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TRABALHO DIREITO PROC PENAL II FINALIZADO

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A revisão criminal no processo penal brasileiro: aspectos relevantes 
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ - PÓLO PARANGABA 
ENDEREÇO: AVENIDA DA LIBERDADE, 956 - JÓQUEI CLUBE FORTALEZA/CE. 
ALUNO: MÁRIO SÉRGIO BERNARDO DE SOUZA 
MATRÍCULA: 201703285743 
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II 
PROFESSOR: ERLON ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANALISE DAS ESPÉCIES RECURSAIS NO PROCESSO PENAL E 
ASSEMELHADO. (UMA ANALISE BIBLIOGRAFIA E LEGAL COM BASE NA DOUTRINA, CPP E 
JURISPRUDÊNCIAS DOS RECURSOS EXISTENTES NO PROCESSO PENAL, ABORDAGEM 
SOBRE OS INSTITUTOS DA REVISÃO CRIMINAL E DO HABEAS CORPUS COMO AÇÃO 
CONSTITUCIONAL E COMO SUBSTITUTIVO DE RECURSO, CITANDO AS CARACTERÍSTICAS, 
PRAZOS, CABIMENTO E LEGITIMIDADE DE CADA UM DOS INSTITUTOS). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA/2020 
http://portal.estacio.br/
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APRESENTAÇÃO 
 
 
O objetivo deste trabalho acadêmico se resume em uma análise, no 
ordenamento jurídico brasileiro, no tocante ao sistema de impugnação das decisões 
judiciais, especificamente limitado ao instrumento da ação autônoma de impugnação. 
A ação autônoma de impugnação, por sua vez, é o instrumento de 
impugnação da decisão judicial, pelo qual se dá origem a um processo novo, cuja 
finalidade é atacar ou interferir no provimento jurisdicional. 
Diferente do recurso, justamente porque não é veiculada no mesmo processo 
em que a decisão recorrida fora proferida. Ao contrário, o meio autônomo de 
impugnação instaura uma nova relação processual, configura o exercício de uma nova 
ação. 
São exemplos de ações autônomas de impugnação no processo penal 
brasileiro: a revisão criminal, o habeas corpus e o mandado de segurança contra ato 
jurisdicional. 
Todos esses meios de impugnação da decisão judicial não são recursos. 
Tanto assim é que, no habeas corpus e na revisão criminal, por exemplo, existe um 
verdadeiro pedido do autor (tendente a uma sentença de mérito), dando vida a uma 
diversa relação jurídica processual, ainda que, no caso da revisão criminal, nos 
mesmos autos. (GRINOVER, 2009, p. 27). 
Por tanto, esperamos, de acordo com o esforço empenhado, alcançar os 
méritos pontuais na disciplina, “Direito Processual Penal II”, e conseqüentemente a 
aprovação na disciplina. 
 
 
O Aluno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário: 
 APRESENTAÇÃO 
 
I - REVISÃO CRIMINAL 
1. Conceito. 
 2. Histórico, natureza jurídica, pressuposto primordial e previsão constitucional e 
prazo. 
3. Cabimento – Análise do art. 621 do CPP e Jurisprudência. 
4. Legitimidade. 
5. Procedimento. 
 
II. HABEAS CORPUS. 
6. CONCEITO. 
7. NATUREZA JURÍDICA. 
8. PREVISÃO LEGAL E ESPÉCIES. 
9. PRISÃO POR MAIS TEMPO DO QUE A LEI DETERMINA. 
10. COAÇÃO DETERMINADA POR AUTORIDADE INCOMPETENTE. 
11. CESSAÇÃO DO MOTIVO LEGÍTIMO DA COAÇÃO. 
12. INADMISSÃO DE FIANÇA, QUANDO A LEI A PREVÊ. 
13. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO AGENTE. 
14. HIPÓTESES EM QUE NÃO É CABÍVEL O HABEAS CORPUS. 
 
III - MANDADO DE SEGURANÇA NA ESFERA CRIMINAL 
15 CONCEITO. 
16. ADMISSIBILIDADE DO MANDATO DE SEGURANÇA. 
17. HIPÓTESES MAIS COMUNS DE MANDADO DE SEGURANÇA NA ESFERA CRIMINAL. 
18. VEDAÇÕES AO USO DO MS EM MATÉRIA CRIMINAL. 
 
Conclusão. 
Bibliografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - REVISÃO CRIMINAL 
 
1. Conceito 
Na lição de Espínola Filho (ESPÍNOLA FILHO, Eduardo. Código de Processo Penal 
Brasileiro Anotado. Volume I. Campinas: Bookseller, 2000.,p.354) a Revisão Criminal 
“é um remédio do qual pode lançar mão o réu 
condenado, quer em nome próprio, pessoalmente 
ou por meio de procurador, quer representado, 
após a morte, pelo seu cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão (art. 623)”. 
 O CPP, entre os art.s 621 e 631 disciplina a Revisão Criminal, que não obstante estar 
topograficamente localizada como “recurso”, é assente na doutrina que se trata de ação autônoma 
de impugnação. 
 
2. Histórico, natureza jurídica, pressuposto primordial e previsão constitucional e 
prazo. 
 
No tocante ao histórico da revisão criminal no Brasil, foi o Decreto 848, de 11 
de outubro de 1890, que introduziu tal remédio processual na legislação brasileira, com 
atribuição da competência ao Supremo Tribunal Federal. A partir daí, passou a ser 
possível revisão dos processos criminais findos em que houvesse sentença 
condenatória. 
A Constituição republicana, no artigo 81, deu status constitucional ao instituto 
da revisão criminal, o que foi mantido pela Carta Magna de 1934 (art. 76). 
A Lei Maior de 1937, por sua vez, não previu o instituto, mas o Código de 
Processo Penal, surgido sob sua égide, acabou por consagrá-la. 
Nos diplomas posteriores, sempre foi contemplada em nível constitucional e, 
malgrado não tenha sido disciplinada no capítulo concernente aos direitos e garantias 
fundamentais, guarda ela natureza de ação constitucional e é considerada 
tradicionalmente direito fundamental do condenado. Logo, tradicionalmente, a revisão 
criminal, em nosso sistema, é remédio exclusivo da defesa. (GRINOVER, 2009, p. 238) 
No que se refere à natureza jurídica do instituto, trata-se de ação penal 
autônoma de impugnação, de natureza constitutiva e competência originária dos 
tribunais, embora erroneamente rotulado como recurso pelo Código de Processo 
Penal. 
 Enquanto o recurso, no ordenamento jurídico pátrio, tem por finalidade 
precípua substituir uma decisão por outra, ainda que proferida pelo mesmo órgão, a 
revisão visa, exclusivamente, a invalidar a entrega da prestação jurisdicional, ou seja, 
destina-se ao desfazimento dos efeitos produzidos por uma sentença condenatória 
transitada em julgado. (TOURINHO FILHO, 2009, P. 923). 
Como se observa, o pressuposto primordial da revisão criminal é a existência 
de um processo penal com sentença condenatória ou absolutória imprópria[1]transitada 
em julgado. 
Em relação à previsão constitucional, a doutrina entende que o fundamento da 
revisão criminal está no artigo 5º, LXXV, da Carta Magna de 1988, segundo o qual “o 
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Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além 
do tempo fixado na sentença”. 
 Não há, com efeito, prazo para se ajuizar Revisão Criminal, cabendo a 
qualquer tempo. A razão se aporta no fato de que a Revisão visa corrigir uma injustiça, 
evitar a imposição de pena ilegal, restaurar a dignidade do individuo, esteja em que 
circunstância estiver, ainda mesmo que já falecido (art. 623, CPP). 
 
3. Cabimento – Análise do art. 621 do CPP e Jurisprudência. 
 
Antes da análise do art. 621 do Código de Processo Penal, é preciso 
esclarecer que a revisão criminal pode ser proposta para desconstituir sentenças tanto 
de juízes singulares ou do Tribunal do Júri, bem como acórdãos proferidos pelos 
tribunais. 
Pois bem, a revisão criminal pode ter como objeto uma sentença condenatória 
(ou absolutória imprópria) ou acórdão condenatório (ou absolutório impróprio). 
Com efeito, da análise do caput do artigo 621 do Código de Processo Penal, 
podemos extrair dois pressupostos da revisão criminal, quais sejam: a) a existência de 
uma sentença penal condenatória ou absolutória imprópria; e b) que esta sentença 
tenha transitado em julgado (art. 625, §1º, do CPP). 
A revisão criminal é medida excepcional, isto faz com que os casos em que 
ela é admitida sejam taxativamente previstos. Não há, portanto, possibilidade de 
ampliação deste rol, no qual não se encaixam as situações de absolvição propriamente 
dita ou absolvição sumária. Logo, a revisãocriminal é instrumento a disposição do réu 
contra sentenças injustas. 
Pois bem, a revisão criminal será admitida nos casos listados nos incisos do 
art. 621 do Código de Processo Penal, quais sejam: 
Inciso I: quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei 
penal ou à evidência dos autos. 
Tal dispositivo prevê que são duas as situações em que a sentença 
condenatória (ou absolutória imprópria) deve ser contrária. Vejamos cada uma delas. 
a) “ao texto expresso da lei penal” - o que quer dizer uma contrariedade à lei 
penal, mas também processual penal, à Constituição Federal ou a qualquer ato 
normativo que tenha sido utilizado como fundamento da sentença condenatória (por 
exemplo, portarias, às leis completivas empregadas na aplicação de uma lei penal em 
branco, etc.). 
Também, com fundamento nesse primeiro inciso, é possível a revisão criminal 
sob o argumento de nulidade, porquanto significa dizer que a decisão judicial é 
contrária ao texto expresso da lei. 
Assim, o art. 626 do Código de Processo Penal, ao permitir ao tribunal “anular” 
a sentença ou acórdão, está reconhecendo expressamente a existência de mais de 
uma causa para a impetração da revisão criminal. 
Aqui, abre-se a possibilidade de um questionamento bastante interessante: é 
possível revisão criminal por ser a decisão proferida contrária a novo entendimento 
jurisprudencial mais benigno? 
Ora, do mesmo modo que a lei penal mais benigna tem efeito retroativo, a 
mudança radical no entendimento jurisprudencial, que beneficie o réu, também deve 
retroagir, sendo cabível a revisão criminal para a obtenção deste efeito. 
Nessa linha de pensamento, podemos destacar um julgado interessante: a 
decisão proferida pelo 4º Grupo Criminal do TJ/RS, na Revisão Criminal nº 70 002 052 
959, Relator Des. Tupinambá Pinto de Azevedo, julgamento 27/04/2001, que 
reconheceu a retroatividade da decisão penal mais benigna. 
Nesse sentido, encontramos também a Revisão Criminal nº 
2009.04.00.030480-6/RS, Relator Des. Federal Tadaaqui Hirose, publicado em 
24/02/2011. Senão vejamos. 
 
EMENTA 
PENAL E PROCESSUAL. REVISÃO CRIMINAL. ART. 621, I , DO CPP. 
DESCONSTITUIÇÃO DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. ENTENDIMENTO 
JURISPRUDENCIAL. QUESTÃO CONTROVERTIDA. ALTERAÇÃO. CRIME 
DE SONEGAÇÃO FISCAL. INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. PARÂMETROS 
JURISPRUDENCIAIS ALTERADOS APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA 
CONDENAÇÃO. CONDUTA TORNADA ATÍPICA. EXCEPCIONALIDADE. 
ABSOLVIÇÃO. 
Em regra, não se admite a revisão criminal sob o fundamento de alteração de 
entendimento jurisprudencial em questão controvertida. Na hipótese, contudo, 
revela-se incongruente manter a condenação por crime de descaminho, pois a 
nova jurisprudência consolidada tornou atípica a conduta quando o valor dos 
tributos iludidos for inferior a R$ 10.000,00 (critério objetivo). Assim, tratando-se 
a revisão criminal de instituto que visa justamente atacar a coisa julgada, 
cumpre seja conhecida, e ao final provida, absolvendo-se o requerente. 
 
ACÓRDÃO 
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a 
Colenda Quarta Seção do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por 
unanimidade, julgar procedente a revisão criminal para, nos autos da ACR 
2002.71.08.016558-9, absolver CARLOS LUIZ MOSCHEM da prática do crime 
previsto no art. 168-A, do CP, com base no art.386, III, do CPP, nos termos do 
relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do 
presente julgado. 
Porto Alegre (RS), 17 de fevereiro de 2011. 
Des. Federal TADAAQUI HIROSE 
Relator 
Nesse diapasão, GIACOLOLLI apud LOPES JÚNIOR (2011, p. 617), 
argumenta: 
A aplicação da jurisprudência mais favorável, nas mesmas hipóteses da 
incidência da lex mitor, inclui-se na limitação do ius puniendi pois, ao 
jurisdicionado, não se pode retirar a confiança de que receberá dos 
magistrados uma igualdade de tratamento diante da mesma situação fática. 
Proibir a retroatividade da jurisprudência, como afirmou Hassemer, suporia a 
paralisação de sua função de recriação da lei, observando-se “situações em 
que a comunidade jurídica tem um conhecimento maior do conteúdo da 
jurisprudência penal que da lei penal, confiando em sua aplicação.” 
 
Em que pese a relevância desse entendimento, tal posição ainda goza de 
pouca aceitação. 
b) “à evidência dos autos” – o art. 621 do Código de Processo Penal também 
menciona que a decisão deve ser contrária à evidência dos autos, ou seja, a 
contrariedade deve ser entre a decisão condenatória e o contexto probatório. 
Nesse caso, a reabertura da discussão através da revisão criminal situa-se na 
dimensão probatória e não apenas jurídica, como no caso anterior. 
 
4. Legitimidade 
. 
O art. 623 do Código de Processo Penal dispõe que tem legitimidade ativa 
para promover a revisão criminal o próprio réu, por si ou por procurador legalmente 
habilitado, ou, em caso de morte do condenado, seu cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão, independentemente de ordem de nomeação. 
Frise-se que, à luz da nova concepção de família trazida pela Constituição 
Federal de 1988, que reconhece a União Estável com entidade familiar, merecedora, 
portanto, de proteção (art. 226, §3º, CF), também estão legitimados à revisão criminal o 
companheiro ou companheira. Logo, embora a enumeração do art. 623 do Código de 
Processo Penal seja taxativa, deve-se dar interpretação ampla ao termo “cônjuge”. 
Diante dos termos da lei, discute-se se o Ministério Público possui legitimação 
ativa em benefício do acusado. A doutrina e jurisprudência não são unânimes. 
Grande parte da doutrina entende não estar o Ministério Público legitimado à 
ação de revisão. Nesse sentido, Aury Lopes Júnior (2011, pp. 621-622) argumenta: 
(...) pensamos ser uma patologia processual. (...) Não vislumbramos como possa uma 
parte artificialmente criada para ser o contraditor natural do sujeito passivo (...), ter 
legitimidade para a ação de revisão criminal, a favor do réu, para desconstituir uma 
sentença penal condenatória que somente se produziu porque houve uma acusação 
(levada a cabo pelo mesmo Ministério Público, uno e indivisível). Não é necessário 
maior esforço para ver a manifesta ilegitimidade do Ministério Público. Ainda que se 
argumente em torno da miserável condição econômica do réu, nada justifica. 
Todavia, há posições mais abertas, a exemplo de Tourinho Filho, no sentido 
de que o posicionamento do Ministério Público no processo penal brasileiro, como 
parte parcial que é, mas também como órgão da justiça e fiscal da lei, investido 
frequentemente de poderes defensivos, também o torna legítimo à revisão criminal em 
favor do réu. 
Segundo Ada Pellegrini Grinover et al (2009, p. 243): 
O problema seria também de interesse processual do parquet à ação de revisão em 
favor do réu, mas, como já se admite seu interesse no recurso para beneficiar a defesa 
e no habeas corpus, não há porque negar o mesmo interesse em obter uma sentença 
justa pela via revisional. 
 Em suma, o que prevalece é que o Ministério Público não é parte legítima 
para requerer a revisão criminal. Poderá impetrar habeas corpus. Revisão, não. Isso 
porque, não se deve “sacrificar o sistema acusatório e a própria estrutura dialética do 
processo, legitimando que o acusador o defenda...” (LOPES JÚNIOR, 2011, p. 622). 
Indaga-se: cabe revisão criminal contra sentença de juiz de primeira instância 
com trânsito em julgado? 
Como é sabido, os recursos extraordinários pressupõe o prévio esgotamento 
do questionamento da matéria nas instâncias inferiores, sendo, neste caso, exigido o 
pré-questionamento. No que se refere à revisão criminal, todavia, não é necessário o 
pré-questionamento. Desse modo, mesmo diante da decisão de um juiz de primeira 
instância, é plenamente cabível a revisão criminal. Logo, a resposta à supra referida 
indagação só pode ser positiva. 
É importante destacar que a revisão criminal somente é cabível contrasentença condenatória ou absolutória imprópria, mesmo após o cumprimento da pena. 
Ocorre que, se a extinção da punibilidade do autor se dá depois da sentença, 
como, por exemplo, quando o condenado é beneficiado pela anistia, graça ou indulto, 
possível se torna o pedido de revisão. 
Porém, se ocorrer extinção da punibilidade antes da sentença, como, por 
exemplo, morte ou prescrição, não caberá revisão dessa sentença em virtude da 
impossibilidade jurídica do pedido (não há sentença condenatória), embora possa 
haver interesse do réu em ver plenamente restaurada sua dignidade pela via da 
absolvição. 
 
 
5. Procedimento 
 
No que toca ao procedimento da revisão criminal, a pessoa legitimada 
encaminhará ao Presidente do Tribunal competente requerimento, devidamente 
assinado, em que se deduzirá, com clareza, a pretensão, instruindo-o com a certidão 
da sentença penal condenatória que se pretende revisar, com a nota de haver 
transitado em julgado, bem como com os documentos comprobatórios dos fatos 
alegados. 
Encaminhado o requerimento ao Presidente do Tribunal, poderá este ou o 
Relator designado indeferir liminarmente o pedido. O indeferimento liminar poderá 
ocorrer em quatro situações: 1) se o pedido não estiver suficientemente instruído, a 
critério do prolator do despacho; 2) se constituir reiteração de outro pedido, com os 
mesmos fundamentos e sem novas provas; 3) se o pedido não se amoldar às 
exigências dos arts. 621 ou 626 do CPP; e 4) se, por acaso, houver necessidade do 
apensamento dos autos originais e essa providência for inconveniente ao interesse da 
Justiça. 
Caso o Presidente não indefira o requerimento, será aberta vista dos autos 
ao órgão do Ministério Público que atuar perante o Tribunal revidendo, pelo prazo de 
10 dias. 
Não há oitiva do ofendido, mesmo porque não existe previsão no Código de 
Processo Penal. 
Após a manifestação do Ministério Público, retornando os autos, serão eles 
remetidos ao relator, que lançará relatório no prazo de 10 dias e, em seguida, dentro 
do mesmo prazo, o revisor analisará, o qual pedirá dia para o julgamento. 
Cabe ressaltar que se o pedido for indeferido liminarmente, o despacho 
negativo enseja a interposição de agravo regimental (art. 625, §3º, do CPP), que 
será dirigido ao próprio prolator do despacho agravado. Recebendo-o, ou há 
retratação por parte do prolator, ou será submetido à apreciação do órgão 
competente que julgar a revisão, podendo, ou não, conforme dispuser o Regimento, 
ser-lhe computado o voto. 
Pois bem, não havendo indeferimento in limine, ou se desfeito por meio do 
agravo regimental, o Tribunal passará a apreciar o pedido. 
No ordenamento jurídico pátrio, o juízo de admissibilidade e o juízo de 
mérito, no processo de revisão criminal, cabem ao mesmo órgão. Ou seja, o mesmo 
Tribunal julga admissível o pedido e analisa o mérito da causa. 
Acolhida a revisão criminal, ou seja, julgada procedente, o Tribunal 
poderá “alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular 
o processo.” (art. 626 do CPP). 
E mais: “de qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela 
decisão revista” (parágrafo único do art. 626 do CPP). 
Outrossim, o art. 627 do CPP aduz que “a absolvição implicará o 
restabelecimento de todos os direitos perdidos em virtude da condenação, devendo o 
tribunal, se for caso, impor a medida de segurança cabível” 
 
 
II. HABEAS CORPUS 
6. CONCEITO 
Trata-se de garantia individual de proteção constitucional, verdadeiro remédio de 
caráter judicial, destinado a evitar (no HC preventivo) ou fazer cessar (no HC 
repressivo) violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou 
abuso de poder. 
7. NATUREZA JURÍDICA 
Trata-se de ação penal popular constitucional, no entendimento de Mirabete 
(2003:709), e grande parte da doutrina. 
8. PREVISÃO LEGAL E ESPÉCIES 
Encontra-se a previsão legal do Habeas Corpus no Art. 5º, inciso LXVIII, da 
CRFB, e nos arts. 647 a 667 do CPP. Dá-se o Habeas Corpus preventivo para afastar 
ameaça à liberdade de locomoção (quando, então, concede-se o „salvoconduto‟); e o 
Habeas corpus repressivo, quando já efetivada a coação, para fazê-la cessar. 
9. PRISÃO POR MAIS TEMPO DO QUE A LEI DETERMINA 
Trata-se, com efeito, do excesso de prazo na prisão provisória. A recente 
reforma processual penal concentrou em uma única audiência os atos da instrução, 
valendo tal diretriz para o procedimento ordinário, sumário e na primeira fase do Júri. 
Tal medida visou a uma unificação de diversos princípios orientadores do processo 
penal, de sede constitucional, como a celeridade, economia processual, ultima ratio do 
Direito Penal, que terminam por impor ao Estado o mínimo possível de intervenção na 
esfera individual, o mínimo possível de pena privativa de liberdade, de prisão 
provisória, de quaisquer constrangimentos a que a esfera criminal sujeita o indivíduo, 
enfim, que se pratique em sede criminal somente o estritamente necessário. Desta 
forma, deve-se impedir que os réus fiquem presos por tempo além do que 
rigorosamente a lei obriga. No procedimento ordinário, por exemplo, a lei estabelece 
que a audiência de instrução e julgamento deverá ser realizada no prazo máximo de 60 
(sessenta) dias (art. 400 do CPP), após a manifestação inicial por escrito da defesa 
(arts. 396 e 396-A). 
As hipóteses excepcionais de cisão da audiência de instrução e julgamento, no 
caso de complexidade da causa ou requisição de diligências imprescindíveis, 
relacionadas a fatos e circunstâncias surgidos após a instrução criminal, tornam a 
prisão provisória legal por prazo além do previsto, porém a própria lei previu prazos 
específicos para a cisão excepcional da AIJ, das próprias diligências e da apresentação 
das alegações finais por memorial. Findo o prazo legal, e não havendo justificativa para 
sua permanência em recinto prisional, deve o réu ser imediatamente posto em 
liberdade. Vale destacar a hipótese sui generis do procedimento em sede de Tribunal 
do Júri, ex vi legis: “O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) 
dias. (Art. 412, CPP)”. 
10. COAÇÃO DETERMINADA POR AUTORIDADE INCOMPETENTE 
É de clareza solar a CRFB, ao dispor, em seu art. 5º, LIII: “ninguém será 
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Deve-se, numa 
hermenêutica adequada, estender ao conceito de autoridade competente aquela apta a 
investigar (delegado e autoridades policiais competentes para os atos investigatórios 
de que sejam incumbidas por lei), processar (Ministério Público – art. 129, I da CRFB, 
ou querelante, nos crimes de ação privada) e sentenciar (juiz e desembargadores, 
estes em sede de duplo grau Jurisdição). Sendo quaisquer destes atos praticados por 
autoridade incompetente pela letra expressa da lei, há o ensejo do writ constitucional 
em comento. 
Tanto assim, que a incompetência absoluta do juízo pode ser contestada em 
Habeas Corpus (RTJ, 93/1018), eis que por ato ex officio o próprio juiz deveria tê-lo 
feito. 
Há incompetência quando o juiz de direito determina prisão de governador, 
quando juiz federal determina a prisão de crime de competência de juiz de direito, 
dentre outros. 
Há que se ter em mente que a autoridade competente em tela não se confunde 
com a pessoa individual, que determine coação à liberdade locomotora. Haverá, 
dependendo do caso, crime. Cita-se como exemplo o chefe de repartição administrativa 
(pública ou não) que fecha à chave empregado em sala de trabalho para evitar sua 
evasão antes do horário. Na hipótese, poder-se-á averiguar a existência, inclusive, de 
crime de seqüestro e cárcere privado, ou outro. 
11. CESSAÇÃO DO MOTIVO LEGÍTIMO DA COAÇÃO 
Dentre toda a imensa gama de razões que autorizam a prisão provisória, a 
prisão em situação de flagrância, a prisão por sentença passada em julgado, o 
recolhimento carcerário em fins de semana por cumprimento de penarestritiva de 
direitos com limitação de fim-de-semana, e todas as situações em que a prisão seja 
legítima por parte do Estado, mas uma vez cessada a razão autorizadora destas 
prisões, devem ser relaxadas. Cita-se o exemplo do condenado que já cumpriu sua 
pena, porém permanece preso, ou se faz jus à determinada hipótese de progressão de 
regime, negada sem motivo aparente pela autoridade competente, bem como 
quaisquer hipóteses em que a razão que tornava a prisão legítima, deixou de existir. 
12. INADMISSÃO DE FIANÇA, QUANDO A LEI A PREVÊ 
Presta-se fiança para que o acusado possa responder ao processo em 
liberdade. A rigor da lei, o Poder Judiciário é simples depositário destes valores, 
devendo ser restituídos ao acusado ou réu, em caso de absolvição posterior, a teor do 
CPP: “Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado a sentença 
que houver absolvido o réu ou declarado extinta a ação penal, o valor que a constituir 
será restituído sem desconto (...)” Há ressalva (art. 336, parágrafo único, CPP) que 
impede a restituição da fiança em caso de extinção da punibilidade por prescrição, 
ocorrida após o trânsito em julgado da sentença condenatória. A partir do art. 321 do 
CPP, disciplina-se a concessão e a negação de fiança, nos casos expressamente 
consignados. Havendo prisão de qualquer espécie, resultante da negação por parte do 
juiz, a que o acusado preste fiança, nas hipóteses em que a lei permite, é cabível o 
Habeas Corpus, eis que a coação à liberdade configura-se afrontosa à própria lei. 
13. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO AGENTE 
As causas de extinção da punibilidade do agente encontram-se consignadas no Código Penal, 
art. 107, in verbis: 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
(...) 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
Tais situações, em que se vislumbra claramente que a razão que legitimava a 
prisão deixou de existir, é adequado o writ constitucional do Habeas Corpus para 
conceder de pronto a liberdade, visto que cumpridos alguns dos incisos citados, a 
prisão é manifestamente ilegal, com a devida exceção do inciso I do referido artigo, por 
ser a morte do agente situação excepcional, não havendo que se falar em liberdade, 
eis que só pessoas são livres, consistindo o cadáver verdadeira “coisa” para o direito 
brasileiro, exegese do Art. 14. do Código Civil: “É válida, com objetivo científico, ou 
altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da 
morte.” 
É de se destacar, com a nova processualística, pelo advento da Lei nº 
11.719/2008, que nos procedimentos ordinário e sumário, os arts. 396 e 396-A do CPP 
concedem ao acusado, em sede de defesa inicial, a possibilidade de alegar todas as 
matérias que objetivem à sua absolvição sumária, dentre elas a configuração de causa 
extintiva de punibilidade (art. 397, IV, CPP). 
14. HIPÓTESES EM QUE NÃO É CABÍVEL O HABEAS CORPUS 
As imposições constitucionais referentes ao Estado de Sítio (arts. 138, caput, e 
139, I e II, da CRFB), são claramente incompatíveis com o livre manejo do Habeas 
Corpus, eis que trata-se de situação excepcional, o que é corroborado pela doutrina, 
tornando inadmissível o remédio constitucional. No entanto, tal impossibilidade é 
restrita ao mérito da decisão, oriunda da autoridade coatora, mas sempre será 
admissível o Habeas Corpus – ainda que em Estado de Sítio – nas situações em que a 
coação provier de autoridade incompetente, ou em confronto flagrante com as 
disposições legais. 
Não cabe o remédio constitucional nas hipóteses de punições militares, ex vi do 
art. 142, §2º da CRFB, in verbis: “Não caberá "habeas-corpus" em relação a punições 
disciplinares militares.” No entanto, tal vedação cai por terra quando as punições, ainda 
que entre militares, devam ser apuradas e julgas em sede penal comum, por sua 
natureza, ou mesmo por não ter sido praticada em razão de sua função militar. Tal se 
dá, por exemplo, num roubo ocorrido em dia de folga, fora da área militar, mas 
erroneamente gerando punição em sede militar. Caberá o Habeas Corpus, na hipótese, 
pois a Justiça Militar é flagrantemente incompetente para apreciação de crimes comuns 
praticados por militares fora de sua função, pela clareza constitucional: “Art. 124. À 
Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.” 
O conceito de Habeas Corpus, quanto ao aspecto da locomoção, é também sua 
delimitação. Portanto, não cabe em hipóteses em que não se vislumbre, no presente ou 
em dado futuro conseqüente, a violação à liberdade locomotora. Tal situação já foi 
sumulada em 1964: “Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja 
resolver sobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de 
locomoção.” (STF, súmula 395, de 08/05/1964). De forma assemelhada, quando já 
extinta a pena privativa de liberdade, não cabe o remédio constitucional, ex vi da 
súmula 695, do STF, de 24/09/2003: “Não cabe habeas corpus quando já extinta a 
pena privativa de liberdade.” 
Fernando Capez (2010: 816) aclara hipóteses pertinente ao tema: “Não cabe 
habeas corpus contra dosimetria da pena de multa, uma vez que, diante da Lei 
9.268/96, não existe mais a possibilidade de esta pena ser convertida em privativa de 
liberdade, não havendo como ocorrer constrição à liberdade de locomoção. (1ªT., HC 
73.744, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU, 28 out. 1996, p. 41030)”. Há que se 
considerar, outrossim, que a súmula 693 do STF, de 24/09/2003, dispõe: “Não cabe 
habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em 
curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.” 
O tribunal máximo, ainda sobre hipótese de não cabimento do remédio 
constitucional, em 24/09/2003 editou a súmula 692, in verbis: “Não se conhece de 
habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito 
estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.” 
Tampouco se admite a impetração do remédio em comento quando se queira 
exame mais aprofundado ou nova valoração de material probatório (RTJ, 58/523), 
entendimento que, na decisão prolatada, considerou inexistente a ofensa ou risco à 
liberdade de locomoção. É inadmissível o Habeas Corpus contra o simples 
indiciamento em inquérito policial, ou ainda visando ao trancamento de inquérito policial 
quando se vislumbra crime em tese. Sobre sua admissibilidade para trancamento de 
inquérito policial, preleciona Guilherme Nucci (2006:742): "Admite-se que, valendo-se 
do habeas corpus, a pessoa eleita pela autoridade policial como suspeita possa 
recorrer ao Judiciário para fazer cessar o constrangimento a que está exposto, pela 
mera instauração de investigação infundada.” E prossegue o autor “... quando se 
perceber nítido abuso na instauração de um inquérito (por exemplo, por fato atípico) ou 
a condução das investigações na direção de determinada pessoa sem a menor base 
de prova, é cabível o trancamento da atividade persecutória do Estado. 
 
III - MANDADO DE SEGURANÇA NA ESFERA CRIMINAL 
 
15 CONCEITO 
Trata-se de ação de natureza constitucional, de rito sumaríssimo, destinado a 
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, 
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício das atribuições do poder público. Encontra-se 
previsto na CRFB, art. 5º, LXIX, e na Lei 12.016/2009. 
O Mandado se de Segurança possui natureza mandamental. 
16. ADMISSIBILIDADEDO MANDATO DE SEGURANÇA. 
É essencial que se configure a violação ao direito líquido e certo, para a 
impetração da ação autônoma em comento. Direito líquido e certo é aquele que 
dispensa dilação probatória, e pode ser demonstrado de plano, num exame cujo direito 
ressalte da mera análise dos fatos e do direito aplicável, não pairando dúvida aparente 
sobre nenhum destes elementos, eis que se duvidosa a ocorrência ou circunstância 
dos fatos, não há que lhe ajustar o direito – perde-se o “líquido” – ou se paira dúvida 
sobre o direito aplicável à espécie – não se trata de “certo”. 
Por meritório que seja o esforço em definir direito líquido e certo, poucos o 
fizeram com a magnitude de Hely Lopes Meireles, para quem direito líquido e certo "é o 
que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser 
exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser 
amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em 
si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante: se a sua extensão 
ainda não estiver delimitada; se o seu exercício depender de situações e fatos ainda 
não indeterminados, não rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por 
outros meios judiciais". Meireles, Hely Lopes. Mandado de Segurança – Ação Popular, 
Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, "Habeas Data". Editora Revista dos 
Tribunais. 13ª Edição. São Paulo. 1989. 
 
17. HIPÓTESES MAIS COMUNS DE MANDADO DE SEGURANÇA NA ESFERA CRIMINAL 
A amplitude da ilegalidade, do abuso de poder e da verificação do direito líquido 
e certo conferem, a este remédio de fulcro constitucional, caráter ampliado de 
abrangência, podendo ser interposto em todas as situações em que não se vislumbre 
hipótese de outras ações de impugnação, ou mesmo de recursos na esfera penal. 
Possui, portanto, caráter residual, não obstante imensa gama de aplicabilidade, a ser 
construída com o tempo, em sede jurisprudencial. Os exemplos abaixo são coligidos da 
prática forense. 
1) Quando denegado o direito a se juntar documentos em qualquer fase do 
processo, a teor do art. 231 do CPP, cabe MS (RT, 531/239); 
2) Quando o advogado resta impedido de acompanhar seu cliente na fase de 
inquérito, cabe MS (RT/603/302); 
3) É admissível o MS para atribuir efeito suspensivo ao recurso. Exige-se, 
todavia, que se demonstre o direito líquido e certo e o dano irreparável ou de 
difícil reparação, bem como prova de interposição do recurso no prazo legal e do 
recurso cabível. (RT 655/279, 629/327, 592/112, 549/69, 572/326, 513/782, 
503/175, e 500/112); 
4) Se, por despacho, o juiz não admite o assistente de acusação, cabe MS (RT 
577/386); 
5) Quando denegado ao advogado o direito de vista do inquérito policial, cabe 
MS (RT, 611/362, 610/337, 592/311e 586/204); 
6) Quando o advogado é impedido, outrossim, de entrevistar-se com seu cliente, 
cabe MS (RT 589/83); 
7) Se, apreendidos quaisquer objetos que não guardem nenhuma relação com o 
crime, cabe MS (RT 613/320, 561/345 e 557/388); 
8) Quando da negatória ou omissão em se fornecer certidões a que tenha direito 
o acusado, inclusive de antecedentes criminais, através de seu patrono, cabe 
MS (RT, 624/297, 609/323, 586/313); 
9) Na hipótese de terceiro de boa-fé que faça jus à restituição de coisas 
apreendidas, cabe MS (RT 606/331, 592/321 e 585/314); 
10) Quando se quer assegurar o processamento da correição parcial, no caso 
do juiz corrigido denegar seu prosseguimento, cabe MS (RJTJSP 28/409); 
11) Quando ilegal a medida cautelar de sequestro, cabe MS; 
12) Quando da ausência de exclusão do nome do impetrante dos registros de 
antecedentes criminais após o deferimento de reabilitação criminal, cabe MS. 
 
 
18. VEDAÇÕES AO USO DO MS EM MATÉRIA CRIMINAL. 
Dispõe a súmula 266 do STF: Não cabe MS contra lei em tese. Súmula 268 do 
STF: não cabe MS contra decisão judicial com trânsito em julgado. Súmula 267 do 
STF: não cabe MS contra ato passível de recurso ou correição. Entretanto, a 
jurisprudência tem relativizado o rigor desta súmula, admitindo o MS quando o recurso 
cabível não tem efeito suspensivo. 
 
CONCLUSÃO 
 
 
Como visto, o remédio a revisão criminal examinada neste trabalho serve ao 
desfazimento da coisa julgada material ou formal, quer por motivos de invalidade, quer 
por motivos de injustiça. É, pois, meio processual de extrema importância, que 
relativiza o valor da segurança jurídica, previsto constitucionalmente em razão da 
imutabilidade da coisa julgada, em nome do valor justiça. Instrumento nobre, portanto, 
válvula de segurança para as condenações iníquas. 
 
Vê-se também que o trânsito em julgado da sentença condenatória é o momento 
inicial da possibilidade de ajuizamento da Revisão Criminal, pela simples razão de que, 
até o trânsito em julgado, cabem recursos dos quais pode o réu se socorrer. 
O CPP, entre os art.s 621 e 631 disciplina a Revisão Criminal, que não obstante 
estar topograficamente localizada como “recurso”, é assente na doutrina que se trata 
de ação autônoma de impugnação. 
 Analisamos algumas das incoerências entre o que prevê a Constituição Federal 
e o que realmente ocorre no quotidiano das pessoas que necessitam utilizar o habeas 
corpus. Sabe-se que é a ação constitucional para a tutela da liberdade de locomoção, 
utilizada sempre que alguém estiver sofrendo, ou na iminência de sofrer, 
constrangimento ilegal em seu direito de ir e vir. Contudo, pergunta-se: todos sabem 
fazer valer esse direito? Ou apenas uma minoria privilegiada utiliza-o com frequência, 
pela simples ameaça de sofrer prisão. Privilegiados econômico e politicamente 
descobrem, normalmente por métodos escusos, que contra eles correm inquéritos 
policiais que, provavelmente, ensejarão suas prisões provisórias. Inexplicavelmente, 
conseguem com imensa rapidez o habeas corpus preventivo, livrando-se da cadeia 
 O mandado de segurança é um instrumento normativo e, tem por finalidade 
proteger os direitos individuais e da coletividade, não amparado por hábeas corpus 
nem hábeas data, devido a uma ação ou omissão de uma autoridade coatora, de forma 
ilegal ou abuso de poder; dando portanto, a sociedade uma leve certeza de justiça com 
respeito total ao direito existente em nossa sociedade. 
 
 
11. BIBLIOGRAFIA 
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mandado de segurança, RP 39/16-26. 
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UFBA. Salvador: Faculdade de Direito da UFBA, 1999, v. V, p. 114. 
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5.FEITOZA, Denilson. Reforma processual penal: Leis 11.689/2008, 
11.690/2008 e 11.719/2008: uma abordagem sistêmica. – Niterói, RJ: Impetus, 
2008. 
6. GOMES FILHO, Antônio Magalhães. Provas – Lei 11.690, de 09.06.2008. In: 
MOURA, Maria Thereza Rocha de Assis (org.). As reformas no processo penal: as 
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Paulo: Saraiva, 2009. 
8.__________, Fernando da Costa. Código de processo penal comentado (arts. 1º a 
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9. CAPEZ, Fernando, Curso de processo penal. 18. ed., São Paulo, Saraiva. 
10.MARQUES, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. 2ªed. 
Campinas, Millenium, 2000.v.03 
11. MEIRELES, Hely Lopes. Mandado de Segurança – Ação Popular, Ação Civil 
Pública, Mandado de Injunção, "Habeas Data". Editora Revista dos Tribunais. 13ª 
Edição. São Paulo. 1989. 
12. NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 5. ed. rev. 
atual. e ampl. São Paulo: RT,2006, p.742

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