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Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 1 - SEMANA 1: 25 a 31 de maio Nesta aula você entenderá o que é economia, no que esta ciência se preocupa e quais suas divisões. Qual a relação entre economia com outras ciências e principalmente com você. Bons estudos! Prof.ª Formadora Van’essa Côrtes 1. CONCEITO DE ECONOMIA A palavra economia deriva do grego oikonomía (de óikos: casa e nómos: lei), que significa a administração de uma casa, ou do Estado e pode ser assim definida. Os economistas estudam a forma com que os indivíduos, os diferentes coletivos, as empresas de negócios e os governos alcançam seus objetivos no campo econômico. Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Estuda os processos de produção, distribuição, comercialização e consumo de bens e serviços. Bem como as variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho, tecnologia), na distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços das mercadorias. Estuda também como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir os mais variados tipos de bens. Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica: Escolha; Escassez; Necessidades; Recursos; Produção; Distribuição. Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão-de-obra, terra, capital, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam, por força do próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe de todos os recursos necessários para satisfazer todas as necessidades da coletividade. Tem-se então um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas. Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 2 - Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os vários grupos da sociedade. Este é o desafio central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados para satisfazer todas as necessidades da população? Evidentemente, se os recursos não fossem limitados, ou seja, se não existisse escassez, não seria necessário estudar questões como inflação, desemprego, crescimento, déficit público, vulnerabilidade externa e outras. Mas a realidade não é assim e a sociedade tem de tomar decisões sobre a melhor utilização de seus recursos, de forma a atender ao máximo das necessidades humanas. A Ciência Econômica é tratada como uma ciência social, porque ela relata às três questões fundamentais, vinculadas as pessoas, que são: Para responder a todas estas perguntas necessita-se que se pense em indivíduos que querem ou necessitam consumir e pessoas, que possuem os fatores de produção, dispostas a produzir ou prestar os serviços para atender tais necessidades. As pessoas detêm necessidades ilimitadas, porque seus desejos ou suas rotinas diárias as obrigam a consumir um determinado produto ou serviço. As empresas que prestam serviços ou fabricam algo, possuem um fator muito importante que repercute na definição de economia, os recursos disponíveis são escassos, logo se cria uma condição de limite de produção. Unindo estas duas abordagens, chega-se a definição de economia, enquanto ciência: “É a ciência que estuda os recursos escassos e as alternativas de produção, para atender as necessidades ilimitadas dos indivíduos.” “... compete o estudo da ação econômica do homem, envolvendo essencialmente o processo de produção, a geração e a apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação.” (Rossetti, pg.31) A economia se relaciona com várias outras ciências, conforme abaixo, por exemplo: Ética Filosofia Direito Antropologia Psicologia Sociologia Política Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 3 - 1.1. Os Problemas Econômicos Fundamentais Questão central do estudo da economia: como alocar recursos produtivos limitados (escassos) para satisfazer a todas as necessidades da população? Esse questionamento levou a sociedade a repensar sobre os modelos de sistema econômico. Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do homem, origina-se os chamados problemas econômicos fundamentais. o quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas; como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível; para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por herança. O modo como as sociedades resolvem os problemas econômicos fundamentais depende da forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de cada nação. Sua preocupação fundamental refere-se aos aspectos mensuráveis da atividade produtiva, recorrendo para isso aos conhecimentos matemáticos, estatísticos e econométricos. De forma geral esse estudo pode ter por objeto a unidade de produção (empresas – objeto de estudos pertencentes à macroeconomia), a unidade de consumo (famílias – objeto de estudos pertencentes à microeconomia) ou então a atividade econômica de toda a sociedade. Como as empresas exigem competências que em muitos casos não existem, logo cargos vazios em são rotinas e perduram por algum tempo. Evidentemente a ciência econômica trabalha esta situação para explicar, demonstrar e mensurar salários, custos de produção, taxas de desemprego, PIB, arrecadação de impostos, entre outras situações que serão vistas mais adiante. Seguem alguns itens de relevância para a economia: Agentes: comportamento dos agentes econômicos. Ex: pessoas, empresas e governo. Escassez: produtos escassos são de interesse desta ciência, enquanto bens existentes abundantemente não lhe interessam. Ex: água é de interesse, ar não é de interesse. Deve-se salientar que existe uma diferença muito grande entre recursos naturais e produtos. Os recursos naturais estão escassos em muitas regiões do mundo e, portanto é de interesse da economia estudá-lo. Os produtos como possuem fontes diferentes de produção levam em seu processo produtivo algum ou alguns recursos naturais como matéria prima logo podem ser estudados pela economia, pois estes recursos estão ou poderão estar escassos. Produção: processo produtivo para gerar riqueza e satisfação para consumidores. Ex: mercado de carros, mercado de boi, hospital, delegacia de polícia, etc. Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 4 - Mercado: local onde se comercializamprodutos ou serviços. Ex: mercado de carros, mercado de boi, hospital, delegacia de polícia, etc. Preços, trocas, valor, moeda, concorrências, agregados, crescimento, equilíbrio e organização, são mais alguns itens que a ciência econômica se preocupa. 1.2. Cronologia Do Estudo Da Economia Eventos recentes que influenciaram os estudos da economia mundial: Grande depressão de 30: estudiosos da economia buscaram encontrar caminhos para a estabilização ocorrida em virtude da quebra da bolsa de NY (1929); 1936: John Maynard Keynes postula a moderna teoria da análise econômica, onde propunha que as políticas econômicas adotadas não funcionavam adequadamente, e sugeria que o Estado deveria intervir como regulador da Economia. 1945: 55% da capacidade industrial voltada para armamentos (na época era considerado muito mais lucrativo e tinha grande demanda); também houve um grande despertar para o crescimento de povos subdesenvolvidos (foi motivado principalmente pela facilitação das economias internacionais e também pela busca do bem-estar); 1946: invenção do Eniac (Pensilvânia University) – equipamento pesando 30 tons, com a capacidade de fazer cálculos balísticos complexos. Década de 50 e 60: busca pelo crescimento econômico por países subdesenvolvidos: o Desenvolvimento econômico = condição de bem estar (apesar de muitas vezes o bem-estar não estar relacionado ao progresso) o Globalização em fase acelerada no começo da década de 50. o As nações pobres sofriam com a explosão demográfica, desequilíbrio ecológico, exploração desequilibrada e consumo destrutivo. 1969: criação da primeira infra-estrutura global de comunicações e os respectivos protocolos (ARPANET – o precursor da Internet). 1985: instauração da Perestroika (que significa reconstrução, reestruturação) foi, em conjunto com a Glasnost, uma das políticas introduzidas na União Soviética por Mikhail Gorbachev, em 1985. Ganhou a conotação de “reestruturação econômica”. (Gorbachev sentiu que a economia da União Soviética estava decaindo, e percebeu que o sistema socialista, apesar de não ter de ser substituído, certamente necessitava de uma reforma - uma das idéias principais era a de reduzir a quantidade de dinheiro gasta na defesa nacional). Fim de 1989: queda do Muro de Berlim e reunificação das Alemanhas Oriental e Ocidental. 1990: operadores privados começaram a criar as suas próprias infra-estruturas, e as restrições à comercialização da Internet foram totalmente abolidas, aparecendo a World Wide Web, o desenvolvimento dos browsers, a diminuição de custos de acesso, o aumento de conteúdos, entre outros fatores, fizeram com que a Internet tivesse um crescimento exponencial. Fim de 1991: decretado o fim da URSS. Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 5 - 1992: estabelecido o Tratado da União Européia (normalmente conhecido como Tratado de Maastricht), ou mercado único europeu (que nada mais é do que uma união aduaneira), com uma moeda única (o euro, adotado por 13 dos 27 estados membros) e políticas agrícola, de pescas, comercial e de transportes comuns. fim do século XX: surgimento da questão crucial sobre a aceleração do crescimento econômico das economias periféricas. Globalização acelerada principalmente depois do tremendo avanço tecnológico das telecomunicações, dos computadores em rede e da Internet. 1.3. Divisão Do Estudo Econômico A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em quatro áreas de estudo: A. Microeconomia ou teoria de formação de preços: estuda a relação entre indivíduos que produzem e as pessoas que se necessitam de algo ou estão dispostas a gastar seu dinheiro com algum bem. Essa relação se chama oferta e procura, que estabelece uma regra muito importante e que impulsiona os mercados a Lei da Oferta e Procura. Esta lei dita preços e quantidades consumidas ou produzidas. Por este motivo, por se tratar de algo tão próximo a nós, é muito importante conhecer e discutir um pouco sobre o assunto. A Microeconomia estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do sistema, por meio de preços e quantidades relativas, ou seja, estuda o comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e pelas famílias; as empresas, suas produções e custos; a produção e o preço de diversos bens, serviços e fatores produtivos. Para exemplificar, pode-se citar a análise do funcionamento de empresas. B. Macroeconomia: estuda/ analisa a determinação e o comportamento dos grandes agregados nacionais, como o produto interno bruto (PIB), investimento agregado, a poupança agregada, o nível geral de preços, entre outros. Seu enfoque é basicamente de curto prazo (ou conjuntural), e busca explicar como a economia opera sem a necessidade de compreender o comportamento de cada indivíduo ou empresa que dela participam. Preocupa-se com o comportamento da economia como um todo, por meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego. Têm como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados estatísticos: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o consumo, a poupança e o investimento totais. Fonte: Google Imagens Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 6 - C. Economia internacional: analisa as relações econômicas entre residentes e não-residentes do país, as quais envolvem transações com bens e serviços e transações financeiras. D. Desenvolvimento econômico: preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da coletividade ao longo do tempo. O enfoque é também macroeconômico, mas centrado em questões estruturais e de longo prazo (como progresso tecnológico, estratégias de crescimento). 1.4. Multidisciplinaridade da Economia Embora a Economia tenha seu núcleo de análise e seu objeto bem definidos, ela tem correlação com outras ciências. Afinal, todas estudam a mesma realidade, e evidentemente há muitos pontos de contato, onde são estabelecidas relações entre a Economia e outras áreas do conhecimento. Outra boa justificativa para esta relação com outras disciplinas envolve buscar mais instrumental de trabalho. A. Economia, Física e Biologia: O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas nos séculos XVIII e XIX. A construção do núcleo científico inicial da Economia começou a partir das chamadas concepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). Segundo o grupo organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo. Daí utilizarem-se termos como órgãos, funções, circulação e fluxos na teoria econômica. Já para o grupo mecanicista, as leis da Economia se comportariam como determinadas leis da Física. Daí advém os termos estática, dinâmica, aceleração, velocidade, forças e outros. Com o passar do tempo, predominou uma concepção humanística, que coloca em plano superior os móveis psicológicos da atividade humana. Afinal, a Economia repousa sobre os atos humanos, e é por excelência uma ciência social. B. Economia, Matemática e Estatística: Apesar de ser uma ciência social, a Economia é limitada pelo meio físico, dado que os recursos são escassos, e se ocupa de quantidades físicas e das relações entre essas quantidades, como a que se estabelece entre a produção de bens e serviços e os fatores de produção utilizados no processo produtivo. Daí surge a necessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas para estabelecer relações entre variáveis econômicas. A Matemática toma possível escrever de forma resumida importantes conceitos e relações de Economia e permite análises econômicas na forma de modelos analíticos, com poucas variáveis estratégicas, que resumem os aspectos essenciais da questão em estudo. Tomemos como exemplo uma importanterelação econômica: "O consumo nacional está diretamente relacionado com a renda nacional". A expressão diz que o consumo (C) é uma função (f) da renda nacional (RN). Ou seja, dada uma variação na renda nacional (RN), teremos uma variação diretamente proporcional (na mesma direção) do consumo agregado (C). Como as relações econômicas não são exatas, mas probabilísticas, recorre-se à Estatística. Em economia tratamos de leis probabilísticas. Na relação vista anteriormente, conhecendo o valor da renda nacional num dado ano, não obtemos o valor exato do consumo, mas sim uma estimativa aproximada, já que o consumo não depende só da renda nacional, mas de outros fatores (como condições de crédito, juros, patrimônio). Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 7 - Se a Economia tivesse relações matemáticas, tudo seria previsível. Porém, não existem no mundo econômico regularidades como equivalência entre massa e energia (leis de Newton). Na Economia, o "átomo" aprende, pensa, reage, projeta, finge. Imagine como seria a Física e a Química se o átomo pudesse aprender: aquelas regularidades desapareceriam. Os átomos pensantes logo se agrupariam em classes para defender seus interesses: teríamos uma "Física dos átomos proletários", "Física dos átomos burgueses" e outros. Contudo, a Economia apresenta muitas regularidades, sendo que algumas relações são invioláveis. Por exemplo: O consumo nacional depende diretamente da renda nacional; A quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente proporcional com seu preço, tudo o mais constante; As exportações e as importações dependem da taxa de câmbio. A área da Economia que está voltada para a quantificação dos modelos chama-se Econometria, que combina teoria econômica, Matemática e Estatística. Lembremo-nos, porém, de que a Matemática e a Estatística são instrumentos, ou ferramentas de análise necessárias para testar as proposições teóricas com os dados da realidade. Permitem colocar à prova as hipóteses da teoria econômica, mas são meios, e não fins em si mesmas. A questão da técnica nos deve auxiliar, mas não predominar, quando tratamos de fatos econômicos, pois esses sempre envolvem decisões que afetam relações humanas. C. Economia com o Direito: Os sujeitos da economia (indivíduos, empresas e governo) são ajustados e limitados pelas leis; buscam maior interdependência entre as áreas; e é ligada a estrutura jurídica do sistema. E compete à lei situar o homem, a empresa e a sociedade diante do poder político e da natureza. D. Economia e Política: Começou com a Grécia e Roma antiga, onde os estudiosos procuravam entender a economia, a ética e a ciência política com a finalidade de desenvolver estudos sobre a agricultura, comércio, indústria, tributos, escravatura, organização sócio-política, moeda, valor, juros, salários. Mais tarde, na Idade Média, buscou-se também estudar a organização do estado e do relacionamento entre dirigentes e dirigidos. No ocidente atual, a relação entre a economia e a ciência política foi acentuada a partir da grande depressão causada pela crise da bolsa de valores de NY (1929), ocorrendo uma modificação da estrutura do sistema capitalista. A Economia e a política são áreas muito interligadas, tornando-se difícil estabelecer uma relação de causalidade (causa e efeito) entre elas. A política fixa as instituições sobre as quais se desenvolverão as atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica se subordina à estrutura e ao regime político do país (se é um regime democrático ou autoritário). Porém, por outro lado, a estrutura política se encontra muitas vezes subordinada ao poder econômico, Citemos apenas alguns exemplos: Política do "café com leite", antes de 1930, quando Minas Gerais e São Paulo dominavam o cenário político do país; Poder econômico dos latifundiários; Poder dos oligopólios e monopólios; Poder das corporações estatais, Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 8 - E. Economia e História: Não é a principal fonte da analise econômica, mas auxilia bastante a acompanhar as mudanças e transformações culturais, a conhecer melhor o passado, entender o presente e antecipar o futuro. A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para a Economia, pois facilita a compreensão do presente e ajuda nas previsões. As guerras e revoluções, por exemplo, alteraram o comportamento e a evolução da Economia. Por outro lado, também os fatos econômicos afetam o desenrolar da História. Alguns importantes períodos históricos são associados a fatores econômicos, como os ciclos do ouro e da cana-de-açúcar no Brasil, e a Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de Nova York (1929), a crise do petróleo, que alteraram profundamente a história mundial. Em última análise, as próprias guerras e revoluções são permeadas por motivações econômicas. F. Economia e Geografia: A Geografia não é o simples registro de acidentes geográficos e climáticos. Ela nos permite avaliar fatores muito úteis à análise econômica, como as condições geoeconômicas dos mercados, a concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas e a composição setorial da atividade econômica. Atualmente, algumas áreas de estudo econômico estão relacionadas diretamente com a Geografia, como a economia regional, a economia urbana, as teorias de localização industrial e a demografia econômica. Estuda divergências ou diferenças do comportamento econômico (instituições econômicas, formas de organização da atividade produtiva) de país para país e as vezes de região para região em um país. G. Economia e Sociologia: Analisa a interação social, os comportamentos entre os grupos, sua mobilidade e estratificação (formação de classes sociais), condições de vida, níveis de organização, e cultura da sociedade. Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 9 - H. Economia com a Religião, Moral, Justiça e Filosofia: No período anterior à Revolução Industrial do século XVIII, que corresponde à Idade Média, a atividade econômica era vista como parte integrante da Filosofia, Moral e Ética. A Economia era orientada por princípios morais e de justiça. Não existia ainda um estudo sistemático das leis econômicas, predominando princípios como a lei da usura, o conceito de preço justo (discutidos, dentre outros filósofos, por Santo Tomás de Aquino). Ainda hoje, as encíclicas papais refletem a aplicação da filosofia moral e cristã às relações econômicas entre homens e nações. 2. FATORES E SETORES DE PRODUÇÃO Os indivíduos que detém algum ou vários destes fatores, são os responsáveis pelos investimentos, atualizações tecnológicas e sempre interessados em gerar riquezas. Portanto são pessoas interessadas em abrir empresas, construir estradas ou até fabricar e exportar produtos. Depois apresentarei de forma muito simples, quais são os três setores de produção. Basta pesquisar nos livros de história do ensino médio e identificar que muitos povos da antiguidade exerciam atividades militares, rituais religiosos e agricultura. Até nos dias de hoje muitos países são citados através desta característica que é sua agricultura. O Brasil, por exemplo, é citado como um exportador de soja, milho, entre outros produtos. Os Estados Unidos são os maiores produtores de laranja do mundo e consomem quase tudo que produzem em seu próprio território. Nos processos de produção, são empregados alguns fatores como recursos naturais, pessoas, tecnologia e capital. Os sistemas econômicos estabelecem uma interação e uma maneira racional de usá-los porque como já percebemos os recursos são escassos. Como os recursos são escassos e por mais eficiente seja o processo de produção, esta produção é limitada para atender as necessidades dos indivíduos que por sua vez são ilimitadas.Isto significa que o uso descontrolado de certos recursos naturais, a gestão equivocada de pessoal ou de tempo podem acarretar em um desequilíbrio no sistema econômico. Quando citamos fatores de produção, devemos nos lembrar de alguns elementos que são essenciais para a atividade econômica, ou seja, extremamente necessário para produzir algo ou realizar algum tipo de serviço. Os fatores de produção são: Terra; Trabalho; Capital; Tecnologia: e Empresa 2.1. Fator TERRA Este conceito abrange os recursos naturais que encontramos no planeta e fora dele. O solo, subsolo, águas, clima, flora e fauna e energia do sol, na forma de radiação são exemplos deste fator. As reservas naturais estão na base de todos os processos de produção, sendo renováveis ou não renováveis. Por mais que existam vastas regiões de terras espalhadas pelo mundo, sabe-se que muitas delas não são produtivas. Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 10 - Portanto, o homem está em uma busca contínua de alternativas e ferramentas tecnológicas para explorar estas regiões e principalmente maximizar a utilização das propriedades já em produção. Uma consequência disto é o desmatamento que aflige todo o planeta, é irreversível este processo? Nós brasileiros somo dotados de uma região muito grande de terra e abençoados por uma costa imensa e maravilhosa, que nos permite explorar o turismo, exportar nossos produtos e simplesmente aproveitar nossas horas de ociosidade. Você sabia que... “Apenas 35,3% do nosso solo não é produtivo logo poderíamos ser líderes em várias áreas da atividade primária. “(Rossetti) 2.2. Fator TRABALHO Não é segredo para ninguém que o emprego é escasso, logo é de interesse da economia. Mas se formos analisar essa escassez de oportunidades de trabalho, ela é necessária, porque se todos nós tivéssemos um trabalho como ficariam as negociações de salário e trocas de pessoas? Muito provavelmente não existira porque todos estariam felizes e satisfeitos com suas carreiras e as empresas produziriam essencialmente o necessário para atender o mercado de consumidores que desejam comprar algo. Este gráfico mostra a distribuição econômica das pessoas quanto a sua faixa etária. Vamos criar três divisões etárias, que são: de zero até 15 anos, de 15 anos até 60 anos e acima de 60 anos. Quando falamos de porção não mobilizável, indivíduos que não estão aptos a exercer atividade laboral, refere-se às pessoas entre 0 e 15 anos e acima de 60 anos. Onde de 0 a 15 anos são as pessoas pré-produtivas e acima de 60 pós-produtivas. Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 11 - Enquanto entre 15 e 60 anos estão às pessoas aptas, considerando a idade, a pertencer ao processo produtivo. Subdivide-se em economicamente ativa, quem realmente está trabalhando e as economicamente inativas, pessoas que por algum motivo não estão trabalhando. A necessidade do Estado controlar a natalidade, as doenças, as aposentadorias, não é por questões políticas, mas para manter um nível adequado de indivíduos vivos e trabalhando para manter o sistema em que vivemos em funcionamento. Preparando crianças adequadamente para exercer algum cargo no processo de produção e estabelecendo as regras que as pessoas se aposentem e tenham uma velhice tranquila e sem preocupações. É necessário que quando um grupo se aposentar, obrigatoriamente deverá haver um outro grupo, pronto para ingressar em seu lugar. Deste modo o sistema nunca para e sempre se renova com ideias e novas tecnologia Existe no mercado e tenho certeza que você conhece, pessoas que não estão trabalhando. O nosso sistema econômico e por definição, exige que exista obrigatoriamente pessoas desempregadas e pessoas no mercado de trabalho. Isso proporciona às empresas uma maior capacidade de negociar salários e cargos. 2.3. Fator CAPITAL Este fator representa o quanto uma pessoa conseguiu acumular de recursos. Podemos falar de dinheiro propriamente dito ou terras. Com estes fatores as sociedades dão suporte e atendem aos diversos estágios do desenvolvimento econômico. Para existir um investidor que é uma pessoa disposta a empregar seus recursos em troca de uma remuneração proporcional ao seu investimento, deve-se primeiramente acumular riquezas. O sistema abaixo mostra como as pessoas conseguem formar capital: Fontes de acumulação: Internas : I ) Poupança das famílias II ) Poupança das empresas III ) Poupança do setor público Externas: I ) Ingresso líquido de capitais II ) Empréstimos e financiamentos III ) Transferências de governo As poupanças das famílias e das empresas podem ser classificadas como espontâneas, estimuladas ou compulsórias. Enquanto o ingresso de capitais, empréstimos, financiamentos e transferências de governos formam uma poupança externa. As famílias e as empresas podem e devem por várias razões formar suas poupanças de modo espontâneo ou estimuladas por necessidades diversas. Quando o governo achar conveniente ou necessário formar poupança, determinará com força de lei uma reserva obrigatória, tornando uma poupança compulsória. As fontes externas ocorrem principalmente com a entrada de empresas externas no país, doações e dinheiro para financiar algum programa por exemplo. Um órgão que faz muito isto é o BID, Banco Internacional de Desenvolvimento, que rege vários assuntos dentro do nosso país como a nossa educação. Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 12 - Poupar no Brasil é algo muito difícil por se tratar de uma situação cultural. Quando falamos cultural, é algo enraizado, difícil de ser mudado. Para refletir: Você já viu nos meios de comunicação alguma propaganda direcionada para a poupança? NÃO, somente para consumir, gastar, comprar por meio de liquidações e promoções. 2.4. Fator TECNOLOGIA Quando o homem passou a utilizar o fogo para se aquecer, para cozinhar seus alimentos, para afugentar animais, isto foi um avanço tecnológico? Sim, pois o homem se viu diante de uma maneira diferente de fazer algo, possivelmente comia-se alimentos crus, o usava-se roupas feitas de peles de animais para se aquecer e gritava-se muito para afugentar outros animais. Logo tecnologia não é microcomputador, mas criar ou aperfeiçoar um jeito novo de fazer algo. Simplesmente é inovar algo que já existe ou inventar algo para tornar a vida mais fácil. Capacidade tecnológica é isto, inovar, aperfeiçoar, inventar processos novos para o sistema de produção. Todos sabem que as empresas cobram a criatividade. Nada mais é do que a busca contínua de novos processos, otimizar espaço, maximizar tempo e produção, reduzir custos, enfim existem vários exemplos para ilustrar este conceito. 2.5. Fator EMPRESARIAL Existe no mundo uma diversidade de recursos naturais sendo utilizáveis ou não, renováveis ou não. Existem milhares de pessoas dispostas a trabalhar, uma gama muito grande de capital para ser empregado em algum projeto, todos estes recursos a espera de alguém que saiba usá-los de forma racional e empreendedora. Mobilizar, combinar estes fatores e alcançar resultados, garantem a quem consegue o título de empreendedor ou uma pessoa que possui capacidade empreendedora. Setores de Produção Os cinco fatores acima trabalhados, quando combinados entre si, formam o nosso sistema produtivo. A combinação entre eles se dá de acordo com as diversas atividades empresariais que existem no mercado. Basicamente o mercado está divido em três setores, que são: a) Primário b) Secundário c) Terciário Há ainda, a discussão para a introdução de um quarto setor, classificado por setor quaternário, composto por Instituições filantrópicas (sem fins lucrativos) como é o exemplo das ONG’s (Organizações Não Governamentais), Associações e outros.Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 13 - O resultado do processo de produção, em qualquer um dos setores é o bem ou o serviço. Aqui uma definição muito importante para a economia e outras ciências. Os bens propriamente ditos são produtos que podemos pegar, sentir seu cheiro, comer, tomar, vestir, enfim utilizá-los de alguma forma tangível. Quanto aos serviços, nós sabemos que algumas pessoas estão trabalhando por nós, mas não podemos pegar o serviço médico, não podemos sentir o cheiro do serviço bombeiro, ninguém veste um serviço de um advogado, logo estes produtos resultantes de um processo produtivo e que não podemos pegar, chama-se intangível. Conceitos de Economia Economiabr.net A economia pode ser definida assim: o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados. Pode-se fazer a seguinte divisão no estudo econômico: - Macroeconomia- analisa o comportamento da economia como um todo, por meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego. - Microeconomia- estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do sistema, por meio de preços e quantidades relativas. Para exemplificar, pode-se citar a análise do funcionamento de empresas. Enquanto a economia positiva ocupa-se da descrição de fatos, circunstâncias e relações econômicas, a economia normativa expressa julgamentos éticos e valorativos. As grandes divergências entre os economistas aparecem nas Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 14 - discussões de caráter normativo, como por exemplo o da dimensão do Estado e o poder dos sindicatos. Sofismas econômicos: - Post hoc - a conclusão de que “depois do acontecimento” implica necessariamente “devido ao acontecimento”. - Composição- leva a crer que o que é verdade para uma das partes também o é para o todo. O caminho mais seguro para um pensamento correto é o da análise científica: hipótese, confrontação com os fatos e síntese. Fatores produtivos ou inputs- bens ou serviços usados pelas empresas no processo de produção. São combinados de forma a se obterem produtos outputs, que serão consumidos ou empregados em outras fases mais avançadas do processo produtivo. São basicamente os seguintes: - Terra e recursos naturais. - Trabalho (o mais abundante e significativo). - Capital- bens duráveis produzidos para serem empregados na produção de outros bens. Problemas econômicos fundamentais: (1) que produtos produzir e em que quantidade; (2) como os produzir, isto é, através de que técnicas devem ser combinados os fatores produtivos; (3) para quem devem ser produzidos e distribuídos os produtos. Essas questões não seriam levantadas se os recursos fossem ilimitados - a “lei da escassez” estabelece que a limitação de recursos obriga a escolha entre bens relativamente escassos. “Eficiência produtiva”- não se pode aumentar a produção de um bem sem reduzir a de outro. Lei da Oferta e da Procura - a oferta e a procura atuam conjuntamente na determinação do preço e da quantidade em cada mercado. - curva de procura: baseia-se na utilidade de determinado produto para os consumidores. Quanto maior o preço, menor a quantidade procurada, e vice-versa. Determinantes da procura: preço do produto, rendimento médio dos consumidores, dimensão do mercado, preço e disponibilidade de outros bens, gostos ou preferências. O deslocamento da curva de procura ocorre em função da alteração desses fatores. - curva de oferta: baseia-se nos custos de produção de um bem ou serviço. É a relação entre os preços de mercado do produto e a quantidade que os produtores estão dispostos a oferecer. Quanto menor o preço, menor a quantidade de bens que os produtores vão querer vender. Determinantes da oferta: custos de produção, monopólios, concorrências de outros bens, imprevistos metereológicos. O deslocamento da curva de oferta ocorre em função da alteração desses fatores. - O preço de equilíbrio verifica-se quando a quantidade procurada for igual à quantidade oferecida. Observação: com frequência, confunde-se o deslocamento das curvas com o movimento ao longo das mesmas. Essa é a diferença entre o aumento da procura (deslocamento para a direita do gráfico) e o aumento da quantidade procurada (com o preço mais baixo, a quantidade demandada aumenta). Por meio da lei da oferta e da procura, as questões de “o que, como e para quem” ficam parcialmente resolvidas. Isso se deve à interdependência de cada mercado em relação aos mercados de outros bens na estruturação do “sistema de equilíbrio geral de preços”. Enquanto o equilíbrio parcial observa o comportamento de cada mercado individualmente, o equilíbrio geral analisa os processos simultâneos e interdependentes dos diferentes mercados - esse último é uma espécie de “teia invisível”. O modelo de “concorrência perfeita”é apenas idealizado, pois desconsidera diversos mecanismos da economia, como a existência de monopólios e de externalidades. O sistema de mercado é em sua totalidade eficiente: as ações egoístas dos indivíduos são orientadas por uma “mão invisível” para um resultado final harmonioso. “Eficiência de Pareto”: não é possível melhorar o bem-estar de uma pessoa sem piorar o de outra. A situação Técnico em Serviços Públicos: Fundamentos da Economia - 15 - econômica revela eficiência se se encontar na fronteira das possibilidades de utilidade. Restrições à “Mão Invisível” - falhas no mercado: os preços não refletem os verdadeiros custos e as verdadeiras utilidades. Ex: monopólio e externalidades (efeitos colaterais da produção e do consumo são desconsiderados no mercado). - repartição do rendimento e do consumo é arbitrária. Dentro da realidade econômica imperfeita e interdependente, a intervenção dosada do Estado pode melhorar os resultados econômicos. Para saber mais: Samuelson e Nordhaus. Economia, Editora Mc Graw Hill, 12 edição. Dornbusch, Rudiger e Fischer, Satnley. Macroeconomia, Makron Books, 5 edição. Pindyck, Robert S. e Rubinfeld, Daniel L.. Microeconomia, Makron Books Referências: AGUILAR, Professor Nilson. Fundamentos de Economia. SILVA, Francisco G. da. Introdução à Economia. Rede e-Tec Brasil. Instituto Federal do Paraná. _______. Conceitos de Economia. Disponível em: http://www.economiabr.net/economia/1_conceitos.html. Acesso em: 20/04/2015.
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