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Dupla Arquitetura.indd 2 24/06/2016 18:10:43 Dupla Arquitetura.indd 3 24/06/2016 18:11:08 4 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 10 [ COMENTE ] Elogios, comentários e notícias das redes sociais. 14 [ VITRINE ] Cabine de banho com recursos para relaxamento; três versões originais de cobogó para enriquecer a decoração; nova linha de papéis de parede com estampas inéditas de apelo natural; cerâmica que confere efeito 3D aos ambientes; pendentes de material reciclado que lembram papel machê; e o design verde e inventivo dos projetos de paisagismo do escritório oficina2mais. 24 [ CENÁRIO ] Casa de campo britânica incorpora elementos geológicos da natureza local; móveis esculturais do artista plástico Michael Beitz distorcem os formatos tradicionais; Escola Britânica de Artes Criativas (Ebac) abre suas portas em prédio conceitual em São Paulo; e três refúgios de verão expostos na mostra de arquitetura Serpentine, em Londres. 30 [ VIVER ] Morada na Tailândia aproveita verticalmente o espaço para possibilitar o uso misto, quintal de skatista tem pista construída de forma sustentável e entrevista sobre a mobilidade de ontem e de hoje nas grandes cidades. 36 UM CASAMENTO PERFEITO Junto há 30 anos, o casal formado por dois arquitetos ergueu um recanto de campo marcado pela praticidade e pelo foco no essencial. 46 LIMPA GEOMETRIA Casa em Brasília explora as características da cidade ao lançar mão da horizontalidade e da arquitetura pura. 54 OBRA ABERTA Seis ideias criativas e funcionais para transformar varandas de apartamento em espaços multiúso. 66 QUE ENTRE A LUZ Com uma transformação radical, o sobrado escuro e compartimentado deu lugar a uma morada clara e integrada. 74 PENSAMENTO REVERSÍVEL A reforma que permitiu a um apartamento de 80 m2 se modificar sempre que recebe visitas. 82 JARDIM DE ESTAR Complexo paisagístico concebido para acolher os convidados da residência com conforto e prazer sensorial. 86 TAMANHO FAMÍLIA Desenhado e construído por profissionais que incluíram até o irmão e o pai do proprietário, sobrado de tijolos e metal concilia clássico e contemporâneo. 92 MUITO ALÉM DA TRANSPARÊNCIA Vidros para sua obra? As novidades da 12ª edição da Glass South America, em São Paulo. 96 [ SUA OBRA ] As boas soluções de quatro ambientes tiram partido do vidro em diferentes funções e formas. 104 [ ENDEREÇOS ] Os contatos de marcas, fornecedores, lojas e profissionais citados nesta edição. 106 [ CRÔNICA ] Gilberto Belleza, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), destaca a importância de contar com o trabalho de um arquiteto. ANO 32 NO 8 JULHO DE 2016 SUMÁRIO 36 66 54 [ CAPA CACÁ BRATKE (FOTO) E EMERSON CAÇÃO (TRATAMENTO DE IMAGEM) ] AQ352_SUMARIO.indd 4 6/28/16 6:19 PM CARTA AO LEITOR 6 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Histórias verdadeiras, de gente que vive intensamente a experiência de construir uma casa, reformar ou planejar sua morada, são o nosso assunto, sempre A REALIDADE COMO ELA É Dizem que, em tempos difí-ceis, as pesso-as valorizam ainda mais os momentos desfrutados na companhia dos amigos e da família. Como não poderia deixar de ser, penso logo nos lu- gares onde essa interação acontece. Existem cidades dotadas de espaços públi- cos convidativos e aquelas onde a praia e a natureza próxima são cenários privilegiados para esses encontros. Em outras, nem tanto. São Paulo, por exemplo, é pródiga nas fórmulas privadas de convivência. Já há alguns anos, registra um fenômeno: os novos edifícios residenciais sobem com amplas varandas, cha- madas “gourmet”. A ideia é oferecer uns metros a mais de área, que podem depois ser fechados pelo dono da unidade. O assunto gera polêmica, claro. Entram em cena o mercado imobiliário, o poder público, os condomínios, o zoneamento, as regras para alteração da fachada... Sem desconsi- derar todos esses fatores, e sabendo que a varanda é ‘o’ ambiente do momento em muitas metrópoles verticalizadas, preparamos a reportagem Obra Aberta (pág. 54), com ideias originais para aproveita- mento desses terraços. Os alertas fundamentais estão lá! Também destacamos na capa deste mês (a matéria completa chama-se Um Ca- samento Perfeito, pág. 36) a casa de campo feita por uma dupla de arquitetos de renomado bom gosto, que abraçou a proposta de uma vida mais simples e investiu em praticidade – sem jamais perder o requinte. Em tempo: aproveito para dar uma expli- cação. Alguns leitores e colecionadores de A&C têm escrito à redação sobre a nova lombada da revista, que passou a ser do tipo canoa. Esclareço o jargão: isso corresponde a uma necessária redu- ção de páginas. Perdemos o espaço usualmente destinado às discussões sobre urbanismo e mobi- lidade, temas que pretendemos incluir no corpo principal da revista. No mais, o projeto editorial segue o mesmo: assuntos, pautas, reportagens, seções. Como eu disse no início deste texto, é a tal realidade. Esperamos em breve reconquistar o espaço momentaneamente suprimido, que faz falta para vocês e para nós da redação também. JOANA L. BARACUHY EDITORA-CHEFE M A R TÍ N G U R FE IN AQ352_CARTA.indd 6 6/28/16 8:00 PM DIRETOR-SUPERINTENDENTE Edgardo Martolio DIRETORES CORPORATIVOS Marketing: Luis Fernando Maluf Editorial: Claudio Gurmindo (Núcleo Celebridades) e Pablo de la Fuente (Núcleos Novos Leitores e Mensais) Publicidade: Luciana Jordão Circulação: Marciliano Silva Jr. Internet e Mídia Digital: Alan Fontevecchia Finanças: Osmar Lara Jurídico e RH: Wardi Awada DIRETORES EXECUTIVOS TI: Cícero Brandão Arte: André Luiz Pereira da Silva DIRETORES Publicidade: Maria Rosária Pires Escritório Rio de Janeiro: Claudio Uchoa (Editorial ) Arte: Juliana Cuttin (Núcleos Negócios, Bem-Estar, Casa & Mulher ) e Kika Gianesi (Núcleo Novos Leitores) GERÊNCIAS Circulação: Luciana Romano (Assinaturas) Marketing Publicitário e Eventos: Mariana Kotait Eventos: Walacy Prado Finanças e Controle: Marina Bonagura Tecnologia Digital: Nicholas Serrano EDITOR DE IMAGEM Fotografi a: César Alves (RJ ) (Lançada em 1984) Editora-Chefe: Joana L. Baracuhy Editores: Silvia Gomez e Renato Bianchi; Editora-Assistente: Lara Muniz; Editora Visual: Deborah Apsan; Repórter: Marília Medrado; Estagiária: Elena Caldini; Editora de Arte: Andrea Liguori; Designer: Gabriela Graná; Revisora: Bianca Albert; Publicidade: Katia Honório e Silzer Draghi (Executivos de Negócios) ÁREAS COMPARTILHADAS FOTOGRAFIA: Priscilla Vaccari (Editora), Rogério Pallatta (SP), Cadu Pilotto e Fabrizia Granatieri (RJ); Amanda Loureiro, Mariana Sardinha, Ramiro Pereira, Samantha Ribeiro e Tainara Passos (Assistentes); CIRCULAÇÃO: Pablo Barreto; MARKETING PUBLICITÁRIO E EVENTOS: Adrian a Trujillo (Editora Assistente), Cauê Yuiti (Designer) e Murilo Bosi (Analista de Marketing); MARKETING: Caroline Ryna, Fernando Almeida, Nilton Vieira, Natalie Fonzar (Apoio) e Gustavo Mendes (Editor de Arte); TI: Carlos Almeida, Dirceu Bueno, Ricardo Jota e Victor Fontes (Assistentes); LOGÍSTICA: Anicley Lima, Daniel Ferreira e Ivo Santos; RECURSOS HUMANOS: Renê Santos (Consultor); ADMINISTRAÇÃO, FINANÇAS E CONTROLE: Alessandro Silva e Arthur Matsuzaki (Analistas), Manoel Leandro (Consultor); PROCESSOS: Henrique Pereira e Fernanda Wassermann; DEDOC: Marco Vianna; PREPRESS: Alexandre de Sousa, André Uva, Dorival Coelho, Emerson Luis Cação, Rodrigo Figuerola e Rogerio Veiga INTERNET E MÍDIA DIGITAL EDITOR: Ademir Correa; PUBLICIDADE VIRTUAL: Bruna Oliveira, Deborah Burmeister e Thays Panar (Executivas); PLANEJAMENTO: Roberta Covre (Gerente) e Anne Muriel (Analista); MARKETING DIGITAL: Victor Calazans (Analista) REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA SÃO PAULO: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 1400, 13º andar, conjs. 131/132, Jardim Paulista, CEP 04543- 000, SP, Brasil, tel.: (11) 2197-2000, fax: (11) 3086-4738; RIO DE JANEIRO: Torre Rio-Sul,Rua Lauro Müller, 116, conjunto 3105, 31º andar, CEP 22290-160, RJ, Brasil, tel.: (21) 2113-2200, fax: (21) 2543-1657; ESCRITÓRIO COMERCIAL BRASÍLIA: Edifício Le Quartier Bureau, SHN Quadra 1 Bloco A, S/N, 12ª andar - Sala 1209, Cep: 70701-010, Brasília, DF, Brasil, Tel: (61) 3536-5138 / (61) 3536-5139, e-mail: carasbrasilia@caras.com.br ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 352 (ISSN 0104-1908), ano 32, nº 8, é uma publicação mensal da EDITORA CARAS. Edições anteriores: Ligue para 0800-777 3022 ou solicite ao seu jornaleiro pelo preço da última edição em bancas mais despesa de remessa; sujeito a disponibilidade de estoque. Distribuída em todo o país pela Dinap S.A. Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo. ARQUITETURA & CONTRUÇÃO não admite publicidade redacional. SERVIÇO AO ASSINANTE Grande São Paulo: (11) 5087-2112 - Demais localidades: 0800-775 2112 / www.abrilsac.com PARA ASSINAR Grande São Paulo: (11) 3347-2121 - Demais localidades: 0800-775 2828 /www.assineabril.com.br IMPRESSA NA GRÁFICA ABRIL: Av. Otaviano Alves de Lima, 4400, CEP: 02909-900, Freguesia do Ó, São Paulo, SP REVISTAS DA EDITORA CARAS ANAMARIA (SEMANAL - UNIVERSO FEMININO) | ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO (MENSAL - CASA & MATERIAIS) | AVENTURAS NA HISTÓRIA (MENSAL - CONHECIMENTO & MEMÓRIA) | BONS FLUIDOS (MENSAL - BEM-ESTAR & SUSTENTABILIDADE) | CARAS (SEMANAL - ESTILO DE VIDA & SOCIEDADE) | CONTIGO! 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DE TELEVISÃO | CAFÉ COM VOCÊ RH | PRÊMIO O MELHOR DA ARQUITETURA | CASTELO DE CARAS | MELHORES EMPRESAS PARA COMEÇAR A CARREIRA | PRÊMIO BOLA DE PRATA | SEMANA DO BEM-ESTAR EDITOR RESPONSÁVEL Wardi Awada UM TERCO_MINHA CASA_69x274_28JUN.indd 1 28/06/2016 17:28:23 AQ352_EXPEDIENTE.indd 8 6/28/16 8:36 PM 10 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 facebook.com/arquiteturaeconstrucao COMENTE “MUITO ORGULHO COM A NOSSA CASA NA CAPA DE ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO.” REGINA STRUMPF, ARQUITETA, AUTORA DO PROJETO DESTACADO EM JUNHO Abril de 2016 O autor do ambiente da pág. 85 da reportagem Tesouras à mostra é Eduardo Chalabi, do Zemel+Chalabi ARQUITETOS; e não Zemel + Arquitetos, como informado. Junho de 2016 As fotos da reportagem Um passo acima (pág. 28) são de Cacá Bratke e não Evelyn Müller, como descrito. Lances da vida Muito boa a matéria do projeto da nossa casa 3.41. Parabéns. @odvo_arquitetura, escritório autor do sobrado da pág. 80 CORREÇÃO [ NO FACEBOOK ] Comentários na rede Sou fã de ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO desde os anos 80, quando ainda era um menino. As capas me transportavam para aquele lugar misterioso aonde só a imaginação de uma criança é capaz de chegar. A cada nova matéria, esse menino se encontra em outro lugar. Rogério Tavares As matérias da capa e da construção em Campos do Jordão são exemplos de uma boa publicação de arquitetura. Tulio Norte [ NO INSTAGRAM ] Percepções sobre a última revista Parabéns pelo trabalho. @cristalpool A capa está demais, adorei! @herbertpinheiro Top. @abrolhos_engenharia Linda foto e ótima matéria. @estudiobola, sobre imóvel da pág. 68 Gazebo na serra Suspiros para o refúgio da pág. 86 Que delícia. @renatomedeirosarquitetura Uau! @luciolafelipe Apartamento colorido ATENDIMENTO AO LEITOR Endereço: Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1400, 13o andar, CEP 04543-000, São Paulo, SP E-mail: revistaaec@maisleitor.com.br PARA ASSINAR Telefone: (11) 3347-2121, Grande São Paulo. De outras localidades, ligue de graça: 0800-7752828, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h. Aos sábados, das 9h às 16h Fax: (11) 5087-2100 E-mail: abril.sac@abril.com.br Site: www.assineabril.com.br DÚVIDAS SOBRE SUA ASSINATURA, RECLAMAÇÕES E ALTERAÇÕES DE ENDEREÇO Telefone: (11) 5087-2112, Grande São Paulo. De outras localidades, ligue de graça: 0800-7752112, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h Fax: (11) 5087-2100 E-mail: abril.sac@abril.com.br Site: www.abrilsac.com EDIÇÕES ANTERIORES Telefone: 0800-7773022, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30 PARA ANUNCIAR Telefone: (11) 2197-2011/2059/2121 E-mail: publicidade@editoracaras.com.br VENDA DE CONTEÚDO Para direitos de reprodução dos textos e imagens publicados em ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO, acesse www.abrilconteudo.com.br AQ352_COMENTE.indd 10 6/27/16 7:46 PM 12 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 COMENTE [ ONLINE ] Sem aperto Compartilhe conosco as imagens do seu pequeno grande apê Para a próxima edição de ARQUITETURA & CONS- TRUÇÃO, estamos orga- nizando uma reportagem especial sobre aparta- mentos compactos. Além de soluções bacanas da- das por arquitetos, quere- mos saber: o que você fez para aproveitar melhor o pouco espaço? Usando as hashtags #meuapeta- manhop e #revistaaec no Instagram, mostre para nós o seu cantinho. Ah, diga também quais são as medidas do ambiente. As ideias mais criativas serão publicadas em uma ma- téria em nosso site! A sua participação é muito im- portante para nós. Bora lá! De arrancar suspiros e encher os olhos. Assim é o projeto assinado pelos arquitetos Alberto Lahós e Marco do Carmo. Além das fotos da reportagem Um Casamento Perfeito (pág. 36), há outros cliques exclusivos da residência marcada pela arquitetura simples e de rara beleza. Onde você confere es- sas imagens extras? É só acessar: bit.ly/revistaaec. Refúgio inspirador Gostou da casa que estampa nossa capa este mês? Tem mais para você FO TO S : C A C Á B R AT K E Da cozinha ao banheiro. Da facha- da ao jardim, além de revestimentos. Há várias referências entre os nossos boards para ajudá-lo a dar aquela re- paginada na casa. Dá só uma olha- da em: br.pinterest.com/revistaaec. No Pinterest Ideias para a reforma @revistaaec @revistaaec arquitetura & construção /revistaaec distribuição charmosa no apartamento de 36 m2 decorado por gabriel valdivieso. pedras filetadas cobrem a fachada rústica da casa de campo de autoria de alberto lahós e marco do carmo. AQ352_ONLINE.indd 12 6/28/16 7:28 PM 14 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO XXXXXXX 2016 Gigante dos metais sanitários chega à maturidade sustentável, tecnológico e com ênfase no design Brilho próprio O cuidado com o meio ambiente, um dos pilares da marca sexa- genária localizada em Joinville, SC, se apresenta logo na che- gada ao parque fabril da empresa, que também vem chamando atenção e ganhando prêmios em outra ponta: o design de suas peças. É na área de 600 mil m2, dos quais 35% são � orestas pre- servadas, que a criação de novos modelos da Docol ocorre, capi- taneada pelo designer de produto Marcelo Alves. “O nosso ofício vai muito além da estética. Envolve funcionalidade e ergonomia que resultem numa peça bonita e capaz de atender às necessi- dades do consumidor”, diz. Toda coleção nasce de um briefing, a partir do qual buscam-se referências visuais. Mas engana- -se quem pensa haver no painel de imagens do profissional fo- tos de torneiras e misturadores. “Busco outros elementos para me inspirar”, conta. Esboços, protótipos, apresentações, enge- nharia, revisões de estrutura... Muito acontece até o metal bri- lhar no final do processo, apresentando a almejada qualidade, tecnologia e o mínimo impacto na natureza. Confira um pou- co desse processo e veja os itens mais recentes para banheiro. REPORTAGEM MARÍLIA MEDRADO FOTOS ROGERIO PALLATTA BASTANTE AUTOMATIZADA, A FÁBRICA CONTACOM ROBÔS QUE ACELERAM A PRODUTIVIDADE E GARANTEM O PADRÃO DE QUALIDADE – AGEM COMO VERDADEIROS BRAÇOS MECÂNICOS, PRECISOS E INCANSÁVEIS. RESÍDUO DO PROCESSO DE USINAGEM DAS PEÇAS, O CAVACO É REAPROVEITADO: DEPOIS DE SECO, É LEVADO PARA SER FUNDIDO NOVAMENTE. MARCELO ALVES, RESPONSÁVEL PELA ÁREA DE DESIGN. ABAIXO, CILINDROS DE LATÃO USADOS NA PRODUÇÃO DE PEQUENOS ACESSÓRIOS. POR JOANA L. BARACUHY VITRINE AQ352_VITRINE ABRE.indd 14 6/28/16 4:15 PM XXXXXXX 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 15 RABISCOS E DESENHOS, PARTE DO PROCESSO DE CRIAÇÃO. SOBRE O PAPEL, REPOUSA O PROTÓTIPO E A VERSÃO FINAL DA MESMA TORNEIRA PARA LAVATÓRIO, DA LINHA ONI (R$ 1,8 MIL). DA LINHA INDUSTRIAL, O MISTURADOR PARA LAVATÓRIO CUSTA CERCA DE R$ 1 430. OS ITENS DESSA COLEÇÃO SÃO INSPIRADOS NOS LOFTS AMERICANOS E MARCADOS PELA ESTÉTICA BRUTA E IMPERFEITA. APÓS O BANHO DE GALVANIZAÇÃO, OS METAIS SÃO ANALISADOS E SELECIONADOS NA ÁREA À ESQUERDA DO CORREDOR. DAQUI, SEGUEM PARA A UNIDADE DE MONTAGEM. D IV U LG A Ç Ã O AQ352_VITRINE ABRE.indd 15 6/28/16 4:15 PM VITRINE 16 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Em interpretações que variam do rústico ao geométrico, a peça-ícone da arquitetura brasileira enriquece a decoração versões do cobogó Muito além de manter a privacidade e assegurar boa luminosida- de e ventilação natural aos ambientes, o elemento vazado vem assumindo o posto de peça curinga na hora de personalizar os espaços da casa. Os efeitos variam, como comprovam os lança- mentos desta página. 1. De concreto, o Cobogó Raízes é assina- do pela artista plástica e designer Ana Paula Castro. Há quatro opções (40 x 40 x 10 cm), que permitem paginar diferentes tra- çados orgânicos. Da Linha Ideias Concretas, é vendido na Oficina de Ideias Ana Paula Castro por R$ 90 a unidade. 2. Vem do uni- verso fashion a inspiração para o modelo cimentício Zig Zag (30 x 30 x 8 cm), da Coleção Interativa. Assinado pela designer Ruth Fingerhut e produzido pela Resimix, sai a partir de R$ 123. Dispo- nível nas cores Bali (foto), Branco, Gold, Preto e Rosadili. 3. Arte- sanal, o Cobogó Mercúrio (17 x 17 x 7 cm) é composto de quatro tipos de argila, cuja mistura resulta nas oito tonalidades apre- sentadas (esta é a natural). Fruto da parceria entre a Art.Base Arquitetura e Design e a Cerâmica Martins, vale R$ 11 cada um. 1 3 2 O NOME COBOGÓ NASCEU DAS INICIAIS DOS SOBRENOMES DE SEUS INVENTORES: OS ENGENHEIROS AMADEU OLIVEIRA COIMBRA, ERNESTO AUGUST BOECKMANN E ANTÔNIO DE GÓIS. É INSPIRADA NOS MUXARABIS QUE MARCAM A ARQUITETURA MOURA. 3 FO TO S : D IV U LG A Ç Ã O AQ352_VITRINE.indd 16 6/28/16 3:25 PM VITRINE 18 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 AS LUMINÁRIAS TÊM SOQUETE CERÂMICO E USAM LÂMPADA SOQUETE E27 (ROSCA COMUM). A designer Valentina Carretta deu for- ma aos lustres Egg of Columbus rea- proveitando o que seria descartado. O resultado são cúpulas leves, de 22,5 a 35 cm de diâmetro (cuja textura lem- bra a de caixas de ovo), sustentadas por cabo revestido de tecido nas cores azul, amarela e vermelha. O clássico da grife italiana Seletti agora é vendido no Brasil pelo e-commerce da Entrenoz a R$ 222. Luminárias levam o material reciclado Feitas de papel Cabine de banho oferece recursos para relaxar Muito mais que um simples boxe, a Nexis Dual traz incrementos para deixar o momento da higiene pes- soal ainda mais prazeroso. Além do assento de madeira, luzes de cromoterapia, sauna, entrada para MP3 e vapores distribuídos junto a dispenser de aromas constam do espaço encerrado por portas de vidro e perfis de metal cromado Da Novellini, R$ 56 878 na Interbagno. Spa em casa O COMPARTIMENTO MEDE 90 X 170 X 242 CM E TEM TRAÇOS ELEGANTES. COM DESIGN MINIMALISTA, O UTILITÁRIO FOI APRESENTADO DURANTE A MOSTRA DE COZINHAS QUE ACONTECE A CADA DOIS ANOS. FO TO S : D IV U LG A Ç Ã O Desembarca no próximo mês em território nacional o aces- sório Portale, da marca italia- na Valcucine, apresentado na Eurocucina 2016. Como o no- me já diz, resume-se a uma espécie de pórtico funcional para ser colocado sobre a ban- cada do tipo ilha, próprio para pendurar utensílios de cozinha com a ajuda de ganchinhos. Feito de alumínio pintado nas cores preta (foto) ou natural, alcança 3 m de comprimento e embute uma barra eletrificada, onde é possível conectar toma- das e dispositivos com entrada USB. Preço conforme o projeto. Chegando! De feira europeia para os gourmets locais Direto de Milão _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ AQ352_VITRINE.indd 18 6/28/16 3:27 PM VITRINE 20 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 [ PALETA DO ARQUITETO ] 6 Na cor preta, a luminária Re12, da Grado Iluminação, usa lâmpada halógena PAR 20 de 50 W. Preço sob consulta. A equipe da RF Serralheria adaptou as roldanas de ferro – cobertas com uma mistura de esmalte sintético azul (ref. 5497, da Novacor) e cinza-escuro (ref. 55, da Novacor) e deu forma aos vasos. 6 O deck com réguas (0,10 x 2 m) de cumaru extra, com canal para � xação com presilha de alumínio sai a partir de R$ 359 o m², instalado e com acabamento, na Pau Pau Pisos de Madeira. As plantinhas como o bálsamo (Sedum dendroideum) foram compradas em fornecedores especializados e na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). O metro do cabo de aço inoxidável (1,6 mm) custa R$ 2,83, na Comcabo Comércio e Importação. Na mesma loja, a unidade do nicopress (mesma espessura) vale R$ 0,27. O muro foi pintado com látex acrílico branco fosco, da Suvinil. Liderado pelas arquitetas Gabriela Tamari e Carolina Leonelli, o escritório oficina2mais traz no nome o modo de trabalhar das moças. Afinal, a dupla sempre se associa a jardineiros e agrônomos, entre outros profissionais, para maximizar o resultado de seus projetos de paisagismo Parceria vicejante REPORTAGEM VISUAL ELENA CALDINI TEXTO MARÍLIA MEDRADO FOTOS ROGERIO PALLATTA De compactas hortas em apartamentos a par- ques inteiros, não há escala que impeça as sócias Gabriela Tamari (à esq.) e Carolina Leonelli (à dir.) de imprimir seu toque verde, acompanhado do design criativo. Inaugurado em 2004, o endereço paulista- no enveredou pelas trilhas do paisagismo há nove anos. “Sempre gostamos de trabalhar com plan- tas e desenvolver soluções para área externa” diz Gabriela. “Hoje, além do cuidado com a escolha das espécies, acompanhamos do plantio (feito pela equipe do Ipiranga Paisagismo) ao jardim crescido”, prossegue. Cada projeto nasce de um brainstorming da dupla e depois se estende à equipe do escritório, composto atualmente de três colaboradoras. “O tom verde predomina nas nossas obras, mas buscamos fazer contrapon- tos com outras cores, como azul, vermelho e amarelo”, acres- centa Gabriela, a respeito do traço que aparece também na proposta paisagística ao lado, empreendida numa casa refor- mada por Marina Acayaba e Juan Pablo Rosenberg, do escri- tório AR Arquitetos. Confira os materiais e recursos adotados. 2 1 5 4 3 AQ352_PALETA.indd 20 6/28/16 4:22 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 21 O cabo de aço inoxidável (1,6 mm), preso com presilhas de alumínio do tipo nicropress (1,6 mm) em alguns pontos, percorre o sistema de roldanas e sustenta os recipientes de chapa metálica dobrada. Espécies rústicas, como o cacto jacaré (abaixo) e o bálsamo (pág. ao lado), foram adotadas porque suportam bastante sol e precisam de pouca água, facilitando a manutenção do jardim. Na reforma, os tijolos da parede (de 5 m de altura e 6,50 m de comprimento) ganharam pintura branca. O sistema de engrenagens metálicas e contrapesos permite brincar com a posição dos vasos. As peças de ferro foram pintadas e parafusadas no muro. Na Jelmark, as roldanas de ferro custam R$ 22 (14 cm de diâmetro) e R$ 48 (20 cm de diâmetro). 64 Com 40,83m², o deck leva réguas de cumaru liso, protegido com impregnante Osmocolor stain incolor (da Montana). Projetores embutidos no piso iluminam a borda composta de falso-íris azul (Neomarica caerulea) e amendoim ornamental (Arachis repens). D IV U LG A Ç Ã O 2 1 3 5 AQ352_PALETA.indd 21 6/28/16 4:22 PM VITRINE 22 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Bastante apreciadas para forrar pare- des e fachadas, as placas retangulares e estreitinhas ganharam nova versão. Cortado a partir de minerais resistentes (segredo do revendedor brasileiro), o River Stone pede pouca manutenção. Vem na cor Eufrates (o verde da foto), ou Ganges (roxo) e Tamisa (cinza). Da Palimanan Re- vestimentos Naturais, o m² custa R$ 127. Mais uma opção no formato, agora de rocha colorida Tijolinho de pedra Linha de papéis de parede nacional chega ao mercado Pela primeira vez, o Empório Beraldin assina modelos desse prático revestimento – até então, as opções do gênero vendidas na loja eram importadas. Entre as estampas inédi- tas, todas dotadas do apelo natural tão valorizado pela marca, despontam as versões Palha (1), Linhão (2), Círculos (3) e Chevron (4). Custam R$ 698 (o rolo de 0,53 x 10 m). 100% brasileira MADE IN BRAZIL, OS PADRÕES PERTENCEM À COLEÇÃO MOSAICOS. FO TO S : D IV U LG A Ç Ã O OS VEIOS NATURAIS APARECEM NAS UNIDADES DE 7,5 X 23 CM E 1 CM DE ESPESSURA. Vitrificada e decorada manualmente, a placa do tipo ceramidráulica Kubic (aqui, na combi- nação fendi, fendi claro e brick) reproduz um ladrilho hidráulico – dispensando a cera e com espessura menor (7 mm). Seu desenho brinca com o olhar e dá sensação de volume às superfícies internas. Nelas, sejam secas ou molhadas, pode ser usada tanto no piso quanto na parede. Feito sob encomenda pela Emme Due, nas 48 to- nalidades disponíveis, o revestimento sai por R$ 20,89 a unidade. Cerâmica confere efeito 3D aos ambientes Parece, mas não é COM 19,3 X 19,3 CM, A PEÇA DÁ ASPECTO DE CONTINUIDADE GRAÇAS ÀS BORDAS RETIFICADAS, QUE PERMITEM REJUNTES ESTREITOS. _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ 1 2 3 4 AQ352_VITRINE.indd 22 6/28/16 2:51 PM 24 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 POR SILVIA GOMEZ CENÁRIO Este conceitual refúgio de fim de semana inglês toma da natureza local seus materiais e sua inspiração ESCADA ACIMA Poderia ser uma casa normal na vila de Waddesdon, em Buckinghamshire, na Inglaterra: três quartos, sala de jantar, cozinha e biblioteca, além de um anexo. Mas a Flint House não parece nada comum, com sua fachada ascendente como esca- daria e seu aspecto monolítico. Assinada pelo escritório londri- no Skene Catling de la Peña para uma das famílias mais ricas do mundo, os Rothschild, a construção de 465 m2 é inteiramen- te coberta de sílex, uma pedra de quartzo dura e de aparência peculiar, abundante na região. Para os arquitetos Charlotte Skene Catling e Jaime de la Peña, o desenho deveria criar a impressão de brotar do solo como um elemento geológico antigo, carregando a mesma textura bruta e crueza do entorno. Quem avança os degraus é presenteado com a visão panorâmica do campo, no ponto mais alto. Tanta ousadia rendeu ao projeto o troféu de melhor residência do ano de 2015 no Reino Unido, concedido pelo Royal Institute of British Architects (Riba). TRANSPARÊNCIA Janelas e portas de diferentes formatos enquadram a paisagem, criando uma rica percepção do exterior. AQ352_CENARIO.indd 24 6/28/16 7:06 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 25 PARA O ALTO A subida é suave, feita pelos degraus escalonados generosos, os quais formam pequenos terraços para apreciação da vista. DEGRADÊ Rocha sedimentar silicatada de quartzo, a sílex vai do preto ao cinza, tons explorados na fachada. Ao terminar com uma camada mais clara, a cobertura parece querer se fundir com o céu. No interior, a casa exibe uma gran- de área social integrada, no cen- tro da planta. Ela é separada dos quartos por uma espécie de gruta revestida também de sílex, ambien- te que tem água cobrindo o piso. Um anexo de 115 m2 complemen- ta o projeto, apresentando o mes- mo traçado do edifício principal. JA M E S M O R R IS AQ352_CENARIO.indd 25 6/28/16 7:06 PM CENÁRIO 26 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Nesta seleção de lançamentos internacionais, a cor é a estrela do design NO MEIO DA ESTANTE Fechado com um painel inteiriço de MDF, o nicho de armazenamento no centro do mó- vel concentra as atenções na estrutura de alumínio de 36 x 98 x 160 cm. Da Baleri Italia. NA BASE DA LUMINÁRIA A Control valoriza o desenho puro da lâmpada ao colocá-la sobre um apoio simples de alumínio, que mede 16 x 23 cm. Da marca escandinava Muuto. NO REVESTIMENTO DA CADEIRA A aparência simples da Ico, de 44 x 62 x 77 cm, esconde uma estrutura complexa de madeira curva, cober- ta de couro. De Ora ïto para a Cassina. REALCE VERMELHO Os móveis esculturais do artista plástico americano Michael Beitz distorcem os formatos tradicionais para propor reflexão sobre as funções cotidianas TENTE CONVERSAR Ocupando algum lugar entre a arte e o design, o trabalho de Michael Beitz já esteve exposto em museus de diver- sos países, da Colômbia à Rússia. “Estou interessado em objetos que confundem função e estética”, afirma. Par- te de uma série, a obra Dining Table explora as curvas da madeira para criar uma mesa surreal, metáfora da inco- municabilidade contemporânea. “Ela fala da complexi- dade dos relacionamentos e da experiência de isolamen- to”, define Michael, que executa cada peça manualmente. “Vou descobrindo as formas à medida que as construo.” Dining Table: a mesa de compensado de bétula e pinho, com 3,5 m de com- primento, fica hospedada no museu West Collection, em Oaks, na Pensilvânia. IM A G E N S : 1 . D IV U LG A Ç Ã O 2 . V IC TO R G U R G E L/ D IV U LG A Ç Ã O 1 1 1 1 AQ352_CENARIO.indd 26 6/28/16 7:06 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 27 Praça das Artes, em São Paulo, hospeda exposição sobre seu projeto premiado BELEZA CONCRETA Com o térreo aberto em diálogo com o centro de São Paulo, a Praça das Artes colecionou prê- mios, entre eles o de ARQUITETURA & CONS- TRUÇÃO, O Melhor da Arquitetura, em 2013. Um olhar minucioso so- bre o edifício, composto de desenhos, plantas e fotografias, aparece em Quadra 27, exibição permanente na Sala de Exposições e no Foyer do prédio, mesmo espaço onde também acaba de ser inaugurada a mostra Concretude Correlata, com obras de acer- vo de 12 artistas, entre eles Cildo Meireles e Mônica Nador, em car- taz até 28 de agosto. A entrada é gratuita para os dois eventos. Ende- reço: Av. São João, 281 (perto das estações Anhangabaú e República do Metrô de São Paulo). UM LUGAR PARA CRIAR Escola dedicada à economia criativa instala-se em prédio assinado na capital paulista A partir de agosto, a Escola Britânica de Artes Criativas (Ebac) abrirá suas portas em um prédio projetado pelo ar- quiteto Isay Weinfeld no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Os cursos livres, técnicos e de graduação em áreas como design gráfico e direção de arte digital, entre outros, ocuparão salas amplas conectadas com o exterior e decora- das por dois estúdios: o brasileiro LPA Arquitetura e o russo Form. “A principal ideia era não deixar a escola com cara de escola. O espaço parece um playground gigante com peças abstratas espalhadas aleatoriamente e trechos mais vazios, abertos à expressão artística, onde a imaginação possa ficar livre”, explica Vera Odyn, sócia de Olga Treivas no Form. LÁ DENTRO As áreas de convívio e recepção foram mais detalhadas e coloridas pelo projeto de design de interiores, enquanto salas e auditórios ganharam um tom mais neutro. LÁ FORA A transparência, presente já no desenho do edifício, com seus terraços abertos para o exterior, será marcante nos espaços, que privilegiama integração, além de divisórias de vidro. A Praça das Artes na época da construção: o concreto evidenciado na estrutu- ra é parte do impacto do complexo cultural assinado pelos arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Luciana Dornellas (Brasil Arquitetura) e Marcos Cartum. 1 1 1 2 AQ352_CENARIO.indd 27 6/28/16 7:07 PM CENÁRIO 28 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 TRANSPARENTE Baseado em Londres, Asif Khan estudou a incidência solar no lago ao redor do Queen Caroline’s Temple para criar o volume vazado de tábuas de madeira dispostas circularmente. ONDULADA O estúdio alemão Barkow Leibinger pensou uma estrutura que oferecesse a visão 360° do parque. Faixas de compensado curvado trazem a sensação de um traço vivo. MODULAR A proposta do húngaro Yona Friedman pode ser montada em diferentes formações, princípio de seu projeto La Ville Spatiale, de 1959, manifesto por uma arquitetura � exível. 2.1. 3. TRÊS CASAS PARA PASSAR O VERÃO O programa do evento anual, um dos mais esperados do mundo na área, incluiu em sua edição de 2016 uma novida- de além do conhecido pavilhão principal, assinado desta vez pelo estúdio dinamarquês Bjarke Ingels Group (BIG). A ideia era convidar arquitetos renomados para desenhar moradas de verão compactas inspiradas no Queen Caroline’s Temple, uma construção clássica de 1734 situada no parque Kensington Gardens, onde acontece a exibição. O resul- tado são visões contemporâneas surpreendentes e expe- rimentais, que podem ser visitadas até o dia 9 de outubro. Os refúgios conceituais que chamaram a atenção na mostra de arquitetura Serpentine, em Londres Os premiados arquitetos portugueses Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura colaboram em projeto de museus em ponto histórico da cidade de Santo Tirso ODE À MEMÓRIA A preciosa região do Mosteiro de São Bento, da- tado de 978 e classificado como monumento na- cional de Portugal desde 1910, acaba de receber o novo edifício do Museu Internacional de Escultura Contemporânea (Miec) em conjunto com o restauro do Museu Municipal Abade Pedrosa (MMAP), de 1989. Uma ligação funcional se dá entre os dois prédios, mas sem macular a lingua- gem independente e a programação de cada um. Concreto e mármore estão entre os materiais usados nas áreas novas, cuja altura manteve- -se no nível das construções antigas ao redor. IM A G E N S : 1 . I W A N B A A N /D IV U LG A Ç Ã O 2 . J O Ã O M O R G A D O /D IV U LG A Ç Ã O O volume branco reto encerra a entrada co- mum – espécie de átrio – para os dois museus. 1 1 1 2 AQ352_CENARIO.indd 28 6/28/16 7:16 PM 30 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Neste projeto na Tailândia, os moradores descem um andar e já chegam ao escritório De casa ao trabalho Aproveitar verticalmente o espaço foi o mote para criar esta construção de 286 m2, parte de um empreendimento de qua- tro imóveis assinados pelo estúdio tailandês Integrated Field (IF). “Propostas de uso misto são comuns em Bancoque”, diz o arquiteto Korkiat Kittisoponpong, um dos autores. Aqui, as diferentes funções surgem setorizadas ao longo dos níveis: o térreo e o mezanino hospedam o escritório, enquanto os dois pisos superiores recebem as áreas de estar e os quartos. A plan- ta aberta tem poucas divisórias, o que favorece uma ocupa- ção mais � exível no centro. Para que isso aconteça, uma faixa na lateral concentra a circulação, as escadas e os banheiros. Painéis de vidro do piso ao teto fazem da fachada uma fon- te de luz, compensando a falta de janelas nas outras faces. VIVER POR SILVIA GOMEZ AQ352_VIVER.indd 30 6/28/16 4:02 PM Cozinha e salas se distribuem pelo segundo andar, que conta ainda com a farta iluminação resultante de um recorte no telhado e no paredão lateral, o que possibilitou esta espécie de terraço central. No térreo, o espaço livre dá margem à customização da área de trabalho, complementada pelo mezanino, acima. Com 6,30 m de largura, a casa geminada recebe luz natural graças aos generosos painéis de vidro frontais. FO TO S : K E TS IR E E W O N G W A N /D IV U LG A Ç Ã O AQ352_VIVER.indd 31 6/28/16 4:01 PM Profissional desde 1998, Marcos ET treina todos os dias logo depois de acordar. “Meu escritório é de concreto”, diz ele, referindo-se à pista insta- lada em parte do terreno de 1090 m2 onde fica sua residência, em Atibaia, SP. Com cerca de 20 m de extensão, ela pode até parecer uniforme se vista de fora, mas sua superfície de cimento é cheia de saliências e inclinações específicas para o exercício. “Misturei aqui vários obstácu- los, mas sem deixar de ter os mais básicos para a prática, da rampa menor ao bowl. São dife- rentes tipos de curva, cada uma com sua pró- pria transição – ora mais suave, ora mais forte”, conta Marcos, que confiou o projeto ao cons- trutor Daniel Arnoni, especializado no tema. “A premissa foi não derrubar nenhuma árvore e criar um caminho integrado ao jardim. Para isso, exploramos ao máximo o relevo natural, usando a terra do próprio local”, explica Daniel. O espaço arborizado nos fundos da casa do skatista do interior de São Paulo ganhou pista feita de forma sustentável Skate no próprio quintal REPORTAGEM VISUAL ELENA CALDINI FOTOS PAULO SANTOS A obra teve execução artesanal, ponto a ponto, a fim de evitar a retirada das árvores existentes no lote, como mangueiras e abacateiros. “Direcionamos um caminho para que o ponto mais baixo garantisse a drenagem natural da pista, oferecendo essa água ao jardim”, fala Daniel. VIVER MODELAGEM MANUAL Ela se valeu de técnicas ecológicas, como o superadobe, que utiliza sacos de polipropileno. “Também usamos garrafas PET empilhadas preenchidas com a terra do lugar”, revela Daniel. CONCRETO ARMADO POLIDO Para obter a curvatura ideal, o revestimento precisa ter um traço especial (proporção entre água, pedra, areia e cimento) para pistas de skate. “Na borda, aplicamos o coping block, detalhamento que facilita as manobras”, complementa Daniel. AQ352_VIVER 2.indd 32 6/27/16 7:55 PM VIVER 34 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Por que assistimos à crise da mobilidade urbana? Os bairros vão se adensando, mas as avenidas são inelásticas. O colapso é fru- to da incapacidade das ruas de atender a tantas viagens. É falsa a ideia de que o car- ro proverá todo o deslocamento da popula- ção, pois a capacidade de vazão é limitada. Qual a consequência para a cidade e seus habitantes? Com as ruas saturadas e o trânsito, o processo econômico é bloqueado. Demora-se para chegar ao trabalho e, cansadas, as pessoas produzem menos. As empresas precisam comprar mais caminhões para aten- der à demanda. Há a emissão de poluentes, o risco aumen- tado de acidentes com motos... É uma ‘deseconomia’ geral. Há saídas? A curto prazo, criar faixas exclusivas para ônibus. Numa via expressa, uma faixa de 3 m de largura escoa 2,8 mil pes- soas por hora. Se essa mesma via ficar só para ônibus, o número cresceria para 40 mil. Melhorar o sistema com semáforos con- trolados por computador, dando prioridade aos ônibus nos cruzamentos, é outra alternativa. A longo prazo, acredito em implantar nos cor- redores um esquema de transporte elétrico como o bonde, hoje chamado de veículo leve sobre trilhos, o VLT, que usa energia limpa. Que lições nos lega o passado? Entre 1900 e 1968, com o fim dos bondes, havia mais de 700 km de linhas instaladas. Esses trilhos que per- corriam os bairros poderiam ter sido transferidos para os principais corredores, redesenhando toda a trama. Iniciati- vas como a inauguração do VLT na cidade do Rio de Janeiro e na Baixada Santista só começam a ocorrer agora no Brasil. Lá fora, cidades francesas com cerca de 400 mil habitantes adotaram o bonde como opção de mobilidade. As alemãs es- tão os recolocando de onde foram retirados. Lisboa, em Portugal, e Madri e Barcelona, na Espanha, reimplantaram suas redes.O me- lhor: esse processo também revi- taliza as áreas onde acontecem. Em seu livro, o arquiteto e urbanista Ayrton Camargo e Silva conta como esse meio de transporte deu lugar aos carros na vida de nossas metrópoles. Nesta entrevista, ele re� ete sobre a mobilidade de ontem e de hoje Vá de bonde “É UMA HISTÓRIA DE ESCOLHAS EQUIVOCADAS NO PLANEJAMENTO DA CIDADE E DA MOBILIDADE” AYRTON CAMARGO E SILVA ARQUITETO E URBANISTA TEXTO MARÍLIA MEDRADO FO TO S : 1 . A R Q U IV O P E S S O A L 2. D IV U LG A Ç Ã O 1. À frente, olha-se para a Avenida São João, no centro de São Paulo. À esquerda, está a Rua Líbero Badaró. Nesta foto de 1918, nota-se a primeira faixa exclusiva para bondes da cidade, que ligava a região do Vale do Anhangabaú ao Largo do Paissandu. 2. Vista da Rua Líbero Badaró, também na mesma época. O poste no meio da via, antes alinhado à calçada, revela o alarga- mento do local para dar passagem aos veículos. 3. Capa do livro de Ayrton Tudo É Passageiro (Annablume Editora, R$ 42,75). 2 2 2 3 1 2 1 AQ352_VIVER 3.indd 34 6/27/16 8:54 PM Inevitável lembrar que os dois dizem estar nu- ma fase de paixão pelo Mediterrâneo ao ver a en- trada, com as paredes al- vas e a porta pivotante azul (Coral, ref. Amsterdam). O piso contribui para o clima: leva pedra de lajão espes- sa, apoiada sobre base de areia e cimento molhada, sem contrapiso. A mesma mistura cobre as frestas. AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 36 6/28/16 4:59 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 37 Um casamento PERFEITO A parceria pessoal e profissional dos donos desta casa de campo soma mais de 30 anos. No escritório onde são sócios e nos projetos que realizam, um se dedica à arquitetura e o outro cuida dos interiores. Como nas uniões felizes e longevas, eles ergueram este recanto inaugurando uma fase madura da vida, marcada pela praticidade e pelo apreço ao essencial inaugurando uma fase madura da vida, marcada pela praticidade e pelo apreço ao essencial POR DEBORAH APSAN (VISUAL) E JOANA L. BARACUHY (TEXTO) PROJETO ALBERTO LAHÓS E MARCO DO CARMO ARQUITETURA E INTERIORES FOTOS CACÁ BRATKE AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 37 6/28/16 4:58 PM Se adotar um porcelanato que imita madeira parecia impensável, a facilidade de manutenção persuadiu Alberto e Marco, cansa- dos de tábuas empena- das e cera. Mas a escolha foi criteriosa. O Ecowood canela (Portobello), em réguas de 22 cm e 15 cm de largura, forra a casa toda com vantagens: a textura é gostosa de pisar e, no dia a dia, basta var- rer e passar pano úmido. AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 38 6/28/16 4:59 PM O talento da dupla não é pouca coi-sa. Com passagem pelo escritó-rio do arquiteto e decorador Sig Bergamin, mestre de uma agra- dável mescla de estilos, Alberto Lahós e Marco do Carmo tornaram-se sócios em 1985 e, des- de então, se dedicam a projetar casas e espaços com supremo conforto, bom gosto, ecletismo e atenção aos detalhes. O sítio que ergueram por mais de uma década – arrumado meticulosa- mente, canto por canto – traduzia em grande nota essa trajetória. Horta, cozinha, objetos e quadros se somavam para um resultado pri- moroso, quase cenográfico. Mas... a manu- tenção trabalhosa e onerosa, o acesso difícil e a vontade de simplificar, típica da maturi- dade, falaram alto. Anos atrás, eles resolve- ram vender o suntuoso imóvel e aderir a uma proposta mais simples, afinada com a nova fase da vida. Escolheram um lote na mesma região – Joanópolis, a duas horas de carro de São Paulo – e se lançaram. “Antes, a conta na lojinha local de agropecuária era enorme. Não dava tempo para descansar, tínhamos que resolver tudo”, sentencia Marco, justifi- cando a escolha por um condomínio fechado, que dispensa o caseiro e requer apenas faxina semanal, limpeza da piscina e jardinagem. Não levaram na mala certezas de que daria certo se instalar em lugar tão diferente, por is- so as decisões vieram aos poucos. Para come- çar, optaram por um terreno alto de 1 150 m2, onde a construção poderia se abrir para os dois lados, receber muito sol e alcançar a vis- ta de uma represa. Pensando em não destoar do ambiente, imaginaram algo com telhado, singelo e compacto. E investiram em acaba- mentos práticos, aplicados de maneira char- mosa e original, grande feito da empreitada. “Nos rendemos à funcionalidade, vencendo nossos preconceitos quanto a materiais que não são autênticos”, continua. Assim o refúgio de 228 m2 ganhou forma. Rapidamente, uma rotina inédita se estabeleceu. Amigos vêm passar o dia: a estrada asfaltada possibilita isso. Não há mais cozinheira, é Marco quem prepara os quitutes, servidos casualmente na varanda. São outros tempos, celebrados pela dupla com leveza. “Se antes acima da mesa de jantar pendia um lustre de cristal, agora ele é de taboa. Aqui a gente tem menos coisas, não acumula. Basta o essencial”, finaliza Alberto. AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 39 6/28/16 4:59 PM 1. O capricho aparece nas portas internas de réguas tingidas de branco e nas lu- minárias de ferro, desenhadas por Marco e encomendadas a uma serralheria lo- cal. 2. No banheiro, lambris nas paredes reforçam o estilo campestre. 3. A suíte e o escritório ostentam uma aplicação original para o MDF Essencial Duna Preto (Eucatex), instalado sobre sarrafos nas paredes. A paginação foi planejada por Alberto, que solicitou o corte dos encaixes macho-e-fêmea antes da fixação. 1 32 AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 40 6/28/16 5:02 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 41 A solução alia bom isola- mento, preço atraente e visual impecável: as portas e janelas são de alumínio branco por dentro, nos caixilhos com vidro, e preto por fora, nas venezianas – ambas cores econômi- cas. O gradil quadricula- do remete à arquitetura brasileira tradicional. AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 41 6/28/16 5:03 PM 42 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 ÁREA: 228 M2; PEDRAS: PR PISCINAS E PEDRAS; TELHAS: TELHAS SANTA CATARINA; ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO: ESQUADRIAS VITÓRIA; MAR- CENARIA: A ESTÂNCIA; SER- RALHERIA: PEÇAS FORJADAS. N VARANDA 4,50 x 4,50 m SALA DE ESTAR 4,50 x 4 m QUARTO 3,30 x 3 m BANH. 1,30 x 1,80 m COZINHA 3,20 x 4,50 m QUARTO 3,20 x 2,70 m LAV. 2,20 x 1,50 m BANH. 3,20 x 1,30 m BANH. 3,20 x 1,30 m SALA DE TV 3,20 x 3,20 m QUARTO 3,20 x 3 m O plano era erguer algo fácil de ser executado pela mão de obra da região. Daí o corpo de concreto e alvenaria, as lajes pré-moldadas na cobertura e os telhados: um da casa, outro da varanda CAIPIRA E MUITO CHIQUE Quem chega pensa estar diante de uma edificação térrea, pois não vê o quar- to extra (abaixo, na planta), inserido no declive. A telha cerâmica palha, do ti- po americana, foi amarrada e acompanha manta de subcobertura. Com- põe com a pedra-madeira, aplicada sem massa aparente em paredes e muros. IL U S TR A Ç Õ E S : C A M P O Y E S TÚ D IO EM ETAPAS O terreno permitiu estabelecer pa- tamares e, num deles, acomodar a piscina. Postada no topo, a cons- trução é atraves- sada pela brisa: as aberturas nos dois lados favorecem a ventilação cruzada. AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 42 6/28/16 4:59 PM 1. Encantados com as enormes árvores do terreno, Marco e Alberto esco- lheram este lote. Depois, trataram de estabelecer sob as copas um quintal, onde põem as cadeiras e repousam à sombra. 2. Na sala de jantar, móveis antigos em nova função e o pendente de fibra natural. 3. Rústica, a bancada é feita com pranchão de angelim-pedra protegido com resina (Bona do Brasil). 1 32 AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 43 6/28/16 5:02 PM 44 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Em clima de sossego, os donos da casa curtem es- te terraço, de onde enxer- gam a represa, as áreas de mata preservada e o vasto horizonte. A atmosfera fi- ca calorosa graças à pin- tura terracota (Coral, ref. Cobre-Alaranjado), marca registrada dos trabalhos deles. Quando o sol fica forte demais (nopoente), mudam-se para o trecho na frente da residência. AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 44 6/28/16 4:59 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 45 “BUSCAMOS ALGO COM A CARA DA REGIÃO E ALGUMA MODERNIDADE” MARCO DO CARMO ARQUITETO AQ352_CS MARCO E ALBERTO.indd 45 6/28/16 4:59 PM 46 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Limpa geometria Com vãos generosos e poucas divisórias, esta casa em Brasília dialoga com a arquitetura pura e a horizontalidade características da cidade POR DEBORAH APSAN (VISUAL) E SILVIA GOMEZ (TEXTO) PROJETO VALÉRIA GONTIJO [+] STUDIO DE ARQUITETURA FOTOS EDGARD CESAR AQ352_CS VALERIA GONTIJO.indd 46 6/28/16 3:43 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 47 O olhar atravessa da entrada ao jardim, mérito da planta livre de colunas e divi- sórias na área de estar. A formalidade visual é compensada pela combinação de materiais quentes, como a pedra mo- ledo (Pedras Bellas Artes), aplicada nos paredões principais, embaixo, e a ma- deira das venezianas dos quartos, em cima. Estas escondem, por dentro, um guarda-corpo de vidro com perfis embu- tidos, além de painéis de vidro em mol- duras de alumínio, para total vedação. AQ352_CS VALERIA GONTIJO.indd 47 6/28/16 3:44 PM 48 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 1 32 1. Um jardim compacto funciona como hall da casa, com o paredão da fachada revestido de pedra moledo, boa parceira para a madeira de demolição da porta de entrada. 2. Três painéis de vidro correm em esquadrias de alumínio (Talentus Esquadrias) quando é preciso isolar o estar do exterior. 3. O rasgo de 2,65 m de comprimento traz a luz do jardim para o escritório, situado no bloco logo atrás dele. AQ352_CS VALERIA GONTIJO.indd 48 6/28/16 3:44 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 49 Esta casa tem um nome: foi chamada de Pedra pelas arquitetas Valéria Gontijo, Isabela Moura e Isabela Valença, do Valéria Gontijo [+] Studio de Arquitetura, responsável pelo projeto de 920 m2 num lote privi- legiado, de 800 m2, em Brasília. São os cortes brutos de rocha moledo, cuidadosamente alinhados nos principais paredões do térreo, os responsáveis pelo ar caloroso da residência, pensada originalmente para um casal com duas crianças. “Eles desejavam linhas retas e poucos limites entre os am- bientes. O revestimento rústico foi essencial como contra- ponto para marcar a fachada e as paredes internas do estar, trazendo o acolhimento necessário”, justifica Isabela Moura. A escolha não resulta visualmente pesada dian- te da amplitude de espaços e da integração dentro e fora, qualidades viabilizadas pelos vãos generosos. “O desafio era criar essas grandes aberturas sem a interferência de pilares, por isso a estrutura de concreto armado robusta, com vigas protendidas. Além disso, executamos testeiras [vigas superiores] menores para as fachadas, elementos que reforçam a sensação de horizon- talidade do conjunto.” Essa calculada geometria é também trabalhada na implantação, estabelecida em dois volumes perpendiculares – o dos quartos, em cima, parece apoiado sobre o de baixo, dedicado aos ambientes sociais e de lazer, voltados para a piscina. “Foi importante criar um espaço gourmet externo totalmente vinculado ao restante da casa. Como o terreno tinha 20 m de largura e teríamos de respei- tar os afastamentos obrigatórios impostos pela legislação de Brasília – de 3 m em uma das laterais e na frente e de 5 m nos fundos –, esse jogo permitiu separar melhor os cômodos que deveriam ficar privados”, complementa Isabela Moura. Mas, se a cidade impõe algumas restrições ao desenho, também oferece motivos de inspiração. “Ela é sem dúvida estimulante para a nossa profissão. Sua arquitetura moderna revela as possibilida- des construtivas da época, o que também procuramos transpor às nossas obras hoje, mas sem aban- donar novas pesquisas e tecnolo- gias”, compara Valéria Gontijo. “TRABALHAMOS COM VOLUMES CLAROS E DEFINIDOS. NÃO HÁ ADORNOS NEM SUPÉRFLUOS” VALÉRIA GONTIJO ARQUITETA Um pergolado de aço corten e vidro estabelece o caminho co- berto até a sala de estar, ambiente totalmente aberto para fora. AQ352_CS VALERIA GONTIJO.indd 49 6/28/16 3:44 PM 50 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 O bloco de lazer reúne área de refeições, sala de TV, brinquedoteca e até adega. Assim como aconte- ce no estar, esse espaço volta-se para a piscina, revestida de pastilhas de 2,5 x 2,5 cm da Bisazza (Vallori), com piso de travertino romano bruto ao redor (Silestone de Brasília) e deck de ipê (Talentus Esquadrias). ÁREA: 920 M2; ARQUITE- TA S C O L A B O R A D O R A S: ISABELA MOURA, ISABELA VALENÇA E LUIZA LANDIM; CÁLCULO ESTRUTUR AL: SI T UA RE A R QUI T E T UR A + ENGENHARIA; CONS- TRUÇÃO: RHC - REZENDE HERMETO ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO; ESQUADRIAS: TALENTUS ESQUADRIAS; MARCENARIA: TALENTUS ESQUADRIAS; LUMINOTÉC- NICA: DESSINE; PAISAGIS- MO: ANA PAUL A ROSEO N PAVIMENTO INFERIOR: 255 m2 TÉRREO: 395 m2 PRIMEIRO PAVIMENTO: 270 m2 BRINQUED. 3,70 x 4,50 m ADEGA 1,90 x 4,60 m SALA DE TV 6,40 x 5,85 m SALA DE REFEIÇÕES 6,40 x 6,40 m VARANDA 9x 4,90 m COZINHA 3,35 x 7,95 m SALAS DE JANTAR E DE ESTAR 9 x 11,35 m ESCRIT. 6,50 x 3,20 m GARAGEM 9,60 x 12 m LAVAND. 4,85 x 4 m ÁREA DE SERVIÇO 4,85 x 3 m QUARTO 3,35 x 2,95 m QUARTO 3,35 x 2,95 m QUARTO 3,85 x 7,50 m SUÍTE 3,85 x 7,50 m QUARTO 3,85 x 5,35 m QUARTO 3,85 x 4,40 m SALA DE TV 5,70 x 7,50 m Em função dos recuos obrigatórios e a � m de aproveitar melhor a largura do terreno, de 20 m, o projeto se estabelece em dois blocos perpendiculares, separando claramente social e privado UM PRA LÁ, OUTRO PRA CÁ IL U S TR A Ç Õ E S : C A M P O Y E S TÚ D IO AQ352_CS VALERIA GONTIJO.indd 50 6/28/16 3:44 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 51 1 32 1. A abertura de 2,56 x 3,05 m na parede de pedra moledo distri- bui a circulação para o eixo perpendicular. 2. À esq., fica o es- critório dos moradores, com janela voltada para o jardim de en- trada. 3. À dir., o corredor leva à cozinha, seguida, mais à frente, pelos ambientes de lazer abertos para a área externa. Em todo o piso, repete-se o travertino romano bruto (Silestone de Brasília). AQ352_CS VALERIA GONTIJO.indd 51 6/28/16 4:25 PM 52 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 1 AQ352_CS VALERIA GONTIJO.indd 52 6/28/16 3:44 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 53 MIX DE REVESTIMENTOS PEDRA MOLEDO Variedade do granito, esse material rústico tem na superfície irregular e manchada seu trunfo. “O aspecto primitivo é interessan- te para cobrir paredões e muros de áreas externas, principalmente. É naturalmente resistente em função da prévia exposição ao tempo”, afirma Cid Chiodi Filho, geó- logo e consultor da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas). Aqui, os recortes foram as- sentados com bastante regularidade. TRAVERTINO ROMANO BRUTO Instalado em placas de 1,20 x 2,30 m na parede e no piso, ele empresta seu vi- sual clássico e neutro à casa. “Trata-se de uma rocha carbonática formada em ambientes continentais de água doce, não marinhos, o que gera as cavidades porosas. Por isso, é sujeito a infiltrações e menos resistente a ataques químicos ácidos, poluição e desgaste abrasivo”, ensina Cid. Recomendação? Sobretudo nos locais ao ar livre, aplique selante im- permeabilizante contra água e óleo. 1 2 2 Se estendendo do interior ao exterior, os dois tipos de pedra usados no projeto dialogam na variação de tons, do cinza ao bege AQ352_CS VALERIA GONTIJO.indd 53 6/28/16 3:44 PM 54 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Obra aberta Para além do marketing do chamado espaço gourmet, as varandas hoje se valorizam com múltiplos usos nos apartamentos. Veja a seguir uma seleção de projetos que aproveitaram cada centímetro de forma criativa POR DEBORAH APSAN (VISUAL) E RENATO BIANCHI (TEXTO) Elas vieram para ficar: não é de hoje que deixaram de ser um simplescanto de relaxamento no apartamento. Com finalidades e estruturas cada vez mais surpreendentes, as varandas já desfru- tam do status de espaço cobiçado. Essa vocação híbrida possibilita diferentes formas de ocupação: sala de estar ou de jantar, escritório, salão de jogos e até cozinha. Também podem ser converti- das em extensão natural do living, des- de que haja um sistema de isolamento contra o vento e o barulho. Vale saber: a multiplicação desses espaços decor- re, entre outras razões, do código de zoneamento de algumas cidades. Eles permitem que, até certo limite, os ter- raços não sejam computados como área útil dos edifícios. No entanto, antes de empreender qualquer transformação no ambiente, é preciso saber se sua estrutura comporta as modificações e se existem impedimentos legais e do condomínio. Cada munícipio tem suas próprias normas quanto ao fechamen- to, nivelamento e outras intervenções. Por isso, o projeto de arquitetura deve levar em conta todas essas questões. AQ352_VARANDAS.indd 54 6/28/16 7:30 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 55 CINCO EM UM O arquiteto Rafael Leão, do Studio 3.7 Arquitetura e Interiores, con- verteu a varanda do apartamento paulistano em um ambiente poli- valente, com cinco funções. Todas as microambiências conversam de forma harmônica e se integram ao living, separado pelas portas de correr de vidro originais, man- tidas. Para tanto, o piso e o forro foram nivelados e a iluminação, uniformizada, com lâmpadas di- croicas pontuais. A marcenaria (Marcenaria Silva & Suzuki), toda de freijó, se encarrega de reforçar a unidade. Assim, o trecho em L de 66 m2 ganhou sala com lareira, além de um canto com churras- queira e áreas de trabalho, descan- so, estudos e jogos. Entre as solu- ções, se impõe a estante de livros – a família toda adora ler. No chão, porcelanato de 90 x 90 cm (ref. Urban Concreto, da Portinari). DUAS UTILIDADES A lareira a gás (LCZ Lareiras) ocupa o centro da mesinha de travertino romano bruto (Mont Blanc Mármores), de 35 x 60 x 200 cm. FO TO S : P A U LO S A N TO S AQ352_VARANDAS.indd 55 6/28/16 7:30 PM 56 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Para transformar o espaço da varanda em uma cozinha, es- te projeto exigiu uma pequena obra além da troca de revesti- mentos, começando pela tu- bulação. O sistema hidráulico conectou-se ao ponto de água da churrasqueira antes exis- tente, removida na reforma. Tudo isso feito sob a laje, pelo forro do andar de baixo, área comum do prédio. Já a parte elétrica foi puxada do quarto si- tuado bem ao lado na planta. COMO ADAPTAR A INFRAESTRUTURA FO TO S : P A U LO S A N TO S AQ352_VARANDAS.indd 56 6/28/16 7:30 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 57 PIA ESPECIAL Os arquitetos desenharam esta cuba de superfície sólida mineral (Corian, da DuPont; execução da Serplac), que se debruça sobre a bancada de granito preto são gabriel levigado (Di Mármore). FORMATO RETRÔ Rústico, o piso original deu lugar ao ladrilho hidráulico hexagonal, de 16,5 x 16,5 cm (Dalle Piagge). VIROU COZINHA Uma churrasqueira e nada mais. Assim era constituída a varanda de 18 m2 do apartamento em São Paulo. Como a família é aficiona- da por gastronomia e a cozinha era pequena, tiveram a ideia de criar uma segunda área no terra- ço para preparar pratos e receber convidados. Responsável pelo projeto, o DT Estudio nivelou o pi- so e retirou a porta de correr que isolava o local, instalando um ba- tente de madeira. Na parede, azu- lejos Liverpool White (Portobello). Marcenaria da Real Móveis. AQ352_VARANDAS.indd 57 6/28/16 7:30 PM 58 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 JANTAR Deste lado, as refeições se organizam na mesa laqueada, que tem como apoio a bancada de Marmoglass, ao fundo. Sob esta, o ripado esconde uma adega. FO TO S : P A U LO S A N TO S AQ352_VARANDAS.indd 58 6/28/16 7:30 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 59 ESTAR Este trecho recebeu sofá, poltrona e mesa de centro, tornando-se uma extensão da área social adjacente. DUAS SALAS O apartamento recém-comprado ostentava uma varanda generosa, com quase 11 m de comprimento. O problema era a largura: apenas 2,5 m. Os novos donos queriam que o espaço comportasse uma mesa de jantar e uma sala de estar, mas a estrutura não ajudava. A solução dada pelo arquiteto Felipe Hsu foi instalar um banco de freijó junto ao guarda-corpo, ligando as duas extremidades do terraço e asse- gurando unidade ao ambiente. Piso de travertino romano bruto. AQ352_VARANDAS.indd 59 6/28/16 7:30 PM 60 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 CONTROLE DA LUZ Os dois painéis de azulejos (Alexandre Mancini) com moldura metálica e madeira laqueada no verso correm por toda a varanda, bloqueando o sol de acordo com a hora do dia. Cada um mede 1,10 x 2,45 m. MIX NO PISO Peças de diferentes cores de superfície de quartzo (Silestone) se combinam com tacos de sucupira (RB Pisos de Madeira) na paginação escama de peixe. AQ352_VARANDAS.indd 60 6/28/16 7:30 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 61 PARA AS HORAS DE FESTA Em vez de cortinas, dois modernos painéis móveis se posicionam para regular a entrada de claridade e preservar a vista privilegiada des- te apartamento paulistano. Essa solução norteou a arquiteta Flávia Gerab ao incorporar a varanda em L de 25 m2 à sala. “A divisão de ambientes não fazia sentido para os moradores, um jovem casal, sobretudo porque eles costumam receber muitos convidados ao mesmo tempo”, explica Flávia. A obra nivelou e uniformizou piso e forro e removeu os caixilhos exis- tentes. A vegetação em vasos de pano comprados em viagem im- prime um charme especial e real- ça o aspecto solar do novo espaço. MUITOS AMIGOS A pedido do casal, os arquitetos projetaram uma grande mesa de sucupira (WV Design). Com 1,20 x 4,30 m, ela abraça o pilar. FO TO S : M A R C O A N TÔ N IO AQ352_VARANDAS.indd 61 6/28/16 7:30 PM 62 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 VOLUME DE MADEIRA O deck de cumaru vai além do piso e reveste não só o sofá voltado para a vista como também esconde o ar- condicionado. Trabalho da Moraes Marcenaria. FO TO S : R IC A R D O B A S S E TT I AQ352_VARANDAS.indd 62 6/28/16 7:30 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 63 EFEITO TAPETE O mobiliário foi escolhido para harmonizar com os tons do piso de ladrilho hidráulico que já havia sido colocado pelos clientes. PURO LAZER O desafio estava posto: transfor- mar uma varanda de 20 m2 que os moradores mal conseguiam utilizar em um ponto de conví- vio aconchegante. Para tanto, era preciso esconder o inconvenien- te aparelho de ar condicionado e reinventar o ambiente a partir dos elementos já incorporados pe- los clientes. “A proposta era criar uma sala de estar para receber os amigos sem perder a essên- cia de local aberto e relaxante”, diz a arquiteta Andrea Lucchesi, do Mestisso, autor do projeto. AQ352_VARANDAS.indd 63 6/28/16 7:31 PM 64 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 BELO ALINHAMENTO Piso e forro foram nivelados e a varanda em L ganhou proteção de vidro (Sistema Vão Livre), com folhas laminadas de 10 mm de espessura em perfis de alumínio. Existem três sistemas prin- cipais: o europeu (articulado, permite abertura total do vão), o stanley (de correr) e o ver- satik (limita a abertura, mas veda melhor). Para Vítor da Rosa, da Alump, especializada nessas estruturas, as folhas da parte superior, independen- temente do sistema, devem ser temperadas, com ao me- nos 8 mm de espessura. Para o guarda-corpo, o especialis- ta indica superfícies duplas de vidro laminado tempera- do, com 6 mm cada uma. O FECHAMENTO DE VIDRO IDEAL FO TO S : P A U LO S A N TO S AQ352_VARANDAS.indd 64 6/28/16 7:31 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 65 PONTOS DE MADEIRA A marcenaria (Eduardo MorenoMarcenaria) tem papel essencial no projeto, que aplicou o mesmo carvalho francês nos painéis e no mobiliário, interligando os ambientes. INTEGRAÇÃO TOTAL Quando a família contratou o escri- tório Storrer Tamburus para pensar a obra do apartamento de 352 m2 em São Paulo, um dos objetivos era dar mais amplitude à ala social. “Propusemos incorporar completa- mente a varanda de 80 m2, gerando um grande espaço aberto”, explica o arquiteto Fábio Storrer. Uma das sacadas da nova distribuição foi conectar tudo, a exemplo do sofá único, que pode ser usado em am- bos os lados, atendendo, ao mes- mo tempo, o estar e a área da TV. O escritório também foi incluído nesse trecho, e a cozinha gourmet, anexada ao jantar. No piso, porce- nalato de 1,20 x 1,20 m da Lappatto. AQ352_VARANDAS.indd 65 6/28/16 7:31 PM 66 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Que entre A LUZ Uma reforma radical transformou este sobrado paulistano, antes escuro e compartimentado, numa morada clara e integrada. Cercado de jardins, ele ganhou ainda mais vida entre as texturas de madeira, pedra e concreto POR DEBORAH APSAN (VISUAL) E MARÍLIA MEDRADO (TEXTO) PROJETO GALERIA ARQUITETOS FOTOS EVELYN MÜLLER AQ352_GIL MELO.indd 66 6/28/16 2:54 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 67 No fundo da sala, a lumi- nosidade ganhou passa- gem graças aos painéis de vidro em esquadrias de freijó e batentes de cumaru (SD Marcenaria) que en- velopam o pátio interno. No piso, tacos de peroba de demolição. Tijolinhos assentados com junta seca cobrem a parede es- trutural mantida na obra. AQ352_GIL MELO.indd 67 6/28/16 2:55 PM 68 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 “DA SALA, É POSSÍVEL SENTIR O TERRENO DE FORA A FORA, DA FRENTE ATÉ OS FUNDOS DELE” FERNANDA NEIVA, ARQUITETA A pedra goiás verde reveste o piso externo e a moledo, o muro. A parede de concreto esconde a porta social – o banco de madeira delimita o acesso de pedestres ao estar e completa o espaço. AQ352_GIL MELO.indd 68 6/28/16 2:55 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 69 Uma casa gostosa de morar e integrada, com área externa para receber os amigos, uma co-zinha agradável onde a proprietária pudesse desfrutar de seu hobby em meio a ingredien- tes e panelas, além de quatro quartos e... ah, não menos im- portante: um telhado bem tradicional. Em meio a tantos desejos, reformar o imóvel adquirido pelo casal com dois filhos num bairro nobre da capital paulista parecia mes- mo assunto urgente. Apesar da boa localização, a excessi- va compartimentação e a área de serviço grande demais, aspectos costumeiros em residências antigas como esta, pediam atualização. A princípio pequena na imagina- ção dos moradores, a mudança tomou proporções reais – bem maiores – na prancheta dos arquitetos Fernanda Neiva e Gil Mello, sócios no escritório Galeria Arquitetos. “Reaproveitar a estrutura existente era uma premissa, pois não fazia sentido pensar numa fundação nova no terreno com características de várzea”, explica Fernanda. Aos olhos dos profissionais, outro problema cha- mava a atenção: a falta de luz na parte central do tér- reo. “O quintal antigo, situado onde agora fica a lavan- deria, era um local escuro e úmido, espremido entre o muro de 6 m do vizinho e a velha edícula.” Trans- ferido para o lado desse paredão, o anexo de serviços deu lugar à área de lazer, banhada pela luz da manhã. Além disso, criou-se um pátio interno, inundando de claridade o meio da planta. “O pavimento de cima já possuía o recorte. Só removemos a laje, o que permi- tiu que a luminosidade chegasse ao andar de baixo.” Redesenhada e aberta por esse novo vão, que pa- rece se prolongar até a sala de estar, a entrada tornou- -se um convite a quem chega. Mesmo no interior, o verde dos jardins ao redor da construção apresenta-se através das janelas e portas de vidro generosas. A vi- são é proporcionada em parte também pela mudan- ça do sentido da escada metálica vazada, pintada de verde. Lá em cima, a distribuição dos cômodos foi re- feita. Ao migrar para os fundos, o quarto do casal en- controu espaço suficiente para virar uma suíte com closet. Na frente, olhando para a rua, instalaram-se dois novos dormitórios onde antes havia apenas um. E o telhado? Ao projeto apresentado pelos arquite- tos, só houve um pedido de alteração dos clientes. “O dese- nho sugeria uma cobertura reta, mas eu fazia questão de- le”, revela a moradora. Pronto, lá está agora a armação de quatro águas valorizada pelo esmerado beiral de cumaru. À esq.: as janelas do térreo dão visibilidade ao jardim composto de helicônia, costela-de-adão, filodendro e íris, pai- sagismo assinado pelo escritório Gabriella Ornaghi Arquitetura da Paisagem. À dir.: comprida, a prateleira de concre- to armado perto do forro parece alongar a sala de TV. Ela continua do lado de fora, protegendo os caixilhos das intempéries. AQ352_GIL MELO.indd 69 6/28/16 2:55 PM 70 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 1. Além das salas, a nova cozinha também fica aberta para o pátio interno, grande fonte de luminosida- de natural no térreo. 2. Diante do vizinho, uma das laterais da casa ganhou tijolos de vidro de 8 x 19 x 19 cm (2s Glass Block). Essas peças, ora foscas, ora transparentes, garantem privacidade ao pavimento superior. ÁREA: 240 M2; ARQUI- TETOS COLABORADO- RES: JULIA PINHEIRO E LILIANE NAMBU (CO- ORDENAÇÃO) E KARINA A L M E I D A ; C Á L C U L O ES TRUTUR AL: JAIRO CORREA JUNIOR; CONS- TRUÇÃO: BOGNER EM- PREITEIRA; PAISAGISMO: GABRIELL A ORNAGHI ARQUITETURA DA PAISA- GEM; LUMINOTÉCNICA: GALERIA ARQUITETOS N TÉRREO: 104 m2 PRIMEIRO PAVIMENTO: 136 m2 A área social parece abraçar o pátio no centro do térreo. Em cima, a fachada da frente passou a abrigar dois quartos, deixando a suíte maior nos fundos ANTES SEGREGADA, AGORA INTEGRADA SALA DE ESTAR 6,20 x 8,35 m QUARTO 3,90 x 2,75 m BANH. 1,40 x 3,35 m BANHEIRO 1,95 x 3,90 m BANH. 1,85 x 1,70 m QUARTO 5,40 x 6,75 m QUARTO 2,95 x 3,60 m QUARTO 2,95 x 3,60 m SALA DE TV 4,15 x 3,75 m PÁTIO 2,95 x 2,95 m COZINHA 2,90 x 5,35 m LAVANDERIA 2,30 x 2,70 m SALA DE JANTAR 4,15 x 3,50 m 1 2 EM BUSCA DA CLARIDADE Duas soluções ajudaram a trazer mais luz para a residência AQ352_GIL MELO.indd 70 6/28/16 4:09 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 71 “O PÁTIO INTERNO FOI ESSENCIAL AO TRAZER LUZ E INTEGRAÇÃO ESPACIAL AO PROJETO” FERNANDA NEIVA, ARQUITETA A cozinha tem armários de MDF revestidos de folhas de freijó. Toda a marcenaria foi realizada pela Roberto Gonçalves Comércio de Móveis. No piso, optou-se pelo la- drilho hidráulico de 10 x 20 cm (ref. Azul Ultramar, da Ladrilar) com resina im- permeabilizante protetora. AQ352_GIL MELO.indd 71 6/28/16 2:55 PM 72 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 Acima: pendurado numa viga metálica, o pergolado de cumaru possui cobertura de vidro. Além de um convite à permanên- cia, o banco curvo de concreto delimita o canteiro do jardim, que conta com uma pitangueira e vegetação tropical. Abaixo: o mesmo ladrilho hidráulico do piso da cozinha é repetido no frontão da churrasqueira. Os armários são de ripas de freijó. No piso, a pedra goiás verde do pátio de entrada exibe aqui outro tratamento: emoldurada pela grama, deixa o solo permeável. AQ352_GIL MELO.indd 72 6/28/16 2:55 PM Quando abertas, as vene- zianas de correr das janelas ficam embutidas na alvena- ria, padrão que se repete na fachada da frente da casa. AQ352_GIL MELO.indd 73 6/28/16 2:55 PM PENSAMENTO REVERSÍVEL Todo aberto, o projeto de reforma deste apartamento de 80 m2 em São Paulo atendeu perfeitamente ao dia a dia do jovem casal sem � lhos. Mas, quando há visitas, cada canto pode se transformar para receber os amigos e a família sem maiores incômodos POR DEBORAH APSAN (VISUAL) E SILVIA GOMEZ (TEXTO) PROJETO SUB ESTÚDIO FOTOS VICTOR AFFARO AQ352_AP RENATA PEDROSA.indd 74 6/28/16 4:04 PM PENSAMENTO REVERSÍVELDa porta de entrada, é possível visuali- zar até os fundos da planta, claramen- te distribuída em dois setores: áreas secas, com sala e quartos (à esq.), e molhadas, com cozi- nha, banheiro e área de serviço (à dir.). AQ352_AP RENATA PEDROSA.indd 75 6/28/16 4:11 PM 76 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 É tudo novo, não sobrou quase nada: na refor-ma do apartamento paulistano de 80 m2, caíram todas as paredes que podiam ser retiradas, sem papel de sustentação. Dos acabamentos, apenas a superfície bruta do cimento agora se revela no teto e nas paredes, expondo a estru- tura original do prédio dos anos 70. “Tentamos man- ter o piso de madeira, mas logo percebemos que ele não aguentaria mais um restauro. No final, não apro- veitamos muita coisa”, conta Isabel Nassif, uma das arquitetas do escritório Sub Estúdio, autor da obra. Inexpressiva e dividida, a planta ganhou abor- dagem completamente nova, calcada na integração de espaços – no dia a dia, até o quarto do casal permanece aberto. O segundo dormi- tório, contíguo, assumiu a função de closet, delimitado por um grande armário de madeira do piso ao teto. Apa- rentemente comum, esse ele- mento se mostra essencial no jogo inteligente de funções elaborado para o jovem ca- sal. “Os dois são de Porto Alegre e, de vez em quando, recebem a família. Era importante então inventar uma solução reversível para esses momentos”, afirma a arquiteta Renata Pedrosa, também do Sub Estúdio. Quando há visitas, um colchão desliza pela frente da cama da suíte e se instala no closet, que, por sua vez, vira um segundo quarto com as portas de vidro fe- chadas. Privacidade? Basta puxar as cortinas do tipo blecaute e correr os dois painéis de madeira recolhi- dos na lateral dos gaveteiros, um pouco à frente. O ba- nheiro único passa a ser acessado somente pelo corre- dor (há uma entrada pelo cômodo do casal) e a cena se completa, instaurando a dinâmica compartilhada. Graças a essa marce- naria tão calculada, não há lugar para bag unça nem excessos, o que deixa emer- gir o estilo do projeto, en- tre o retrô e o industrial, no qual esquadrias de ferro e louças de demolição convi- vem com concreto e canos à mostra. Sim, tudo novo, mas com leve perfume antigo. 1. Duas portas de correr de freijó – a mesma madeira de toda a marcenaria da casa – escorregam da lateral esquer- da a fim de criar a situação para visitas, formando uma caixa ao encontrar o armário de 0,60 x 3,15 m. Este móvel grande faz as vezes de divisória, demarcando um pequeno corredor que leva ao banheiro. 2. Na versão aberta, adota- da no cotidiano do casal, o espaço interno é usado como closet, auxiliado pelos gaveteiros ao longo de toda a parede. “O ARMÁRIO FUNCIONA COMO DIVISÓRIA, E PORTAS DE CORRER FLEXIBILIZAM O ESPAÇO, DE CARÁTER MULTIÚSO” RENATA PEDROSA ARQUITETA S EM HÓSPEDES2CO M HÓSPEDES1 AQ352_AP RENATA PEDROSA.indd 76 6/28/16 3:49 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 77 LIMITE SUTIL Ajudada pelas cortinas, a porta de vidro isola o quarto sem pesar o visual. Repare que ela se encaixa entre os gaveteiros, interrompidos para sua passagem. Além da marcenaria, detalhes como a bi- cama, os caixilhos de ferro da porta de vidro (3 cm de espessura) e os puxadores de aço dos armários foram desenhados pelas ar- quitetas. Serralheria da Cuenca & Cuenca. AQ352_AP RENATA PEDROSA.indd 77 6/28/16 4:01 PM 78 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 A planta apresenta dois blocos claros, separados pelo corredor central estabelecido pelo armário: quartos e sala, de um lado, e áreas molhadas, com banheiro e cozinha, de outro FAIXA DUPLA LAVANDERIA CURINGA Camuflada atrás do vidro jateado, ela cedeu uma pequena parte de sua área ao banheiro, bem ao lado. “Conseguimos absorver nele um dos módulos de sua janela. Além de luz, o arranjo trouxe espaço para encaixar a banheira, desejo dos moradores”, conta Renata. ÁREA: 80 M2; ARQUITETAS: ANA DIX, ISABEL NASSIF, MARINA CAUSÍ, MARINA MORELLI E RENATA PEDROSA; OBRA: REPRENC PROJETOS E DECORAÇÕES; MARCENARIA: MARCENARIA LAERCIO; SERRALHERIA: CUENCA & CUENCA QUARTO 3,55 x 3,15 m QUARTO 3,55 x 3,35m SALA DE ESTAR 5,95 x 2,95 m COZINHA 3,20 x 3,50 m LAVANDERIA 1,35 x 2,15 m BANHEIRO 3 x 2,85 m DEMOLIDO CONSTRUÍDO LUZ NATURAL Os cobogós de cimento (NeoRex) trazem a luminosidade e a ventilação da área de serviço, situada logo atrás do banheiro. À esq.: com dois lavatórios, o banheiro pode ser usado como um único ambiente ou dividido ao meio, funcionando como lava- bo. Pia de demolição da loja Produtos Fora de Linha. À dir.: com entrada pelo quarto do casal, este trecho tem bancada de con- creto e metais da Deca banhados de cobre (trabalho do Hospital das Pratas). Na parede, azulejos comprados na Leroy Merlin. IL U S TR A Ç Ã O : C A M P O Y E S TÚ D IO AQ352_AP RENATA PEDROSA.indd 78 6/28/16 4:02 PM Para conseguir aco- modar a banheira, o ambiente tomou um pedaço da lavanderia e de sua janela. Na obra, o degrau de 18 cm de altura precisou ser criado para pas- sar o encanamento novo (ralo e esgoto), o que acabou deli- mitando a área do banho. O piso exibe pastilhas hexago- nais (Cerâmica Atlas). CANOS APARENTES De cobre, eles foram assumidos na reforma. Nesta instalação, as curvas funcionam como toalheiro aquecido quando o chuveiro está ligado. AQ352_AP RENATA PEDROSA.indd 79 6/28/16 4:02 PM DETALHE DECORATIVO Com 80 cm de altura, o painel de vidro jateado em caixilho de aço corre no trilho superior, compondo arranjo com as prateleiras de freijó. 1. No estar, as paredes descascadas e lixadas revelam o concreto do prédio, protegido com verniz Acqüella (Vedacit). O mate- rial foi usado para erguer a estante da TV (Onofre Móveis), que se desdobra em um banco de 48 cm de altura sob a janela, ocu- pado com plantas. 2. A cozinha tem bancadas de granito preto absoluto (Pedras Marajoara Marmoraria) acima dos armários de freijó. 3. Vista do corredor formado pelo armário também de freijó. O baixo-relevo nele está calculado para receber quadros. 1 32 AQ352_AP RENATA PEDROSA.indd 80 6/28/16 4:02 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 81 DISFARCE PARA OS DUTOS Os tubos de PVC do ar- condicionado foram escondidos pela moldura de aço enferrujado, de 30 cm de altura. “Para manter a linguagem ao longo do imóvel, ela percorre todas as vigas”, pontua Renata. Aberta, a cozinha tem seus limites in- dicados pelo piso de pastilhas hexagonais de porcelana, mes- mo acabamento visto no banheiro. À esq., está a porta da la- vanderia, que repete os caixilhos de ferro da divisória do dormi- tório dos moradores. AQ352_AP RENATA PEDROSA.indd 81 6/28/16 4:02 PM 82 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO JULHO 2016 JARDIM DE ESTAR O complexo paisagístico instalado num terreno de 2 500 m2 ousa ir além da exuberância visual: o lugar foi concebido para receber convidados com conforto e prazer para todos os sentidos POR RENATO BIANCHI (TEXTO) PROJETO GILBERTO ELKIS FOTOS RENATO ELKIS AQ352_JARDIM ELKIS.indd 82 6/28/16 4:05 PM JULHO 2016 ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO 83 Contemplação e convívio. A partir des-ses dois princípios, o paisagista Gilberto Elkis transformou o terreno antes inós-pito, parte de uma casa em Campinas, SP, num exuberante jardim toscano. “Como o pro- prietário gosta de estar com amigos, a ambien- tação, além de bonita, deveria ser bem aconche- gante e hospitaleira”, lembra o autor do projeto. A composição da área externa, portanto, não po- deria atender apenas ao olhar. Era preciso que o espaço abrigasse áreas de convivência acolhedoras e valesse como um “convite ao uso”, nas palavras de Elkis. Com isso em mente, ele desenvolveu uma solução rica em texturas e plena de recantos de convívio. Entre eles, sobressaem o banco/cama – um futon res- guardado sob o pergolado cam- pestre – e o solário com piscina. Para explorar plenamente o aspecto funcional do jardim,
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