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EMULSÕES 
As emulsões são sistemas bifásicos nos quais um líquido está disperso em outro na forma de pequenas gotículas. 
As emulsões para administração oral são líquidas, mas aquelas para administração tópica podem ser líquidas ou 
semissólidas. 
 
 
 
 
A emulsificação é o processo de criação de uma emulsão a parti de duas fases líquidas imiscíveis. É realizada mediante 
aplicação de energia ao sistema (p. ex.: trituração ou homogeneização), para vencer a força de atração (Fator 
mecânico) que as moléculas de um mesmo líquido possuem entre si, formando gotículas e criando uma barreira física 
e/ou eletrostática ao redor destas. 
Isso é obtido pelo uso de agentes emulsificantes. 
Esses agentes são surfactantes que se concentram na interface de duas fases imiscíveis, reduzindo a tensão superficial 
entre elas, formando uma barreira ao redor das gotículas a medida que estas se formam, prevenindo a coalescência. 
Alguns emulsificantes também aumentam a viscosidade do sistema, retardando a agregação das gotículas e reduzindo 
a velocidade de cremagem. 
Coalescência é a fusão das gotículas em gotas maiores até a separação completa das fases, de modo que as gotículas 
não podem ser re-emulsificadas pela simples agitação da preparação (a a barreira formada pelos agentes emulsifi cantes 
é quebrada ou destruída). 
Cremagem é a migração de gotículas da fase interna para a parte superior ou inferior da emulsão (processo que ocorre 
pela diferença de densidade entre os líquidos das fases) 
As gotículas dispersas são chamadas de fase interna ou dispersa e o líquido ao redor é chamado de fase externa, 
contínua ou dispersante. 
 
 
 
 
 
 
 
TIPOS: 
Relembrando termos 
Quando dois líquidos são solúveis um no outro em todas as proporções, são chamados de miscíveis (ex.: água 
e álcool), alguns líquidos são parcialmente miscíveis, ou seja, são solúveis em proporções definidas (ex.: álcool 
e óleo de rícino) e os imiscíveis não são solúveis de modo perceptível um no outro em qualquer proporção (ex.: 
água e óleo). 
Fase externa, contínua ou 
dispersante 
Fase interna ou dispersa 
Óleo em água (o/a): o óleo está disperso como gotículas em uma fase aquosa (o óleo é a fase interna). 
 - É o tipo mais comum. 
 - Exclusivo para uso oral (para minimizar a sensação 
desagradável oleosa na boca de alguns óleos medicinais) e pode ser 
adicionada de edulcorantes e aromatizantes. 
 - Forma para nutrição parenteral 
 - Fácil de remover 
 - Não deixa sensação de oleosidade. 
Água em óleo (a/o): a água está dispersa como gotículas em uma fase oleosa (a água é a fase interna). 
 - Utilizada para preparações de uso externo. 
 - Propriedades de emoliência, lubrificação e proteção. 
 - Deixam a sensação de gordura e são mais difíceis de retirar. 
 - Boas quando se necessita certa oclusão. 
PROPRIEDADES DESEJADAS DE UMA EMULSÃO: 
1.) Gotículas finamente divididas: 
- Geralmente obtidas por ação mecânica. 
 - Alguns tensoativos auxiliam na formação de emulsões mais finas (aminas por exemplo). 
2.) Cremagem e agregação lenta das gotículas 
 - A cremagem e agregação não pode ocorrer durante o período de validade do produto. 
 - Pode-se retardar esse processo pela escolha adequada do agente emulsificante e pela alteração da 
viscosidade do sistema. 
 
MÉTODOS DE OBTENÇÃO: 
1.) Pelo uso de gomas: A utilização de gomas forma um sistema de viscosidade e consistência ótimas. 
2.) Emulsões de sabões nascente: Neste tipo de emulsão o agente emulsificante é formado à medida que as 
emulsões são preparadas. 
3.) Emulsões com surfactantes: O agente surfactante faz a união das fases. 
 
ESTABILIDADE: 
A manutenção das partículas pequenas é essencial para a estabilidade da emulsão. 
Degradação química: A presença de sais pode diminuir a estabilidade das emulsões, reações de oxi-redução, 
hidrólise. 
As emulsões são susceptíveis à oxidação, em ambas a fases (ideal adicionar um antioxidante). 
Deve-se utiliza conservantes para diminuir o risco de contaminação (pela presença de água). 
 
TENSOATIVOS ou SURFACTANTES: 
São componentes agentes emulsificantes, possuem uma parte hidrofílica (cabeça) e a cauda hidrofóbica, 
misturando-se às fases aquosas e oleosas. Atuam diminuindo a tensão superficial existente entre as fases. 
Podem ser: catiônicos, aniônicos ou anfóteros. 
 
Tensoativos Aniônicos Tensoativos Catiônicos Tensoativos Anfóteros Tensoativos não iônicos 
Estearato de sódio 
Estearilsulfonato de sódio 
Estearilsulfato de sódio 
Laurilbenzosulfonato de 
sódio 
Dioctilsulfosuccinato sódico 
Lauriletoxisulfato de sódio 
Cloreto de dicetildimetil 
amônio 
Brometo de ceti ltrimetil 
amônio 
coco betaína 
coco amido propilbetaína 
Alquilbetaína 
Alquilimidazolina 
Ésteres de glicol e glicerol 
Ésteres de Sorbital 
Polissorbatos 
Álcoois graxos etoxilados 
 
 
Outros agentes que não são tensoativos podem ser utilizados como agentes emulsificantes como goma acácia, arábica, 
gelatina, lecitina, colesterol (emulsificantes naturais) ou hidróxido de magnésio, bentonita, veegum (sólidos finamente 
divididos). 
 
Características ideais de um emulsificante: 
 - Balanço adequado entre estrutura hidrofílica e hidrófoba (para se manter na interface) 
 - Devem produzir emulsões estáveis 
 - Devem ser estáveis à degradação química e microbiológica. 
 - Inertes e atóxicos 
 - Baixo custo. 
 
Ceras auto-emulsificantes: São compostos de ceras + tensoativos não-iônicos ou aniônicos. 
Ex: Polawax, Cosmowax, Chembase, Polibase, Crodabase, Uniox, Lanette N, Unibase, Monoestearato de glicerila AE. 
 
Composição hidrofílica-lipofílica: Os tensoativos podem ser classificados em função de sua composição hidrofílica e 
lipofílica (relacionada com a polaridade). 
- Escala de Griffin: Em 1954, Griffin estabeleceu que a porcentagem da fração hidrofílica da molécula do tensoativo, 
dividida por 5 representa o valor do EHL. 
O sistema EHL auxilia na determinação da proporção correta da mistura dos tensoativos para a emulsificação, 
através do emprego de fórmulas matemáticas para a determinação do valor EHL exigido pela formulação ou 
mistura dos mesmos. 
Nesse esquema os tensoativos são classificados em uma escala de 1 a 20, sendo que, quanto mais elevado o valor, 
mais polar o tensoativo. 
 - Em geral: 
 - EHL para emulsões A/O = 3 a 6 
 - EHL para emulsões O/A = 8 a 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicação dos Valores EHL 
ANTIESPUMANTES EHL = 1 a 3 
EMULSIFICANTES (A/O) EHL = 3 a 6 
UMECTANTES EHL =7 a 9 
EMULSIFICANTES (O/A) EHL = 8 a 18 
SOLUBILIZANTES EHL = 15 a 20 
DETERGENTES EHL = 13 a 15 
 
 
 
Material extraído de: A prática Farmacêutica na manipulação de Medicamentos de Judith E. Thompson e Lawrence W. 
Davidow e da dissertação de mestrado de Gilsane Garcia Morais – Desenvolvimento e estabilidade de emulsões O/A 
com cristais líquidos acrescidas de xantina para tratamento de hidrolipodistrofia ginóide.

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