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Direito administrativo I -casos concretos 1 a 9 - 2020 01

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS JOÃO UCHOA
DIREITO ADMINISTRATIVO I – 2020.01
Caso Concreto 1
Descrição
(SEFAZ/RS) 2018 - CESPE/CEBRASPE) O direito administrativo é formado por muitos conceitos, princípios, elementos, fontes e poderes. As principais fontes formais do direito administrativo, segundo a doutrina majoritária, são:
a) Os princípios gerais de direito, a jurisprudência, a lei e os atos normativos da
administração.
b) Os costumes, a lei e os atos normativos da administração.
c) A Constituição, a lei e os costumes
d) A doutrina, a jurisprudência e a Constituição.
e) A Constituição, a lei e os atos normativos da administração pública.
Justificativa: 
Segundo Maria Di Pietro, as fontes formais do Direito Administrativo são: a Constituição, a lei, o regulamento e outros atos normativos da Administração Pública.
A doutrina, a jurisprudência e os princípios gerais do direito são considerados fontes materiais.
Caso Concreto 2
Descrição
(FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVII - Primeira Fase) O Estado X publicou edital de concurso público de provas e títulos para o cargo de analista administrativo. O edital prevê a realização de uma primeira fase, com questões objetivas, e de uma segunda fase com questões discursivas, e que os 100 (cem) candidatos mais bem classificados na primeira fase avançariam para a realização da segunda fase. No entanto, após a divulgação dos resultados da primeira fase, é publicado um edital complementar estabelecendo que os 200 (duzentos) candidatos mais bem classificados avançariam à segunda fase e prevendo uma nova forma de composição da pontuação global. Nesse caso:
a) A alteração não é válida, por ofensa ao princípio da impessoalidade, advindo da adoção de novos critérios de pontuação e da ampliação do número de candidatos na segunda fase.
b) A alteração é válida, pois a aprovação de mais candidatos na primeira fase não gera prejuízo aos candidatos e ainda permite que mais interessados realizem a prova de segunda fase.
c) A alteração não é válida, porque o edital de um concurso público não pode
conter cláusulas ambíguas.
d) A alteração é válida, pois foi observada a exigência de provimento dos cargos mediante concurso público de provas e títulos.
Justificativa: 
A alteração não é válida por ofender os princípios da impessoalidade e moralidade, estaria favorecendo determinado (s) candidato (s). Nesse sentido, o STF assentou que após a publicação do edital e no curso do certame, só se admite a alteração das regras do concurso se houver modificação na legislação que disciplina a respectiva carreira. (RE 318.106, rel. min. Ellen Gracie)
No julgamento do MS 27947/DF, o Ministro Relator Ricardo Lewandowski decidiu que a pretensão de alteração das regras do edital é medida que afronta o princípio da moralidade e da impessoalidade, pois não se pode permitir que haja, no curso de determinado processo de seleção, ainda que de forma velada, escolha direcionada dos candidatos habilitados às provas orais, especialmente quando já concluída a fase das provas escritas subjetivas e divulgadas as notas provisórias de todos os candidatos.
Caso Concreto 3
Descrição
(FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase) Luciana, imbuída de má-fé, falsificou documentos com a finalidade de se passar por filha de Astolfo (recentemente falecido, com quem ela não tinha qualquer parentesco), movida pela intenção de obter pensão por morte do pretenso pai, que era servidor público federal.
Para tanto, apresentou os aludidos documentos forjados e logrou a concessão do benefício junto ao órgão de origem, em março de 2011, com registro no Tribunal de Contas da União, em julho de 2014. Contudo, em setembro de 2018, a administração verificou a fraude, por meio de processo administrativo em que ficou comprovada a má fé de Luciana, após o devido processo legal. Sobre essa situação hipotética, no que concerne ao exercício da autotutela, assinale a afirmativa correta.
a) A administração tem o poder-dever de anular a concessão do benefício diante da má-fé de Luciana, pois não ocorreu a decadência.
b) O transcurso do prazo de mais de cinco anos da concessão da pensão junto ao órgão de origem importa na decadência do poder-dever da administração de
anular a concessão do benefício.
c) O controle realizado pelo Tribunal de Contas por meio do registro sana o vício do ato administrativo, de modo que a administração não mais pode exercer a autotutela.
d) Ocorreu a prescrição do poder-dever da administração de anular a concessão do benefício, na medida em que transcorrido o prazo de três anos do registro perante o Tribunal de Contas.
Justificativa: 
Art. 54 da Lei 9.784/99 dispõe que o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
Portanto, no caso concreto, Luciana praticou o ato de má-fé e, portanto, tem o poder-dever de anular a concessão do benefício, uma vez que não se opera a decadência nesse caso. Lembrando que a boa fé é presumida e, ao contrário, a má-fé precisa ser provada.
Caso Concreto 4
Descrição
(2006 - OAB-DF - Exame de Ordem - 3 - Primeira Fase) A distribuição de atribuições entre os vários órgãos integrantes do Ministério da Fazenda caracteriza:
a) Delegação de competências;
b) Descentralização administrativa;
c) Avocação administrativa;
d) Desconcentração administrativa.
Justificativa: 
De acordo com Hely Lopes Meirelles, a desconcentração é uma técnica administrativa de simplificação e aceleração do serviço dentro da mesma entidade, diversamente da descentralização, que é uma técnica da especialização, consistente na retirada do serviço de dentro de uma entidade e transferência a outra para que o execute com mais perfeição e autonomia. 
Esse fenômeno pode ocorrer tanto no âmbito das pessoas políticas (União, DF, estados ou municípios) quanto nas entidades administrativas da Administração indireta.
Como ocorre na mesma pessoa jurídica, consequentemente, realiza-se dentro de uma estrutura hierarquizada, com relação de subordinação entre os diversos níveis. Nas entidades desconcentradas, temos o controle hierárquico, que compreende os poderes de comando, fiscalização, revisão, punição, delegação, avocação, solução de conflitos de competência, etc.
Caso Concreto 5
Descrição
(FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem Unificado - V - Primeira Fase) A estruturação da Administração traz a presença, necessária, de centros de competências denominados Órgãos Públicos ou, simplesmente, Órgãos. Quanto a estes, é correto afirmar que:
a) Possuem personalidade jurídica própria, respondendo diretamente por seus
atos.
b) Suas atuações são imputadas às pessoas jurídicas a que pertencem.
c) Não possuem cargos, apenas funções, e estas são criadas por atos normativos do ocupante do respectivo órgão.
d) Não possuem cargos nem funções.
Justificativa: 
De acordo com a Teoria do Órgão, as pessoas jurídicas expressam suas vontades através de seus órgãos que, por sua vez, são titularizados pelos agentes públicos. Assim, os atos dos agentes devem ser imputados à pessoa jurídica a que pertencem, já que as ações dos órgãos são atribuídas à pessoa jurídica a que pertencem.
Nesse sentido, Carvalho Filho (2008, p. 427) assevera que os órgãos constituem os compartimentos ou células integrantes das pessoas criadoras, dotados de competência própria e específica para melhor distribuição do trabalho. Além disso, acrescenta o autor que os órgãos são integrados por agentes ou servidores, sendo ambos a representação humana dos órgãos.
Caso Concreto 6 
(FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVII - Primeira Fase) O Governador do Estado Y criticou, por meio da imprensa, o Diretor-Presidente da Agência Reguladora de Serviços Delegados de Transportes do Estado, autarquia estadual criada pela Lei nº 1.234, alegando que aquela entidade, ao aplicar multas às empresas concessionárias por supostas falhas na prestação do serviço, “não estimulao empresário a investir no Estado”. Ainda, por essa razão, o Governador ameaçou, também pela imprensa, substituir o Diretor-Presidente da agência antes de expirado o prazo do mandato daquele dirigente. Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta. 
a) A adoção do mandato fixo para os dirigentes de agências reguladoras contribui para a necessária autonomia da entidade, impedindo a livre exoneração pelo chefe do Poder Executivo. 
b) A agência reguladora, como órgão da Administração Direta, submete-se ao poder disciplinar do chefe do Poder Executivo estadual. 
c) A agência reguladora possui personalidade jurídica própria, mas está sujeita, obrigatoriamente, ao poder hierárquico do chefe do Poder Executivo. 
d) Ainda que os dirigentes da agência reguladora exerçam mandato fixo, pode o chefe do Poder Executivo exonerá-los, por razões políticas não ligadas ao interesse público, caso discorde das decisões tomadas pela entidade.
Justificativa: 
Especificamente, quanto às agências reguladoras, encontram-se algumas previsões que demonstram essa especialidade. A primeira delas diz respeito à investidura de seus dirigentes, os quais são nomeados pelo Presidente da República, mas, ao contrário das demais autarquias, essa nomeação depende de prévia aprovação pelo Senado Federal, conforme previsão dos arts. 84, XIV, e 52, III, “f”, ambos da Constituição, combinados com o art. 5º da Lei n. 9.986/2000, que dispõe sobre a gestão de recursos humanos das agências reguladoras, recebendo, por isso, a terminologia de investidura especial.
Esses dirigentes têm a garantia de mandato a prazo certo, exercendo-o em mandatos fixos. Os prazos, conforme previsão dos arts. 5º e 6º da referida lei, serão fixados na norma de criação de cada agência e, em caso de vacância no curso do mandato, este será completado por sucessor investido na mesma forma.
A perda do mandato pode decorrer também em caso de renúncia, condenação judicial transitada em julgado ou de condenação em processo administrativo disciplinar com observância da ampla defesa e do contraditório.
Certamente a adoção do mandato fixo, a prazo certo, para os dirigentes de agências reguladoras contribui para a autonomia da entidade, impedindo assim, a livre exoneração de seus dirigentes pelo chefe do Poder Executivo.
Caso Concreto 7 
(FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXVII - Primeira Fase) No ano corrente, a União decidiu criar uma nova empresa pública, para a realização de atividades de relevante interesse econômico. Para tanto, fez editar a respectiva lei autorizativa e promoveu a inscrição dos respectivos atos constitutivos no registro competente. Após a devida estruturação, tal entidade administrativa está em vias de iniciar suas atividades. Acerca dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a), assinale a afirmativa correta. 
a) A participação de outras pessoas de direito público interno, na constituição do capital social da entidade administrativa, é permitida, desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União. 
b) A União não poderia ter promovido a inscrição dos atos constitutivos no registro competente, na medida em que a criação de tal entidade administrativa decorre diretamente da lei. 
c) A entidade administrativa em análise constitui uma pessoa jurídica de direito público, que não poderá contar com privilégios fiscais e trabalhistas. 
d) Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços para a entidade administrativa, em regra, não precisam ser precedidos de licitação.
Justificativa: 
Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Ademais, desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade do ente político, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Lei 13.303/16, art. 3º);
Caso Concreto 8 
(FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIX - Primeira Fase) A associação de moradores do Município F solicitou ao Poder Público municipal autorização para o fechamento da “rua de trás”, por uma noite, para a realização de uma festa junina aberta ao público. O Município, entretanto, negou o pedido, ao fundamento de que aquela rua seria utilizada para sediar o encontro anual dos produtores de abóbora, a ser realizado no mesmo dia. Considerando que tal fundamentação não está correta, pois, antes da negativa do pedido da associação de moradores, o encontro dos produtores de abóbora havia sido transferido para o mês seguinte, conforme publicado na imprensa oficial, assinale a afirmativa correta. 
a) Mesmo diante do erro na fundamentação, o ato é válido, pois a autorização pleiteada é ato discricionário da Administração. 
b) Independentemente do erro na fundamentação, o ato é inválido, pois a autorização pleiteada é ato vinculado, não podendo a Administração indeferi-lo. 
c) Diante do erro na fundamentação, o ato é inválido, uma vez que, pela teoria dos motivos determinantes, a validade do ato está ligada aos motivos indicados como seu fundamento. 
d) A despeito do erro na fundamentação, o ato é válido, pois a autorização pleiteada é ato vinculado, não tendo a associação de moradores demonstrado o preenchimento dos requisitos.
Justificativa: 
A autorização é um ato administrativo discricionário, entretanto deve estar de acordo com a Teoria dos Motivos Determinantes a qual determina que a administração pública se sujeite ao controle administrativo e judicial relativo à existência e à pertinência ou adequação dos motivos que ela declarou como causa determinante da prática de um ato. Tal teoria aplica-se aos atos vinculados e discricionários. Salienta-se que a aludida teoria tem aplicação mesmo que a motivação do ato não fosse obrigatória, mas tenha sido efetivamente realizada pela administração, como é o caso de, por exemplo, nomeação e exoneração de servidor ocupante de cargo em comissão (independem de motivação).
Portanto, no caso concreto, ao motivar o ato, a Administração vincula-se à existência e legitimidade dos motivos declarados, sendo assim, o ato só terá validade se os motivos forem verdadeiros, caso contrário, o ato será nulo.
Caso Concreto 9 
(FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem Unificado IV - Primeira Fase) Em âmbito federal, o direito de a Administração Pública anular atos administrativos eivados de vício de ilegalidade, dos quais decorram efeitos favoráveis para destinatários de boa-fé: 
a) Decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que praticado o ato. 
b) Não se submete a prazo prescricional. 
c) Prescreve em 10 (dez) anos, contados da data em que praticado o ato. 
d) Não se submete a prazo decadencial.
Justificativa:
Dispõe o art. 54 da Lei nº 9784/99:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à     validade do ato.
Portanto a escolha da alternativa A é justificada pelo caput do artigo supracitado.

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