga) os primeiros relatos, sobretudo, nas Ilíadas (contos épicos da Grécia Antiga, séc. XXIII a.C.) e na Odisseia (um dos principais poemas épicos da Grécia; antigo-canto VII), escrito no século VII a.C. (CABRAL, 2004). Existe em Dublin, Irlanda, um manuscrito con- servado no Trinity College, intitulado “Livro de Leins (1160)”. Nele são descritos jogos de Tailti, aldeia do condado de Meath, organizados a partir do século XIX a.C. e que continuaram a ser realizados durante 25 séculos. Há referências sobre lançamentos e sal- tos (OLIVEIRA, 2013). Fonte: wikimedia6 Evidentemente mistura-se a pré-história, a mitolo- gia e a lenda. Todas as reuniões atléticas da Grécia Antiga, como também as da Irlanda, estão ligadas às cerimônias religiosas e aos funerais, como as de Patroclo (um dos heróis gregos da mitologia), evo- cados por Homero. Este mesmo modelo se encontra em outras organizações oficiais de jogos gregos, es- pecialmente os olímpicos (CABRAL, 2004). EDUCAÇÃO FÍSICA 16 Esses jogos foram os mais importantes da Antiga Grécia, mas não eram os únicos. A partir de 527 a.C, próximo à Delfos (região grega que hoje possui um importante sítio arqueológico), na cidade de Pítia, celebravam-se os jogos “Píticos”, dedicados a Apolo (Deus grego da beleza e juventude) – primeiramente a cada oito anos e, depois, no ano seguinte a cada Olimpíada. Próximo a Corinto, em Istmia, celebra- vam-se a cada dois anos os Jogos Istmicos e, poste- riormente, também em Argos (a cada dois anos), os Jogos Nemeos celebravam a vitória de Heracles (filho de Zeus na mitologia grega) sobre Nemea (monstro da mitologia grega) – vencido naquele mesmo local. Esses Jogos Olímpicos são os mais antigos e seus iní- cios remontam do ano de 884 a.C, mas na história oficial é datado de 776 a.C. (CABRAL, 2004). EDUCAÇÃO FÍSICA 17 O símbolo da Educa- ção Física aprovado pelo Conselho Federal de Educação Física – CONFEF (Resolução n. 49, 2002)¹ é o “Discóbolo de Mirón” (lançador de discos), uma estátua do escultor grego Mirón produzida em torno de 455 a.C. – que representa um atleta no momento preparatório do lançamento de disco. O arremes- so de disco é considerada uma das mais antigas provas de arremesso do atletismo. EDUCAÇÃO FÍSICA 18 O atletismo moderno originou-se, segundo re- latos, em 1886, com a criação do Amatheur Athletic Club, fundado com o propósito de organizar cam- peonatos nacionais na Inglaterra (ocorrido naquele ano). As primeiras descrições dos Jogos Londrinos são datadas no sec. XII. O rei Henrique II os patroci- nava. Eram oficialmente competições de lançamen- tos de martelo de ferro com cabo de madeira, pedra, barra e sem cabo. O rei Henrique V era um admira- dor de corridas e Henrique VII um especialista em lançamento de martelo (OLIVEIRA, 2013). Alguns registros ao longo dos séculos marcam o atletismo: no séc XVI, numerosas citações acerca de corridas a pé; no séc. XVII, primeiros ensaios so- bre cronometragem, marcas e competições incluin- do apostas; durante o séc. XIX, o atletismo desperta lentamente por meio de corridas a pé. O livro “Tom Brown”, de Thomas Hughes (1857), descreve deta- lhadamente uma competição entre jovens, a mais antiga da história moderna de atletismo. Em 1857, a Universidade de Cambridge organiza campeonatos de atletismo. Em 1860 e em 1864, em Oxford, uma competição entre as duas universidades marca o iní- cio de confrontos entre entidades (MATTHIESEN; RANGEL; DARIDO, 2014). Os primeiros Jogos Olímpicos, em 1896, foram realizados com provas de 100, 400, 800 e 150 m; e fora da pista, a maratona com aproximadamente 40 km. Os saltos foram: distância, triplo, altura e com vara. Os arremessos contemplaram disco e peso. O Fonte: wikipedia7 atletismo para mulheres estreou nos Jogos Olímpicos somente em Amsterdã, em 1928. O atletismo sempre esteve ligado aos Jogos Olímpicos, considerado o es- porte rei dentre os demais (OLIVEIRA, 2013). EDUCAÇÃO FÍSICA 19 19 Os períodos mais recentes que envolvem o atletismo regulamentado e ofi cialmente tratado como uma modalidade esportiva e olímpica passa pelas datas a seguir: • 1896 – Realização dos primeiros Jogos Olímpicos (com as provas anteriormente descritas). • 1910 – Primeiras competições de atletismo no Brasil. • 1912 – Criação do orgão ofi cial mundial responsável pela admi- nistração do atletismo International Amateur Athletic Federa- tion – IAAF (Federação Internacional de Atletismo Amador). • 1914 – O atletismo brasileiro por meio da Confederação Brasilei- ra de Desportos (CBD) fi lia-se à IAAF. • 1924 – Primeira participação do Brasil em Jogos Olímpicos (Pa- ris, 1924). • 1928 – Primeira participação das mulheres em Jogos Olímpicos (Amsterdã, 1928). • 1929 – Primeira competição ofi cial de atletismo no Brasil – Cam- peonato Brasileiro entre Estados. • 1945 – Realização da primeira edição do Troféu Brasil de Atletis- mo – principal competição ofi cial do atletismo brasileiro. • 1977 – Criação da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), orgão responsável pela administração do atletismo nacional até os dias de hoje.• 2001 – A IAAF altera sua denominação para International Asso- ciation of Athletics Federation (Associação Internacional das Fe- derações de Atletismo). EDUCAÇÃO FÍSICA 20 O atletismo é um esporte que muitas vezes é ne- gligenciado na Educação Física, principalmente na escola. Os motivos que levam a esta afirmação são vários: a falta de infraestrutura física das esco- las (um dos principais fatores de desinteresse em trabalhar o atletismo nas aulas de Educação Físi- ca); a falta de criatividade dos professores; falta de conhecimento; o comodismo; a falta de cultura es- portiva e social; entre outros. A influência da mídia em alguns esportes per- suade no conhecimento e nas opções de prática pe- los jovens. Isto ocorre tanto no meio escolar como em outros. Assim, a prática de jogos e esportes com bola tem a preferência por serem mais atra- tivos e coletivos do que esportes que exigem gran- des esforços e são de cunho individual. Na escola, é possível desenvolver um atletismo lúdico para a iniciação, onde se compete e se aprende brincando em torno de gincana, por exemplo. A proposta tem origem na preocupação em desenvolver o esporte para crianças e jovens em idade escolar. A ludicida- de, um aspecto difícil de se encontrar no atletismo, pode estar mudando. A proposta para desenvolver ASPECTOS DIDÁTICOS DO ATLETISMO ESCOLAR os atos de correr, saltar e lançar está inserida em um processo por meio de uma abordagem lúdica e pedagógica na forma de gincana, e pode ser com- preendido como um conjunto de atividades pla- nejadas e concebidas de forma inovadora a partir de gestos naturais básicos, executados de maneira recreativa em qualquer local, como estádios, giná- sios, áreas livres etc., visando despertar nas crian- ças o interesse pela prática do atletismo tornando a atividade física um ato saudável promovendo o desenvolvimento psicomotor (MATTHIESEN; RANGEL; DARIDO, 2014). O atletismo para as crianças deve ser atraente, inclusivo, acessível e construtivo; deveria ser o es- porte mais praticado nas escolas em todo o mundo, bem como oportunizar a criança a se preparar para o futuro também em outros esportes. Toda e qual- quer prática neste sentido deverá se preocupar, em primeiro lugar, com a vivência do conteúdo e intera- ção social, para consequentemente desenvolver as- pectos motores básicos e variados – ou ainda pensar em desenvolver a velocidade, a força, a coordenação, a flexibilidade e a resistência. EDUCAÇÃO FÍSICA 21 É significativo salientar que toda atividade pode desenvolver o espírito de competitividade de equipe e o espírito de aventura. Ela deve ser simples, sem a necessidade de muitos materiais e que esses possam ser construídos e adaptados. É importante que haja atividades em equipes mistas e que não necessite de muitas pessoas para organizá-las. Existe uma afirmação que parece no mínimo proporcionar aos professores uma reflexão: o atletismo se aprende – ou pelo menos deveria se aprender – na escola. Essa afirmação de- veria motivar discussões, uma vez que, quando se é criança ou jovem, torna-se favorável o aprendiza- do e o desenvolvimento das capacidades motoras necessárias à preparação motriz do indivíduo. Em 2005, a IAAF instituiu a “Política de Atletismo Global para Jovens” visando difundir o Atletismo e tornando-o o esporte individual mais pratica- do na escola, além de promover, em articulação com as Confederações e Federações Nacionais e outros órgãos, eventos de “Mini Atletismo” como forma de preparação para o futuro do atletismo de modo mais eficiente. O Programa “Mini Atletismo”, representado por uma nova concepção, no sentido de tornar o Atletismo uma das modalidades esportivas mais praticadas nas escolas brasileiras – posto que pode ser integrado ao conteúdo das aulas de Educação Física, favorecendo, dessa forma, o desenvolvimento da cultura atlética. Fonte: Programa..., ([2009?], on-line).² SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 22 Neste tópico, você deverá conhecer os aspectos fun- damentais da biomecânica humana. Deverá conhe- cer as definições básicas da biomecânica, bem como o que produz os movimentos, uma vez que o atletis- mo tem como premissa básica desenvolver o movi- mentos, principalmente os movimentos básicos do ser humano. A biomecânica (bio = seres vivos; mecânica = movimento) pode ser compreendida como movi- mento humano, presente em todo ser vivo que se movimenta – desde o ato de engatinhar, andar, cor- rer ou qualquer gesto que envolva movimento até os mais complexos movimentos, como os gestos espor- tivos de competição. Qualquer movimento pode ser analisado a par- tir do estudo funcional ou cinesiológico. Para que isto ocorra, poderemos utilizar um dos meios para se entender a biomecânica: por meio da caracteriza- ção dos movimentos (também denominada “mecâ- nica”) ou via compreensão das causas do movimen- to (denominada “cinética”). O professor de Educação Física que trabalha na escola poderá, a partir dos conhecimentos em biomecânica, promover uma prática que poderá contribuir para a efetivação de processos educa- tivos com o objetivo de alterar o comportamento corporal consciente. O profissional de Educação Física, na condição ocupacional de professor, tem como responsabili- dade não somente os aspectos técnico-pedagógicos ou esportivos, mas também a função de contribuir para a melhoria da qualidade da saúde das crian- ças e dos jovens, com ênfase nas informações que foram desenvolvidas por meio de estudos científi- cos – desde sentar-se em uma cadeira na posição ergonomicamente correta; transportar uma mo- chila; ou receber outras orientações que possam contribuir para a melhoria da saúde. Assim, essa profissão objetiva-se a ir além do que se ensina nas quadras, nos campos ou em uma sala de aula. ASPECTOS BIOMECÂNICOS DO MOVIMENTO No domínio da biomecânica, faz parte do campo de pesquisa as seguintes aplicações que caracterizam o estudo do movimento humano: (a) Esporte de alto nível de ren- dimento; (b) Esporte escolar e atividades de recreação; (c) Prevenção e reabilitação orientados à saúde; (d) Atividades do coti- diano e do trabalho Fonte: Amadio e Serrão (2007, p. 62). SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 23 Conceito O conceito de biomecânica para o movimento hu- mano, tratando-se de aprendizagem, deve ir além do entendimento da palavra. Portanto, a biomecâ- nica pode ser definida como: a ciência que estuda os movimentos dos seres vivos considerando as forças internas e externas que atuam sobre eles (MÜLLER; RITZDORF, 2000). Força As forças produzem o movimento: ela puxa ou em- purra um corpo ou um objeto em dado espaço, por exemplo. A força não é visível, mas se sabe que ela existe pelos resultados que produz. Por exemplo, um aluno quando corre aplica uma força no apoio dos pés no solo. Ela pode ser exposta de duas formas: as forças internas, que são resultados das contrações musculares voluntárias que tracionam os ossos; e as forças externas, aquelas que se encontram no am- biente, fora do nosso corpo, como a gravidade e o atrito (HALL; TARANTO, 2000). Velocidade A velocidade é a rapidez com a qual um objeto se move a uma determinada direção. Esse objeto pode ser o corpo humano ou um implemento lançado. Um corredor de 100 metros que corre essa distância em 10 segundos, correu 100 metros com uma velocidade de 10 metros por segundo. A velocidade horizontal é de- terminada dividindo a distância percorrida pelo tem- po gasto nesta distância (HALL; TARANTO, 2000). Aceleração Pode ser compreendida como sendo a capacida- de de atingir a maior velocidade possível no me- nor espaço de tempo. Qualquer objeto ou corpo que parte de uma posição estática necessita desse tempo para atingir uma velocidade máxima. Porexemplo, o velocista quando parte para a corrida após o tiro de partida ou um objeto quando é lan- çado. O gráfico 1 ilustra a velocidade e a aceleração velocidade-tempo para um corredor de 100 me- tros (HALL; TARANTO, 2000), em que o eixo X se refere ao tempo nos 100 metros em segundos; e o eixo Y é a velocidade em metros por segundo. Gráfico 1 – Velocidade e tempo para um velocista (aceleração) Fonte: Thompson (1991). Utilize todas as articulações envolvidas no movimento; essas devem combinar-se para produzir o máximo efeito, em consequência isto aumentará a velocidade e a aceleração. Use também cada articulação por ordem cor- reta de execução, no momento certo. Deve-se começar os movimentos com os grandes gru- pos musculares e expandir progressivamente para os menores músculos. Este processo produz forças de capacidades elevadas. Fonte: Thompson (1991, cap.3.5). SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 24 Movimento Linear e rotacional O movimento linear acontece em linha reta e o movimento rotacional (ou de translação) ocorre sobre um eixo de rotação. No atletismo, os movi- mentos são regularmente uma combinação entre Figura 1 – Ilustração de exemplos de exercícios com movimentos lineares Fonte: adaptado de Th ompson (2016, on-line)³. ambos, o linear e o rotacional – esta combinação é conhecida como movimento geral. Na corrida, por exemplo, o corpo se movimenta de forma linear e as pernas realizam um movimento rotacional. EDUCAÇÃO FÍSICA 25 Momentum Momentum quer dizer a quantidade de movi- mentos que um corpo possui e realiza, é tam- bém o produto do peso pela velocidade. No corpo humano pode haver transferência de momentum de uma parte do corpo para outra, por exemplo, no salto em distância, quando a perna contrária à da impulsão é bloqueada quando chega na posição horizontal, ela trans- fere o momentum como força adicional para a perna de impulsão. O momentum angular é a quantidade de movi- mento angular ou rotacional do corpo e é o momen- to de inércia angular com a velocidade rotacional. Quando o corpo gira sobre seu próprio eixo, o mo- mento da inércia é proporcional ao seu comprimen- to. Também pode haver transferência de momen- to angular de uma parte do corpo para outra, isto ocorre quando um lado do corpo é bloqueado nos lançamentos. As Leis do Movimento Devemos a compreensão da relação entre força e movimento principalmente ao inglês Isaac Newton (1642-1727). Ele é conhecido por enunciar as três leis do movimento, em 1687, com a sua obra “Philo- sophiae Naturalis Principia Mathematica”. A Primeira Lei do Movimento A primeira lei do movimento ou inércia de New- ton alega que “todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma li- nha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele” (UNESCO, 2013 p. 17). O mais importante é saber como aplicar esta lei na prática. Um corredor, por exemplo, não sairá do lugar no bloco de partida se não aplicar uma força sobre ele. O saltador ou o barreirista não conseguirá saltar ou ultrapassar as barreiras se não aplicar uma força que mude a direção da corrida. A Segunda Lei do Movimento A segunda lei do movimento ou aceleração expõe que “a aceleração de um corpo é proporcional à for- ça que à produz e ocorre na direção em que a força atua” (UNESCO, 2013, p. 18). Isto é, quanto maior a força maior a aceleração. A aceleração de um corpo depende da quantidade de força aplicada sobre ele. Nos lançamentos, quanto maior a força exercida so- bre o objeto lançado, maior será a aceleração. Uma vez lançado esse objeto, não haverá nenhuma for- ça que possa ser exercida sobre ele para acelerar. O mesmo se aplica aos saltos, quanto maior for a força aplicada no momento da impulsão, mais aceleração, altura ou distância poderá ser obtida. Figura 2 – Salto Triplo Fonte : IAAF (2009). EDUCAÇÃO FÍSICA 26 A Terceira Lei do Movimento A terceira lei do movimento ou lei da reação diz que “para cada ação existe uma reação igual e no sentido oposto” (UNESCO, 2013 p. 19). O Centro de Gravidade A gravidade é uma força que nos puxa para o cen- tro da Terra e está permanentemente presente. Esta força é exercida em cada objeto e em cada corpo no planeta, sendo que cada objeto ou cor- po possui um ponto imaginário onde esta força atua. O corpo humano é uma forma complexa que se modifi ca constantemente em relação aos movimentos. O centro de gravidade desloca-se de acordo com os movimentos do corpo, como mos- tra a fi gura 4. Por exemplo, um corredor exerce uma força con- tra o solo no momento em que impulsiona o cor- po para frente, isto cria uma reação igual e oposta que provoca o deslocamento do corpo no sentido da corrida. A lei da reação também se aplica aos movimentos que ocorrem em suspensão. Nessas situações, a reação igual e oposta ocorre nos movi- mentos de outras partes do corpo. Por exemplo, um saltador irá projetar o tronco, as pernas e os bra- ços à frente no momento da queda, a reação igual e oposta do tronco em relação às pernas irá auxiliar em uma perfeita queda na areia. Figura 3 – Figura representativa da ação e reação Fonte: adaptado de IAAF (2009). EDUCAÇÃO FÍSICA 27 Quando uma pessoa salta ou lança um implemento (disco, dardo, peso etc.), a gravidade atua como uma força que puxa a pessoa ou o implemento em dire- ção ao solo. O desenho da trajetória pelo C.G. de um corpo em suspensão é uma curva denominada parábola ou movimento parabólico. A trajetória da parábola depende de três fatores: • Velocidade de lançamento. • Ângulo de impulsão ou implemento. • Altura do C.G. do saltador no momento da impulsão ou do C.G. do implemento no mo- mento do lançamento. Figura 4 – Representação do ponto do Centro de Gravidade (C.G.) no corpo em várias posições Fonte: Gallahue e Ozmun (2005, on-line)4. “As aulas de Educação Física nas escolas pro- porcionam às crianças o contato com uma grande variedade de experiências de movi- mentos. Toda esta vivência motora envolve o conhecimento de diversos elementos que vão muito além do aprendizado de sequências de movimentos [...].” (Fabiana Fernandes de Freitas e Paula Hentschel Lobo da Costa) REFLITA 28 considerações finais C aro(a) aluno(a), a unidade I objetivou-se em compreender os aspec- tos históricos do atletismo enquanto modalidade para, assim, contex- tualizar seu conteúdo na escola. Trouxemos também os princípios da biomecânica, pois todos os princípios do movimento baseiam-se na forma como o executor exerce força ou no efeito que estas forças exercem no corpo humano. No início, todas estas informações poderão parecer complexas sob o ponto de vista científico, mas à medida em que você for aprendendo os fundamentos aliados à prática de cada disciplina, a biomecânica e a análise de movimento formarão uma parte útil de seus conhecimentos sobre como com- preender e aprender a ensinar, auxiliando nos processos pedagógicos de ensino para ser um bom professor. A biomecânica exerce uma influência ampla nas mo- dalidades do atletismo, todos os princípios são baseados nas ações e efeitos que a mecânica exige. Por este motivo, você deverá se aprofundar nos estudos em biomecânica à medida em que as dúvidas irão surgindo. Muitos professores só se preocupam com a parte muscular para a realização dos movimentos, entretanto existem áreas do nosso corpo tão importantes quanto os músculos. No curso de Educação Física você estudará diversos conteúdos que, ao final, entrelaçam-se em uma rede de conhecimentos que possibilitará exercer de forma competente a profissão. Para que você possa entender uma técnica e analisá-la são necessários conhecimentos em várias ciências, isto fará a diferença entre o leigo e o profis- sional.Faça uma reflexão a respeito: as ações básicas do atletismo, correr, saltar e lançar. Tome como exemplo um salto, que para que ele possa ocorrer você deverá estender todas as articulações da perna, gerando uma impulsão, que empurra seu corpo contra a gravidade. Isto deverá ocorrer com a marcha, a corrida e todos os outros movimentos inclusive no ato de lançar um objeto. 29 LEITURA COMPLEMENTAR VERBETE – Atividade Lúdica Para se conceituar “atividades lúdicas”, tornam-se ne- cessárias duas etapas, uma que defi ne atividade e ou- tra que prioriza o foco na sua característica lúdica. Por atividade compreende-se a qualidade ou estado de ativo; ação, conforme o dicionário (FERREIRA, 1993). Consequentemente, denota-se o componente da dis- posição para a ação prática, conduzindo a estímulos energéticos, derivando em situação de movimento de qualquer natureza. Esta ação pode ser criteriosamente defl agrada por estratégias motivadoras de diferentes magnitudes e dependentes de valores pessoais e cultu- rais. Por outro lado, quando se focaliza o componente lúdico, pode-se perceber a presença de um fenômeno com características próprias, que se inscreve na cultura para além da simples associação com a alegria, com o prazer, com a espontaneidade ou com o divertimento. É óbvio que estas características permeiam o que se toma como lúdico, mas não bastam para que se pro- cesse uma defi nição efetiva do termo. No estudo da etimologia do verbete “lúdico”, caracterizado enquan- to adjetivo, a signifi cação traz referência ao caráter de jogo, brinquedo ou divertimento. O comportamento ou a conduta lúdica traz em si circunscrita a voluntarieda- de da ação, carregada de alegria e com um fi m em si própria, representando, inclusive, uma forma primitiva de comunicação entre realidade e fantasia e uma forma de expressão de sentimentos prazerosos, que acompa- nham o ser humano ao longo de toda a sua existên- cia. O lúdico pode ser considerado como um traço de personalidade, o qual, para autores como Lieberman (1977) e Rosamilha (1979), apresenta-se em todas as faixas de idade, obtendo funções importantes no estilo cognitivo, diferenciado de indivíduo, sendo considera- do elemento natural constituinte da personalidade e da cultura. As características desta conduta lúdica têm ramifi cações nas atividades físicas, nos jogos, na recre- ação, nos entretenimentos, nos brinquedos, nas brinca- deiras e ocasiões sociais de diversas ordens, tornando- -se parte da realidade cultural. Sobre as possibilidades de compreensão do elemento lúdico, alguns autores de diversas áreas têm oferecido suas contribuições, como Huizinga (1971), Callois (1990) Kishimoto (1992), Schwartz (1997), Marcellino (1999) Bruhns (2000), entre outros, evidenciando o valor das atividades lúdicas em diversos contextos. Deste modo, as atividades lúdicas se fundamentam na perspectiva de vivências de conte- údos signifi cativos para o enredo psicológico dos indiví- duos em qualquer período do ciclo vital, tendo em vista o valor de suas características já descritas. Fonte: Schwartz (2005, p. 35-37). 30 atividades de estudo 1. Com base nesta unidade, leia atentamente as afirmações a seguir: I. Uma força simplesmente empurra ou puxa um corpo. II. Um velocista que corre 200 metros em 25 se- gundos tem uma velocidade média de 9 me- tros por segundo. III. Todos os corpos continuam em um estado de repouso ou movimento uniforme mesmo quando acionados por uma força externa. IV. O movimento deve começar com os grupos pequenos e terminar com os grandes grupos musculares. V. O C.G. é um ponto imaginário que por meio da gravidade atrai a pessoa ou o implemento para o solo. Agora, assinale a alternativa que expõe as afirma- ções verdadeiras: a. I e II b. II e III c. I e III d. I e V e. II e V 2. Assinale a alternativa que apresenta correta- mente o significado do termo parábola ou pa- rabólico. a. Um ângulo maior de lançamento. b. A diferença entre movimento linear e angular. c. Todos os tipos de movimento retilíneo. d. Uma trajetória linear. e. O percurso do C.G. em uma trajetória do cor- po ou objeto. 3. Assinale a alternativa que apresenta, cor- retamente, uma afirmação sobre as leis do movimento: a. A lei da aceleração e a lei da reação têm o mesmo efeito sobre uma corrida. b. Maior força significa maior aceleração. Esta afirmação diz respeito à primeira lei de New- ton. c. Para cada ação existe uma reação igual no sentido oposto. Esta afirmação qualifica a fase de impulso na corrida de velocidade. d. A segunda lei de Newton diz respeito à inércia. e. Nenhuma afirmação anterior está correta. 4. Foi possível, na unidade I, entender a origem do atletismo, que se confunde com a história do próprio ser humano. Também foi possível entender a aplicabilidade e a função pedagógi- ca desta disciplina no âmbito escolar. A origem do atletismo retrocede até a origem do gênero humano, quando os primeiros ha- bitantes tinham de se alimentar caçando, lan- çando objetos, correndo, ora atrás, ora à frente dos animais, saltando obstáculos e riachos a fim de se proteger e aos outros. Leia a afirmação a seguir: O atletismo enquanto competição, que os ingleses chamam de athletics sports e os americanos de tra- ck and field contests, tem o seu início em uma época mais próxima – mesmo que possamos encontrar vestígios de competição de atletismo há 40 séculos atrás, de vários povos da Ásia e da África –. Os egíp- cios praticavam um atletismo primitivo, embora te- nha durado muito pouco tempo. 31 atividades de estudo Por este motivo: O atletismo moderno originou-se, segundo relatos, em 1886, com a criação do Amatheur Athletic Club, fundado com o propósito determinado a organizar campeonatos nacionais na Inglaterra, que ocorre- ram naquele ano. As primeiras descrições dos Jogos Londrinos são datadas do séc. XII. O rei Henrique II os patrocinava e eram, oficialmente, competições de lançamentos de martelo de ferro com cabo de madeira, pedra, barra e sem cabo. O rei Henrique V era um admirador de corridas e Henrique VII um especialista em lançamento de martelo. Agora, assinale a afirmação correta: a. A primeira afirmação é verdadeira e a segun- da justifica a primeira. b. Ambas as afirmações são verdadeiras e a se- gunda só existe em função da primeira. c. Ambas as afirmações são falsas. d. A primeira afirmação é verdadeira, a segunda também, entretanto a segunda não se justifica em função da primeira. e. A primeira afirmação é falsa, a segunda ver- dadeira. 5. O atletismo é um esporte que muitas vezes é negligenciado na Educação Física, principal- mente na escola. Os motivos que levam a esta afirmação são vários. Assinale a alternativa que apresenta esses motivos. a. Falta estrutura. b. Falta conhecimento dos professores. c. Falta motivação dos alunos. d. Falta cultura esportiva e social. e. Todas as anteriores. 6. Correr, saltar e lançar são atividades naturais do homem. Entretanto, é necessário conhe- cer aspectos biomecânicos complexos para ensinar as técnicas quando associadas às re- gras do atletismo. Neste contexto, é possível afirmar que: a. A corrida exige do indivíduo mais que conhe- cimento. Os aspectos mecânicos podem ser melhorados quando são realizados exercícios técnicos de corrida. b. Todos os saltos são iguais sob o ponto de vista técnico. c. Os saltos podem ser verticais e horizontais, os verticais são saltos em distância e os saltos de altura e horizontais são os com vara e triplo, respectivamente. d. Os lançamentos são atividades de fácil exe- cução, pois não exige conhecimento técnico e pedagógico para serem efetuados, segundo suas regras.EDUCAÇÃO FÍSICA 32 Carruagens de Fogo Ben Cross, Ian Charleson, Nicholas Farrell mais Direção: Hugh Hudson Ano: 1981 Gênero: Drama, Histórico, Esporte Sinopse: As Olimpíadas de 1924, a serem realizadas em Paris, aproximam - se. Eric Liddell (Ian Charleson) e Harold Abrahams (Ben Cross) pretendem disputá-la, mas seguem caminhos bem diferentes. Liddell é um missionário escocês que corre em de- voção a Deus. Já Abrahams é fi lho de um judeu que enriqueceu recentemente e deseja provar sua capacidade para a socieda- de de Cambridge. Liddell corre usando seu talento natural, en- quanto que Abrahams resolve contratar um treinador pessoal. Ambos seguem as eliminatórias sem problemas, até que uma das classifi catórias de Liddell é marcada para domingo. Ele se recusa a competir, por ser este um dia santo. Percebendo a si- tuação, um nobre oferece a Liddell sua vaga na disputa dos 400 metros. Ele aceita e vence a corrida, assim como Abrahams. A partir de então, os dois integram a equipe do Reino Unido para as Olimpíadas. 33 referências AMADIO, A. C.; SERRÃO, J. C. Contextualização da biomecânica para investi- gações do movimento: fundamentos, métodos e aplicações para análise da técni- ca esportiva. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes, São Paulo, v. 21, n. 61, p. 61-85, dez. 2007. CABRAL, L. A. M. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga: Olímpia Antiga e os Jogos Olímpicos. São Paulo: Odysseus Editora, 2004. FREITAS, F. F. de; LOBO, P. H. D. da. O Conteúdo Biomecânico na Educação Física Escolar: Uma Análise a Partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Re- vista Paulista de Educação Físic., São Paulo, n. 14, p. 65-71, jan.-jun. 2000. HALL, S. J.; TARANTO, G. Biomecânica básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 417 p. IAAF. Material didático apresentado e disponibilizado no curso de formação de treinadores nível 1. Bragança Paulista: International Association of Athletics Federations, 2009. MATTHIESEN, S. Q.; RANGEL, I. C. A.; DARIDO, S. C. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 221 p. MÜLLER, H.; RITZDORF, W. Correr! saltar! lanzar!: la guía IAAF para la en- señanza del atletismo. Santa Fé: Federacion Internacional de Atletismo Amateur, 2000. 199 p. OLIVEIRA, H. G. de. O Atletismo no Ensino Superior. In: MARTINS JÚNIOR, J.; PEREIRA, J. da S. N. (Orgs.). Curso de Educação Física do Cesumar: 10 anos de História. Maringá: Centro Universitário de Maringá, 2013. p. 85-95. SCHWARTZ, G. M. Atividade Lúdica. In: GONZÁLEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P. E. (Org.). Dicionário Crítico de Educação Física. Ijuí: Editora Unijuí, 2005, p. 35-37. THOMPSON, P. Introdução à Teoria do Treino. [S.I.]: IAAF, 1991. UNESCO. Biomecânica do movimento humano. Brasília: Fundação Vale, UNESCO, 2013. 36 p. (Cadernos de referência de esporte; 9). 34 referências Referências On-line ¹ Em: <http://www.confef.org.br/extra/resolucoes/conteudo.asp?cd_resol=87>. Acesso em: 15 abr. 2016. ² Em: <http://cbat.org.br/atletismo_escolar/default.asp>. Acesso em: 20 jan. 2016. ³ Em: <http://slideplayer.com/slide/7648987/>. Acesso em: 19 abr. 2016. 4 Em: <http://www.educacaofisicanaveia.com.br/equilibrio-de-um-corpo-so- bre-uma-superficie-de-apoio/>. Acesso em: 19 abr. 2016. 5 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Knossos_frise_taureau-edit. png>. Acesso em: 12 jun. 2016. 6 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:AGMA_Sauteur.jpg?uselan- g=pt-br>. Acesso em: 12 jun. 2016. 7 Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_de_Ver%- C3%A3o_de_1928>. Acesso em: 12 jun. 2016. 35 gabarito 1. D 2. E 3. C 4. D 5. E 6. A Professor Me. Humberto Garcia de Oliveira Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Fundamentos das Corridas • Saída de Blocos para as Corridas de Velocidade • Corrida sobre Barreiras • Corrida de Revezamentos Objetivos de Aprendizagem • Analisar as atividades motrizes básicas das corridas. • Conhecer a técnica da saída de bloco (saída baixa). • Conhecer as fases das corridas sobre barreiras. • Conhecer as técnicas das corridas e passagens de bastão. FUNDAMENTOS DAS CORRIDAS, SAÍDA DE BLOCOS, BARREIRAS E REVEZAMENTOS II unidade INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), nesta unidade você deverá analisar, identificar e co- nhecer as corridas rasas, com barreiras e o revezamento, identificando as fases e os processos pedagógicos e, com isso, conhecer todos os as- pectos para o processo ensino-aprendizagem deste grupo que compõe a disciplina de atletismo. É importante que se pratique principalmente os exercí- cios contidos nesta unidade, para melhor compreensão dos movimentos. A prá- tica leva ao entendimento apurado dos exercícios propostos. Correr é considerada uma atividade natural, e se comparada à outras ativi- dades, a princípio parece ser fácil. Contudo, não há nada de simples em correr quando colocamos em prática os aspectos mecânicos envolvidos no exercício. As corridas são consideradas atividades cinéticas cíclicas (movimentos repetidos sistematicamente). Entretanto, deixa de ser cíclica e simples quando associamos as corridas às barreiras, aos obstáculos, em passagem de bastão nos revezamentos e, ainda, precedida por saídas de blocos na partida (nas corridas de velocidade). A mecânica de corrida é uma soma total da constituição corporal do indi- víduo: força, potência, mobilidade articular, coordenação e até a capacidade de relaxamento muscular. Pode-se dizer que a corrida reflete a personalidade do indivíduo: cada um tem um estilo próprio, como se fosse uma impressão digital. Isso se torna próprio à medida que a mecânica da corrida evolui. A forma e o estilo de corrida é em grande parte uma qualidade treinável. O objetivo principal em todas modalidades de corrida é maximizar a ve- locidade média ao longo do percurso. Nas corridas de velocidade (100 m, 200 m e 400 m), o objetivo é alcançar e manter a velocidade máxima durante o percurso. Nas corridas que possuem as barreiras (100 m, feminino, 110 m, masculino, e 400 m, em ambos os gêneros), a concentração deve ser a mesma, porém, adicionar as passagens sobre as barreiras. Em distâncias mais longas (800 m, 1.500 m, 5.000 m, 10.000 m e maratona, com percur- so de 42.195 m), o corredor deverá otimizar a distribuição do esforço ao longo da distância a percorrer. EDUCAÇÃO FÍSICA 40 Com objetivo de conhecer a estrutura de uma pista ofi cial de atletismo, a fi gura 1 apresenta o esquema dos locais de prática. Uma pista de atletismo é formada por competições em pista e campo contudo, as corridas de velocidade em qualquer uma das distâncias são realizadas na pista. FUNDAMENTOS DAS CORRIDAS Figura 1 – Esquema que representa a pista de atletismo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 41 As corridas são formadas por duas fases: apoio e suspensão, conforme exposto na fi gura 2. Figura 2 – Corridas de Velocidade Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). As corridas de meia e longa distância também contam com as duas fases men- cionadas. Figura 3 – Sequência completa das corridas de velocidade fundo Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Na fase de apoio, à frente, há uma desaceleração do movimento contínuo do corpo que deve ser minimizado por um apoio rápido e ativo do terço anterior do pé, no solo. Durante esta fase do passo, a energia é poupada nos músculos enquanto a perna se fl exiona para absorver o impacto, este processo é conhecido por amor- tização. A fase de impulsão tem a função de acelerar o corpo. O objetivo desta fase é exercer a maior força possível contra o solo em um menor espaço de tempo possível: a força é produzida pela contração muscular e pela liberação de energia acumulada nomomento da extensão de todas as articulações do tornozelo, joelho e quadril – em combinação com uma ação de balanço ativo da perna contrária e uma ação dinâmica e coordenada dos braços. Apoio suspensão Apoio suspensãoApoio Apoio EDUCAÇÃO FÍSICA 42 O ensino da técnica de corrida é introduzido a partir de habilidades que estão relacionadas com os exercícios de coordenação de corrida de velocidade. Como não há uma forma pedagógica de treinar todos os movimentos ao mesmo tempo, são utilizados exercícios com foco nos aspectos específicos. Os objetivos destes exercícios são: • Melhorar a velocidade de reação. • Aumentar a frequência da passada. • Aumentar a amplitude da passada. Essas características podem ser melhoradas por meio de exercícios condicionan- tes que têm como objetivos: • Melhorar a ação do pé de apoio, que deve ser rápido. • Executar a extensão total das articulações do tornozelo, joelho e quadril. • Realizar a ação dinâmica e descontraída dos braços. • Manter a posição do tronco proporcional à velocidade da corrida. Os exercícios condicionantes devem fazer parte de quase todas as práticas das corridas. Esses exercícios são denominados de exercícios básicos de coordenação. EDUCAÇÃO FÍSICA 43 Figura 4 – Exercícios técnicos condicionantes das corridas de velocidade Calcanhar atrás Elevação alta do joelho Elevação do joelho com chute Elevação baixa do joelho Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Observação importante: todos os exercícios devem ser feitos de forma dinâmica e com deslocamento linear. Carga: 3 repetições 20 a 30 minutos com intervalo de 45 segundos. EDUCAÇÃO FÍSICA 44 Nas corridas de velocidade de 100 metros até as provas de 400 metros, incluindo as provas de corridas sobre barreiras (100 m, feminino, 110 m, masculino, e 400 metros, para ambos) é regulamentado que todos devam realizar a saída dos blo- cos de partida. A seguir, você conhecerá a técnica de saída dos blocos de partida. A técnica de partida nos blocos é formada por fases que estão conectadas à voz de comando dada pelo árbitro de partida, como mostra a fi gura 5. SAÍDA DE BLOCOS PARA AS CORRIDAS DE VELOCIDADE Figura 5 – Sequência completa da saída baixa (dos blocos de partida) Aos seus lugares partida aceleraçãoprontos Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). A Partida de Blocos, exposta na fi gura 5, divide-se em quatro fases: (1) posição “aos seus lugares”; (2) posição “prontos”; (3) partida; e (4) aceleração. EDUCAÇÃO FÍSICA 45 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Objetivo: encontrar a posição inicial mais apropriada. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS • Ambos os pés devem estar em contato com o chão. • O joelho da perna de trás deverá estar apoiado no chão. • As mãos são colocadas no chão, ligeiramente mais afastadas do que a lar- gura dos ombros e os dedos devem estar arqueados. • A cabeça deve estar ao nível das costas e o aluno deve olhar diretamente para o chão. Na posição “aos seus lugares”, o aluno tem de se colocar nos blocos de partida e defi nir a posição inicial. Na posição de “prontos”, o aluno move-se colocando-se na posição ideal para a partida. Na fase da partida, o aluno abandona os blocos e realiza a primeira passada de corrida. Na fase de aceleração, o aluno aumenta a velocidade e faz a transição para a corrida de velocidade máxima. Em posição “aos seus lugares”, veja a fi gura 6. Figura 6 – Visão lateral e frontal da posição “aos seus lugares” EDUCAÇÃO FÍSICA 46 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Posição de “prontos”, veja a fi gura 7. Figura 7 – Visão lateral da fase de “prontos” na saída do bloco de partida Objetivo: o atleta deve colocar-se na posição ideal para iniciar a corrida. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS • Os pés devem pressionar os blocos para trás. • O joelho da perna da frente deve fazer um ângulo de 90º. • O joelho da perna de trás deve fazer um ângulo de 120º-140º. • O quadril deve estar ligeiramente mais alto que os ombros e o tronco deve estar inclinado para a frente. • Os ombros devem estar ligeiramente adiantados em relação às mãos. Fase de aceleração Figura 8 – Sequência dos primeiros passos na fase de aceleração Objetivos: aumentar a velocidade para que haja uma transição efi caz para a corri- da de velocidade máxima. EDUCAÇÃO FÍSICA 47 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS • O pé da frente deve ser rapidamente colocado no terço anterior para a pri- meira passada de corrida. • O aluno deve manter a inclinação do tronco à frente. • A recuperação deve ser rápida, o pé não deve subir mais que o joelho. • A amplitude e a frequência das passadas aumentam a cada passada. • O tronco endireita-se gradualmente após 10-20 m de corrida. EXERCÍCIOS PEDAGÓGICOS CONDICIONANTES Exercícios de reação: Objetivos: melhorar a capacidade de reação e aceleração. Ao sinal, o aluno deverá reagir rapidamente; o sinal deverá ser auditivo, visual e tátil. Pode ser feito individualmente ou em grupo e também com perseguições. Variar as posições: deitado, sentado, em pé etc. Figura 9 – Exercícios condicionantes de reação e aceleração Exercícios de aceleração partindo parado Objetivos: compreender a elevação do tronco e melhorar a aceleração. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 48 Como sugere a fi gura 10: 1. Partida em desequilíbrio sem ordem de partida. 2. Partida de pé em posição inclinada. 3. Partida de pé com três ou quatro apoios. 1 2 3 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 10 – Exercícios condicionantes partindo da posição “em pé” Método para ensinar a sequência completa: Passo 1 – Ensinar a posição nos blocos de partida. Passo 2 – Ensinar a posição de prontos no bloco de partida. Passo 3 – Correr 20 a 30 metros com e sem voz de comando. Passo 4 – Realizar a sequência completa unindo todas as fases: • “Aos seus lugares”. • “Prontos”. • “Sinal auditivo de partida”. • “Aceleração” – 20 a 30 metros. Figura 11 – Sequência completa da saída nas provas de velocidade Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 49 EDUCAÇÃO FÍSICA 50 É uma modalidade que teve origem na Inglaterra e foi inspirada nas competições hípicas. Em meados do século XIX, as barreiras eram feitas de madeira enterradas no solo, medindo normalmente 3 pés e 6 polegadas (1,067 m) esta altura se mantém até hoje. Os materiais foram evoluindo e ainda hoje as barreiras evoluem à medida da necessi- dade. As técnicas de transposição das barreiras evoluíram das formas mais diversas, até que, em 1886, um estudante da Universidade de Oxford, chamado Arthur Croome, criou o estilo de atacar a barreira com a perna extendida que se mantém até aos nossos dias (MATTHIESEN; RANGEL; DARIDO, 2014). CORRIDA SOBRE BARREIRAS EDUCAÇÃO FÍSICA 51 A técnica das corridas sobre barreiras são for- madas por três fases: impulsão, transposição e recepção. Entretanto, um elemento-chave que deve ser considerado é a velocidade (ou a cor- rida entre as barreiras). O objetivo principal da transposição das barreiras é de minimizar o tem- po de suspensão. Para que isto, ocorra de forma rápida é necessário que se domine a técnica, pois ela permitirá o atleta a cumprir este objetivo (LOHMANN, 2011). Sequência completa Figura 12 – Sequência completa da transposição sobre as barreiras impulsão Transposição Recepção Fase de impulsão Objetivo: estabelecer uma trajetória ideal que mini- mize a altura da passagem. Para que isto ocorra de forma tecnicamente ade- quada, é necessário que: • Mantenha a posição alta do tronco quando atacar à barreira. • A impulsão deve ser feita mais para a fren- te do que para cima (correr paraa barreira e não saltar). As articulações do tornozelo, joelho devem estar em extensão completa. A coxa da perna da frente eleva-se rapidamente para posição horizontal. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 13 – Fase de ataque à barreira (a seta indica a direção da corrida) Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 52 Fase de transposição Objetivo: minimizar a perda de tempo na suspensão da transposição. Para isto, a impulsão é feita à frente da barreira pelo terço anterior do pé. A impulsão é feita a uma distância proporcional à velocidade de corrida. Após a transposição, o aluno deverá abaixar rápida e ativamente a perna que está à frente. A recepção deve ser ativa e feita pelo terço anterior do pé (não deve haver contato do calcanhar com o solo durante a recepção). Transposição com ênfase na perna de ataque (perna que está extendida) Figura 14 – Visão lateral de ataque e transposição da barreira Vista frontal Figura 15 – Visão frontal do ataque e transposição sobre barreiras Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Objetivos: enfatizar a inclinação para a frente e diminuir o tempo gasto na trans- posição da barreira. Nesta posição, a perna de ataque deverá fi car totalmente estendida sobre a barreira e após a transposição. O pé deverá fi car fl exionado. O tronco deverá in- clinar-se sobre a coxa da perna de ataque, quanto mais alta a barreira maior deverá ser a inclinação. Os ombros deverão estar paralelos às barreiras. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 53 Transposição com ênfase na perna de rebote (perna que está fl exionada) Figura 16 – Transposição com ênfase na perna de rebote (perna que está fl exionada) Objetivos: minimizar a altura que se passa a barreira e preparar para uma recepção ativa. Nesta posição, o joelho está fl exionado e o pé da perna de rebote (1) também; o joelho deve ser puxado muito rapidamente para cima e para frente (2). Fase de Recepção Figura 17 – Fase de recepção Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Objetivo: transferir a passagem da barreira para a corrida. Neta fase, a perna de apoio deve estar bem rígida. O apoio no solo é feito pelo terço anterior do pé (1). O tronco não deve inclinar para trás no momento da recepção. A perna de trás se mantém fl exionada até o contato com o solo da perna da frente, depois é puxada rápida e ativamente para a frente (2), o contato com o solo é breve e a primeira passada é agressiva. EDUCAÇÃO FÍSICA 54 Exercícios Técnicos Pedagógicos para o Apren- dizado Transposição da barreira Exercícios para a perna de rebote: Objetivo: aprender e melhorar a ação da perna de rebote. • Começar com exercícios em pé sem barreira. • Aumentar a altura da barreira. • Realizar o exercício caminhando, depois cor- rendo em ritmo moderado. • Repetir até que o aprendizado esteja completo. Figura 18 – Exercícios técnicos pedagógicos para perna de rebote Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Exercícios para ambas as pernas: Objetivo: treinar a perna de rebote e a perna de ata- que simultaneamente. • Colocar barreiras ou obstáculos de acordo com a fi gura 19. • Passar ambas as pernas com alturas diferentes. • Utilizar bolas na parte onde passa a perna de rebote. • Repetir quantas vezes for necessário até o aprendizado. Figura 19 – Exercícios condicionantes para ambas as pernas Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 55 Sequência completa com transposição e ritmo de 3 passos. Objetivo: aprender a sequência completa de transposição no ritmo de 3 passos. • Colocar 3 a 5 barreiras ou obstáculos com distância entre 5-7 metros. • Utilizar barreiras baixas no início até o domínio completo e depois ir au- mentando gradualmente a altura das barreiras ou obstáculos. • Aumentar gradativamente a distância entre as barreiras até o limite. Figura 20 – Sequência de transposição em três barreiras Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). “A perseverança não é uma longa corrida; ela é muitas corridas curtas, uma depois da outra.” (Walter Elliott)¹ REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 56 As únicas modalidades do atletismo que são cole- tivas são os revezamentos, realizados nas distâncias de 4 x 100 metros e 4 x 400 metros. A corrida de revezamento tem raízes na Grécia Antiga, nas Pana- teneias realizadas em homenagem à deusa Atena, e incluía no programa de atletismo uma prova de re- vezamento chamada de “Corrida das Tochas”. CORRIDA DE REVEZAMENTOS Fonte: A tocha… (2004, on-line)². A prova era disputada por cinco equipes, compostas de quarenta atletas cada. A chama não podia apagar e o vencedor iria acender a foguei- ra colocada no altar de Prometeu, localizado no marco da chegada. Na Era Moderna, a primeira corrida de reve- zamento ocorreu em 17 de novembro de 1883, em Berkeley, Califórnia - EUA. Na Olimpíada de 1908, uma corrida de revezamento de 1.600 metros foi incluída no programa atlético. As distâncias foram 800, 200, 200 e 400 metros. Em 1912, nos Jogos de Estocolmo, os revezamentos de 4 x 100 e 4 x 400 me- tros estrearam e permanecem até os tempos atuais na programação olímpica ofi cial. A sequência completa de passagem é apresenta- da na fi gura 21. EDUCAÇÃO FÍSICA 57 Figura 21 – Visão geral da pista e ponto das passa- gens do bastão As fases da passagem são: preparação, aceleração e passagem. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2002). Sendo que, na fase de preparação, o aluno que se aproxima mantém a velocidade e quem irá receber o bastão coloca-se na posição de partida. Na fase de aceleração, os corredores sincronizam as suas velo- cidades, mantendo a velocidade de quem irá entre- gar e maximizando a aceleração do corredor que irá receber. Na fase de passagem, o bastão é entregue com a técnica específi ca, o mais rápido possível. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Características das passagens alternadas Objetivo: maximizar a passagem do bastão. • O primeiro corredor leva o bastão na mão di- reita e se aproxima do segundo corredor pela parte interna da sua raia (passagem interior). • O segundo corredor recebe o bastão na mão es- querda e se aproxima do terceiro corredor pela parte externa da sua raia (passagem exterior). • O terceiro corredor recebe o bastão na mão direita e se aproxima do quarto corredor pela parte interna da sua raia (passagem interior). • O quarto corredor recebe o bastão na mão esquerda. Zonas de aceleração e passagem Objetivos: realizar uma passagem efi ciente e de acordo com as regras. Da primeira marca até a segunda: zona de ace- leração (10 metros). Figura 22 – Início e fi m da zona de passagem do bastão Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 58 58 Da segunda marca até a terceira: zona de passa- gem ou entrega do bastão (20 metros). CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS • O bastão deve ser passado na zona de passa- gem – 20m. • O corredor que vai receber o bastão deve es- perar dentro da zona de aceleração – 10m. • O corredor que irá receber o bastão deve colocar uma marca antes da zona de ace- leração, para partir quando seu companheiro cruzar esta marca. • A marca é colocada entre 15 - 25 pés a partir do início da zona de aceleração do lado da pista em que corre seu companheiro. Descrevendo as fases Fase de preparação Objetivo: preparar para uma passagem rápida e segura. Características técnicas • O corredor que entrega o bastão se aproxima em alta velocidade. • O corredor que irá receber o bastão deve co- locar-se na posição de partida (apoiado nos terços anteriores dos pés com os joelhos fl e-xionados e inclinado para frente). • O aluno que irá receber o bastão deve olhar para a marca e partir quando seu compa- nheiro cruzar esta marca. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 23 – Fase de preparação na passagem do re- vezamento 4 x 100 m EDUCAÇÃO FÍSICA 59 Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fase de aceleração Objetivos: manter a velocidade máxima e dar com precisão a “voz de comando”, bem como encontrar a velocidade ideal para a passagem. Características técnicas • A aceleração do corredor que recebe o bastão deve ser consistente. • O corredor que entrega o bastão deve dar “voz de comando” para o com- panheiro que irá receber, quando estiver na distância exata para a entrega. • O corredor que irá receber o bastão estende o braço para trás (de acordo com a técnica utilizada), o companheiro entrega-lhe o bastão. Figura 24 – Fase de aceleração no revezamento 4 x 100 m Fase de passagem do bastão Objetivos: realizar uma passagem rápida e segura. Características técnicas • O corredor que entrega concentra-se na mão do que recebe. • O corredor que entrega coloca o bastão na mão do que recebe. • O corredor que recebe deve segurar o bastão ao sentir seu contato. • Ambos devem permanecer no seu lado da pista durante a passagem. • O corredor que entrega o bastão deve permanecer na sua raia até terminar todas as passagens. Figura 25 – Fase de passagem do bastão no revezamento 4 x 100 m Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 60 Técnicas de passagem do bastão Passagem ascendente – passagem relativamente segura Objetivo: realizar uma passagem rápida e segura. Características técnicas desta passagem: • A mão do corredor que recebe é estendida para trás ao nível do quadril. • O corredor deve entregar o bastão de forma ascendente (de baixo para cima) e colocá-lo entre o indicador e o polegar de quem recebe. Nesse momento, o polegar e o indicador de- vem estar bem afastados. • Durante a passagem, a distância entre ambos é de cerca de 2 m. Figura 26 – Movimento ascendente da entrega do bastão no revezamento 4 x 100 m Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Passagem descendente – passagem utilizada por atletas experientes Objetivo: realizar uma passagem rápida e segura. Características técnicas desta passagem: • A mão do corredor que recebe é estendida para trás na horizontal, com a palma da mão virada para cima. • O corredor deve entregar o bastão de forma descendente (de cima para baixo) e colocá-lo na palma da mão, que deve estar bem aberta – de quem recebe. • Durante a passagem, a distância entre ambos é de cerca de 2 m. Figura 27 – Movimento descendente da entrega do bastão no revezamento 4 x 100 m Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 61 Resumo da passagem do bastão (visão completa) Os corredores devem sincronizar a velocida- de dentro dos 30 m, que compreendem a zona de aceleração e a zona de passagem. O ponto de passagem ideal entre ambos, se forem prin- cipiantes, é no meio dos 20 m da zona de pas- sagem. Para os mais experientes, o ponto de passagem ideal é no último terço da zona de passagem. A colocação correta da marca e uma aceleração consistente são segredos para uma passagem de sucesso. Figura 28: Aproximação e entrega do bastão na zona de passagem no revezamento 4 x 100 m Exercícios para o aprendizado 1º Exercício: • Um grupo corre ao acaso em um área de 40 m. Um bastão para cada dois alunos. • Os alunos devem passar o bastão pela frente, pelo lado e por trás. • Trabalhando em pares, devem praticar a passagem visual em um zona de 20 m. Veja a fi gura 29. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Figura 29 – Exercício lúdico de prática de entrega do bastão 2º Exercício: • Em pares, entregar e receber o bastão, pri- meiro andando e depois trotando. • Introduzir as técnicas de passagem “ascen- dente” e “descendente”. • Repetir o exercício em grupos de quatro, pas- sando o bastão direita-esquerda. Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). EDUCAÇÃO FÍSICA 62 Figura 30 – Exercício de passagem do bastão após sinal auditivo 3º Exercício: Passagem com velocidade progressiva • Trabalho em pares. • Passar o bastão a uma velocidade média para aumentar a velocidade aos 50 – 70 m (2 a 3 passagens). • Utilizar as duas técnicas diferentes de passagem: “ascendente” e “descendente”. Figura 31 – Exercício de passagem do bastão com velocidade progressiva Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). 4º Exercício: Defi nindo a marca de aceleração • Colocar a marca e treinar as saídas da posição de partida. • Utilizar várias posições de partida (sem contato com o solo, com uma ou com as duas mãos). • O aluno que entrega se aproxima em alta velocidade. EDUCAÇÃO FÍSICA 63 Figura 32 – Exercício de prática da marca de aceleração de quem recebe e aproxi- mação de quem passa o bastão no revezamento 4 x 100 m 5º Exercício: Sequência completa para praticar em modelos de jogos e competições. • Equipes de quatro alunos em raias separadas com e sem adversários. • Utilizar distâncias diferentes (4 x 50 m ou 4 x 75 m) e diferentes velocidades. Figura 33 – Sequência completa da passagem do bastão nas corridas de reveza- mento 4 x 100 m Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). Fonte: adaptado de Müller e Ritzdorf (2000). 64 considerações finais E ncerramos a unidade II com o estudo e aprendizado dos conceitos e definições, bem como as técnicas, processos pedagógicos, exercícios e outras informações importantes. Espero que você tenha adquirido conhecimento suficiente para a aplicação teórica e prática de todos os assuntos abordados até aqui. Tanto a teoria quanto a prática são importantes para o processo ensino-aprendizagem, por isso, é necessário o bom entendimento de todas as informações contidas nesta unidade. É facil correr? A resposta deveria ser sim. Entretanto, a corrida, sob viés esportivo, exige técnica. Apesar de ser um gesto natural, o aspecto mais importante é a formação de um movimento de corrida nos padrões mecânicos adequados. A corrida exige força muscular, potência, mobilidade articular, ritmo, coordenação e relaxamento. Também au- xilia na execução de todas as atividades esportivas que contenham o ato de cor- rer. Ela é como se fosse uma impressão digital: cada pessoa desenvolverá, após o aprendizado da técnia, seu próprio estilo de corrida. É importante conhecer a técnica e, para isto, você precisa praticar para melhor compreensão dos movi- mentos. Sozinho ou em grupo, é importante que o faça. A sequência pedagógica fornecida passo a passo é um importante instrumento de informações inseridas no processo ensino-aprendizagem. As corridas de velocidade e sem barreiras, as corridas com barreiras e o revezamento compõem um importante grupo de provas do atletismo que sustentará vários outros elementos-chave para as outras modalidade do atletismo. Assim, a unidade II torna-se um importante capítulo para que as informações sejam processadas como um todo. As corridas, princi- palmente as de velocidade, juntamente com as barreiras, servem de base para os saltos – componente da unidade III. 65 LEITURA COMPLEMENTAR Fonte: Greco, Moraes e Conti (2013, p. 338). Para o estudo do atletismo, partimos do conhecimen- to de seus aspectos técnicos, mas, para o ensino da modalidade no ambiente escolar são necessários os aspectos lúdicos e inclusivos. Assim, apresentamos algumas atividades como sugestão. É importante que ao serem aplicadas na escola, cada atividade esteja ali- nhada com o planejamento da disciplina de Educação Física – e adequadas às fases
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