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Capital Humano e Desigualdade de renda

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RESUMO. 
Este trabalho tem como objetivo conscientizar os órgãos governamentais competentes quanto a urgente necessidade de uma intervenção mais incisiva por parte das autoridades responsáveis de todos os níveis administrativos; buscar junto à iniciativa privada, alternativas que venham trazer investimentos aos setores de educação e infraestrutura, para que num futuro próximo possamos servir o mercado com mão-de-obra qualificada; garantir as empresas e organizações nacionais competitividade e lucratividade; e, criar meios que possibilitem que o Brasil continue crescendo enquanto potência econômica. Nos dias atuais, temas como o conhecimento, vêm ganhando cada vez mais importância para as organizações, e para que entendamos essa dinâmica é importante uma profunda reflexão quanto à relevância dada aos capitais financeiros, materiais e humanos. Acredita-se então que a educação ou reeducação dos colaboradores o valorizam como pessoas e garante as empresas privadas ou públicas maior competitividade e lucratividade. Cabe às organizações repensarem e adequarem as culturas na valorização do capital humano tendo a educação como fonte primária de mudanças.
Palavras-Chave: Conhecimento. Capital Humano. Competitividade.
ABSTRACT
This paper aims to educate government agencies about the urgent need for a more effective intervention by the authorities responsible for all administrative levels; seek from private alternatives that will bring investment to the sectors of education and infrastructure so that in the near future we can serve the market with skilled labor, companies and organizations to ensure national competitiveness and profitability, and create media that enable Brazil to continue growing as an economic power. Nowadays, topics like knowledge, are gaining more and more importance for organizations, and that it is important to understand this dynamic deep reflection on the relevance given to financial capital, human and material. It is believed then that education or reeducation of the value employees as people and guarantees the private or public companies greater competitiveness and profitability. It is up to organizations rethink and adapt crops in the valuation of human capital having education as a primary source of change.
Keywords: Knowledge. Human Capital. Competitiveness.
SUMÁRIO
11INTRODUÇÃO
24CAPÍTULO I - CAPITAL HUMANO
251.1 AS PESSOAS COMO ATIVOS
271.2 A ADIÇÃO DE VALOR AOS COLABORADORES
29CAPÍTULO II – DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: MÉTODO E EVOLUÇÃO
292.1 FERRAMENTAS DE ANÀLISE
322.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL
46CAPITULO III - INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
463.1 TENDÊNCIAS DA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA E DESIGUALDADE NO BRASIL
55CONCLUSÃO
56REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, temas como o conhecimento e a desigualdade social, vêm ganhando cada vez mais importância na sociedade, e para que entendamos essa dinâmica é importante uma profunda reflexão quanto à relevância dada aos capitais financeiros, materiais e humanos. 
No passado, para que fosse possível alcançar altos índices educacionais, havia por parte das instituições, uma grande preocupação quanto à obtenção dos melhores recursos para a instauração de uma infraestrutura que possibilitasse atingir os objetivos de igualdade social. 
Nesse sentido, vale ressaltar que a expressão "capital humano" aglomera em si as importâncias de educação, criatividade, inovação e conhecimento. Todas as características dificílimas de se encontrar nas pessoas. 
Com base no disposto acima, é possível indagar: Como resolver o problema da falta de capital humano de qualidade disponível? Pode a educação afetar o nível de renda e esta por sua vez possui relação direta com a desigualdade social?
O tema será abordado, tomando-se como base a desigualdade social promovida pela falta de educação adequada, buscando analisar a qualificação exigida e a manutenção de mercado de capital humano de qualidade. A proposta será tomar como objeto de análise as intuições de ensino com atuação no Brasil, dando um enfoque de forma mais específica aos problemas e barreiras a serem necessariamente transpostos para a manutenção da competitividade social. 
O presente trabalho tem relevante importância científica, pois busca criar uma consciência e aponta as necessidades de qualificação pessoal, possibilitando a tomada de decisão por parte das autoridades cabíveis e a criação de meios que venham fortalecer, reestruturar e dar base para a formação de futuros profissionais qualificados para o mercado de trabalho e consequentemente diminuir a desigualdade social. 
Logo, o objetivo deste estudo é conscientizar os órgãos governamentais competentes quanto a urgente necessidade de uma intervenção mais incisiva por parte das autoridades responsáveis educacionais sobre a importância da qualificação adequada de capital humano como ferramenta da diminuição da desigualdade social. 
Esta é uma pesquisa exploratória que tem como objetivo familiarizar e trazer esclarecimento quanto ao problema, tornando-o mais explicito ou construindo hipóteses com um foco principal, que é o aprimoramento de idéias e a descoberta de intuições. 
CAPÍTULO I - CAPITAL HUMANO
O conceito “capital humano” após longos anos ressurge nos anos 80, só que dessa vez mais difundido. Segundo Paiva (2001), o conceito de capital humano surgiu na década de 1950, com estudos publicados de Theodore Schultz, onde se observava a importância da educação para o crescimento econômico. 
Paiva (2001) conta que a educação para Schultz era um forte fator de desenvolvimento social e econômico, em suma, era vista como o motor das “etapas do crescimento econômico”. 
Entretanto, Schultz (1967), ao avaliar seu próprio conceito inicial de Capital e Trabalho, percebeu que ambos estavam sendo entendidos inadequadamente. Schultz passou a observar que as pessoas estavam investindo em si mesmas, como ativos humanos, e que estes investimentos estavam formando uma intensa influência sobre o crescimento econômico, e que o percebeu também é que o investimento básico no capital humano é a educação.
Paiva (2001), diz que o conceito de capital humano (incorporado aos seres humanos, principalmente na forma de saúde e educação) seria o elemento explicativo principal do desenvolvimento econômico acidentado entre os países.
 Conforme Chiavenato (1999, p. 30):
As pessoas eram vistas como meros recursos, mas com o avanço tecnológico um novo conceito surgiu em relação às pessoas que por sua vez passaram a serem reconhecidas como o mais precioso recurso de uma organização. Antes o ativo principal era a parte financeira e as pessoas eram passivas na organização, hoje elas fazem parte do ativo, pois, o capital financeiro deixou de ser o recurso mais importante, cedendo lugar ao conhecimento.
Por isso nesse sentido Kanaane (1999, p. 45), diz que “a administração contemporânea terá que abdicar de tradicionais valores, em detrimento da abordagem humanística que traz entre outros pontos, a valorização do potencial humano associado aos fatores locais do contexto organizacional”.
Entretanto, a ideia de aplicar a palavra "capital" a seres humanos, no sentido de transformar pessoas em capital para as empresas, feriu frontalmente o pensamento humanista que marcou a esquerda no pós-guerra, diz Paiva (2001).
Capital humano seria então “A capacidade necessária para que os indivíduos ofereçam soluções aos clientes” (SAINT-ONGE1, 1996, apud STEWART, 1998, p.68) como sendo “a fonte de inovação e renovação” dentro da empresa. 
Para uma organização, o Capital Humano é um ativo intangível que pertence a própria pessoa e contempla todos os seus conhecimentos, tais como: aptidões, ideias, tecnologias, competências e outros que levam a construção de capacidades, de integração entre diferentes pessoas que integram uma organização, incluindo, a criatividade e a inovação organizacional (STEWART, 1998).
Chiavenato, (1999) diz que “o ser humano é o melhor negócio que qualquer empresa possa utilizar parasuperar seus próprios desafios”. “O capital humano é formado e empregado quando uma parte maior do tempo e do talento das pessoas que trabalham em uma empresa é dedicada a atividades que resultam em inovação”. Stewart, (1998, p. 77).
Xavier (1998) elenca alguns pontos de como se pode administrar o ativo “capital” tão importante para a vida pessoal e profissional.
1. Jamais negligenciar no trabalho, no atendimento do cliente e no desenvolvimento com suas necessidades e objetivos. O cliente sabe ou intui que o conhecimento e as credenciais, por si sós, não são a solução: conhecimento aplicado com negligência ou não aplicado não tem nenhum valor. 
2. Jamais acomodar-se com o que aprendeu na faculdade e parar de estudar. Em cada campo do conhecimento a evolução hoje é rápida e intensa - e acompanhá-la não é tarefa das mais fáceis. Quando um profissional se concentra em trabalhar, premido pelas necessidades de ganho mais imediato, sua carreira vai sofrer com certeza. A escolha é sua: pode deixar que seu conhecimento se deteriore. 
3. Buscar credenciais mais elevadas, de acordo com as demandas do mercado. Por exemplo: houve um tempo no Brasil em que alguém com o segundo grau completo facilmente chegava à gerência em uma multinacional; depois, tornou-se necessário o terceiro grau; hoje exige-se mestrado e até doutorado. 
4. Concluindo: ou o profissional se conscientiza de que o conhecimento é uma necessidade de sua carreira, e aí torna-se capaz de geri-lo bem, ou não se conscientiza e abre mão da evolução na carreira Uma das maneiras de proteger o capital Intelectual é registrar a propriedade industrial, ou seja, efetuar um registro formal e legal de propriedade de patentes, de desenhos, das marcas, etc.
1.1 AS PESSOAS COMO ATIVOS
O termo ativo vem da linguagem dos contadores, por isso denominamos ativo humano pelo fato de gerarem valor para outros.
Segundo Mayo, (2003, p. 15): “o conceito de valor pode ser aplicado de dois modos distintos: o que eles valem para nós e o valor que adicionaram para outros”.
Após o evento tecnológico e seu espectro desenvolvimento as organizações passaram com poucos investimentos financeiros em ativos físicos, passaram a adquirir um novo estilo, contando com um quadro de pessoas talentosas, criativas, que criam valores organizacionais perante os clientes e investidores e ainda compõe o balanço patrimonial da empresa.
 
Mas Stewart, (1998, p.75) diz: 
“Todos enchemos a boca para falar sobre a importância do ativo humano; porém, a verdade é que alguns funcionários realmente são ativos valiosíssimos, mas outros são apenas custos, muitas vezes altamente irritantes. É preciso descobrir quem é quem”.
Em resenha ao exposto acima, o ativo humano é então um capital invisível com um combinado de ativos intangíveis, sendo estimado como a fonte propulsora das empresas, ou ainda um diferencial competitivo na era da informação. Que de acordo com Mayo, (2003, p. 15).
O capital é rotulado como deficiência, porque tem que ser reembolsado em algum momento, mas o capital humano não necessita ser “restituído”. 
Podemos considerá-lo realmente como propriedade das pessoas, as quais estão “emprestadas” para a organização, pelo tempo que queiram ficar ou pelo tempo que decidirmos retê-las. Assim como investimos e cuidamos de nosso capital financeiro, parece lógico que devamos fazer o mesmo com nossos funcionários. 
“Uma empresa que se pauta somente pela lógica e pelo que é material e visível e se esquece de olhar além, de vislumbrar o funcionário em suas emoções, desejos e fraquezas, está lidando mal com sua principal riqueza, que é o ser humano", diz o consultor empresarial Jair Moggi (2003) em uma entrevista para a Folha de São Paulo.
Os exatos atuantes instituidores de valor na organização são as pessoas, pois todo o resto de ativos e estruturas são efeitos das ações humanas. 
Mayo, (2003, p. 16), destaca: “Os conceitos de “ativos humanos” e de “capital humano” são complementares.” “É o valor intrínseco de nosso pessoal que compõe o capital humano disponível para nós, e, ao mesmo tempo, esse valor é um ativo criador de valor”.
Segundo Stewart, (1998, p. 76): “O valor marginal do investimento em capital humano é cerca de três vezes maior do que o valor do investimento em equipamentos”.
Para completar, o “valor” está no olho do observador, diz Mayo, (2003). Para ele o valor balança para cima e para baixo, dependendo das percepções. Existe o valor para os clientes que recebem serviços com qualidade diferenciada, existe o valor no relacionamento com o pessoal, e outros valores. O valor é ainda para os colaboradores um desafio estimulante no trabalho e oportunidade para o desenvolvimento pessoal. 
Contudo, caso as necessidades relativas a valor não possam ser atendidas, a partes interessadas, empresa-colaborador, podem começar a se desligar do compromisso de trabalho na organização, situação que seria péssima notícia para os acionistas.
Mayo, (2003, p. 16 e p. 17) destaca que: 
Os custos deveriam ser considerados (mas nem sempre são) como um insumo no processo de distribuição de um resultado chamado valor. 
Quando os custos precisam ser reduzidos, a administração deve buscar aqueles que não são criadores de valor. Entretanto, como é difícil contar com esse tipo de informação, os ativos adicionadores de valor podem ser perdidos, o que só se percebe mais tarde.
Finalizando o capital humano de qualquer empresa é o principal ativo, o bem intangível de maior valor, porque é através das pessoas que os objetivos propostos pelas organizações são alcançados, assim como a perseverança na melhoria contínua, do aprendizado, da experiência adquirida, isso é o que afirma Abreu (2009).
1.2 A ADIÇÃO DE VALOR AOS COLABORADORES
As pessoas cedem seu capital humano para uma empresa acreditando que vão receber valor, de diferentes formas, como um retorno, por exemplo. 
Segundo Mayo, (2003, p. 17):
As pessoas se tornam ambas as coisas, um ativo – capaz de gerar valor para outros – e um interessado. E supondo que as selecionamos acertadamente, não vamos querer perdê-las. Assim, o princípio de que um cliente só mantém negócios com a empresa quando se encontra satisfeito também, se aplica aos funcionários. Eles não são uns meros recursos, como a eletricidade, que pode ser ligada e desligada conforme necessário. As pessoas são os elementos geradores de valor decisivos que temos, qualquer que seja a natureza da organização; e, se esta se baseia exclusivamente no conhecimento – como acontece com muitas – então as pessoas são, na verdade, os únicos elementos que têm importância.
Para que o Capital Humano cumpra seu desempenho como componente instituidor de valor organizacional, é cogente a vista de certas estruturas dentro da organização, tais como: laboratórios, sistemas de informação, organização gerencial, e outros, das quais formam o Capital Estrutural (Stewart, 1998), ou seja, aquilo tudo que simula a infraestrutura que apóia o Capital Humano. A maioria das pessoas busca algo mais do que simples recompensas financeiras. 
Nesse sentido, Mayo, (2003) avulta exemplos daquilo que interessa as pessoas, como: trabalhos atraentes e desafiadores; estar próximo a uma empresa de boa reputação; status e autoconfiança; prestígios; oportunidades de crescimento pessoal; reconhecimento; desenvolvimento de carreira, e outros.
Mayo, (2003, p. 17) contribui dizendo que: 
O modo pelo qual provemos valor às pessoas irá condicionar sua motivação, seu comprometimento e sua lealdade – e conseqüentemente a contribuição desses funcionários na adição de valor a outros interessados.
Quando a concepção de valor se restringe a termos exclusivamente financeiros, a compreensão do equilíbrio de que tanto necessitamos fica seriamente comprometida. Nesse ponto, vale a pena uma pausa para observar as deficiências dos sistemas contábeis que dominam o modelo atual de negócios e que podem até mesmo atuar contra a maximização da criação de valor.
As empresas precisam ficar comprometidas com as pessoas, mostrandoa real necessidade de tê-las por perto, por isso Kanaane (1999, p.25) afirma: 
Elas necessitam adotar posturas mais flexíveis com relação às concepções sobre poder e influência, o que implica a adoção de estratégias compatíveis com o envolvimento e o engajamento dos trabalhadores, possibilitando a valorização do potencial humano.
Como Stewart (1998, p. 90) diz “(...) podemos alugar as pessoas, mas não”. “Podemos possuí-las.” E Schultz (1967, p. 20) completa: “(...) o capital humano, não pode ser negociado conforme ocorre com o capital comum”. Nas organizações repousadas no conhecimento, este capital é altamente valorizado e o seu compartilhamento é incitado para haver multiplicação. 
CAPÍTULO II – DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: MÉTODO E EVOLUÇÃO
Este capítulo tem como objetivo apresentar o conceito da distribuição de renda e algumas ferramentas para a sua análise. Na seção 2.1 serão apresentadas as principais ferramentas e análises, tais como: índice de Gini, curva de Lorenz, teste de Kolmogorov-Smirnov, teste de Kernel e Bootstrap. Na seção 2.2 analisa-se a evolução histórica da distribuição de renda no Brasil. 
Em termos de conceito, a distribuição de renda em economia refere-se à forma como a renda é apropriada pelos indivíduos ou pelos fatores de produção (tais como trabalho, terra e capital). Na teoria geral e da renda nacional e nas contas de produtos, cada unidade de produção corresponde a uma unidade de renda. 
David Ricardo enfatizou que o objetivo da Economia era explicar a “[...] distribuição do produto nacional entre proprietários de terra, donos de capital e trabalhadores, na forma de renda, lucros e salários respectivamente”. Esse problema é conhecido hoje como "distribuição funcional da renda” (HOFFMANN, 2001, p.15).
2.1 FERRAMENTAS DE ANÀLISE
A detecção de uma mudança significativa na distribuição de renda e sua interface com o nível de bem-estar econômico requer a aplicação de instrumentais estatísticos, “[...] tais como o índice de Gini, a curva de Lorenz, o teste de Kolmogorov-Smirnov e as densidades estimadas via Kernel e Bootstrap, são bastante conhecidas na literatura especializada” (FIGUEIREDO; ZIEGELMANN, 2009, p. 1). Desta forma depois de ser conceituada a distribuição de renda é importante abordar as ferramentas de análise, como segue:
 a) Índice de Gini
 Especificamente o Índice de Gini, elaborado em 1912 pelo matemático italiano Corrado Gini, resulta, sempre, em um número que varia entre zero e um. Zero representa uma completa igualdade na distribuição da renda, ou seja, todos os indivíduos têm a mesma renda. Um é a situação oposta, é a completa desigualdade, em que apenas um indivíduo detém sozinho toda a renda e os outros não têm nada. Quanto mais próximo de zero, melhor distribuída é a renda entre a população.
Tabela 2 – Índice de Gini sobre distribuição nominal mensal dos domicílios participantes e permanentes do Brasil e suas regiões - 2000-2010
	Brasil e regiões
	2000 Rank
	2010 Rank
	Variação (%) Rank
	Brasil .....................
	0,597 -
	0,536 -
	-10,218 - 
	Norte .......................
	0,598 3
	0,543 3
	 -9,197 5
	Nordeste.....................
	0,612 2
	0,555 1 
	 -9,314 4
	Sudeste.....................
	0,575 4
	0,517 4
	-10,067 3
	Sul .......................
	0,564 5
	0,480 5
	-14,894 1
	Centro-Oeste ............
	0,621 1
	0,547 2
	-11,919 2
Fonte: IBGE, Censo Demografico (2000; 2010).
De acordo com a Tabela 2 pode-se notar que o indice de Gini no Brasil no ano de 2000 era de 0,597 passando para 0,536 no ano de 2010, uma variação de 10,2%. Isso siginifica que a distrbuição de renda, embora tenha diminuido, continua em desigualdade, principalmente na região do Nordeste com um indice de Gini de 0,555 no ano de 2010.
b) Curva de Lorenz
Outra ferramenta para analisar a distribuição de renda é a curva de Lorenz, exatamente aquela curva que se forma pela união entre os pontos bidimensionais onde no eixo y tem-se a proporção acumulada da renda apropriada e no eixo x a proporção acumulada da população (HOLANDA, GOSSON; NOGUEIRA, 2006; ALENCAR; GOBETTI, 2008).
Na distribuição a Curva de Lorenz apresenta-se em uma forma reta diagonal com 45º, nesse caso a proporção da renda é sempre igual à proporção acumulada da população (HOLANDA, GOSSON; NOGUEIRA, 2006). Segundo Alencar e Gobetti (2008) a curva de Lorenz será α é área entre a linha de perfeita igualdade e β é a área abaixo da curva, sendo então o coeficiente de Gini é igual a α/ (α+β).
 Gráfico 3 – Representação Ilustrativa da Curva de Lorenz 
 Fonte: Holanda, Gosson e Nogueira (2006,p. 3). 
O gráfico de Lorenz auxilia na busca ilustrativa da desigualdade de distribuição de renda entre as famílias numa determinada economia ou sociedade. O Eixo Y mostra a variável de Renda e no eixo X a variável da População, ambos são representados por classes percentuais. A linha representativa da porcentagem de rendimento cabe a cada grupo da população. Assim analisando o gráfico acima se tem 75% da população detendo 40% do total de rendimento, o que pode ser sugestivo de desigualdade na repartição de renda entre as famílias ainda é grande. 
c) Teste Kolmogorov-Smirnov
O teste Kolmogorov-Smirnov é usado para avaliar se duas amostras apresentam distribuições semelhantes, ou seja, se foram extraídas de uma mesma população. Se por ventura a diferença entre elas forem grandes é provável que não seja devido ao acaso. O teste, segundo Morcillo (2006) é bastante sensível e detecta as diferença em relação à tendência central, dispersão e simetria, podendo ser utilizado para medir escalas ordinais, intervalares ou de razão.
d) Densidade de Kernel
A Densidade via Kernel possibilita a visualização de "fotografias" da distribuição estimada de renda em períodos distintos, sinalizando possíveis mudanças na estrutura dos dados. Em sua forma mais simples os estimadores Kernel são "alisamentos" de histogramas, onde somente os dados de uma determinada "vizinhança" do ponto x (onde a densidade é estimada) tem peso grande na estimação da densidade naquele ponto. Se a natureza não paramétrica torna-se imprescindível quando não se tem o conhecimento do processo gerador dos dados implementa-se o princípio de que "os dados falem por si mesmos", sem a necessidade de suposições a priori sobre a sua distribuição (FIGUEIREDO, 2007). 
e) Bootstrap
Figueiredo e Ziegelmann (2009) dizem que de maneira intuitiva o bootstrap não paramétrico baseia-se na distribuição empírica utilizando o vetor de dados x de tamanho n para gerar b amostras pseudoaleatórias também de tamanho n, onde cada elemento de x é sorteado com reposição e respectiva probabilidade 1/N. 
Conclui-se que existem muitos métodos de medir a distribuição de renda e que todos eles são importantes, pois se baseiam em metodologias transparentes e robustas. Para medir a distribuição de renda e a desigualdade da mesma é mais comum utilizar o índice de Gini, apresentado neste capítulo. No Brasil, como este índice é calculado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, não pode ser considerado adequado para revelar a distribuição da renda entre os trabalhadores, visto que ele revela apenas a realidade de uma parcela social brasileira. 
2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL
O Brasil é a quinta economia do mundo com um PIB acima de R$ 3 trilhões, oitavo maior do mundo, com uma população de 190.732.694 de pessoas, em 2010, de acordo com o Censo Demográfico. Este nível de PIB foi alcançado, apesar de parte significativa da população estar em níveis de renda muito baixa e, portanto, não se enquadram na faixa de consumo para a maioria dos mercados relevantes. No entanto,ao invés de focar no crescimento, durante os últimos anos, as prioridades da política econômica têm-se concentrado em ajustar os fundamentos da economia, ou seja, reduzir a inflação a níveis razoáveis, ajustando os déficits fiscais e cambiais e reduzindo a dívida externa do país para torná-lo menos vulnerável às flutuações da economia mundial. Ainda há muito a ser feito, mas em termos gerais, os objetivos principais têm sido alcançados.
Um movimento no sentido de diminuir a desigualdade da distribuição da renda no - país certamente não pode se basear apenas em determinada política econômica. Na realidade, praticamente toda política econômica tem um impacto, maior ou menor, sobre a distribuição da renda: política fiscal, previdência social, política de crédito, política educacional, reforma agrária etc. Alterações na legislação também podem ter impacto importante. A dificuldade na análise de cada medida é levar em consideração seus diversos efeitos diretos e indiretos, como fica claro na discussão sobre o aumento do salário mínimo (HOFFMANN, 2001, p.73).
A desigualdade de renda no Brasil deve ser analisada a partir da história do descobrimento iniciando com a forma como as terras foram repartidas, os anos de escravismo e o modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações.
Nos anos de 1960 e 1970 do período militar houve um grande aumento na desigualdade. Com o crescimento acelerado do País, houve elevação na demanda por mão-de-obra qualificada, que gerou o aumento de salário desses profissionais, aumento, que não foi concedido aos trabalhadores pouco qualificado. Somado a isso se vivia uma época de políticas de contenção salarial e repressão aos movimentos trabalhistas.
No Brasil a interpretação descritiva simples dos dados de renda brasileira é um primeiro passo óbvio. Implícita e explícita, por vezes, nas controvérsias sobre as tendências de renda no Brasil é a suposição de que se pode estar preocupados mais com menores decisões da distribuição do que com o mais elevado. Os críticos da desigualdade do agravamento da década de 1960, colocaram pouco ou nenhum peso sobre o fato de que os rendimentos de alguns brasileiros já favorecidos economicamente haviam aumentado significativamente. Isso ocorreu sem qualquer queda significativa na renda da metade inferior da distribuição de renda. No jargão da economia, ou "ecônomos bom", como é conhecido no Brasil, isso seria chamado de "melhoria de Pareto", já que alguns ganharam sem ninguém perder (COES, 2008).
De fato, alguns dos defensores das políticas do regime pós-1964, sugeriram que uma maré crescente acabaria por levantar todos os barcos, e que, enquanto a evolução média do crescimento do rendimento fosse positiva, era inútil se preocupar com o agravamento da desigualdade relativa. Esta é claramente uma posição extrema. Não é somente a teoria econômica, mas o discurso político brasileiro e da política em geral encarna a visão de que o valor de mais ou menos um cruzeiro ou real da renda de quem tem menos é maior do que aqueles que têm mais do mesmo. A formalização deste ponto de vista em um contexto econômico é que a utilidade marginal da renda não é só positiva, mas cada vez menos positiva (COES, 2008).
Segundo Singer (1981) o desenvolvimento econômico beneficiou uma minoria da população, pois a repartição da renda não se deu movida unicamente por mecanismos econômicos e sim em um sistema de dominação, que dita os parâmetros que determina de um lado a repartição do produto entre necessário e excedente (política salarial, sindical, previdenciária, etc.) e de outro o modo de apropriação do excedente (política fiscal, de crédito, de preços, etc.). Os motivos da desigualdade na repartição da renda estão no nível de qualificação profissional e a relativa escassez ou abundância dos fatores de produção, tendo como resultado o excesso de oferta de trabalho pouco qualificado. Isso proporcionou a redução da remuneração mínima recebida pelo trabalho menos qualificado. (SINGER, 1981, p.152 e 174).
A experiência de crescimento econômico no Brasil foi influenciada por dois fatores, em primeiro lugar, pelo amplo intervalo de níveis de produtividade e tecnológica em empresas do mesmo setor com baixa produtividade e pela falta de inovação da maioria das empresas ocasionadas pelo conservadorismo e estagnação tecnológica, embora houvesse casos evidentes de empresas inovadoras e competitivas no Brasil do segundo pós-guerra. Em segundo lugar, pela manufatura afetada pelo crescimento no Brasil no início de 1980. O ambiente macroeconômico deteriorou-se e algumas políticas foram suspensas, as empresas cortaram seus investimentos para que houvesse melhorias nas suas condições industriais antes e depois da crise da dívida. 
Os historiadores econômicos têm interpretado o registro de longo prazo da América Latina da industrialização em moldes semelhantes aos previstos pelos críticos do mercado. Um primeiro grupo de estudiosos formado por autores identificados por causas nacionais e populares tem argumentado que a América Latina representa um exemplo notável do fracasso do Estado, liderando a industrialização orientada para dentro. Baixo crescimento da produtividade e estagnação tecnológica que ser um resultado direto e inevitável das políticas de substituição de importações, em especial de proteção comercial elevada. Victor Bulmer-Thomas em sua clássica história econômica da América, em 1994, argumentou que o problema com a industrialização por substituição de importações não reside nos excessos, mas sim no uso de políticas distorcidas (principalmente de defesa comercial), que gerou ineficiência profunda na economia (COLISTETE, 2009).
Nos anos 1980, ocorreu mais um aumento na concentração da renda, relacionada à estagnação da economia e o descontrole inflacionário, pois os trabalhadores de baixa renda não tinham acesso a um mecanismo de proteção contra a inflação.
Em sua longa carreira docente COES (2008) comenta ser frequente usar tratamento impessoal as perguntas importantes sobre a economia brasileira. A persistência da desigualdade de grande parte da sua história tem incomodado, pois tem muito da profissão de economista brasileiro. Seria otimista pensar que em breve se terá respostas muito melhores ou melhores políticas que atualmente, mas certamente um passo importante nessa viagem começa por fazer as perguntas certas. Werner Baer (2003) em seu estilo intelectual tem sempre olhado para os números reais, ao invés de tentar extrair algumas hipóteses delicadas de um modelo teórico. Cabe seguir essa tradição em perguntar como se devem interpretar alguns dos números de distribuição de renda do País (COES, 2008).
De acordo com essas "teorias", deveria haver uma redução da desigualdade quando os "fatores" explicativos se alterassem. Após quase 30 anos e longo período de lento crescimento, a oferta de mão-de-obra qualificada não se tornou relativamente menos escassa. Cabe então questionar, a razão pela qual “a abertura política não trouxe uma diminuição da desigualdade econômica?” (HOFFMANN, 2001).
Independentemente de se considerar que a redução da desigualdade seja uma condição importante para promover o crescimento econômico, parece haver um consenso, no Brasil, de que essa redução é um objetivo em si mesmo, indispensável para que se possa reduzir mais rapidamente a pobreza. E, quando se fala na necessidade de reduzir a desigualdade da distribuição da renda no Brasil, muitos imaginam um processo de redistribuição que iria reduzir apenas a renda dos extremamente ricos (HOFFMANN, 2001, p. 72).
Nos anos 1990 o controle de inflação conseguiu atenuar a desigualdade, porém o desemprego decorrente da reestruturação produtiva gerou uma força em sentido contrário. Nessa década o Brasil caracterizou-se por grandes modificações na economia, na política e, principalmente, nas relações de trabalho oriundas das políticas neoliberais e da hegemonia política dos países dominantes no âmbito do capitalismo. Nesse contexto, surge a necessidade de reformulação das estruturaseducacionais e da promoção de uma nova legislação para a regulamentação de todo o processo educativo.
Soares (2003, p. 15) aponta que as políticas de ajustes de caráter neoliberal surgem de um movimento de ajuste global, ou seja, num contexto de globalização financeira e produtiva. Este processo advém do rearranjo da hierarquia das relações econômicas e políticas internacionais, e foram criadas no centro financeiro e político do mundo capitalista. Portanto, o autor alerta para o fato de que estas políticas neoliberais se dão de maneira extremamente desigual entre os países e as diferentes regiões no mundo, e por isso, consequentemente, os países da periferia capitalista são os que pagam preço muito mais alto por este ajuste. 
Neste sentido, é importante destacar que para as doutrinas neoliberais, o mercado deve ser autorregulador, ou seja, o mercado deve ser o único alocador de salários e capital e não o Estado. Contudo, o liberalismo e o neoliberalismo são bem diferentes no contexto em que surgem, pois o liberalismo foi obrigado a aceitar a legislação trabalhista, a previdência social e as empresas públicas, já o neoliberalismo é contra tudo isto, e luta para que o capitalismo não fique sujeito, às influências do sindicalismo, dessa forma o neoliberalismo deixa claro que é contra o Estado de bem-estar social. 
Assim, Petras (1997, p. 16) aponta que o neoliberalismo com sua política de modelo econômico pré-industrial geram efeitos devastadores na economia e na sociedade uma vez que desarticula os setores econômicos e as regiões interligadas, marginalizando e excluindo, no mesmo período, as classes produtivas (operários e fabricantes). Este processo, segundo ele, acaba favorecendo a reestruturação e a globalização que, por sua vez, implica o crescimento de uma classe reduzida, a classe dos capitalistas transnacionais, que estão ligados às multinacionais e aos bancos estrangeiros. Portanto, com a utilização da tecnologia, da informatização, da comunicação em tempo real, tem-se ao invés de operários em condições satisfatórias de trabalho o seu oposto, ou seja, a exploração em larga escala, o desemprego, os empregos temporários ditos informais e até o reemprego super-explorado, causando um cenário de pobreza.
Os efeitos das políticas econômicas e sociais nas áreas rurais do Brasil foram diversos e devem ser tratados de maneira particular. Algumas mudanças ocorreram também para a população urbana, em razão da estabilização de preços no início da segunda metade da década de 1990, com efeitos positivos esgotando-se no final do período, quando “[...] elevadas taxas de desemprego e a situação recessiva do País contrabalançaram negativamente os ganhos sociais advindos da queda inflacionária” (NEDER; SILVA, 2004, p.471).
Tendo em vista a história dos países industrializados (particularmente a Inglaterra, os Estados Unidos e a Alemanha), Kuznets (1955) afirma que "pode-se admitir que haja uma longa oscilação da desigualdade na estrutura secular da distribuição da renda: aumento nas fases iniciais do crescimento econômico, quando foi mais rápida a transição da civilização pré-industrial para a industrial; tornando-se estável durante um período, e diminuindo nas fases posteriores". Adiante ele sugere que os países subdesenvolvidos passariam provavelmente pelas mesmas fases, com um aumento da desigualdade no início da industrialização e uma posterior diminuição da desigualdade. Essa proposição passou a ser conhecida como "lei de Kuznets da variação da desigualdade, conformando graficamente um U invertido (HOFFMANN, 2001, p. 1).
Nas escolas de pensamento econômico clássico e marxista há explicações distintas e ao mesmo tempo integradas sobre “a determinação dos salários, dos lucros (e juros) e da renda da terra, associando cada uma dessas remunerações a diferentes classes sociais” (HOFFMANN, 2001, p. 1).
A fim de compreender melhor sobre a determinação de salários e os lucros e renda da terra diversos estudos estão sendo realizados apoiando-se no Censo Demográfico, como o realizado pela Comissão Econômica para a América Latina e pelo PNAD.
Furtado
 (1968), citado por Hoffmann (2001), ilustra alguns argumentos da distribuição de renda no Brasil citando um trabalho da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) sobre o Censo Demográfico de 1960 onde, 1% dos mais ricos e 50% dos mais pobres se apropriavam de parcelas idênticas na renda nacional. Outra análise foi realizada pelo autor, dessa vez do PNAD de 1999, onde se verificou frações de renda total apropriadas pelos 50% mais pobres, pelos 1% mais ricos e pelos 10% mais ricos foram, respectivamente, 12,3%, 13,3% e 47,4%. Os debates sobre a desigualdade no país continuam em 1968 por Celso Furtado, em 1972 por Fishlow (1972) e Hoffmann & Duarte (1972) e pelo trabalho de Langoni divulgado em 1973, realizado com o apoio do ministro da Fazenda, Antonio Delfim Netto. Com isso, Hoffman (2001) descreve que:
O aspecto polêmico passou a ser a interpretação do fenômeno, com alguns autores enfatizando a política governamental (políticas econômico-sociais, incluindo a repressão a movimentos sociais), enquanto outros consideravam que a maior dispersão das rendas relativas refletia, essencialmente, um mercado no qual ocorria um crescimento da demanda por mão-de-obra mais qualificada sem o correspondente crescimento da oferta em curto prazo (HOFFMANN, 2001, p, 70).
Em contraste com a taxa média de crescimento econômico vigoroso de mercados emergentes, nos últimos 10 anos a economia brasileira tem apresentado níveis de crescimento que intercalam altas e baixas taxas de crescimento. Este desempenho resulta de uma política monetária rígida e de altas taxas de juros para reduzir a inflação, mas que também prejudicam a demanda de consumo doméstico e investimento. A valorização da moeda brasileira (Real) em cerca de 15% em 2005, também foi responsável pela diminuição da competitividade das exportações, apesar do aumento de 22% em 2005 e 100% nos últimos 5 anos, os níveis de emprego são relativamente baixos em comparação com países desenvolvidos. Além disso, devido ao fraco apoio estatal para os desempregados, há um grande trabalho informal no mercado. Debaixo deste cenário, houve redução significativa do desemprego, de 12,3% em 2003 para 9,8% em 2005. Um aumento do emprego formal e qualificado reflete um upgrade na qualidade do trabalho e força (BRASIL, 2006). 
O comportamento das variáveis macroeconômicas variou bastante ao longo da década de 2000. Apesar de arrecadar um montante de impostos que representa quase 37% do PIB do País e gastar mais da metade desta receita em programas sociais, o governo brasileiro não tem sido capaz de reduzir significativamente a desigualdade e a pobreza (IMMERVOLL et al, 2006). Na verdade, o Brasil está entre os 10 países mais desiguais do mundo e uma grande parte de sua população ainda vive na pobreza. O Brasil é uma exceção ao padrão internacional, onde a desigualdade de renda alta é geralmente associada com baixos níveis de receita tributária como proporção do PIB. Em certa medida, os coeficientes de Gini relativamente baixos dos países desenvolvidos, refletem o impacto de seus sistemas de benefícios fiscais. A evidência para esta foi apresentada, por exemplo, nos estudos que utilizam técnicas de micro para simular o efeito redistributivo dos sistemas fiscais e os benefícios dos países. (IMMERVOLL et al, 2006). 
Também é fundamental demonstrar que o agravamento poderia ter sido maior para o Brasil no caso de que se algumas políticas sociais não tivessem sido operantes e efetivas como as decorrentes dos princípios estabelecidos na Constituição Federal de 1988, como a implementação das aposentadorias rurais e extensão do direito universal das aposentadorias para pessoas com mais de 65 anos e sem renda. Tal argumento de que as políticas sociais foram inócuas em relação à melhoria dos indicadores, não releva o fato de que o agravamento dos índices teria sido mais dramático se tais programas não tivessem existido e se mantido naquelaépoca. “O debate atual sobre as questões sociais no Brasil está hoje centrado na oposição de uma universalização e focalização das políticas sociais” (NEDER; SILVA, 2004).
Em 2000 a renda per capita brasileira de US$3600 era superior a de vários países da África e da Ásia, por exemplo. Comparando as rendas per capita de países do mundo, o Brasil ficaria no terço mais rico, ficando em posição intermediária entre os muito ricos e os muito pobres. Em compensação a situação da desigualdade social é extrema. Segundo o site www.frigoletto.com.br com dados da ONU o Brasil ocupou o 73° lugar em desenvolvimento humano em 2000 com a média de 0,757. No mesmo ano o índice Gini chegou a 0,609, mostrando que o Brasil está na lista dos quatro países com maior grau de desigualdade: Guatemala, Brasil, África do Sul e Malaui. De acordo com o estudo do IPEA no ano 2000, 34% dos brasileiros, cerca de 53 milhões de pessoas, viviam abaixo da linha da pobreza, sendo que 23 milhões destes nem sequer atingiam a faixa de indigência (PORTO, 2011).
Vários projetos foram criados e desenvolvidos durante o governo FHC, mas que representaram tímidas melhorias em alguns setores. Os indicadores mostram que o PIB brasileiro aumentou durante o governo FHC.
Não foi de estranhar, portanto, que, quando o jogo da reforma tributária foi reinaugurada em Brasília, no início de 2003, os governadores de Estado foram tentados a vê-lo como uma oportunidade única para afrouxar a restrição fiscal apertada que lhes era imposta. De repente, o poder de negociação dos governadores parecia estar em ascensão. A reforma da segurança social também estava sendo lançada e o governo federal contava com um forte apoio dos governadores de estado. Na frente de reforma tributária, o centro das mudanças nas propostas envolvia uma reforma do imposto estadual mais importante. E o governo federal estava fazendo todos os esforços para reforçar a coligação em favor da reforma entre os governadores de estado, antes de tentar empurrá-la adiante no Congresso (WERNECK, 2006).
 Gráfico 4 – Distribuição de Renda no Brasil - 1987, 1992 e 2005
 Fonte: Figueiredo e Ziegelmann (2009, p. 268).
Para se ter uma idéia da curva de distribuição de renda o Gráfico 4 apresenta a mudança no padrão distributivo em relação aos períodos considerados, sendo que o ano de 1992 apresenta uma moda maior em um nível baixo de renda, após, a estimada densidade de 2005 desloca-se para direita, representando "melhoria" na distribuição dos rendimentos (FIGUEIREDO; ZIEGELMANN, 2009, p.268).
Grande parte da explicação da pobreza reside nas diferenças em perspectiva e enquadramento em três características fundamentais que caracterizam avaliação das consequências da política econômica para a distribuição e pobreza: a agregação, horizonte temporal, e estrutura de mercado. Em primeiro lugar, um grupo tende a ver as consequências da política econômica muito mais em termos agregativo do que o Grupo B. Em segundo lugar, o Grupo B é mais preocupado com as consequências num horizonte temporal que é tanto muito menor e muito maior do que o "médio prazo" de horizonte do Grupo A, que normalmente adota. Terceiro, o Grupo A instintivamente tem abordagem sobre as consequências distributivas da política econômica através de uma estrutura concorrencial do mercado, enquanto o Grupo B instintivamente pensa um mundo em que a estrutura do mercado é caracterizada por bolsões de poder de mercado, e da política econômica que alimenta através desta estrutura não competitiva para as consequências para os pobres. A elaboração de agregação, horizonte de tempo e de Mercado Estrutura, proporciona um quadro para compreensão profunda de desacordos na política econômica, distribuição e pobreza (KANBUR, 2001).
Em termos de distribuição de renda, o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. O Relatório de Desenvolvimento Humano (RHD), que é uma publicação anual publicada pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), por exemplo, relata em 2000, que entre os 86 países do mundo, o Brasil é o mais desigual. A razão entre a renda média apropriada por 20% das famílias mais ricas e mais pobres 20% é cerca de 33 no Brasil. Além disso, Squire e Zou (1998)
 apresentam dados sobre coeficientes de Gini, que tem o Brasil no topo da lista com um coeficiente médio (ao longo do tempo) de 57,8 em relação a uma média da amostra. O nível e a dispersão dos salários em um país em um ponto no tempo, em geral dependem da distribuição das características dos seus trabalhadores, como educação, esforço, experiência, outras habilidades observadas e não observadas e os retornos a essas características. Estas declarações de vontade, por sua vez, dependem da distribuição da demanda por essas características. Fatores institucionais, como sindicatos e salários mínimos também pode afetar a estrutura salarial. No Brasil, assim como outros países menos desenvolvidos, a educação é muitas vezes a principal fonte de desigualdade. (MENEZES-FILHO, FERNANDES, PICCHETTI, 2006).
O amplo debate sobre o termo acabou por ser algo duplamente interpretado, de um lado, o conceito é muito amplo, obrigando vários significados para reunir pessoas e grupos que são abandonados, deixando de lado quer do mercado de trabalho, quer das políticas sociais, etc. De outro ângulo, é um conceito equivocado, atrasado, desnecessário (NICOLAU, 2003).
O acirramento de desigualdades e injustiças sociais degradam as condições de vida e ameaçam a coesão social para a existência de uma sociedade democrática. Degradam-se as relações de trabalho, o poder aquisitivo, a qualidade de moradias, as redes de solidariedade, as perspectivas de um futuro melhor.
Contudo, Nicolau (2003) afirma que a representação do pobre, no Brasil está se modificando, pois a sua identidade se relaciona a do bandido marginal. Constata que a pobreza e a desigualdade [entre nós] são face de uma mesma moeda, pois as altas taxas de concentração de renda e de desigualdade convivem com os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural, caracterizando um cenário que, de um lado, se mostra crescente a distância entre os “excluídos” e os “incluídos”, de outro, essa distância se torna muito pequena, como nunca foi antes, uma vez que os excluídos estão ameaçados de perder direitos adquiridos. O Estado de Bem-Estar social brasileiro não tem condições de assegurar seus direitos mínimos, isso se agrava com a crescente tendência da política neoliberal de diminuição da ação da segurança social do Estado.
Assim, compreende que o componente territorial implica não só que seus habitantes devam ter acesso aos bens e serviços indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, assegurando tais benefícios à coletividade. Afirma-se que no terceiro mundo tem “cidadãos”, por que se funda na sociedade do consumo, mercantilização e na monetarização. Dessa forma, em lugar do cidadão, surge o consumidor insatisfeito, em alienação, em cidadania mutilada.
Nessa mesma direção é imprescindível apontar que a pobreza contemporânea, tanto no Brasil, como no mundo ocidental, tem sido percebida como um fenômeno multidimensional que atinge tanto as classes pobres, como as indigentes, subnutridas, analfabetas, etc, quantos outros seguimentos da população pauperizados pela precária inserção no mundo de trabalho, como é o caso de migrantes discriminados. A pobreza já não diz mais só respeito à ausência de renda, incluindo outros fatores como o precário acesso a serviços públicos e, especialmente a ausência de poder (NICOLAU, 2003).
É importante contextualizar que o crescimento econômico neste contexto ocupa uma questão central, pois diante da estabilização da inflação, o Plano Real e a consecução de importantes reformas estruturais, as atenções voltaram para o crescimento da renda. Existem duas razões para que ocorram preocupações referentes ao processo de crescimento. A primeira delas se deve ao fato de que o desenvolvimento econômico brasileiro dos anos de 1980 a 2000 tornou-se inferiora sua trajetória histórica, neste período a renda per capita teve um aumento de 0,6% ao ano. Este desempenho, após o ano de 1980, tornou-se inferior àquela conseguida pelos países desenvolvidos e por alguns países em desenvolvimento. A segunda razão se deve ao fato desta performance insatisfatória do crescimento da renda ser acompanhada por uma forte estagnação dos indicadores sociais, especialmente em se tratando de pobreza e desigualdade, durante parte da década de 1990.
Em maio de 2011 foi divulgado um estudo da Desigualdade de Renda na ultima década, o mesmo realizado pela Fundação Getúlio Vargas e coordenado por Marcelo Neri. Elaborado a partir de analises dos dados obtidos da Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios (PNAD), Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE e Índice do Gini a FGV procurou acompanhar a evolução da desigualdade brasileira e redução da pobreza. O estudo utilizou a PME para completar o estudo em função de em alguns anos não ter sido realizado o PNAD.
Gráfico 5 – Participação percentual de pobres no total da população no Brasil – 1990/2010
0,005,0010,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0019901995200020052010
 
 Fonte: Neri (2011 p.02 da apresentação).
O estudo do PNAD conclui que a pobreza diminuiu 67,3% desde o Plano Real até dezembro de 2010 sendo que no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso a pobreza reduziu 31,9%e no governo do presidente Lula a pobreza reduziu 50,6%. Segundo o estudo somente na ultima década a renda dos 50% mais pobres cresceu (52,59%) mais que a dos 10% mais ricos (12,8%) em função de trabalhos menos qualificados terem sido mais valorizados nesta década (doméstico, construção civil, agrícola.), classes antes desfavorecidas (pessoas de cor preta, mulheres, baixa escolaridade...) e regiões tradicionalmente excluídas (nordeste, campo, moradores de favelas...) tiveram aumento de ganhos maiores que minimizaram as diferenças.
De acordo com o estudo a diferença do Brasil com os países desenvolvidos e emergentes, onde a desigualdade cresce notoriamente é grande e facilmente observada. Segundo este estudo foram fatores determinantes na redução da desigualdade social nessa ultima década os programas sociais, a educação e o trabalho. Esses fatores isoladamente já representaram avanços, mas suas combinações potencializaram seus efeitos na distribuição de renda do país.
Como conclusão o estudo aponta que nunca houve na história brasileira, estatisticamente documentada desde 1960, nada igual à redução na desigualdade de renda observada na última década. Assim como as décadas de 1960 e 1970 teriam sido marcadas como a do milagre econômico, a de 1980 como a redemocratização e a de 1990 pela estabilização da economia a ultima década foi marcada pela redução das desigualdades de renda.
De acordo com Marcelo Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, no período de 2003 á 2008, uma média de 5 milhões de pessoas deixavam a pobreza a cada ano (CORRÊA, 2009). Nesse período, chamado "época de ouro", a classe E (os pobres) teve redução de 39,5%. Segundo Neri, a classe C cresceu 25,6% nos cinco anos até junho de 2008 e em relação às classes A e B, que representam o topo da pirâmide social, houve crescimento de 34,1% nesse intervalo (CORRÊA, 2009).
O salário mínimo nesse período aumentou 72,92% (de R$ 240,00 para R$ 415,00) acréscimo muito além do IGP-DI acumulado no período (31,89%). No mesmo período a desigualdade social caiu um percentual maior que nos anos anteriores.
Em 2009 ocorre uma forte crise econômica mundial. A classe E (os pobres) teve redução de 0,4%, praticamente ficou no mesmo nível anterior. A classe C cresceu nesses 12 meses 1,8%, diz Neri. Em relação às classes A e B de junho de 2008 a junho de 2009 foi registrada uma redução de 2%. 
Segundo Marcelo Neri, a sociedade brasileira, tanto em termos de pobreza como de desigualdade, está no mesmo ponto do período pré-crise, pois o Brasil vinha numa fase de ouro, e o grande custo da crise foi interromper a redução da pobreza e da desigualdade, que vinha ocorrendo a um ritmo forte nos últimos anos (CORRÊA, 2009).
"Em outros momentos, em períodos de recessão e crise econômica, nós tivemos sempre uma piora na distribuição de renda e um aumento da pobreza", diz o economista Marcio Pochmann, presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (CORRÊA, 2009).
Tanto Neri quanto Pochmann afirmam que, de maneira geral, a reação do Brasil à crise foi positiva e permitiu um desempenho melhor não somente em relação a crises anteriores, mas também a outros países (CORRÊA, 2009). 
O autor segue comentando que a economia brasileira melhorou significativamente em muitas dimensões ao longo da última década. A inflação continua sob controle e as expectativas de inflação permanecem baixas. A posição externa do Brasil é sólida, com um superávit em conta corrente forte - cerca de 2 por cento do PIB em 2007 - e as reservas internacionais em torno de 201 bilhões de dólares, equivalente a mais de 200 por cento da sua dívida de curto prazo. O ajuste fiscal desde a flutuação do real em 1999 foi impressionante, permitindo a consolidação da estabilidade macroeconômica no período e garantindo que a dinâmica da dívida pública fosse sustentável. 
Apesar das diferenças na metodologia, em julho, a vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, Pamela Cox, disse que até 13 milhões de pessoas poderiam voltar a um patamar abaixo da linha de pobreza na região por causa da crise econômica mundial. O Banco Mundial não tem dados específicos sobre o Brasil. No entanto, segundo Neri e Pochmann, os indicadores atuais confirmam que o país ficou de fora desse movimento. 
Tabela 3 – Coeficiente de Gini no Brasil 2001-2009 
	 Ano
	Coeficiente de Gini
	2001
	0,596
	2002
	0,589
	2003
	0,583
	2004
	0,572
	2005
	0,569
	2006
	0,563
	2007
	0,556
	2008
	0,548
	2009
	0,543
Fonte: IPEA. (2012).
A tabela 3 comprova que a partir da década de 2000 existe uma redução da desigualdade, que mesmo em percentuais reduzidos demonstra uma redução constante mesmo em períodos de crises mundiais.
Em termos de estrutura e tendências na distribuição da renda brasileira, os dados de renda no Brasil antes da década de 1980 tem muitas limitações. Tornaram-se evidente nos anos 1970, como tabulações das informações do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) censos decenais tomadas em 1960 e 1970 parecia indicar que a diferença entre os escalões de rendimentos mais elevados e os níveis mais baixos tinham efetivamente alargado (COES, 2008):
Interpretações um tanto mecanicistas dessa ‘lei’ foram usadas para ‘explicar’ o crescimento da desigualdade no Brasil entre 1960 e 1970. É interessante notar que Kuznets (1955) terminava sua exposição assinalando que a análise econômica stricto sensu é insuficiente para entender o crescimento econômico e a distribuição da renda, e afirmando que ‘trabalho efetivo nessa área exige que a análise se desloque da economia de mercado para a economia político-social’ (HOFFMANN, 2001, p.71).
Dessa forma este capítulo demonstrou que está ocorrendo uma alteração na distribuição dos rendimentos brasileiros que vem tendo redução modesta mas continua da desigualdade a partir dos anos 2000, década posterior ao crescimento econômico e da estabilização da economia que haviam agravado ainda mais as desigualdades sociais. Essa redução comprovada inclusive através das ferramentas de análise. 
No próximo capitulo será abordado a influencia direta do salário mínimo sobre a distribuição de renda e a real importância do mesmo como ferramenta de redução das desigualdades.
CAPITULO III - INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
3.1 TENDÊNCIAS DA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA E DESIGUALDADE NO BRASIL
Na escola de pensamento neoclássico, a temática desenvolvimento econômico foi relegada, a um segundo plano, a favor da microeconomia,sendo que esses temas voltaram a ter importância após a depressão de 1929 e a "revolução" keynesiana da corrente neoclássica. Já na corrente “marxista”, a distribuição da renda nunca deixou de ser tema central. Basta lembrar a polêmica sobre a "Doutrina da Miséria Crescente" de Marx (HOFFMANN, 2001).
A adoção desse tipo de estrutura postula que as sociedades preferem uma situação caracterizada por menor desigualdade de renda e maior crescimento econômico. Entretanto, pode-se afirmar que uma função de bem-estar do tipo W(x) = ƒ (µx,Lx) é capaz de captar os principais aspectos de uma sociedade com essas características? Fields (1981) responde afirmativamente a essa questão.
[....]
Isso posto, surge outro importante questionamento: o aumento do bem-estar social está sempre condicionado ao crescimento econômico acompanhado por uma redução na desigualdade? Em outras palavras, é possível que o aumento de eficiência possa gerar um maior bem-estar, mesmo com a deterioração da justiça social? Essa pergunta tomou lugar de destaque no estudo de Shorrocks (1983), servindo de base para o critério da dominância estocástica de segunda ordem. Nessa nova ferramenta de ordenamento, torna-se necessário admitir que o aumento da desigualdade fosse compensado pelo incremento de renda nos estratos inferiores da distribuição (FIGUEIREDO;ZIEGELMANN, 2009).
A renda nada mais é do que um indicador do bem estar de um indivıduo e de uma sociedade, podendo ser classificada como: Renda pessoal, Renda domiciliar, Renda nacional, Renda per capita e Renda da terra. 
A renda pessoal é aquela recebida pelos indivíduos de todas as fontes, incluindo salários, juros e dividendos. Tem forte influencia no Orçamento Familiar e outros indicadores econômicos, tais como: consumo, poupança, investimento, produção, etc.
A renda familiar é aquela somada a renda individual dos moradores do mesmo domicílio. A renda mensal familiar per capita é a soma total da renda bruta no mês de todos aqueles que compõem a família, dividida pelo número de seus integrantes. Os rendimentos que entram no cálculo da renda familiar são salários, proventos, pensões, pensões-alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos recebidos do patrimônio, renda mensal vitalícia e Benefício de Prestação Continuada. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios 2012/2018 realizada pelo IBGE, o rendimento de todos os trabalhos representava, em 2018, 72,4% do rendimento médio domiciliar per capita. A aposentadoria correspondia à 20,5%. (gráfico 6)
Gráfico 6 – Participação na composição do rendimento médio mensal domiciliar per capita, segundo o tipo de rendimento (%)
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2012-2018
A Renda Nacional é aquela proveniente de todas as fontes de um país, incluindo a renda individual e lucros empresariais. Em outras palavras é o total das rendas (receitas) percebidas por toda a população de um país, num período de tempo determinado. 
A Renda per capita é o indicador que ajuda conhecer o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região, em suma, é a soma dos salários de toda a população dividida pelo número de habitantes e consiste na divisão da Renda Nacional, Produto Nacional Bruto (PNB) menos os gastos de depreciação do capital e os impostos indiretos, pela sua população. A renda per capita mostra na integra a renda média da população.
A Renda da Terra é uma categoria da Economia Política referente ao pagamento, por parte dos capitalistas, aos senhores de terra, pelo direito de uso da terra na produção de grãos. 
Não há dúvida que existe muito interesse em investigar a distribuição de renda no Brasil e alguns buscam o valor do salário mínimo como influenciador. A dominância estocástica de segunda ordem, descrita por Shorrocks (1983) leva a crer que uma distribuição tem dominância de segunda ordem sobre o salário mínimo, sendo assim a função de bem-estar social da distribuição é maior ou igual à função do bem estar social do salário mínimo em relação à riqueza acumulada.
Regras de ordem superior podem resolver essa indeterminação, mas isso não é garantido. Idade, geografia e consumo na desigualdade econômica brasileira em qualquer medida empírica da desigualdade de renda, mesmo em sociedades muito igualitárias, vai haver alguma desigualdade espúria decorrente da idade dos indivíduos ou das famílias estudadas. Este ponto se torna mais evidente quando se considera uma hipotética sociedade formada por indivíduos de iguais "ciclo de vida" rendimentos no sentido de Modigliani (COES, 2008).
Segundo Reis (1993) a política de salário mínimo tem por objetivo promover a igualdade social e econômica, procurando assegurar níveis de rendimentos e consumo minimamente satisfatórios aos trabalhadores e suas famílias, no que se refere na melhoria da distribuição de renda, tendo sua eficácia analisada a partir de uma analise de seus custos e benefícios sociais.
Tabela 4 – Índices de Gini da distribuição do rendimento familiar per capita segundo os percentuais de aumentos de SM
Fonte: Saboia e Hallack Netto (2018)
A tabela 4 demonstra movimentos relacionados, pois ao mesmo tempo que o salário mínimo cresce em termos reais, os indicadores de desigualdades de rendimentos apontam melhorias. Esse movimento sugere que a recuperação do valor do salário colabora para a melhora na distribuição de renda.
O problema da distribuição da renda ocupa lugar de destaque entre as preocupações de muitos economistas, tanto nos aspectos relacionados ao processo de concentração da distribuição da renda no Brasil, quanto na distribuição da posse da terra e as origens históricas do padrão de distribuição da renda. No período de 1956 a 1966, os salários reais cresceram bem menos que a produtividade. Assim, o desenvolvimento brasileiro favoreceu o aumento da concentração da renda e uma característica do crescimento industrial brasileiro foi à tendência ao uso de tecnologia capital-intensiva.
A concentração da renda reflete também em diversos fenômenos sociais como, por exemplo, o aumento na delinquência e violência. No que diz respeito à distribuição da renda no país, pode-se afirmar que ela possui características bastante estáveis, isto é, na ausência de revoluções sociais, os índices de concentração só se modificam pouco e lentamente. No que se refere especificamente à distribuição da posse da terra a concentração da posse era bastante estável. Concluiu-se, então, que não se pode esperar que a estrutura fundiária brasileira se torne mais igualitária, sem uma forte reforma agrária. 
As análises econômicas abordam a desigualdade, como sinônimo de pobreza, quando centrada na questão social fundamentam-se no conceito de discriminação, minimizando o fundamental, que é a injustiça social.
Procurando superar esse tipo de análise, alguns autores propõem que partindo dessa ambiguidade analítica e que é de certa forma inerente ao conceito de exclusão, é possível superar tais vícios que orientam as análises da desigualdade social.
Sawaia (2002) argumenta que analisar a ambiguidade constitutiva da desigualdade é capitar o enigma da coesão social sob a lógica da exclusão na versão social subjetiva, física e mental. Para tanto se faz pertinente a discussão com as diferentes disciplinas, que podem fornecer categorias analíticas, capazes de romper fronteiras acadêmicas e criar condições de superar a polissemia complexa e movediça deste conceito.
Nesse sentido, aponta que é necessário compreender que a desigualdade social é o processo sócio histórico, um complexo que não é em si, subjetivo nem objetivo, individual nem coletivo, racional nem emocional, mas processo complexo e multifacetado. A desigualdade social é uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. 
Historicamente os mendigos, pedintes, vagabundose marginais povoaram os espaços sociais, constituindo universos estigmatizados que atravessaram séculos. No Brasil, em particular, o tema da desigualdade social não é novo. Embora se possa falar hoje da “nova pobreza”, de novos processos sociais contemporâneos, nossa história traz capítulos frequentes de dominação de vastos segmentos populacionais, passando pelo império e as repúblicas (velhas, novas e contemporâneas), agravando-se durante a ditadura militar.
Entretanto, é a partir da década de 1990 que surge a noção de desigualdade e, esta passa a protagonizar o debate intelectual e político.
A construção dessa nova noção é atribuída a René Lemair em 1974. Suas teses sobre as questões sociais emanavam do pensamento liberal e foram fortemente criticadas pela esquerda, suscitando o debate e alargando a reflexão em torno da concepção de exclusão, não mais como um fenômeno de ordem individual, mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios mesmo do funcionamento das sociedades modernas (SAWAIA, 2002).
O amplo debate sobre o termo acabou por ser algo duplamente interpretado, de um lado, o conceito é muito amplo, obrigando vários significados para reunir pessoas e grupos que são abandonados, desafiliados, deixando de lado quer do mercado de trabalho, quer das políticas sociais, etc. De outro ângulo, é um conceito equivocado, atrasado, desnecessário.
Segundo Nicolau (2003, p.30) cita que para Robert Castel a sociedade salarial subdivide-se em “zonas” que abarcam determinados segmentos sociais de acordo com o lugar ocupado na divisão social do trabalho e nas redes de sociabilidade e de proteção frente aos acasos da existência. Ao invés de uns espaços sociais cindido em excluídos e incluídos, passa-se a concebê-lo, como um continum de posições que compreendem as zonas de integração, de vulnerabilidade, de assistência e de desfiliação sociais. A zona de integração comportando segmentos plenamente incluídos, e a zona de desfiliação abarcando os que se situam nas franjas do espaço social.
A concepção de desigualdade social de Robert Castel torna-se referencia no debate sobre o assunto, por que sua análise histórica e sócio antropológico centra-se na crise da sociedade salarial. Enfoca a emergência da relação contratual de trabalho e os que dela eram “excluídos”, como os vagabundos, desempregados, pobres e outros, ao longo da constituição da sociedade burguesa. Dessa forma, Verás (2003) destaca a importância do estudo de Castel não só sobre a exclusão, mas sobre as diferentes formas de proteção social, apontando não só a vulnerabilidade dos pobres, trabalhadores e desempregados, mas também pela precariedade das relações constitucionais, das formas de sociabilidade perversas e um panorama quanto ao futuro que passa pelo “desmonte” do estado social (Estado de Bem-Estar Social).
O acirramento de desigualdades e injustiças sociais degradam as condições de vida e ameaçam a coesão social para a existência de uma sociedade democrática. Degradam-se as relações de trabalho, o poder aquisitivo, a qualidade de moradias, as redes de solidariedade, as perspectivas de um futuro melhor.
Nicolau (2003) comentando Robert Castel afirma que se trata do surgimento, em escala mundial, de uma nova pobreza que resulta de transformações estruturais na organização do sistema produtivo e que vem descaracterizando o que se constitui como sociedade salarial na medida em que o trabalho cada vez mais é desatrelado de dispositivos de proteção aos riscos sociais garantidos por um estado social que busca equacionar os antagonismos entre capital e trabalho.
Assim em substituição ao termo exclusão por desigualdade se aborda processos contemporâneos como: desestabilização dos estáveis que se tornam vulneráveis e se instalam na precariedade, culminando pela inexistência ou déficit de lugares ocupáveis na estrutura social, transformando-se em não forças sociais, perdendo a identidade de trabalhadores e percorrendo a difícil caminhada suspensa por um fio.
Segundo alguns estudiosos do assunto formula-se um conceito de desigualdade mais estável e coerente, através dos três tipos ideais de tratamento da pobreza: integrada, marginal e privada ou desqualificante. Esta ultima se dirige claramente ao espectro da exclusão social, uma pobreza com condições precárias de vida e vista como ameaça a coesão social. Além do desemprego, há outras dimensões de precariedade econômica e social, instabilidade conjugal, vida social e familiar inadequadas, baixo nível de participação nas atividades sociais, etc. Em uma espiral viciosa de produção de exclusão. Assim, compreende-se que a precariedade da vida profissional propicia uma diminuição da sociedade, sobretudo a experiência da inatividade é vivida por homens no cume da vida produtiva. A vivência de um status social desqualificado provoca a interiorização de uma identidade negativa e atitudes de retraimento social afim de não tornar visíveis às inseguranças da vida cotidiana.
De modo geral, as análises das relações sociais têm sido enfocadas em confronto com a noção de estado, partindo de princípios universalistas ou diferencialistas, de combate à desigualdade. Os universalistas negam as diferenças, buscando a homogeneização com base no principio da cidadania e igualdade abstrata de direitos.
A crise do Estado Providência e o fracasso na obtenção da igualdade de acesso a serviços sociais acarretam a reflexão daqueles que respeitam a diferença, contra os princípios abstratos do cidadão com direitos virtuais.
Assim, propuseram normas relativistas em que o Estado Mínimo se exime da responsabilidade de integrar os “diferentes”, admitindo que a desigualdade seja de responsabilidade do próprio excluído. O diferente passa a ser encarado como sem utilidade econômica e a presença das novas tecnologias de produção é significativa nesse caso. Portanto, estar incluído entende-se estar dentro do sistema, mesmo que desigualmente.
Assim a perspectiva de que o vínculo dominante de inserção na sociedade moderna continua a ser a integração pelo trabalho, a transformação produtiva adquire preponderância nas trajetórias de desigualdade social. Entretanto, reafirma-se que a desigualdade social é um fenômeno multidimensional que superpõe uma multiplicidade de trajetórias de desvinculação, que ocorrem no mundo das relações sociais como é o caso da fragilização dos vínculos familiares, de vizinhança, de comunidade, instituições, que produzem rupturas que conduzem ao isolamento social e a solidão.
Nicolau (2003) demonstra com base em Castel, Sawaia e Martins a recusa do termo exclusão social, considerando que não existem situações fora do social e que, portanto, o sujeito nunca está totalmente excluído, mas inserido de forma perversa, precária e marginal na sociedade. Conclui que estes conceitos parecem retratar a situação da grande massa dos trabalhadores brasileiros que nunca se integrou plenamente ao capitalismo e que se situa nas zonas de vulnerabilidade social, formada pela fragilidade dos suportes sociais e pela plena precariedade na esfera do trabalho.
Nesse sentido, Nicolau (2003) afirma que os desfilados ocupam as franjas da sociedade como consequência de um processo de desvinculação com o mundo do trabalho e em suas redes de apoio social, como a família, por exemplo. Ela demonstra através dos relatos de seus pesquisadores que de modo geral a população assistida, em seu estudo de caso, pertence a um segmento social que mobiliza mais a repulsa do que a solidariedade social. 
Em consonância com os resultados apresentados por Nicolau, afirma-se que no caso do Brasil, considera-se as particularidades socioeconômicas, ideológicas, políticas e culturais poder-se-ia dizer que estão sendo forjados, personagens que são incômodos politicamente, ameaçadores socialmente, pois não são considerados simplesmente pobres, bandidos potenciais e desnecessários economicamente. 
Partindo desse aspecto, Nicolau (2003) afirma que a representação do pobre, no Brasil está se modificando, pois a sua identidade se relacionaa do bandido marginal. Constata que a pobreza e a desigualdade são face de uma mesma moeda, pois as altas taxas de concentração de renda e de desigualdade convivem com os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural, caracterizando um cenário que, de um lado, se mostra crescente a distância entre os “excluídos” e os “incluídos”, de outro, essa distância se torna muito pequena, como nunca foi antes, uma vez que os excluídos estão ameaçados de perder direitos adquiridos. O Estado de Bem-Estar social brasileiro não tem condições de assegurar seus direitos mínimos, isso se agrava com a crescente tendência da política neoliberal de diminuição da ação da segurança social do Estado.
Assim, compreende que o componente territorial implica não só que seus habitantes devam ter acesso aos bens e serviços indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, assegurando tais benefícios à coletividade. Afirma-se que no terceiro mundo tem “cidadãos”, por que se funda na sociedade do consumo, mercantilização e na monetarização. Dessa forma, em lugar do cidadão, surge o consumidor insatisfeito, em alienação, em cidadania mutilada.
Nessa mesma direção é imprescindível apontar que a pobreza contemporânea, tanto no Brasil, como no mundo ocidental, tem sido percebida como um fenômeno multidimensional que atinge tanto as classes pobres, como as indigentes, os subnutridos, os analfabetos, etc, quantos outros seguimentos da população pauperizados pela precária inserção no mundo de trabalho, como é o caso dos migrantes discriminados. A pobreza já não diz mais só respeito à ausência de renda, incluindo outros fatores como o precário acesso a serviços públicos e, especialmente a ausência de poder.
Assim o novo conceito de pobreza se associa ao de exclusão, vinculando-se as desigualdades existentes e especialmente a privação de poder de ação e representação e, nesse sentido, exclusão social tem que ser pensada também a partir da questão da democracia. Ressalta-se que as diferentes formas e expressões do fenômeno tende a ser reproduzido através de vários mecanismos que reforçam e o expandem. Esses mecanismos podem ser observados nos diferentes níveis da sociedade e faz confundir a desigualdade com a exclusão.
O mercado parece se sobrepor ao Estado, fazendo surgir uma nova desigualdade, em uma sociedade de imitação, da reprodutibilidade e da vulgarização, no lugar de criação e do sonho (SAWAIA, 20002).
Partindo dessa nova realidade os debates apontam para que a nova desigualdade seja analisada através de uma “fenomenologia dos processos sociais excludentes”, porque, além de produzirem também um universo ideológico no imaginário da sociedade de consumo os meios de comunicação, fantasiosos e coloridos das ficções permite certa unificação ideológica, apesar da desigualdade material. Esse fato cria dois mundos, uma sociedade dupla, de partes que se excluem reciprocamente, mas parecidas por conterem algumas mercadorias em comum e as ideias individualistas e competitivas.
Conclui-se que a relativa estabilidade nos padrões de distribuição da renda e da riqueza de um país é demonstrada por uma análise histórica para compreender o atual grau de concentração. Essa estabilidade mostra também, que as intenções de diminuir no futuro, o grau de concentração da renda, não serão facilmente executadas, seja por razões econômicas, seja por razões sócio-políticas.
CONCLUSÃO
O Brasil nas ultimas décadas vem passando por várias mudanças em sua economia que interferem diretamente na distribuição da renda nacional. A influência da educação e do investimento em capital humano nesse processo foi o tema desse estudo. 
A história da distribuição da renda no Brasil pode ser dividida também em fases: a primeira relacionada com a forma do descobrimento do país, a segunda relacionada ao crescimento econômico, onde ocorreu um grande aumento das desigualdades em função da qualificação da mão de obra, a terceira motivada pela estagnação econômica e pela inflação que agravou muito as desigualdades por que corrompia a renda dos mais desfavorecidos. A ultima a partir dos anos de 2000 onde se iniciou uma fase de redução contínua das desigualdades, mesmo que em níveis reduzidos.
Apesar dos grandes avanços na educação e da vontade do Estado em prover salários que promovam a igualdade social, os avanços nesse sentido ainda estão longe de serem alcançados. Ainda há elevada desigualdade da distribuição da renda, cujas raízes podem ser encontradas na formação e evolução econômica social das antigas Colônias de Portugal e Espanha. 
Existe ao longo da história uma incapacidade notável da educação e do investimento em capital humano, enquanto compreendido como aquele que deverá ser capaz de atender às necessidades educacionais da sociedade para o mercado de trabalho. 
É importante ressaltar que a desigualdade de renda não se restringe à desigualdade educacional. Infelizmente, os indicadores existentes sobre a distribuição de renda no Brasil se reportam basicamente à renda do trabalho. A busca incansável pela estabilidade da distribuição de renda no Brasil vem acompanhada ao longo da história com uma estrutura produtiva destinada a fracioná-la com maior poder de compra. Sendo assim, cabe aos representantes criarem uma política de distribuição de renda que consiga acompanhar a atividade produtiva relacionada ao novo perfil do trabalhador.
Analisando os últimos anos constata-se que apesar da recuperação da educação a participação do mesmo na redução das desigualdades é cada vez menor, pois a redução da pobreza não acompanha o aumento de investimentos no capital humano e no se setor educacional, sendo ele apenas um dos fatores importantes que podem levar a níveis desejáveis.
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