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Livro-Texto Unidade II - topicos de atuação profissional

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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade II
5 ATUAÇÃO EM NÍVEL INTERNACIONAL: REQUISITOS DE QUALIFICAÇÃO, 
ATIVIDADES EXERCIDAS E EXPERIÊNCIAS
Para atuar no mercado internacional, os requisitos de qualificação são diferentes, relacionando-os à 
atividade desempenhada no âmbito doméstico, como visto anteriormente. Em primeiro lugar, conhecer 
outras línguas, além da língua materna, é vital, e não cumpre apenas um requisito seletivo.
Enquanto economista, é importante lembrar que a atuação pode se dar em diversas áreas. Muitos 
estudam desejando seguir uma carreira em países estrangeiros, em empresas multinacionais. Os desafios 
são enormes e as chances são restritas, pois a concorrência agora se dá em nível mundial. Mas há 
a possibilidade de trabalhar em outra língua cotidianamente, receber em moeda estrangeira (o que, 
para o caso de um brasileiro, na maioria das vezes, é vantajoso) ou reportar-se a gestores de outros 
países. Geralmente, empresas multinacionais também apresentam planos de carreiras e benefícios mais 
audaciosos e promissores que empresas domésticas, dado o seu porte.
De acordo com Half (2017), é preciso desenvolver algumas competências. Jorge Martins, gerente de 
divisão na Robert Half, destaca:
— É imprescindível ter o domínio da língua inglesa;
— Assegure uma boa formação, seja no curso superior ou com pós-
graduações e mestrado ou MBA;
— Procure manter uma carreira estável;
— Domine a comunicação oral;
— Vista-se adequadamente para a entrevista. Isso significa não escolher 
perfumes fortes, usar pouca maquiagem e passar longe de roupas 
curtas, decotadas e muito informais;
— Na entrevista de emprego, tenha uma resposta clara e objetiva em 
relação às suas potencialidades, suas fraquezas e saiba responder por 
que a empresa seria boa para a sua vida e por que você seria um bom 
profissional ali;
— Busque aprofundar seu conhecimento sobre a empresa antes da 
entrevista com o headhunter;
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Unidade II
— Esteja preparado para responder às perguntas com segurança;
— Não articule demais nas entrevistas, pois isso pode demonstrar 
nervosismo ou falta de segurança;
— Tenha atenção com o português! É importante ter uma comunicação 
clara, objetiva e com boa qualidade verbal e
— Esteja preparado para uma conversa em inglês (HALF, 2017).
De acordo com o relatório “O Futuro dos Empregos” (WORLD ECONOMIC FORUM, 2016), a dinâmica 
econômica e social imposta no bojo da 4ª Revolução Industrial, com a presença cada vez mais massiva 
da robótica avançada, automação no transporte, inteligência artificial e aprendizagem automática, 
propicia um cenário socioeconômico, geopolítico e demográfico em constante mudança e transmutação. 
E isso certamente terá efeito sobre o mercado de trabalho, com aparecimento ou desaparecimento de 
profissões. Algumas profissões têm mais alterações e são as mais afetadas, como os setores da mídia 
e entretenimento, consumo, saúde e energia. Outras, como as das áreas de finanças, infraestrutura e 
mobilidade, deverão ter transformações mais profundas nos próximos anos. Diante desse cenário, a 
certeza é de que as profissões estão se alterando, e muito rapidamente, e isso requer mais flexibilidade 
e adaptabilidade dos profissionais. De acordo com este relatório, as dez habilidades que um profissional 
deve ter ou desenvolver são:
1 – Capacidade de resolver problemas complexos
De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial (WORLD ECONOMIC FORUM, 2016), nos 
próximos quatro anos, 36% das atividades em todos os setores da economia deverão exigir habilidade 
para solução de problemas complexos.
2 – Pensamento crítico
Raciocínio estruturado, habilidade de comunicação clara e perspicaz, capacidade de reconhecer os 
problemas e seus dilemas para ter um olhar sob diversas perspectivas.
3 – Criatividade
Um profissional criativo consegue ver uma solução mesmo diante de quadros com alterações repentinas.
4 – Competência para gerir pessoas
Um gestor deve ser capaz de motivar, desenvolver pessoas e capacitar novos talentos a partir de 
suas ações.
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5 – Habilidade de coordenar as próprias ações
Líderes devem ser habilidosos em coordenar a própria carreira, individualmente ou mesmo com 
ajuda de profissionais como os coaching.
6 – Inteligência emocional
Diante de cenários em mudanças, é importante um profissional apresentar serenidade para tomar as 
melhores decisões. Esta habilidade é essencial e não se aprende numa sala de aula.
7 – Capacidade de julgamento e de tomada de decisões
Um profissional que consiga analisar os dados, perceber o ambiente e tomar as melhores decisões 
certamente terá um lugar de destaque entre os executivos de negócios.
8 – Orientação para servir
Um profissional que saiba escutar e compreender consegue ajudar e contribuir para o avanço de 
uma equipe ao invés de competir com a própria equipe.
9 – Senso de negociação
Uma aptidão vital no mundo globalizado e competitivo é a capacidade de se relacionar e conciliar 
as diferenças e, por último.
10 – Flexibilidade cognitiva
Capacidade de criar ou mesmo de raciocinar a partir de cenários diferentes e sob pressão.
Figura 21 – Preparando a carreira num mercado globalizado
São muitas as habilidades necessárias, porém, para que um profissional tenha controle sobre sua 
carreira, é importante conscientizar-se de que a sociedade vem se alterando rapidamente e o profissional 
precisa estar atento e flexível para perceber e atuar nesse novo cenário. Portanto, a capacidade de se 
ajustar a mudanças é crucial.
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Unidade II
Alguns estudos (SILVA; NASCIMENTO, 2014) apontam que esse conjunto de habilidades em 
conformação também pode ser chamado de competências transversais. De acordo com essa metodologia, 
essas competências podem ser organizadas em cinco grandes clusters, que são as competências:
• metodológicas;
• sociais;
• relacionadas com valores e atitudes;
• de aprendizagem;
• técnicas.
O desenvolvimento dessas competências permite a formatação de um modelo de organização em 
quatro grandes competências-base:
• gestão pessoal;
• comunicação;
• gestão de pessoas e tarefas;
• mobilização da inovação e mudança.
Em companhias multinacionais, os economistas podem atuar desde o nível iniciante, como um 
analista, até níveis mais altos, como um CFO (Chief Financial Officer), CEO (Chief Executive Officer). E, 
assim como em empresas nacionais, os economistas podem atuar em diversos departamentos numa 
empresa, passando desde o recursos humanos à área operacional e da manufatura.
 Saiba mais
Há disponível uma infinidade de relatos sobre as experiências de 
economistas que atuaram em organizações multinacionais. Destacam-se 
aqui algumas indicações:
Ricardo Amorim, 20 anos de experiência em mercado financeiro no 
exterior e hoje participa do programa Manhattan Connection da Globo News:
AMORIM, R. Em entrevista à ADVFN, economista Ricardo Amorim 
conta sobre 20 anos de experiência com investimentos. 2011. São Paulo: 
Ricam. Entrevista feita por Francisco Tramujas. Disponível em: <http://
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ricamconsultoria.com.br/news/entrevistas/estrategista-ricardo-amorim-
fala-sobre-sua-experiencia-com-investimentos>. Acesso em: 11 abr. 2017. 
Philip Kotler, economista, referência mundial em marketing com 
diversos livros importantes publicados:
KOTLER, P. Veja entrevista com economista Philip Kotler sobre marketing da 
atualidade. 2016. Belo Horizonte: Em.com.br. Entrevista feita por Lilian Monteiro. 
Disponívelem: <http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/09/07/
internas_economia,566556/veja-entrevista-com-economista-philip-kotler-
sobre-marketing-da-atuali.shtml>. Acesso em: 11 abr. 2017.
A pesquisa Great Place do Work (2016b) apontou as melhores empresas multinacionais para trabalhar 
no Brasil. Entre as grandes empresas, destacam-se:
• Google.
• JW Marriott Rio de Janeiro.
• SC Johnson.
• Microsoft.
• SAP Labs Latin America.
• VMware Brasil.
• Perkins Motores.
• Renaissance São Paulo Hotel.
• Duke Energy.
• Ace Schmersal.
• EMC.
• Zambon.
• Symantec Brasil.
• Astellas.
• Bristol-Myers Squibb.
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Além de uma carreira em empresa, um economista pode optar por uma carreira em instituições 
multilaterais, como Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização Mundial do Comércio (OMC), 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), Bank of International Settlements (BIS), Organização das 
Nações Unidas (ONU), Banco Mundial, Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico 
(OCDE), Organização Mundial da Saúde (OMS), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe 
(Cepal), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Como a concorrência é global, é evidente que uma vaga de trabalho nessas instituições exige uma 
formação bem sólida. A seguir alguns exemplos a serem seguidos:
Professor Otaviano Canuto é diretor executivo do Banco Mundial para o Brasil e outros oito países. 
Anteriormente, ocupou os cargos de diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de 
vice-presidente, diretor executivo e conselheiro sênior sobre economias do Brics no próprio Banco 
Mundial, além de vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Também 
trabalhou para o governo brasileiro no cargo de secretário para Assuntos Internacionais do Ministério 
da Fazenda. É importante lembrar sua extensa formação acadêmica: mestrado (no Canadá) e doutorado 
em Economia na Universidade de Campinas (Unicamp). Foi professor de Economia da Universidade de 
São Paulo (USP) e Unicamp antes de direcionar sua carreira para as instituições multilaterais.
Outro importante profissional que se destaca em instituições multilaterais é o diplomata e 
atualmente diretor-geral da OMC Roberto Azevêdo. Embaixador do Brasil na organização desde 
2008, formado em Engenharia, também representa o Brasil junto a outras organizações econômicas, 
como a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), a Conferência das Nações Unidas 
sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e a União Internacional das Telecomunicações (UIT). O 
diplomata de carreira tem vasta experiência com comércio e intermediação de acordos internacionais. 
Dirigiu a Coordenação-geral de Contenciosos do Itamaraty durante quatro anos (de 2001 a 2005), já 
foi chefe do Departamento Econômico (2005 a 2006) e subsecretário-geral de Assuntos Econômicos 
do Ministério das Relações Exteriores.
Felipe Rezende, mestre e doutor em Economia, com especialização em teoria monetária e 
macroeconomia financeira pela Universidade de Missouri–Kansas City, é professor associado do 
Departamento de Economia da Hobart and William Smith Colleges, em Geneva, Nova York. Tem proferido 
diversas palestras no Brasil, destacando as origens da crise brasileira e as críticas às políticas econômicas 
adotadas pelo governo Temer.
Tomás Rotta, mestre e doutor em Economia pela USP e pela University of Massachussets, 
Amherst, Estados Unidos, respectivamente, atualmente é lecturer em Economia no Departamento 
de Negócios Internacionais e Economia na University of Greenwich, Londres. Lecturer é uma 
profissão que não há no Brasil, pois esse profissional apenas dá aulas e não exerce atividades 
conjuntas como dar aulas e pesquisar.
Como é possível verificar, essas posições em instituições estrangeiras requerem uma boa formação 
acadêmica e muita experiência.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Figura 22
 Saiba mais
O que são instituições multilaterais?
São organismos supranacionais formados por vários países cujo 
objetivo é alcançar acordos globais a despeito dos interesses nacionais. 
Dessa maneira, evita-se o conflito e se busca o consenso, por mais que haja 
nações mais poderosas que outras.
A seguir, indicações de sites para conhecer algumas dessas instituições:
Fundo Monetário Internacional (FMI) <http://www.imf.org/external/
index.htm>.
Organização Mundial do Comércio (OMC) – <https://www.wto.org/>.
Organização Internacional do Trabalho (OIT) – <www.ilo.org/>.
Bank for International Settlements (BIS) – <https://www.bis.org/>.
Organização das Nações Unidas (ONU) – <http://www.un.org/en/index.html>.
Banco Mundial – <www.worldbank.org/>.
Organisation for Economic Co-operation and Development (OCDE) – 
<www.oecd.org/>.
Organização Mundial da Saúde (OMS) – <http://www.who.int/
eportuguese/countries/bra/pt/>.
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) – <www.
cepal.org/pt-br>.
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Unidade II
Figura 23 – Conferência do Banco Mundial
Além da experiência em organismos multilaterais ou mesmo em universidades estrangeiras, é 
importante lembrar que é possível uma carreira internacional em ONG’s, ou seja, atuando no terceiro 
setor ou mesmo em bancos estrangeiros.
6 MOBILIDADE ENTRE ALTERNATIVAS DE APERFEIÇOAMENTO E DE INSERÇÃO 
NO MERCADO DE TRABALHO
Anteriormente, ficou evidente que a formação em Economia é bem ampla e permite atuar em 
diversos mercados. Agora, o foco será analisar quais os tipos de multidisciplinaridades possíveis quando 
se estuda Economia ou se trabalha com ela.
6.1 Áreas interligadas com a Economia, como Ciências Sociais, História, 
Geografia, Administração, Contabilidade, Engenharia etc.
A Economia, justamente por ser uma ciência, não pode ser estudada isoladamente como um mundo 
fechado. Pelo contrário, embora tenha um núcleo de análise que estuda a reprodução e a distribuição 
material dos indivíduos numa sociedade, a Economia apresenta várias inter-relações com outras ciências.
A ciência econômica é uma ciência social que estuda o funcionamento da economia e da sociedade 
capitalista sob o pressuposto do comportamento racional do homem econômico (homo economicus). 
Isso significa dizer que esses agentes racionais buscam alocar da melhor maneira, ou seja, de forma 
eficiente os recursos escassos entre infinitas possibilidades.
Para responder às questões básicas das Ciências Econômicas como o que e quanto produzir, como 
produzir e para quem produzir, é preciso ir além dos conceitos básicos da teoria econômica, pois apenas 
com os conceitos da Economia não é possível imaginar quanto é preciso produzir diante da questão 
contemporânea de degradação ambiental, por exemplo. Portanto, as questões das Ciências Econômicas, 
não apenas hoje, precisam ser elaboradas e estudadas de acordo com o ritmo de crescimento econômico 
e o próprio sentido coletivo de sociedade que se almeja, isto é, manter esse padrão de consumo em 
permanente expansão é possível sem que haja mais problemas ambientais ou mesmo acarretando novos 
problemas de distribuição de riqueza?
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Para dar conta dessa multiplicidade de questões, a ciência econômica necessariamente 
precisa recorrer às outras ciências, portanto é multidisciplinar. Uma primeira aproximação é com 
as Ciências Sociais.
Levando em consideração as divisões das Ciências Sociais, a relação entre Economia e Sociologia 
é imediata, uma vez que a Economia estuda a vida material dos indivíduos e a Sociologia analisa os 
indivíduos numa sociedade. No debate das ciências ao longo da história, há diversas concepções sobreo 
que é ou que estuda as Ciências Econômicas e a Sociologia. Não é para todas as escolas de pensamento 
que essa relação é imediata; pelo contrário, caso se pense que a Economia avalie as relações de mercado, 
ou seja, as relações de troca entre um ofertante e um demandante, sem a necessidade de um terceiro 
agente como o Estado, então, não haverá relação alguma com a Sociologia. Pois, para essa concepção 
de Economia, não é preciso instituição alguma, já que o mercado funciona perfeitamente e os agentes 
são racionais, não tomando qualquer decisão equivocadamente.
Caso se entenda que a Economia é um estudo de como a sociedade se organiza conforme as 
necessidades sociais e a disponibilidade de recursos, então outra concepção de Economia pode ser 
elaborada e seus problemas podem ser analisados.
Uma das questões pertinentes para esta análise é definir o que o ser humano precisa, isto é, o que é 
necessário para a sobrevivência dele? É uma determinação histórica? Com um exemplo é possível refazer 
esta questão: hoje, principalmente os jovens, não conseguem conceber a ideia de viver sem um celular 
conectado à internet. Portar um celular com internet tem o status social de pertencimento. Agora 
imagine há cem anos, quando a internet ainda não era concebida, os jovens daquela época viviam pior 
que hoje, uma vez que não existia tal tecnologia? Se você partir da sua concepção de mundo, tenderia 
a responder que o jovem daquela época vivia pior, mas isso é um equívoco, pois naquela época havia 
outros elementos que permitiam a sensação de pertencimento social, como um traje de roupa. Então, 
veja que a satisfação de consumo se altera dependendo do tempo histórico e da conformação social. Os 
valores sociais de hoje são diferentes dos valores do passado, de maneira que não se pode afirmar que 
o jovem do passado vivia pior por não ter um celular com internet.
Com relação à outra área das Ciências Sociais, a política, também se pode estabelecer uma relação 
bastante próxima. De acordo com Pinho; Vasconcellos e Toneto Jr. (2011, p. 16):
A política determina as instituições sobre as quais se desenvolverão as 
atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica subordina-
se à estrutura e ao regime político do país. Por exemplo, pode-se afirmar 
que o funcionamento do sistema econômica em um regime democrático 
é diferente comparado a um regime ditatorial. Na ditadura, é mais “fácil” 
implantar medidas de política econômica, pois a autoridade política não 
sofre qualquer oposição (Congresso Nacional, sindicatos, juízes etc.). Já na 
democracia, os diversos segmentos da sociedade, direta ou indiretamente, 
podem opinar sobre as ações do governo e interferir nelas, o que complica a 
condução da Economia, porém a tornam mais justa.
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Unidade II
No entanto, a estrutura política encontra-se muitas vezes subordinada ao 
poder econômico. Podemos citar, como exemplos, o poder econômico dos 
latifundiários, dos grupos proprietários de grandes empresas, das grandes 
empresas estatais etc. Entre os inúmeros exemplos históricos que reforçam 
essa relação, podemos mencionar a política do “café com leite”, antes de 1930, 
quando Minas Gerais e São Paulo dominavam o cenário político do País.
A relação entre Economia e História e Geografia também parece ser bastante evidente. Nem todos 
os fenômenos econômicos e sociais que vivenciamos são novos, aliás, a maioria se repete. A pesquisa 
histórica é crucial em Economia para entender alguns fenômenos que se repetem, pois assim facilita a 
solução para os dilemas do presente, assim como permite melhor previsão dos fenômenos.
Mas também os fatos econômicos afetam o desenrolar da História. Alguns 
importantes períodos históricos são associados a fatores econômicos, como 
os ciclos do ouro e da cana-de-açúcar na história do Brasil, a Revolução 
Industrial, a quebra da Bolsa de Nova York (1929), a crise do petróleo etc., 
os quais alteraram profundamente a história mundial. Em última análise, as 
próprias guerras e revoluções têm, explícita ou implicitamente, motivações 
econômicas (PINHO; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2011, p. 16).
Uma das maneiras de estudar Economia é levantar as condições naturais existentes, as necessidades 
dos indivíduos e tentar alocar esses recursos. Mas como alocar sem que antes seja feito um levantamento 
sobre o clima, os acidentes geográficos, as condições geomorfológicas do solo, a concentração espacial 
dos fatores produtivos, a localização das empresas, a distribuição populacional? A geografia permite 
que as decisões econômicas e sociais sejam mais bem analisadas, inclusive algumas áreas da Economia 
estão em contato direto com a geografia, por exemplo, a economia regional e urbana, a demografia 
econômica e mesmo a área que estuda a concentração industrial ou setorial.
Uma questão contemporânea é elaborar políticas econômicas para garantir emprego e renda para a 
população. No caso brasileiro, dada a extensão territorial e a diversidade econômica no país, não adianta 
estimular apenas a política de emprego, via empresa ou Estado, na região sul, pois assim não se elimina 
o quadro de elevado desemprego. É preciso antes de aplicar a política econômica um levantamento 
sobre as condições de desemprego em cada região, por faixa etária, por extrato de renda para então 
propor alguma política.
Figura 24 – A ciência econômica interdisciplinar
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Uma das relações mais presentes na Economia é com a Matemática e com a estatística. À frente, vocês 
poderão ter mais contato com isso. A princípio, pode-se dizer que a Economia lida com variáveis quantitativas 
como preços, renda, taxa de juros, taxa de inflação etc. Além disso, para lidar com os problemas, muitas vezes 
se recorre a modelos matemáticos e estatísticos que permitem melhor compreensão sobre os fenômenos 
econômicos. Desde a macroeconomia, com a contabilidade social, é preciso utilizar a Matemática para ter noção 
do montante necessário de produtos para consumo diante da renda disponível. Leia-se aí a função consumo.
Quando se trata da estatística, há uma área específica da economia que se detém nesse campo, que 
é a econometria. São desenvolvidos instrumentos e modelos capazes de mensurar e relacionar melhor 
as diversas variáveis presentes numa análise econômica.
A ciência econômica está longe de ser uma disciplina isolada, apesar de alguns economistas 
tenderem a assim considerá-la. Como visto anteriormente, é uma ciência complexa, que exige uma 
interdisciplinaridade constante para entender os fenômenos na sua completude. Claro que, em 
determinados momentos, é possível restringir a pergunta e isolar algumas variáveis, mas é importante 
ter a noção do objetivo da ciência econômica.
 Lembrete
Além de as Ciências Econômicas ser uma área do conhecimento 
multidisciplinar, é vital ressaltar que é preciso uma formação multidisciplinar 
e contínua para atender aos desafios da profissão. Lembre-se de que a 
formação não termina na graduação, pelo contrário, é possível continuar 
com as diversas pós-graduações existentes.
7 VARIÁVEIS GLOBAIS QUE AFETAM A SOCIEDADE E O ECONOMISTA
7.1 Sociais: entender a sociedade em suas múltiplas manifestações
Os seres humanos, em sua relação com o meio social, realizam uma série de interações entre si e 
com as instituições públicas e privadas que podem ser observadas em diversos âmbitos de nossas vidas. 
Eles se constituem por essas inúmeras interações com o outro e com o meio em que vivem, são as 
comumente chamadas variáveis sociais.
Entender as variáveis sociais como um conjunto de determinações que se refletem na constituição 
dos seres humanos e da sociedade é fundamental para a compreensão da ciência econômica em seu 
aspecto mais geral e crítico. Dessa forma, estudaremos os significados e implicaçõesdas principais 
variáveis sociais na Economia.
7.1.1 Desigualdade social
A desigualdade social, chamada muitas vezes de desigualdade econômica, é um problema presente 
em todos os países do mundo, e decorre, dentre outras coisas, da estrutura produtiva no sistema capitalista, 
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Unidade II
da má distribuição de renda e da produção e da falta de investimento nas áreas sociais. No caso 
brasileiro, suas enormes disparidades em termos de distribuição de riqueza carregam particularidades, 
com profundas raízes históricas, que remontam ao Brasil colônia. É importante compreender que uma 
das bases estruturantes da nossa sociedade é a desigualdade social e devemos entendê-la, primeiro, 
como um fenômeno social, e não tratá-la como natural e intrínseca da sociedade.
 Saiba mais
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. Rio de Janeiro: Fundo de 
Cultura, 1964.
FREYRE, G. Casa-grande & senzala. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
PRADO JR., C. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1972.
Uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Governo Federal, 
“O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG)”, elaborou um importante 
artigo em 2015 denominado Tributação e distribuição de renda no Brasil: novas evidências a partir das 
declarações tributárias das pessoas físicas para analisar a concentração de renda no Brasil. O referido 
estudo chama atenção, dentre outras coisas, para a desigual tributação no país. Enquanto a tributação 
dos países da OCDE tem maior peso sobre a renda e o patrimônio, no Brasil a tributação recai sobre bens 
e serviços, ou seja, no consumo, “penalizando” a renda dos mais pobres. Outro elemento que o texto 
ressalta é a baixa tributação no Brasil, comparada a outros países, aos lucros:
Em média, a tributação total do lucro (somando pessoa jurídica e pessoa 
física) chega a 48 por cento nos países da OCDE (sendo 64 por cento na 
França, 48 por cento na Alemanha e 57 por cento nos Estados Unidos). No 
Brasil, com as isenções de dividendos e outros benefícios tributários, essa 
taxa cai abaixo de 30 por cento (GOBETTI; ORAIR, 2015, p. 2).
No ano de 2016, uma matéria do jornal Nexo (FÁBIO et al., 2016) analisou o referido estudo 
demonstrando através da análise gráfica a situação de desigualdade de renda no país. Na figura a seguir, 
é possível visualizar que a população 1% mais rica no Brasil concentra 23,1% do total da renda. Os 20% 
mais pobres detêm apenas 3,9% da renda, enquanto os 20% mais ricos possuem 64,2% da renda.
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3,9% da renda
64,2% da renda
52% da renda
23,1% da renda
Detalhe abaixo
1%
1%
Renda
População
20% mais pobres 20% mais ricos
10% mais pobres 10% mais ricos
Figura 25 – Concentração de renda no Brasil
Conforme se infere da imagem anterior, se observarmos a parcela da população dos 10% mais ricos 
e mais pobres, evidencia-se a gravidade da discrepância entre as rendas, enquanto 52% da renda estão 
nas mãos dos 10% mais ricos, apenas 1% da renda se encontra nas mãos dos 10% mais pobres do País.
Ainda, para a demonstração de dados sobre a desigualdade social no Brasil, em 2016, Fernando 
Nogueira da Costa, com a obra A Inacreditável Concentração de Renda e Riqueza no Brasil (2016), fez 
uma análise sobre o documento “Relatório da Distribuição Pessoal da Renda e da Riqueza da População 
Brasileira de 2016”.
Dessa anavaliação, uma das importantes constatações do autor foi verificar que os 5% mais ricos 
detêm 28% da renda total e da riqueza. Dentre essa população mais rica, 1% dela acumula 14% da 
renda e 15% da riqueza e os 0,1% dos mais ricos possuem 6% da riqueza e da renda total.
As características das desigualdades no Brasil, também, podem ser compreendidas pelo Coeficiente 
ou Índice de Gini, importante instrumento desenvolvido pelo demógrafo, estatístico e sociólogo italiano 
Corrado Gini (1884-1965) no ano de 1912. Esse índice mede as desigualdades de distribuição de renda 
e riqueza de uma sociedade. Quanto mais próximo o cálculo for de zero, menor será a desigualdade. O 
gráfico a seguir (BRASIL, 2016b) permite analisar as alterações nos índices Gini do Brasil entre 2004 e 
2014. Nesse sentido, podemos observar uma melhora do índice nos últimos anos.
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0,55
0,54
0,53
0,52
0,51
0,5
0,49
0,48
0,47
0,46
2004
0,545
2006
0,539
2008
0,519
2011
0,5
2013
0,495
2005
0,541
2007
0,526
2009
0,516
2012
0,496
2014
0,49
Figura 26 – Índice de Gini – Brasil 2004-2014
No entanto, além de essa mudança ser tímida, o Brasil figura entre os países mais desiguais do 
mundo de acordo com esse índice para o recente ano de 2013. O gráfico a seguir (BRASIL, 2016b) 
apresenta os números da desigualdade em diversos países e as diferenças de índices:
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do
 S
ul
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,26 0,26
0,27 0,27 0,28
0,28 0,29 0,3 0,3 0,3
0,32 0,33 0,33 0,33
0,35 0,36
0,36 0,37
0,41 0,42
0,42 0,42
0,45
0,47 0,48
0,48 0,48
0,5 0,5
0,52 0,53
0,54
0,61
0,63
Figura 27 – Índice de Gini de países selecionados em 2013
Como se pode observar, dos países selecionados, o Brasil fica à frente somente de seis países, ficando 
atrás de nações como Paraguai, Bolívia, Equador e Peru, deixando evidente a enorme desigualdade 
que existe em nosso país. O índice da Noruega é de 0,26, bem próximo a zero, e o do Brasil é de 0,5. 
Importante apontar que dos países da América Latina, o Brasil fica atrás de oito países.
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Diante desse quadro, não é difícil mensurar as implicações dessa variável social na economia. A 
desigualdade social afeta diretamente o potencial econômico do país, na medida em que apenas uma 
pequena parcela da nossa sociedade tem condições de renda para consumo e investimento, prejudicando 
qualquer projeto de desenvolvimento de nação.
Outra consequência não menos importante dessa variável social que merece ser abordada é a 
marginalização de grande parte da sociedade, que fica sem acesso adequado e necessário a educação, 
saúde, transporte, moradia e saneamento básico. Por fim, a violência e o aumento da criminalidade são 
fenômenos preocupantes gerados pela desigualdade social. Trazem consequências sérias à sociedade e 
à economia, colocando o Brasil como um dos países mais violentos do mundo.
7.1.2 Concentração de terra
Outra variável social importante a ser discorrida e que também se apresenta como uma das 
principais causas da desigualdade social no Brasil é a estrutura agrária do país. A economia brasileira 
esteve, ao longo da sua história, voltada ao extrativismo e à produção agrícola de caráter exportador, 
obedecendo às regras da economia mundial em ofertar matéria-prima “barata” para produção de 
produtos industrializados.
No Brasil, a concentração fundiária pode ser observada em alguns números da economia agrícola: 
nos índice de concentração da propriedade da terra, em que apenas 1% dos proprietários controla 46% 
de todas as terras; no elevado índice de concentração da produção agrícola, em que somente 8% dos 
estabelecimentos produzem mais de 80% das commodities agrícolas exportadas;na distorção do uso de 
nosso patrimônio agrícola, pois 80% de todas as terras são utilizadas apenas para produzir soja, milho 
e cana-de-açúcar, e na pecuária extensiva; na dependência econômica externa à que a agricultura 
brasileira está submetida, por causa do controle do mercado, dos insumos e dos preços pelas empresas 
agrícolas transnacionais; e também na subordinação ao capital financeiro, pois a produção agrícola 
depende cada vez mais das inversões do capital financeiro, que adianta recursos, cobra juros e divide a 
renda gerada na agricultura (STEDILE, 2012). Essa profunda e crescente concentração da terra pode ser 
observada no gráfico a seguir.
Tabela 1 – Evolução da Concentração de Terra no Brasil Medida por Imóveis – 2003/2010
Classificação imóveis
2003 2010 Crescimento 
da área por 
setorNúmero Área(ha.) Peso s/área Número Área(ha.) Peso s/área
Minifúncio 2.736.052 38.973.371 9,30% 3.318.077 46.684.657 8,20% 19,70%
Pequena propriedade 1.142.937 74.195.134 17,70% 1.338.300 88.789.805 15,50% 19,70%
Média propriedade 297.220 88.100.414 21,10% 380.584 113.879.540 19,90% 29,30%
Grande propriedade 112.463 214.843.865 51,30% 130.515 318.904.739 55,80% 48,40%
1) Improdutiva 58.331 133.774.802 31,90% 69.233 228.508.510 40% 71%
2) Produtiva 54.132 81.069.063 19,40% 61.282 90.396.229 15,80% 11,50%
Total 4.290.482 418.456.641 100% 5.181.645 571.740.919 100% 36,60%
Adaptado de: Evolução... (2011).
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Unidade II
Cumpre destacar no gráfico anterior que as grandes propriedades tiveram os maiores crescimentos 
de área se compararmos o ano de 2010 com o ano de 2003 e suas terras improdutivas aumentarem 71% 
de um ano para o outro. Os recentes dados referentes à concentração da propriedade da terra no Brasil 
o colocam no topo dos países que possuem a maior concentração da propriedade da terra do mundo. 
Dados do ano de 2006 do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
mostram que:
[...] as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7% da 
área rural, enquanto as propriedades com mais de 1.000 hectares representam 
43% do total [...]. Portanto, o Brasil é “campeão” mundial em concentração 
de terra e tem um dos piores índices mundiais em concentração de renda 
(MENDONÇA, 2010, p. 5).
Essa concentrada estrutura fundiária traz consequências negativas ao desenvolvimento 
socioeconômico do país. As grandes áreas de terra na mão de poucas pessoas restringem o acesso de 
famílias a um pedaço de terra para a produção familiar. As oportunidades de trabalho e a construção 
de uma vida no campo ficam restritas, incentivando a saída forçada de famílias para as áreas urbanas.
7.1.3 Acesso à educação
Outro aspecto das variáveis sociais para compreensão da sociedade brasileira em suas múltiplas 
características é o acesso à educação. Como um direito social fundamental, a educação é vital para 
o desenvolvimento do indivíduo e, consequentemente, da própria sociedade e como preceitua o art. 
205 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), a educação visa, além desse desenvolvimento, o 
preparo do indivíduo ao exercício de sua cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A Constituição de 1988 trouxe avanços importantes nesse tema e o acesso universal à educação 
pública representava a ideia de maior justiça social no país. No entanto, essa universalização foi 
praticamente simultânea à expansão do ensino privado, o que gerou uma distorção no discurso, uma 
vez que, ao mesmo tempo em que universaliza direitos básicos, se incentiva a atividade privada com 
base na livre iniciativa.
Esse cenário reflete o novo modelo de Estado implementado no Brasil da chamada administração 
gerencial, em que se permite e se aceita uma maior participação de setores privados. No fim dos anos 
1980 e início da década de 1990, há um discurso relatando que somente com a privatização o Brasil 
teria condições de reestruturar o Estado. Há ajustes financeiros e restrições fiscais como uma forma de 
colocar o Brasil em sintonia com a globalização dos mercados.
Com isso, setores como educação pública ficam comprometidos, uma vez que não se investe o 
necessário nessa área e somente àqueles que têm acesso à escola privada possuem condições de receber 
uma educação adequada, restringindo o acesso daqueles que mais necessitam dos direitos básicos.
Outro ponto relevante nessa variável é o tempo de estudo da população. Com uma educação pública 
de pouca qualidade, que não motiva os estudantes, aliada à necessidade de muitos jovens largarem os 
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estudos para entrarem precocemente num mercado precário de trabalho, os anos de estudos da população 
brasileira não são o suficiente para completar o Ensino Fundamental. Alguns dados gerais disponibilizados 
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2014) demonstram essa situação:
0
2
4
6
8
10 9,8
Chile Peru MéxicoArgentina Uruguai Brasil Colômbia
9,8
9
8,5 8,5
7,1 7,1
12
Figura 28 – América Latina: Anos de Estudos da População. (Média de anos de Estudo da População com mais de 25 anos, dados de 2013)
Conforme observado, a média de tempo de estudo no Brasil é de sete anos, ficando atrás de países 
como México, Uruguai e Peru. Diante desse cenário, essa variável social traz implicações diretas na 
economia ao passo que sua deficiência atrapalha a formação de grande parte da população e sua 
preparação crítica para o mercado de trabalho.
7.2 Políticas: o principal papel da economia é ser construtiva e inclusiva
Segundo Arendt (2002), a política é a organização dos homens para a realização de objetivos em 
comum, em meio às inúmeras diferenças entre eles. Os diferentes interesses entre pessoas e grupos 
sociais são geradores de conflitos. O conflito de interesse é característica principal no campo da política. 
Esse contexto de conflito é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento econômico.
A relação entre as duas variáveis, economia e política, é tão grande que não se pode dizer ao certo se é 
a política que afeta a economia ou o contrário. O mais razoável é afirmar que há uma relação mútua entre 
essas duas variáveis e, dependendo do ponto de vista, há a influência da economia na política e da política 
na economia. Nas próximas páginas, serão discutidos casos a partir das variáveis políticas que afetam a 
sociedade e a economia, tais como os regimes políticos, o papel do Estado e as políticas públicas.
7.2.1 O papel do Estado na economia
Desvendar o significado das ações do Estado na Economia foi alvo das principais discussões dentro 
da Economia Política Clássica, da visão neoliberal, nas obras de Karl Marx e no pensamento de Keynes. 
Esse assunto é um dos itens principais para a formação crítica do economista, na medida em que o 
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estudante de Economia se identifique com alguma linha de pensamento e possa utilizar sua forma de 
pensar para análises de acontecimentos da realidade concreta e de suas ações como economista.
Segundo Pereira (2004), o Estado para Smith e Mill deve prover a liberdade e os direitos da população 
sem interferência na sua vida privada. Os dois pensadores defendiam a intervenção estatal em algumas 
esferas da sociedade, mas enfatizavam o laissez-faire e as liberdades dos mercados e dos indivíduos. Para 
Smith, em uma sociedade individualista, o autointeresse é a forma mais eficiente de um país crescer e 
progredir economicamente (FUSFELD, 2001). Para isso, não há a necessidade da intervenção governamental:
[...] só cabiam ao Estado três funções legítimas: o estabelecimento e a 
manutenção da justiça, a defesa nacional e a criação e a manutenção de 
certas obras e instituições públicas, que nenhum indivíduoou grupo de 
indivíduos teria interesse de criar e manter (FUSFELD, 2001, p. 42).
Os mercados não precisariam da intervenção do Estado. A concorrência entre produtores e os desejos 
de comprar e vender de consumidores e vendedores, respectivamente, naturalmente adaptaria o mercado 
sem falhas. A máxima da visão liberal é a da autorregulação dos mercados e dos indivíduos. Para a lógica 
liberal, a mercantilização é emancipatória e, segundo esse ideário, os incentivos da competição trariam 
a eficiência geral e qualquer falha seria por falta de motivação dos próprios indivíduos.
A teoria neoliberal, por sua vez, traz a visão de que o Estado é só mais um agente econômico na sociedade 
e, nessa lógica, não há a necessidade de suas intervenções (OLIVEIRA, 1993). Com um aprofundamento do 
liberalismo, os defensores e teóricos do neoliberalismo pregam a mercantilização até dos serviços sociais 
da saúde, educação e a diminuição drástica dos gastos do Estado. Para os defensores do neoliberalismo, 
as explicações para crises econômicas são os excessos da intervenção estatal e o poder dos sindicatos, que 
fazem exigências por aumentos salariais e causam desequilíbrios na economia.
Para Marx, a função do Estado para o capitalismo é a de elaborar uma série de regras sobre inúmeros 
assuntos, mas principalmente para regulamentar o mercado e garantir o direito à propriedade privada. 
O Estado é necessário para garantir a igualdade formal de funcionamento da economia que tem, em sua 
base, um contrato entre pessoas livres e iguais que negociam a venda e compra da força de trabalho. 
Igualdade formal que esconde toda desigualdade e que tem como discurso que a propriedade é fruto 
do trabalho (MARX, 2010).
Já o Estado com características keynesianas, o oposto da ideia de um Estado com características 
neoliberais, é que intervém na sociedade procurando ativar, através de gastos sociais, tanto a demanda 
como a oferta da economia.
Segundo Fusfeld (2001), a obra de Keynes Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro é uma 
análise da causa do desemprego e, para essa análise, o economista da teoria geral desenvolveu conceitos 
importantes como “incentivo ao investimento” e “multiplicador”, ambos envolvendo a participação 
do Estado. Keynes defendia a realização de obras públicas por parte do Estado, que ativariam 
setores econômicos em cascata, geraria empregos e fortaleceria a demanda agregada. Essa é a ideia 
do multiplicador com base na dinâmica econômica regida pela trajetória da demanda efetiva. Para 
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incentivar o investimento, Keynes defendia uma política monetária frouxa, com taxas de juros baixas 
(apud FUSFELD, 2001).
As políticas de Estado de Bem-Estar Social na Europa do pós-guerra são vistas por Jessop (1993) 
como medidas keynesianas. Os benefícios ofertados pelos regimes de welfare state podem ser vistos 
como instrumentos de auxílio à manutenção da demanda agregada, principalmente no que diz respeito 
à previdência, uma renda para aposentados e para pessoas incapazes de exercer uma atividade laboral.
As ações do Estado como organizador e executor de políticas públicas na economia mostram 
sua importância também em períodos de crise econômica, na medida em que minimizam os efeitos 
negativos ou até mesmo estimulam a economia, ativando a demanda na sociedade. Essa é uma visão 
de Estado que vem sendo muito criticada dentro do debate econômico. O mainstream econômico, em 
especial os defensores do neoliberalismo, acusa o Estado keynesiano de ser gastador, indisciplinado 
macroeconomicamente e ineficiente para os mercados, é a visão do Estado mínimo.
O debate da intervenção ou não do Estado na economia é um dos principais temas tanto para a 
formação do economista e sua forma de se posicionar, como para os acontecimentos da realidade 
concreta. Os efeitos e fenômenos de uma economia são reflexos também da forma como o Estado atua 
perante a sociedade. As políticas públicas são exemplos de intervenção estatal como forma de correção 
de falhas do mercado. Nas próximas páginas, serão discutidas como essa forma de o Estado intervir na 
economia pode influenciar a sociedade.
7.2.2 Os regimes políticos
O regime político de um país é uma importante variável para análise do desenvolvimento econômico 
de uma sociedade. As políticas adotadas pelo governo e seus efeitos podem se diferenciar dependendo 
do regime político em vigor. A seguir serão apresentadas as características dos diferentes regimes 
políticos, com destaque para o regime democrático e sua capacidade de influenciar o desenvolvimento 
econômico em um sentido mais inclusivo e igualitário.
Os regimes políticos totalitários estão normalmente sob o controle de uma única pessoa, político, 
facção ou classe social, não apresentando limites à sua autoridade. O Estado regulamenta aspectos 
da vida pública e privada da população. O totalitarismo possui uma característica essencial para 
o seu funcionamento, que é a propaganda de seu governo. Essa propaganda nem sempre traz 
verdades a respeito do que realmente acontece. Segundo Arendt (1989), o totalitarismo é forçado 
a recorrer a propagandas com o intuito de legitimar e convencer o próprio regime político para 
pessoas e nações não totalitárias.
Os regimes totalitários se diferenciam de regimes autoritários na medida em que nos primeiros 
sempre há um apoio de massas ao governo, enquanto nem em todos os regimes autoritários há o 
apoio massivo. Outra diferença é a presença do papel ideológico. Um dos maiores exemplos de regime 
político totalitário é a Alemanha de Hitler. A base ideológica era a defesa e luta pela raça ariana. O 
antissemitismo e o racismo eram elementos presentes na Alemanha nazista, demonstrando a grande 
importância da questão da origem racial.
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Os regimes políticos autoritários, por sua vez, funcionam através da suspensão dos direitos individuais 
e políticos. As normas e leis constitucionais são manipuladas ou transformadas conforme os interesses 
do grupo ou partido que detém o poder.
As ditaduras militares das décadas de 1960 e 1970 nos países da América Latina são exemplos de 
regimes autoritários. A ausência de debates políticos na sociedade é marca principal desses regimes, 
juntamente com a supressão de direitos e abusos e arbitrariedades praticadas pelos governantes. 
Fechamento das casas legislativas, que representam o povo e seus estados, perseguição política, tortura 
e até morte de opositores dos governos são algumas das situações que ocorreram dentro desse sistema 
de governo. O contexto de regimes autoritários “dá maiores condições” para os governos agirem como 
bem entenderem, e, por não possuírem uma base política massiva de apoio, não há uma obrigação ou 
preocupação de contentar a certos setores, o que poderia restringir essa atuação arbitrária.
No regime político oligárquico, o Estado está sob controle de poucos representantes de um mesmo 
interesse político e econômico e regula as leis em benefício próprio. No Brasil, por exemplo, desde o 
fim do século XIX até a década de 1930, o Estado tinha um regime político oligárquico. Os grandes 
proprietários de terras se beneficiavam de seus poderes econômicos para promover apropriação dos 
meios políticos, influenciando diretamente o futuro do país. Essa forma de governo que esteve presente 
no Brasil entre 1889 e 1930 manteve estruturas profundas na constituição do Estado brasileiro, com 
características que se mantêm até os dias atuais.
Já o regime político democrático se diferencia, ao menos no discurso, de todos os outros regimes 
apresentados anteriormente. A democracia está vinculada diretamente com os direitos econômicos e 
sociais, que são entendidos como direitos humanos fundamentais para a garantia das liberdades e da 
efetiva e autônoma participaçãopopular. A democracia se fundamenta na soberania popular, no Estado 
Democrático de Direito e no respeito e observação aos direitos humanos. Esse regime político envolve a 
democracia política e a democracia social. Política, ao permitir o indivíduo de participar da vida pública 
de seu país, trazendo um liberalismo político, e social ao resguardar e reivindicar a igualdade e a prática 
da solidariedade (BENEVIDES, 1996).
Existem dois motivos principais que distinguem esse regime dos demais: o primeiro é que o regime 
democrático deve estar com uma preocupação muito mais voltada para a ética pública do que para a 
moral privada. É um regime que deve reconhecer e abranger as diferenças na sociedade. Para garantir a 
igualdade, deve exatamente entender e governar para as diferenças.
E, para tanto, que é a segunda característica, atuar no sentido de garantir os direitos econômicos e 
sociais para aqueles das classes ou grupos despossuídos, sem poder econômico, sem autonomia cultural, 
sem poder político, porque somente garantindo uma relação de mesma oportunidade e igualdade o país 
garante uma democracia de fato.
Dessa forma, o regime democrático necessita de inúmeros processos que dependem da correlação e 
movimentação de grupos ou classes de um país. A democracia, nesse sentido, é sempre um processo. A 
possibilidade de criar novos direitos e novos mecanismos é uma marca desse regime. Em uma democracia, 
movimentos sociais, sindicais e populares e instituições permanentes, como partidos políticos, órgãos 
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governamentais, conselhos populares, além dos instrumentos constitucionais da democracia direta, plebiscito, 
referendo e iniciativa popular, possibilitam a expansão dos direitos e posicionam o cidadão não somente 
como titular de um direito, mas também como indivíduo que cria esses valores (BENEVIDES, 1996).
7.2.3 As políticas públicas
As ações e políticas do Poder Público são pensadas e formuladas sob a influência de demandas 
criadas na sociedade civil e por grupos de mobilização social:
As políticas públicas são um processo dinâmico, com negociações, pressões, 
mobilizações, alianças ou coalizões de interesses. Compreende a formação de 
uma agenda que pode refletir ou não os interesses dos setores majoritários 
da população, a depender do grau de mobilização da sociedade civil para se 
fazer ouvir e do grau de institucionalização de mecanismos que viabilizem sua 
participação. É preciso entender composição de classe, mecanismos internos 
de decisão dos diversos aparelhos, seus conflitos e alianças internas da 
estrutura de poder, que não é monolítica ou impermeável às pressões sociais, 
já que nela se refletem os conflitos da sociedade (TEIXEIRA, 2002, p. 5).
As políticas públicas estão inseridas nesse contexto. Mas, afinal, o que é uma política pública?
Segundo Teixeira (2002, p. 2):
[...] são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e 
procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, mediações 
entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso, políticas explicitadas, 
sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, programas, linhas de 
financiamentos) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações 
de recursos públicos.
Anteriormente, foi discutido o papel do Estado e sua intervenção ou não na economia. A política 
pública é um exemplo concreto da própria intervenção do Estado na economia e na sociedade. O objetivo 
da política pública é o de ser impulsora do desenvolvimento econômico e também corrigir falhas que 
a lógica de mercado pode trazer para a sociedade, tais como as desigualdades sociais. Para facilitar o 
entendimento, foram elencadas três políticas públicas com a explicação de seus objetivos e seus efeitos 
para a economia.
Política Habitacional
A política de habitação tem por objetivo o combate a uma desigualdade específica: o acesso a 
moradias. No Brasil, a moradia é um direito social, mas parte da população não consegue ter acesso 
a esse bem por ser um item muito caro e custoso para a realidade salarial do país, o que gera um 
déficit habitacional. A ação do governo com essa política é justamente a tentativa de combater esse 
déficit. A política de habitação ganha relevância social pelo seu alto poder multiplicador. O investimento 
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em habitação aquece outros setores da economia, como o da construção civil, e possibilita um efeito 
positivo na medida em que estimula a geração de empregos.
Política de Saúde
A ação do Poder Público nesse campo tem por objetivo dar acesso à população os principais serviços 
de saúde. No Brasil, o direito à saúde é universal. O Estado, através do Sistema Único de Saúde (SUS), 
deve assegurar esse direito de forma integral, universal e igualitária, abarcando todos os cidadãos. A 
política de saúde, se bem aplicada, traz efeitos positivos para um desenvolvimento econômico mais 
inclusivo e sustentado em relação à preservação e ao cuidado com a saúde da população.
Política Agrícola
No Brasil, a política agrícola é regulamentada pela Lei nº 8.171/91, que destaca aspectos da 
produtividade do setor, da função de abastecimento e de incremento da produção. A política agrícola 
pode ser realizada de diversas formas e, em grande medida, tem por objetivos impulsionar a produção 
do setor. As ações nessa área podem ter alcance de grande magnitude para a sociedade. O aumento da 
produção no setor, além de seu papel de abastecimento para as áreas urbanas, pode ser instrumento de 
controle da inflação, através do aumento da oferta de produtos agrícolas.
Em síntese a política pública tem como objetivo tornar a sociedade mais igualitária e inclusiva. 
Uma política pública bem formulada e organizada ainda pode trazer efeitos positivos na sociedade 
como um todo, não só na área destinada da ação. O alcance das políticas públicas pode variar em 
diferentes medidas. É importante salientar que as ações e intervenções do Estado, a execução de 
políticas públicas, por exemplo, pode trazer resultados não esperados e até mesmo negativos para 
a maioria da população. Esses resultados dependem do nível democrático de uma sociedade e da 
organização política dos atores sociais.
7.3 Econômicas: desenvolvimento econômico
Uma das manifestações econômicas que mais trazem efeitos negativos para a sociedade são as 
crises econômicas. O sistema capitalista de produção está sujeito a crises, as quais se apresentam como 
fenômenos cíclicos. As crises econômicas se alternam com os momentos de prosperidade econômica e 
crescimento da produção, sem seguir uma lógica linear, podendo durar mais tempo e ser mais frequentes 
do que momentos de crescimento e prosperidade, por exemplo.
No momento de crises econômicas, economistas e analistas debatem os problemas causadores de tal 
desequilíbrio. Para Singer (1967), as crises representam momentos de compreensão do funcionamento 
do sistema. Por sua vez, segundo o autor, nos momentos de ascensão, os olhos da sociedade se voltam 
ao modo como a riqueza produzida será distribuída. Crescimento e crise são dois fenômenos que abrem 
um leque de investigações para um economista. Serão demonstrados os efeitos desses fenômenos para 
a economia através de momentos históricos vitais para a economia mundial e nacional e destacaremos 
algumas variáveis importantes para análise de um economista.
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7.3.1 Crise, crescimento e seus desdobramentos
A crise econômica de 2008 e seu impacto na economia brasileira
Com a globalização e a mundialização do capital, as economias ficam muito mais interligadas. A 
integração de países como China e Índia ao comércio internacional e aos mercados financeirostrouxe 
uma densidade jamais vista na economia capitalista em relação ao grau de interconexão e rapidez nas 
interações (CHESNAIS, 2013). Os efeitos negativos da última grande crise econômica do capitalismo 
estourada nos Estados Unidos da América (EUA) em 2008 rapidamente foram espalhados mundo afora. 
A economia brasileira no ano seguinte, em 2009, apresentou uma retração de 0,2% no PIB. No entanto, 
para minimizar os efeitos negativos da crise, o governo brasileiro adotou uma série de medidas anticíclicas 
com o intuito de ativar a economia. O lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), 
contratando e realizando uma série de obras de infraestrutura; a política habitacional do Minha Casa 
Minha Vida, ativando o setor da construção civil e as taxas de juros abaixo do mercado adotadas pelos 
bancos públicos são exemplos dessas políticas. Essas medidas surtiram efeito e a economia no ano de 
2010 indicou uma taxa de crescimento de 7,5% e a taxa de desemprego diminuiu, apresentando a 
menor taxa até então (6,7%).
0%
2003
12,40%
11,50%
9,90% 10%
9,30%
7,90% 8,10%
6,70%
2005 2007 20092004 2006 2008 2010
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
Figura 29 – Taxa Média de Desemprego – Brasil 2003-2010
No gráfico anterior (IPEADATA, 2016), podemos perceber os efeitos na taxa de desemprego do País 
nos dois fenômenos. Em 2009, quando os efeitos da crise econômica bateram na porta do Brasil, a taxa 
de desemprego destacou um crescimento. Por outro lado, em 2010, um ano próspero para a economia 
brasileira, com um alto crescimento econômico (7,5%), a taxa de desemprego indicou uma queda 
significativa, atingindo o patamar de 6,7%.
No caso anterior, pudemos perceber uma série de elementos que afetam a economia e diversos 
objetos de análise para o economista. O primeiro é a noção de que as economias estão em um grau 
de conexão jamais visto, dessa forma, o que acontece em qualquer parte do mundo pode alcançar 
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diferentes localidades do globo terrestre. Vimos também o que pode ser atingido com a escalada de 
uma crise ou em um momento de prosperidade econômica: a taxa de crescimento econômico, a taxa de 
desemprego e também as ações do governo perante a crise.
O período do pós-guerra e os anos dourados
O período do pós-guerra foi uma época de grande crescimento econômico. Em muitos momentos, 
a economia apresentou ao mesmo tempo aumentos reais nos lucros e salários. Esse período ficou 
conhecido como Golden Age. A permanência do crescimento das economias capitalistas no pós-guerra, 
por mais de vinte anos, foi sustentado, em grande medida, pela intervenção estatal. O Estado deveria 
“impedir flutuações bruscas do nível de atividades e garantir a segurança dos mais fracos diante das 
incertezas inerentes à lógica do mercado“ (BELLUZZO, 2009, p. 155). Além disso, o controle de capitais 
era constante e os objetivos das políticas macroeconômicas monetárias e financeiras privilegiavam o 
crescimento econômico. “O circuito virtuoso entre gasto público, oferta de crédito barato, investimento 
privado e estabilidade financeira foi a marca registrada da economia da demanda efetiva” (BELLUZZO, 
2009, p. 155). De acordo com Judt (2007), o PIB total dos países do oeste da Europa cresceu 30% entre 
os anos de 1947 e 1951.
Diversos fatores contribuíram para essa fase inédita do capitalismo. Podemos destacar, dentre 
outros, a possibilidade da reconstrução de forças produtivas dos países europeus arrasadas com a 
guerra, o aumento do comércio entre as nações, o forte investimento no setor produtivo das economias 
capitalistas e a participação direta do Estado regulando e intervindo nas questões econômicas.
Nesse mesmo período, houve uma das principais marcas de avanço social no século XX para os 
trabalhadores da Europa: o desenvolvimento dos programas de welfare state. Os estados de bem-
estar social dos países europeus foram síntese de um processo histórico profundo: a organização 
dos trabalhadores demandava essas proteções sociais e, por outro lado, o socialismo soviético fazia 
um contraponto ao modelo do capitalismo ocidental, o que impulsionou os governos do ocidente a 
implementarem políticas de amparo às classes trabalhadoras europeias, o que exigia um esforço 
financeiro maior por parte dos Estados.
A França, que em 1938 destinara apenas 5% do Produto Interno Bruto 
(PIB) aos serviços sociais, em 1949 consignava a essa rubrica 8,2%. Na Grã-
Bretanha, já em 1949, quase 17% da totalidade dos gastos públicos ficava 
por conta da previdência social, um aumento de 50% em relação ao nível 
registrado em 1938, e isso ocorreu num momento em que a nação passava 
por severo aperto financeiro. Até na Itália, país bem mais pobre, em que o 
governo procurava evitar custos elevados com previdência social, desviando 
serviços e benefícios para o setor privado ou para o local de trabalho, o 
percentual de despesas do governo com serviços sociais em relação ao PIB 
subiu de 3,3%, em 1938, para 5,2%, em 1949 (JUDT, 2007, p. 76).
O período do pós-guerra traz uma série de elementos importantes que marcaram a sociedade e 
a economia mundial. É um período também que apresenta muitos desafios para as análises dos 
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economistas. Além das variáveis de crescimento econômico, que demonstram a prosperidade do período, 
está inserido em um contexto fértil politicamente, o qual influenciou as grandes transformações das 
políticas de proteção social e da sociedade europeia. Esse foi um período da economia mundial no qual 
se pode afirmar que o produto do crescimento econômico foi dividido entre as classes sociais através de 
aumentos salariais e da expansão de benefícios sociais.
Crescimento econômico e desigualdade social: o milagre brasileiro
Nem em todos os momentos de prosperidade econômica os produtos do crescimento são divididos. 
Um exemplo claro é o caso brasileiro do “Milagre Econômico” no fim da década de 1960 e durante a 
de 1970. Naquele período, a economia brasileira apresentou os maiores índices de crescimento de sua 
história e mesmo assim a desigualdade social aumentou. A seguir, no gráfico (GIAMBIAGI, 2005 et al.), 
podemos visualizar as altas taxas de crescimento do período.
1968
9,80% 9,50%
10,40%
11,30%
11,90%
14%
0%
6,00%
12,00%
2,00%
8,00%
14,00%
4,00%
10,00%
16,00%
1970 19721969 1971 1973
Figura 30 – Taxas de crescimento econômico – Brasil 1968-1973
Os fatores que determinaram o alto crescimento do período são discutidos por Veloso, Villela e 
Giambiagi (2008). De acordo com os autores, o que levou ao chamado Milagre Econômico Brasileiro foram 
as políticas monetárias e creditícias expansionistas e o incentivo à exportação; o cenário econômico 
externo favorável, com a expansão da economia internacional, a alta disponibilidade de crédito barato 
no mercado e as políticas econômicas e reformas estruturais do período anterior, que deram condições 
para a aceleração do crescimento.
No entanto esse período da economia brasileira foi de crescimento do bolo, e não de sua divisão. Ao 
compararmos o índice de Gini de 1960 e 1970, podemos observar o aumento da desigualdade social no Brasil. 
Enquanto no ano de 1960 o índice era de 0,49, em 1970, esse número passou para 0,56 (LANGONI, 2005).
A má distribuição da riqueza naquele período tem como uma das principais causas o regime político 
autoritário vigente no País. A partir de 1964, com o golpe civil-militar, o governo adotou uma série de 
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medidas políticas que transformaram o cenário político brasileiro daquele período, aprofundando o 
autoritarismo: a prisão de políticos opositores ao governo; a repressão de manifestações contrárias ao 
governo;o fechamento do congresso e a intervenção nos sindicatos dos trabalhadores. Nesse contexto 
o debate político foi arrefecido, o governo de maneira centralizadora impôs suas políticas econômicas, e 
a pressão de trabalhadores através dos sindicatos para melhores salários foi diminuída.
O período do milagre econômico brasileiro nos mostra a importância do fator político para o 
desenvolvimento econômico e para a distribuição da riqueza na sociedade. Com o regime fechado 
e a repressão a movimentos sociais e sindicais, a disputa por melhores condições de vida e salariais 
ficou comprometida. Diferentemente do período anterior, no qual houve certa distribuição da riqueza 
produzida. Naquele período as principais nações europeias estavam vivendo em um regime político 
democrático e a organização de movimentos de trabalhadores demandavam, através de pautas 
concretas, melhores condições de vida.
Abertura comercial no Brasil e as fusões e aquisições
Alguns setores econômicos específicos podem entrar em crise e manifestar fenômenos de análise 
interessantes para o economista como os processos de fusões e aquisições. Os setores da cadeia do trigo 
nacional passaram por uma crise no início da década de 1990 com as novas mudanças de regulamentação 
setorial. A abertura comercial trouxe um aumento da importação para produtos do setor. Em 1996, 76% 
do consumo doméstico eram provenientes de produtos importados (FAVERET apud RODRIGUES, 1999). 
Esse processo fragilizou as empresas menores do setor e houve uma “reestruturação patrimonial no 
segmento de moinhos, com a incorporação de pequenos moinhos por grandes empresas já estabelecidas 
no ramo” (RODRIGUES, 1999, p. 26).
No mesmo período, caso semelhante aconteceu com o setor de lácteos (produtos industrializados 
que incluem leite, por exemplo, iogurtes e requeijão). As pequenas organizações do setor sofreram com a 
abertura comercial e com mudanças institucionais que afetaram o setor como o fim do tabelamento de 
preços dos produtos lácteos e o fim dos programas sociais de leite, os quais eram boa parte da demanda 
da produção. A partir disso, as pequenas instituições do segmento ficaram em situação patrimonial e 
financeira muito vulneráveis e foram alvos de aquisições de grupos de companhias estrangeiras do setor.
As fusões e aquisições de empresas são fenômenos comuns na economia capitalista, costumam se 
manifestar com mais frequências em momentos de crise econômica e momentos de crise setorial, como os 
dois exemplos apresentados. F&A fazem parte de uma tendência do capitalismo: a centralização do capital.
8 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS E O PODER DE PROSPECTAR A REALIDADE 
SOCIOECONÔMICA E AMBIENTAL DA REGIÃO
8.1 Principais tendências atuais da ciência econômica
Ao longo do curso de ciências econômicas e, principalmente, após o contato dos economistas com a 
realidade do cotidiano, muitos descobrem que a sua ciência ignora o indivíduo. Como nos alerta Oliveira 
(2010, p. 76), “a Economia está focada no materialismo, no individualismo e no “salve-se quem puder”.
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Quando vemos o lado prático do trato econômico, percebemos que a socialização de bens e 
serviços, a luta por uma boa colocação no mercado de trabalho e uma justa e equilibrada distribuição 
da renda são objetivos que, em matéria de políticas econômicas, tem passado longe das preocupações 
governamentais. Quando apontados ficam restritos aos programas de governo, envoltos nos debates 
políticos e muitas vezes terminam confinados nos chamados “escritórios do poder” sem se corporificar 
em ações concretas. Como bem sintetiza Oliveira (2010, p. 76):
Nesse pormenor, os objetivos econômicos (que em época de campanha 
política elege muita gente) ficam apenas no plano teórico e são muito 
bem explicitados, por sinal, apenas, e tão somente, na propaganda política 
televisiva. É nesse momento que se “vende” aos eleitores um “mundo de 
sonhos” que jamais será entregue.
Portanto, numa análise dentro da Economia Política, devemos ressaltar o papel do economista 
moderno neste processo que deve ir além do pensamento individualista e ressaltar a importância da 
economia para o entendimento e soluções diante de uma sociedade repleta de injustiças sociais.
Esse economista moderno, que se debruça sobre os problemas sociais, deve se afastar do mundo 
onírico e neutro das teorias, resgatando a ideia de que um mundo melhor para todos somente será 
possível com a diminuição substantiva das disparidades sociais. Logo, o economista moderno deve ter 
uma visão mais social, acima do econômico, representando certo rompimento com a tradicional teoria 
econômica, que ignora os aspectos não monetários.
Assim, uma das principais tendências da moderna economia é a preocupação com aspectos 
interessantes do trato social considerados externos ao padrão monetário-financeiro que norteia a 
tradicional teoria econômica. Por exemplo, a economia retratada nos tradicionais manuais de introdução 
à Economia ignoram o aspecto não monetário.
Ao equacionar essas pendências de forma correta, poderemos entender mais profundamente os fenômenos 
econômicos. O lado não monetário envolve aspectos da vida, dos desejos que nem sempre passam pelas 
portas do crédito financeiro como pré-condição para a obtenção de bens e serviços. É necessário, portanto, 
entender que o lado não monetário tem a ver com a real concepção de economia propugnada por Alfred 
Marshall, qual seja: “a economia cuida das atividades correntes da vida” (OLIVEIRA, 2010, p. 77).
Para tanto, o economista moderno deve abandonar o pragmatismo acadêmico e adotar a premissa 
da necessidade de mudanças como tarefa básica e fundamental. Esse desafio muitas vezes implica 
remar contra a maré, mas isso se torna imperioso em razão de os acontecimentos econômicos sempre 
serem o estopim de anseios populares de mudanças do statu quo.
Em primeiro lugar, devemos ressaltar, em especial no ambiente econômico, que talvez seja preciso 
fazer com que os economistas modernos e outros cientistas sociais se sintonizem no fato de que nem 
tudo se resume em bens; portanto, nem tudo deve ser condicionado à mera questão do mercado. A 
economia não pode ser resumida à estreita visão de que o mercado é o único caminho a ser percorrido. 
É importante salientar que o mercado não produz progresso, apenas o segue.
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Nesta estreita visão mercantilista, recriada a todo o momento pelos mecanismos de mercado, a vida 
social acaba se resumindo a situação de que tudo está à venda e que por isso tudo deve ser precificado 
de alguma forma. Dito isso, queremos mostrar o contraponto desta visão corrente, pois a economia 
pode ser entendida como algo mais amplo, que vai além dos consagrados mecanismos de mercado.
A economia não se restringe apenas à variável “consumo”. A economia vai além dos fatores não 
monetários para reiterar-se uma vez mais essa premissa dita anteriormente. Em outras palavras, a 
economia não reconhece direitos, apenas o poder de compra, daí a necessidade da economia tradicional 
em valorizar o tempo todo o consumidor, não o cidadão. Cabe procurar escapar a essa “provocação 
econômica”, pois a vida, definitivamente, não se restringe à compra de meras mercadorias.
 Observação
Frei Betto, frade dominicano e escritor respeitado no cenário nacional, 
foi categórico, a esse respeito, em A Mosca Azul (2008), afirmando que “o 
consumo consome o consumidor”.
Longe dessa visão puramente mercadológica, cabe ao economista moderno pensar primeiramente 
nos pressupostos que devem nortear uma sociedade que visa ao equilíbrio como objetivo central. A 
mudança para isso passa inexoravelmente por entender a economia de outra maneira. Para tanto, os 
ideais de justiça, liberdade e igualdade precisam, constantemente, serem redefinidos e reafirmados.Contra a exclusão e a desigualdade socioeconômica, o economista de hoje deve insistentemente se 
posicionar. Igualdade não combina com exclusão; assim como liberdade não combina com injustiça. O 
tipo de sociedade que o economista moderno deve pensar (e procurar fazer) tem que necessariamente 
passar pela cooperação, em lugar da competição.
Esta última, até mesmo por ser quase sempre praticada de maneira desigual 
(concorrência desleal e imperfeita no jargão econômico), privilegiando 
apenas os mais abastados, apresenta evidências, a todo instante, e mais que 
suficientes, que serve apenas para dividir e segregar (OLIVEIRA, 2010, p. 80).
Com esse pensamento, as questões econômicas miram somente à vitória na competição por 
mercados, logo, somente os competentes se estabelecem e o vencedor deve levar todo o lucro possível, 
logo, sendo o padrão de justiça dados pelo mercado. Mas o fato nunca explícito nesse discurso são as 
condições que regem essa competição.
Muitos são sabedores que a competição privilegia àqueles com mais acesso às informações. 
Certamente, estes gozam de privilégios financeiros que a imensa maioria (os despossuídos) nem sonha 
chegar perto. Logo, por possuírem vantagens em relação aos que têm enormes dificuldades de se 
manter em pé, quem é que ganhará esse jogo competitivo que mais parece um jogo entre gato e rato? A 
pergunta que fica então é a seguinte: é justo, nesse sentido, que o vencedor deva levar todo o benefício 
econômico da sociedade?
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Essa é uma das razões de a sociedade ser extremamente dividida. A primeira premissa dessa separação 
se dá pela ótica das posses; pela extrema e elevada condição financeira de uns, que facilita, na ponta final, a 
posição social que cada um irá ocupar em relação aos que nada possuem. A continuar tal “separação”, dada 
pela questão financeira, jamais se chegará à condição sonhada de ter-se um amanhã melhor para todos.
Somente somando forças, e não dividindo, se poderá, quiçá, alcançar uma sociedade mais justa e 
menos desigual. É a força coletiva que faz o progresso acontecer. Com o progresso, a chance de integração 
dos que nada têm passa a ser viável e considerável. A cooperação, nesse sentido, pode ser a luz que falta 
àqueles que hoje vivem completamente à margem dos benefícios, tanto econômicos, quanto sociais, 
que uma sociedade equilibrada e justa é capaz de oferecer. É nessa direção que o economista moderno 
deve direcionar esforços.
Antes de qualquer outra coisa, é nessa linha de conduta que o economista moderno deve contrariar 
a sabedoria econômica tradicional. Como nos alerta Ladislau Dowbor (2007, p. 81), numa passagem de 
O Mosaico Partido:
Quem não entende os processos econômicos, acaba não entendendo coisas 
tão elementares como porque somos capazes de façanhas fenomenais 
como as viagens no espaço, mas somos incapazes de reduzir a tragédia de 
11 milhões de crianças que morrem anualmente de fome e outras causas 
absurdas, ou ainda de conter o ritmo de destruição ambiental do planeta. 
Já estamos tentando brincar de criadores clonando a vida, mas não somos 
capazes de resolver o problema do carrapato.
Tais temas não devem ser encarados somente como decorrentes de desequilíbrios econômicos ou 
ajustes pelo lado produtivo. A fome e a miséria, abarcados numa definição ampla de exclusão social, 
devem, antes, ser encarados como temas concernentes aos Direitos Humanos; portanto, não apenas 
restrito a uma área específica do conhecimento, até porque a existência da fome, em especial, é uma 
questão de cunho ético, e não da esfera estritamente econômica.
Ao encararmos tais problemas dessa forma, o economista precisa se engajar em outras áreas do 
conhecimento para, junto a outros saberes, encontrar, coletivamente, as alternativas para a necessária 
mudança. Por isso, vemos recorrentemente sua simbiose com a Sociologia, com as Ciências Políticas, 
a Administração, o Direito ou mesmo com a Psicologia. De forma isolada, a ciência econômica não 
conseguirá dar boas respostas a tais anomalias, embora seja um instrumental riquíssimo de análise dos 
fatos e acontecimentos sociais.
Propor alternativas para erradicar esses males deve ser tarefa a ser empreendida por todos os 
profissionais que chegam a todo momento ao mercado de trabalho, independentemente da área de 
atuação. A Economia, em especial, precisa resgatar seu DNA social, afinal, a ciência econômica “nasceu” 
também para isso: para dar uma resposta positiva aos problemas sociais que tanto afligem o pensamento 
do homem moderno. Certamente, os problemas da fome e da pobreza que marcam a ferro e fogo 
a desigualdade social no Brasil precisam ser pensados a todo instante por aqueles que têm a rara 
oportunidade de dirigir a vida econômica de um país.
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Unidade II
Definitivamente, em nosso entendimento, o que devemos ter em mente é que, por meio das 
conhecidas políticas econômicas, abre-se grande chance de mudar a vida de milhões de pessoas. Mudar 
para melhor a vida de milhões de pessoas, eis a grande tarefa que cabe ao economista moderno. Se 
todos estiverem imbuídos desse pensamento de mudança, ficará mais fácil então cobrar por ações da 
política pública nesse sentido.
Todo governo, e todo governante, tem o direito de dizer o que fez em sua administração, mas tem 
também o dever de dizer o que não fez e, por isso, pedir desculpas pelas falhas cometidas ou omissões 
praticadas. Todo governo, por conseguinte, todo governante, precisa entender que está a serviço da 
comunidade que o elegeu. Todo governo precisa ainda saber entender a vontade popular e ficar sensível 
aos anseios do povo, principalmente quando os desejos populares estão embasados em perspectivas 
humanísticas, igualitárias, democráticas, com senso de ética e de solidariedade.
Assim, com as tendências que o trato social evidencia a cada instante, o economista moderno será 
chamado para responder tais demandas em razão de sua profunda capacidade de análise técnica, 
mas também por ser a economia o centro do debate, seja pelo protagonismo de tal ciência, seja pelas 
mudanças tecnológicas que se apresentam.
Desde já, vemos imergir um novo ramo de estudos denominado Economia do Conhecimento, que 
promete revolucionar as questões sociais que abordamos anteriormente, em razão das diferentes formas 
de produzir, distribuir e consumir na economia do século XXI. Veremos brevemente suas bases.
8.2 Economia do conhecimento
Com as novas tendências das Ciências Econômicas, dentre elas, a preocupação social e ambiental, 
temos um novo assunto que acaba suscitando interesse, que, para alguns autores, pode ser denominado 
como “nova economia”, cujas linhas mestras decorrem das contribuições da escola neoclássica, 
principalmente, no campo da valorização da ação humana e do desenvolvimento do capital humano.
 Observação
O conceito de capital humano envolve uma polêmica teórica importante. 
Para alguns autores, o termo seria incorreto, pois fere o conceito de 
distribuição funcional da renda, pois o capital humano do trabalhador 
deveria ser remunerado com lucro, e não com salário.
Este novo campo centra-se na questão do saber e sua capacidade de realizar, por intermédio 
da competência ou procedimento técnico, originando um fator de produção que será denominado 
conhecimento. Em sua essência, o conhecimento seria algo reprodutível, praticamente a custo zero, em 
quantidades ilimitadas. Esse “saber” é transmitido indefinidamente, não sendo, pois, uma exclusividade 
privada. Sem dúvida, tal fato tem sido um poderoso ingrediente dessa economia imaterial, cujos bons e 
ilustrativos exemplos são a indústria cultural, a publicidade, o marketing e a informática.
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