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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Graduação em Engenharia Mecânica LABORATÓRIO DE TERMODINÂMICA E TRANSFERÊNCIA DE CALOR Prática 1 – Exercício 1.39 (secador de cabelo) Contagem 2019 1. Introdução Apesar de caracterizar-se por ser uma palavra de utilização vasta no cotidiano, calor muitas vezes é entendido de forma errada por muitos. Sua definição correta seria algo como a energia transferida de um corpo para outro devido a uma diferença de temperatura entre eles. A transferência de calor é tida justamente como essa energia que transita, a transferência é o trânsito de energia. Incropera definiu a transferência de calor em seu livro fundamentos da transferência de calor e massa como sendo a energia térmica em trânsito devido a uma diferença de temperaturas no espaço. A transferência de calor se dá por meio de três maneiras bem conhecidas quando se trata deste assunto: condução, convecção e radiação. A condução de acordo com Incropera pode ser vista como uma transferência de energia de partículas mais energéticas para as menos energéticas de uma substância, e isto se dá por meio de uma interação entre as partículas presentes. A equação que rege a transferência de calor por condução é a equação de Fourier: 𝑞 = [𝑘 × 𝐴 × (△ 𝑇)] ÷ 𝐿 (1) Onde: k = condutividade térmica △T= Variação da temperatura L= Espessura q’’ = Fluxo de calor A = Área A convecção se define através de dois mecanismos, o primeiro é aquele de difusão, onde existe um movimento aleatório das moléculas, e o segundo mecanismo é o movimento global das moléculas, isto é: as moléculas do fluido se movimentam de forma agregada sobre o sólido, promovendo assim também uma troca de calor entre os corpos. A lei de resfriamento de Newton define a Convecção: 𝑞 = ℎ × 𝐴 × (△ 𝑇) (2) Onde: h = Coeficiente convectivo A radiação se difere muito das duas primeiras formas de transferência de calor, enquanto condução e convecção dependem de meios físicos para acontecerem, a radiação não possui tal limitação, isto se deve ao fato da transferência por radiação ocorrer por meio de ondas eletromagnéticas, e a radiação é emitida por variados tipos de corpos, inclusive gases. Para o cálculo do fluxo de calor por radiação utiliza-se a seguinte equação: 𝑞 = ℇ × Ϭ × 𝐴 × ( 𝑇𝑠4 − 𝑇𝑣𝑖𝑧4) (3) Onde: ℇ = Emissividade Ϭ = Constante de Bolstzmann (5,67 x 10^-8) Ts = Temperatura da superfície Tviz = Temperatura da vizinhança Dentro do campo da transferência de calor, uma importante vertente esta diretamente ligada ao resfriamento e aquecimento de ambientes, neste contexto pode ser introduzido o aquecedor, este equipamento amplamente utilizado em países de clima frio, trata-se de uma máquina capaz de captar o ar ambiente e através da transferência de calor aquece-lo e libera-lo com uma temperatura elevada, promovendo assim o aquecimento do ambiente. Para se calcular a vazão mássica de ar em aquecedores pode-se usar a equação abaixo: 𝑚 × 𝐶𝑝 × (𝑇𝑒 − 𝑇𝑠) = 𝑃 (4) A Vazão volumétrica se dá por: 𝑉 = 𝑚 ÷ 𝑝 (5) Onde: m = Vazão mássica Cp = Calor específico Te = Temperatura de entrada Ts = Temperatura na saída P = Potência V = Vazão volumétrica P = Densidade 2. Objetivos A seguinte prática tem como objetivo reproduzir em laboratório o experimento idealizado no exercício (1.39), do livro Fundamentos da transferência de calor e de massa. Este exercício utiliza-se de um secador de cabelo de modo a idealizar um aquecedor de ar, o objetivo do exercício é determinar a vazão mássica de ar que deve ser fornecida pelo ventilador para que se possa aquecer o ar a determinada temperatura. Pede-se também a velocidade do ar na saída além de uma prova matemática de que a perda de calor para o ambiente é desprezível, como é afirmado no problema. 3. Desenvolvimento O experimento consiste basicamente em utilizar o secador de cabelo para soprar o ar para dentro de um tubo isolado na direção radial, o secador deve ser utilizado em sua potência máxima e deve-se medir a temperatura na entrada e saída do sistema com o auxilio de termopares, assim como a temperatura ambiente. Com o auxílio de um tubo de Pitot no final do tubo deve-se também aferir a velocidade do fluido. Para a realização da prática foram feitas as seguintes considerações: 1. Todas as medições foram realizadas em regime permanente, foi aguardado um tempo suficientemente grande para atingir tal condição; 2. Não existe perda de calor na direção radial do tubo para o ambiente; 3. Densidade do ar equivale a 1,10 kg/m^3; 4. Calor específico do ar equivale a 1007 J/(kg.K); 5. Emissividade igual a 0,8; 6. Coeficiente convectivo igual a 4 W/(K.m^2) 3.1 Equipamentos Figura 1: Secador de cabelo Figura 2: Termopares (Modelo semelhante ao utilizado) Figura 3: Tubo de Pitot Figura 4: Montagem 3.2 Dados Tabela 1: Temperaturas Temperatura (Celsius) Ambiente 24,4 Entrada 25 Saída 117,7 Superfície 26,8 Com o auxílio de um paquímetro mediu-se o diâmetro e o comprimento do tubo. Os dados obtidos estão abaixo. D = 108,5 mm L = 253,5 mm Utilizando o tubo de Pitot também foi possível obter a velocidade do fluido: V = 9 m/s O secador possui uma potência de 1700 W. 3.3 Cálculos Inicialmente foram calculadas as vazões mássica e volumétrica do ar, utilizou-se para isso as equações (4) e (5). Tem-se que: 𝑚 × 1007 × (117,7 − 25 ) = 1700 Desta forma tem-se que a vazão mássica é igual a: m = 0,01821 kg/s = 65,56 kg/h Com a vazão mássica e a densidade do ar têm-se a vazão volumétrica através da equação 5. 𝑉 = 65,56 ÷ 1,10 Desta forma tem-se: V = 59,60 m^3/h A segunda parte dos cálculos consiste em provar que de fato a perda da superfície do revestimento para o ambiente é desprezível. Para isso utiliza-se as equações (2) e (3), pois a transferência de calor neste sentido se da por meio da convecção e radiação. Assim tem-se que: 𝑞 = ℎ × 𝐴 × (△ 𝑇) + ℇ × Ϭ × 𝐴 × ( 𝑇𝑠4 − 𝑇𝑣𝑖𝑧4) Assim: A= 3,14 x 0,1085 x 0,2535 = 0,0864 m^2 q = 4 x 0,0864 x (26,8 – 24,4) + 0,8 x (5,67x10^-8) x 0,0864 x (299,8^4 – 297,4^4) q = 2,082 W Com os resultados obtidos pode-se ver que quando se compara a potência do secador de 1700 W, com aquela obtida no calculo do calor perdido pelo ambiente que é 2,082 W, é de fato possível se desprezar a perda de calor para o ambiente. Resultados Vazão mássica 65,56 kg/h Vazão volumétrica 59,60 m^3/h perda de calor para o ambiente 2,082 W 4. Conclusão Após a realização da prática e cálculos referentes a mesma, pôde-se ter uma melhor compreensão acerca de aquecedores de ar, viu-se a maneira como se pode calcular a vazão mássica e vazão volumétrica de ar necessárias para determinada diferença de temperatura. Foi possível também se utilizar das equações de transferência de calor por convecção e radiação, de modo a provar que de fato a perda de calor para o ambiente é completamente desprezível quando comparada com a potência do secador de cabelos.
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