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Direito Eleitoral Carlos Eduardo Frazão Aula 01 Direitos Políticos Direitos Políticos são espécies do gênero Direitos Fundamentais. Todo direito político é um direito fundamental, mas nem todo direito fundamental é um direito político. Ex.: Liberdade de expressão – é um direito fundamental, mas não é um direito político. CF: CAPÍTULO IV - DOS DIREITOS POLÍTICOS CAPÍTULO V – DOS PARTIDOS POLÍTICOS Cespe TRF 1ª Região: Embora não se insiram entre os direitos e garantias fundamentais previstos na CRFB/88, os direitos políticos possuem o caráter instrumental de proteção do princípio democrático e investem o indivíduo no status activae civitati. Este item está errado, pois os direitos políticos se inserem nos direitos fundamentais da CF. Regime Jurídico dos Direitos Políticos Os direitos políticos possuem aplicação direta e imediata. São cláusulas pétreas – se o legislador quiser alterar a CF na parte dos direitos políticos o STF deverá declarar inconstitucional por violar uma cláusula pétrea. Cespe TJ DFT 2016 Juiz de Direito: Os direitos políticos insculpidos na Constituição possuem eficácia limitada, ante a necessidade da edição de legislação infraconstitucional para concretizá- los. Este item está errado, pois os direitos políticos não possuem eficácia limitada. Direitos Políticos: positivos e negativos. Conceito de Direitos Políticos Positivos: conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos governamentais. Para fins didáticos, compreende o direito de: Votar; Direito de ser votado; Direito de participar da formação da vontade política – pessoas podem participar ativamente por meio de plebiscito, referendo, participação em audiências públicas, etc. Distinções conceituais importantes em Direitos Políticos Sufrágio Direito Público (relação Estado x indivíduo), subjetivo (titularizado por cada um de nós) e de natureza política; Voto (direto, secreto e com igual valor para todos) é o exercício do direito ao sufrágio. Escrutínio modo de exercício desse direito (aberto ou secreto). Cespe TRE/PI 2016: O sufrágio é um direito público subjetivo democrático, que cabe ao povo, respeitados o princípio da universalidade e o princípio da igualdade de voto e de elegibilidade. Correto Cespe TRE/PI 2016: No direito brasileiro, os conceitos de voto e de sufrágio são equivalentes Incorreto Formas de Sufrágio Universal pelo texto da CRFB/88, o sufrágio é (tendencialmente) universal (art. 14) Restrito: 1 ⦁ Censitário a exclusão do indivíduo se dá com base em critérios econômicos ou de renda, posse de bens etc. Foi o critério adotado pela Carta de 1824 ⦁ Capacitário o ordenamento jurídico exclui o indivíduo com base em critérios intelectuais, de capacidade cognitiva. P.ex: excluir analfabeto ou dizer que quem estudou no ITA ou USP teria peso 2 seu voto. Titulares do direito de Sufrágio Capacidade eleitoral ativa (ius suffagii) direito de votar (alistabilidade) Capacidade eleitoral passiva (ius honorum) direito de ser votado (elegibilidade) Caracteres (ou características) do voto Personalidade o próprio indivíduo titulariza o exercício do voto e deve pessoalmente votar, não se admitindo votos por procuração ou por correspondência; Obrigatoriedade formal de comparecimento deve comparecer às urnas, não sendo compelido a emitir um necessariamente um voto. No voto no Brasil, obrigatório é o comparecimento às urnas, e não o voto em si. Liberdade: o indivíduo pode votar em quem quiser (preferência), mas também abrange manifestações apolíticas como votar em branco ou nulo; Sigilosidade: o indivíduo não pode ser obrigado a expor o voto, tampouco terceiro pode divulgar o voto de alguém fraudulentamente. É uma opção do indivíduo. Direto: Em regra, no Brasil o voto é direto. Exceções: ⦁ Art. 81, §1º CF – será feita eleição indireta pelo Congresso Nacional se a vacância no cargo de presidente e vice- presidente ocorrer nos dois últimos anos de mandato. 1 P.ex.: Dilma sofreu impeachment, Temer renúncia – será feita eleição indireta. Eleição indireta não consulta o povo Eleição direta consulta o povo. ⦁ Art. 224, §4º, I Código Eleitoral- eleição indireta acontecerá se essas hipóteses de indeferimento do registro, cassação do diploma ou perda do mandato acontecer nos últimos 6 meses do mandato. 2 Periodicidade – voto é periódico Igual valor para todos Cespe TRE/PI 2016: A liberdade do voto manifesta-se pela preferência a um candidato, mas não pela anulação do voto ou pela opção de depositar cédula em branco na urna. Item incorreto. A liberdade do voto abrange manifestações apolíticas como votar em branco ou nulo. Direito de votar (alistabilidade) CF 1 Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 2 Art, 224 § 3o A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, a realização de novas eleições, independentemente do número de votos anulados 2 § 4o A eleição a que se refere o § 3o correrá a expensas da Justiça Eleitoral e será I - indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final do mandato Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. § 1º O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II - facultativos para: ⦁ os analfabetos; ⦁ os maiores de setenta anos; ⦁ os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos Inalistáveis – não podem alistar-se como eleitores: Estrangeiros – os que se naturalizarem brasileiros não serão mais estrangeiros Conscritos: são aqueles que estão prestando serviço militar obrigatório Atenção: Podem, também, ser considerados conscritos os médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários que estejam prestando serviço militar obrigatório, nos termos da Lei nº 5.292/67 FGV Juiz de Direito TJ AM 2013: No modelo adotado pela Constituição Federal de 1988, o voto se caracteriza por ser direto, igual para todos, periódico, livre e personalíssimo, sendo vedado aos menores de 16 anos e aos conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório Item correto. Direito de ser votado (elegibilidade) - Condições de elegibilidade (art. 14, § 3º, CRFB/88), na forma da lei (ordinária): Nacionalidade brasileira – brasileiros natos e naturalizados Equiparação de direitos com brasileiros naturalizados – portugueses residentes. Se Portugal der aos brasileiros o direito de votar e ser votado, no Brasil esse direito também será franqueado aos portugueses. Pleno exercício dos direitos políticos: ausência de restrição na sua cidadania ativa ou passiva – cidadão que não cumpre com suas obrigações eleitorais não está em pleno exercício dos direitos políticos. Alistamento eleitoral – para ser votado precisa ter o direito de votar Domicílio eleitoral na circunscrição: conceito de domicílio mais que o do direito civil. Comprovação da existência de vínculos sociais, econômicos, políticos e comerciais com a localidade. Lei das Eleições. Art. 9º. Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo (redação dada pela Lei nº 13.488/2017) Conceito de circunscrição: Código Eleitoral. Art. 86. Nas eleições presidenciais, a circunscrição serão País; nas eleições federais e estaduais, o Estado; e nas municipais, o respectivo município Filiação partidária: no Brasil não existe candidatura avulsa, independente. Para concorrer deveser filiado a partido político. Repercussão Geral (pendente de julgamento): ARE 1054490, rel. Min. Luís Roberto Barroso – STF irá discutir se candidatura avulsa é constitucional. ⦁ Candidato com dupla filiação: prevalece a mais recente (que manifestou a vontade por último, mais próximo do 3 pleito), nos termos do art. 22, § único, da Lei nº 9.096 (lei dos Partidos Políticos) ⦁ Prazo de filiação: 6 meses (Lei nº 13.165/2015, alterou o art. 9º, da Lei dasEleições); ⦁ Membros da magistratura e Tribunais de Contas para se filiarem a partido político devem pedir exoneração ou após aposentar-se – possuem inelegibilidade absoluta ⦁ Membros do Ministério Público que ingressaram na carreira antes de 1988 podem escolher submeter-se ao regime anterior (previsão do ADCT, art. 29, §3º) ⦁ Após a EC 45/2004, o regime jurídico dos membros do MP equipara-se ao da magistratura e membros dos tribunais de contas (inelegibilidade absoluta - terá que exonerar ou aposentar). ⦁ Membros do MP que ingressaram entre 1988 e a EC n 45/2004 não possuem direito adquirido a optar pelo regime a qual se submete Jurisprudência do STF: Art. 281 da LC nº 75/93 não se aplica aos membros do MP estadual, de modo que a opção pelo regime jurídico anterior à Carta de 1988 pode ser formalizado a qualquer tempo LC nº 75/93. Art. 281. Os membros do Ministério Público da União, nomeados antes de 5 de outubro de 1988, poderão optar entre o novo regime jurídico e o anterior à promulgação da Constituição Federal, quanto às garantias, vantagens e vedações do cargo (Para membros do MP nomeados antes da CF/88) Parágrafo único. A opção poderá ser exercida dentro de dois anos, contados da promulgação desta lei complementar, podendo a retratação ser feita no prazo de dez anos ⦁ Segundo a jurisprudência do STF isso não se aplica aos membros do MP estadual. Promotor de Justiça MP GO 2016: Para aqueles que ingressaram na carreira do Ministério Público antes do advento da Constituição Federal de 1988, é permitida a candidatura a cargos eletivos, desde que tenham optado pelo regime anterior, sempre respeitados os prazos de desincompatibilização. A referida opção, quanto aos membros do Ministério Público dos Estados, pode ser feita a qualquer tempo Item correto. Idade Mínima: Art. 14. (...). § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: VI - a idade mínima de: ⦁ trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; ⦁ trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; ⦁ vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; ⦁ dezoito anos para Vereador. As condições de elegibilidade devem ser apresentadas na data do registro da candidatura. A exceção para isso é a idade mínima, que deverá ser comprovada na data da posse. Foi criada a exceção da exceção: Lei das Eleições. Art. 11. § 2º. A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de registro de candidatura. Condições de elegibilidade que devem ser apresentadas na data do registro da candidatura: Nacionalidade brasileira; Pleno exercício dos direitos políticos; Alistamento eleitoral; Domicílio eleitoral na circunscrição; Filiação partidária Idade mínima para vereador. 4 Já as idades mínimas, exceto para o cargo de vereador, devem ser apresentadas na data da posse FCC Consultor Legislativo Assembleia Legislativa MS 2016: Jair pretende candidatar-se ao cargo de vereador e completará 18 anos um dia após a data-limite para o pedido de registro da candidatura. Neste caso, Jair não poderá se candidatar, pois a idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade será aferida na data- limite para o pedido de registro. Item correto. Direitos Políticos Negativos Restrições que são impostas ao seu estado jurídico. Estas restringem o direito de votar ou ser votado. Inelegibilidades – restringe-se a cidadania passiva, isto é, sobre o direito de ser votado. ⦁ Absolutas: Apenas a CF pode tratar ⦁ Relativas: Estão previstas, tanto na CF, quanto na legislação infraconstitucional. Privações – restringe-se tanto o direito de votar, como o de ser votado. Não pode sequer participar dos atos partidários. ⦁ Suspensão – tem esses direitos políticos, mas existe alguma causa impeditiva de exercício. ⦁ Perda – caráter definitivo Privações de Direitos Políticos CRFB/88. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; ⦁ - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; ⦁ - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; ⦁ - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. ⦁ A cassação de direitos políticos tem a ver com atos arbitrários, estado de exceção. Cuidado: ⦁ A Cassação de direitos políticos é diferente de cassação do mandato parlamentar e executivo. A Cassação do Mandato Parlamentar é autorizada pela Constituição (CRFB/88, art. 55, I, II e IV, c/c § 1º). A Cassação de Mandato no Executivo também tem amparo constitucional. Perda é diferente de cassação. Perda de mandato: Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: ⦁ - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; ⦁ - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; (...) VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. (...) § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. Modalidades: ⦁ Suspensão de direitos políticos - temporariedade na restrição da cidadania passiva. ⦁ Perda dos Direitos Políticos – definitividade (ou tendência de definitividade) na restrição da cidadania passiva. ⦁ A hipótese de perda dos direitos políticos tende a ser definitiva, mas pode não ser. Suspensão dos Direitos Políticos Hipóteses. 1ª Incapacidade civil absoluta (art. 15, II, da CRFB/88 c/c art. 3º do CC/2002). CC/2002. Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. ⦁ os 3 incisos que existiam no art. 3º do CC foram revogados pela Lei nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência) 5 Esse diploma de 2015 revoga os 3 incisos do CC que traziam as 3 hipóteses de incapacidade civil absoluta. Hoje, esse dispositivo não tem âmbito de incidência. ⦁ Incapacidade civil absoluta (art. 3º do CC/2002) – hipótese de suspensão dos direitos políticos De acordo com a legislação infraconstitucional não remanescem mais hipóteses autorizativas da suspensão de direitos políticos por incapacidade civil absoluta. Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê- los em igualdade de condições com as demais pessoas. § 1o À pessoa com deficiência será assegurado o direito de votar e de ser votada, inclusive por meio das seguintes ações: ⦁ - garantia de que os procedimentos, as instalações, os materiais e os equipamentos para votação sejam apropriados, acessíveis a todas as pessoas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada a instalação de seções eleitorais exclusivas para a pessoa com deficiência; (...) ⦁ - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se e a desempenhar quaisquer funções públicas em todos os níveis de governo, inclusive por meio do uso de novas tecnologias assistivas, quando apropriado; ⦁ - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória e os debates transmitidos pelas emissoras de televisãopossuam, pelo menos, os recursos elencados no art. 67 desta Lei; ⦁ - garantia do livre exercício do direito ao voto e, para tanto, sempre que necessário e a seu pedido, permissão para que a pessoa com deficiência seja auxiliada na votação por pessoa de sua escolha. ⦁ Condenação criminal transitada em julgado, enquanto perdurarem seus efeitos (art. 15, III, da CRFB/88). Suficiente a condenação penal, pouco importando a natureza do crime (i.e., se doloso, culposo, preterdoloso etc.); Irrelevante identificar a penalidade imposta: inexiste diferença entre pena privativa de liberdade, restritiva de direitos, ou pagamento de multa para fins de suspensão de direitos políticos; TSE. Súmula nº 9. A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação de danos Promotor de Justiça MP GO 2016: O término da suspensão dos direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado independe de reabilitação, ou seja, para cessar essa causa de suspensão, basta o cumprimento ou a extinção da pena. Item correto ⦁ Condenação em improbidade administrativa (art. 15, V, da CRFB/88). Cuidado com o art. 1º, inciso I, alínea l, da LC nº 64/90: causa de inelegibilidade legal 3, e não de suspensão de direitos políticos. 3 Art. 1º, I, l os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; Causas de inelegibilidade: os que forem condenados por ato doloso de improbidade administrativa que importe em suspensão dos direitos políticos e que tenha gerado enriquecimento ilícito e lesão ao erário. Decisão transitada em julgado ou decidida por órgão colegiado. Jurisprudência TSE: AgR-REspe nº 11.166, rel. Min. Napoleão Maia, redator para o acórdão Min. Henrique Neves: “2. Não há eficácia da filiação partidária, para atender o prazo de seis meses antes da eleição, durante o período em que perdurou a suspensão de direitos políticos decorrente do trânsito em julgado da condenação por improbidade. ⦁ Na espécie, o posterior exaurimento do prazo da suspensão não altera o fato de os direitos políticos do candidato estarem suspensos no momento da convenção para escolha dos candidatos e do registro de candidatura. Votação por maioria” 6 Não preencheu um dos requisitos de inelegibilidade, pois na data da formalização do registro estava com os direitos políticos suspensos. Perda de Direitos Políticos Hipóteses ⦁ Cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado ocorre em virtude de atividade nociva ao interesse nacional (art. 15, II, da c/cart. 12, § 4º, I, da CRFB/88); Perda-punição: só atinge brasileiros naturalizados. ⦁ Recusa de cumprir obrigação a todos imposta e prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Instituto da escusa de consciência – autoriza-se invocar uma crença religiosa para se eximir de uma obrigação legal a todos imposta. ⦁ Perda-mudança (interpretação sistemática da Constituição) da nacionalidade. Quando se adquire outra nacionalidade, em regra, perde-se sua nacionalidade. Art. 12. (...). § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: ⦁ - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; ⦁ - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: ⦁ de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; ⦁ de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; Conclusão: toda hipótese de perda de nacionalidade, é consequentemente uma hipótese de perda de direitos políticos. Reaquisição de Direitos Políticos Hipóteses Nos casos de suspensão de direitos políticos: restabelecimento automático – exauriram-se os efeitos tem se automaticamente os direitos políticos novamente. Nos casos de perda de direitos políticos: Perda-punição (cancelamento de naturalização transitada em julgado): somente há o restabelecimento em caso de procedência do pedido deduzido em ação rescisória; Perda-mudança: com eventual processo de naturalização; No caso da recusa ao cumprimento de prestação alternativa nos termos do art. 5º, VIII, da CRFB/88, somente se o indivíduo cumprir a prestação alternativa na forma da lei Inelegibilidades Constitucionais Por motivos funcionais ⦁ Reeleição – CRFB/88, art. 14, §5º (EC nº 16/97) – autoriza uma única eleição para mandato subsequente. Art. 14. § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. Reelegibilidade – fundamento no postulado de continuidade administrativa: “É dizer a permissão para a reeleição do Chefe do Executivo, nos seus diversos graus, assenta-se na presunção de que a continuidade administrativa, de regra, é necessária” (ADI-MC 1.805, trecho do voto do Ministro Carlos Velloso, j. 26.03.1998). ⦁ Proíbe-se 3 mandatos consecutivos para evitar o continuísmo familiar. 7 ⦁ Trata-se de condição de elegibilidade ou hipótese de inelegibilidade? (ADI-MC 1.805, Rel. Min. Néri da Silveira: “6. Na redação original, o § 5º do art. 14 da Constituição era regra de inelegibilidade absoluta. Com a redação resultante da Emenda Constitucional nº 16/1997, o § 5º do art. 14 da Constituição passou a ter a natureza de norma de elegibilidade.”. Para o STF trata-se de norma de elegibilidade, pois o cidadão pode ser eleito para mais um mandato. ⦁ O parâmetro constitucional para se aferir a inelegibilidade são cargos no Executivo - não se aplica ao Poder Legislativo - pois o chefe do Executivo é quem tem a máquina administrativa nas mãos. (Cespe Consultoria Legislativa Área I Câmara dos Deputados 2014) A titularidade de mandato eletivo e a candidatura à reeleição, quando cumuladas, atuam, no ordenamento jurídico brasileiro, como condições de elegibilidade. Item correto. ⦁ Fundamento subjacente da vedação ao 3º mandato consecutivo Princípio republicano (temporariedade ou periodicidade dos mandatos) e ⦁ Teleologia (finalidade da vedação): evitar a perpetuação de uma mesma pessoa ou mesmo grupo familiar no exercício do poder local (continuísmo familiar) e inviabilizar a utilização da máquina administrativa em benefício de parentes detentores de poder. ⦁ Prefeito Itinerante: RE nº 637485, rel. Min. Gilmar Mendes, DJ. 21.05.2013: “o art. 14, § 5º, da Constituição, deve ser interpretado no sentido de que a proibição da segunda reeleição é absoluta e torna inelegível para determinado cargo de Chefe do Poder Executivo o cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos (reeleito uma única vez) em cargo da mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso.”. ⦁ O comando da CF visa evitar o continuísmo, portanto, o prefeito não pode ficar mudando de cidade – se proibiu um 3º mandato de prefeito, ainda que em outro município. Questão sobre prefeito itinerante pendente de julgamento – cônjuge de prefeito pode concorrer em outro município, mas não no mesmo. ⦁ Renúncia do titular da chefia do Executivo no primeiro mandato: “Prefeito que renuncia ao primeiro mandato pode se candidatar à reeleição” (REspe nº 23.607, rel. Min. Gilmar Mendes, 11.10.2004). Será considerada reeleição do candidato. ⦁ E a situação do Vice? Caso de substituição no primeiro mandato e sucessão no curso do segundo mandato: “I. - Vice- governador eleito duas vezes para o cargo de vice-governador. No segundo mandato de vice, sucedeu o titular. Certo que, no seu primeiro mandato de vice, teria substituído o governador. Possibilidadede reeleger-se ao cargo de governador, porque o exercício da titularidade do cargo dá-se mediante eleição ou por sucessão. Somente quando sucedeu o titular é que passou a exercer o seu primeiro mandato como titular do cargo” (RE nº 366.488, rel. Min. Carlos Velloso, 28.10.2005; Ver ainda Cta nº 1.047, Re. Min. Fernando Neves, 11.05.2004). ⦁ Caso Geraldo Alckmin em que sucedeu o governador Mario Covas. No primeiro mandato substitui o governador em viagens e no segundo mandato o sucede em razão da morte de Covas. STF entendeu que ele poderia reeleger-se ao cargo de governador, porque o exercício da titularidade do cargo dá-se mediante eleição ou por sucessão Substituição antes dos 6 meses anteriores ao pleito: “O vice que substitui o titular antes dos seis meses anteriores à eleição pode se candidatar ao cargo de titular e, se eleito, pode disputar a reeleição no pleito futuro” (REspe nº 22.232/SC, Rel. Min. Henrique Neves,16.11.2016). ⦁ Não há que se considerar o primeiro mandato - mesmo precedente do caso GeraldoAlckmin. Sucessão ou substituição nos (dentro dos) 6 meses anteriores ao pleito: “O vice que assume o mandato por sucessão ou substituição do titular dentro dos seis meses anteriores ao pleito pode se candidatar ao cargo titular, mas, se for eleito, não poderá ser candidato à reeleição no período seguinte” (REspe nº 22.232/SC, Rel. Min. Henrique Neves, 16.11.2016). - Se considerará o primeiro mandato. Sucessão no primeiro mandato e nova sucessão no segundo mandato: “Impossibilidade de candidatar-se a prefeito, o vice-prefeito que sucedeu ao chefe do Executivo no exercício do primeiro mandato e também sucedeu ao titular no exercício do segundo mandato consecutivo, em virtude de falecimento. Hipótese que configuraria o exercício do 8 terceiro mandato consecutivo no mesmo cargo, vedado pelo art. 14, § 5º, da CF” (REspe nº 21.809, rel. Min. Francisco Peçanha Martins, 17.08.2004). 3 mandatos consecutivos na Vice Chefia do Executivo: “2. A candidatura somente lhe é vedada para o próprio cargo de vice-prefeito, por caracterizar um terceiro mandato consecutivo [ainda que em chapas distintas], o que é vedado pelo art. 14, § 5º, da Constituição Federal.” (Cta nº 1.047, Re. Min. Fernando Neves, 11.05.2004; Cta nº 46.748, rel. Min. Henrique Neves, 1º.12.2005). Entendimento do Prof.: se titular do mandato eletivo, não se abrange o vice. Cta nº 46.748, rel. Min. Henrique Neves, 1º.12.2005: “O vice-prefeito que renunciou ao cargo na metade do período para exercer mandato de deputado estadual, cumprindo-o integralmente, e que, em pleito posterior ao término do mandato de deputado estadual, foi novamente eleito vice- prefeito pode candidatar-se à reeleição, pois nessa hipótese os mandatos de vice-prefeito não foram exercidos sucessivamente.”. ⦁ Determinado candidato a vice resolve sair e se lançar para deputado, ganha e o cumpre integralmente – rompeu o vínculo. Novamente eleito vice-prefeito pode candidatar-se à reeleição. ⦁ Interinidade e mandato-tampão – encerrar ou completar o mandato do titular REspe nº 12.860, rel. Min. Nelson Jobim, 21.11.2000: “A interinidade não constitui um ‘período de mandato antecedente’ ao período de ‘mandato tampão’. O "período de mandato tampão" não constitui um’ período de mandato subsequente’ ao período de interinidade. O período da interinidade, assim como o "mandato tampão", constituem frações de um só período de mandato.” (Ver ainda Cta nº 1.505, rel. Min. José Delgado). No mesmo sentido: “A eleição suplementar [rectius: renovação da eleição] tem mera aptidão de eleger candidato para ocupar o período remanescente do mandato em curso, até a totalização do quadriênio, não configurando, portanto, novo mandato, mas fração de um mesmo mandato”. (Cta nº 11.726, rel. Min. Luiz Fux). ⦁ Há a complementação de mandato que já existia, não se tem um mandato novo. ⦁ Substituto eventual e reeleição: “Se se conclui que o vice que não substitui o titular nos seis meses antes do pleito poderá candidatar-se ao cargo de prefeito e, se eleito, almejar a reeleição (único substituto legal e potencial sucessor), com maior razão a possibilidade de o presidente da Câmara de Vereadores, substituto meramente eventual e sempre precário em casos de dupla vacância, pleitear a eleição e, se eleito, a reeleição. (...). Seria uma verdadeira contradição jurídica criar para o substituto eventual (presidente de Câmara) uma restrição em sua capacidade eleitoral passiva maior que aquela definida no ordenamento jurídico e na jurisprudência eleitoral para o substituto legal do titular, pois as regras de inelegibilidades, enquanto limitação dos direitos políticos, devem sempre ser interpretadas restritivamente.” (REspe nº 109-75, rel. Min. Luciana Lóssio, redator para o acórdão Min. Gilmar Mendes, 14.12.2016). ⦁ Substituto eventual pode pleitear a eleição e, se eleito, a reeleição. Direito Eleitoral André Luiz Cunha Aula 02 Direitos Políticos II Inelegibilidades Constituem obstáculos ou impedimentos postos pela Constituição da República ou por lei complementar ao exercício da cidadania passiva (capacidade eleitoral passiva), o que significa dizer limitações à capacidade de ser representante dos cidadãos, em razão de certas condições ou certas circunstâncias. ⦁ Atingem a capacidade política passiva Segundo Niess, a palavra inelegibilidade tem no nosso direito um sentido amplíssimo, amplo e estrito. Amplíssimo: abrange falta de condições de elegibilidade, as inelegibilidades propriamente ditas e as incompatibilidades, sendo utilizada nesse sentido pela alínea j, do inciso I, do art. 22, do Código Eleitoral (ação rescisória eleitoral em caso de inelegibilidade), e também, pelo art. 13, da Lei nº 9.504/1997 (substituição de candidato pelo partido, considerado inelegível). Amplo: são integradas pelas inelegibilidades propriamente ditas e ora pelas incompatibilidades, ora ainda pela falta de condições de elegibilidade, conforme o caso, podendo-se recordar o inciso II, do art. 1º, da Lei Comp. n. 64/90 (incompatibilidade para a Presidência) e o recurso contra a expedição de diploma eleitoral previsto no inciso I, do art. 262, do Código Eleitoral (revogado 2013). 9 Sentido estrito: não se confunde com as condições de elegibilidade, nem com as incompatibilidades, caracterizando- se, então, como “embaraço incontornável à elegibilidade” (Niess), lembrando-se do § 7º, do art. 14, da CF (inelegibilidade por parentesco). Fundamento e finalidade - § 9º, do art. 14, CF: princípio da moralidade eleitoral: “Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e a legitimidade das eleições contra influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (Emenda de Revisão n. 4/94). Súmula 13, do TSE, considera que o dispositivo não é autoaplicável. -Mesmo que a CF estabeleça que para que possa ser eleito deve cumprir o mandado da moralidade e probidade, é necessária uma lei complementar para esmiuçar os casos específicos de inelegibilidades. Classificação das inelegibilidades ⦁ Quanto à origem: constitucionais ou infraconstitucionais (legislação complementar, § 9º, art. 14, da CF). Constitucionais não precluem Infraconstitucionais precluem ⦁ Quanto à abrangência: amplas (gerais, totais ou absolutas – todos os cargos em disputa) e restritas (parciais, especiais ou relativas – referem-se a um cargo ou alguns dos cargos, com limitação apenas territorial). ⦁ Quanto à duração: Temporárias (ou transitórias – cuidam de uma situação de tempo ou à permanência de uma situação temporal superável pelo desaparecimento do óbice à inelegibilidade). Ex.: Conscritos, condenação penal, etc. Duradouras (ou permanentes).Ex.: a perda dos direitos políticos. ⦁ Quanto ao conteúdo: próprias (inelegibilidades em sentido estrito)e impróprias (condições de elegibilidade). Inata (ou original): é a comum a todos os nacionais, decorrente da ausência de elegibilidade. Não pressupõe nenhuma conduta da pessoa. Já nasce com o indivíduo. Ex.: analfabeto; não filiado a partido político. Cominada: é a aplicada como sanção, após regular processo judicial, ao nacional para que ele fique impossibilitado de obter a elegibilidade, ou se já a tiver, para que a perca, podendo ser cominada simples (vale para a eleição em que o fato ilícito aconteceu) e cominada futura ou potenciada (vale para as próximas eleições). Quanto à produção: -Endógenas: nasce no e do processo eleitoral. Decorrem do abuso do poder econômico ou político eleitoral, constituindo sanção. ⦁ Exógenas: todas as demais hipóteses, pois nascem fora do processo eleitoral, mas repercutem na capacidade eleitoral passiva do cidadão Quanto ao modo de incidir: ⦁ Diretas (causa o impedimento do próprio envolvido no fato que a desencadeia); ⦁ Indiretas ou reflexas (causa o impedimento de terceiros, como cônjuges e parentes). Incompatibilidades para candidatura: Niess: são situações decorrentes do exercício de certas funções que, permanecendo, poriam em risco o equilíbrio das eleições. São superadas com o afastamento oportuno dos interessados das funções indicadas no texto constitucional ou legal (desincompatibilização), por exemplo o § 6º, do art. 14, da CF. Walter Costa Porto: é o impedimento a que o representante acumule o mandato, com certos encargos que ele detinha antes da eleição ou que ele assuma depois, ou os acumule durante a eleição, privilegiando-se. Não torna a eleição nula, desde que haja desincompatibilização na época certa. Caso contrário, a pessoa é inelegível e pode ter sua candidatura impugnada. É preciso distinguir duas espécies de incompatibilidades: ⦁ Para o exercício do mandato – impede o mandato. É posterior à eleição. Não é da esfera do Direito Eleitoral. É matéria constitucional (art. 54, CF, por exemplo) 10 Incompatibilidade para o exercício do mandato. ⦁ Para concorrer ao mandato – impede a candidatura, mas é relativa, porque pode ser evitada, se houver a desincompatibilização. É esta que estamos tratando na aula. Incompatibilidade para candidatura. Alistamento É o ato pelo qual as pessoas que não tiverem vedação legal, em caráter obrigatório ou facultativo, se inscrevem no corpo eleitoral, adquirindo a condição de eleitor, mediante o recebimento da inscrição e do título eleitoral (Joel Candido). Inabilitação É a inaptidão para o exercício de cargos ou função público, que pode estar inserida no direito eleitoral, ou não, pois a função pública pode originar-se de eleição ou de outra forma de provimento, podendo-se lembrar que a inabilitação, absorvida pela suspensão dos direitos políticos, é resultado da prática de ato de improbidade administrativa, podendo surgir, também, como resultado da prática de crime de responsabilidade, ensejando implicações nos direitos políticos do cidadão. Decorre de sanção. Ficha Limpa Início 2006 – Fundamento art. 14, § 9º, CF. Vedação Súmula 13 TSE (não é autoaplicável). – veda que se aplique por si só o art. 14, § 9º, CF que traz os princípios das inelegibilidades: moralidade administrativa, probidade administrativa e probidade eleitoral. RECURSO ORDINÁRIO N.º 1069 – CLASSE 27ª – RIO DE JANEIRO (Rio de Janeiro). Relator: Ministro Marcelo Ribeiro. Eleições 2006. Registro de candidato. Deputado Federal. Inelegibilidade. Idoneidade moral. Art. 14, § 9º, da Constituição Federal. 1. O art. 14, §9º, da Constituição não é autoaplicável (Súmula n.º 13 do Tribunal Superior Eleitoral). 2. Na ausência de lei complementar estabelecendo os casos em que a vida pregressa do candidato implicará inelegibilidade, não pode o julgador, sem se substituir ao legislador, defini-los. Recurso provido para deferir o registro. Acordam os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por maioria, vencidos os Ministros Carlos Ayres Brito, Cesar Asfor Rocha e José Delgado, em conhecer e prover o recurso. ⦁ TSE entendeu que por conta da redação do art. 14, § 9º, CF. e súmula 13 do TSE não pode aplicar a teoria da ficha limpa se não tiver lei específica, por isso foi feita a Lei da FichaLimpa. Retroação da Lei Ficha Limpa ADC nº 29 e 30; ADIN 4578, em 2012: Lei Ficha Limpa é constitucional e pode alcançar atos e fatos ocorridos antes da sua vigência. ⦁ Depois, STF, chegou a decidir que a Lei Ficha, nas hipóteses de inelegibilidades geradas por abuso de poder, não alcançaria situações anteriores a 2010, contrariando o que ele próprio já decidira no passado (Cf. Rcl 24.224, Ação Cautelar n. 4.079/RJ), pois se entendeu que naquele julgamento de 2012 não fora enfrentada a questão sob todos os seus aspectos. STF, em 04.10.2017,decidiu, por 6 a 5, no RE 929.670, no qual fora reconhecida repercussão geral, gerando o Tema de Repercussão Geral 860, que é possível a aplicação da alínea d), do inciso I, do art. 1º, da Lei de Inelegibilidades, com a redação dada pela Lei Ficha Limpa, aos fatos anteriores à lei, suspendendo-se, no entanto, o julgamento final para análise de proposta de modulação da decisão. Sistema: ⦁ Prazo sempre de 8 anos para as inelegibilidades cominadas (decorrentes de condenações). Lei da Ficha Limpa unificou os prazos para 8 anos. Exceção: i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou representação, enquanto não forem exonerados de qualquer responsabilidade. ⦁ Todas as inelegibilidades dependentes de condenações judiciais incidem com o trânsito em julgado ou com 11 decisões proferidas por órgãos colegiados. *Se satisfaz com a decisão de órgão colegiado. ⦁ Art. 26-C. O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art. 1o poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso. *Quem poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade não será a Justiça Eleitoral, mas na Justiça comum onde aconteceu a condenação (STJ ou STF). § 1o Conferido efeito suspensivo, o julgamento do recurso terá prioridade sobre todos os demais, à exceção dos de mandado de segurança e de habeas corpus. § 2o Mantida a condenação de que derivou a inelegibilidade ou revogada a suspensão liminar mencionada no caput, serão desconstituídos o registro ou o diploma eventualmente concedidos ao recorrente. § 3o A prática de atos manifestamente protelatórios por parte da defesa, ao longo da tramitação do recurso, acarretará a revogação do efeito suspensivo. Súmulas TSE Súmulanº 33 Somente é cabível ação rescisória de decisões do Tribunal Superior Eleitoral que versem sobre a incidência de causa de inelegibilidade. Súmulanº 36 Cabe recurso ordinário de acórdão de Tribunal Regional Eleitoral que decida sobre inelegibilidade, expedição ou anulação de diploma ou perda de mandato eletivo nas eleições federais ou estaduais (art. 121, § 4º, incisos III e IV, da Constituição Federal). Súmula nº 41 Não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões proferidas por outros Órgãos do Judiciário ou dos Tribunais de Contas que configurem causa de inelegibilidade. Súmulanº 44 O disposto no art. 26-C da LC nº 64/90 não afasta o poder geral de cautela conferido ao magistrado pelo Código de Processo Civil. Súmulanº 45 Nos processos de registro de candidatura, o Juiz Eleitoral pode conhecer de ofício da existência de causas de inelegibilidade ou da ausência de condição de elegibilidade, desde que resguardados o contraditório e a ampla defesa. Súmulanº 47 A inelegibilidadesuperveniente que autoriza a interposição de recurso contra expedição de diploma, fundado no art. 262 do Código Eleitoral, é aquela de índole constitucional ou, se infraconstitucional, superveniente ao registro de candidatura, e que surge até a data do pleito. *As inelegibilidades supervenientes infraconstitucionais que não forem alegadas no momento de impugnação ao pedido de registro de candidatura não poderão ser mais alegadas, mas se forem supervenientes ao deferimento do registro, até a data do pleito, poderão ser alegadas. Súmula nº 66 A incidência do § 2º do art. 26-C da LC nº 64/90 não acarreta o imediato indeferimento do registro ou o cancelamento do diploma, sendo necessário o exame da presença de todos os requisitos essenciais à configuração da inelegibilidade, observados os princípios do contraditório e da ampla defesa. *TSE tem entendido que não é um efeito automático tornar o sujeito inelegível, devem ser observados os princípios do contraditório e da ampla defesa. Súmulanº 70 - O encerramento do prazo de inelegibilidade antes do dia da eleição constitui fato superveniente que afasta a inelegibilidade, nos termos do art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/97. *Se o prazo da inelegibilidade encerrar antes da eleição, está afastada a inelegibilidade e poderá ser candidato. Súmulanº 62 Os limites do pedido são demarcados pelos fatos imputados na inicial, dos quais a parte se defende, e não pela capitulação legal atribuída pelo autor. *Princípio do direito processual penal – o sujeito se defende dos fatos e não da capitulação legal. Inelegibilidades Infraconstitucionais ou Legais Absolutas Inalistáveis (art. 14, § 4º, CF, Art. 1º, I, alínea a), da Lei das Inelegibilidades) – se não está alistado no corpo de eleitores é inelegível. 12 Analfabetos (art. 14, § 4º, CF, Art. 1º, I, alínea a), da Lei das Inelegibilidades) Súmula-TSE nº 15 O exercício de mandato eletivo não é circunstância capaz, por si só, de comprovar a condição de alfabetizado do candidato. Súmula-TSE nº 55 A Carteira Nacional de Habilitação gera a presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro de candidatura. A prova de alfabetização pode ser suprida por declaração de próprio punho preenchida pelo interessado, em ambiente individual e reservado, na presença de servidor da Justiça Eleitoral (art. 28, IV, c/c § 3º, Resolução n. 23.548/2018). -Se ainda assim houver dúvida da alfabetização o juiz não está habilitado a realizar provas de alfabetização. Deve nomear um professor de língua portuguesa para estabelecer parâmetros do exame a ser aplicado no indivíduo. Somente o absolutamente analfabeto poderá ser inelegível. Ac.-TSE nos 318/2004, 21707/2004 e 21920/2004, entre outros: nas hipóteses de dúvida fundada, a aferição da alfabetização se fará individualmente, sem constrangimentos; o exame ou teste não pode ser realizado em audiência pública por afrontar a dignidade humana. Ac.-TSE nº 24343/2004: ilegitimidade do teste de alfabetização quando, apesar de não ser coletivo, traz constrangimento ao candidato. ALISTAMENTO ELEITORAL: É o ato de integração do indivíduo, quando preenchidos os requisitos constitucionais, ao corpo de eleitores, viabilizando o exercício efetivo da soberania popular, consagrando a cidadania. Comprova-se pelo título eleitoral ou por certidão da Justiça Eleitoral. O alistamento é obrigatório para os maiores de 18 anos de idade. O alistamento é facultativo para: os analfabetos; maiores de 16 e menores de 18 anos de idade; e, para os maiores de 70 anos de idade. Estão impedidos de se alistar: Estrangeiros – devem se naturalizar. Exceção: portugueses, pela reciprocidade, podem alistar-se eleitores. Conscritos (os que estão prestando o serviço militar obrigatório, sem integrar as forças armadas profissionalmente). Inelegibilidades Infraconstitucionais ⦁ Inelegibilidade decorrente da perda de mandato legislativo(art. 1º, I, alínea “b”, da Lei Comp. n. 64/1990): ⦁ Dura pelo tempo remanescente do mandato e mais oito anos, contados do término da legislatura. ⦁ Aplicável por infração aos artigos 55, incisos I e II, da CF (decoro parlamentar e art. 54, CF), a todos os parlamentares (pelos artigos 27, § 1º, 32, § 3º e 29, inciso IX, CF). ⦁ Originariamente era 3 anos, mas Lei Comp. 81/94 mudou para 8 anos. ⦁ Ac.-TSE nº 20349/2002: aplicabilidade do novo prazo também àqueles cujo mandato foi cassado anteriormente à vigência da LC nº 81/1994. ⦁ Inelegibilidade decorrente da perda de mandato executivo (art. 1º, I, alínea “c”, da Lei Comp. n. 64/1990): ⦁ Aplicável aos Governadores, Prefeitos e vices. ⦁ Dura o período remanescente do mandato e mais 8 anoscontados do término do mandato (Lei Comp. 135/2010); - Art. 28, § 1º, art. 29, inciso XIV, CF, Lei 1079/1950, Lei 7.106/1983, Dec.-Lei 201/67. ⦁ Está fora do elenco a perda do mandato do Presidente (art. 85, da CF), que só sofre, portanto, perda do cargo e inabilitação, por 10 anos (Lei 1079/1950). P.ex.: Fernando Collor – perda do cargo e inabilitação; Dilma Roussef – apenas perda do cargo. ⦁ Inelegibilidade dos que tenham contra si representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão 13 transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, cuja apuração seja abuso do poder econômico ou político (art. 1º, I, alínea “d”, da Lei) (Lei Comp.135/2010). Incide sobre as eleições que sofreram o abuso e sobre as próximas no prazo de 8 anos; Há quem ache que a representação é apenas a da investigação judicial eleitoral, que tenha apurado o abuso, e quando se tratar de ação de impugnação de mandato eletivo ou recurso contra a diplomação, desde que tenham por origem a investigação judicial eleitoral. Outros acreditam que só a da IJE. Outros, qualquer uma, desde que originada em abuso de poder. Jurisprudência: 7. A alínea d do art. 1º, I, da LC nº 64/90 refere-se apenas às "representações" julgadas procedentes pela Justiça Eleitoral, não incluindo, portanto, o recurso contra expedição de diploma. (Ac. de 16.11.2010 no RO nº 60283, rel. Min. Aldir Passarinho Junior.) Ac.-TSE, de 17.12.2014, no REspe nº 15105 e, de 20.11.2012, no AgR-Respe nº 2361: o vocábulo “representação” constante da redação desta alínea corresponde à própria ação de investigação judicial eleitoral, prevista pelo art. 22 desta lei. Ac.-TSE, de 8.2.2011, no AgR-RO nº 371450: não incidência da inelegibilidade desta alínea quando proferida em sede de RCED ou AIME. -A Justiça Eleitoral entende que só irá gerar a inelegibilidade a representação por abuso de poder econômico e político decorrente de uma investigação judicial eleitoral. E pelo sistema da ficha limpa vai incidir a inelegibilidade se for decisão transitada em julgado ou de órgão colegiado. Súmulanº 19 O prazo de inelegibilidade decorrente da condenação por abuso do poder econômico ou político tem início no dia da eleição em que este se verificou e finda no dia de igual número no oitavo ano seguinte (art. 22, XIV, da LC no 64/90). ⦁ Verifica-se a data de calendário da eleição onde o abuso de verificou, daqui 8 anos. Ac.-TSE, de 29.5.2014, na Cta nº 43344: o prazo de inelegibilidade desta alínea inicia-se na data da eleição do ano da condenação e expira no dia de igual número de início do oitavo ano subsequente. Retroação Ac.-TSE, de 30.9.2010, no RO nº 86514: não incidência da lei nova (LC nº 135/2010) sobre os efeitos produzidos pela lei anterior, principalmente quando exauridos ainda na vigência da norma antiga. Ac.-TSE, de 4.9.2012, no REspe nº 18984: incidência da norma prevista nesta alínea ainda que se trate de condenação transitada em julgado referente a eleição anterior à vigência da LC nº 135/2010. – incidência da inelegibilidade. Inelegibilidade dos que foram condenados criminalmente, por sentença transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, pelos crimes (art. 1º, I, alínea “e”, da Lei Comp. 64/1990) (Lei Comp. 135/2010): ⦁ contra a economia popular, a fé pública, a administração pública (TSE já excluía desacato e resistência, agora excluídosporque são infrações de menor potencial ofensivo); ⦁ contra o sistema financeiro, o mercado de capitais e os falimentares (antes só mercado financeiro), bem como os contra o patrimônio privado (criticava-se a ausência de tais delitos); ⦁ contra o meio ambiente e a saúde pública; ⦁ crimes eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade (a segunda parte é Ficha Limpa); ⦁ crimes de abuso de autoridade, quando houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para a função pública (Ficha Limpa); ⦁ lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores (Ficha Limpa); ⦁ tráfico de drogas. ⦁ Racismo, tortura, terrorismo e hediondos (Ficha Limpa); ⦁ Crimes de redução à condição análoga à de escravo (Ficha Limpa); ⦁ Contra a vida (Ficha Limpa); ⦁ Contra a dignidade sexual (Ficha Limpa); ⦁ Praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando (Ficha Limpa). ⦁ Desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 anos após o cumprimento da pena. 14 ⦁ Não se confunde com a suspensão dos direitos políticos por condenação criminal. Com o trânsito em julgado haverá a suspensão dos direitos políticos (não poderá votar e ser votado). Cumprida a pena, voltará a ter capacidade política, mas ainda terá 8 anos de inelegibilidade, se for um crime previsto na lei de inelegibilidade. ⦁ Não se aplica aos crimes culposos (já foi assim por analogia com a suspensão dos direitos políticos por condenação criminal: TSE (RExt. 179.502/SP); TRE/SP (Rep. 9.447, Acórdão 112.985); aos crimes de menor potencial ofensivo (chegou a não se aplicar às contravenções penais por analogia com a suspensão dos direitos políticos por condenação criminal); nem aos de ação penal privada (§ 4º, do art. 1º, da Lei Comp. 64/1990). Para os crimes na lei das inelegibidades, não se aplica a lei da ficha limpa quando forem culposos, de menor potencial ofensivo e de ação penal privada. Ac.-TSE, de 14.2.2013, no AgR-REspe nº 36440: a conversão da pena privativa de liberdade em pena restritiva de direitos não afasta a incidência da causa de inelegibilidade prevista nesta alínea. Ac.-TSE, de 17.12.2012, no AgR-REspe nº 29969: incompetência da Justiça Eleitoral para analisar o acerto ou desacerto da decisão condenatória. *Não cabe à Justiça Eleitoral analisar o acerto ou desacerto da condenação criminal. "Eleições 2012. Registro de candidatura. [...] Inelegibilidade. Art. 1º, I, e, da LC nº 64/90. Condenação criminal transitada em julgado. [...] 1. Para fins de incidência da exceção prevista no § 4º do artigo 1º da LC nº 64/90, acrescido pela LC nº 135/2010, considera-se crime de menor potencial ofensivo aquele cujo quantum máximo da pena privativa de liberdade abstratamente cominada não seja superior a dois anos, sendo indiferente a indicação de multa alternativa nos casos acima desse patamar. Precedente do STJ. [...]" (Ac. de 4.10.2012 no AgR-REspe. nº 10045, rel. Min. Laurita Vaz.) *Pena superior a 2 anos não pode deixar de aplicar a inelegibilidade. [...] Eleições 2014. Deputado federal. Registro de candidatura. Inelegibilidade. Art. 1º, I, e, 9, da LC 64/90. Condenação criminal. Tribunal do júri. Órgão colegiado do poder judiciário. [...]1. A inelegibilidade do art. 1º, I, e, 9, da LC 64/90 incide nas hipóteses de condenação criminal emanada do Tribunal do Júri, o qual constitui órgão colegiado soberano, integrante do Poder Judiciário. Precedentes: [...].” (Ac. de 11.11.2014 no RO nº 263449, rel. Min. João Otávio de Noronha, red. designado Min. Maria Thereza Rocha de Assis Moura;no mesmo sentido oAc. de 21.5.2013 no REspe nº 61103, rel. Min. Marco Aurélio e oAc. de 23.10.2012 no REspe nº 15804, rel. Min. Dias Toffoli.) Pessoa condenada pelo Tribunal do Júri já está inelegível. Súmulas TSE Súmula-TSE nº 9 A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos. Súmula-TSE nº 58 Não compete à Justiça Eleitoral, em processo de registro de candidatura, verificar a prescrição da pretensão punitiva ou executória do candidato e declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum. Quem vai declarar extinta a pena imposta pela justiça comum é a própria justiça comum, em declarando extinta por prescrição terá consequências na suspensão dos direitos políticos e da inelegibilidade. Súmula-TSE nº 59 O reconhecimento da prescrição da pretensão executória pela Justiça Comum não afasta a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90, porquanto não extingue os efeitos secundários da condenação. -A prescrição executória não extingue os efeitos secundários e continua incidindo a inelegibilidade. Nesse sentido, o acórdão: “Eleições 2014. [...]. Registro de candidatura. Alínea e, I, art. 1º, da LC n. 64/90. Condenação transitada em julgado. Prescrição da pretensão executória. Reconhecimento. Justiça Comum. Inelegibilidade. Incidência. Prescrição da pretensão punitiva. Decretação. Justiça Eleitoral. Incompetência. [...] 1. O reconhecimento da prescrição da pretensão executória pela Justiça Comum não afasta a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90, porquanto não extingue os efeitos secundários da condenação, na linha da orientação jurisprudencial desta Corte. 2. A Justiça Eleitoral não detém competência para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva e declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum, notadamente em sede de processo de registro de candidatura. Precedentes. [...]”(Ac. de 22.10.2014 no ED-RO nº 96862, rel. Min. Luciana Lóssio.) Súmula-TSE nº 60 O prazo da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90 deve ser contado a partir da data em que ocorrida a prescrição da pretensão executória e não do momento da sua declaração judicial. ⦁ Conta-se a data da inelegibilidade quando for crime previsto na lei da inelegibilidade porque a prescrição da pretensão executória causa a extinção da pena. 15 Ac.-TSE, de 2.10.2014, no RO 58743: o prazo desta alínea deve ser contado a partir da data em que ocorrida a prescrição da pretensão executória, e não do momento da sua declaração judicial. Súmula-TSE nº 61 O prazo concernente à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90 projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena, seja ela privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa. Ac.-TSE, de 23.4.2015, no PA nº 93631: o prazo de inelegibilidade projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena, seja ela privativa de liberdade, seja restritiva de direito ou multa. Ac.-TSE, de 4.11.2014, no RMS nº 15090: o indulto presidencial não equivale à reabilitação para afastar a inelegibilidade decorrente de condenação criminal, sendo mantidos os efeitos secundários da condenação. Inelegibilidade dos militares declarados indignos do oficialato ou com ele incompatíveis (art. 1º, I, alínea “f”, da Lei). Prazo de 8 anos, contados da decisão irrecorrível (Lei Comp. 135/2010); Indignidade ou incompatibilidade com o oficialato são penas acessórias na legislação militar (CPM, art. 98, II e III) e pressupõem processo próprio, com trânsito em julgado, de competência da Justiça Militar. Inelegibilidade decorrente da rejeição de contas do Administrador Público (art. 1º, I, alínea “g”, da Lei Comp. 64/1990) (Lei Comp. 135/2010): A rejeição deve ser por irregularidade insanável, que configure ato doloso de improbidade administrativa; A decisão deve ser irrecorrível do órgão competente (Executivo = T. Contas + Legislativo – 2/3; Legislativo = T. Contas; TCU – definitiva, quando for municipal e estadual). 8 anos a contar da data da decisão. Contas de Governo: TCU ou TCE + Legislativo (Art. 71, I, CF) – são as contas da administração pública. Contas de gestão: só são analisadas pelo TCU ou TCE (art. 71, II, CF e § 3º) – contas específicas de um contrato administrativo, convênio, parceria, licitação, etc. Contas de verbas federais repassadas aos outros entes, auditadas pelo TCU:só TCU (art. 71, I, § 3º, CF). – não são submetidas ao poder legislativo. Súmula cancelada do TSE: Salvo se a questão houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, em ação que vise desconstituir a decisão administrativa – (Súmula 1, TSE, cancelada, suspendia a inelegibilidade com o mero ajuizamento da ação, mas por nova leitura da Corte, só suspende se houver sido concedida tutela antecipada na ação. Agora com a Lei Ficha Limpa, está claro que deve ter sido suspensa em liminar ou anulada a decisão); “o Tribunal de Contas da União é o órgão competente para julgar contas relativas à aplicação de recursos federais recebidos por prefeituras municipais em razão de convênios” (RO n° 1172/AL, Rel. Min. Francisco Cesar Asfor Rocha, DJ de 13.12.2006). STF, 10.08.2016. por maioria, 6 X 5 (Barroso, Fux, Zavascki, Rosa Weber, Toffoli) , decidiu que as contas do Executivo precisam ser avaliadas pelo Poder Legislativo, não bastando a decisão do Tribunal de Contas. Decisão: Tanto faz se contas de gestão ou contas de governo – todas as contas rejeitadas do administrador público devem ser submetidas à analise do Poder Legislativo. Julgados sobre o tema: RE 848.826 RE 729.744 Recursos Extraordinários (REs) 848826 e 729744, ambos com repercussão geral reconhecida. Por maioria de votos, o Plenário decidiu, no RE 848826, que é exclusivamente da Câmara Municipal a competência 16 para julgar as contas de governo e as contas de gestão dos prefeitos, cabendo ao Tribunal de Contas auxiliar o Poder Legislativo municipal, emitindo parecer prévio e opinativo, que somente poderá ser derrubado por decisão de 2/3 dos vereadores. “[...] Registro de candidatura. [...] Rejeição de contas. Órgão competente. Prefeito. Câmara de vereadores. Exame. Sanabilidade. Competência. Justiça eleitoral. Conforme entendimento do TSE, o julgamento proferido pela Câmara Municipal prevalece, mesmo que novo parecer pela aprovação das contas do prefeito tenha sido emitido pelo Tribunal de Contas do Estado. [...]” (Ac. de 25.11.2008 no REspe nº 32.595, rel. Min. Fernando Gonçalves.) “[...] Inelegibilidade. Rejeição de contas. LC nº 64/90, art. 1º, I, g. Prefeito. Decisão. Câmara municipal. Lei de licitações. Violação. Irregularidade insanável. Liminar. Efeito suspensivo. Ausência. [...] 2. A Justiça Eleitoral é incompetente para examinar a motivação de decisão da Câmara Municipal que rejeita contas. [...]” (Ac. de 19.11.2008 no REspe nº 30.684, rel. Min. Marcelo Ribeiro.) "[...] Eleições 2012. Registro de candidatura. Deferimento [...] Rejeição de contas. TCM. Prefeito. Competência para julgamento. Câmara municipal. Aprovação. Inelegibilidade afastada. [...] 1. A despeito da ressalva final contida na alínea g do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, alterada pela LC nº 64/90, é da competência da Câmara Municipal o julgamento das contas de prefeito que atue na qualidade de gestor ou ordenador de despesas. Precedentes. Ressalva do ponto de vista do relator. 2. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, tendo sido as contas do então prefeito municipal aprovadas pela Câmara de Vereadores, não cabe a incidência da inelegibilidade da alínea g do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, ainda que a Corte de Contas tenha rejeitado as contas de gestão e de ordenação de despesas, deliberando pela imputação de débito, ou emitido parecer pela desaprovação das contas anuais. [...]" (Ac. de 21.2.2013 no AgR-REspe. nº 15085, rel. Min. Dias Toffoli, no mesmo sentido o Ac. de 5.10.2010 no AgR-RO nº 420467, rel. Min. Marcelo Ribeiro.) “Registro. Inelegibilidade. Rejeição de contas. - A jurisprudência desta Corte é uníssona no sentido de que a ausência de decreto legislativo relativo à rejeição de contas de prefeito impede o reconhecimento da incidência do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. [...]” (Ac. de 29.9.2010 no AgR-RO nº 417262, rel. Min. Arnaldo Versiani;no mesmo sentido oAc. de 3.11.2008 no AgR-REspe nº 31.284, rel. Min. Arnaldo Versiani.) Inelegibilidade dos detentores de cargo na Administração Pública que praticaram abuso de poder (art. 1º, I, alínea “h”, da Lei) (Lei n. 135/2010): Cargo na Administração direta e indireta (fundacional); Que beneficiaram a si ou a terceiros; Condenados por abuso do poder, econômico ou político, apurado em processo, com sentença transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado; Para a eleição na qual concorreram ou tenham sido diplomados e para as que se realizarem nos 8 anos seguintes. Abuso em benefício próprio ou de terceiros; ⦁ Se o abuso for durante o pleito eleitoral, configura a alínea “d”; - durante o pleito eleitoral: convenções até eleição e diplomação – hipótese da alínea d – inelegibilidade se tiver sido atacado o abuso em uma investigação judicial eleitoral. ⦁ Se o abuso constituir também improbidade administrativa, incide a LIA com a suspensão dos direitos políticos e a nova alínea “l” se presente o enriquecimento ilícito e a lesão ao patrimônio público; *Aqui, como na alínea “d”, precisa ter finalidade eleitoral ou partidária para incidir, mas a que ocorre fora do micro processo eleitoral; *Se se tratar de contas rejeitadas por vício insanável, aplica-se a alínea “g”, que pode ter ou não finalidade eleitoral ou partidária; Aplica-se, segundo opinião majoritária, nas ações populares, desde que o ato atacado tenha finalidade eleitoral. *O abuso de poder político ou econômico pode gerar improbidade administrativa. Se for decorrente desta só vai incidir se estiver presente enriquecimento ilícito e dano ao erário. 17 *Se o abuso de poder econômico for com finalidade eleitoral, mas dentro do processo eleitoral terá que fazer investigação eleitoral e incidirá a inelegibilidade da alínea d. Propaganda eleitoral antecipada “[...] Artigo 1º, I, h, da LC nº 64/90. Inaplicabilidade às hipóteses de condenação por propaganda eleitoral antecipada (artigo 36, Lei nº 9.504/97). Desprovimento. 1. Não há falar na inelegibilidade do artigo 1º, inc. I, alínea h, da LC nº 64/90 em razão de imposição de multa por propaganda eleitoral antecipada, reconhecida em publicidade institucional (Lei nº 9.504/97, artigo 36 e Constituição Federal, artigo 37, § 1º) [...]" (Ac. de 1º.10.2010 no AgR-RO nº 303704, rel. Min. Hamilton Carvalhido.) Não é qualquer condenação por ação popular que irá incidir a aplicação deste inciso. “[...] Candidatura. Condenação. Ação popular. Ressarcimento. Erário. Vida pregressa. Inelegibilidade. Ausência. Aplicação. Súmula-TSE no 13. Suspensão. Direitos políticos. Efeitos automáticos. Impossibilidade. Ação popular. Ação de improbidade administrativa. Institutos diversos. Não-incidência. Art. 1o, inciso I, alínea h, da LC no 64/90. Necessidade. Finalidade eleitoral. Art. 1o, inciso I, alínea g, da LC no 64/90. Não-caracterização. [...] 2. O objeto da ação popular é a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público, bem como a condenação do responsável pelo ato ao pagamento de perdas e danos (arts. 1o e 11 da Lei no 4.717/65). Dessa maneira, não se inclui, entre as finalidades da ação popular, a cominação de sanção de suspensão de direitos políticos, por ato de improbidade administrativa. Por conseguinte, condenação a ressarcimento do Erário em ação popular não conduz, por si só, à inelegibilidade. 3. A ação popular e a ação por improbidade administrativa são institutos diversos. 4. A sanção de suspensão dos direitos políticos, por meio de ação de improbidade administrativa, não possui natureza penal e depende de aplicação expressa e motivada por parte do juízo competente, estando condicionada a sua efetividade ao trânsito em julgado da sentença condenatória, consoante expressa previsão legal do art. 20 da Lei no 8.429/92. [...]” (Ac. de 22.9.2004 no REspe no 23.347, rel. Min. Caputo Bastos.) Não foi comprovada a finalidade eleitoral nesta hipótese “[...] Prefeito. Improbidade administrativa. Inelegibilidade. Art. 1o, inc. I, alínea h, da Lei Complementar no 64/90. Não- configuração.1.A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que, para configuração da inelegibilidade prevista no art. 1o, inc. I, alínea h, da LC no 64/90, é imprescindível que o ato de improbidade possua fins eleitorais. Precedentes. [...]” NE: Condenação de candidato por improbidade administrativa com base no art. 11 da Lei no 8.429/92. (Ac. de 21.2.2002 no REspe no 19.533, rel. Min. Fernando Neves.) Inelegibilidade dos diretores, administradores ou representantes de estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro objetos de liquidação judicial ou extrajudicial, terminado ou em curso, que exerceram os cargos nos 12 meses anteriores à liquidação, enquanto não forem exonerados de responsabilidade no procedimento de liquidação (art. 1º, I, alínea “i”, da Lei) Pelo simples fato de ter exercido o cargo nos 12 meses anteriores à liquidação, até que no processo de liquidação tenha sido eximido de qualquer responsabilidade, estará inelegível. ⦁ O prazo é até a exoneração de responsabilidade pela quebra; ⦁ Como não requer dolo, nem culpa, mas pune a pessoa por responsabilidade objetiva, pelo simples fato de ocupar o cargo. Há quem o considere inconstitucional, enquanto outros considera válido porquanto teria um caráter acautelatório. Ac.-TSE nº 22739/2004: este dispositivo não é inconstitucional ao condicionar a duração da inelegibilidade à exoneração de responsabilidade, sem fixação de prazo. Não é inconstitucional mesmo que não ponha prazo à inelegibilidade. Inelegibilidade aos condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral (art. 1º, inciso “j”, da Lei Comp. 64/1990), por: 18 ⦁ corrupção eleitoral (art. 299, do Código Eleitoral), ⦁ captação ilícita de sufrágio (art. 41-A, da Lei n. 9504/1997), ⦁ doação, captaçãoou gastos ilícitos de recursos de campanha (art. 30-A, da Lei n. 9.504/1997), por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais, que impliquem cassação do registro ou do diploma (art. 73, caput e seus incisos e o § 10º, da Lei n. 9.504/1997), pelo prazo de 8 anos a contar da eleição. Captação Ilícita do Sufrágio Constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64/90. § 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 2o As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 4o O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial. Corrupção Eleitoral Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita: Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa. Condutas vedadas Condenações quando importarem em cassação do registro da candidatura ou do diploma, tornarão o sujeito inelegível por 8 anos. Art. 73, caput, e § 10, da Lei n. 9.504/1997. Doações Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar condutas em desacordo com as normas da Lei 9.504/1997, relativas à arrecadação e gastos de recursos. Exemplo de captação ilícita de sufrágio: "Eleições 2012. [...] Indeferimento. Registro de candidatura. Vereador. Inelegibilidade. Art. 1º, I, "j", da LC nº 64/90. Condenação. Multa. Captação de sufrágio. Afronta. Inexistência. Irretroatividade legal. [...] 2. Incide a inelegibilidade da alínea j do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, ainda que a condenação por captação de sufrágio tenha sido somente à pena de multa. [...]" (Ac. de 12.3.2013 no ED-AgR-REspe. nº 11540, rel. Min. Dias Toffoli.) “[...]. Eleições 2012. Indeferimento do registro. Inelegibilidade verificada nos termos do art. 1º, I, "j" da LC nº 64/90, com redação dada pela LC nº 135/2010. Inexistência de afronta à irretroatividade das leis. [...] 2. ‘A aplicação da Lei Complementar nº 135/10 com a consideração de fatos anteriores não pode ser capitulada na retroatividade vedada pelo art. 5º, XXXVI, da Constituição" (ADI nº 4578/DF, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe 29.6.2012). [...]"NE: Trecho do voto do Relator: “[...] nos termos da decisão do c. STF, não há direito adquirido ao regime de inelegibilidades, de sorte que os novos prazos, previstos na LC 13512010, aplicam-se mesmo quando os anteriores se encontrem em curso ou já tenham se encerrado" Ac. de 18.12.2012 no ED-REspe.nº 11540, rel. Min. Dias Toffoli.) 19 “Registro. Inelegibilidade. Art. 1º, inciso I, alínea j, da Lei Complementar nº 64/90. Prazo. Contagem. Término. [...] 2. O prazo de oito anos previsto na alínea j do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90, segundo o atual entendimento deste Tribunal, tem como termo final a data de igual número a partir da eleição na qual se deu a condenação. 3. A cessação da inelegibilidade é fato superveniente à data do registro de candidatura, a teor do § 1º do art. 11 da Lei nº 9.504/97 [...]” NE: Trecho da decisão agravada: “O Tribunal a quo entendeu estar configurada a inelegibilidade da alínea j do inciso 1 do art. 1º da LC n° 64190, por ter o recorrente ‘sido condenado nos termos do art. 41-A da Lei n° 9.504197, à cassação de diploma e multa de R$ 20.000,00, por fato praticado nas eleições de 2004, cujo trânsito em julgado se deu em 28.3.2007’" (Ac. de 13.3.2014 no AgR-REspe nº 19557, rel. Min. Henrique Nevese no mesmo sentido oAc de 20.6.2013 no REspe nº 9308, rel. Min. Marco Aurélio.) “[...]. Registro de candidatura. Agravo regimental em recurso ordinário. Deputado estadual. Artigo 1º, I, j, Lei Complementar nº 64/90. Inelegibilidade. Provimento negado. [...] 2. Comprovada, por acórdão transitado em julgado proferido por esta Corte, a prática da violação ao artigo 30-A da Lei nº 9.504/97, há incidência da inelegibilidade prevista no artigo 1º, I, j, da Lei Complementar nº 64/90. [...]” (Ac. de 1º.2.2011 no AgR-RO nº 110215, rel. Min. Hamilton Carvalhido) Inelegibilidade do Presidente da República, do Governador de Estado e do Distrito Federal, do Prefeito, dos membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura. ⦁ Prevista para a hipótese de quando se instaura o processo político administrativo de cassação de um mandatário eleito, para escapar, renunciava. Esta renúncia não lhe favorece pois ficará inelegível por 8 anos da mesma forma. Ac.-TSE, de 20.3.2013, no AgR-REspe nº 46017; e Ac.-TSE, de 1º.9.2010, no RO nº 64580: compete à Justiça Eleitoral tão somente verificar se houve a renúncia nos termos deste dispositivo legal. Ac.-TSE, de 31.8.2010, no RO nº 161660: possibilidade de a Justiça Eleitoral examinar se renúncia de candidato no Senado Federal está sujeitaaos efeitos da inelegibilidade desta alínea, ainda que interfira em decisão daquele órgão determinando o arquivamento da representação. J. Eleitoral poderá não aplicar a inelegibilidade à renuncia efetuada. Ac.-TSE, de 2.10.2014, no RO nº 73294: representação por quebra de decoro parlamentar, apreciada e arquivada, nos mesmos fundamentos de representação anterior, na qual o candidato havia renunciado, afasta a incidência da inelegibilidade. ⦁ Os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 anos após o cumprimento da pena de suspensão dos direitos políticos (art. 1º, inciso “l”, da Lei Comp. 64/1990). -Só vale para os atos de improbidade que importarem em enriquecimento ilícito (art. 9º, da Lei n. 8429/1992) e lesão ao patrimônio público (art. 10, da Lei n. 8429/1992). Período de suspensão dos direitos políticos (8 a 10 anos – art. 9º; 5 a 8 anos – art. 10 = art. 12, incisos I e II). Agora: mais 8 anos de inelegibilidades. *A condenação deve ser cumulativa, por dano ao erário e enriquecimento ilícito. *Apenas a condenação por violação aos princípios da administração não gera inelegibilidade. “Eleições 2014. [...]. Candidato a deputado estadual. Registro de candidatura deferido. Suposta incidência na causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alíneas j e l da LC nº 64/1990. Ausência de requisitos. [...] 1. A causa de inelegibilidade referida no art. 1º, inciso I, alínea l, da LC nº 64/1990 exige a condenação cumulativa por dano ao erário (art. 10) e por enriquecimento ilícito (art. 9º), sendo insuficiente a censura isolada a princípios da administração pública (art. 11). 2. A causa de inelegibilidade referida no art. 1º, inciso I, alínea j, da LC nº 64/1990 decorrente da prática de conduta vedada a agente público exige seja o representado condenado à cassação do registro ou do diploma, não se operando ante a sanção isolada em multa. Precedente. 3. As causas de inelegibilidade devem ser 20 interpretadas restritivamente. Precedente. [...]” (Ac. de 27.11.2014 no AgR-RO nº 292112, rel. Min. Gilmar Mendes.) Ac.-TSE, de 20.9.2012, no REspe nº 27558: “O ato doloso de improbidade administrativa pode implicar o enriquecimento ilícito tanto do próprio agente, mediante proveito pessoal, quanto de terceiros por ele beneficiados.” Ac.-TSE, de 22.10.2014, no RO nº 140804 e, de 11.9.2014, no RO nº 38023: indefere-se o registro de candidatura se, a partir da análise das condenações, for possível constatar que a Justiça Comum reconheceu a presença cumulativa de prejuízo ao Erário e de enriquecimento ilícito decorrente de ato doloso de improbidade administrativa, ainda que não conste expressamente na parte dispositiva da decisão condenatória. Ac.-TSE, de 17.12.2014, no AgR-RO nº 22344: a análise do enriquecimento ilícito pode ser realizada pela Justiça Eleitoral, a partir do exame da fundamentação do decisum, ainda que não tenha constado expressamente do dispositivo. Ac.-TSE, de 1º.10.2014, no RO nº 180908 e, de 6.12.2012, no AgR-REspe nº 6710: as condenações por ato doloso de improbidade administrativa fundadas apenas no art. 11 da Lei nº 8.429/1992 não são aptas à caracterização da causa de inelegibilidade prevista nesta alínea. Súmula-TSE nº 69 Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo final no dia de igual número no oitavo ano seguinte. ⦁ Todos aqueles que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário (art. 1º, inciso “m”, da Lei Comp. 64/1990). *Todos que forem excluídos do exercício de sua profissão, ficarão inelegíveis. “Eleições 2012. Registro de candidatura. Recurso Especial. Alínea m do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90. Incidência. - Eventuais vícios procedimentais que contaminem a decisão que culminou na exclusão do candidato do exercício da profissão não são passíveis de análise pela Justiça Eleitoral no processo de registro de candidatura, sem prejuízo de eles serem alegados em sede própria para que, a partir da obtenção de provimento judicial do órgão competente, a inelegibilidade prevista na alínea m do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90 possa ser afastada [...]” (Ac. de 19.2.2013 no REspe nº 34430, rel. Min. Henrique Neves.) Súmula-TSE nº 41 Não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões proferidas por outros Órgãos do Judiciário ou dos Tribunais de Contas que configurem causa de inelegibilidade. Publicada no DJE de 24, 27 e 28.6.2016. ⦁ Os que foram condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável, para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 anos, após a decisão que reconhecer a fraude (art. 1º, inciso “n”, da Lei Comp. 64/1990). *Inelegibilidade aos que simuladamente extinguiam o vínculo conjugal e de união estável. Ac.-TSE, de 21.8.2014, no REspe nº 39723: a incidência desse dispositivo pressupõe ação judicial que condene a parte por fraude. ⦁ Todos os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário (art. 1º, inciso “o”, da Lei Comp. N. 64/1990). ⦁ só não vai incidir a inelegibilidade se o processo houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário. Ac.-TSE, de 12.9.2014, no RO nº 29340: a inelegibilidade prevista nesta alínea somente é afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou da autoria “Eleições 2014. Registro de candidatura. Indeferimento. Cargo. Deputado federal. [...]. Inelegibilidade. Demissão de serviço público. Art. 1º, I, o, da Lei Complementar nº 64/1990. [...] ⦁ A demissão de servidor de cargo público em decorrência de processo administrativo ou judicial atrai a hipótese de 21 inelegibilidade insculpida no art. 1º, inciso I, alínea o, do Estatuto das Inelegibilidades (LC nº 64/90), salvo se houver decisão judicial determinando a suspensão ou a anulação de tais efeitos. 2. Os vícios formais ou materiais eventualmente existentes no curso do procedimento administrativo disciplinar não são cognoscíveis em sede de registro de candidatura, devendo ser apreciados na seara própria. Precedentes (AgR-REspe nº 27595/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, PSESS de 27.11.2012; e AgR-REspe nº 42558/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, PSESS de 11.10.2012). 3. In casu, a) Trata-se de demissão de servidor de cargo público em decorrência de processo administrativo ou judicial atraindo a hipótese de inelegibilidade insculpida no art. 1º, inciso I, alínea o, do Estatuto das Inelegibilidades (LC nº 64/90). b) A inexistência de decisão judicial determinando a suspensão ou a anulação dos efeitos do ato demissionário inviabiliza a pretensão do Agravante no sentido de afastar a aplicação da hipótese de inelegibilidade encartada na alínea o, do inciso I, do art. 1º, da LC nº 64/90 (incluída pela LC nº 135/2010). c) A demissão da Agravante do serviço público é inequívoca, não havendo, ademais, notícia nos autos de suspensão ou anulação dessa decisão. [...]” (Ac. de 30.9.2014 no AgR-RO nº 39519, rel. Min. Luiz Fux.) . Os vícios formais ou materiais eventualmente existentes no curso do procedimento administrativo não desconstituídos pela justiça eleitoral. “Eleições 2012. Registro de candidatura. Recurso Especial. Demissão do serviço público. Inelegibilidade. Alínea o do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90. Incidência. 1.
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