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revista-comunicacoes-2009

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1
COMUNICAÇÕES • Piracicaba • Ano 15 • n. 1/2 • p. 1 a 155 • jan. - dez. 2008
2
INSTITUTO EDUCACIONAL 
PIRACICABANO – IEP
Presidente do Conselho Diretor
Wilson RobeRto ZuccheRato 
Superintendente da Rede Metodista de Educação
MaRcio de MoRaes
Diretor-Geral
Clovis Pinto de castRo
Universidade Metodista de Piracicaba
Reitor
Pró-Reitor Administrativo
Pró-Reitor de Graduação e Educação Continuada
Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão
clovis Pinto de castRo
Diretora da Faculdade de Ciências Humanas
claudia da silva santana
Coordenadora dos Cursos de Mestrado e Doutorado 
em Educação
MaRia naZaRé da cRuZ
Editora Unimep
Conselho de Política Editorial
clovis Pinto de castRo (presidente)
cláudia Regina cavaglieRi (vice-presidente)
belaRMino cesaR guiMaRães da costa
luiZ antonio gRoPPo
MaRia luíZa oZoRes PolacoW
MaRia aPaRecida geRMek
MaRia inês bacellaR MonteiRo
MiRta gladys leRena ManZo de Misailidis
nancy alfieRi nunes
valéRia Rueda elias sPeRs
valMiR eduaRdo alcaRde
COMUNICAÇÕES • Ano 15 • n. 1/2 • edição 
publicada em abril/2010
Comissão Científico-Editorial
MaRia inês bacellaR MonteiRo (Presidente)
cesaR RoMeRo aMaRal vieiRa
MaRia cecília Rafael góes
MaRia naZaRé da cRuZ
Raquel PeReiRa chainho gandini
Comitê Científico
claRisse nunes (Universidade Federal Fluminense/RJ)
deRMeval saviani (Universidade Estadual de Campinas/SP)
fRancisco cock fontanella (Universidade Metodista de 
Piracicaba/SP)
José caRlos Rothen ( Centro Universitário do 
Triângulo/Mg)
José MaRia de Paiva (Universidade Metodista de 
Piracicaba/SP)
licínio c. v. da silva liMa (Universidade do Minho/PT)
MaRia angélica P. PiPitone (Universidade de São Paulo/SP)
MaRia cecília caRaReto feRReiRa (Universidade Metodista 
de Piracicaba/SP)
angela viana Machado feRnandes (Universidade Estadual 
Paulista/SP)
MaRia suZana Puebla (Universidad Nacional de Rosario/AR)
neWton RaMos de oliveiRa (Universidade Estadual 
Paulista/SP)
neus sanMaRtí (Universitat Autònoma de Barcelo/ES)
PeRi Mesquita (Pontifícia Universidade Católica/PR)
PieRRi sanchis (Universidade Federal de Minas Gerais/MG)
Rosália MaRia RibeiRo de aRagão (Universidade Metodista 
de São Paulo/SP)
sandRa Riscal (Universidade Federal de São Carlos/SP)
sílvio gallo (Universidade Estadual de Campinas/SP)
valdeMaR sguissaRdi (Universidade Metodista de 
Piracicaba/SP)
Editora Executiva
léia alves de souZa
Equipe Técnica
Assistente Editorial: ivonete savino
Auxiliar Administrativa: MaRia nilZa facco PReeg
Bolsista Atividade: ana Júlia gaiani de santis
Ficha Catalográfica: Rosangela aPaRecida lobo
Revisão de textos em português: MiRian de fátiMa Polla
Revisão de textos em inglês: Renata c. colasante
Gráfica
Gráfica Riopedrense 
Coordenação: antonio geneRoso
Revisão Gráfica: sonia beRnaRdini Piacentini
Editoração Eletrônica: antonio do c. MaRtiMbianco
COMUNICAÇÕES é uma publicação semestral da 
Editora uniMeP, a qual traz produções acadêmico-científicas 
do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de 
Ciências Humanas da Universidade de Piracicaba (uniMeP). 
Os trabalhos devem ser encaminhados à Comissão Editorial da 
revista, observadas suas Normas para Publicação. As opiniões 
expressas nos artigos são de responsabilidade dos seus autores. 
Os textos são selecionados por processo anônimo de avaliação 
por pares (blind peer review). Na última edição de cada ano, é 
publicada a relação do seu corpo de referee.
COMUNICAÇÕES is a journal published twice a year 
by the Editora uniMeP, bringing the academic-scientific 
production of the Post-Graduate Program in Education of 
the Human Sciences College of the Methodist University 
of Piracicaba (uniMeP). Manuscripts must be submitted to 
the Editorial Board and be in accordance with the Norms of 
Publication. The opinions expressed in the articles are private 
views of their authors. The manuscripts are selected by blind 
peer review. The identity of the referees is published in the last 
issue of each year.
Aceita-se permuta/exchange is desired
COMUNICAÇÕES é indexada por/Comunicações is 
indexed by:
CLASE – Citas Latinoamericanas en Ciencias Sociales y 
Humanidades (Universidad Nacional Autónoma de México) 
Sociological Abstracts (Cambridge Scientific Abstracts – San 
Diego – USA)/EDUBASE (FE/UNICAMP).
Correspondência Editorial/Correspondence with the 
Publisher
 
Editora uniMeP
coMunicações
Rodovia do Açúcar, km 156 – bloco 7
13400-911 – Piracicaba/SP
Tel./fax: 55 (19) 3124-1620
E-mail: revcomunicacoes@unimep.br
___________________________________________________
Comunicações. Universidade Metodista de Piracicaba. 
 Faculdade de Ciências Humanas.
 Programa de Pós-Graduação em Educação.
 – Piracicaba, v.1, n.1, jan./jun. 1994 –
 Ano 15, n. 1/2, jan. / dez. 2008
 ISSN: 0104-8481
 1. Educação - Periódicos. I. Universidade
 Metodista de Piracicaba. 
Faculdade de Ciências Humanas.
 CDU: 37
___________________________________________________
3
EDITORIAL
 Hugo foi um autêntico intelectual movido por uma paixão intensa 
que procurava combinar o rigor teórico com a criatividade no pensar e 
liberdade para romper com fronteiras artificiais das ciências que bloqueiam a 
sensibilidade solidária e a compreensão dos fenômenos complexos da vida e 
da sociedade. Alguém que assumiu a sua vocação intelectual como expressão 
de seu compromisso com a causa dos pobres e oprimidos e procurou viver a 
“fraternura” nas relações humanas.
 Da minha relação de mais de vinte anos com Hugo uma recordação 
merece ser compartilhada aqui. Anos atrás, ele me ligou e no meio da 
conversa disse com muita seriedade, quase como um desabafo pessoal, “Jung, 
não podemos jamais perder a coragem de dizer a verdade”. Essa coragem e sua 
honestidade intelectual lhe fizeram ser muitas vezes mal-entendido ou mal-
visto por companheiros e companheiras da mesma causa. Mas, também foi 
motivo para encantar e encorajar muitas pessoas que aprenderam, conviveram 
e/ou lutaram ao seu lado, nos mais diversos cantos dessa América Latina e do 
mundo.
 Ele nos deixou um legado que precisa ser explorado, aprofundado e 
enriquecido com novas reflexões e pesquisas. Para isso, precisamos superar 
um tipo de complexo de inferioridade intelectual que abate sobre uma parcela 
significativa do mundo acadêmico latino-americano, o qual sempre está 
olhando para o que os teóricos do Norte disseram ou dizem, sem perceber a 
riqueza teórica produzida nestas terras que, há muito, deixaram de ser colônias. 
A geopolítica do conhecimento colonialista internalizado em muitos de nós e 
nas nossas instituições acadêmicas precisa ser superada, descolonizada.
 Nessa tarefa, estudar autores como Hugo Assmann é um passo 
fundamental, pois, na medida em que descobrimos ou redescobrimos “pérolas” 
produzidas por autores da “nossa terra e da nossa gente”, que pensaram os 
nossos problemas e as soluções adequadas para as nossas condições, sem 
desprezar as contribuições que vêm de outros lugares, iremos, aos poucos, 
superar essa colonização cultural e epistemológica da qual ainda sofremos.
 Este número da revista começa com uma entrevista dada por sua 
companheira, Melsene Ludwig (conhecida como Mel). Ela nos fala do 
percurso de vida dele, da Teologia da Libertação à educação para a sensibilidade 
solidária. Depois, seguem quatro artigos que abordam diversos aspectos do 
pensamento de Hugo Assmann. Roque Strieder escreve sobre a contribuição 
4
de Hugo na sua formação e reconstrução da visão de mundo, de ser humano 
e de educação, com destaque à superação dos ranços do negativismo de 
muitos ambientes educacionais. Cesar Romero Amaral Vieira aborda a crise 
do paradigma cartesiano-newtoniano e as possibilidades da aquisição do 
conhecimento e os desdobramentos para as práxis pedagógicas. Clézio José 
dos Santos Gonçalves contribui com reflexões sobre Hugo Assmann, como 
pesquisador na área de educação, especialmente na área de epistemologia, e 
como professor singular por causa da suaprofunda experiência internacional 
em diferentes realidades. Lúcia Maria Blois Viellela analisa o potencial 
pedagógico de alguns conceitos científicos emergentes.
 Por fim, dois textos de Hugo Assmann. Um que discute até que ponto 
os PCNs contêm uma visão inovadora com respeito ao que se deve entender 
por experiências significativas de aprendizagem, e outro que analisa a teoria 
das inteligências múltiplas de Howard Gardner.
 De minha parte, sinto-me honrado por ter sido convidado pela 
Comissão Editorial para escrever o editorial deste número.
 Uma boa leitura!
JUng mo SUng1 
¹Professor de Pós-Graduação em Ciências da Religião na Universidade Metodista de São 
Paulo. É autor de títulos em parceria com Hugo Assmann, dentre os quais: Competência e 
sensibilidade solidária: educar para esperança e Deus em nós: o reinado que acontece no amor solidário 
aos pobres (no prelo).
5
Sumário/Contents
7 EDUCAÇÃO E ENCANTAMENTO
Education and Enchantment
fRancisco cock fontanella (Universidade Metodista de Piracicaba/SP)
11 HUGO ASSMANN: DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO À 
EDUCAÇÃO PARA A SENSIBILIDADE
Hugo Assmann: from liberation theology to education for sensibility
bRuno Pucci (Universidade Metodista de Piracicaba/SP), cleiton de 
oliveiRa (Universidade Metodista de Piracicaba/SP) & chRistine betty 
(Universidade de Fortaleza/CE)
39 HUGO ASSMANN E REFLEXÕES SOBRE SER HUMANO, 
EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM
Hugo Assmann’s Contribuitions to the Reflexions on Human Being, Education and 
Learning
Roque stRiedeR (Universidade do Oeste de Santa Catarina/SC)
57 ANTIGAS E NOVAS METÁFORAS SOBRE O CONHECIMENTO
Old and New Metaphors for Knowledge
cesaR RoMeRo aMaRal vieiRa (Universidade Metodista de Piracicaba/SP)
73 HUGO ASSMANN: UM IPHONE FORA DE ÉPOCA
Hugo Assmann: an iphone out of his time
cléZio José dos santos gonçalves (Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul/RS) & benno beckeR JúnioR (Universidade Luterana do Brasil/RS)
99 O POTENCIAL PEDAGÓGICO DE CONCEITOS CIENTÍFICOS 
EMERGENTES
The Pedagogical Potencial of Emerging Scientific Concepts
lúcia MaRia blois villela (Centro Federal de Educação Tecnológica de 
Pelotas/RS)
hugo assMann (Universidade Metodista de Piracicaba)
125 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS VERSÃO 1996.
 Resumo expositivo-crítico da proposta pedagógica contida no documento 
introdutório
 The National Curriculum Standards/version 1996
 Critical abstract of the pedagogical proposal of she introductory document
hugo assMann (Universidade Metodista de Piracicaba/SP)
139 BREVES ANOTAÇÕES SOBRE A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS 
MÚLTIPLAS DE HOWARD GARDNER
Brief Notes on Howard Gardner’s Multiple Intelligences Theory
hugo assMann (Universidade Metodista de Piracicaba/SP)
147 normaS para pUblicação
Editorial Norms
155 noSSoS conSUltoreS
Our Consultants
6
7
Homenagem
Homage 
EDUCAÇÃO E ENCANTAMENTO
Education and Enchantment
FranciSco cock Fontanella
Universidade Metodista de Piracicaba/SP
 Ele está plagiando o Hugo, dirão os leitores. Estou mesmo. E não 
escondo, nem disso me envergonho. Aprendi muito com ele. Ouso proferir 
a respeito dele: Goza de ampla e imorredoura memória! Hugo Assmann! Quanta 
dedicação, quanto entusiasmo na tarefa pedagógica. Exigente? Sim. Ele o 
era. Em primeiro lugar, consigo mesmo. Em 2004, a Editora Vozes trazia: 
“Autor de mais de vinte livros, alguns com traduções para vários idiomas”. 
Apraz-me mencionar: Metáforas novas para reencantar a educação: epistemologia 
e didática e Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente, esta última com 
Jung Mo Sung. Considerava ele a educação como um encantamento? Coisa 
de contos de fadas? Não creio. Em vez da antiga e curiosa definição latina de 
metáfora (metaphora = de re propria ad rem non propriam usurpata translatio = 
translação usurpada de algo próprio para algo não próprio), vou me utilizar 
do Houaiss: “designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra 
que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação 
de semelhança”; e do Caldas Aulete: “tropo; tropo pelo qual se dá a uma 
pessoa ou coisa uma qualidade que ela não tem e que só por analogia se pode 
admitir.”
 Segundo Hugo, a educação pode ter seu encanto. Apraz-me citar 
Leonardo Boff: “Assim ele se situa na melhor tradição humanística na qual se 
inscrevem modernamente nomes como o de Einstein, de Prigogine, de Carl 
Sagan e de outros”. E ainda: “E tudo vem escrito com leveza e prazerosidade 
como quem encanta e fatalmente seduz”. E eu repito: encanta e seduz!
 O ser humano se formou evolutivamente. Herdou instintos, que 
estão inscritos em sua carne, em seu sangue, em seu cérebro. Mas a evolução 
não aconteceu apenas biologicamente. Do ponto de vista biológico, ela foi 
e continua sendo maravilhosa. Imagine-se a cabecinha do louva-deus! Ela 
tem 18.004 olhos! É de parar o fôlego! O tubarão percebe a presa a quarenta 
quilômetros debaixo d’água! É fantástico! E quantas coisas mais!
 Mas a invenção de culturas propriamente humanas foi algo 
deslumbrante! Aqui, talvez caiba o termo encantamento. Aqui, as maravilhas 
acontecem com maior freqüência e são muito mais admiráveis. O ser humano 
já chegou à Lua, já mandou naves não tripuladas a Júpiter. Já decifrou o 
COMUNICAÇÕES • Piracicaba •Ano 15 • n. 1/2 • p. 7 - 10 • jan. - dez. 2008
8
átomo e inventou as bombas mais terríficas imagináveis. Domina os ares e as 
profundezas. Compõe remédios preciosíssimos, realiza operações até mesmo 
nos cérebros. E os celulares pelo mundo afora?! E a expressão máquinas 
inteligentes era cara ao Hugo. Cito trecho da obra Reencantar a educação: “Há 
que manter, portanto, uma distinção entre sistemas cognitivos compostos de 
agentes primordialmente humanos, primordialmente artificiais e sistemas 
mistos”. (ASSMANN, 1998, p. 168). As maravilhas são incontáveis e não 
cessam de acontecer. Mas nada disso teria acontecido sem a educação. Isto 
é: a educação é fundamental e não é tarefa individual. Por isso ocorre no 
subtítulo: rumo à sociedade aprendente.
 Educar é uma tarefa tão básica como nutrir. Aliás, é uma tarefa mais 
longa e mais difícil que nutrir, penso eu. Mesmo depois que os seres humanos 
aprenderam a se nutrir, a buscarem o próprio sustento, muitos, muitíssimos 
deles precisam ainda de educação. Essa tarefa tão fundamental talvez só se 
complete com a morte. É tarefa da vida inteira. Mais: é tarefa sem fim.
 Sei, entretanto, que muitos povos se julgaram superiores devido à sua 
pretensa cultura superior (ou talvez à superioridade da sua pele branca!?!). Em 
nome dela, quanta barbaridade! Cito apenas três obras: A assustadora história 
da maldade, de Oliver Thomson (Ed. Prestígio), Holocaustos coloniais, de Mike 
Davis (Ed. Record) e Gulag de Anne Applebaum (Ediouro). Holocaustos 
coloniais! Nosso bem-estar é herdeiro deles. E os autores não contaram tudo, 
pois é impossível.
Reencantar a educação! Pela educação se faz, se aperfeiçoa o humano. Já houve 
desvios? Muitos, graves e gravíssimos. Alguém já escreveu (apraz-me repetir): 
“Para quando o humano for humano [...].”
 Entendemos cultura como a superação da simples animalidade. E hoje, 
parece, a humanidade se sente uma única, apesar das raças e cores Sei que, 
em muitos ambientes, isso ainda é ficção e, em outros, é hipocrisia. Mas essa 
pode ser uma das faces do encantamento. Desde pequeno, ouvi a expressão: 
Aprender a ser gente! E Hugo entendia isso, ensinava isso.
 Em 2008 estão acontecendo as Olimpíadas. Quanta disciplina! Que 
bonito! A meta é superar, imitar, disputar, ser melhor. Mas, do ponto de 
vista huguiano, a meta é, creio – interpretando meu saudoso amigo –, não 
desprezar. Empenhar-se, tentar, desfrutar, encantar-se: curtir o humano 
entre os humanos. Sem ódio, sem racismos. Con-viver humanamente no 
encantamento do aprendizado. Educar não é produzir encantos, mas produzir 
humanidade, humanidade que sempre tenta se superar.
 Os humanos inventaram (descobriram?) a ciência. Infelizmente, 
usaram-na para a dominação e para fazer o mal. Isso pareciaaos antigos um 
verdadeiro encantamento. Tanto que era distintivo de uma deusa: a Deusa 
da Sabedoria. Curiosamente, a sabedoria era característica de uma mulher: 
Atenas (a Minerva romana). Já a força, o domínio sobre os outros era atributo 
de um masculino: Marte, o deus da guerra. Sem falarmos em Hércules – o 
humano semideus, que separou a África da Europa. Aliás, Europa foi a moça 
COMUNICAÇÕES • Piracicaba •Ano 15 • n. 1/2 • p. 7 - 10 • jan. - dez. 2008
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raptada por Zeus – o deus dos deuses, disfarçado de touro?! Ridículo? Mas se 
houve até o touro de Minos, o Minotauro.
 Hierarquia entre os deuses! Nada mais natural que houvesse 
hierarquia entre os humanos. Os que ficam por baixo... Azar!? Destino? Ou 
simplesmente maldade humana? Hugo ficaria com esta última hipótese, creio 
eu. Não foi à toa que Nietzsche escreveu: Humano, demasiado humano. Mas os 
modernos, brancos, começaram a descobrir, a criar a ciência moderna, em 
moldes puramente racionais, a exemplo das matemáticas. Nada de encantos. 
Os mistérios foram caindo. O poder humano baseado na racionalidade, na 
ciência foi aumentando. As maiores guerras foram possíveis graças ao saber 
científico. E, acrescento, a ambição guerreira cultivou, incentivou, financiou o 
conhecimento científico para aumentar o poder de destruição, de dominação. 
A ciência – tão bonita, tão útil – ficou serva, em primeiro lugar, da ânsia 
insana de dominação, da crueldade, da sevícia. Lembremo-nos dos jogos nos 
circos romanos. Secundariamente pôde servir a outros fins, mais humanos, 
mais inocentes... Encantamento? Na minha humilde ignorância não sei dizer 
se a ciência serviu mais à humanidade ou à ânsia de poder e de dominação-
opressão de alguns. Na Bíblia, lemos que a mulher foi seduzida pela serpente 
do mal, porque esta lhe ofertou a sabedoria, caso comesse do fruto proibido. 
Até parece que algum homem quis atribuir a culpa de todos os males à mulher. 
Encantamento? É que a mulher demorou muito tempo para aprender a ler e a 
escrever... Só os homens tinham voz e voto... Só alguns... E o saber se tornou 
arma, poder, precioso instrumento de destruição e domínio.
 Há solução? O Grande Hugo apontava a educação. É claro que a 
educação por ele imaginada ia muito além das boas maneiras. Segundo ele, pela 
educação se forma, se conforma, se supera o humano.
 Educar é transmitir saberes, valores, normas, crenças, experiências? 
E-dúcere! Conduzir de! De onde para onde? Do quê para quê? Da ignorância 
para o saber? Ou para a sabedoria? O que é isso “sabedoria”? O saber não é 
inocente, não é inócuo, infelizmente. Para ser sábio não é necessário “saber” 
ler.
 Mas o Hugo era otimista dos avanços científicos e técnicos. Apraz-me 
citar: “Aos poucos nos vamos acostumando a pensar em forma de rede, mais 
coerentes com a teia da vida. Com tantos novos conceitos emergentes, que 
têm tudo a ver com a visão renovada da pedagogia, [...].” (ASSMANN, 1998, 
p. 173) Pedagogia! Condução da criança! Pedagogo = condutor da criança. 
Condução positiva, sem maldade? Antes fosse! Encantamento? A criança 
se encanta quando aprende. Bem lembrava o Hugo que o saber tem sabor; 
melhor: saber e sabor se identificam (pelo menos têm a mesma origem). Os 
eruditos dizem: Esta iguaria sabe a...
 Educação! Que pareça encantamento; que seja encantamento e não 
suplício. Lembro-me de um ditado espanhol muito antigo: La letra con el mazo 
entra. Que dureza...!
 Que contraste com a pedagogia huguiana. Cabe lembrar: Hugo com 
COMUNICAÇÕES • Piracicaba • Ano 15 • n. 1/2 • p. 7 - 10 • jan. - dez. 2008
10
os Teólogos da Libertação! Libertação, liberdade, humanidade: era isso que 
nosso amigo buscava. Sua herança e exemplo são imorredouros. Educar é 
preciso! Viver é preciso! Viver também é preciso! Educar também é preciso! 
Dados do Autor
FranciSco cock Fontanella
Professor Titular do Programa de Pós-Graduação
em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba/SP.
COMUNICAÇÕES • Piracicaba •Ano 15 • n. 1/2 • p. 7 - 10 • jan. - dez. 2008
11
HUGO ASSMANN: DA TEOLOGIA DA 
LIBERTAÇÃO À EDUCAÇÃO PARA A 
SENSIBILIDADE
Hugo Assmann: from liberation theology to education for sensibility
brUno pUcci
Universidade Metodista de Piracicaba/SP
bpucci@unimep.br
cleiton de oliveira
Universidade Metodista de Piracicaba/SP
cleolive@unimep.br
chriStine betty
Universidade de Fortaleza/CE
cbbetty@uol.com.br
Um poUco de SUa vida
 Hugo Assmann nasceu em Venâncio Aires/RS, aos 22 de julho de 
1933. Estudou Filosofia no Seminário Central de São Leopoldo/RS (1951-
1954) e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, dos 
Jesuítas (1954-1958). Ordenou-se padre, em 1958, em Roma. No ano letivo 
1959/1960, realizou estudos de pós-graduação em Sociologia na Universität 
Johann Wolfgang Goethe, em Frankfurt am Main, Alemanha. Realizou, a 
seguir, seus estudos e pesquisas de doutorado em Teologia, obtendo o título 
de Doutor, em 1961, pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, com 
a tese “A dimensão social do pecado”. Seu orientador foi o jesuíta Joseph Fuchs, 
um dos teólogos influentes na renovação da Teologia Moral no contexto do 
Concílio Vaticano II (1962-1965). De volta ao Brasil, estabeleceu-se em Porto 
Alegre/RS, onde foi vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Mont Serrat e 
professor de teologia no Seminário de Viamão.
 Assmann foi um dos precursores da Teologia da Libertação. Num 
primeiro momento, sua reflexão se realizou na linha de uma Teologia do 
Desenvolvimento. Sobre essa temática, a partir de 1961, publicou artigos 
marcantes na Revista Seminário, que depois passou a se chamar Ponto Homem. 
Em 1968, publicou na Revista Vozes, n. 62, o artigo “Tarefa e Limitações de 
uma Teologia do Desenvolvimento”. Num segundo momento, sua reflexão 
avançou para uma Teologia da Revolução: seu livro Opressão-Liberação. Desafio 
aos cristãos, publicado no Uruguai, em 1971, aponta essa direção. Na Revista 
Ponto Homem, n. 4, de 1968, publicou o artigo “Caracterização de uma 
Teologia da Revolução”. Bettencourt (1984), no texto “Teologia da Libertação 
III”, afirmou que: “A mais extremada linha da Teologia da Libertação tem como 
COMUNICAÇÕES • Piracicaba •Ano 15 • n. 1/2 • p. 11 - 38 • jan. - dez. 2008
12
representante mais significativo o brasileiro Hugo Assmann; inspira o movimento ‘Cristãos 
para o Socialismo’”. Num terceiro movimento, suas reflexões desembocaram 
na Teologia da Libertação. Hugo, na visão de Tamayo1 (2008), “é um dos 
primeiros teólogos da libertação que recorreu às ciências sociais como mediação do discurso 
teológico para que este não caísse no idealismo”. A partir do golpe de 1964, suas 
tensões com o conservador Dom Vicente Scherer, arcebispo de Porto Alegre, 
aumentaram significativamente; Hugo resolveu deixar a capital gaúcha, foi 
morar em São Paulo e começou a lecionar no Instituto de Filosofia e Teologia 
(IFT), no Ipiranga. Continuou seus estudos e publicações teológicas e viajou 
por diversos Estados brasileiros, fazendo palestras e desenvolvendo cursos 
sobre a Teologia Latino-Americana. Hugo participou também da Conferência 
Episcopal Latino-Americana de Medellín, como teólogo assessor dos bispos 
brasileiros, em agosto/setembro de 1968. Medellín foi um marco na igreja 
latino-americana, pós Vaticano II. Teve o apoio e a participação de Paulo VI 
na abertura da Conferência. Os três temas fundamentais que permearam os 
documentos de Medellín foram: Opção pelos Pobres; Teologia da Libertação; 
Comunidades Eclesiais de Base.
 Em dezembro de 1968, com o Ato Institucional n. 5 e o conseqüente 
endurecimento do regime militar, Hugo resolveu deixar o país e, inicialmente, 
buscou refúgio na Alemanha. Já havia recebido convite dos teólogos católicos 
alemães Karl Rahner e Johann Baptist Metz para escrever um artigo sobre 
Teologia Política. Ele escreveu o artigo em Munique e depois, pela mediação 
de Metz, lecionou a disciplina “Teologia Latino-Americana” na Universität 
de Münster, no ano letivo 1969/1970. Foi em Munique que Hugo conheceu 
ogrande amor de sua vida, Melsene Ludwig (Mel), gaúcha de Porto Alegre, 
que nesse período trabalhava em Munique na British European Airways, 
transferindo-se depois para Münster, para exercer um cargo na “Secretaria do 
Trabalho” daquele município. Mel e Hugo nunca mais se separaram. Durante 
39 anos viveram juntos, trabalharam juntos, tiveram dois filhos e combateram 
juntos o bom combate da vida.
 Em 1970, convidado por um amigo jesuíta, Hugo refugiou-se no 
Uruguai, trabalhou como pesquisador no Centro Pedro Fabro e como 
professor, tempo parcial 20 horas, na Universidad de La República de 
Montevideo, lecionando a disciplina “Ética social”, para o curso de Pedagogia 
da Faculdade de Educação. Mel permaneceu na Alemanha. No fim desse 
ano, convidado pelos padres Oblatos, transferiu-se para Oruro, Bolívia, e 
trabalhou como teólogo e investigador, no Instituto de Pesquisa, financiado 
com verbas canadenses. Com o golpe de Hugo Banzer, na Bolívia, em 
agosto de 1971, foi obrigado a deixar Oruro e fugiu para o Chile, em plena 
época do governo do socialista Allende, para trabalhar com os jesuítas e na 
Igreja e Sociedade na América Latina (ISAL) – instituto ecumênico 
financiado pelo Conselho Mundial das Igrejas. Assmann publicou o 
1Juan José Tamayo é teólogo espanhol, doutor em teologia pela Universidade de Salamanca, é diretor 
da cátedra de Teologia e Ciências das Religiões “Ignácio Ellacuría” da Universidade Carlos III.
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livro Opressión-Liberación. Desafios a los cristianos2, em Montevideo, ainda em 
1971 De lá, ele enviou um telegrama à Mel: “Estou no Chile: venha”. E ela 
chegou no fim de novembro/71 e trabalhou com Hugo no ISAL. Ele também 
lecionou, por dois anos (1972/1973), a disciplina “Comunicação Social”, na 
Universidade Católica do Chile, 20 horas semanais. No Chile, ajudou na 
criação do Centro de Estúdios de La Realidad Nacional (CEREN), ligado 
à Universidade Católica, que publicava Cuadernos de La Realidad Nacional. Lá 
também conheceu Franz Hinkelammert e Pablo Richard, os quais, depois, 
trabalharam juntos no Departamento Ecumênico de Investigaciones (DEI), 
em Costa Rica. Hugo e Mel permaneceram no Chile até pouco depois 
do fatídico golpe de Pinochet, em 11 de setembro de 1973. No Chile, nos 
deparamos com Hugo plenamente atuante na Teologia da Libertação. Data 
de 1973 o seu livro Teologia desde la práxis de la liberacion, considerado por 
Enrique Dussel como a primeira demarcação da Teologia da Libertação3. É 
desse período também a elaboração da introdução da importante obra Sobre la 
religión, de Karl Marx e Friedrich Engels, escrita em parceria com Reyes Mate, 
e publicada posteriormente, em 1979. Participou, como assessor teológico do 
movimento “cristãos para o socialismo”.
 No final do exílio do casal Assmann nasceu, em Santiago, a filha 
Careimi. Felicidade e tensão, ao mesmo tempo, pois o nascimento da menina 
se deu três semanas após o golpe de Pinochet, e logo depois, em janeiro de 
1974, foram obrigados a deixar o Chile, partindo para São José da Costa Rica, 
passando pelo Peru.
 Permaneceram na Costa Rica durante sete anos. Hugo lecionou 
Comunicação na Universidad de Costa Rica e Sociologia na Universidad 
Nacional, em Heredia, município vizinho da capital, de 1974 a 1980. Ao 
mesmo tempo, participou com Mel e outros teólogos latino-americanos 
da fundação do Departamento Ecumênico de Investigaciones (DEI), 
financiado inicialmente pelo Conselho Mundial das Igrejas, centro por 
excelência de formação pastoral e teológica para cristãos vindos de diversos 
países da América Latina. Pelo DEI passaram pessoas importantes: o poeta 
nicaraguense Ernesto Cardenal, o arcebispo Oscar Romero, de El Salvador, 
o ministro Sérgio Ramires, do comando sandinista, o teólogo da libertação 
Gustavo Gutierrez, o filósofo da libertação Enrique Dussel.
 Hugo e Mel tiveram o prazer de hospedar em sua casa, dentre outros, 
Lula, frei Betto, Paulo Freire e Hélio Bicudo. Assmann, além de suas atividades 
específicas como professor nas duas universidades e seus cursos no DEI, viajou 
várias vezes a Cuba, a Manágua, ao México, aos Estados Unidos e à Europa, 
dando cursos e conferências sobre suas pesquisas teológicas. Porém, antes de 
2“Ensayo teológico desde la América dependiente [...]”, no qual oferece os aspectos metodológicos 
e sociopolíticos da Teologia da Libertação em relação à práxis revolucionária.
3 Segundo Jung Mo Sung, a parte fundamental desse livro publicado no Uruguai pela ISAL, 
um pouco antes do livro de Gustavo Gutierrez, Teologia da Libertação (1972), a qual Dussel 
diz ser a primeira demarcação da Teologia da Libertação frente a outras teologias políticas, é 
de 1971. Depois essa parte foi incorporada ao livro de 1973. 
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iniciar a sua incursão teórica pelos meandros religiosos do mercado, publicou, 
em 1978 em co-autoria com Theotônio dos Santos, Noam Chomsky, Franz 
Hinkelamert e outros intelectuais o livro Carter y la lógica del Imperialismo, em 
dois volumes, sendo traduzido em várias línguas e publicado, em 1986, com 
o nome A trilateral. A nova fase do capitalismo mundial. Ajudou a fundar, em 
agosto de 1976, a Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo 
(EATWOT). E, continuou a levar adiante a importante e inovadora reflexão 
teológica sobre a Economia e, em parceria com Franz Hinkelammert, 
ex-seminarista e economista, escreveu, em 1989, a importante obra A idolatria 
do mercado: um ensaio sobre economia e teologia. Relacionado a essa temática, Hugo 
publicou outras obras: Clamor dos pobres e racionalidade econômica, em 1990, e 
Crítica à lógica da exclusão: ensaios sobre economia e teologia, em 1994.
 Em 1975, nasceu Eremin, o segundo filho do casal Assmann.
 É de autoria do teólogo a pertinente reflexão que caracterizava bem a 
densidade e o engajamento de sua teologia:
Se a situação histórica de dependência e dominação de 
dois terços da humanidade, com seus 30 milhões anuais de 
mortos de fome e desnutrição, não se converte no ponto 
de partida de qualquer teologia cristã hoje, mesmo nos 
países ricos e dominadores, a teologia não poderá situar e 
concretizar historicamente seus temas fundamentais. Suas 
perguntas não serão perguntas reais. Passarão ao lado do 
homem real. (ASSMANN, 1973, p.17)
 Em 1981, a convite do professor Elias Boaventura, então reitor da 
Universidade Metodista de Piracicaba (uniMeP), Hugo e Mel voltaram ao 
Brasil – a anistia tinha se dado pouco tempo antes – e iniciaram seu trabalho 
nessa instituição: ele como professor de Sociologia e Comunicação e ela em 
atividades de secretaria. O casal participou da criação da Editora da uniMeP, 
no início de 1981, sendo Hugo seu primeiro editor. Entre as primeiras obras 
editadas, estão o livro de Enrique Dussel A Filosofia da Libertação (em co-
edição com a Editora Loyola), em 1982, e a tese de doutorado de Bruno Pucci, 
A Nova Práxis Educacional da Igreja: 1968-1979 (em co-edição com a Edições 
Paulinas), em 1984. Hugo fez parte também do Conselho de Política Editorial 
da uniMeP, responsável pela criação da Impulso, em 1987, revista que surgia 
para apoiar a constituição da pós-graduação na uniMeP, estabelecendo espaço 
editorial para o debate das questões que norteavam, naquele momento, a área 
de Educação.
 Asmann iniciou suas atividades no Programa de Pós-Graduação em 
Educação (PPGE) da uniMeP, ainda em 1981, participando, em dezembro 
desse mesmo ano, da banca de defesa da 12ª dissertação desse programa, a qual 
foi defendida por Antônio Geraldo de Aguiar. Orientou 43 dissertações de 
mestrado e 11 teses de doutorado. Sua primeira orientanda de mestrado foi Jane 
de Oliveira, que iniciou o curso em março de 1983 e defendeu sua dissertação 
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em novembro de 1985. Seu primeiro orientando de doutoradofoi Laerthe de 
Moraes Abreu Junior, que iniciou o curso em março de 1993 e defendeu sua 
tese em novembro de 1995. Assmann foi também o primeiro professor da 
uniMeP a orientar estudos de pós-doutorado, tendo como orientando Jung 
Mo Sung, o qual apresentou seu trabalho no fim de 1999. Do diálogo entre 
orientador e orientando desse pós-doutorado, foi construído, em 2000, o 
livro Competência e Sensibilidade Solidária: educar para a esperança. Nas décadas 
de 1980 e 1990, até 1994, predominaram, nas publicações de Hugo, artigos, 
livros e capítulos de livros sobre questões relacionadas à teologia. A partir de 
1994, já mais integrado nas atividades da pós-graduação em Educação, Hugo 
produziu textos sobre os paradigmas educacionais e a questão da corporeidade. 
A partir de 1997, suas pesquisas foram direcionadas prioritariamente para 
questões educacionais no interior da Sociedade do Conhecimento, as quais 
o acompanharam até o fim de 2005, quando encerrou suas atividades no 
PPGE, por problemas de saúde. Hugo, nos últimos dez anos de sua produção 
científica, se utilizou constantemente das contribuições de Edgar Morin e de 
sua teoria da complexidade. Sua publicação mais importante no terreno da 
comunicação foi A Igreja electrônica e seu impacto na América Latina, em 1986, 
em que analisou o caráter ideológico dos programas radiofônicos e televisivos 
controlados pelos tele-pregadores norte-americanos e suas repercussões nos 
movimentos pentecostais latino-americanos. Os livros educacionais de Hugo 
mais conhecidos são: Paradigmas Educacionais e Corporeidade; Metáforas Novas 
para Reencantar a Educação: epistemologia e didática; Reencantar e Educação: rumo à 
sociedade aprendente. Este último, com o título Placer y Ternura en la Educación 
- Hacia una sociedad aprendiente, foi publicado na Espanha, em 2002; além de 
Competência e Sensibilidade solidária: Educar para a Esperança, em co-autoria 
com Jung Mo Sung; Curiosidade e Prazer de Aprender: o papel da curiosidade na 
aprendizagem criativa; Redes digitais e metamorfoses do aprender, em co-autoria com 
Rosana Pereira Lopes, Rosemeire Carvalho do Amaral Delcin, Gilberto 
Canto e Getúlio de Souza Nunes.
 Enquanto gozava de boa saúde, de 1998 a 2003, fez diversas conferências 
sobre educação, sobretudo nos Estados do Sul, com a presença de um número 
significativo de ouvintes. Segundo Almir Maia, ex-Reitor da uniMeP:
Hugo, considerado intelectual à frente de seu tempo, era 
referência internacional na área da teologia e educação e 
um dos acadêmicos do mais alto nível [...] foi referência 
para a instituição, pelo seu desenvolvimento acadêmico e 
científico na área da Educação [...] Hugo trouxe prestígio à 
UNIMEP, que começava a se afirmar na área acadêmica. 
(MAIA, 2008).
 Hugo Assmann faleceu em uma sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008, 
às 4 horas, em São Paulo, no hospital onde estava internado. Segundo Jung, 
“seu rim já não estava mais funcionando, os pulmões estavam comprometidos. Ele pediu 
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um copo de água para a enfermeira; quando ela voltou com a água, ele já não estava mais 
entre nós”. Nas palavras de Grossi (2008), ex-deputada federal pelo Partido 
dos Trabalhadores (PT) e paroquiana sua em Mont Serrat, Porto Alegre, “A 
personalidade do Hugo era muito rica, e penso que o certo é que diante da presença dele 
ninguém ficava indiferente: ou se ficava a favor ou se ficava contra”. De acordo com 
Cecchin (2008), ex-diretor do colégio Marista de São Leopoldo, assessor da 
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB):
Hugo Assmann foi um autor que marcou a vida acadêmica 
dos anos 1960 a 1980, especialmente os que eram da área 
de Filosofia e Teologia. Agudo, sempre antenado com 
as grandes questões destas décadas, os seus livros eram 
disputados, pois era difícil consegui-los no auge das 
ditaduras militares. Era preciso consegui-los na Espanha, 
onde a Editora Sígueme os editava.
prodUção cientíFica
 José Carlos Veloso Júnior (2008) divide as obras de Hugo Assmann 
em três fases: teológica, crítica e teológica à economia e pedagógica.
Teológica
• Tarefa e limitações de uma teologia do desenvolvimento. Petrópolis: Vozes; 
1968.
• Teología de la liberación. Montevideo: Jeci; 1970.
• La situazione dei paesi sottosviluppati come campo per una teologia della 
rivoluzione.
 In: SHAULL, R.; LOTZ, M; GOLLWITZER, H. (Org.). Dibattito sulla 
teologia della rivoluzione. Brescia: Queriniana; 1971. p. 204-239.
• Opresión-liberación: desafío de los cristianos. Montevideo: Tierra Nueva; 
1971.
• Teología desde la praxis de la liberación. Salamanca: Sígueme; 1973.
• Teología de la liberación. Salamanca: Sígueme; 1974.
• Marx e Engels: Sobre la religión. Salamanca: Sígueme; 1979.
Crítica Teológica à Economia
• A trilateral nova fase do capitalismo mundial. Petrópolis: Vozes; 1986.
• A idolatria do mercado. Um ensaio sobre economia e teologia. Petrópolis: 
Vozes; 1989.
• Clamor dos pobres e “racionalidade” econômica. São Paulo: Paulus; 1990.
• Desafios e falácias. Ensaios sobre a conjuntura atual. São Paulo: Paulinas; 
1991.
• Crítica à lógica da exclusão. Ensaios sobre economia e teologia. São Paulo: 
Paulus; 1994.
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Pedagógica
• Paradigmas educacionais e corporeidade. Piracicaba: uniMeP; 1994.
• Metáforas novas para reencantar a educação: epistemologia e didática.
Piracicaba: uniMeP; 1996.
• Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis: Vozes; 
2003.
• Competência e sensibilidade solidária: educar para a esperança. Petrópolis: 
Vozes; 2000.
• Redes digitais e metamorfoses do aprender. Petrópolis: Vozes; 2005.
• Curiosidade e prazer de aprender. O papel da curiosidade na aprendizagem 
criativa.
 Petrópolis: Vozes; 2004.
entreviSta com melSene lUdwig em 6/11/2008
cleiton: Mel, obrigado por você ter aceitado o convite para conversarmos sobre o Hugo. 
Queremos conhecer um pouco mais nosso companheiro de trabalho, que nos deixou em 
fevereiro último, mas cuja presença e lembrança permanecem entre nós, professores e 
alunos do PPGE/Unimep. Vamos falar inicialmente sobre sua infância e sobre seu 
período de formação?
melSene: Não existe mais nada escrito sobre seu tempo de formação; 
inclusive o diploma de doutorado dele, tudo foi perdido num incêndio que 
queimou a casinha em que morava, em Porto Alegre. Então, essas coisas 
não existem mais. A infância dele foi no interior de Venâncio Aires. Nós até 
visitamos a cidade antes dele ter o AVC. Fomos, de carro, a Santa Cruz do 
Sul, depois a Venâncio Aires, mas foi entre Santa Cruz do Sul e Venâncio, lá 
no meio, numa estradinha de terra, onde ele foi criado e passou a infância. 
O pai dele era professor numa escolinha. Depois, Hugo foi enviado para o 
seminário e aí começou a estudar.
brUno: Quantos anos ele tinha quando entrou no seminário?
melSene: Doze anos. Um pouco mais tarde do que normalmente as crianças 
entravam. Depois, ele estudou em São Leopoldo, e mais tarde foi enviado 
para Roma. Inclusive, eu tenho uma foto dele junto dos que foram para Roma 
com ele, todo o grupo. Isso, eu tenho na Internet; vou enviar a foto a vocês. 
Hugo se ordenou padre em Roma.
brUno: Ele era secular ou pertencia a alguma congregação religiosa?
melSene: Ele era do clero secular. E o bispo dele era o famoso Dom Vicente 
Scherer. Ele fez o doutorado em Roma e o seu orientador era um jesuíta, 
Joseph Fuchs. Na última vez em que fomos à Europa fomos visitá-lo. Ele 
ficou emocionadíssimo com a visita.
brUno: Em que ano?
melSene: Acho que foi em 1994. Já faz bastante tempo. Ele estava bem 
velhinho, aposentado, mas ainda estava em Roma e meio desgostoso, porque 
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queriam mandá-lo para a Alemanha, para o pensionato dos idosos e ele não 
se sentia pronto para isso; ele estava ainda muito bem. Sei que conversamos 
por horas, e ele ficoumuito entusiasmado e me acolheu, também, com um 
carinho muito grande. Ele era alemão. Inclusive o Hugo fez a sua tese de 
doutorado em alemão.
cleiton: E o alemão, ele aprendeu na infância, com a família?
melSene: Sim, ele já falava alemão no Brasil, então aperfeiçoou o idioma. 
Depois, realizou estudos em Frankfurt – fez mestrado em Comunicação.
brUno: Ele foi aluno do Habermas. Você sabe se ele teve aula com Adorno ou 
Horkheimer?
melSene: Na época, ele teve contato com esse pessoal em Frankfurt.
cleiton: Então, espera um pouco. Primeiro ele estava em Roma.
melSene: Primeiro, ele estava em Roma e fez o doutorado. Quando ele 
voltou...
brUno: Quando ele se ordenou padre? Foi depois que voltou de Roma?
melSene: Não. Ele foi ordenado em Roma. Daí, voltou e assumiu a paróquia 
do Mont Serrat, em Porto Alegre. Foi ele quem construiu a igrejinha que 
está lá até hoje. É uma igreja em forma de leque. Eu já a visitei. Foi onde ele 
conheceu Ester Grossi e uma turma de pessoas mais intelectuais, moradores 
dali e que o ajudaram a consolidar a paróquia.
brUno: Dizem que lá ele andava de lambreta...
melSene: É, ele andava de lambreta e morava lá mais no “baixão”, nas 
casinhas mais simplesinhas. Ele começou a construir a igreja, mas não chegou 
a terminá-la... Naquela época, a única idéia do bispo era construir igrejas. 
Então, ele começou a dar aulas e a enveredar mais para a “esquerda”.
brUno: Em que ano?
melSene: Antes do golpe de 1964, início dos anos 60. Eu sei que ele começou 
a dar aulas em São Leopoldo também. E como ele tinha idéias progressistas, 
já não foi muito bem visto pelo bispo; ele começou também a escrever 
coisas a respeito da pastoral. Essas primeiras coisas que escreveu foram todas 
queimadas, bem como foi queimado todo o acervo de livros que ele tinha. Eu 
não sei todos os detalhes. Eu sei que o bispo começou a encrencar com ele 
porque ele começou a ir muito para o lado da esquerda.
brUno: Dom Vicente Scherer era bem conservador?
melSene: Era ultra, ultraconservador. Terrível, ele era terrível, terrível. Uma 
quantidade enorme de padres lá de Porto Alegre saiu por causa dele, porque 
ninguém o aguentava. Ele era extremista de direita, era muito duro. Depois, 
Hugo participou da fundação de uma associação de empregadas domésticas, 
no sentido de regularizar a profissão. E, por isso, ele enfrentou um Inquérito 
Policial Militar (IPM) Um dos IPMs dele foi por causa disso.
cleiton: Por quê? Ele teve mais de um?
melSene: Teve outro por ser de um partido de esquerda. Não sei de qual. 
Não me lembro mais.
brUno: Isso tudo em Porto Alegre?
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melSene: Tudo em Porto Alegre, entre 1964 e 1968. Depois de 68, os IPMs 
foram retomados contra ele. Mas já antes de 64 ele estava em situação difícil 
em Porto Alegre; foi para São Paulo e começou a lecionar naquele instituto 
onde todas as ordens estudavam: os dominicanos. Como é que chamava? [...] 
Era o Instituto de Filosofia e Teologia (IFT). Ele foi professor em São Paulo, 
onde conheceu os dominicanos. Então, quando aconteceu o golpe ele já estava 
em São Paulo.
brUno: Ele conheceu aí frei Betto?
melSene: Frei Betto, frei Gorgulho, frei Roberto Romano, ele conheceu toda 
essa turma aí. Ele tinha bastante contato com os dominicanos, no convento.
brUno: Oh! Mel só para você ter uma idéia: em 1968 eu fiz um curso de pastoral 
litúrgica, no Rio de Janeiro, e a maioria do pessoal que lecionava no curso e que participava 
como aluno era ligada à Teologia da Libertação e o Hugo deu uma semana de aula nesse 
curso. No segundo semestre de 1968.
melSene: E no fim de 1968 ele foi embora. [...] Era mesmo IFT, em São 
Paulo; inclusive a freira, diretora da escola em cuja capela foi rezada a missa de 
sétimo dia do Hugo, tinha sido aluna dele nesse instituto.
cleiton: Você se lembra de mais algum fato marcante?
melSene: Ainda no fim de 1968, quando foi instituído o Ato Institucional 
nº 5 (AI 5), retomaram todos os IPMs contra o Hugo. Então ele foi chamado 
para ir depor e, nessa situação, foi embora para a Alemanha, via Paraguai, eu 
acho. Não sei se ele saiu via Argentina. Sei que saiu clandestinamente.
cleiton: Ele chegou a depor?
melSene: Não, ele foi chamado e aí, como estavam prendendo todo mundo 
com o endurecimento total de 1968, ele foi para a Alemanha, pois já havia 
recebido um convite de Metz (Johann Baptist Metz) e Rahner (Karl Rahner) 
para escrever um artigo sobre teologia política para uma revista teológica. Ele 
traduziu vários livros de Rahner. Metz o convidou para lecionar um semestre 
em Münster, na faculdade teológica. Então, primeiro ele ficou meio ano em 
Munique escrevendo o tal do artigo, em parceria com outro teólogo, o qual 
foi publicado posteriormente. E foi ali que eu o conheci, em Munique. Porque 
lá havia um restaurante em que os brasileiros se reuniam às quintas-feiras à 
noite ele aparecia por lá também. E a gente se conheceu nesse restaurante.
brUno: E você fazia o que, Mel?
melSene: Eu trabalhava numa companhia de aviação.
cleiton: Você era aeromoça?
melSene: Não. Eu trabalhava em terra, na British Airways, que fazia os vôos 
internos. Naquele tempo, existia a cortina de ferro; para Berlim só voavam 
companhias estrangeiras, a Lufthansa não podia voar para lá. Voavam para 
Berlim três companhias aéreas: British European Airways, Pan American 
e Air France. Depois, eu fui para Münster, consegui um emprego melhor 
na Secretaria de Trabalho por causa dos idiomas e passamos, ainda, aquele 
tempo em Münster.
brUno: E você, vem de onde? Você é gaúcha também?
COMUNICAÇÕES • Piracicaba •Ano 15 • n. 1/2 • p. 11 - 38 • jan. - dez. 2008
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melSene: Eu sou gaúcha. Sou de Porto Alegre e fui conhecer o Hugo na 
Alemanha.
cleiton: Em que época isso?
melSene: Em 1969.
brUno: E você já estava lá há mais tempo?
melSene: Eu estava desde 1963. Eu passei sete anos na Alemanha.
brUno: Você tinha feito algum curso, ou era mais porque sabia a língua?
melSene: Não. Eu já sabia a língua e antes já havia trabalhado como 
correspondente; na companhia de aviação consegui emprego com facilidade, 
porque falava bem inglês, alemão e outros idiomas. Eu trabalhava em terra, 
fiz cursos em Londres. Depois, fui trabalhar na Secretaria de Trabalho, na 
Alemanha; naquela época havia muitos trabalhadores estrangeiros, mais 
de dois milhões entre iugoslavos, turcos, gregos, portugueses, espanhóis e 
ninguém falava o português, nem o espanhol. Chegavam trens cheios de 
trabalhadores, para serem distribuídos entre as indústrias, e eu ia para a estação 
de trem recebê-los e falar com eles, responder a quem tinha perguntas, para 
que eles pudessem se comunicar quando chegavam; quando eles tinham 
algum problema, eu ficava ali com a função de traduzir o que eles diziam.
brUno: Você tinha quantos anos nessa época?
melSene: Trinta e pouco. Depois de ter lecionado um semestre, Hugo saiu 
de lá, indo primeiro para o Uruguai.
cleiton: Ah! De lá ele veio para o Uruguai?
melSene: Sim. Ele tinha sido convidado pelo teólogo Juan Luiz Segundo para 
trabalhar com ele no Centro Pedro Fabro, um instituto jesuíta de pesquisas. 
Então, trabalhou nesse Centro e também dava aulas numa universidade em 
Montevidéu. Nunca recebeu um centavo por nada; não pagavam a ele, pois 
não tinham dinheiro. Naquela época, eram difíceis as coisas. Anos 1970!
cleiton: E ele ficou muito tempo no Uruguai?
melSene: Ficou quase um ano; aí ele foi convidado por um instituto de 
pesquisa dos padres Oblatos, em Oruro, na Bolívia, pois naquela época ele já 
participava da Teologia da Libertação e já tinha livros escritos; em 1970, saiu 
o seu primeiro livro e pouco depois saiu o livro do Paulo Freire, Pedagogia do 
Oprimido, para o qual ele fez o prólogo.
brUno: E você veio junto com ele da Alemanha?
melSene: Não. Eu fiquei por lá, mas a gente se correspondia constantemente. 
Ele foi para a Bolívia, por convite desse Centro de pesquisa dos Oblatos, eu 
não me lembro como se chamava. Eles faziam pesquisa sobre a religiosidadedos mineiros, pois lá havia grandes minas de estanho. Aí veio o golpe de 
Banzer, na Bolívia. Hugo tinha estado um pouco antes em Santa Cruz de La 
Sierra, num grande encontro de teólogos e participou também, em Medellín, 
do Congresso de Medellín, redigindo documentos; foi um dos padres 
teólogos que ficavam na retaguarda e os bispos iam se consultar com eles. 
Assim, funcionou naquela época. Bom! Isso tudo foi antes de eu conhecê-
lo. Isso eu sei, só por relatos de amigos e artigos, os quais contavam sobre a 
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participação dele em Medellín. Até Tamayo (2008), em artigo recente, por 
ocasião da morte do Hugo, mencionou tal participação.
cleiton: Quem?
melSene: O Juan, no El Pais de Madrid, você tem aquele artigo que saiu em 
Londres? Do Mathews (2008)?
cleiton: Não.
melSene: É um teólogo, autor de um artigo também muito interessante sobre 
a morte do Hugo. Foi publicado no Times, de Londres. Ele telefonou para nós 
e falou em português. Pelo sotaque, ele estudou português em Portugal e, 
portanto, falava bastante bem nossa língua. Ele escreveu um artigo muito 
bonito.
cleiton: Vamos voltar um pouco para cá. Ele estava na Bolívia...
melSene: Ele estava na Bolívia naquele instituto e a gente sempre se 
correspondia, com a idéia de que eu iria para lá.
brUno: E ele já estava apaixonado?
melSene: Estava, estava.
brUno: E vice-versa? 
melSene: É. Isso também já estava claro e a gente já não era mais criança. 
Cada um de nós já tinha bem mais de trinta anos. Depois, veio o Golpe de 
Banzer. Hugo, um tempo antes, tinha estado em Santa Cruz de La Sierra, 
em um encontro, e notara que a cidade estava cheia de militares brasileiros. 
Numa noite, voltando com os colegas de um restaurante para o alojamento, 
caminhando à beira de uma estrada, uma moto investiu contra ele, por trás, e 
pegou-o bem no cóccix, afundando-o, quebrando-lhe a perna e deixando-o 
desacordado, porque foi uma batida muito forte. Eles acharam que foi um 
atentado, pois foi muito estranho; o homem que o atingiu estava com alguém 
na garupa; foi uma coisa que não ficou esclarecida. Estavam bêbados ou 
não? Ninguém soube explicar. Naquela época, era tudo tão misturado que 
ninguém nunca ficou sabendo exatamente o que foi. Então, ele estava assim 
meio ruinzinho. Isso foi umas semanas antes. Ele teve ainda uma apendicite 
aguda e foi operado de emergência. E veio o golpe. Estava ele e todos os padres 
no Centro, reunidos lá em Oruro para resolver o que iam fazer, e vieram 
os soldados, entraram e já começaram a ameaçá-los de morte. Começaram 
a atirar as máquinas de escrever pelas janelas, aí apareceu um superior dos 
soldados, alguém com uma graduação um pouco mais alta, entrou e disse: 
“Não, parem, parem com isso. Vamos parar”. E voltando-se para os padres: 
“Oh! Vocês peguem suas coisas e saiam daqui. Só saiam daqui. Não vai lhes 
acontecer nada”. Aquele policial, de nível superior estava mais consciente; 
acho que ele sabia que os presentes eram padres. Então, acho que ele também 
se assustou. E os padres pegaram as coisas e puderam sair. E o Hugo, mais 
outro padre e o motorista pegaram uma camionete dos Oblatos e fugiram 
pelo altiplano. Assim, Hugo foi parar no Chile, em Iquique. E o cara conhecia 
todo o altiplano. Foram mais para o norte do Chile, e o Hugo, recém-operado, 
com parte da ferida infeccionada, pois tinham que ter deixado um dreno e 
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não deixaram, Ele chegou a Santiago do Chile com um abscesso e foi parar 
no hospital para drenar. Com isso, ele melhorou. Aí, ele escreveu: “Estou no 
Chile, venha!”. Eu comprei uma passagem de navio, que era mais barato para 
poder levar todas as minhas tralhas, e fui para o Chile.
brUno: Você estava onde na ocasião?
melSene: Eu estava em Münster. Fui até Gênova de trem e lá peguei um 
navio.
cleiton: O navio veio por onde?
melSene: O navio atracava em Cannes, Barcelona, Lisboa, Rio de Janeiro, 
Santos, Montevidéu e Buenos Aires. O Hugo foi me esperar em Buenos Aires 
e nós fomos de trem para o Chile. Atravessamos a Cordilheira dos Andes. 
Legal a viagem. Isso foi em novembro de 1971, quando cheguei ao Chile.
cleiton: Bom! Também era um período de efervescência no Chile, não era?
melSene: Lógico. Tempo de Allende.
brUno: E no Chile, o que Hugo fazia lá?
melSene: Ele estava trabalhando com os jesuítas e também dava aulas na 
Universidade Católica e no ISAL e a gente trabalhava lá. Havia um Centro, 
com escritório, no qual faziam publicações, revistas e ali se trabalhavam com 
as pastorais e também se faziam coisas referentes à Páscoa, ao Natal.
cleiton: Isso em Santiago?
melSene: Em Santiago do Chile.
cleiton: Iquique foi só a passagem?
melSene: Em Iquique, ele passou para ir a Santiago, onde ele já tinha contatos. 
Sempre teve. Com os padres todos, com esse pessoal mais à esquerda. Ele 
tinha contatos na América Latina inteira por causa da questão da teologia 
latino-americana, de Medellín.
cleiton: Mel, e em que ano?
melSene: A Conferência Episcopal de Medellín, Colômbia, se deu em agosto 
e setembro de 1968, antes ainda de o Hugo ir para a Alemanha.
brUno: A Conferência de Medellín se tornou um dos suportes teológicos fundamentais 
para o setor progressista das Igrejas Cristãs na América Latina, com a Teologia da 
Libertação.
cleiton: Vamos voltar para Santiago.
melSene: Em Santiago e em todo o Chile havia grande efervescência.
brUno: E você já estava lá?
melSene: Já. Trabalhava junto com o Hugo, no Centro. Fazia correspondência, 
datilografava documentos.
cleiton: E vocês ficaram até quando lá?
melSene: Ficamos até 15 de novembro de 1973. Careimi nasceu no dia 1º de 
outubro de 73, lá no Chile, em Santiago. Ela nasceu três semanas depois do 
golpe contra Allende.
cleiton: Dizem que havia falta de tudo, até leite. Eles boicotavam? Você teve 
dificuldade?
melSene: Olha... Claro! O pessoal contra o Allende, antes do golpe, começou 
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a esconder toda a mercadoria. Escondiam tudo. Era fila para óleo, fila para 
isso, para aquilo. Era bem complicado. E depois do golpe apareceu tudo. 
Estava tudo lá. Não é que havia falta de mercadorias; estava tudo escondido.
cleiton: O Golpe foi em setembro e vocês ficaram até quando?
melSene: Foi em 11 de setembro e ficamos até 15 de novembro.
brUno: Vocês sentiam perseguição por parte deles?
melSene: Não, porque como a gente trabalhava com o Conselho Mundial de 
Igrejas... No dia do nascimento da Careimi havia uma comissão do Conselho 
Mundial de Igrejas, que veio tratar das questões de imigração, de refugiados, 
de Direitos Humanos. Estavam em reunião em nossa casa, e a gente tinha 
feito um jantar. E ela nasceu naquela noite. Estava todo mundo lá em casa, e 
eu entrei em trabalho de parto e tive que sair correndo para o hospital, porque 
a partir das 22 horas ninguém saía mais para a rua. Tinha o toque de recolher. 
Então, foi essa lembrança que guardei. Que eles estavam lá para formar as 
casas de refúgio, pois começaram assim: grandes conventos, escolas que não 
eram tão usadas, seminários. Foi tudo feito casa de refúgio, com bandeira da 
Organização das Nações Unidas (ONU); o Conselho Mundial entrou nisso, 
também, para proteger as pessoas. E, lá dentro, nenhum policial, nenhum 
militar podia entrar. Isso foi feito em diversos lugares e em Santiago, para 
proteger as pessoas.
cleiton: Não eram somente as embaixadas?
melSene: Também. As embaixadas, por exemplo, a do Panamá, tinha um 
apartamento com quase cem pessoas lá dentro. Era um lugar com poucos 
quartos, era um apartamento. Então, tinham coisas, assim, absurdas. E 
quando levavam alguma pessoa para esses lugares, os carros tinham que 
levar a bandeira branca e ninguém podia tocar; mas era assim, os militares 
observavam todo mundo que entrava nessas casas. Era um controle terrível. 
E eles matavam gente. Todos os dias a gente ia para a beira do rioe lá havia 
muitos mortos. Tinha muita gente baleada. E no estádio nacional, sem falar 
naquilo, ali morreu brasileiro que ninguém sabia o motivo, morreu só porque 
era brasileiro... Quem era estrangeiro estava na mira, na mira dos militares. 
E o Hugo começou a trabalhar nessa comissão com o Conselho Mundial 
de Igrejas; um dia, um tal de major Merrik, desse nome eu me lembro até 
hoje, falou para ele: “Olha, o senhor está na próxima lista”. Um monte de 
gente começou a ficar nas listas, estrangeiros como o Franz Hinkelammert... 
e muitos outros.
brUno: Ele estava lá?
melSene: Estava.
brUno: Eles escreveram juntos?
melSene: Sim. Depois, quando foi fundado o Centro na Costa Rica. Então, 
o major disse: “apronte suas coisas porque você está na lista”. Avisando já 
para a gente se preparar. Então, a gente preparou as malinhas. E, por sorte, 
antes até da Careimi nascer, antes do golpe, um professor de Comunicação da 
Universidade da Costa Rica tinha estado lá em casa e convidou o Hugo: “Por 
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que você não vem dar aulas lá com a gente, em Costa Rica?”. Ele era o diretor 
da Comunicação. Porque a gente estava escrevendo dois livros marxistas 
sobre a religião, era Marx e Engels sobre a religião e depois também, os outros 
marxistas e a religião.
brUno: Você participava das atividades com ele? 
melSene: Sim. Eu trabalhava com o Hugo. Aí, então, o Javier Solis, padre e 
também jornalista – era dono de um jornal de esquerda, em Costa Rica, que 
durou muitos anos – esteve em casa e nos convidou para ir para lá. E esse 
convite ficou no ar. Quando veio o golpe no Chile e a gente teve que sair, o 
Hugo entrou em contato com ele, e nós fomos primeiro para Lima, no Peru, 
pois outros amigos nossos já tinham ido para lá. A gente se encontrou lá.
cleiton: Saíram legalmente?
melSene: Saímos legalmente. Nós tínhamos nosso passaporte. A Careimi 
tinha o próprio passaporte chileno. Saímos normalmente.
brUno: O Dussel, da Filosofia da Libertação, estava no Peru, não? Ou ele é 
argentino?
melSene: Não, ele é argentino.
brUno: Mas o Hugo já o conhecia nesse período?
melSene: Eu acho que o Hugo já o conhecia. É porque esse pessoal de 
esquerda se conhecia entre si. Um lia as coisas do outro. Na época, havia uma 
efervescência enorme, coisas da esquerda, no Chile, e na Argentina também. 
A Bolívia já tinha caído com o golpe. E agora, o Chile. Então, os países 
próximos que apresentavam alguma perspectiva eram Peru e Argentina. Era 
o eixo que ainda apresentava para nós condições de vida.
cleiton: Vocês foram para o Peru?
melSene: Fomos para poder entrar em contato com Costa Rica, porque 
do Chile você já não podia mais entrar em contato com ninguém. Então, 
de lá Hugo mandou um telegrama para o Javier Solis contando a situação e 
perguntando sobre o convite feito. E ele prontamente respondeu: “Venham, a 
porta aqui está aberta”. Ficamos um mês e meio no Peru.
cleiton: A menina era bebezinho ainda?
melSene: Era, tinha um mês e meio.
cleiton: Que difícil! Não é, Mel, você viajando com um bebezinho?
melSene: E só com a roupa do corpo.
cleiton: E no Peru vocês ficaram em algum convento?
melSene: Não, primeiro nós ficamos uns dias num hotel e depois alugamos 
uma casinha, fora de Lima, porque em Lima era muito horrível o ar; a gente 
não conseguia respirar direito; era muito nevoeiro.
brUno: É muito alto?
melSene: Não, mais ou menos à beira mar, mas sempre tem nevoeiro. Por 
causa da corrente de Humboldt sempre tem nevoeiro, você nunca vê céu azul 
em Lima. Então, subimos um pouquinho pela encosta da Cordilheira. Há 
Chosica e Chaclacayo: são duas cidadezinhas, bem bonitinhas. Alugamos um 
apartamento pequeno em Chaclacayo. Era dentro de uma casa mesmo, tinha 
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um apartamentinho à parte. Pessoal muito legal! Ficamos até chegar a resposta 
de São José da Costa Rica. E aí nós fomos embora, saímos em janeiro de 1974 
e fomos para São José da Costa Rica. O Hugo já em fevereiro começou a 
lecionar na Universidade da Costa Rica e na Universidade Nacional; ele foi 
catedrático nas duas Universidades.
brUno: A Universidade da Costa Rica era estatal?
melSene: As duas eram estatais.
cleiton: As duas em São José?
melSene: Não, a Universidade de Costa Rica, em São José e a Universidade 
Nacional em Heredia, outra cidadezinha ali perto, quinze a vinte minutos de 
carro.
cleiton: E vocês ficaram bastante tempo lá?
melSene: Ficamos sete anos e o Eremin nasceu lá, em 1975.
brUno: E o Hugo lecionava o quê?
melSene: Principalmente Comunicação, na Universidade da Costa Rica. 
Lecionava Ciência da Comunicação, Sociologia da Comunicação. Depois, 
em Heredia, ele foi até diretor da Faculdade de Sociologia; ali era mais a parte 
sociológica.
cleiton: Isso foi até?
melSene: Até 1981. Em fevereiro de 1981 nós viemos para o Brasil.
brUno: Espera, mas aí tem muita coisa. Esse momento em que ele estava na Costa 
Rica é um momento de muita luta política, de efervescência, a luta sandinista?
melSene: É toda, toda a guerra sandinista.
brUno: Eu queria que você falasse um pouco disso. E você, o que fazia? Além de cuidar 
das crianças? 
melSene: Eu trabalhava no Departamento Ecumênico de Investigaciones (DEI)4 
fundado pelo Hugo, em parceria com o Pablo Richard, um padre que, 
também, fugiu do Chile –, com o Franz Hinkelammert, Arnoldo Mora, José 
Duque, Elza Tamez, Javier Solis e outros teólogos latino-americanos, quase 
todos ex-padres. A gente fundou o DEI e começou a publicar livros, e ficar 
importante, promovendo cursos de pastoral; vinha gente da América Latina 
inteira fazer os cursos de três meses de duração ministrados lá.
brUno: Você participava também?
melSene: Participava. Eu trabalhava no escritório, com a datilografia, fazia 
o trabalho de secretaria. Sempre trabalhei com o Hugo. As crianças eram 
pequenas, mas depois que ficaram maiores, elas iam para a escolinha e eu 
tinha uma auxiliar que vinha todos os dias fazer as coisas da casa. Então, eu 
podia sair para trabalhar, as condições eram razoáveis. A gente se dava bastante 
bem lá, porque os professores recebiam um salário decente; dava para viver.
brUno: É verdade que o Hugo andava muito de lambreta?
melSene: Ele tinha uma lambreta. É porque ele nunca dirigiu. Eu tinha um 
carro.
4 Espaço privilegiado de diálogo rigoroso e crítico entre os teólogos da libertação e cientistas 
sociais.
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cleiton: Ele nunca dirigiu? Nem aqui?
melSene: Não. Carro ele nunca dirigiu. Era eu quem dirigia.
cleiton: E na lambreta ia bem?
melSene: Na lambreta ele ia bem. É a sensação de espaço dele. No carro ele 
se perdia, porque no carro você tem que ter uma sensação de espaço do carro. 
Ele ia para Heredia com sua lambreta.
brUno: O DEI, esse departamento de documentação, era ecumênico?
melSene: Ecumênico. Ali tinha católicos e protestantes trabalhando. E 
também tinha financiamento do Conselho Mundial de Igrejas.
brUno: Você se lembra do testemunho do Geoval, no culto que fizemos pela passagem 
do Hugo?
melSene: É, o Geoval... ele aparecia lá.
brUno: Foi ele que falou que o Hugo andava de lambreta.
melSene: É ele andava de lambreta. E então, lá ele trabalhava com o Dussel. 
Ele sempre teve bom relacionamento com teólogos e filósofos da Libertação. 
No DEI circulava gente como Oscar Romero5. 
brUno: E O Ivan Illich?6 
melSene: Não, porque o Ivan estava no México. Ele agia mais sozinho, 
individualmente, se recordo.
cleiton: Mas ele tinha também amizade com Hugo?
Melsene: O Hugo o conhecia e o apreciava. Gustavo Gutiérrez, também da 
Teologia da Libertação, apareceu no DEI.
brUno: Os grandes intelectuais da Teologia da Libertação, todos apareciam por 
lá, não é?
melSene: É, sem falar em Ernesto Cardenal7 e Fernando Cardenal. Há muita 
história nas ações do DEI. O Lula apareceu lá, na Costa Rica.
brUno: Em que ano?
melSene: No primeiro aniversário da revoluçãosandinista, em 1980. Ele 
tinha saído da prisão; obteve licença para viajar como convidado para participar 
dos festejos da vitória sandinista, em Manágua, e ele veio com frei Betto e 
mais dois jornalistas. O Lula e frei Betto ficaram hospedados lá em casa, antes 
de irem para o aniversário da revolução. E a gente organizou para o Lula o 
encontro com Fidel, em Manágua.
brUno: Antes eu queria saber desse envolvimento do Hugo com os sandinistas.
melSene: Não foi do Hugo individualmente e, sim, do Centro como um 
5 Oscar Romero, arcebispo de São Salvador, comparado a Martin Luther King na luta pelos 
Direitos Humanos em El Salvador. Assassinado, em 1980, por um atirador de elite do 
exército salvadorenho, enquanto celebrava missa.
6 Padre austríaco, viveu um bom tempo em Cuernavaca, México, crítico da sociedade de 
consumo e da educação que se desenvolve nas escolas. Batalhador pela emancipação dos 
países da América Latina. Amigo de Paulo Freire. Escreveu, dentre outros, o livro “Uma 
sociedade sem escola”. É dele a frase: “A escola parece estar destinada a ser a igreja universal 
de nossa cultura em decadência.”
7 Sacerdote católico, vinculado à Teologia da Libertação, participou ativamente da Frente 
Sandinista de Libertação, poeta, foi ministro da Cultura do primeiro governo da Nicarágua, 
após a vitória das forças sandinistas. Seu irmão, Fernando Cardenal, também era sacerdote.
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todo. Porque, na verdade, a Costa Rica inteira estava envolvida com a luta 
dos sandinistas, pois havia um grande número de refugiados em São José. O 
Ernesto Cardenal estava lá. Todos os futuros ministros da Nicarágua estavam 
lá; o que foi o primeiro ministro da Cultura, Sérgio Ramires, era escritor e 
conhecido, e todos eles estavam na Costa Rica. O povo ajudava. Você andava 
ali por fora de São José e topava com um monte de caixas de pinus, muito 
bem feitas, caixas de armas vazias, claro. As armas chegavam pela Costa Rica 
e dali iam para os sandinistas. A gente começou a se envolver porque estava 
do lado deles. E todo o pessoal de esquerda também; a Costa Rica era um país 
democrático, nunca teve ditadura. Tanto assim, que nem exército tem mais.
cleiton: Nem exército tem?
melSene: Não. Escola sim, para todo mundo. Então é um país bastante 
democrático.
brUno: E o DEI tinha contato com todas essas lideranças?
melSene: Tinha, por intermédio da pastoral e desses cursos de três meses 
que o pessoal vinha, de vários lugares, fazer. Vinha gente do México, de 
todos os países do centro-americano, também da Colômbia, da Venezuela, 
até do Brasil; vinham para aprender coisas novas. E o pessoal levava uma 
boa bagagem porque o curso era desenvolvido em módulos e vinha gente 
legal para aprender e, depois, ministrar o curso em seu país. E esse trabalho 
continua até hoje: o DEI publicando artigos, a revista deles, o jornal, livros. 
Era esse o trabalho da gente ali, onde havia um movimento internacional 
intenso. Sempre havia visitantes e o pessoal dali também sempre viajava para 
fazer palestras em outros países. O Hugo sempre viajava para a Europa e para 
muitos outros países para fazer palestras. Era convidado.
brUno: Quanto tempo demorou a revolução sandinista?
melSene: Ah! Os sandinistas... Começou nos anos 1930 e foi até 1979. Sim, 
porque em 1980 foi o primeiro aniversário da vitória da revolução, em julho. 
Aí, o Lula foi, o Fidel foi. Eu fui lá, para a praça.
cleiton: Como é que é esse contato com Cuba? É em função também do Centro?
melSene: Na verdade, esse contato começou com um movimento, no Chile, 
de Allende: “Cristianos por el Socialismo”, um movimento de padres, religiosos 
e leigos que lutavam, a partir da fé cristã, para transformar a América Latina 
em socialista. Fidel foi ao Chile e também apoiou esse movimento. Havia 
padres, leigos e igrejas que sempre estavam em contato com Cuba. Tinha 
o seminário teológico em Matanzas, então sempre estiveram lá metodistas, 
batistas, presbiterianos e outros cristãos.
brUno: Matanzas fica em?
melSene: É em Cuba. Tem um seminário teológico lá, mas não lembro de 
que denominação.
cleiton: Mas e a revolução cubana permitia isso?
melSene: Sim, eles sempre estiveram com Fidel por causa da opressão que 
existia antes. Só os bispos católicos foram mais resistentes. Os evangélicos... 
havia muita gente avançada, sempre com Fidel.
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cleiton: Vocês foram várias vezes para Cuba também?
melSene: Eu fui uma vez. O Hugo foi várias vezes.
cleiton: Ele teve, também, contato com Fidel?
melSene: Teve, em Santiago do Chile, quando Fidel foi para lá num grande 
encontro de padres e pastores; o grupo “Cristianos por el socialismo” 
encontrou-se com ele, e o Hugo foi convidado para ir a Cuba. Uma vez, nós 
fomos convidados como família, então eu fui com as crianças; ficamos lá uma 
semana conhecendo a ilha.
brUno: Mas, quando o Hugo ia para lá, era para fazer alguma atividade?
melSene: Também. Ele ia para fazer palestras.
brUno: Nossa que vida interessante!
melSene: Era muito! E apareciam brasileiros por lá, na Costa Rica. Houve 
também, em São José, um grande encontro sobre Direitos Humanos. Hélio 
Bicudo e algumas pessoas ligadas à defesa dos Direitos Humanos, como 
advogados, apareceram por lá. Trouxemos o Hélio para nossa casa. Nessas 
ocasiões, sempre fazíamos então, uma comidinha brasileira. O Paulo Freire 
esteve várias vezes lá em casa. Ele foi convidado pelos sandinistas e, inclusive, 
após a vitória, fez parte da campanha da alfabetização da Nicarágua. Foi ele 
quem organizou tudo.
cleiton: Na Nicarágua?
melSene: É. Eu sei que ele e o Hugo trabalharam juntos lá. Foi um 
acontecimento de enormes proporções. A Organização das Nações Unidas 
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) participando.
brUno: Você quer dar uma paradinha?
melSene: Não. É que é muita coisa. Foram sete anos de Costa Rica e 
aconteceram muitas coisas.
brUno: Que outros brasileiros foram para lá? 
melSene: Brasileiros foram relativamente poucos para Costa Rica, porque 
é um país que ninguém conhece, não é? Até hoje é um tanto desconhecido. 
Os americanos conheciam mais a Costa Rica que os brasileiros. Nós fomos 
parar lá por causa das circunstâncias, mas, na verdade, havia pouquíssimos 
brasileiros lá. As crianças nem aprenderam a falar português por causa disso, 
porque não tinham com quem falar. A não ser visitas esporádicas que vinham 
lá em casa.
cleiton: E vocês em casa falavam o quê?
melSene: A gente falava mais espanhol, mesmo porque a empregada falava 
espanhol.
cleiton: Alemão não?
melSene: Não. Não tinha com quem falar essa língua. Porque era tudo 
em espanhol, as crianças freqüentavam a escolinha em espanhol. Careimi 
foi alfabetizada em espanhol. Então, quando eles vieram para cá, falavam só 
espanhol. Entendiam o português. A gente chegou ao Brasil em fevereiro e 
um mês depois iniciaram-se as aulas. A Careimi entrou na escola e teve que 
se integrar, se virou, a professora também foi muito legal, entendeu a situação 
e em meio ano ela estava integrada.
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brUno: E como era o Hugo na Universidade em Costa Rica?
melSene: Olha, ele era muito benquisto. Muito, muito respeitado. Tanto que, 
na última vez que nós estivemos na Costa Rica, fizeram uma homenagem 
especial para ele nas duas universidades, tanto na Nacional, em Heredia, 
como na Universidade da Costa Rica.
cleiton: Quando foi a última vez que vocês estiveram lá?
melSene: Já início de 1990. Inauguraram o mestrado e doutorado em 
Comunicação, na Universidade de Costa Rica, e ele foi convidado como 
palestrante; vieram muitos alunos antigos prestigiá-lo. Sei que a sala estava 
cheia; tinha muito mais de cem pessoas. Pessoal que trabalhava na televisão, 
com jornalismo, pessoas conhecidas. Foi muito legal. E também em julho de 
1992, para a comemoração dos 15 anos da fundação do DEI.
cleiton:E o Hugo já tinha começado a intensificar a escrita e a publicação nesse 
período ou não?
melSene: Sim, ele estava sempre publicando coisas.
cleiton: E, “A Trilateral”?
melSene: “A trilateral. A nova fase do capitalismo mundial” foi nesse período. 
O livro foi publicado no Brasil depois, em 1986.
brUno: Não existe um livro sobre Economia, que o Hugo escreveu junto com o Teotônio 
dos Santos? Teotônio também estava exilado nesse período.
melSene: Teotônio? “A Trilateral”. Teotônio era exilado também. E era 
economista.
cleiton: O Hugo transitava na política, sociologia, psicologia, economia, etc.?
melSene: Transitava. Na economia, especialmente por causa do Franz 
Hinkelammert, que era economista e, ao mesmo tempo, cristão. Ele tinha 
também estado no seminário, mas depois se decidiu por economia, ao estudá-
la na Universidade Livre de Berlim. Ele era economista, mas sempre vendo 
também a parte teológica. Ele e o Hugo escreveram o livro “A idolatria do 
Mercado: um ensaio sobre economia e teologia”, publicado no Brasil, em 1989.
brUno: Ele estava ali como exilado?
melSene: Não, ele dava aulas na Universidade de Honduras, mas transitava 
entre Berlim, Honduras, mas tinha a casa dele em Costa Rica. E colaborava 
também com o DEI, mas volta e meia passava um semestre na Universidade 
Livre de Berlim. Ele sempre manteve contato com a Alemanha, até pelos 
filhos que estavam nesse país, estudando; depois ele se casou com uma 
hondurenha e teve mais filhos.
brUno: E quando que começa a aparecer a vontade de voltar para o Brasil?
melSene: Bem, vontade sempre existiu. Aí, em 1980, quando veio a anistia, 
o Hugo participou, como convidado, de um Congresso de Teologia, em São 
Paulo. A anistia já tinha saído e ele veio. Entrou pelo Rio de Janeiro. No 
Chile, já não tínhamos conseguido renovar o nosso passaporte. O meu não foi 
renovado. Eu tinha o alemão, por sorte. De brasileiro, de nenhum brasileiro 
que estivesse em Santiago naquela época era renovado o passaporte; e lá tinha 
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refugiado brasileiro à beça. Então, o meu não foi renovado. Eu não tinha nada 
com nada, mas não renovaram também. Mas como eu tinha o alemão em dia, 
não havia problema e saí de Chile com meu passaporte alemão, regularmente.
cleiton: E ele tinha outro passaporte também, ou não?
melSene: O Hugo tinha um passaporte que não sei onde ele arrumou. Mas 
em São José, nós e as crianças fizemos passaporte; o cônsul e o embaixador 
eram democratas, eram pessoas mais decentes e nos deram passaportes.
cleiton: Brasileiro?
melSene: É, brasileiro. Fomos lá para a embaixada e tudo funcionou 
direitinho e a gente saiu com um passaporte legal. Então... quando o Hugo 
chegou ao Brasil, pelo Rio de Janeiro, olharam o passaporte e perguntaram: 
“Cadê seu visto de saída?” O Hugo falou: “Não, não tenho”. Porque naquela 
época quem saía do país devia ter um visto de saída e ele não o tinha porque 
o passaporte foi feito em Costa Rica. Aí eles entraram numa salinha, foram 
consultar um cadastro, demoraram, demoraram, fizeram algumas perguntas 
e colocaram um carimbinho no passaporte. Aí, o Hugo chegou em São 
Paulo, para o Congresso de Teologia organizado pelo cardeal Arns e outros 
teólogos e cristãos. Hugo mostrou o passaporte ao cardeal e ao advogado 
Greenhalg, que teve que esperar até o último dia, mas conseguiu a devolução 
do passaporte devidamente em ordem para o Hugo poder retornar. Os fiscais 
do aeroporto perturbaram-no muito, porque o passaporte dele não tinha o 
visto de saída. E nem podia ter, estava tantos anos fora, desde 1968.
brUno: Vindo para esse encontro, ele já começou a ver alguma coisa?
melSene: Ele conheceu o Ely Eser,8 que estava participando do Congresso de 
Teologia. Ely Eser e o convidou para vir conhecer a Universidade Metodista de 
Piracicaba – uniMeP, e, em seguida, já o chamou para vir para esta instituição. 
O Hugo também estava tentando ir para Florianópolis e para Brasília. Uma 
ocasião, ele encontrou um professor de Brasília, da Comunicação, e mandou 
seu currículo para lá. Como demorou a resposta, ele entrou em contato com 
o professor. Este foi falar com o reitor, que era capitão de mar e guerra na 
época, um homem de direita. O reitor só abriu a gaveta e disse: “Oh! Aqui 
não vem”. Então, veio essa proposta da uniMeP e a gente aceitou, porque 
achamos melhor vir com as crianças naquela idade, pois já tínhamos visto 
problemas de exilados com filhos adolescentes; a transferência é mais difícil, 
muito complicado. Criam-se outros tipos de laços. E com as crianças, uma de 
sete e outra de cinco anos, a coisa ainda era mais tranqüila. E, assim, viemos 
para Piracicaba, em 1981.
brUno: E você, conhecia o Elias?9 
melSene: Não. Hugo o conhecia, porque ele tinha vindo antes para fazer 
uma palestra aqui.
brUno: Eu me lembro disso. Quando o Hugo veio aqui foi interessante porque...
melSene: Isso foi no final de 1980. Ele veio fazer a palestra. Conheceu Santa 
Bárbara d’Oeste.
8 Ely Eser Barreto Cesar, então, vice-reitor da uniMeP.
9 Elias Boaventura, reitor da uniMeP, na época.
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brUno: Ele pediu uma reunião com o pessoal da AdUnimep10 . A AdUnimep começou 
em 1979 e naquele tempo os dirigentes eram o Barjas Negri, o Renato Maluf, o Marco 
Antônio S.de Faria e eu. Nós fizemos uma reunião com o Hugo, eu não sei se foi na 
casa do Renato ou do Faria, ali perto do Restaurante Ponto 71. Perto do Objetivo. Eu 
vim de Rio Claro com o Fabiano para participar dessa reunião. O Hugo queria trocar as 
idéias com a AdUnimep para conhecer um pouco mais a Unimep.
melSene: E também já existia a questão do PT. Não era?
brUno: Sim. Mas não tratamos da questão do PT na ocasião, pois o Barjas estava com 
a gente e ele nunca foi petista.
melSene: Não. Não era do PT. Mas o PT já estava em formação.
brUno: Ah! Sim.
melSene: Porque assim que nós chegamos, em 1981, o Machado11 e o Lula 
vieram conversar com o Hugo. Eles estavam formando o PT.
brUno: Quanto tempo depois vocês chegaram? Primeiro veio o Hugo?
melSene: Em fevereiro de1981, toda a família já estava em Piracicaba. Hugo 
logo começou a dar aulas.
cleiton: Mais uma mudança, Mel?
melSene: É, eu já estava meio acostumada a mudar. Porque eu sou de Porto 
Alegre, fui para o Rio e, depois, para a Alemanha, para o Chile e por aí afora. 
Então, sabe? Eu sou meio cigana mesmo. Sou assim, meio internacional. Eu 
não sou bairrista de ficar num canto. Eu também estava sempre disposta a 
mudar.
brUno: E logo de cara o Hugo já criou a editora ou foi depois?
melSene: Foi depois... um ano e tanto depois... a pedido do professor Elias.
cleiton: Eu não sabia dessa passagem.
melSene: É, começou a criar a editora da uniMeP.
brUno: Sei que um dos primeiros livros a ser editado foi a minha tese de doutorado, 
defendida em 1982, em convênio com as Paulinas.
melSene: É, foi. E antes disso tinha saído alguns livrinhos pequenos, como 
Papo de Boteco (LIMA JUNIOR, 1982) e aquele outro livrinho do Parke 
Renshaw.
brUno: Lembro-me. Eu já lecionava na pós de educação. O Parke era ligado à 
Reitoria?
melSene: Sim, era da pastoral também. Ele era pastor metodista, tinha 
formação universitária. Ele era um cara legal. Ele falava bem o português.
brUno: E como o Hugo se sentiu voltando para cá no contexto do surgimento do PT; 
ele que naquele momento, defendia idéias mais de esquerda, marxista?
melSene: Sim... sim.
brUno: Como é que ele sentiu isso?
melSene: Ele começou a ver a abertura real e a possibilidade de mudanças no 
país; ele sempre acreditou nisso; sempre acreditou na esquerda.
10 Associação dos Docentes da uniMeP
11 José Machado, ex-professor da uniMeP, ex-deputado federal e ex-prefeito de Piracicaba.
COMUNICAÇÕES • Piracicaba •Ano 15 • n. 1/2 • p. 11 - 38 • jan. - dez. 2008
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brUno: Eu conversava muito com ele. Para ele, a direção de Moscou ainda era uma 
referência para a esquerda. Ainda era um ponto para você comparar as coisas e ver

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