8º ano - Tema 05 - Conto (8004_TEMA-05-8A-FUND2)

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Tema de Redação
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Ensino Fundamental – Anos Finais
8oANO
Tema de Redação FTD
Conto5
Momento de leitura
Sua tarefa desta vez é criar um conto. Para isso, vamos ler um texto de O. Henry, 
pseudônimo de William Sydney Porter, famoso contista norte-americano do século XIX. 
Lembre-se de que os contos são narrativas curtas; portanto, densas, concisas. O texto 
que segue é um bom exemplo desse gênero textual.
Vinte anos depois
O policial, em ronda, subia a avenida de modo a causar impressão. Esse modo de se 
conduzir era-lhe habitual e não calculado, pois, àquela hora, não se viam espectadores 
na avenida. Eram 10 horas da noite. Rajadas de vento frio, prenunciando chuva, haviam 
esvaziado as ruas.
Verificando se as portas estavam abertas, como ia, fazendo girar o cassetete através 
de complicados e graciosos movimentos, virando-se a cada momento para inspecionar 
o pacífico logradouro, o policial, com seu corpo forte e seu porte insolente, constituía 
uma excelente imagem de um perfeito defensor da paz. A vizinhança era integrada por 
gente que se recolhia cedo. De quando em quando, viam-se as luzes de uma charutaria 
ou de uma lanchonete, que funcionava dia e noite. Entretanto, a maioria das portas das 
casas de negócios já estavam desde muito fechadas.
***
Quando se encontrava no meio do quarteirão, o policial retardou subitamente sua 
marcha. À porta de uma loja de ferragens, então às escuras, estava encostado um ho-
mem, com um charuto apagado na boca. Quando se aproximou, o estranho esclareceu, 
com vivacidade.
— Nada errado, seu guarda — confidenciou. — Estou apenas aguardando um ami-
go. Trata-se de um encontro combinado há 20 anos. Parece engraçado, não é? Bem, eu 
explicarei se o senhor ficar ciente de que está tudo certo. Há cerca de vinte anos, existia 
um restaurante, onde hoje está esta loja. Era o Big Joe Brady’s Restaurant.
[...]
O homem que se encontrava à porta da loja riscou um fósforo e acendeu um charuto. 
A luz revelou a fisionomia do estranho notívago — pálida, queixo quadrado, olhos pe-
netrantes e uma pequena cicatriz junto à sobrancelha direita. Seu alfinete de gravata era 
um enorme diamante, caprichosamente engastado.
— Na noite de hoje, há vinte anos explicou o desconhecido — jantei aqui no Big Joe 
Brady’s com Jimmy Wells, meu melhor amigo e mais decente criatura do mundo. Fomos 
criados aqui em Nova Iorque, como dois irmãos. Eu tinha 18 anos e Jimmy, 20. Na ma-
nhã seguinte, eu ia viajar para o Oeste, a fim de tentar a sorte. Quanto a Jimmy, porém, 
ninguém seria capaz de tirá-lo de Nova Iorque, que julgava a melhor cidade do mundo. 
Bem, combinamos que nessa noite nos encontraríamos aqui, exatamente vinte anos 
depois daquela data, quaisquer que fossem nossas condições e independentemente da 
distância que tivéssemos de vencer. Calculamos que, em vinte anos, cada um de nós já 
tivesse seu destino traçado e sua fortuna feita.
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— Tudo isso me parece muito interessante — interveio o militar. — Um longo pedaço de tem-
po entre os dois encontros. Assim o acho. Durante esse interregno, não teve qualquer notícia de 
seu amigo?
[...]
O homem, que esperava, tirou um bonito relógio, cravejado de pequenos diamantes.
— Três minutos para as dez — esclareceu. — Eram exatamente dez da noite quando nos se-
paramos aqui, à porta do restaurante.
— O senhor se saiu bem no Oeste, não foi? — perguntou o policial.
— Acertou. Espero que Jimmy tenha conseguido pelo menos a metade do que acumulei. Ele 
era trabalhador tanto quanto um bom sujeito. Tive de competir de maneira mais violenta, para 
conseguir realizar alguns dos meus negócios. Em Nova Iorque, é comum ser-se vítima da rotina. 
Julguei que minha ida para o Oeste pudesse lhe servir de estímulo.
O policial girou o cassetete e moveu-se, dando um ou dois passos.
— Vou andando. Espero que seu amigo apareça. Vai exigir que venha no horário certo?
— Não creio que o exigirei. Acho melhor conceder-lhe, pelo menos, uma meia hora de tolerân-
cia. Se Jimmy ainda estiver vivo, estará aqui à hora combinada. Até já, seu guarda.
— Boa noite! — disse o policial, prosseguindo na sua ronda, inspecionando as portas.
***
[...] 
Passaram-se uns vinte minutos e, então, um homem alto, vestindo um comprido sobretudo, 
com a gola erguida até as orelhas, atravessou às pressas a rua, vindo do outro lado. Encaminhou-
-se diretamente para o estranho que esperava à porta da loja de ferragens.
— Você é o Bob? — perguntou hesitante.
— E você é o Jimmy Wells! — exclamou em resposta. — Que Deus seja louvado! [...]
— Sim, você é o Bob. Estava certo de que estaria aqui, se ainda estivesse vivo. Bem, bem... 
vinte anos representam um longo tempo. O velho restaurante, Bob, foi demolido. Desejava que 
ainda estivesse aqui. Assim teríamos nele um novo jantar. Como o Oeste o tratou, meu velho?
— Otimamente. Deu-me tudo que pedi. Você está muito mudado, Jimmy. Nunca imaginei que 
ficasse tão alto.
— Oh, cresci, de fato, um pouco depois dos vinte.
— Está se saindo bem em Nova Iorque, Jimmy?
— Mais ou menos. Tenho um cargo num dos departamentos da Municipalidade. [...] 
[...] Na esquina, àquela hora, havia uma lanchonete toda iluminada. Quando chegaram à cla-
ridade das lâmpadas, ambos se voltaram, quase simultaneamente, para examinar as respectivas 
fisionomias.
— Você não é o Jimmy Wells! — exclamou. — Vinte anos são um longo período, mas não tão 
longo para modificar o nariz de uma pessoa — de um nariz romano para um nariz chato.
— Às vezes isso acontece — disse o homem alto. — Você está preso há dez minutos, seu Bob 
idiota. [...] É melhor não reagir, Bob. Agora, antes de irmos para a estação, está aqui um bilhete 
que me pediram para lhe entregar. Pode lê-lo aqui, junto à janela. É do patrulheiro Wells.
O homem do Oeste abriu o pequeno papel dobrado, que lhe fora entregue. Suas mãos esta-
vam firmes quando começou a ler, mas tremiam ligeiramente quando concluiu a leitura. O bilhete 
era bem curto.
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“Bob, compareci ao encontro à hora combinada. Quando você riscou o fósforo para acender 
o charuto, vi que ali estava um criminoso, procurado pela polícia de Chicago. Seja como for, eu 
não poderia prendê-lo. Assim, andei pelas imediações e consegui um detetive à paisana para 
efetuar a prisão.
Jimmy”
Notívago: que ou aquele que tem hábitos noturnos.
Interregno: intervalo, interrupção momentânea.
Vinte anos depois. In: Henry, O. Os melhores contos de O. Henry. 
Tradução de Caio de Freitas. Rio de Janeiro: Edições Bloch. p. 57-60.
Estudo do texto
 1. Sobre o narrador, responda.
 a) Apesar de o narrador ser de 3a pessoa, ele conta a história a partir de um 
ponto de vista. Explique o ponto de vista adotado pelo narrador consideran-
do as referências iniciais dadas às personagens: “O policial, em ronda, subia a 
avenida de modo a causar impressão.” e “À porta de uma loja de ferragens, 
então às escuras, estava encostado um homem.”.
 b) O narrador escreve uma fala do detetive: — Sim, você é o Bob. Estava certo 
de que estaria aqui, se ainda estivesse vivo. Bem, bem... vinte anos represen-
tam um longo tempo. O velho restaurante, Bob, foi demolido. Desejava que 
ainda estivesse aqui. Assim teríamos nele um novo jantar. Como o Oeste o 
tratou, meu velho?” Assinale o(s) item(ns) que explica(m) essa fala no conto.
 I. ( ) A fala mostra como o detetive convence Bob de que ele era Wells.
 II. ( ) A fala permite que o leitor também seja convencido de que o detetive 
era o amigo Wells.
 III. ( ) A fala é incoerente com o enredo, pois se trata de uma mentira.
 2. Justifique a presença desta descrição no corpo da narrativa: “O homem que se 
encontrava à porta da loja riscou um fósforo e acendeu um charuto. A luz re-
velou a fisionomia do estranho notívago — pálida, queixo quadrado, olhos pe-
netrantes e uma pequena cicatriz junto à sobrancelha direita. Seu alfinete de 
gravata era um enorme diamante, caprichosamente engastado.”.4
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 3. No conto se lê: “Bem, combinamos que nessa noite nos encontraríamos aqui, exa-
tamente vinte anos depois daquela data, quaisquer que fossem nossas condições 
e independentemente da distância que tivéssemos de vencer. Calculamos que, em 
vinte anos, cada um de nós já tivesse seu destino traçado e sua fortuna feita.”.
 Discuta com seus colegas como esse enredo seria adaptado para os dias de hoje. 
Considere que, no século XIX, a menos que um mandasse sempre cartas a ou-
tro, pelo correio, eles não teriam como saber como cada um ficou em vinte anos. 
Hoje, a tecnologia permite que pessoas distantes se vejam. RESPONDA
ORALMENTE
Você se lembra de que um conto é uma narrativa curta, densa, concisa? 
Nos contos, apenas um conflito está presente. No conto lido, o conflito se inicia quando 
Bob revela seu rosto ao amigo que se tornou policial. No entanto, o leitor só saberá dele 
no final do conto, com o bilhete.
O narrador coloca o leitor na mesma condição de Bob: saberemos do problema só no final. 
Como para Bob, para o leitor a verdade vem apenas com o bilhete.
Nesse tipo de conto, o leitor se surpreende com o final?
Sua tarefa será construir um conto cujo final surpreenda o leitor.
Para isso, siga as orientações abaixo.
Produção escrita
 � Veja algumas sugestões de assunto para você desenvolver seu conto com final surpreen-
dente. Você pode pensar em outros assuntos. Sinta-se à vontade!
 I. De maneira semelhante ao conto lido, dois amigos de infância se encontram de 
modo inesperado, vinte anos depois da última vez que se viram. Nesse caso, eles não 
programaram o encontro.
 II. Uma família separada pela guerra consegue se reencontrar anos depois.
 III. Numa festa de Natal, uma certa fisionomia lembra muito uma pessoa que não é vista 
há muitos anos.
 � Feita a escolha do assunto a ser desenvolvido no conto, pense nas personagens envolvidas. 
Quem são elas? Como são? (Limite o número de personagens.)
 � Escolha um espaço onde o conflito vai ocorrer. (Lembre-se de que, num conto, o espaço 
é limitado.)
 � Pense numa situação inicial que leve ao conflito.
 � Finalmente, redija a história, buscando concisão.
 � Dê um título que atraia o leitor.
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Avaliando o texto
 � O título atrai o leitor, desperta a curiosidade?
 � O conto tem uma situação inicial, um conflito e a solução?
 � O texto está objetivo e conciso?
 � Você evitou detalhes e excesso de personagens?
 � O final do conto surpreende o leitor?
Após avaliar seu conto, faça as alterações necessárias e passe-o a limpo. 
Finalmente, entregue-o ao seu professor.
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Nome: Nota:
Turma: Número: Data: / /
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Conto
Respostas
1.
 a) Há três personagens no conto: duas aparecem antes (Bob e Wells). Wells é o pri-
meiro a entrar em cena e o artigo usado para ele é o definido. O leitor é levado 
a já identificá-lo, defini-lo: “O policial, em ronda, subia a avenida”. Já Bob é um 
estranho. Ele é apresentado como “um homem”, uma pessoa desconhecida.
 b) 
 I. ( X ) A fala mostra como o detetive convence Bob de que ele era Wells.
 II. ( X ) A fala permite que o leitor também seja convencido de que o detetive 
era o amigo Wells.
 III. ( ) A fala é incoerente com o enredo, pois se trata de uma mentira.
 2. Vinte anos é muito tempo e a fisionomia pode mudar. Por isso, observar bem 
uma pessoa pode ajudar a reconhecê-la. O policial tem essa oportunidade com 
a luz do fósforo. Ele pode, assim, observar bem seu amigo e certificar-se de que 
é ele, pelas marcas acentuadas, como o rosto quadrado e a cicatriz, e ele pode 
reconhecer, portanto, o criminoso. Por isso, a descrição é importante ao texto.
 3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que esse enredo precisa se 
adaptar aos dias de hoje. Por exemplo, dois amigos podem combinar de não 
enviar fotografias um ao outro, de não se falar; podem combinar de apenas se 
encontrar 20 anos depois. Além disso, o encontro deles pode ter sido aciden-
tal, sem ser programado. Pode ainda ter ocorrido uma separação durante uma 
guerra, e um nem saber onde o outro se encontra e nem ter o contato, como o 
número de celular, por exemplo.
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GRADE SUGESTIVA DE CORREÇÃO
Critério Observar Nota (de 1 a 5)
1. Desenvolvimento 
do tema e 
organização do texto 
segundo o gênero 
textual trabalhado.
Adequação ao tema proposto e à estrutura do gênero textual 
trabalhado. Compreensão da proposta de redação e do texto 
motivador, além do desenvolvimento das atividades de estudo do 
gênero. Sugere-se que as redações que se distanciarem da estrutura 
do gênero textual trabalhado tenham desconto na pontuação.
2. Coerência textual 
e articulação das 
partes do texto.
Uso adequado dos instrumentos coesivos exigidos pelo gênero 
textual trabalhado. Ideias organizadas de forma lógica e expostas 
com clareza. Sugere-se que as redações que não apresentarem 
unidade textual tenham desconto na pontuação.
3. Variante 
linguística adequada 
ao gênero textual 
trabalhado e 
adequação 
vocabular.
Domínio da norma-padrão da língua portuguesa verificado na 
ortografia (o que inclui adequação à Nova Ortografia da Língua 
Portuguesa), na estrutura sintática, nos aspectos morfológicos, na 
pontuação e no repertório lexical (variado e adequado ao tema). 
Sugere-se não aplicar desconto na pontuação caso o gênero textual 
trabalhado permita o uso de variantes linguísticas diferentes da 
norma-padrão.
Neste tema, foram trabalhadas diversas habilidades da BNCC: EF69LP47, EF89LP35, EF89LP33, 
EF89LP27.
Diretor de conteúdo e negócios
Ricardo Tavares de Oliveira
Diretor editorial adjunto
Cayube Galas
Gerente editorial
Júlio César D. da Silva Ibrahim
Editora
Vivian Kaori Ehara
Autora
Maria Beatriz Marcondes Helene
Editora assistente
Danielle Benfica
Gerente de produção editorial
Mariana Milani
Coordenador de produção editorial
Marcelo Henrique Ferreira Fontes
Coordenadora de preparação e revisão
Lilian Semenichin 
Supervisora de preparação e revisão
Adriana Soares
Preparadora
Adriana Périco
Revisores
Equipe FTD
Supervisão de iconografia e licenciamento 
de textos
Elaine Bueno
Coordenadora de ilustrações e cartografia 
Marcia Berne
Gerente de arte
Ricardo Borges
Coordenadora de arte
Daniela Máximo
Supervisor de arte
Fabiano dos Santos Mariano
Editor de arte
Carlos Feitosa