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IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ INSMN Carlos Ramos – CAR – H516 CAR@isep.ipp.pt Sitio da disciplina: Moodle ISEP (No moodle será colocada toda a informação relevante relativa à disciplina) IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Programa: (Resumido) 1. Introdução à física nuclear e radiações 2. Produção de radionuclídeos usados em medicina nuclear 3. Detectores de radiação ionizante 4. Instrumentação em MN 5. Métodos de sumulação de transporte de fotões/atenuação de radiação INSMN 2 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ - Filósofos gregos, em particular Democritus (século 4 A.C.), procurou a natureza fundamental da matéria. Especulou sobre a existência de uma partícula indivisível que seria o constituinte básico da matéria, ou seja, um bloco de construção ou átomo, invisível a olho nu. - No século 19: os químicos ou físicos como Dalton, Avogadro, Faraday estudaram o tipo de átomos e as regras que os regem e a sua combinação na matéria. -Tabela de periódica dos elementos de Mendeleyev (1869), ou seja, 1º classificação sistemática dos átomos. Em que previu as propriedades dos elementos. -H. Becquerel (1896), descobre por acidente a radioactividade. Observou que as placas fotográficas foram sendo reveladas por uma radiação desconhecida, emanando de sais de urânio. -W.C. Roentgen, no mesmo ano descobre a radiação de raio-X, com propriedades semelhantes à radiação observada por Becquerel. Física Nuclear – origens 3 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Física Nuclear – origens - J.J. Thompson (1897), propôs o modelo de"pudim de ameixas" para o átomo - Henry e Marie Curie (1898), identificaram substâncias radioactivas. - E. Rutherford (início do século 20), estudou a natureza e as propriedades das radiações radioactivas. Usou-as para explicar a estrutura dos átomos. Em 1911, propôs a existência do núcleo atómico. - Experiências realizadas por H. Geiger e E. Marsden confirmaram os resultados de Rutherford, dando origem a um novo ramo da ciência, a Física Nuclear. - Niels Bohr (1915), propôs o modelo de átomo de Bohr com electrões orbitando o núcleo positivamente carregado (como um sistema planetário, ou seja, com órbitas quantizadas). - Em 1940 e 1950, dá-se a descoberta de uma estrutura mais elementar do núcleo, dando origem à Física de partículas ou das altas energias. 4 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ - Uma espécie nuclear caracteriza-se pela quantidade total de carga positiva no núcleo e número total de unidades de massa - A carga nuclear total é Qt = + Ze, onde Z é o número atómico - A partícula fundamental está carregada positivamente no núcleo: protões (p +), núcleo do átomo mais simples (H) - Para um núcleo com número atómico Z, np = Z -Átomo eletricamente neutro, deve conter ne = Z - O electrão (e-) muitas vezes pode ser ignorado, quando se fala sobre a massa do átomo (mp ~ 2000 me) - O número de massa (A) de uma espécie nuclear, é o número inteiro mais próximo na razão entre a massa nuclear (M) e a unidade fundamental de massa (considerando, mp ~ 1 u) Física Nuclear – continuação 5 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ -Normalmente, para quase todos os núcleos, A > Z, na maioria dos casos de um fator de 2x ou mais. Portanto, devem existir outros componentes (ou nucleões) no núcleo! Obs: hipotéticos "electrões nucleares" não são válidos, desde que confinado ao núcleo (Δx ~ 10-14 m), pelo Principio de incerteza de Heisenberg: Δp ~ ℏ / Δx = 20 MeV/c, muito maior do que a energia observada de e- emitida a partir do núcleo com decaímento β -Rotação dos núcleos não concordariam com observações experimentais -Momentos dipolares magnéticos dos núcleos com electrões desemparelhados seriam muito maiores do que o observado experimentalmente - O Problema foi resolvido com a descoberta do neutrão (n0) por Chadwick (1932) - O neutrão é eletricamente neutro e tem uma massa mn ~ mp (na verdade 0,1% maior) -Assim, um núcleo com Z protões e A-Z neutrões tem uma massa e carga total adequada. 6 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ -Representação de uma determinada espécie nuclear ou nuclídeo: onde, X = símbolo químico e N = A-Z (número de neutrões) Ex.: -No entanto, em muitas representações o símbolo químico e Z são redundantes, ou seja, o Z já está identificado pelo nuclídeo, portanto não é necessário escrever Z e a notação torna-se simplesmente: onde, N foi omitido, dado que N = A-Z Ex.: 238U, uma vez que a tabela periódica mostrará para U, Z = 92, N = 238-92 = 146 Obs: -Às vezes os símbolos para nuclídeos são escritos com Z e N, outras vezes não -Quando se tentar equilibrar a Z e N num processo de decaímento ou reação, é melhor deixá-los. -Neutrões e protões são membros da família de partículas conhecido como nucleões (classificação genérica), assim: - um núcleo de número de massa A contém A nucleões. XNZ A H 01 1 , U 14692 238 , Xe7954 133 X A 7 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ -Para muitos elementos naturais, verifica-se que nuclídeos, com um especifico Z podem ter vários e diferentes A, ou seja, um nuclídeo com protões Z pode ter uma variedade de diferentes neutrões N -Nuclídeos com Z igual mas N diferente são chamados isótopos Ex.: isótopos estáveis do cloro, 35Cl e 37Cl -Isótopos instáveis, são chamados de radioisótopos, e são muitas vezes produzidos artificialmente em reações nucleares -Sequências de nuclídeos com N igual mas diferente Z, são chamados de isotonos Ex.: isotonos estáveis, com N = 1, 2H e 3He -Nuclídeos com o mesmo A denominam-se isóbaros Ex.: 3He estável e 3H radioactivo, são isóbaros 8 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ - Para uso também em radioterapia, partículas pesadas e carregadas são definidas como partículas com protões e iões pesados com massa superior à massa do electrão - Propriedades básicas de algumas partículas pesados e carregadas utilizadas em física nuclear e em medicina: 9 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Algumas definições da estrutura atómica -Massa atómica , MX expressa em unidades de massa atómica unificadas, u, com 1u = 1/12 m(12C) (sem ligação, em repouso, no estado fundamental) ou 1u = 931.5 MeV/c2 -A massa atómica M é menor do que a soma das massas individuais das partículas constituintes devido à energia intrínseca associada com as ligações dos nucleões no núcleo -No entanto, M é maior do que a massa nuclear ,mX, porque inclui a participação em massa dos electrões orbitais de Z. A energia de ligação dos electrões orbitais para o núcleo é desprezada na definição de M -Enquanto que para 12C, M = 12 u, para outros átomos M, em u, não corresponde a exatamente um A (inteiro). No entanto, eles são muito semelhantes para todas as entidades atómicas, e muitas vezes A é usado para os dois! 10 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Estabilidade do núcleo -Núcleos estáveis só ocorrerem numa banda muito estreita no plano Z-N perto da linha Z = N -Todos os outros, denominados núcleos radioativos, são instáveis e decaem espontaneamente em várias maneiras -Nenhuma relação básica existe entre A e Z, num núcleo, mas a relação empírica dá uma boa aproximação: 11 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ -As 4 forças fundamentais são divididas em dois grupos: 2 forças são de gama infinita e 2 forças são de muito curto alcance : 1. A escala da EM e a força gravitacional é infinita (1/r2) 2. A escala da força forte e da força fraca são extremamente pequenos (da ordem de alguns fm) 12 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ ► Em física nuclear, as escalas de comprimento típicos são da ordem de 10-15 m (fm), também chamado de fermi, em homenagem ao físico nuclear Enrico Fermi -Gama de “tamanhos” nuclear de 1 fm (único núcleo) – 7 fm (núcleos mais pesados) ►As escalas temporais para fenómenos nucleares, varia de acordo com: Alguns núcleos, como 5He ou 8Bea desintegrar-se em tempos ~ 10-20 s (10-5 fs) - Muitas reacções nucleares ocorrem nesta escala de tempo (mais ou menos o tempo que os núcleos reagem dentro do alcanse da força nuclear) - Decaimentos (γ) de núcleos que ocorrem geralmente com tempo de vida de ~ 10-9 s (nanossegundos, ns) e 10-12 s (picosegundo, ps) Unidades e dimensões 13 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ No entanto, muitos decaimentos ocorrem com uma vida útil muito menor ou maior Ex.: decaimentos α e β ocorrem com longos tempos de vida, muitas vezes em minutos ou horas, mas às vezes milhares (k.anos) ou até mesmo milhões anos (M.anos) ►As energias nucleares são geralmente medidas em MeV, onde: 1 eV = 1,602 × 10-19 J - Energias de decaimento α e β típicas estão na faixa de 1 MeV -Reações nucleares de baixa energia ocorrem com Ek ~ 10 MeV Estas energias são muito menores do que energias nucleares do repouso, portanto, a aproximação não relativística para energias é ainda válida No entanto, os electrões β, devem ser tratados relativisticamente Unidades e dimensões 14 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Unidades e dimensões ►Massas nucleares : medido em termos da unidade de massa atómica (u) 1 u = 1/12 × m(12C) - Portanto, a massa de um átomo de 12 C = 12 u - Assim, a massa de nucleões ~ 1 u No estudo de reacções nucleares, é usual trabalhar com a energia em massa, e não com a massa, ela própria: 1 u = 931.502 MeV/c2 -Portanto, nucleões têm energias de massa de ~ 1GeV/c² (103 MeV/c²) Conversão de massa para energia é feita usando a relação fundamental da relatividade especial: E= mc² 15 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Unidades e dimensões Relação entre 1 u e a unidade de massa no S.I. (1kg): Dado que, 1 u = 1/12 m(12C) e 1 mol de 12C, pesa 12 g e contém NA átomos, então: Em termos de energia, sabendo isso, 1 eV = 1.602 × 10−19 J 16 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ ► Tamanho de um átomo -Para uma substância com uma densidade atómica de n átomos/cm3, cada átomo tem associado um volume V = 1/n (cm3) Considerando uma geometria cúbica para o volume, então o comprimento do cubo é V1/3 Ex.: para o 238U, o tamanho cúbico do átomo (1/n) 1/3 = 2,7 x 10-8 cm -Medições têm mostrado, que o tamanho dos átomos revela uma nuvem difusa de electrões sobre o núcleo -Sem delimitações definidas de um átomo, embora com um raio que pode ser definido de modo que, fora deste perímetro um electrão é muito pouco provável de ser encontrado (em termos de probabilidade) -Exceto o hidrogênio, cujo raio ~ 2 a 2,5 x 10-8 cm (~ 2 Å) -Com Z a aumenta (ou seja, adicionando mais p + e e-), o tamanho da nuvem de electrões muda pouco, embora se torne mais denso -Hidrogénio (elemento mais leve), também é o menor raio de ~ 0,5 x 10-8 cm Unidades e dimensões 17 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Unidades e dimensões -Experimentalmente os resultados mostram semelhanças na distribuição de matéria nuclear. Assim, o número de nucleões por unidade de volume é aproximadamente: onde, R é o raio de nuclear médio Assim, R ~ A1/3 e definir a constante de proporcionalidade, R0, vem: Obs.: a partir de experimentos ciêntificos, R0 ≃ 1,2 fm R= R0 A 1/3 18 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Unidades e dimensões -Tendo em conta, e como hipótese que cada protão e neutrão no núcleo tem o mesmo volume, então: volume de um núcleo, V ∝A Obs.: Isto foi confirmado por muitas medições, analisando a forma e o tamanho dos núcleos -Núcleos, em primeira aproximação, são esféricos ou muito ligeiramente elipsoidais, com uma superfície difusa -Uma conclusão notável de experimentos de espalhamento de electrões, é: densidade de carga nuclear central, 0, é quase a mesma para todos os núcleos ⇒ Nucleões não parecem agrupar-se perto do centro do núcleo, mas em vez disso têm uma distribuição quase constante para fora da superfície 19 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Propriedades nucleares – Energias de ligação ▶A soma das massas dos nucleões individuais, de um núcleo com Z protões e (A − Z) neutrões é maior do que a massa real do núcleo -A diferença de massa é chamada defeito de massa o Δm e a sua energia equivalente Δ mc² chama-se energia de ligação total EB de um núcleo, assim, o EB pode ser definida como: -Trabalho positivo necessário para “desmontar” um núcleo em componentes individuais ou, - Energia libertada quando Z p + e (A − Z) n0 são trazidos juntos, para formar o núcleo 20 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ -A energia de ligação por nucleão (EB/A) varia de acordo com A, dando: onde, M = massa nuclear em u mpc 2 é a energia de resto de protões mnc 2 é a energia de resto de neutrões Do gráfico A vs EB: 1 ≤ A ≤ 4, EB/A sobe rapidamente de 1,1 MeV para 2D para 2,8 MeV e 2,6 meV para 3H e 3He, respectivamente Propriedades nucleares – Energias de ligação 21 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Constante Físicas 22 car@ Modelos Nucleares IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Modelo da gota líquida - Proposto por Niels Bohr em 1936 - Associado com a energia de ligação nuclear - No entanto, evita qualquer menção da estrutura interna dos nucleões no núcleo Experiências de dispersão têm mostrado, em primeira aproximação, que o núcleo pode ser considerado esférico e que: - Densidade de matéria dentro de um núcleo, quase a mesmo para todos os nuclídeos - Volume do núcleo proporcional a A - As observações sugerem que as forças nucleares estão "saturadas", ou seja, um nucleão interage somente com os primeiros vizinhos - Semelhante ao modelo da gota de líquido onde as moléculas interagem somente com os próximos vizinhos 23 car@ Modelos Nucleares IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Modelo de estrutura “Shell” - Explica a estabilidade nuclear - As experiências mostraram que o número de nucleões afeta a estabilidade dos núcleos, ▶ Foi demonstrado que EB/A é máximo para cerca de A = 60, e diminui em sentido contrário - No entanto, variações consideráveis na estabilidade dos núcleos existem, dependendo da paridade de Z e (A-Z) - Na natureza, aprox. 275 nuclídeos são consideradas estáveis no que diz respeito ao decaimento radioactivo: . aprox. 60% destes têm um Z par e um (A-Z) par, chamados de núcleos par-par . aprox. 20% de configuração par-ímpar . aprox. 20% de configuração ímpar-par . apenas a 5 com configuração ímpar-ímpar são conhecidos como núcleos estáveis Um Z par e um (A-Z) par promovem a estabilidade de configurações nucleares! 24 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Reações Nucleares - As reações nucleares desempenham um papel importante em ciência nuclear e engenharia - Estas reações são responsáveis pelos vários tipos de radiação produzidos ou detetados - Permite também o acesso à informação sobre a estrutura interna do núcleo ▷ Há 2 categorias principais de reações nucleares: Decaimento radioativo - Onde, o reagente inicial X, é um único átomo ou núcleo que muda de forma espontânea, emitindo uma ou mais partículas, isto é: - Como já se viu antes a grande maioria dos nuclídeos conhecidos são radioativos - Para ocorrerem espontaneamente, as reações devem ser exotérmicas; isto é, a massa deve diminuir no decaimento e a energia deve ser emitida, geralmente como Ek (resultante dos produtos da reação) 25 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Reações Nucleares Reações binárias -Duas partículas nucleares (nucleões, núcleos ou fotões) interagem para formar diferente partículas nucleares: -Tipos mais comuns: - Reações onde alguns nucleões ou núcleos x têm alguma Ek e interagem com o núcleo de X, para formar um par de produtos do núcleo y e Y, isto é: Notação abreviada: muitas vezes escrita como X (x, y) Y, onde x e y são geralmente os mais leves dos pares de reação Obs.: - Para cada reação nuclear, podemos escrever uma equação de reação - Tais equações de reação devem serequilibradas, tal como as reações químicas devem ser - Carga (+Ze) e número de massa (A) devem-se conservar 26 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Reações Nucleares - Binárias Reação (, p) Relatada pela primeira vez por Rutherford Existem 9 p+ em ambos os lados da equação, logo a equação é equilibrada Reação (, n) Chadwick (1932) descobriu o bombardeamento com neutrões, Be e com partículas Reação (, n) Fotões de energia (raios gama) podem interagir também com os núcleos Ex.: produção de neutrões por irradiação de deutério 27 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Reação (p, ) Os protões podem causar reações nucleares Ex.: Captura radioativa de um protão por 7Li 8Be não é estável (decompõe-se radioactivamente) e divide-se quase que imediatamente em 2 partículas Reação (, n) Reação em que são produzidos mais de 2 produtos Ex.: Reação (n, p) Neutrões rápidos podem causar uma variedade de reações nucleares Ex.: Num reator, neutrões rápidos podem interagir com o 16O para produzir o radionuclídeo 16N Reações Nucleares - Binárias 28 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Reações Nucleares Reações nucleares e o valor-Q -Em qualquer reação nuclear, a energia deve ser conservada, ou seja: ⇨A energia total, incluindo a energia fundamental das partículas iniciais, deve ser igual à energia total dos produtos resultantes ⇨Qualquer mudança de Ek total, antes e após a reação deve ser acompanhada por uma mudança equivalente na massa de repouso total (m) das partículas -Para quantificar a mudança de Ek ou m numa reação, define-se o chamado valor - Q: O valor-Q quantifica a quantidade de energia cinética obtida numa reação 29 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Reações Nucleares ou, equivalentemente, - O ganho de energia cinética deve provir de uma diminuição da massa: - Q > 0: reação exotérmica, com liberação de energia - Q < 0: reação endotérmica, o que requer a transferência de energia de uma fonte para o alvo Implicações: ⇒ Tais reações não podem ocorrer, a menos que as partículas que colidem tenham pelo menos uma certa quantidade de energia, Ek 30 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Reações Nucleares Reações binárias (valor-Q) Para a reação binária x + X Y + y O último resultado (expresso em termos da massa do átomo, M) é válido: - Se Z é conservada (se posteriormente forem adicionadas a mesma quantidade de massa de eletrões massas nos dois lados) - Se não forem consideradas as diferenças nas energias de ligação do eletrão Reações de decaimento (valor-Q) - Para a reação de decaimento radioativo X Y + y - O núcleo de X está geralmente em repouso, logo Ek(X) = 0, então: - Decaimento radioativo é sempre exotérmico - A massa do núcleo central é sempre maior do que os núcleos periféricos 31 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo - Decaimento radioativo que ocorre naturalmente em minerais contendo U e Th, são em grande parte responsáveis pelo nascimento e o estudo da física nuclear - A Descoberta da radioatividade artificial deu inicio a um novo caminho de pesquisa nuclear - Centenas de núcleos artificiais foram produzidos, muitos por reações nucleares diferentes - A investigação das radiações emitidas pelos radionuclídeos, permitem o estudo da estrutura do núcleo e da matéria 32 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Resumo de alguns tipos de decaimento radioativo - Átomo progenitor indicado como P - Átomo filho indicado como D Decaimento radioativo (Fundamentals of Nuclear Science and Engineering, J.K. Shultis) 33 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo Algumas considerações - Se medirmos o decaimento do 14C numa substância vegetal antiga, pode-se determinar a sua idade -Elementos com Z > 83 são radioativos - O decaimento de U e Th em radionuclídeos filhos, formando uma série (ou cadeia) de radionuclídeos, levando a um isótopo estável de Pb ou Bi - Em todas as interações nucleares, incluindo o decaimento radioativo, várias quantidades são conservadas pela transmutação nuclear, como sejam: - Conservação da carga, Qt = 0 - Conservação do número de nucleões, A = const. (exceto para o decaimento radioativo, ±) - Conservação da massa/energia (energia total) - Conservação do momento linear - Conservação do momento angular total (“spin”) 34 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 - Após a descoberta da radioatividade (1896), foi observado que a taxa de decaimento de uma substância pura radioativa diminui com o tempo de acordo com uma lei exponencial - Vários anos foram necessários, para perceber que o decaimento radioativo tem uma natureza estatística, o que implica que: - É impossível prever quando um determinado átomo se desintegra - Esta hipóteses conduz diretamente à lei exponencial - Antes do desenvolvimento da teoria quântica, foi difícil aceitar estes comportamentos ▶Se um existirem N radionuclídeos num intervalo de tempo t, e não forem introduzidos novos núcleos mais tarde na amostra, então o numero de decaimentos dN num intervalo de tempo dt, será proporcional ao N: onde, é a constante de decaimento ou desintegração ("constante de decaimento") Decaimento radioativo 35 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo - O lado direito da eq. anterior também representa a probabilidade por unidade de tempo, para o decaimento de um átomo! - Supondo que esta probabilidade é constante, independentemente da idade dos átomos, o que constitui a base da teoria estatística de decaimento radioativo - Por integração da última eq., obtem-se a lei exponencial de decaimento radioativo: onde, N0, representa o número inicial de núcleos para t = 0 ▶ Meia-vida (T1/2) – "Período de semi-vida, ou semi-vida" -Tempo necessário para metade dos núcleos a decaírem - ou seja, para N = (1/2) N0 36 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 "vida media“ – () - Define-se como o tempo médio que um núcleo é susceptível de sobreviver, antes de decair - O número dos que sobrevivem no tempo t é dado por N(t), e o número que decai de t para t + dt é de |dN / dt| dt, portanto: Obs.: Denominador dá-nos o número total de decaimentos - Desenvolvendo a integração, temos: Decaimento radioativo 37 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 - A lei exponencial de decaimento, prevê que o número de núcleos que não decaíram, de uma dada espécie permanece após um tempo t, - No entanto, é muito difícil medir N(t) - Em vez disso, é mais fácil contar o número de decaimentos (observando as radiações emitidas) num intervalo de tempo t + t, de forma que: - Se t ≪ -1 (t ≪T1/2), os termos de ordem superior podem ser ignorados na expansão (série de Taylor) da exponencial, logo: - Para o limite do diferencial, vem da forma: Decaimento radioativo 38 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo Atividade - A(t) - Representa a taxa de decaimento que ocorre numa amostra: onde, a atividade inicial, é A0 = N0 - Assim, o número de decaimentos no intervalo de t a t + t é: - A(t) de uma amostra radioativa é exatamente o número de decaimentos por unidade de tempo - Decaimentos/s é uma unidade de medida conveniente, no entanto: Curie (Ci): usado originalmente, defenia-se como a atividade de 1g de Ra, mas agora 1Ci = 3,7 × 1010 decaimentos/s Mas, a 1 Ci é uma unidade muito grande. Portanto, a unidade no SI é o becquerel (Bq) = 1 decaimento/s 39 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo - Atividade - A eq. A(t) apresenta um decaimento exponencial - Representando o número de decaimentos para intervalos de tempo curtos, num gráfico semi-log, ou seja, ln A(t) em função de t, devemos obter uma linha reta com declive = Atenção: Este método só é adequado para T1/2 nem muito pequeno nem muito grande. Caso contrário: Têm de ser determinados n º de nuclídeos (por exemplo por de pesagem)ou outras técnicas mais precisas 40 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo – múltiplos decaimentos - Muitas vezes, isto acontece dado que o núcleo inicial pode decair em 2 ou mais modos diferentes, dando origem a 2 ou mais núcleos diferentes, isto é, diferentes modos de decaimento Assim, para 2 modos a e b: logo, a taxa de decaimento total é: Onde, é a constante de decaimento total e, Implicações: - Quando a radiação é estimada para o modo a ou b, será observado apenas um t, ou seja, o decaimento exponencial da atividade, A(t), nunca é observado para cada um dos modos 41 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 - As constantes de decaimento relativas, a e b determinam a probabilidade da ocorrência dos decaimentos pelo modo a ou b Assim, a fração a/t decai pelo modo a e a fração b/t pelo modo b, da forma: ou seja, as constantes de decaimento relativas, a e b nunca aparecem no termo exponencial ▶ Um modo de decaimento não se pode "desligar" para observar o decaimento do outro Decaimento radioativo – múltiplos decaimentos 42 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo – atividade (cont.) - Outro caso comum: um decaimento radioativo resulta num núcleo, sendo ele próprio também radioativo. Assim, uma série de decaimentos em cadeia ocorre, 123 Nomenclatura comum: - O núcleo original (tipo 1): núcleo pai - As "gerações“ resultantes: filha (tipo 2), neta (tipo 3) e assim por diante... - Assim, supondo que só existe o núcleo pai inicialmente: - O núcleo pai irá diminuir com o tempo de acordo com: - O núcleo filha aumentará como resultado dos decaimentos do núcleo pai, mas também diminuirá devido ao próprio decaimento: - Resolvendo, tendo em atenção as condições iniciais: 43 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo – modos de decaimento - Vários modos de decaimento radioativo existem, onde um núcleo instável tenta alcançar a estabilidade (transmuta), devido à excessiva massa nuclear ou energia, geralmente através da emissão de partículas e/ou radiação Decaimento alfa () - Durante este processo, o núcleo emite uma partícula , ou seja, um núcleo de: - Processo de decaimento: Ex.: decaimento- do rádio Diagrama de níveis de energia para decaimentos α de rádio-226 ao radão-222. in Podgorsak 44 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Esquema de decaimento para o Ra - T1/2 = 1600 anos - Ek ~ 4,78 MeV Decaimento radioativo – modos de decaimento 45 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo – modos de decaimento Exemplo de um outro tipo de decaimento: As partículas alfa de um determinado nuclídeo todas têm energias discretas correspondentes ao decaimento do nuclídeo inicial para um determinado nível de energia do produto (incluindo, claro, o seu estado fundamental). A energia das partículas é, regra geral, igual à diferença de energia entre os dois níveis. Nota: O alcance de penetração das partículas na matéria é muito curta, e no caso do tecido do corpo humano é de aproximadamente de 0,03 mm. As partículas podem ser interrompidas por um pedaço de papel, por alguns centímetros de ar ou mesmo umas luvas. PoRn 21884 222 86 46 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo – modos de decaimento Decaimento beta () -Neste tipo de processo, o núcleo pode corrigir em excesso p+ ou n0 convertendo diretamente um p+ num n0, ou vice-versa -Este processo pode ocorrer de 3 formas possíveis: (Obs.: cada processo, deve envolver outra partícula carregada para garantir a conservação de carga) - 1º processo conhecido como decaimento - (decaimento de “negatrão”), envolve a criação e a emissão de um eletrão pelo núcleo - 2º processo, é um decaimento positivo + (decaimento de positrão), no qual um eletrão de carga positiva é emitido pelo núcleo - 3º processo, um eletrão interno é absorvido pelo núcleo, permitindo a conversão de um p+ em um n0 47 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 - Em todos os 3 processos, um neutrino () ou anti-neutrino é também emitido - No entanto, uma vez que não tem nenhuma carga elétrica, a sua inclusão no processo de decaimento não afeta a identidade das outras partículas resultantes Nota: - Em ambos os processos de decaimento , uma partícula é criada (fora da energia de decaimento, de acordo com m = E/c2) - O eletrão ou positrão não existia dentro do núcleo antes do decaimento, ao contrario do decaimento , onde os nucleões emitidos estavam dentro do núcleo Ex.: - Co-60 é usado como uma fonte de radiação em máquinas de tele-terapia para radioterapia de feixe externo - A(t) ~ 200TBq a 400 TBq Decaimento radioativo – modos de decaimento 48 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento radioativo – modos de decaimento Notas: - Num decaimento -, o número atômico do nuclídeo originado é aumentado de 1 e o número de massa permanece o mesmo. - O e- emitido provém da desintegração de um neutrão neutrão protão + eletrão + antineutrino - Num decaimento +, essencialmente um protão é convertido num neutrão e num positrão, diminuindo assim o número atômico Z do nuclídeo originado em 1. Estas partículas energéticas vão perdendo a energia ao passar pela matéria, a profundidade de penetração na matéria dos positrões não é muito grande. - O positrão emitido provém da desintegração de um protão protão neutrão + positrão + neutrino - Decaimento por captura do eletrão, neste processo, o número atômico do nuclídeo originado é reduzido de 1. 49 car@ IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 Decaimento gama () - A emissão radioativa é análoga à radiação atômica, tal como a radiação óptica ou as transições de raio-X - Um estado excitado decai para um estado de menor excitação, eventualmente para o estado fundamental, pela emissão de um fotão (radiação ) - A energia de radiação é igual à diferença de energia entre os estados nucleares (menos a energia de recuo geralmente insignificante do núcleo emissor) - Observada em todos os núcleos, que possuem estados excitados (A > 5) - Normalmente segue os decaimentos e , dado que estes muitas vezes levam a estados excitados dos núcleos originados - Normalmente, T1/2 para a emissão são muito curtos (< 10 -9 s). Mas, às vezes são significativamente mais longos (horas, dias) - Estas transições são conhecidas como transições isoméricas, e a longa vida dos estados excitados são chamados de estados isoméricos ou isómeros (ou estados metastáveis) - Normalmente indicado como: Decaimento radioativo – modos de decaimento 50 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Conversão interna (IC) - As transições isoméricas para além de ocorrerem sob a forma de radiação , também podem ocorrer por conversão interna. - Este processo, muitas vezes concorre com emissão - O núcleo ao deixar de estar excitado transfere energia diretamente para um eletrão, que posteriormente é visto como um eletrão livre - Muito diferente do decaimento , uma vez que ocorre sem mudança de Z - No entanto, o átomo torna-se ionizado no processo Decaimento radioativo – modos de decaimento Esquema de decaimento para decaimentos β do césio-137 em bário-137 51 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Conversão interna (IC) (cont.) Como alternativo ao decaimento , dá origem à emissão de: - (A) Raios-X pelo transição de um eletrão para um nível de energia mais baixo ou, - (B) Eletrões Auger ou pela emissão de um eletrão secundário Decaimento radioativo – modos de decaimento 52 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Decaimento radioativo – modos de decaimento Esquematicamente, temos: 53 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Decaimento radioativo – modos de decaimento Propriedades das emissões radioativas 54 IN S M N – 2 0 1 5 /2 0 1 6 car@ Bibliografia: Fundamentals of Nuclear Science and Engineering, J.K. Shultis,R.E. Faw, Marcel Dekker, 2002 Introductory Nuclear Physics, K.S. Krane, Wiley, 1988 Nuclear and particle physics, B. R. Martin, John Wiley & Sons, 2006 Radiation Physics for Medical Physicists, 2nd Edition, E.B.Podgorsak, Springer-Verlag, 2010 Internet Data Sources: National Nuclear Data Center: http://www.nndc.bnl.gov/ Essentials of Nuclear Medicine, Powsner 55
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