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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI - UAM LEANDRO LUIZ JESUÍNO MODESTO LUCAS GOULART MORENO RENAN ANTUNES MOLINA TAMISE DE OLIVEIRA PRADO THIERRY DE ALMEIDA VOLPI CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA Influência de altas temperaturas nas propriedades mecânicas SÃO PAULO 2020 LEANDRO LUIZ JESUÍNO MODESTO LUCAS GOULART MORENO RENAN ANTUNES MOLINA TAMISE DE OLIVEIRA PRADO THIERRY DE ALMEIDA VOLPI CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA Influência de altas temperaturas nas propriedades mecânicas Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Prof° Dr. Felipe de Campos Loch SÃO PAULO 2020 LEANDRO LUIZ JESUÍNO MODESTO LUCAS GOULART MORENO RENAN ANTUNES MOLINA TAMISE DE OLIVEIRA PRADO THIERRY DE ALMEIDA VOLPI CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA Influência de altas temperaturas nas propriedades mecânicas Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi. SÃO PAULO, 11 DE JUNHO DE 2020 __________________________________________________________________ ____ Professor Orientador: Prof° Dr. Felipe de Campos Loch __________________________________________________________________ ____ Professora Disciplina: Prof° Adalberto José Monteiro Junior Comentários:_______________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ____________ Dedicamos esse trabalho aos pais queridos que com todo o carinho e dedicação, auxiliaram para que essa jornada tornasse possível. AGRADECIMENTOS Aos pais, pelo apoio, carinho e auxílio ao longo da nossa jornada acadêmica, por estarem presentes em todos momentos e nos incentivarem a nos tornarmos profissionais íntegros e éticos. Ao nosso professor orientador, Dr. Felipe Campos Loch, por aceitar ser nosso orientador e embarcar nessa jornada de descoberta e experimentos. Pelas referências, dicas, orientação, humor e companheirismo no momento tão difícil, contribuindo para nosso desempenho acadêmico e profissional. As empresas Mineração Jundú pelo fornecimento das amostras das duas areias do nosso traço e a BASF pela amostra do superplastificante utilizado na mistura do concreto. A todos os membros do laboratório de materiais, pela colaboração, suporte e dicas que foram ofertadas ao longo do nosso trabalho, e em especial, ao funcionário Miguel que tanto nos auxiliou. A Universidade Anhembi Morumbi por nos conceder a autorização da pesquisa e espaço para desenvolvermos nossas atividades. A todos os professores do Curso de Engenharia Civil, que nos cobriram com seus conhecimentos até esse momento de nossa jornada. A todos os amigos e principalmente ao nosso grupo que se uniram para realizar esse trabalho da melhor forma possível e contribuíram para comunidade da construção civil, juntamente com nossas(o) companheiras(o) por nos ajudar nessa fase decisiva do nosso curso. “Só no dicionário, o sucesso vem antes do trabalho” (Albert Einstein) RESUMO Os concretos de alta resistência vêm sendo cada vez mais utilizados em edifícios altos e esbeltos. O material exibe uma permeabilidade baixa, o que é muito importante para garantir boas condições de durabilidade. No entanto, em situações de incêndio, isso se torna prejudicial para a estrutura, resultando em uma rápida deterioração do material e ocorrência do efeito “spalling”. Diante deste cenário, é importante estudar métodos para minimizar os efeitos deletérios devido à exposição do concreto em altas temperaturas. O presente trabalho tem como objetivo estudar as propriedades de concretos de alta resistência sob o efeito de elevadas temperaturas, visando analisar o comportamento estrutural, por intermédio de ensaios mecânicos (resistência à compressão e resistência à tração por compressão diametral). Foi realizada a técnica de planejamento fatorial 32, sendo consideradas duas variáveis independentes: temperatura máxima que a estrutura foi exposta e tempo de exposição, variando em três níveis cada. Os estudos das propriedades mecânicas foram feitos em temperaturas normais e em altas temperaturas para realizarmos os comparativos e seus efeitos nas construções, trazendo um benefício para sociedade e principalmente para o âmbito da construção civil. Todos os ensaios mecânicos foram realizados em corpos de prova de 5 cm x 10 cm. A absorção de água e a porosidade foram medidas nos concretos fabricados. Nesse estudo, verificamos através de autores analisados, a viabilidade desse material, levando em consideração sua eficiência na recuperação de patologias nas estruturas, desempenho e economia, sendo possível nossa análise para avaliarmos os efeitos dos fatores nas diferentes misturas. Palavras-chave: concreto alta resistência, altas temperaturas e propriedades mecânicas. ABSTRACT High-strength concrete is increasingly being used in tall, slim buildings. The material exhibits low permeability, which is very important to ensure good durability conditions. However, in fire situations, this becomes detrimental to the structure, resulting in rapid deterioration of the material and the spalling effect. Faced with this scenario, it is important to study methods to minimize the deleterious effects due to concrete exposure at high temperatures. The present work aims to study the properties of high-strength concrete under the effect of high temperatures, aiming to analyze the structural behavior, by means of mechanical tests (compressive strength and diametrical compressive strength). The factor planning technique 32 was performed, considering two independent variables: maximum temperature that the structure was exposed and exposure time, varying in three levels each. The mechanical properties were studied at normal temperatures and at high temperatures in order to make the comparisons and their effects on the constructions, bringing a benefit to society and especially to the civil construction field. All mechanical tests were performed on 5 cm x 10 cm specimens. The water absorption and porosity were measured in the manufactured concrete. In this study, we verified through analyzed authors, the viability of this material, taking into consideration its efficiency in the recovery of pathologies in the structures, performance and economy, being possible our analysis to evaluate the effects of factors in the different mixtures. Keywords: high strength concrete, high temperatures and mechanical properties. LISTA DE FIGURAS Figura 2. 1: Materiais Selecionados pelo sistema (S.D.A.) 24 Figura 2. 2: Amostras levada à estufa 25 Figura 2. 3: Minicone utilizado para ensaio de miniabatimento 26 Figura 2. 4: Molde tronco cônico com polímero ABS 26 Figura 2. 5: Demonstração do ensaio de miniabatimento em andamento 27 Figura 2. 6: (a) Cura inicial ao ar e (b) Cura final úmida 30 Figura 2. 7: Forno Mufla Microprocessado - Q318M 34 Figura 3. 1: Materiais para desenvolvimento do concreto 35 Figura 3. 2: Argamassadeira 38 Figura 4. 1: Micrografia do concreto, interface pasta e agregado – Zona de Transição; ampliação de 110x em MEV. 44 Figura 4. 2: Micrografia de varredura, de cristais de hidróxido de cálcio nazona de transição 45 Figura 4. 3: Representação diagramática da zona de transição e da matriz de pastas de cimento no concreto 46 Figura 4. 4: Efeito da idade na resistência de aderência (zona de transição) e na resistência da matriz de pasta de cimento 46 Figura 4. 5: Mapas da fissuração em concreto comum (resistência média). (a) após retração por secagem; (b) após carregamento de curto prazo; (c) carregamento mantido por 60 dias a 65% da resistência a compressão aos 28 dias. 47 Figura 4. 6: Efeito spalling no concreto 58 Figura 4. 7: Tipos de água presentes na pasta do cimento hidratada 60 LISTA DE TABELAS Tabela 2. 1: Dosagem preliminar para volume (L) de um CP 23 Tabela 2. 2: Dosagem preliminar CP V-ARI 24 Tabela 2. 2: Variáveis Independentes 28 Tabela 2. 3: Relação entre as misturas 28 Tabela 3. 1: Resistência à compressão do concreto em função da relação água/cimento 37 Tabela 4. 1: Compostos químicos formado no processo da queima do clínquer e sua importância 41 Tabela 4. 2: Características e uso dos cimentos Portland 42 Tabela 4. 3: Características do Concreto 49 Tabela 4. 4: Parâmetros do concreto 49 Tabela 5. 1: Resultados amostras levadas na estufa 64 Tabela 5. 2: Dosagem CP V-ARI para CP 5 x 10 cm 65 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 5 1: Caracterização da distribuição dos componentes do concreto 63 Gráfico 5 2:Relatório de ensaio de compressão 66 Gráfico 5 3:Relatório de ensaio de compressão 66 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A/C Relação agregado / cimento ABS Acrilonitrila, Butadieno e Estireno ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ACI Instituto Americano de Concreto ACI 363 Propriedades mecânicas de Concreto de Alta Resistência ASTM Sociedade Americana de Ensaios e Materiais C 150 Especificação padrão para cimentos Portland CAR Concreto de Alta Resistência CAD Concreto de Alto Desempenho CEB Comitê de Concreto Euro-Internacional CP V-ARI Cimento Portland V–Alta Resistência Inicial FIP Federação Internacional de Protensão ou Concreto Estrutural MPa Megapascal NBR Norma Brasileira W/C Relação água / cimento W/CM Relação água / materiais cimentantes SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO No final dos anos 1970, o concreto de alta resistência era aquele que apresentava resistência à compressão (fck) superior a 40 Mpa, enquanto o concreto comum tinha resistência à compressão em torno de 20 a 25 Mpa. Nos últimos anos, contudo, a resistência média de ambos os produtos aumentou bastante, juntamente com esse, o aumento das inovações tecnológicas. Com o avanço tecnológico, nasceu também a necessidade do desenvolvimento de novas tecnologias ao estudo do concreto para obtenção de resultados capazes de suprir necessidades reais. Uma das situações responsáveis pelo comprometimento de uma estrutura é a exposição à elevadas temperaturas. A variação térmica é responsável por alterar as propriedades de resistência e deformação dos elementos estruturais de concreto. Sabe-se que a composição do concreto é um dos fatores que deve ser levado em consideração, uma vez que tanto a pasta de cimento quanto o agregado são constituídos de componentes que se alteram e se decompõem, com a exposição ao calor. A umidade inicial, o tamanho da partícula e a taxa de crescimento da temperatura também são fatores influentes, uma vez que governam o desenvolvimento das pressões internas dos produtos gasosos de decomposição (MEHTA & MONTEIRO, 1994). O concreto possui características mecânicas muito específicas que viabilizam sua utilização e fazem com que seja o principal material de construção utilizado no Brasil. Um dos fatores que justificam essa ampla utilização é a sua durabilidade quando submetido a variadas condições incluindo-se nesta categoria as situações de incêndio (METHA e MONTEIRO, 2008). Desta forma, a sanidade das edificações em concreto de alta resistência durante altas temperaturas, passa a constituir um problema potencial que necessita ser solucionado, dado o risco de rompimento repentino que estes materiais estão sujeitos. O presente trabalho apresenta os resultados do concreto estrutural de alta resistência submetido à ação das temperaturas de 200°, 400° e 600°C e análise dessas temperaturas em suas propriedades mecânicas. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivos gerais O objetivo geral deste trabalho é avaliar o comportamento do concreto quando submetidos a diferentes temperaturas e a influência nas suas propriedades mecânicas (resistência à compressão e resistência à tração na flexão), a fim de auxiliar novas pesquisas no tocante a esse tema. O estudo utiliza um planejamento fatorial 32 e análise das propriedades mecânicas das misturas. 1.1.2 Objetivos específicos Os objetivos específicos deste trabalho são: ● Avaliar o efeito do CP V-ARI em temperaturas elevadas; ● Investigar o efeito do CP V-ARI, avaliando as propriedades mecânicas por meio dos ensaios de: resistência à compressão simples, resistência à tração por compressão diametral e absorção da água; ● Estudar o melhor traço para a utilização do CP V-ARI com altas temperaturas; ● Verificar a influência do tempo e da temperatura em cada cura; ● Obter as propriedades de concretos no estado fresco e endurecido após 07, 14 e 28 dias de cura; ● Aplicar a técnica de projeto fatorial 32 para o planejamento das misturas de concreto; ● Viabilizar o desenvolvimento da tecnologia do concreto de alto desempenho para expandir o assunto no meio acadêmico e setorial através da inovação das pesquisas para melhoria em estruturas. 1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA O concreto possui características mecânicas muito específicas que viabilizam sua utilização e fazem com que seja o principal material de construção utilizado no Brasil. Seja por causa acidental ou condições normais de trabalho o concreto pode ser submetido a temperaturas mais altas, para isso é necessário o conhecimento e estudo adequado para que se apresente com uma boa resistência. A boa resistência do concreto, quando submetido a temperaturas mais altas, é devida às características térmicas dos materiais que o compõe, como incombustibilidade, baixo coeficiente de dilatação e condutividade térmica. Porém, o aumento da temperatura nos elementos de concreto provoca redução no módulo de elasticidade e na resistência características de seus materiais constituintes, havendo prejuízos na rigidez do elemento. As características da pasta de concreto, como teor de umidade e as condições para melhorar a resistência, podem acelerar a desagregação do concreto submetido a elevadas temperaturas (COSTA, 2011). Se a pesquisa conseguir superar esses obstáculos, chegando a um traço mais eficiente, podemos contribuir com o concreto do futuro corroborando para as estruturas ao longo de uma vida útil. Ao tratarmos desse assunto, estamos abordando um tema que tem responsabilidade social e que favorece e melhora a durabilidade da estrutura reduzindo seu custo de manutenção e necessidade de reformas ou até mesmo garantindo mais segurança em casos acidentais. 1.3 ABRANGÊNCIA Esse trabalho visa avaliar o efeito do CP V-ARI em altas temperaturas verificando a influência dela nas propriedades mecânicas do concreto, através dos ensaios de resistência à compressão simples, à tração por compressão diametral e absorção de água. Tendo como objetivo a validação de um traço que melhor se adapte em altas temperaturas. Serão produzidos corpos de prova para análise com misturas de concreto CP V-ARI em sua formulação original e realizados os testes mecânicos para obtenção dos resultados que servirão de comparativos para os corpos de prova que serão expostos a altas temperaturas. No estudo de caso foram avaliados somente a exposição e a cura, não foram feitas adições de outrosmateriais na incorporação do concreto nem o desenvolvimento de análises de penetração de água sob pressão ou absorção de água por capilaridade. Devido a inviabilidade da bactéria para a realização do tema inicial proposto, tivemos que alterar nosso tema e devido ao tempo disponível para a pesquisa, foram estabelecidos alguns limites na abrangência da pesquisa: somente foram avaliadas as propriedades mecânicas mais relevantes. 1.4 IMPORTÂNCIA DO TEMA Estarmos preparados para evitar possíveis acidentes que possam vir a acontecer em uma estrutura, faz parte do planejamento. Algumas atividades podem ter como risco o incêndio e a proteção, seja ela por vedação ou formulação de um traço, pode trazer mais segurança e garantia de melhor desempenho. Quando estudamos a influência de altas temperaturas no CAR – Concreto de Alta Resistência, queremos descobrir como seriam as suas reações e o que podemos fazer para evitar, talvez alterando somente o aditivo, a relação água/cimento ou somente será possível se estivermos com aditivos de fibras ou qualquer outro. Queremos somente estar preparados e criar uma linha de estudo que possamos mostrar as reações, efeitos e resultados. 2. MÉTODO DE TRABALHO No presente capítulo será apresentado o método usado para a dosagem, produção, cura e caracterização dos concretos de alta resistência. Os métodos de trabalhos foram executados nas seguintes etapas: 1) Caracterização dos materiais; 2) Dosagem do concreto; 3) Planejamento experimental; 4) Produção das misturas de concreto; 5) Ensaios do concreto no estado fresco; 6) Ensaios do concreto no estado endurecido; 2.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS 2.1.1 Análise Granulométrica O ensaio de granulometria é utilizado para determinar a distribuição granulométrica do solo, ou em outras palavras, a percentagem em peso que cada faixa especificada de tamanho de grãos representa na massa seca total utilizada para o ensaio. Em solos possuindo quantidades de finos significativos, deve-se proceder ao ensaio de granulometria conjunta, que engloba as fases de peneiramento e sedimentação. A granulometria da areia é realizada colocando nove peneiras empilhadas da menor para a maior, colocando o material e levando até o vibratório para peneirar a areia. Com os pesos retidos em cada peneira acha-se a amostra retida. Através dos resultados obtidos deste ensaio, é possível a construção da curva de distribuição granulométrica, que possui fundamental importância na caracterização geotécnica do solo. O ensaio de análise granulométrica do solo está normalizado pela ABNT/NBR 7181/82. Uma das formas de se determinar o melhor empacotamento de partículas é o estabelecimento de curvas granulométricas ideais por meio dos modelos de empacotamento. Tendo-se uma curva ideal (teórica), busca-se uma combinação entre as partículas dos materiais disponíveis de forma a se aproximar o máximo possível desta curva ideal. Isso pode ser feito por meio da otimização computacional do sistema granular constituinte da mistura, com o auxílio de planilhas eletrônicas. O resultado de uma análise granulométrica pode ser interpretado muito mais facilmente quando representado graficamente. Com a curva granulométrica é possível ver, num simples relance, se a granulometria da amostra se enquadra em uma especificação, ou se é muito grossa ou muito fina, ou deficiente em um determinado tamanho. (NEVILLE, 1997). 2.2 DOSAGEM DO CONCRETO Para desenvolver a dosagem do CP utilizamos os seguintes materiais: microsílica, pó de quartzo, areia e cimento, dos quais foram obtidos nas regiões do estado de São Paulo. Na dosagem de concreto iremos tratar sobre dois traços experimentais que serão avaliados e terão as suas resistências comparadas, para assim chegarmos ao traço definitivo que obteve o melhor desempenho mecânico. 2.2.1 Traço Experimental Para a composição dos materiais no traço experimental foi utilizado o modelo de empacotamento de “Andreassen Modificado”. Os modelos de empacotamento de partículas se apresentam através de equações matemáticas que prescrevem como partículas de diferentes tamanhos irão interagir geometricamente. Tais modelos calculam a densidade de empacotamento teórica de uma mistura baseado na distribuição granulométrica e na densidade de empacotamento de um determinado grupo de partículas. A dosagem teórica efetuada pelo no Excel com intuito de alcançar o menor desvio padrão entre a porcentagem da mistura calculada com a do método adotado (Gráficos 2.1), o qual adotou-se o coeficiente “q” de 0,25. Apresentando a curva granulométrica ideal ao grupo de materiais selecionadas a dosagem (Gráfico 2.1). Com base na dosagem preliminar conseguimos ter uma base para obtermos assim nossa dosagem definitiva, para o traço foi considerado uma relação a/c de 0,30 e 1,8% de aditivo (Tabela 2.1). Gráfico 2. 1: Dosagem (%) através do método de Andreassen Modificado Fonte: dos autores. Tabela 2. 1: Dosagem preliminar para volume (L) de um CP Componente γ(g/cm³) Volume seco (l) Massa (g) Traço em massa Areia 80/100 2,65 0,061 161,20 0,27 Areia 40/500 2,65 0,044 117,14 0,19 Cimento 3,10 0,055 171,63 0,28 Microsílica 2,20 0,016 34,33 0,06 Pó de quartzo 2,65 0,024 63,60 0,11 Água 1,00 - 51,49 0,09 Superplastificante 1,10 - 3,09 0,01 Fonte: dos autores Também realizamos outro traço para verificar a maior resistência entre ambos. Nessa nova mistura foi utilizado o Sistema Dinâmico Adaptativo (S.D.A) onde a dosagem teórica foi efetuada pelo sistema que apresenta uma curva granulométrica ideal para o grupo de materiais selecionados, assim com o módulo de distribuição adequado, representado na Figura 2.1 e o traço, representado na Tabela 2.2. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 C P V -A R I (% ) Diâmetro (μm) Método de Andreassen Modificado Andreassen Modificado (%) Mistura (%) Figura 2. 1: Materiais Selecionados pelo sistema (S.D.A.) Fonte: dos autores Tabela 2. 2: Dosagem preliminar CP V-ARI Componente Massa (Kg) Massa Específica (Kg/m³) Proporção Areia 80/100 672 2650 1,01 Areia 40/500 490 2650 0,74 Cimento 665 3100 1,00 Microsílica 108 2200 0,16 Pó de quartzo 180 2650 0,27 Água 230 1000 0,35 Superplastificante 11,97 1080 0,018 Fonte: Pauliqueves (2008) 2.2.1.1 Teste de umidade Realizamos o teste de umidade para que tenhamos um traço definitivo. De acordo com a norma NBR 6467 (2006) as amostras (Figura 2.1) foram levadas à estufa para secagem e coleta dos resultados, conforme prescreve a supracitada norma. Cada amostra continha um pouco areia, que foi levada à estufa e retirada após 24hs. Foram ao todo 6 amostras, sendo 3 delas da areia 40/50 e 3 amostras da 80/100. Figura 2. 2: Amostras levada à estufa Fontes: dos autores. Para o cálculo do teor de umidade com material contido em cada uma das cápsulas, foi utilizado a seguinte equação (Eq. 01). ℎ = 𝑚𝑖 − 𝑚𝑓 𝑚𝑓 − 𝑚𝑐 𝑥100 (Eq.01) Onde: h = teor de umidade do agregado em porcentagem; mi = massa inicial da cápsula com areia úmida (g); mf = massa da cápsula com a areia após a secagem (g); e mc = massa da cápsula vazia (g). As propriedades do concreto podem ser comprometidas quando o concreto é submetido de alguma forma a elevadas temperaturas. Embora este material apresente uma boa resistência ao fogo, suas propriedades podem ser alteradas dependendo de alguns fatores, tais como: temperatura máxima a que a estrutura foi exposta, tempo de exposição, velocidade de resfriamento e etc. 2.2.1.2 Mini Slump MONTE (2003, p. 24) explica que o método de mini-abatimento foi desenvolvido por KANTRO (1980) e adotado em algumas pesquisas nacionais e internacionais para a determinação daconsistência de pastas de cimento com aditivos superplastificantes. Esse método é composto por um molde tronco-cônico em acrílico e uma placa de vidro. No caso no nosso trabalho foi utilizado o molde com polímero ABS (resina termoplástica derivada do petróleo. Formado por três monômeros: Acrilonitrila, Butadieno e o Estireno, moldado pela impressora 3D da Universidade Anhembi Morumbi. Figura 2. 3: Minicone utilizado para ensaio de miniabatimento Fonte: Monte (2003) Figura 2. 4: Molde tronco-cônico com polímero ABS Fonte: dos autores Sob a placa de vidro, é posicionada uma folha de papel milimetrado, utilizada para medir dois diâmetros ortogonais da pasta após a remoção do molde, conforme mostra a figura 2.5 abaixo. Calcula-se a média dos dois diâmetros medidos, e após obtêm-se a área de espalhamento da pasta (MONTE, 2003, p. 23-95). A perda de abatimento já foi motivo de estudo de vários pesquisadores, que indicaram que os fatores que afetam o abatimento com o passar do tempo são (HARTMANN, 2002, p. 33): ● Teor e tipo de aditivo utilizado; ● Instante em que o produto foi adicionado à mistura; ● Abatimento inicial da mistura; ● Procedimento de mistura; ● Temperatura do ambiente e do concreto. Figura 2. 5: Demonstração do ensaio de miniabatimento em andamento Fonte: Monte (2003) A perda de abatimento já foi motivo de estudo de vários pesquisadores, que indicaram que os fatores que afetam o abatimento com o passar do tempo são (HARTMANN, 2002, p. 33): ● Teor e tipo de aditivo utilizado; ● Instante em que o produto foi adicionado à mistura; ● Abatimento inicial da mistura; ● Procedimento de mistura; ● Temperatura do ambiente e do concreto. Segundo NEVILLE (1997, p. 267), a eficiência dos superplastificantes para impedir a re-aglomeração das partículas de cimento persiste apenas quando houver moléculas de superplastificantes disponíveis para envolver as superfícies expostas das partículas de cimento. Como parte das moléculas de superplastificante ficam aprisionadas pelos produtos de hidratação do cimento, a disponibilidade de superplastificante e a trabalhabilidade da mistura também diminui rapidamente. 2.3 DETERMINAÇÃO DE MISTURAS - PLANEJAMENTO FATORIAL 3² Neste trabalho para as misturas e seguindo o projeto Fatorial 3², iremos considerar as duas variáveis independentes: temperatura máxima que a estrutura foi exposta e tempo de exposição. Tabela 2. 2: Variáveis Independentes Variáveis Independentes Variação 01 Temperatura máxima (ºC) k 200 400 600 Variação 02 Tempo de exposição (horas) k 1h00 1h30 3h00 Fonte: dos autores Para estabelecer a relação entre as misturas e sua composição definitiva, considerando a dosagem preliminar e as variáveis independentes para montagem dos CP´s e para as 9 misturas, conforme Tabela 2.3. Tabela 2. 3: Relação entre as misturas Misturas n° de CP Composição Compressão Axial T (ºC) E (horas) 1 3 200 1h00 2 3 200 1h00 3 3 200 1h00 4 3 400 1h30 5 3 400 1h30 6 3 400 1h30 7 3 600 3h00 8 3 600 3h00 9 3 600 3h00 Padrão 3 - - Fonte: dos autores 2.4 PRODUÇÃO DAS MISTURAS DE CONCRETO As misturas foram realizadas primeiro somente com o CP V-ARI e depois realizado a alteração do traço e a exposição a altas temperaturas. 2.4.1 Mistura dos materiais O procedimento de produção dos corpos-de-prova cilíndrico seguiu a norma NBR NM 67 (1998). Os materiais foram misturados em uma argamassadeira comum com capacidade para 5 litros, no Laboratório de Materiais de Construção – Unidade 7 – Universidade Anhembi Morumbi, Vila Olímpia. A adição dos materiais na argamassadeira obedeceu a seguinte ordem: 1) Introdução de todos os materiais secos; 2) Acionamento do argamassadeira 3) Adição de 70% da água do traço; 4) Adição do superplastificante; 5) Adição do restante da água do traço. Após introduzirmos os materiais secos na argamassadeira, realizamos a mistura por minutos, seguidos por mais 3 minutos após com os 70% de água do traço. Após os 6 minutos passados foi adicionado à mistura o superplastificante e deixado por mais 6 minutos. Por último, adicionamos o restante da água e deixamos misturar por mais 6 minutos. O ideal para o concreto de alta resistência é que todo esse processo seja feito em velocidade lenta, cerca de 100 rpm, mas as argamassadeiras tem o mínimo de 140 rpm, sendo essa velocidade utilizado por todo processo. A argamassadeira não precisou ser untada, já os corpos de prova tiveram a necessidade para que não houvessem fissuras ao desmoldar. 2.4.2 Moldagem dos corpos de prova (CPs) A moldagem dos corpos de prova seguiu as normas da NBR 5738 (2003). Foram utilizados moldes metálicos cilíndricos com dimensões de 5 cm x 10 cm, adensadas manualmente. Inicialmente foram 6 corpos de prova respectivos a cada traço para determinação de sua resistência e depois mais 6 corpos de prova. 2.4.3 Cura do concreto Seguindo a NBR 7215 (1996), fizemos a cura inicial ao ar, onde logo após a moldagem, os corpos-de-prova, ainda nos moldes, foram colocados em repouso, onde permaneceram durante 24h com a face superior protegida por uma placa de vidro plano. Terminado o período inicial de cura, os corpos-de-prova foram retirados das formas, identificados e imersos no tanque de água (não corrente) onde permaneceram até o momento do ensaio. Desde o momento do desmolde até o instante do ensaio de compressão, os corpos-de-prova foram protegidos de maneira que toda a superfície permaneceu úmida. Figura 2. 6: (a) Cura inicial ao ar e (b) Cura final úmida (a) (b) Fonte: dos autores 2.5 ENSAIO DO CONCRETO NO ESTADO FRESCO As propriedades do concreto no estado fresco são determinadas pela porosidade, massa específica, composição granulométrica, forma e textura superficial do agregado. Já as propriedades do estado endurecido são influenciadas pela composição mineralógica e pela porosidade do agregado (METHA; MONTEIRO, 2014). Observa-se que, para ambos os ensaios de caracterização em estado fresco, foram utilizadas como referência do procedimento experimental adotado, normas técnicas de argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos. Isso foi feito, pois o CP produzido se assemelha a uma argamassa em termos de composição, já que não apresenta o agregado graúdo. Desse modo, as dimensões dos equipamentos comumente utilizados em ensaios de argamassas são compatíveis com o uso para a caracterização dos CPs. 2.5.1 Índice de consistência A consistência foi determinada para cada ensaio e medida imediatamente após a finalização de operação de mistura. As misturas foram adicionadas em um minicone de KANTRO (2003) de polímero ABS com 6 cm de altura, base inferior de 4 cm de diâmetro e base superior de 2 cm de diâmetro (Figura 2.2). Aplicou-se cinco golpes com bastão de vidro para melhorar o adensamento da pasta, evitando assim a formação de bolhas no interior. Feito isto, o excesso da parte superior foi retirado. Em seguida, o cone foi levantado rapidamente e o espalhamento medido. 2.6 ENSAIO DO CONCRETO NO ESTADO ENDURECIDO 2.6.1 Resistência à compressão A propriedade mais relevante do concreto no estado endurecido é a resistência à compressão, que é medida através de um esforço solicitante por uma prensa hidráulica (ROHDEN, 2011). Até a idade de ensaio, os corpos de prova e testemunhos foram mantidos em processo de cura úmida nas condições preconizadas. O ensaio de determinação da resistência à compressão foi realizado de acordo com a norma NBR 5739 (2007) - Concreto – Ensaio de Compressão de Corpos-de-prova Cilíndricos com o auxílio de uma prensa hidráulica, marcaEMIC, modelo PC 200 C, com capacidade nominal de 200.000 kgf, no laboratório de Materiais de Construção Civil, do departamento de Engenharia Civil da UAM – Vila Olímpia. Antes de iniciar o ensaio, as faces dos pratos e do corpo de prova foram limpas e secas antes destes serem colocados em posição de ensaio. O corpo de prova foi cuidadosamente centralizado no prato inferior, com o auxílio dos círculos concêntricos de referência, observando-se o sentido de moldagem. Antes de cada rompimento, cada corpo-de-prova passou pelo procedimento de retificação. 2.6.2 Resistência à tração por compressão diametral A aparelhagem com a qual se realiza o ensaio deve ser a mesma definida para a execução dos ensaios de resistência à compressão de argamassa e concreto, conforme NBR 7222 - Concreto e argamassa — Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos. O método compreende na determinação da resistência à compressão de corpos-de-prova cilíndricos. O ensaio de compressão diametral, ou o “Ensaio Brasileiro” como também é conhecido, é um método para a determinação da resistência mecânica aos esforços de tração de grande popularidade na área de caracterização de materiais, sendo aplicado ao concreto. O local de origem da fissura não coincide com o centro do cilindro em diversos ensaios, o que indica que a ruptura não ocorreu conforme prevê a teoria que dá embasamento ao método. Dessa maneira, é evidenciado que a formulação utilizada para o cálculo da resistência à tração pode ser considerada apenas uma aproximação do real valor característico do concreto. Os corpos de prova devem ser mantidos úmidos durante o tempo compreendido entre o momento de remoção da câmara úmida e o início do ensaio. Admite-se a adaptação de dispositivos complementares às máquinas, cujos pratos apresentem o diâmetro ou a maior dimensão, inferior à altura do corpo-de-prova. De acordo com a NBR 7222 (2011) a resistência à tração de cada corpo de prova pode ser determinada através da equação 01. 𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 = 2 𝐹 𝜋. 𝑑. 𝑙 (Eq.01) Onde: 𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝= é a resistência à tração por compressão diametral, expressa com três algarismos significativos, em mega pascal (MPa); F = é a força máxima obtida no ensaio, expresso em Newton (N); d = Espessura do corpo de prova (mm) d = é o diâmetro do corpo de prova, expresso em milímetros (mm); l = é o comprimento do corpo de prova, expresso em milímetros (mm). 2.6.3 Absorção de água, índice de vazios e massa específica Para estes ensaios foram seguidas as especificações da NBR 9778 (2005) – Argamassa e concretos endurecidos - Determinação da absorção de água e massa específica. Nela foi definida a expressão da absorção de água (Eq.02). Também foram estabelecidos os índices de vazios, que é a relação entre os volumes de poros permeáveis e o volume total, sendo calculada por uma expressão (Eq. 03). A saturação do corpo-de-prova pode ser feita através da imersão em água à temperatura de (23 ± 2) °C. Após a retirada das amostras da água, secou-se a superfície com um pano seco para remover a água superficial, e pesou-se as amostras novamente (msat). Levamos a uma estufa para secagem, por 24hs e após retirada da estufa, as massas das amostras foram registradas com auxílio da balança hidrostática (mi). A absorção é definida pela equação 02, o índice de vazios, pela equação 03, a massa específica da amostra seca, pela equação 04, a massa específica da amostra saturada, pela equação 05, e a massa específica real, pela equação 06. 𝐴𝐵𝑆 = 𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑠𝑒𝑐 𝑚𝑠𝑒𝑐 𝑥 100 (Eq.02) 𝐼𝑉 = 𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑠𝑒𝑐 𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑖 𝑥 100 (Eq.03) 𝜌𝑠 = 𝑚𝑠 𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑖 (Eq.04) 𝜌𝑠𝑎𝑡 = 𝑚𝑠𝑎𝑡 𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑖 (Eq.05) 𝜌𝑟 = 𝑚𝑠 𝑚𝑠 − 𝑚𝑖 (Eq.06) Onde: ABS: absorção (%) IV: índice de vazios (%) 𝜌𝑠: massa específica da amostra de concreto seca 𝜌𝑠𝑎𝑡: massa específica da amostra de concreto saturada (g) 𝜌𝑟: massa específica real do concreto (g) msec: massa da amostra seca em estufa (g) msat: massa da amostra saturada em água após imersão e fervura (g) ms: massa da amostra seca em estufa (g) mi: massa do corpo de prova saturado, imerso em água (após fervura) (g) 2.7 CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA EM ALTA TEMPERATURA O fogo em edificações é um evento que deve ser evitado e combatido de todas as maneiras possíveis. Embora tenham baixa probabilidade de ocorrência, incêndios podem ocorrer em qualquer lugar e a qualquer período da vida da edificação, seja em fase de construção, de serviço ou reformas. Suas origens podem ser das mais variadas, como simples curtos-circuitos em equipamentos elétricos ou mesmo atos criminosos. A elevação gradual da temperatura causa efeitos distintos no concreto, que pode ir de uma simples alteração da coloração, devido à calcinação superficial, até a perda de resistência mecânica, esfarelamento superficial ou a própria desintegração da estrutura. Para estudarmos os efeitos das altas temperaturas, os corpos de prova após 7, 14 e 28 dias de cura molhada foram submetidos ao forno, também conhecido como “mufla”, que é uma estufa onde serão examinamos os efeitos de temperaturas elevadas nas propriedades mecânicas do concreto. As temperaturas de estudo são 200 ºC, 400 ºC e 600 ºC e por variação de tempo de exposição de 1h00, 1h30 e 3h00 horas para análise. Após serem removidos da estufa, os corpos serão levados para a realização dos ensaios de resistência à compressão e resistência à compressão axial. Assim, com os resultados em mãos, sejam feitas as análises comparativas com os corpos de prova íntegros. Figura 2. 7: Forno Mufla Microprocessado - Q318M Fonte: dos autores. 3. MATERIAIS E FERRAMENTAS Os materiais que serão utilizados para a confecção dos concretos serão destacados e suas características fornecidas. Além dos materiais indicados abaixo, também iremos utilizar a água potável, fornecida pela concessionária local. 3.1 MATERIAIS: DESENVOLVIMENTO DO CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA Para o desenvolvimento do concreto CPV-ARI, foram misturados: cimento, areias, pó de quartzo, microssílica, aditivo superplastificante e água (Figura 3.1). Figura 3. 1: Materiais para desenvolvimento do concreto Fonte: dos autores. 3.1.1 Areia AREIA 40/50 SG (Utilizado Areia Quartzosa Industrial AG, com nomenclatura de Areia Quartzo Industrial AG – 40/50 SG) e AREIA 80/100 SG (Utilizado Areia Quartzosa Industrial AG, com nomenclatura de Areia Quartzo Industrial AG – 80/100 SG) Foi adotada areia fornecida pela Mineração Jundú. A porcentagem de quartzo (SiO2) é de 99,62%, sendo assim, definida como uma areia quartozita. Segundo a NBR 7211 (1983) esta areia foi classificada como muito fina. 3.1.2 Cimento O cimento Portland utilizado foi o Votoran CP V-ARI, fabricado pela empresa Votorantim Cimentos, respeitando a NBR 5733 (1991). Com composição de clínquer e gesso 95 a 100% e calcário de 0 a 5%. É um cimento de alta resistência inicial. Sua massa específica é igual a 3.100 kg/m³, superfície específica de 4.078 m²/kg resistência a compressão de 51,2 MPa aos 28 dias (valores fornecidos pelo fabricante). 3.1.3 Aditivo superplastificante Foi utilizado o superplastificante da empresa BASF - linha MasterGlenium® 51. É um aditivo hiperplastificante usado para todos os tipos de concreto e compatível com todos os cimentos. O manual do produto especifica que é feito com base em uma solução aquosa à base de éter carboxílico modificado ou policarboxilatos. É um líquido viscoso com coloração amarelo a castanho, inodoro. Seu pH aproximado é de 6,6 (20°C). 3.1.4 Pó de quartzo O pó de quartzo 500 U fornecido pela empresa Brasil Minas, com o dióxido de Silício (SiO2) sendo o principal itemde sua composição. Sua composição completa está em: 99,66% de SiO2, 0,15% de Ai2O3, 0,04% de Fe2O3 e 0,10% de TiO2.. O peso específico (g/m³) está entre 2,50 e 2,90 e o tamanho médio das partículas (𝜇𝑚) entre 2,40 a 3,30. 3.1.5 Sílica ativa A sílica ativa utilizada foi a Microsilica 920 U ASTM, fornecida pela empresa Elkem Materials South America Ltda. A sílica atende a norma brasileira NBR 13956/2012. Apresenta como seus elementos de composição 85,0% de SiO2, 3,0 % de H2O, índice de atividade pozolânica aos 7 dias 105% e partículas > 45 µm (325 mesh) 10,0%. 3.1.6 Relação a/c Existe uma relação entre o fator água/cimento e a resistência, tanto para o concreto convencional quanto para o concreto de alto desempenho. Quanto mais baixa for a relação, maior a resistência. Esse fenômeno é atribuído, principalmente, à redução da porosidade. Segundo AÏTCIN (2000), a resistência à compressão do concreto de alto desempenho está diretamente ligada à redução da relação água/cimento, que varia de forma inversamente proporcional, de acordo com a Tabela 3.1. Tabela 3. 1: Resistência à compressão do concreto em função da relação água/cimento Relação a/c Faixa de resistência à compressão máxima MPa 0,40 – 0,35 50 - 75 0,35 – 0,30 75 – 100 0,30 – 0,25 100 – 125 0,25 – 0,20 >125 Fonte: AÏTCIN (2000) AÏTCIN; NEVILLE (1993) afirmam que a relação água/cimento necessária para hidratar o cimento é 0,22, mas é preciso uma quantidade adicional para adequar a trabalhabilidade. No entanto, o uso de aditivos superplastificantes compensa parte dessa necessidade. A porosidade do concreto endurecido também é determinada pela relação água/cimento, que além do adensamento, influência no volume de vazios do concreto e consequentemente no valor da resistência. 3.2 FERRAMENTAS Foram utilizados na produção dos concretos cimento CPV-ARI, areia Mineração Jundú, sílica ativa Elkem Microsilica 920U, pó de quartzos de lâmina de 2,5mm, aditivo superplastificante (MasterGlenium 51) e água. Todos os materiais pulverulentos e granulares utilizados (cimento, microssílica e quartzo) foram caracterizados tanto à sua massa específica, quanto à distribuição granulométrica. Todos os materiais para dosagem foram pesados na balança eletrônica com precisão de 0,1g, com microprocessador com display digital de cristal líquido (LCD); com capacidade de carga máxima (g): 5010. Para a realização da mistura do concreto e da moldagem dos corpos de prova será utilizado argamassadeira eletro-mecânica I-3010 (misturadora de argamassa) para mistura do cimento e os demais materiais. O equipamento possui cuba de capacidade para 5 Litros, pá em aço inoxidável com sistema de engate rápido e duas velocidades, da qual só iremos utilizar a velocidade mais baixa de 140 rpm (Figura 3.2). Figura 3. 2: Argamassadeira Fonte: dos autores. Também serão utilizadas as seguintes ferramentas: máquina universal de ensaios e recipiente para cura dos CPs de tamanho 5 cm x 10 cm, pincel para lubrificar os moldes, pá para auxílio da distribuição do concreto nos CPs. Para a dosagem do superplastificante foram utilizados mini slump produzido pela impressora 3D da universidade, vidro para adensamento e folha milimetrada. Os ensaios de resistência à compressão foram realizados em uma prensa mecânica presente no laboratório de Materiais de Construção localizado no Subsolo da Unidade 7 da Universidade Anhembi Morumbi – Vila Olímpia. Para o estudo em altas temperaturas os CPs foram alocados no Forno Mufla Microprocessado - Q318M, que possui uma faixa inicial de trabalho em 300ºC e com temperatura máxima de trabalho: 1200ºC; os materiais de segurança foram fornecidos pelo laboratório, como luvas térmicas e óculos de proteção. 4. REVISÃO DA LITERATURA 4.1 CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND O concreto de cimento Portland deve conter cimento, água, agregados como areia e brita, e ainda pode conter aditivos especiais, pigmentos, fibras e adições minerais, cujos empregos tornam-se cada vez mais frequentes nos concretos atuais. A proporção entre os diversos materiais é estudada constantemente pela tecnologia do concreto, para que se possam atender as propriedades mecânicas, físicas e de durabilidade do concreto. Além das características de trabalhabilidade necessárias para o transporte e lançamento. Condições estas que variam caso a caso (HELENE e ANDRADE, 2007). Por meio das dosagens da mistura, chamados traços, podemos classificar o concreto em três classes básicas: de densidade normal, concreto leve e concreto pesado. Também podem ser classificados de acordo com a sua resistência, sendo: baixa resistência, que se apresenta com menos de 20 MPa e não indicado para finalidade estrutural; resistência normal, de 20 a 50 MPa e de alta resistência, acima de 50 MPa, que tem sido utilizado em estruturas de diversas partes do mundo, porém, no Brasil sua utilização não é tão disseminada. 4.2 COMPONENTES DA ESTRUTURA DO CONCRETO Os principais componentes para a produção do concreto – cimento Portland, agregado e água – são relativamente baratos e facilmente encontrados em todos os lugares do mundo, por isso, atualmente é um dos materiais mais utilizados na construção. Segundo AÏTCIN (2000), a seleção dos materiais e a otimização dos constituintes de um CAR (concreto de alto desempenho) trata-se mais de uma arte do que de uma ciência. E a melhor forma de garantir a seleção da maioria dos materiais adequados é por meio de ensaios em laboratório. Os materiais e princípios utilizados para a obtenção dos concretos convencionais não são os mesmos para serem aplicados na produção de CAR. 4.2.1 Cimento Portland O cimento Portland é um material pulverulento, constituído de silicatos e aluminatos de cálcio, praticamente sem cal livre. Esses silicatos e aluminatos complexos, ao serem misturados com água, hidratam-se e produzem o endurecimento da massa, que pode então oferecer elevada resistência mecânica (PETRUCCI, 2005). A norma brasileira ABNT NBR 5732:1991 define o cimento Portland comum como um aglomerante hidráulico obtido pela moagem do clinquer Portland ao qual se adiciona, durante a operação, a quantidade necessária de uma ou mais formas de sulfato de cálcio, durante a moagem é permitido adicionar a esta mistura materiais pozolânicos, escórias granuladas de alto-forno e/ou materiais carbonáticos em quantidades limitadas. Seu nome foi dado pois, depois de solidificado, se assemelha às pedras e às rochas calcárias existentes na ilha de Portland, no sul da Inglaterra. No brasil os primeiros projetos datam de 1888 e apesar dessa implantação, a Companhia Brasileira de Cimento Portland iniciou a sua produção industrial efetivamente apenas em 1924, no estado de São Paulo. 4.2.2 Processo de fabricação do cimento Portland Segundo a norma da NBR 5732 (1991), o cimento Portland Comum é obtido pela moagem de Clínquer Portland, onde durante a operação é adicionado quantidade necessária de uma ou mais formas de sulfato de cálcio. Durante a moagem é permitido adicionar a essas misturas de materiais pozolânicos, escória granuladas de alto forno e outros materiais carbonáticos, nos teores especificados sendo possível obter variações do produto inicial. NEVILLE (1997) explica que o processo de fabricação do cimento Portland consiste essencialmente em moer a matéria prima, misturá-la intimamente nas proporções adequadas e queimar essa mistura em um grande forno rotativo até a temperatura de aproximadamente 1450°C. Nessa temperatura, o material sofre uma fusão incipiente formando pelotas, conhecidas como clínquer. O clínquer é resfriado e moído até um pó bem fino com a adição de um pouco de gesso, resultando o cimento Portland comercial largamente usado em todo mundo. De acordo com a IndústriaBrasileira de Cimento (2012) o cimento Portland é um material diretamente ligado ao desenvolvimento da construção civil, devido a sua grande utilização em várias etapas da produção. O cimento pertence à classe de aglomerantes hidráulicos, este tipo de material ao entrar em contato com a água sofre um processo físico-químico, tornando-se um elemento sólido com grande resistência a compressão, água e sulfatos. 4.2.3 Composição presente no cimento Portland Os compostos presentes no Portland são anidros, mas, quando postos em contato com a água, reagem com ela, formando produtos hidratados. “A função do cimento ao se misturar com a água é aglomerar partículas e realizar sua ligação pela formação de produtos hidratados com desenvolvimento de resistência mecânica” (CINCOTTO, 2011). O produto resultante de uma mistura de argila e de calcário é o Cimento Portland, que através da mistura e da queima de componentes químicos, origina-se o clínquer, que apresenta várias combinações químicas ocorridas no processo da queima, que são transformados quatro compostos, sendo eles: Tabela 4. 1: Compostos químicos formado no processo da queima do clínquer e sua importância Composto Fórmula Notação abreviada Importância Silicato tricálcio 3CaO.SiO2 C3S Responsável pela resistência, especialmente no primeiro mês de cura; Liberação do calor de hidratação; Rapidez do tempo de pega. Silicato dicálcio 2CaO.SiO2 C2S Responsável pelo processo de endurecimento e ganho de resistência no período de um ano ou mais. Aluminato tricálcio 2CaO.Al2O3 C3A Responsável pela resistência no primeiro dia. Ferroaluminado tetracálcico 4CAO.Al2O3.Fe2O3 C4AF Não há contribuição. Fonte: dos autores Além desses componentes, é possível adicionar outros, com o objetivo de alterar suas características ou simplesmente reduzir o consumo de energia durante o processo de fabricação. Conhecer sobre a porcentagem de cada componente é importante, pois é ela quem determina as características do cimento. Existem vários tipos de cimento disponíveis no mercado, já que eles variam de acordo com os aditivos utilizados no processo de fabricação e a resistência à compressão. Para cada tipo de cimento é determinado o tipo de adição a ser utilizado e a quantidade devida seguindo as normas ABNT. A Tabela 4.2 abaixo apresenta os tipos, quantidades e principal recomendação de utilização para os tipos de cimento comercializados no Brasil. Tabela 4. 2: Características e uso dos cimentos Portland Tipo de Produto Sigla Adições Características de uso Cimento Portland Comum CP I Não possui adições. Adequado para uso em construções de concreto em geral quando não há exposição a sulfatos do solo ou de águas subterrâneas. Cimento Portland Comum CP I-S ≅ 5% material pozolânico em massa. Adequado para uso em construções de concreto em geral, material adicionado garante menor permeabilidade ao material. Cimento Portland Composto CP II-E 6% a 34% de escória, pode conter adição de material carbonático no limite máximo de 10% em massa. Recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor moderadamente lento ou que possam ser atacadas por sulfatos. Cimento Portland Composto CP II-Z 6% a 14% de material pozolânico e até 10% de material carbonático. Recomendado para obras subterrâneas, principalmente com presença de água, inclusive marítimas. Cimento Portland Composto CP II-F 6% a 10% em teor de fíler calcário Ideal para utilização em estruturas de concreto armado em geral. Não é o mais indicado para aplicação em meios muito agressivos. Cimento Portland de Alto Forno CP III Escória no teor de 35% a 70% em massa Ideal para estruturas em geral, mas é particularmente vantajoso em obras de concreto- massa, tais como barragens, peças de grandes dimensões. Cimento Portland Pozolânico CP IV Alto teor de pozolana, entre 15 e 50% É altamente eficiente em argamassas de assentamento e revestimento, em concreto magro, concreto armado, concreto para pavimentos e solo-cimento. Cimento Portland de Alta resistência Inicial CPV-ARI Não há adições. O clínquer utilizado aqui possui quantidades diferenciadas de calcário e argila, além de uma moagem mais fina. É largamente utilizado em produção industrial de artefatos, onde se exige desforma rápida, concreto protendido pré e pós- tensionado, pisos industriais e argamassa armada. Cimento Portland Resistente a Sulfatos RS - Resistência aos meios agressivos sulfatados, tais como os encontrados nas redes de esgotos de águas servidas ou industriais, na água do mar e em alguns tipos de solos. Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação BC - Tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em grandes peças, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica. Cimento Portland Branco CPB A coloração é atingida pela utilização de matérias-primas com baixo teor de manganês e ferro, além de caulim no lugar da argila. Pode ser usado como cimento estrutural ou não estrutural em rejuntes de cerâmicas. Fonte: ABNT, 2009. 4.2.4 Agregados WOODS (1960) define agregado como sendo uma mistura de pedregulho, areia, pedra brita, escória ou outros materiais minerais usado para a combinação com um ligante e a formação do concreto, argamassa, etc. Em geral, os agregados para concreto são areia, pedregulho e pedra britada, procedentes de jazidas naturais, e são, portanto, designados como agregados naturais. As características relevantes do agregado para a composição do concreto incluem: porosidade, composição ou distribuição granulométrica, absorção de água, forma e textura superficial, resistência à compressão, módulo de elasticidade e tipo de substâncias deletérias presentes. Os agregados devem ser compostos por grãos de minerais duros, compactos, estáveis, duráveis e limpos, e não devem conter substâncias de natureza e em quantidade que possam afetar a hidratação e o endurecimento do cimento, a proteção da armadura contra a corrosão, a durabilidade ou, quando for requerido, o aspecto visual externo do concreto. De acordo com a ABNT NBR 7211 (2005), os agregados são definidos, como: agregado miúdo, agregado graúdo e agregado total. Os agregados miúdos são aqueles cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 150 µm. Os agregados graúdos possuem grãos que passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 4,75 mm. O agregado total é o material resultantes da britagem de rochas cujo beneficiamento resulta numa distribuição granulométrica constituída por agregados graúdos e miúdos ou por mistura intencional de agregados britados e areia natural ou britada, possibilitando o ajuste da curva granulométrica em função das características do agregado e do concreto a ser preparado com esse material. 4.2.5 Zona de Transição A zona de transição, ou zona de interface, corresponde a uma camada delgada tipicamente de 10 a 50 μm de espessura ao redor dos agregados. Esta região é, em regra, menos resistente que a pasta de cimento, e, portanto, exerce grande influência sobre o comportamento mecânico do concreto (NEVILLE, 1997). Devemos nos importar em estudar a microestrutura da pasta na região de contato entre a pasta de cimento e o agregado, pois a resistência pode ser menor que a resistência do agregado ou da própria pasta. Sendo assim a zona de transição passa a ser uma zona de fraqueza no desenvolvimento das propriedades do concreto. As diversidades nas microestruturas podem levar a efeitos sobre a resistência mecânica e em sua durabilidade. Assim, além da evolução da microestrutura, como resultado das transformações químicas que ocorrem após o cimento entrar em contato com a água, devem-se levar em conta certaspropriedades reológicas da pasta fresca de cimento, as quais também influenciam determinantemente a microestrutura da pasta endurecida. Como exemplo, as partículas anidras de cimento têm a tendência a se atraírem e formar flocos, os quais aprisionam grande quantidade de água e mistura (MEHTA & MONTEIRO, 2014). Figura 4. 1: Micrografia do concreto, interface pasta e agregado – Zona de Transição; ampliação de 110x em MEV. Fonte: Mehta & Monteiro (2014) 4.2.5.1 Estrutura da Zona de Transição Segundo a descrição dada por MASO (1980), as suas características estruturais acompanham uma sequência de desenvolvimento a partir do lançamento do concreto. Primeiro, em concreto recentemente compactado, um filme de água forma-se ao redor das partículas grandes de agregado. Isto pode levar a uma relação água/cimento mais elevada na proximidade do agregado graúdo do que longe dele (i.e., na matriz de argamassa). Em seguida, analogicamente a matriz, os íons de cálcio, sulfato, hidroxila, e aluminato formados pela dissolução dos compostos de sulfato de cálcio e de alumínio de cálcio, combinam-se para formar etringita e hidróxido de cálcio. Devido à relação água/cimento elevada, estes produtos cristalinos vizinhos ao agregado graúdo consistem em cristais relativamente grande, e consequentemente, formam uma estrutura mais porosa do que na matriz de pasta de cimento ou na matriz de argamassa. Os cristais em placa de hidróxido de cálcio tendem a formar-se em camadas orientadas, por exemplo. Com eito c perpendicular à superfície do agregado. Finalmente, com o progresso da hidratação, o C-S-H pouco cristalizado e uma segunda geração de cristais menores de etringita e de hidróxido de cálcio começam a preencher os espaços vazios entre o reticulado criado pelos cristais grandes de etringita e de hidróxido de cálcio. Isto ajuda a aumentar a densidade e, consequentemente, a resistência da zona de transição. A figura 4.2 mostra a micrografia de varredura, de cristais de hidróxido de cálcio na zona de transição e a representação diagramática da zona de transição e da matriz de pastas de cimento de concreto: Figura 4. 2: Micrografia de varredura, de cristais de hidróxido de cálcio na zona de transição Fonte: Mehta & Monteiro (2014) Figura 4. 3: Representação diagramática da zona de transição e da matriz de pastas de cimento no concreto Fonte: Loch (2011) 4.2.5.2 Resistência da Zona de Transição A resistência na zona de transição em qualquer ponto depende do volume e do tamanho dos vazios presentes. Mesmo com concreto de baixa relação água/cimento, nas primeiras idades, o volume e tamanho de vazios na zona de transição serão maiores do que na matriz de argamassa, fazendo assim a zona de transição ser mais fraca em relação a resistência (Figura 4.4). Figura 4. 4: Efeito da idade na resistência de aderência (zona de transição) e na resistência da matriz de pasta de cimento Fonte: De K.M.Alexander, J. Wardlaw, e DJ. Gilbert (1968) Mas, com o aumento da idade, a resistência da zona de transição pode tornar-se igual ou mesmo maior do que a resistência da matriz da argamassa. Isso se deve ao aumento do volume de vazios capilares e de cristais orientados de hidróxido de cálcio, além deste, outro fator responsável pela baixa resistência da zona de transição no concreto é a presença de microfissuras que varia de acordo com diversos parâmetros, incluindo granulometria, teor de cimento, relação água/cimento etc. 4.2.5.3 Influência da Zona de Transição nas propriedades do concreto NEVILLE (2005), transcreve que a zona de transição é geralmente a parte mais fraca, considerada a fase de resistência limite no concreto. Graças a ela o concreto rompe a um nível de tensão consideravelmente mais baixo do que a resistência dos dois constituintes principais. As fissuras originadas na zona de transição tem sua propagação devido às novas fissuras da matriz que se propagam gradativamente até se unirem. Sob a carga de tração, as fissuras propagam-se rapidamente a um nível de tensão muito mais baixo. É por isto que o concreto rompe de modo frágil à tração (resistência mais baixa), mas é relativamente dúctil à compressão (resistência mais alta). As características da zona de transição também influenciam a durabilidade do concreto. Os elementos em concreto armado e protendido rompem frequentemente, devido à corrosão da armadura. Figura 4. 5: Mapas da fissuração em concreto comum (resistência média). (a) após retração por secagem; (b) após carregamento de curto prazo; (c) carregamento mantido por 60 dias a 65% da resistência a compressão aos 28 dias. Fonte: De A.I. Ngab, F:O. S1ate, e A.M. Nilson, J. ACI, Proc. VoI.78, nQ 4, (1981). 4.3 CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA A evolução nas resistências mecânicas do concreto se deve aos avanços obtidos na tecnologia do concreto nas últimas décadas, destacando-se os estudos da estrutura interna do material e a ascensão dos novos materiais como os superplastificantes e adições minerais NEVILLE (1995). O CAR se caracteriza pela baixa relação água cimento, elevado consumo de material cimentício e requer, elevado rigor técnico e científico na sua dosagem, controle da qualidade do cimento e agregados, muito mais cuidado no seu preparo, e acompanhamento da execução na obra em que será utilizado, SILVA (2014). No concreto de alta resistência, são as características desejadas que definem o tipo de aditivo a serem utilizados. Podem ser utilizados aditivos químicos como: plastificantes, controladores de pega e incorporadores de ar. Além desses pode ser utilizado aditivos minerais como: material pozolânico, para tornar o concreto um pouco mais homogêneo e melhorar sua microestrutura. A reação dessa adição causa uma redução do volume total da mistura e reduz o tamanho dos poros capilares, causando um aumento considerável na resistência. Essa redução da porosidade que é necessária para a resistência, também ajuda a diminuir as microfissuras no concreto ao longo dos anos e com isso aumenta o suporte de carga. São considerados concreto de alta resistência aquele que atinge a resistência acima de 50MPa após os 28 dias. A utilização de baixa relação água/aglomerante reduz a porosidade e por conseguinte a permeabilidade do concreto MEHTA (1999). Além disso a microssílica utilizada produz um efeito pozolânico que consiste na rápida reação com Hidróxido de cálcio Ca(OH)2 que forma o gel de silicato de cálcio, o qual torna o concreto mais impermeável subdividindo poros capilares em poros gel, FERRARI (1995). Dessa forma não só as elevadas propriedades mecânicas justificam a utilização do CAD, mas também suas características que elevam a vida útil e reduzem os custos de manutenção da estrutura. MENDES cita os seguintes pontos como principais vantagens da utilização do CAD: - redução significativa nas dimensões de pilares de edifícios altos, aumentando a área útil, principalmente, nos andares mais sobrecarregados; - redução do peso próprio da estrutura e da carga nas fundações; - possível redução nas taxas de armadura dos pilares; - maior rapidez na desforma, aumentando a velocidade de execução da obra; - menor segregação propiciando melhor acabamento em peças pré-moldadas; - aumento da durabilidade das estruturas. - possível redução de custos devida, principalmente, à diminuição das dimensões dos elementos estruturais e pelo aumento da velocidade de execução. 4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA Segundo AMARAL (1993) os concretos podem ser classificados da seguinte forma (Tabela 4.3). Tabela 4. 3: Características do Concreto Resistência Classificação fck < 25MPa Baixa 25MPa ≤ fck ≤ 25MPa Média 50MPa ≤ fck ≤ 90MPa Alta fck > 90MPa Ultra alta Fonte: AMARAL (1993) SANCHEZ (1997)também sugere um sistema de classificação do concreto, através de sua resistência à compressão fc (Tabela 4.4). Tabela 4. 4: Parâmetros do concreto Parâmetro Concreto Convencional Concreto de Alta Resistência Concreto com Altíssima Resistência Concreto com Ultra alta Resistência fc (MPa) £50 50-100 100-150 >150 Fator W/C >0,45 0,45 - 0,30 0,30 – 0,25 <0,25 Aditivos químicos Não é necessário Redutor de água ou plastificante Superplastificante Alto redutor de água Adições minerais Não é necessário Cinza volante Sílica ativa Sílica ativa Coef. de Permeabilidade (m/s) >10-10 >10-11 >10-12 >10-13 Fonte: SANCHEZ (1997) 4.5 COMPONENTES DA ESTRUTURA DO CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA O Concreto de alta resistência é obtido com os mesmos materiais utilizados nos concretos de resistência usual: cimento Portland, agregados e água. Adiciona- se à mistura um aditivo, no caso superplastificante, e uma adição, como a sílica ativa, cinza volante ou escória de alto forno. O concreto de alta resistência surgiu com o propósito de atender às necessidades do setor da construção de edifícios altos no final dos anos 60. O concreto de alta resistência (40 a 50 MPa) passou a ser utilizado comercialmente em quantidades significativas na maioria das estruturas (FREEDMAN, 1971). Com o desenvolvimento dos aditivos redutores de água, concretos com resistência à compressão acima de 60MPa já eram produzidos comercialmente (MEHTA, 1994), mais recentemente, resistências maiores do que 100MPa estão sendo utilizados em aplicações estruturais. 4.5.1 Cimento A escolha do cimento para a produção do concreto de alto desempenho é fator importante, pois este é responsável pela resistência da pasta e também pela aderência do agregado-pasta (ALMEIDA, 1984). Segundo Boletim do CEB/FIP (1190), o desenvolvimento da resistência e a resistência potencial do CAR dependem da escolha do cimento. Os componentes do cimento: C3S, C2S e C3A têm grandes influências sobre o desenvolvimento da resistência da pasta de cimento. O C3S contribuiu para rápido aumento da resistência nas primeiras idades e para a alta resistência final. O C2S hidrata um pouco lentamente, mas pode contribuir significativamente para a resistência final. O C3A tem influência particular na resistência inicial. DAL MOLIN (1995) afirma que, para aumentar a resistência da pasta de cimento é desejável: ● Aumentar propriedades de silicatos de cálcio na composição do cimento, propriamente o C2S; ● Eliminar ao máximo os cristais de Ca(OH)2, produzidos paralelamente com o CSH; ● Reduzir ou eliminar as proporções de C3A e C4AF. No Concreto de Alta Resistência fatores como à composição, finura e qualidade do cimento podem influir sensivelmente no desempenho do produto. AïTCIN (1995) salienta, que a experiência mostra que em cada região sempre existe um cimento mais adequado que outros para alcançar o objetivo desejado. Ou seja, aquele que permite obter, ao mesmo tempo, alta resistência e boa trabalhabilidade em companhia de outros materiais. ACI 363 (1992) prescreve que os teores de cimento comuns nos concretos de alta resistência variam de 400kg/m³ a 600kg/m³. Também prescreve o intervalo proposto para consumo de cada material pertencente ao concreto de alta resistência. 4.5.2 Agregados a. Agregado graúdo A seleção dos materiais para produção dos concretos de alto desempenho é de grande importância (MONTGOMERY & IRVINE, 1999) e deve ser baseada no atendimento das exigências mínimas às normas para os concretos convencionais (NBR 7211, 1993; NBR 12654, 1992). MEHTA (1998) afirma que, quando se trata de tecnologia do concreto, não se deve tratar mais os agregados menos importantes do que o cimento. Nos concretos de alta resistência, a interface pasta-agregado é altamente homogênea, deixando de se constituir como um plano preferencial de microfissuração. A forma e granulometria do agregado graúdo também exercem significativa influência no módulo de elasticidade (PRICE, 1999). O módulo de elasticidade é devido a maior rigidez do agregado, pois é ele que possibilita o maior módulo. Agregados mais rígidos proporcionam módulos de deformação longitudinal superiores para o concreto (FIP-CEB, 1990). O ACI 363 (1992) mostrou que para se obter resistência à compressão ótima, com alto teor de cimento e baixo fator água/cimento, a máxima dimensão do agregado graúdo deve se manter entre 9,5mm e 12,5mm. De acordo com as diversas construções foi constato que, para concretos de alta resistência, a dimensão máxima do agregado convém situar-se entre 9,5mm a 12,5mm, como indicado em Agostini (1992) e Pinto Júnior (1992), estando de acordo com o mostrado pelo ACI 363 (1992). b. Agregado miúdo No agregado miúdo, devem ser consideradas as características da: forma ou angularidade das partículas e a granulometria ou módulo de finura. Agostini (1992), Pinto Júnior (1992) e Aïtcin (1987) confirmam que para não diminuírem a trabalhabilidade e garantir condições de maior ganho de resistência é preferível que as areais finas não possuam um módulo de finura inferior a 2mm. Também devem ter o mínimo possível de partículas lisas graúdas (maiores de 4,8mm) para não ocasionar falhas na aderência. A proporção de partículas finas resultantes de materiais cimentícios requer um agregado miúdo com partículas angulosas, graduação grossa e módulo de finura acima de 2,8mm (preferindo em torno de 3mm), mantendo-se essas características garantimos que esse agregado proporcione melhor trabalhabilidade e maiores resistências. Resumindo, ALMEIDA (1994) relata que, na produção de concreto de alta resistência, é condição necessária a utilização de agregados graúdos de elevada resistência à compressão, módulo de elasticidade maior ou igual ao da pasta de cimento, granulometria que minimize o consumo de água e/ou a concentração de tensões, forma e textura superficiais que melhorem a aderência com a pasta. Essas características vão depender da composição mineralógica da rocha matriz, do estado de exposição em que se encontrava antes de produzir o agregado e do tipo de operação e equipamentos utilizados para produção dos agregados. 4.5.3 Água É de grande importância no amassamento do concreto que verifiquemos a qualidade da água, ela não deve conter impurezas que possam causar reações e prejudicar os compostos do cimento. Segundo PETRUCCI (1968), é usual dizer que toda água que serve para beber pode ser utilizada na confecção de concretos. A recíproca, porém, não é verdadeira, pois muitas águas utilizadas sem danos no concreto não podem ser ingeridas pelo homem. Para proporcionar determinado abatimento, tem-se uma quantidade de água necessária, pois ela, também provoca efeitos contraditórios na qualidade do concreto. Se põe muito, melhora a trabalhabilidade, mas piora a estabilidade. Além disso, o aumento da relação A/C, aumenta a porosidade capilar, diminui a resistência mecânica e aumenta a permeabilidade. Portanto o abatimento deve ser o mínimo necessário para a mistura (DAFICO, 1997). 4.5.4 Aditivos Conforme Sponholz (1998), apesar dos aditivos nem sempre serem baratos, podem não acarretar aumento de custo, pois são capazes de oferecer economias, tais como: possibilidade de redução da quantidade do cimento, melhor durabilidade, maior trabalhabilidade etc. Aditivos são substâncias adicionados a mistura do concreto em pequenas quantidades para dar propriedades específicas, algumas delas sendo: aumento da plasticidade do concreto sem aumento de quantidade de água, redução da exsudação e da segregação, aumento ou redução do tempo de pega, rápido crescimento da resistência nas primeiras idades, trabalhabilidade, resistência e durabilidade. Incorporadas ao concreto com teor inferior a 5% da massa do cimentoe adições, são as substâncias acrescentadas em quantidades superiores a esse teor. Bauer (1994) define aditivo como sendo substâncias que são adicionadas intencionalmente antes ou durante a mistura do concreto, com a finalidade de reforçar ou melhorar algumas de suas características. De acordo com a NBR 1I768/EB-1763 (1992), aditivos são produtos que adicionados em pequena quantidade a concretos de cimento Portland modificam algumas de suas propriedades, com o objetivo de melhorar e adequá-las a certas condições. De acordo com o Comitê ACI 212 (1993), a seguir estão algumas finalidades dos aditivos que são empregados para: ● aumentar a trabalhabilidade do concreto sem aumentar o teor de água; ● reduzir a exudação e a segregação; ● retardar ou acelerar o tempo de pega; ● acelerar a velocidade de desenvolvimento da resistência nas primeiras idades; ● retardar à taxa de evolução de calor; ● aumentar a durabilidade em condições específicas de exposições e ● aumentar a resistência aos ciclos de gelo e degelo. 4.5.5 Superplastificantes Os superplastificantes são redutores de água com alto poder, que através de aditivos podem chegar à redução de 20% a 30% da água, variando de acordo com a dosagem e as propriedades desejadas. Ele também pode ser utilizado para produção de concretos com quantidades inferiores de cimento, enquanto se mantém a relação água/cimento Para se obter concreto de alta resistência é necessário reduzir o fator água/cimento (A/C) ou dependendo, o fator água/materiais cimentares (a/mc) e para isso é imprescindível para a sua utilização. NEVILLE & AÏTCIN (1993) afirma que a combinação sem a utilização dos superplastificantes, a relação água/cimento não pode ser reduzida abaixo do valor aproximado de 0,4. O efeito que ele permite a redução da água/cimento para concreto de alta resistência está em torno de 0,30, sem que ocorra a perda da trabalhabilidade. Os superplastificantes podem ser empregados em teores de até 1,5% em massa (sólidos/cimento) com pouca incorporação de ar e pouca influência no tempo de pega. Garantindo a melhora sensivelmente a consistência, principalmente para um tempo de misturas mais prolongado. Sua ação não é suficientemente lenta, depois de 30 a 60 minutos, a consistência volta ao normal (DALL MOLIN, 1995). 4.5.6 Fator água/materiais cimentantes (A/MC) Um dos principais fatores para obtenção de concretos de alta resistência é a relação água/materiais cimentantes, ela define a trabalhabilidade da massa e interfere na resistência do concreto. Reduzir o fator A/MC implica no ganho da resistência pelo concreto, visto que sua porosidade fica reduzida. Nos concretos de alta resistência, segundo o ACI 363 (1992) o fator a/mc, varia de 0,27 a 0,50. 4.6 DOSAGEM DE TRAÇO PARA O CONCRETO A dosagem do concreto é um processo que visa obter a melhor proporção entre cimento, agregados, água e aditivos para produzir um concreto, de uma maneira mais econômica possível e que atenda a certas especificações prévias (MEHTA & MONTEIRO, 1994). No entanto, a dosagem do concreto de alta resistência é um processo mais crítico do que o de resistência convencional. De acordo com AÏTCIM (2000), iguais propriedades para o concreto fresco e endurecido podem ser alcançadas com diferentes combinações dos mesmos materiais. O principal objetivo, dentre os diversos métodos existentes, é obter uma economia nos materiais para as mesmas propriedades desejadas do concreto. Nesse estudo escolhemos o método de empacotamento de Andreassen (1930), essa metodologia trata da combinação da distribuição de Andreassen & Andersen (1930) com Furnas (1931). O método de empacotamento é utilizado para obter maior densidade e menor índice de vazios, fazendo as partículas menores preencham os espaços que ficam entre as partículas maiores. Essa distribuição segue apresentada na Equação 07. 𝐶𝑃𝐹𝑇 = [ (𝑑𝑞 − 𝑑𝑚𝑞) (𝐷𝑞 − 𝑑𝑚𝑞 ] . 100 (Eq. 07) Onde: CPFT = percentual acumulado de finos menor que “d” em volume; d = tamanho da partícula; dm = menor tamanho de partícula da distribuição; D = maior tamanho de partícula da distribuição q = coeficiente de distribuição. Dinger; Funk (1992); Vanderlei (2004), descrevem algumas observações em relação ao valor do coeficiente de distribuição “q”, que são: ● alterar o valor “q” no empacotamento influência na trabalhabilidade do CPR; ● adotar o valor “q” maior que 0,37 faz com que aumente a porosidade na mistura; ● para melhor fluidez, o valor “q” não deve exceder aproximadamente 0,30; ● adotar o valor “q” próximo a 0,30, a mistura necessita de vibração para melhorar seu adensamento ● ao utilizar o valor “q” menor que 0,25 a mistura torna-se auto adensável. Será dado maiores atenções a dosagem com grande precisão, respeitando tempo de mistura, quantidade de água inserida e observando a relação W/C. 4.7 ESTRUTURA DE CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO Em meio às alterações físico-químicas que ocorrem no concreto sob temperaturas elevadas, algumas são reversíveis após o resfriamento, outras são irreversíveis podendo reduzir a capacidade resistente da estrutura após o incêndio. (KLEIN JÚNIOR, 2011). Segundo LI; QUIAN; SUN (2004) várias pesquisas sobre o desempenho dos concretos convencionais submetidos à elevadas temperaturas foram realizadas. Embora os parâmetros térmicos dos componentes de concreto de alta resistência sejam semelhantes aos do concreto convencional, tais como calor específico, difusividade, condutividade térmica e coeficiente de expansão térmica, verificou-se que o concreto de alta resistência é mais suscetível aos danos causados pela exposição a altas temperaturas, o que propicia o acontecimento de spalling. Há, pelo menos, duas explicações que justificam essa ocorrência: obstrução da passagem de umidade (pressão do vapor) e tensões térmicas (incompatibilidade dos materiais) (HEO et al., 2012). RAMOS (2002), explica que, ao ser aquecido, o concreto pode sofrer alteração, por ser confeccionado por diferentes materiais, ocorrem comportamentos diferenciados entre seus constituintes. Isto pode provocar o surgimento de tensões internas, macro ou micro fissuras e desplacamentos ou lascamentos em grandes e pequenas proporções, que por sua vez, podem comprometer a estabilidade estrutural da edificação. Se a taxa de aquecimento for alta e a permeabilidade da pasta de cimento for baixa, o que ocorre nos concreto de alta resistência, devido sua alta compactibilidade, podem aparecer danos no concreto em forma de lascamento. O lascamento ocorre quando a pressão do vapor dentro do material aumenta a uma taxa maior do que o alívio de pressão pela dispersão do vapor na atmosfera (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Xiong e Liew (2015) avaliaram o efeito de elevadas temperaturas (até 800°C) em um concreto convencional (50 MPa) e concretos de alto desempenho (160 MPa). Na temperatura de 200°C, houve um aumento na resistência à compressão dos concretos de alto desempenho, o que não ocorreu com o concreto convencional. Isso foi relacionado ao fato de que nesta faixa de temperatura (200°C), ocorrem dois fenômenos no concreto: (1) a remoção de água faz com que sua microestrutura se torne mais porosa; (2) a retração do concreto provoca um aumento nas forças entre partículas de gel (as forças de Van der Waals). Quando as forças de Van der Waals superam o aumento na porosidade do material, ocorre um aumento na resistência à compressão do material, como foi o caso dos concretos de alto desempenho. Dependendo das características da própria pasta do concreto a deterioração pode ser acelerada, haja visto, o grau de hidratação, teor de umidade e as adições para melhorar a resistência. Assim como a permeabilidade,
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