Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital Autor: Wagner Damazio Aula 07 3 de Maio de 2020 99441502669 - Jose Quiterio Alves Sumário Introdução ......................................................................................................................................... 5 Considerações Iniciais ......................................................................................................................... 6 1. Disposições Preliminares.................................................................................................................. 8 2. Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição .................................................... 14 2.1 Do Provimento ........................................................................................................................................ 14 2.1.1 Da nomeação ......................................................................................................................................................... 16 2.1.2 Da Promoção ......................................................................................................................................................... 19 2.1.3 Da Readaptação ..................................................................................................................................................... 19 2.1.4 Da Reversão ........................................................................................................................................................... 20 2.1.5 Da Reintegração..................................................................................................................................................... 21 2.1.6 Da Recondução ...................................................................................................................................................... 23 2.1.7 Da Disponibilidade e do Aproveitamento ............................................................................................................. 24 Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 2 242 2.1.8 Da Posse e do Exercício ......................................................................................................................................... 24 2.1.9 Estágio Probatório ................................................................................................................................................. 29 2.1.10 Estabilidade ......................................................................................................................................................... 31 2.2 Da Vacância ............................................................................................................................................ 33 2.2.1 Exoneração ............................................................................................................................................................ 34 2.2.2 Demissão ............................................................................................................................................................... 34 2.2.3 Posse em outro cargo inacumulável ...................................................................................................................... 35 2.3 Da Remoção e da Redistribuição ........................................................................................................... 35 2.4 Da Substituição....................................................................................................................................... 37 3. Dos Direitos e Vantagens ............................................................................................................... 38 3.1 Dos Vencimentos e da Remuneração ..................................................................................................... 38 3.2 Das Vantagens ....................................................................................................................................... 41 3.3 Das Indenizações .................................................................................................................................... 43 3.4 Das Gratificações e Adicionais ............................................................................................................... 47 3.4.1 Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e Assessoramento .................................................. 47 3.4.2 Da Gratificação Natalina ........................................................................................................................................ 48 3.4.3 Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Atividades Penosas ............................................................. 48 3.4.4 Do Adicional por Serviço Extraordinário ................................................................................................................ 50 3.4.5 Do Adicional Noturno ............................................................................................................................................ 50 3.4.6 Do Adicional de Férias ........................................................................................................................................... 50 3.4.7 Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso .............................................................................................. 50 3.5 Das Férias ............................................................................................................................................... 52 3.6 Das Licenças ........................................................................................................................................... 54 3.6.1 Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família ..................................................................................... 55 Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 3 242 3.6.2 Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge ............................................................................................. 56 3.6.3 Da Licença para o Serviço Militar .......................................................................................................................... 57 3.6.4 Da Licença para Atividade Política ......................................................................................................................... 57 3.6.5 Da Licença para Capacitação ................................................................................................................................. 57 3.6.6 Da Licença para Tratar de Interesses Particulares ................................................................................................. 57 3.6.7 Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista ......................................................................................... 58 3.7 Dos Afastamentos .................................................................................................................................. 58 3.7.1 Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade ...................................................................................... 59 3.7.2 Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo ............................................................................................. 60 3.7.3 Do Afastamento para Missão ou Estudo no Exterior ............................................................................................ 61 3.7.4 Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-Graduação StrictoSensu no País ................................. 62 3.8 Das Concessões ...................................................................................................................................... 63 3.9 Do Tempo de Serviço .............................................................................................................................. 65 3.10 Do Direito de Petição ............................................................................................................................ 68 4. Da Seguridade Social do Servidor .................................................................................................... 71 4.1 Benefícios compreendidos do Plano de Seguridade Social do servidor ................................................. 73 4.2 Da aposentadoria ................................................................................................................................... 74 4.3 Do Auxílio-Natalidade ............................................................................................................................ 79 4.4 Do Salário-Família .................................................................................................................................. 79 4.5 Da Licença para Tratamento de Saúde .................................................................................................. 80 4.6 Da Licença à Gestante, adotante e da Licença Paternidade .................................................................. 82 4.7 Da Licença por Acidente em Serviço ....................................................................................................... 84 4.8 Da Pensão ............................................................................................................................................... 85 4.9 Do Auxílio-Funeral .................................................................................................................................. 90 Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 4 242 4.10 Do Auxílio-Reclusão .............................................................................................................................. 90 4.11 Da Assistência à Saúde ......................................................................................................................... 91 5. Questões de Concursos Anteriores ................................................................................................. 96 5.1. Lista de Questões sem Comentários ..................................................................................................... 96 5.2 – Gabarito ............................................................................................................................................ 121 5.3 – Questões Resolvidas e Comentadas .................................................................................................. 122 6. Resumo ...................................................................................................................................... 193 7. Considerações Finais ................................................................................................................... 228 Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 5 242 INTRODUÇÃO Caríssimo(a)! Vamos dar continuidade, aqui no Estratégia Concursos, ao Curso de Direito Administrativo com teoria e exercícios resolvidos e comentados para o concurso de ingresso à carreira de Delegado de Polícia Civil do Paraná. Hoje, nós estudaremos a Lei nº 8.112, de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Há bastante jurisprudência no STF e no STJ acerca deste tema já que tão relacionado aos agentes públicos, em especial aos servidores estatutários e comissionados. É um tema que as bancas inevitavelmente exploram, porque faz parte do dia a dia do serviço público. Havendo dificuldade na compreensão da teoria ou na resolução dos exercícios expostos nesta aula ou em qualquer outra, não deixe de entrar em contato comigo pelo fórum de dúvidas! Repito que estou sempre atento ao fórum de dúvidas para, de forma célere, buscar uma maneira de reescrever o conteúdo ou aclarar a explicação anteriormente oferecida para que você alcance a sua meta de aprendizagem. Frise-se que o nosso objetivo precípuo é a sua aprovação e para isso me dedicarei ao máximo para atendê-lo e auxiliá-lo nessa caminhada. Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de concursos específicos que o ajudará em sua preparação! Que Deus o ilumine nos estudos! Sem mais delongas, vamos ao trabalho! Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 6 242 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Iniciando o nosso estudo, introduzo a nossa aula com as seguintes provocações: PROVOCAÇÕES INTRODUTÓRIAS PARA A AULA DE HOJE: 1) Quem está submetido aos ditames Lei nº 8.112, de 1990? 2) As modificações no regime jurídico podem ser questionadas, em sede de direito adquirido? 3) Quais os requisitos para investidura em cargo público? 4) O que são cargos públicos? 5) O que são cargos efetivos e cargos em comissão? 6) Quais as formas de provimentos de cargos públicos? 7) Quais as modalidades de provimento? 8) Defina nomeação e posse. 9) Quais os prazos para posse e exercício? 10) O que é Readaptação? 11) O que é Reversão? 12) O que é Reintegração? 13) O que é Recondução? 14) Quais os prazos para aquisição de estabilidade e estágio probatório? 15) O que significam a disponibilidade e o aproveitamento? 16) Quais são as hipóteses de perda de cargo para servidores estáveis? 17) Quais são as hipóteses de vacância? Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 7 242 18) Quais hipóteses de vacância acarretam simultâneo provimento em outro cargo? 19) Em quais situações o servidor pode pedir remoção? 20) Quais vantagens estão excluídas do teto remuneratório? 21) Quais são as vantagens a que o servidor tem direito? 22) O que é a ajuda de custo e quais as regras para sua concessão? 23) O que é a diária e quais as regras para sua concessão? 24) Quais situações ensejam o pagamento do auxílio moradia? 25) Quais são as gratificações e os adicionais? 26) Quais as regras para a licença por motivo de doença em pessoa da família? 27) Quais as regras para a licença para tratar de interesses particulares? 28) Quais são os tipos de afastamento? 29) Quais as diferenças entre o requerimento e o pedido de reconsideração? 30) O servidor que ocupa cargo em comissão terá direito ao benefício do plano de seguridade social? 31) Quais as finalidades do Plano de Seguridade Social? 32) Quais as regras para aposentadoria voluntária? 33) Quem são os beneficiários da pensão? Se você não tem certeza de uma ou mais respostas a esses questionamentos, vamos juntos obtê- las na aula cuja teoria agora se inicia!!! Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 8 242 1. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES A Lei nº 8.112, de 1990, que dispõe acerca do Regime Jurídico dos servidores púbicos da União, de suas Autarquias e Fundações, instituiu o regime jurídico único previsto no caput do art. 39 da Carta Magna de 1988, vejamos: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4) Assim, com a edição dessa lei, ela passou a ser o Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais. Isso porque os servidores que possuem seu vínculo com a União regrado por tal diploma legal são chamados de servidores públicos estatutários. Frise-se que tal vínculo não é disciplinado em um contrato de trabalho, como o dos funcionários celetistas e, dessa forma, não pode ser modificado, a não ser de forma unilateral pela União, mediante alterações na lei. Porém, é de suma importância ainda você saber que tais modificações poderão ampliar ou reduzir as obrigações e os diversos benefícios estabelecidos, pois não há direito adquirido a um regime jurídico. Observe que o artigo 39 da CF/88 trouxe uma controvérsia sobre a sua aplicação. Explico: Duas principais correntes de interpretação surgiram: 1º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir para sua Administração Direta, bem como para suas autarquias e fundações, o Regime Estatutário para todos os servidores; 2º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam escolher entre o Regime Estatutário e o Regime Celetista aquele que exclusivamente ia ser adotado para toda sua Administração Direta, autarquias e fundações. Nessa senda, a doutrina noticia entes da Federação que adotam o regime jurídico estatutário para todos os servidores, enquanto outros adotaram exclusivamente o celetista. Veja o que escreve sobre o tema o professor José dos Santos Carvalho Filho1: 1 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 649. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 9 242 Muita polêmica se originou desse mandamento, porquanto, não tendo sido suficientemente claro, permitiu o entendimento, para uns, de que o único regime deveria ser o estatutário, e para outros de que a pessoa federativa poderia eleger o regime adequado, desde que fosse o único. Na verdade, nunca foi dirimida a dúvida. O certo é que havia entidades políticas em que se adotou o regime estatutário, ao lado de outras (sobretudo Municípios), nas quais adotado foi o regime trabalhista. Ademais disso, por meio da Emenda Constitucional nº 19, de 1998, o aludido artigo foi alterado e passou a ter a seguinte redação: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. Com essa nova redação, houve e ainda há inúmeros debates acerca de sua correta interpretação. Uma das possibilidades interpretativas aponta para que o Poder Constituinte derivado buscou interromper a obrigação de um regime jurídico único, autorizando que os entes da Federação adotassem o regime que melhor lhe aprouvesse. Além disso, foi impetrada a ADI 2.135 no STF por alguns partidos políticos sob a alegação de que o processo legislativo da aludida emenda constitucional não seguira o rito previsto no §2º do art. 60 da CRFB. § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Fato é que, em 02 de agosto de 2007, o STF, em medida cautelar, deferiu parcialmente o pedido, suspendendo a eficácia da nova redação do “caput” do art. 39 da CRFB, com efeitos ex nunc. Ou seja, manteve-se a validade dos atos praticados com base nas legislações editadas durante a vigência do aludido dispositivo até o eventual julgamento definitivo da ADI (que até hoje não ocorreu). Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 10 242 Portanto, até que se ultime a decisão no mérito pelo STF na ADI 2.135, continua produzindo efeitos a redação originária do “caput” do art. 39 da Constituição. Importante ressaltar que no julgamento da Cautelar da aludida ADI, inclusive na ementa, consta que se mantém vigente a redação originária do art. 39 da CRFB que trata do regime jurídico único “incompatível com a figura do emprego público”. Ademais, no julgamento da ADI 2.310, o STF também se inclinou à posição de que a redação originária do “caput” do art. 39 da CRFB e que voltou a produzir efeitos, após a medida cautelar na ADI 2.135, obriga o regime jurídico único estatutário para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas autarquias e fundações. Isto é, para as pessoas jurídicas de direito público, o posicionamento indicado é no sentido de que se aplica o regime estatutário. A professora Maria Sylvia, inclusive, assim discorre sobre este tópico: Embora tenhamos entendido, em edições anteriores, que esse regime pode ser o estatutário ou celetista, reformulamos agora tal entendimento, para defender a tese de que o regime estatutário é o que deve ser adotado, tendo em vista que as carreiras típicas de Estado não podem submeter-se a regime celetista, conforme entendeu o Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADI 2.310 (pertinente ao pessoal das agências reguladoras). Ainda que para atividades-meio o regime celetista fosse aceitável, o vínculo de natureza estatutária se impõe em decorrência da exigência de que o regime jurídico seja único. Mas, como não houve análise do mérito na integralidade da ADI 2.135, nada se definiu quanto àqueles entes que eventualmente adotaram a CLT. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 11 242 De todo modo, em regra, nós temos as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito público (Administração direta, autarquias e fundações) adotando o regime estatutário e as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito privado adotando o regime celetista. Após esse introito, já possuímos condições de inserir uma esquematização sobre importantes aspectos iniciais da Lei: Prosseguindo, a Lei define servidor como toda pessoa legalmente investida em cargo público, o que se dará com a posse. Delinearemos mais à frente os conceitos de posse e exercício. Mas, para ser investido em um cargo público, o Estatuto elenca alguns requisitos básicos e é de suma importância que você os saiba. Vamos memorizá-los por meio de uma esquematização: Lei 8.112/90 é norma de caráter Federal aplica-se a servidores públicos estatutários (efetivos ou comissionados) da administração direta, autárquica e fundacional não se aplica a empregados públicos (CLT) não é aplicável às empresas públicas e sociedades de economia mista Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 12 242 Tal comando, esquematizado acima, deriva de norma Constitucional de eficácia contida (para o caso dos brasileiros) mas também limitada (para o caso dos estrangeiros). Vamos entender observando o inciso I do artigo 37 (CF/88): I - os cargos,empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei”. Dessa forma, a Carta Magna trouxe a exigência de determinados requisitos para acesso aos cargos públicos, explicitados na esfera Federal pela Lei 8.112/90, conforme vimos. Para os brasileiros, a lei deveria estabelecer os requisitos (eficácia contida), podendo eles acessarem os cargos públicos, mas, com a edição da lei, terem esse acesso restringido. Para os estrangeiros, a sua implementação dependeria da edição de uma lei (eficácia limitada) e, dessa forma, para acesso aos cargos, far-se-ia necessário estabelecer essas regras. Ressalto que o rol de requisitos para a investidura pode ser ampliado, ou seja, não é uma relação taxativa. Isso porque o parágrafo 1º do artigo 5º do Estatuto afirma que outros requisitos podem ser estabelecidos em lei, a depender das atribuições do cargo. Entretanto, qual o conceito de cargo público? Podemos entendê-lo como o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. São criados por lei, acessíveis a todos os brasileiros e possuem denominação própria, além de vencimentos pagos pelos cofres públicos. Temos diversos exemplos, como Auditor da Receita Federal, Analista da Receita Federal, Analista do Banco Central do Brasil, etc. Requisitos para a investidura em cargo público nacionalidade brasileira gozo dos direitos políticos quitação com as obrigações militares e eleitorais nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo idade mínima de dezoito anos aptidão física e mental Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 13 242 Interessante notar que, no parágrafo único do art. 3º, a Lei destaca que os vencimentos serão pagos pelos cofres públicos e, logo adiante no artigo 4º salienta que é proibida a prestação de serviços gratuitos, com as ressalvas previstas em lei. Os cargos públicos podem ser providos em caráter efetivo ou em comissão. Os de caráter efetivo são aqueles que requerem prévia aprovação em concurso público compatível com a natureza e complexidade do cargo a ser provido. Já os cargos em comissão são aqueles de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente, independente de motivação, e são destinados às atribuições de chefia, direção e assessoramento. Perceba que, da mesma forma que pode ser provido pela autoridade, também pode ser desprovido, revelando o caráter precário do vínculo. Saliento que há um comando constitucional trazido à baila pelo Estatuto, qual seja, reserva de percentual de cargos para pessoas portadoras de deficiência: a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão (CF/88, artigo 37, VIII) Destarte, seguindo o comando constitucional, o Estatuto prega em seu §2º que às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas, serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 14 242 2. DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO 2.1 DO PROVIMENTO De acordo com a Doutrina de Hely Lopes Meirelles (2008), o provimento é “o ato administrativo por meio do qual o cargo público é preenchido, com a designação do seu titular”. Voltando aos comandos da Lei 8.112/90, em seu artigo 6º, o provimento é feito mediante ato da autoridade competente de cada poder. Repare que se estamos tratando de um cargo a ser provido dentro da estrutura do Poder Executivo, o seu provimento será competência exclusiva do Chefe desse Poder. Existem sete formas de provimento do cargo público. Inicialmente, no texto original da lei, ainda havia mais duas formas, a ascensão e a transferência, ambas revogadas pela lei 9.527/97. Apenas a título de curiosidade, nada mais eram do que formas de provimento vertical, nas quais o servidor poderia passar a integrar carreira distinta daquela que ocupava anteriormente. Contudo, o STF, por meio da Súmula Vinculante nº 43, considerou que ambas violavam o instituto do concurso público previsto na Carta Magna de 88. Dessa forma, hoje em dia apenas a promoção é considerada uma forma de provimento vertical, pois significa uma evolução que ocorre dentro da mesma carreira. Prosseguindo, vamos ver as formas de provimento válidas atualmente: Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 15 242 Antes de adentrarmos nos conceitos de cada forma de provimento, introduzo as modalidades de provimento, que classificam como as formas de provimento estão segmentadas: a) Originário: nesse caso, conforme sugestivamente o nome nos leva a pensar, o indivíduo não possuía qualquer vínculo anterior com a carreira para a qual foi nomeado. Podemos exemplificar, para seu melhor entendimento: Paulo era servidor do Banco Central do Brasil e foi aprovado para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal. Ao ser nomeado na Receita, estaremos diante de um exemplo de provimento originário. Quando Paulo foi nomeado para o BACEN, também tivemos um exemplo de provimento originário. b) Derivado: aqui, o indivíduo passa a ocupar um cargo público, mas em virtude de algum vínculo anterior com a administração. Assim, o provimento do cargo não se dá em virtude da aprovação no concurso (cargos efetivos) ou livre escolha de uma autoridade (cargos em comissão), mas sim do vínculo existente anteriormente. A doutrina de Celso Antônio Bandeira de Melo agrupa os provimentos derivados em três categorias: - Vertical: a exemplo da promoção, que ocorre quando o servidor passa a ocupar um cargo melhor do que o atual; Formas de Provimento de cargos públicos nomeação promoção readaptação reversão aproveitamento reintegração recondução Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 16 242 - Horizontal: no qual ocorre uma migração entre cargos que possuem atribuições, responsabilidades e remuneração semelhantes. Exemplo: readaptação. - Reingresso: o servidor estava desligado do serviço e retorna ao vínculo anterior. Exemplos: reversão, reintegração, recondução e aproveitamento. 2.1.1 Da nomeação Como visualizado anteriormente, é a única forma de provimento originário compatível com a Constituição e pode se dar por meio do provimento em caráter efetivo ou em comissão. No primeiro caso, é relacionado aos cargos de carreira ou aos cargos isolados de provimento efetivo. Para ser nomeado em caráter efetivo, o servidor deve ter sido aprovado em concurso público de provas ou provas e títulos, obedecida a ordem de classificação e o prazo de validade do concurso. Já no caso dos cargos em comissão, a nomeação é realizada para cargos de confiança, a critério da autoridade competente, o que revela, como mencionado anteriormente, o caráter precário estabelecido por esse vínculo. Destaco que o parágrafo único do artigo 9º autoriza ao servidor que já ocupa um cargo em comissão o exercício de um cargo de confiança de forma interina, situação na qual deverá optar por uma das remunerações durante a interinidade. Em relação aos concursos públicos, o Estatuto dispõe que serão de provas ou de provas e títulos, podendo ocorrerem duas etapas, e terão validade de até dois anos, prorrogáveis uma única vez por igual período. Todas as condições de realização dos concursos devem estar contidas em edital, publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. Modalidades de Provimento Originário Nomeação Derivado Vertical: Promoção Horizonal: Readaptação Reingresso: Reversão, Reintegração, Recondução e Aproveitamento Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 17 242 Salienta-se que, a despeito do §2º do artigo 12 afirmar que não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado, a CF/88 trouxe uma regra menos rígida, ao estabelecer que: durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira. Assim, a CF/88 não vetou a abertura de concurso público enquanto outro certame para o mesmo cargo estiver em andamento, apenas vetou a possibilidade de ocorrerem convocações dos novos aprovados em detrimento dos aprovados aguardando nomeação. Tudo isso, claro, se o concurso em aberto ainda não tiver seu prazo de validade expirado. Um tema bastante relevante situa-se sobre a seguinte seara: o candidato aprovado dentro do número de vagas tem obrigação de ser nomeado pela administração? O STF entende que sim! O tema foi levado à apreciação da corte por meio do RE 598.099, donde adveio o entendimento do ministro relator de que a administração poderá escolher, dentro do prazo de validade do concurso, o momento no qual se realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, “a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público”. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. CONCURSO PÚBLICO. PREVISÃO DE VAGAS EM EDITAL. DIREITO À NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS. I. DIREITO À NOMEAÇÃO. CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. Dentro do prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento no qual se realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público. Uma vez publicado o edital do concurso com número específico de vagas, o ato da Administração que declara os candidatos aprovados no certame cria um dever de nomeação para a própria Administração e, portanto, um direito à nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas. O entendimento do STF em relação à discricionariedade da administração em realizar as nomeações se dá no sentido de que esta limita-se a quando fará a nomeação, dentro do prazo de validade do certame, e não “se” o fará. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 18 242 O direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, na hipótese em que surgirem novas vagas no prazo de validade do concurso, conforme veremos no excerto abaixo: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. NOMEAÇÃO DE APROVADOS EM CONCURSO PÚBLICO. EXISTÊNCIA DE VAGAS PARA CARGO PÚBLICO COM LISTA DE APROVADOS EM CONCURSO VIGENTE: DIREITO ADQUIRIDO E EXPECTATIVA DE DIREITO. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. RECUSA DA ADMINISTRAÇÃO EM PROVER CARGOS VAGOS: NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO. ARTIGOS 37, INCISOS II E IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Os candidatos aprovados em concurso público têm direito subjetivo à nomeação para a posse que vier a ser dada nos cargos vagos existentes ou nos que vierem a vagar no prazo de validade do concurso. 2. A recusa da Administração Pública em prover cargos vagos quando existentes candidatos aprovados em concurso público deve ser motivada, e esta motivação é suscetível de apreciação pelo Poder Judiciário. 3. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento” (RE 227.480/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia - grifos meus). Vamos ver mais algumas jurisprudências sobre concursos públicos: Súmula Vinculante 44: "Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público." Súmula 683 do STF: "O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido." #ficadica Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 19 242 Os cargos efetivos são aqueles que exigem prévia habilitação em concurso de provas ou de provas e títulos. Já os cargos em comissão, são de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente, revelando a precariedade desse vínculo; 2.1.2 Da Promoção Os servidores que ocupem cargos organizados em carreira poderão ser providos em cargos superiores, dentro do escalonamento próprio da carreira a que está afeto. Esse é o instituto da promoção: o servidor é nomeado para o cargo inicial da carreira e prossegue galgando cargos mais elevados por meio das promoções, alterando assim suas responsabilidades, mas também a sua remuneração. 2.1.3 Da Readaptação O Estatuto cita a forma de provimento Readaptação como “a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica”. Assim, determinado servidor sofre um acidente que o impossibilita de exercer suas funções no cargo em que se encontra. Caso haja na estrutura da administração algum cargo com atribuições afins, o servidor será readaptado para esse cargo. Observe que a readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. A readaptação é uma alternativa à aposentadoria por incapacidade. Porém, se o indivíduo for julgado incapaz para o serviço público, será aposentado (§1º art. 24). Frise-se que a Emenda Constitucional nº 103/19 inseriu o § 13 no art. 37 da CRFB para fazer constar a readaptação também no texto constitucional. Vale ressaltar ainda que o STJ possui entendimento no sentido de que a readaptação só pode se dar para servidores efetivos. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 20 242 A readaptação é instituto que se destina apenas aos servidores efetivos, não se estendendo aos ocupantes de cargo comissionado que não possuam vínculo efetivo com a Administração Pública Federal. (...) AgRg no REsp 749.852/DF. 2.1.4 Da Reversão Grosso modo, a reversão nada mais é do que o retorno do servidor aposentado à atividade. A doutrina de Direito Administrativo reconhece duas modalidades de reversão: • De Ofício: nos termos do artigo 25, I, para os casos de aposentadoria por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria. A título de exemplo, se um servidor fosse diagnosticado com uma doença que o deixasse inválido e, posteriormente, junta médica oficial percebesse erro no diagnóstico. Note que o ato de concessão da aposentadoria por invalidez seria considerado nulo, de formaa não restar outra alternativa à administração, senão a reversão de ofício. Frise-se que isso ocorre independente de ser o servidor estável ou não ao se aposentar por invalidez. O servidor retorna ao serviço no cargo anterior, exceto se o mesmo encontrar-se provido, fato que o levará a exercer suas atribuições na condição de excedente, até a ocorrência de vaga. Em havendo o retorno às suas funções, o tempo a ser trabalhado contará para a concessão da nova aposentadoria a que fizer jus posteriormente. • A Pedido: nesse caso, o próprio servidor solicita a reversão. Para isso, é necessário que ele seja estável e que a aposentadoria tenha sido voluntária. Observe que a concessão da reversão por parte da administração é um ato discricionário, dependendo ainda da existência de cargo vago e de não ter transcorrido mais de cinco anos desde a aposentadoria. Em relação à remuneração do servidor, ele perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria. A única observação aqui é que, caso ele não permaneça pelo menos cinco anos no cargo, não terá seus proventos calculados com base nas regras atuais. Finalizando, o aposentado que já tiver completado setenta anos de idade não poderá reverter. Como vimos muitos conceitos acima, vamos esquematizar para facilitar a sua memorização e assimilação: Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 21 242 2.1.5 Da Reintegração Ao tratarmos do instituto da reintegração, primeiramente devemos ter em mente que é relacionada à uma demissão do servidor. Nesse caso, o servidor estável teve sua demissão invalidada por sentença judicial ou administrativa, o que o obriga a retornar ao cargo anteriormente ocupado, ou ao resultante de sua transformação. Todas as vantagens a que o servidor teria direito a partir da data do afastamento do cargo devem ser ressarcidas (inclusive promoções). Reversão de Oficio Junta médica declara insubsistentes os motivos da aposentadoria por invalidez Retorna ao cargo anterior. Caso já provido, trabalhará como excedente Tempo a ser trabalhado conta para a aposentadoria Independe se era estável ou não Reversão a Pedido Somente se estável, aposentado de forma voluntária e tenha menos de 70 anos de idade Depende da existência de cargo vago e decurso temporal menor que 5 anos do pedido de aposentadoria Remuneração do cargo que voltar a exercer substituirá os proventos que recebia Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 22 242 Vejamos como a lei 8.112/90 trata esse tema: Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. § 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. § 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. Para o caso do servidor ser reintegrado e o seu cargo extinto, ele ficará em disponibilidade. Se o cargo anterior encontrar-se provido temos: A reintegração do servidor estável encontra respaldo constitucional, conforme o parágrafo 2º do artigo 41: § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço Reintegração com cargo ocupado Servidor estável reconduzido ao cargo de origem aproveitado em outro cargo posto em disponibilidade, até ser aproveitado Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 23 242 Caso haja a anulação de uma demissão de servidor não estável, ele pode retornar ao cargo de origem, pois a decisão terá efeitos ex-tunc. Assim, na prática terá ocorrido uma reintegração, mas juridicamente falando, esse retorno não pode ser confundido com a reintegração. Assim, cuidado com as afirmações de que o servidor não estável não pode retornar ao cargo de origem, pois o pode nos casos de invalidação de sua demissão. 2.1.6 Da Recondução A recondução, de acordo com o artigo 29 do Estatuto, é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e poderá decorrer em virtude de inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo ou pela reintegração do anterior ocupante do cargo. Ressalto que a recondução só é aplicada ao servidor estável. Vamos analisar com a devida cautela as duas hipóteses elencadas pelo diploma legal: a) inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo: Nessa situação, o servidor estável foi aprovado para outro cargo, tomou posse e encontrava-se em estágio probatório, porém, foi reprovado no mesmo. Ainda lecionaremos sobre o estágio probatório mais à frente, destarte, adianto que tal instituto determina se o servidor é ou não capaz de exercer as atribuições daquele cargo específico. Sendo o servidor estável, o que significa estabilidade no serviço público e não no cargo do estágio probatório, ele simplesmente é reconduzido ao cargo de origem nos casos de reprovação. Existe jurisprudência firmada no sentido de que o servidor estável pode pedir a recondução, independente da reprovação no estágio probatório relativo ao novo cargo, mas somente enquanto no estágio, sendo reconhecida como recondução a pedido.2 b) reintegração do anterior ocupante do cargo: caso ocorra a reintegração de um servidor ao cargo que outro passou a ocupar, este, caso estável, será reconduzido ao cargo de origem (sem direito a indenização), posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço, ou aproveitado em outro cargo. Se não for estável, será simplesmente exonerado, como vimos no nosso esquema. 2 MS 24.543/DF Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 24 242 Para os casos de reintegração do anterior ocupante do cargo, o servidor que o ocupava poderá ser posto em disponibilidade. Observe que a remuneração será proporcional ao tempo de serviço e não ao tempo de contribuição! 2.1.7 Da Disponibilidade e do Aproveitamento No decorrer da nossa aula, citamos por diversas vezes a palavra disponibilidade. É de suma importância você saber que se trata de um instituto que permite ao servidor estável, que teve seu cargo extinto ou declarado desnecessário, permanecer sem trabalhar, temporariamente, percebendo a remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. Mas o que podemos entender por aproveitamento? No comando do artigo 30 do Estatuto, ele é definido como o “retorno à atividade de servidor em disponibilidade (...) em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado”. Pode ocorrer de o órgão no qual determinado servidor trabalhava ser extinto, declarada a sua desnecessidade ou então reorganizado, bem como extinto somente o cargo que ele ocupava. Nesses casos, o servidor será colocado em disponibilidade, podendo ser mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal- SIPEC Para concluirmos o assunto em lide, a disponibilidade poderá ser cassada, bem como tornado sem efeito o aproveitamento do servidor, caso não entre em exercício no prazo legal. Esse prazo não é estabelecido pelo Estatuto para os casos de aproveitamento. A única hipótese em que não ocorre a cassação em caso de não cumprimento do prazo legal se dá por doença comprovada por junta médica oficial. 2.1.8 Da Posse e do Exercício A posse é o ato que investe o servidor no cargo público e só ocorre nos casos de provimento originário (nomeação), pois no provimento derivado o ato que o formaliza já preenche o respectivo cargo. O termo de posse possui as atribuições, deveres, direitos e responsabilidades inerentes ao cargo ocupado. Observe que todas essas características não poderão ser alteradas unilateralmente pelas partes, excetuando-se os atos de ofício previstos em lei. Para tomar posse, o servidor terá o prazo de 30 dias improrrogáveis, a partir do ato de provimento (nomeação) e poderá fazê-lo por meio de uma procuração específica. Caso seja desrespeitado esse prazo, o ato de provimento será tornado sem efeito. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 25 242 Além disso, ela depende de prévia inspeção por junta médica oficial, na qual será verificada a aptidão física e mental para o cargo. O servidor deverá ainda entregar, no ato da posse, a sua declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio, além de declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. A despeito do prazo de 30 dias para a posse, caso o servidor esteja em uma das seguintes hipóteses abaixo, esse prazo somente será contado a partir do término do impedimento: Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: I - por motivo de doença em pessoa da família; III - para o serviço militar; V - para capacitação; Art. 102. [...]: I - férias; IV - participação em programa de treinamento regularmente instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento; VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; VIII - licença: a) à gestante, à adotante e à paternidade; b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo; d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; f) por convocação para o serviço militar; IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; X - participação em competição desportiva nacional ou convocação para integrar representação desportiva nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica; Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 26 242 Caso não tome posse dentro do prazo legal, o ato de provimento é tornado sem efeito. Observe que é diferente de exonerar o servidor, pois, para ocorrer a exoneração deve haver vínculo, o que não foi estabelecido, em decorrência da não assinatura do termo de posse. De acordo com o artigo 15, o exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança. Para entrar em exercício, o servidor terá o prazo de 15 (quinze) dias contados a partir da posse. Caso não respeite o referido prazo, será exonerado do cargo ou será tornada sem efeito a sua designação para função de confiança. Agora sim podemos falar de exoneração, pois, a partir da posse, estabelece-se o vínculo entre a administração e o então servidor. Existe uma exceção para o prazo do artigo 15 e ela encontra-se no artigo 18 e seus parágrafos. Art. 18 O servidor que deva ter exercício em outro município em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede §1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos no caput. A título de exemplificação do comando acima, caso um servidor que ocupe o cargo de Analista do Banco Central esteja lotado em Brasília e seja removido para uma unidade em São Paulo, ele terá o prazo de 10 a 30 dias para apresentar-se em seu novo local de lotação e iniciar o exercício. Todavia, o servidor pode declinar desses prazos, ou seja, poderá “abrir mão”. Enquanto a posse pode ser realizada por meio de procuração específica, o exercício não, pois apenas o servidor empossado no cargo poderá dar início ao desempenho de suas atribuições. O responsável por dar exercício ao servidor empossado é a autoridade competente do órgão para o qual o servidor foi designado. Para os casos de designação para o exercício de função de confiança, a lei determina que o início do exercício coincidirá com a data da publicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver de licença ou afastado por qualquer outro motivo legal. Nesse caso, recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 27 242 Nesse ponto, faço uma intervenção importante: observe que o servidor efetivo, designado para função de confiança é designado para a função (e não nomeado). Isso porque não se trata de um cargo, não sendo hipótese de provimento. A saída da função é denominada dispensa. A partir então do exercício, são contados os prazos para quaisquer direitos que tenham relação com o tempo de serviço, como, por exemplo, a aquisição da estabilidade. Todas as informações sobre o exercício do servidor, como o início, quaisquer interrupções e o reinício encontrar-se-ão em seus registros individuais (assentamentos). Antes de tratarmos sobre o estágio probatório, faz-se mister você saber que a jornada de trabalho dos servidores federais será de no mínimo 6 e no máximo 8 horas diárias e duração máxima semanal de 40 horas, exceto para os ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança, os quais submetem-se a regime de integral dedicação ao serviço. Ainda em relação à jornada, é de suma importância você saber que o STF entende que a majoração da carga de trabalho sem o correspondente aumento nos vencimentos ou subsídios afronta a irredutibilidade de salários prevista na CF/88: 1. Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Servidor Público. Aumento da carga horária sem a devida contraprestação remuneratória. Impossibilidade. Desrespeito à irredutibilidade de vencimentos. Fundamento não atacado. Auto- organização administrativa. Autonomia. Discussão pretendida. Legislação local. Análise. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Precedentes. 1. É pacífica a jurisprudência da Corte quanto à inadmissibilidade do recurso extraordinário que não impugna todos os fundamentos adotados pelo acórdão recorrido. Incidência da Súmula nº 283/STF. 2. O Tribunal, no julgamento do ARE nº 660.010/PR-RG, assentou que, conquanto o servidor público não possua direito adquirido a regime jurídico, a ampliação de jornada de trabalho sem a correspondente retribuição remuneratória consiste em violação da regra constitucional da irredutibilidade de vencimentos. 3. O entepúblico, no exercício de competência de auto- organização constitucionalmente atribuída, deve deferência para com os direitos e garantias previstos no texto da Constituição. 4. As questões relativas à divergência de interpretação e à aplicação da legislação que regula a jornada dos servidores demandariam a análise da legislação local e o reexame dos fatos e das provas dos autos. Incidência das Súmulas nºs 279 e 280/STF. 5. Agravo regimental não provido. 2. (STF - AgR ARE: 818050 BA - BAHIA 0000806-11.2009.8.05.0000, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 17/11/2015, Segunda Turma) Vistos os conceitos acima, vamos a uma esquematização a fim de elucidar os pontos estudados: Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 28 242 NOMEAÇÃO (ATO DE PROVIMENTO ORIGINÁRIO) POSSE (SERVIDOR ACEITA O CARGO) EXERCÍCIO (DESEMPENHO DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO) 30 DIAS 15 DIAS (Se função de confiança, exercício imediato) CASO CONTRÁRIO SERÁ EXONERADO/TO RNADA SEM EFEITO (SE FUNÇÃO DE CONFIANÇA)) CASO CONTRÁRIO SERÁ TORNADA SEM EFEITO Impedimentos que não contam o prazo para a posse: - Seguintes Licenças: por motivo de doença em pessoa da família; para o serviço militar; para capacitação; à gestante, à adotante e à paternidade; para tratamento da própria saúde; por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; para capacitação, conforme dispuser o regulamento; por convocação para o serviço militar; deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; participação em competição desportiva nacional ou convocação para integrar representação desportiva nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica; - Seguintes afastamentos: férias; treinamento regularmente instituído ou em programa de pós- graduação stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento; júri e outros serviços obrigatórios por lei; Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 29 242 2.1.9 Estágio Probatório Os servidores aprovados para os cargos de provimento efetivo estarão sujeitos a estágio probatório durante o período de 36 (trinta e seis) meses. Na lei 8.112/90 ainda consta a redação original, a qual tratava o estágio com prazo de 24 (vinte e quatro) meses. Porém, o entendimento atual do STF e do STJ se dá no sentido do tempo ser de 36 meses. A base para essa interpretação foi sedimentada após a EC 19/98, a qual alterou o tempo para aquisição de estabilidade no serviço público para 36 meses. Destarte, aqueles tribunais entenderam que, apesar de institutos diferentes, a estabilidade e o estágio probatório estão relacionados, de tal maneira que a EC 19/98 também alterou o prazo do estágio probatório. “PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO INOMINADO – SERVIDOR PÚBLICO – ESTÁGIO PROBATÓRIO– 24 MESES. [...] legislações pertinentes regulamentaram o tempo do estágio probatório, período compreendido entre a nomeação e a aquisição da estabilidade, em que o servidor é avaliado quanto aos requisitos necessários para o desempenho do cargo, em vinte e quatro meses. No entanto, o art. 6º da Emenda Constitucional n.º 19, de 4 de junho de 1998, alterou a redação do art. 41 da Constituição Federal, elevando para três anos o prazo para a aquisição da estabilidade no serviço público. A Emenda Constitucional n.º 19 acrescentou o § 4º ao art. 41 da Constituição, o qual, ainda, estabelece como condição obrigatória para a aquisição da estabilidade a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. A nova norma constitucional do art. 41 é imediatamente aplicável. Logo, as legislações estatutárias que previam prazo inferior a três anos para o estágio probatório restaram em desconformidade com o comando constitucional. Isso porque não há como se dissociar o prazo do estágio probatório do prazo da estabilidade”. Para a esfera FEDERAL, no âmbito do PODER EXECUTIVO, existe um Parecer do Advogado- Geral da União que estatui o estágio probatório com duração de três anos3 Durante o período do estágio probatório, o servidor será avaliado em diversos quesitos elencados nos incisos do artigo 20, como assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor será avaliado ao longo dos 36 meses, porém, 4 (quatro) meses antes 3 Parecer AGU/AV02/2008 Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 30 242 de findar o estágio, será homologada pela autoridade competente a avaliação de desempenho do servidor, realizada por comissão constituída especialmente para esse fim. Em caso de reprovação no estágio, ocorrerá a exoneração do servidor, mas, caso este seja estável, será reconduzido ao cargo de origem. Conforme lecionado anteriormente, caso o cargo esteja provido, o servidor a ser reconduzido será aproveitado em outro de atribuições e vencimentos compatíveis com o anterior. A despeito de ainda encontrar-se em situação de não estabilidade, o servidor em estágio probatório poderá ser designado para cargos em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento, desde que em seu órgão de lotação original. A título de exceção, poderá ser cedido a outros órgãos, desde que para ocupar cargo de natureza especial ou os de Direção e Assessoramento Superiores – DAS, de níveis 6, 5 e 4. Além disso, alguns tipos de afastamentos e licenças, a serem estudados em seus pormenores em momento oportuno mais à frente, podem ser concedidos a esses servidores. Vamos delinear todos os conceitos na esquematização abaixo: REGRAS ATINENTES AO ESTÁGIO PROBATÓRIO Somente para cargos de provimento efetivo Duração de 36 meses Avaliação por comissão especial, 4 meses antes do término do estágio Itens da Avaliação: assiduidade, disciplina, iniciativa, produtividade, responsabilidade Reprovação: Se estável, reconduzido ao cargo de origem; caso contrário, exonerado Pode assumir os cargos: em seu órgão: quaisquer cargos; em outro órgão (cedido): natureza especial e DAS 6,5, e 4 ou equivalentes Licenças que podem ser concedidas: por doença em pessoa da família; afastamento do cônjuge; serviço militar; para atividade política; tratamento de saúde; gestante e adotante; paternidade; para adoção ou guarda; por acidente em serviço Afastamentos que podem ser concedidos: para mandato eletivo; para estudo ou missão no exterior; para servir em organismo internacional que o Brasil coopere; para participar de curso de formação exigido para ingresso em outro cargo federal. Atenção: As licenças/afastamentos marcados em vermelho suspendem o estágio probatório, sendo retomado após os seus respectivos términos. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 31 242 2.1.10 Estabilidade Os servidores adquirem a estabilidade, nos cargos de provimento efetivo apenas, após 3 anos de efetivo exercício. Observe que os cargos em comissão não dão direito à estabilidade, pois tratam-se de cargos de livre nomeação e exoneração. Igualmente aos comandos sobre estágio probatório, a EC 19/98 também alterou esse prazo, o qual era de 2 anos na lei 8.112/90. “Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação da EC 19/1998)”. A estabilidade é adquirida em cada ente federado. Caso o servidor seja estável em um cargo federal, deverá tambémadquirir a estabilidade em um cargo estadual, caso esteja migrando para essa esfera. Ainda, conforme já explicitamos, a estabilidade se dá no cargo em que o servidor está ocupando. Dessa monta, caso um técnico do Banco Central assuma o cargo de Analista do Banco Central, será submetido a novo estágio probatório. Observe também (e não confunda!) que a estabilidade pode ser adquirida nesse interstício. Exemplo: Mévio é técnico do BACEN, tendo assumido o cargo em 12/01/10. Em 2011 resolve estudar e prestar o concurso para Analista do BACEN. Aprovado, toma posse em 12/01/12. Dessa forma, em 12/01/13 terá adquirido estabilidade no serviço público FEDERAL, mas ainda estará completando 1 ano de estágio probatório no cargo de Analista do BACEN. Não satisfeito, Mévio assume o cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual do RJ, em 12/01/2015. Assim, Mévio adquiriu estabilidade no ente Federal, mas os prazos de estabilidade no ENTE ESTADUAL e do estágio probatório referente ao cargo de auditor estadual começarão a contar de 12/01/2015. A doutrina de José dos Santos Carvalho Filho4 é no sentido de admitir a possibilidade de o servidor público federal estável, após se submeter a estágio probatório em cargo de outro regime, requerer 4 2014 Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 32 242 sua recondução ao cargo federal, antes do encerramento do período de provas, ou seja, antes de adquirida a estabilidade no novo regime.5 MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL ESTÁVEL. ESTÁGIO PROBATÓRIO EM OUTRO CARGO PÚBLICO DE REGIME JURÍDICO DISTINTO. RECONDUÇÃO AO CARGO ANTERIORMENTE OCUPADO. POSSIBILIDADE. [...] 5. Não se deve impor ao servidor público federal abrir mão do cargo no qual se encontra estável, quando empossado em outro cargo público inacumulável de outro regime jurídico, antes de alcançada a nova estabilidade, por se tratar de situação temerária, diante da possibilidade de não ser o agente público aprovado no estágio probatório referente ao novo cargo. 6. Para evitar essa situação - que em nada atende ao interesse público, mas que representa um prejuízo incomensurável ao cidadão que, ao optar por tomar posse em cargo de outro regime jurídico, não logra aprovação no estágio probatório ou desiste antes do encerramento do período de provas, ficando sem quaisquer dos cargos -, deve prevalecer a orientação de que o vínculo permanece até a nova estabilidade, permitindo a aplicação dos institutos da vacância e da recondução. (STJ - MS: 12576 DF 2007/0013726-6, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 26/02/2014, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 03/04/2014) Atente-se para o fato de que a estabilidade não significa hipótese nula de perda do cargo. Por óbvio, ela é uma garantia ao servidor de autonomia e imparcialidade, para que não fique ao sabor de jugos políticos momentâneos. Porém, existem hipóteses tipificadas para a perda do cargo. Vejamos, de forma esquematizada: 5 MS 12.576/DF Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 33 242 2.2 DA VACÂNCIA A vacância significa a desocupação de determinado cargo público, podendo decorrer de atos da administração, bem como de fatos administrativos. Nos termos do art. 33 do Estatuto, nos seguintes casos ocorrerá a vacância: As hipóteses destacadas em vermelho representam a vacância em um cargo com simultâneo provimento em outro. Hipóteses de perda do cargo para servidores estáveis sentença judicial transitada em julgado processo administrativo disciplinar, garantida a ampla defesa insuficiência de desempenho, verificada em avaliação periódica, assegurada ampla defesa (a LC que regulará não foi editada) excesso de despesa com pessoal (art. 169, § 4º) Hipóteses de Vacância Exoneração Demissão Promoção Readaptação Aposentadoria Posse em outro cargo inacumulável Falecimento Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 34 242 Já tendo estudado as hipóteses de promoção e readaptação, e sendo autoexplicativas as hipóteses de aposentadoria e falecimento, vamos nos ater a explicitar de forma mais clara a exoneração, a demissão e a posse em outro cargo inacumulável. 2.2.1 Exoneração Nos termos dos art. 34 e 35, a exoneração pode se dar a pedido ou de ofício. Sendo servidor efetivo, a exoneração de ofício pode ocorrer em duas hipóteses. Vimos que, ao iniciar o exercício, o servidor estará iniciando o estágio probatório. Dessa maneira, caso não satisfeitas as condições do estágio, poderá ele ser exonerado de ofício. A outra hipótese seria a da não entrada em exercício no prazo estabelecido, após ter tomado posse. Marcelo alexandrino e Vicente Paulo6 argumentam ainda mais duas hipóteses para a exoneração do servidor efetivo, quais sejam a extinção de cargo ocupado por servidor não estável e a reintegração de outro servidor ao cargo que servidor não estável esteja ocupando. Assim, temos: Para os cargos em comissão e as funções de confiança, o próprio servidor pode pedir ou pode ocorrer a exoneração a juízo da autoridade competente. 2.2.2 Demissão A demissão poderá ocorrer nos casos em que o servidor efetivo cometa algumas infrações. Estudaremos as questões disciplinares e seu respectivo processo administrativo em outra aula, mas tenha em mente que essa hipótese de vacância possui caráter punitivo, de sanção disciplinar. 6 2014 •I - EXTINTO O CARGO OCUPADO POR SERVIDOR NÃO ESTÁVEL; •II - REINTEGRAÇÃO DE OUTRO SERVIDOR AO CARGO OCUPADO POR NÃO ESTÁVEL; •III - EXCESSO DE DESPESA COM PESSOAL; •IV - INSUFICIÊNCIA DE DESEMPENHO (LC AINDA NÃO EDITADA). EXONERAÇÃO DE SERVIDOR EFETIVO Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 35 242 2.2.3 Posse em outro cargo inacumulável Ocorre quando o servidor for aprovado e tomar posse em outro cargo inacumulável. As hipóteses de acumulação de cargos públicos estão descritas nas Carta Magna de 88 e são: XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001) Caso tenha tomado posse de forma que não esteja enquadrado nessas hipóteses, caracterizar-se- á inacumulabilidade de cargos, de forma a implicar a vacância do cargo anteriormente ocupado. 2.3 DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO A remoção nada mais significa do que o deslocamento do servidor, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede, a pedido ou de ofício. Trata-se de um instituto que permite aos servidores serem lotados em locais diferentes dos locais de origem, dentro do mesmo órgão e sem alterações quaisquer em seu cargo. Ressalto que, a depender da esfera, o servidor pode ser lotado em outros Estados (cargos federais), outros municípios (cargos estaduais) ou ainda dentro da mesma sede. A observação importante aqui se dá no fato de que não ocorre mudança de cargo ou de órgão, apenas de unidade. A remoção de ofício é realizada de acordo com o interesse administrativo, ou seja, declaradaa necessidade de alteração do servidor, ela será realizada, independente da vontade do servidor. Por óbvio, esse ato deve ser motivado, principalmente no intuito de verificarmos abuso de poder na modalidade desvio de finalidade, mormente uma possível “punição” ao servidor. Caso haja mudança de sede, fará jus a ajuda de custo, a ser estudada adiante, para custear despesas com a respectiva mudança. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 36 242 Outro caso de remoção capitulado no Estatuto é o da remoção a pedido. Nesse caso, o servidor solicita a remoção por interesses pessoais, porém a administração não está vinculada ao pedido, podendo, a seu critério de conveniência e oportunidade denegar a solicitação. Por último, não menos importante, temos o caso da remoção a pedido, para outra localidade, independente do interesse da administração. Aqui, o desenrolar é vinculado, ou seja, ocorre uma situação prevista na lei e a administração é obrigada a efetuar a remoção, independentemente de seu interesse. Fato importante a ser observado é que obrigatoriamente haverá mudança de localidade, não ocorrendo para mudanças dentro da mesma localidade. São os seguintes casos elencados no inciso III do art. 36 do Estatuto: Ainda sobre a remoção, faço uma observação importante: O STF e o STJ consideram que, para a remoção dentro da hipótese prevista no inciso I do esquema acima, o servidor a ser removido deverá estar submetido aos ditames da lei 8.112/90, conquanto seu cônjuge ou companheiro deverá ser servidor público ou empregado público. A Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do SIPEC. Nesse caso, não estamos tratando de pessoas e sim do cargo. Caso esteja ocupado, ocorrerá, concomitantemente, a movimentação também do servidor. Deverão ser observados os seguintes preceitos para a ocorrência da redistribuição: I - interesse da administração; Remoção a pedido, independentemente do interesse da administração I - para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração; II - por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; III - em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 37 242 II - equivalência de vencimentos; III - manutenção da essência das atribuições do cargo; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional; VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou entidade. Nos casos de reorganização ou extinção, caso o cargo seja extinto ou declarada a sua desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até o seu aproveitamento. Caso não seja redistribuído nem colocado em disponibilidade, poderá ter exercício provisório em outro órgão, sob responsabilidade do SIPEC, até ocorrer o seu aproveitamento. 2.4 DA SUBSTITUIÇÃO Ocorre a substituição nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares de servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial7, bem como pode ocorrer na vacância. Os substitutos são indicados no regimento interno, podendo também ser designados pelo dirigente máximo do órgão, caso silente o regimento. Observe e internalize que a substituição só ocorre para os cargos citados acima e não temos esse instituto para cargos de provimento efetivo. A substituição ocorre sem prejuízo do cargo ocupado pelo substituto, devendo apenas optar pela remuneração de um deles durante o período da substituição. Vale ressaltar que, passados mais de 30 dias consecutivos do impedimento do titular, o substituto não mais acumulará os cargos, e sim passará a exercer exclusivamente a substituição e receberá a retribuição pecuniária a que faz jus o titular do cargo. 7 Cargos de assessoria direta a dirigentes superiores do executivo. Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 38 242 3. DOS DIREITOS E VANTAGENS 3.1 DOS VENCIMENTOS E DA REMUNERAÇÃO Podemos conceituar o vencimento como a retribuição pecuniária pelo exercício do cargo público, tendo o seu valor fixado em lei. Pode ser considerado como o valor base. Já a remuneração é descrita como a soma do vencimento com as vantagens pecuniárias permanentes, também estabelecidas em lei, a que o servidor faz jus, sendo entendidas essas vantagens como a serem recebidas em razão do exercício ordinário das atribuições do cargo. Não há de se confundir com vantagens de caráter indenizatório, como as diárias e alguns adicionais não permanentes, como o de serviço extraordinário. A remuneração é irredutível, bem como não poderá ser inferior ao salário mínimo vigente. Observe que essa regra não é absoluta, vide o caso das remunerações acima do teto constitucional, o qual está descrito no art. 37, XI, da Constituição: XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; O artigo 42 da lei 8.112/90 traz ainda um teto adicional, qual seja, a soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Ressalto que as seguintes vantagens são excluídas desse teto: Wagner Damazio Aula 07 Direito Administrativo p/ PC-PR (Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1522925 99441502669 - Jose Quiterio Alves 39 242 VANTAGENS EXCLUÍDAS DO TETO REMUNERATÓRIO Gratificação Natalina Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas Adicional pela prestação de serviço extraordinário Adicionais noturno e de férias Ainda sobre o assunto remuneração, a lei deixa claro que os cargos com atribuições iguais ou assemelhadas
Compartilhar