Buscar

Conseqüências do consumismo

Prévia do material em texto

Conseqüências do consumismo 
O consumismo apresenta várias conseqüências, quase todas negativas. Uma das conseqüências negativas é que o consumismo pode gerar violência. Pessoas que não têm o acesso aos produtos roubam para tê-los, ou mandam alguém roubar para que ela compre. Cabe também acrescentar que os principais afetados pelo consumismo são os países menos desenvolvidos. Estes têm que atender aos pedidos e as vontades dos países desenvolvidos, como manda o sistema. Os países subdesenvolvidos não conseguem oferecer condições básicas para a sobrevivência de sua população, pois sua atenção e seu esforço são destinados aos países desenvolvidos.
O consumismo também prejudica a natureza. Dela, é extraída a matéria prima para se fabricar os bens comprados pelas pessoas. Como o consumo é desenfreado, mais e mais é exigido da natureza, que não consegue oferecer tanto em tão pouco tempo. Pode-se dizer que o consumismo cria uma sociedade insustentável, pois os atos desencadeados pelo consumismo podem danificar a vida das gerações posteriores. Os animais também sofrem com o consumo desenfreado. Todos os dias milhares de animais são mortos em abatedouros para serem consumidos. Mas o pior, é que nesses locais de abate, os animais sofrem muito. As condições de vida para eles são precárias. Sofrem maus tratos e muitos são explorados, como por exemplo, as vacas leiteiras e outros animais utilizados unicamente para produção de filhotes. 
Consumismo e violência
O consumismo não nos dá boas perspectivas sociais e ambientais. Hoje estamos presenciando os altos níveis de obesidade, as dívidas pessoais crescentes, a infelicidade crescente, o menor tempo livre para o lazer, o meio ambiente maltratado e por fim, o aumento da violência para sustentar o consumismo de quem não tem um bom nível de renda ou então de pessoas gananciosas que sempre querem mais. 
Não há paz e felicidade na sociedade consumista, pois o capitalismo exclui grande uma parte da sociedade. No entanto, para garantir o consumismo esses excluídos partem para a violência. Se analisarmos a violência no Brasil há poucos casos que o individuo rouba, assalta, furta, mata para suprir as suas necessidades básicas, como comer, vestir-se com roupas comuns ou mesmo comprar remédios. 
Hoje a violência existe para garantir o tênis importado, a roupa de grife, o celular moderno, o aparelho de cd, o carro, a moto, os vícios e claro, as drogas. Em suma, o consumismo, a ganância e a carência pelo supérfluo tira a paz da sociedade. 
Talvez se as penas por crimes que são praticados para sustentar o supérfluo fossem diferenciadas (bem mais rígidas) os criminosos pensariam antes de querer consumir exageradamente. 
O marketing também tem culpa disso, pois cria um apetite de consumo onde não há poder aquisitivo pra tanto e diante disso vem à frustração de não poder consumir e consequentemente surge a violência. No Brasil já há canais e programas de televisão que ficam vendendo porcarias supérfluas e infelizmente há quem assiste, se interessa e adquire essas bugigangas inúteis. Também pudera estamos vivendo em um país que a qualidade da educação esta decrescendo cada vez mais. Estamos criando consumistas e não cidadãos, já que hoje quem não tem o poder de compra é um excluído dessa sociedade. É o ato de medir as pessoas pelo que tem e não pelo que é! 
A sociedade ainda não se deu conta que o consumismo tem diminuído a qualidade de vida das pessoas. Temos que parar de olhar e ter os Estados Unidos da América como um padrão de comparação de forma positiva, pois o que vemos lá é uma sociedade doente, assassina, infeliz, exploradora e individualista, mas a mídia faz de tudo pra mostrar que é o melhor país do mundo.
Já existe toda a preocupação em produzir de forma sustentável, diminuindo o consumo excessivo com água, com energia e outros recursos naturais. Entretanto do outro lado, há um apelo à compra, ao consumismo o que acaba por neutralizar as ações positivas da produção. 
Não há possibilidade de termos um Planeta Terra equilibrado sem nos educarmos para o consumo. Temos que estar “vacinados” contra a busca da felicidade no bem material, como o banho de loja, ou a compra dos produtos supérfluos.
É necessário não poluir, não esbanjar água, energia entre outros recursos, mas principalmente e imprescindível racionalizar o consumo e de preferência consumir produtos que poluam menos e que explorem menos a natureza. 
Vou terminar o artigo com aos dizeres de Gandhi: “A terra pode oferecer o suficiente pra satisfazer as necessidades de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens”.
Ter ou ser?
"Enquanto houver ricos haverá mendigos, e enquanto houver desejo de consumo haverá bandidos" - dizia uma velha frase pichada nas redondezas da universidade... 
Qualquer pessoa que se dedique a estudar resolutamente os mecanismos de funcionamento do modo de produção capitalista e analisar as relações sociais de produção mediante uma visão pautada na mais completa análise do capitalismo já feita na história - a de Marx no conjunto de sua obra, mas sobretudo em "O Capital", conseguirá compreender - sem embargo - como a lógica do capitalismo que privilegia o "ter" antes do "ser", por meio do "fetiche da mercadoria" (vide capítulo homônimo d'O Capital)leva as pessoas a este estado febril de desejar consumir um determinado produto sob todo custo. 
Não obstante, qualquer pessoa que consiga analisar as relações sociais hoje vigentes a partir de um ponto de vista histórico-sociológico minimamente apurado compreende que a violência ou a criminalidade não são características atávicas dos indivíduos, mas - muito antes - produtos de uma realidade histórica objetiva, a realidade do mundo capitalista, em que a necessidade de ter se impões aos indivíduos como um padrão próprio da condição de sua existência social. 
Vale aqui recordar uma frase de Eduardo Galeano: 
"Nunca o mundo foi tão desigual nas oportunidades que oferece e tão igualitário nos costumes que impõe". 
A violência é fruto direto das relações sociais de produção gestadas pelo capitalismo, ela existe a partir do momento em que a desigualdade é introduzida entre os homens, e não teria razão de ser se assim não fosse - salvo raras exceções de questões psico-patológicas. 
Deixemos de tratá-la portanto como um fenômeno externo, como se fosse um mal que não sabemos de onde vem, pois enquanto vivermos sob condições desiguais ela existirá como um ciclo vicioso que renasce a cada instante. 
Se nos permitirmos entender isto pararemos de glorificar os "BOPE's" da vida e repetir fervorosamente em coro com o Datena que "bandido tem que morrer porque é animal, não é humano" O Que não é humano e nunca será é o capitalismo, e os homens (bandidos ou não) são formados em sociedade e a partir de consições materiais objetivas. Paremos de reproduzir o "mito do bem e do mal" porque ele só interessa às minorias que se beneficiam da exploração do homem pelo homem. 
Já no século XVIII havia quem alerta-se : 
"A propriedade introduz a desigualdade entre os homens, a diferença entre o rico e o pobre, o senhor e o escravo, o poderoso e o fraco, até a predominância do mais forte. O homem é corrompido pelo poder e esmagado pela violência" (Jean-Jacques Roussseau) 
Será possível que nós, ainda hoje, ignoremos as origens da violência fiquemos atribuindo-a a razões banais tal como querem aqueles nos pisam? 
Uma modesta tentativa de constribuir para a elucidação da questão. Que constestem os que discordam, mas de forma madura e com uma discussão séria. Pois já basta de ficar ouvindo chavões tipo "Arnaldo Jabor" e frases decoradas da "Veja", que tanto são entoadas por uma débil juventude aqui presente.
Consumismo gera criminalidade
CONSUMISMO = CRIMINALIDADE: o CRIME É CONSEQUÊNCIA DIRETA DO CONSUMISMO. Viver é a melhor opção e escolha de uma pessoa. Queremos viver de forma completa, rica e abundante, mas, nem sempre sabemos como fazer ou agir diante do que queremos e somos e podemos. Aí vem a grande dúvida da pessoa em viver de forma digna ecerta em meio a uma sociedade que não procura viver digna e certa. A pessoa é atacada constantemente, noite e dia, sem tréguas, pelos meios de comunicação que invadem suas vidas com ofertas sem fim por um viver luxuoso, glamoroso e de fácil “caminho”. Em meio disso, gera na consciência da sociedade um foco que devemos consumir para sermos felizes, capazes e poderosos. Quem compra tem poder, quem consume tem prazer, são felizes, são destacados na sociedade. O preço a ser pago por isso é devastador, é caro e é enorme nas contas do homem interior, as vezes são irreparáveis os males cometidos pelo consumismo, pelo que ele gera no homem, na comunidade e na sociedade. As crianças vivem em estado de alertas, são ensinadas a todo momento a descobrir como ter, fazer para ter, os meios e seus efeitos prazerosos. Os jovens vivem num áspide, impulsionados a uma vida de homicídios e suicídios por causa do consumismo provocado pelo capitalismo. Contanto, ninguém se mobiliza e nem se preocupa por isso. A quem interessa este desgovernado sistema consumista? Esta Monografia é baseado nos Princípios Cristão, Paulo, o Apóstolo já ensinava para que “cada um fique contente e satisfeito com o que tem. E que o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal.”
A INFLUÊNCIA DO CONSUMISMO NO AUMENTO DA CRIMINALIDADE JUVENIL
INTRODUÇÃO
 
 
Várias pesquisas e estudos realizados, com a finalidade de explicar o aumento da criminalidade, especialmente a partir de 1996, demonstraram grande salto nos índices, trazendo em seu bojo fatores que comprovadamente foram vetores da criminalidade.
Esses estudos foram direcionados para questões específicas da criminalidade juvenil. Diante disso, surge uma proposta de pesquisa do fator “consumo”, essência do capitalismo, a fim de comprovar se opera discretamente como pano de fundo para o incremento da criminalidade entre os jovens, ou seria meramente um dos microelementos que constroem a dinâmica da criminalidade.
Os dados estatísticos apresentados à sociedade pelos órgãos da Defesa Social, revelam um acentuado aumento da criminalidade verificado a partir de 1996. O que chama a atenção para os números apresentados, é o destaque dos crimes violentos diretamente ligados aos crimes contra o patrimônio. Dado conexo e de grande relevância, é o fato da concentração dos números de agentes e vítimas de tais crimes que se dá na faixa etária jovem; motivo pelo qual, a presente pesquisa se restringe ao comportamento e à criminalidade dos jovens com idade entre 12 e 18 anos.
A proposta do presente trabalho é investigar se a explosão do consumo influenciou no aumento da criminalidade juvenil. Se tais processos sociais se desenvolveram dentro de um mesmo contexto, quais as interferências deste novo modo de vida no aumento da criminalidade que envolve os jovens no Estado de Minas Gerais.
A pesquisa busca traçar o perfil do adolescente, tecer conexões que possibilitem verificar a correlação entre o novo modus vivendi da população jovem e a identidade que constroem diante da cultura do consumo, verificando se há uma relação real entre esses fatos e a crescente onda de crimes. 
 
 
1
REVISÃO DA LITERATURA
 
 
Associe-se a estas informações, dados da pesquisa realizada por Pogianelo (2004), que mostra a acessibilidade que têm os jovens do Estado de Minas Gerais, às armas de fogo. Paralelo a isto, cresceu o número de ocorrências de crimes violentos e das apreensões de armas de fogo, o que parece estar estritamente correlacionado.
Vários fatores de ordem política, econômica e sociais, ocorridos ao longo da historia do Brasil são considerados nesta pesquisa: Chaves (2005) pontua estes fatores, tomando como marco histórico a década de 60, quando a Criminologia, como ciência que estuda o crime, a pessoa do infrator, a vitima e o controle social do comportamento delitivo, direciona seu foco para a sociedade. Após o golpe militar de 64, o Brasil sinalizava mudanças com a abertura política. O povo clamava pela democracia. O Brasil vivia grande tensão e a criminalidade começava dar indícios de avanço. 
Em relação aos aspectos econômicos, no período de 1980 e 1983, a economia estagnada, já mostrava uma significativa distancia entre ricos e pobres. Ao mesmo tempo em que crescia a população dos grandes centros urbanos, crescia continuamente a pobreza e a criminalidade violenta.
Mudanças de governos e estratégias várias. Os planos econômicos adotados nos últimos nove anos tiveram como resultado uma concentração de renda, da qual se deduz em contrapartida, uma grande “desigualdade social”.
Mudanças na cultura também revelaram-se como fatores de influência no aumento da criminalidade, tendo seu foco direcionado para a família. As conquistas e superações da mulher na sociedade, a ausência no lar, tanto do pai como da mãe, produzindo uma educação informal das crianças. A maior parte dos jovens envolvidos na criminalidade, sugerem uma ausência real ou de omissão dos pais, produzindo na personalidade daqueles menores, indiferença, frieza e egoísmo (CHAVES 2005).
Houve, além de todo esse processo, uma mudança de valores, influenciada pela vida urbana, estimulada pela industrialização e pelo crescimento econômico.
 
A omissão dos governos atuais nos programas de investimentos sociais, especialmente na educação, base para o desenvolvimento das crianças e adolescentes alimentam os números dos “grupos alvos de exclusão social”.
 
O neoliberalismo obediente à doutrina cega do capitalismo, afogou a humanidade num ritmo de produção e consumo. A ordem é consumir. Os recursos de imagem utilizados pela publicidade imprimem uma abundância de audiovisuais dirigidos às pessoas, restando pouco ou nenhum espaço para a reflexão e manifestações individuais. E o lugar privilegiado de constituição de identidades se desloca da família e da escola para a mídia.
 
A Internet torna-se a influência avassaladora do mercado consumista americano que consolidou-se em grande parte do mundo mercantil. Os jovens, alvos vulneráveis, e conseqüentemente mais suscetíveis às influências dos modismos propostos por esse mercado, constroem suas identidades transitórias e tensas nos objetos de consumo (FISCHER, 2000).
 
 
1.1
A cultura do consumo, sua origem e seus efeitos
 
 
A cultura do consumo é uma expressão que nos remete à era da pós-modernidade e do capitalismo pós-fordista, ou “desorganizado”, assim descrito na visão do sociólogo Don Slater (2002). Esse modelo tem sido referenciado como um modo de reprodução cultural desenvolvido pelo Ocidente e que se estende desde o século XVIII até o presente.
 
Conceitua-se a “cultura do consumo” destacada do termo consumo. Ela define um sistema em que o consumo é dominado pelo consumo de mercadorias, e onde a reprodução cultural é geralmente compreendida como algo a ser realizado por meio do exercício do livre-arbítrio pessoal na esfera privada da vida cotidiana. A cultura do consumo é o modo dominante que permite estruturar e subordinar todas as outras formas. Pressupõe dominação, onde o Ocidente se via como “civilizado e rico por direito” (Slater, 2002).
 
Uma forma bem clara de situar a origem do consumo é pensar que na visão sociológica, a sua prática constitui o lúdico, o hedônico. Partindo desta visão, em um raciocínio lógico, tem-se que o trabalho precede a diversão. De fato, no contexto histórico, em que a produção revela-se como essência da modernidade, no auge da Revolução Industrial foi que o consumo passou a ser compreendido de formas caracteristicamente modernas. A cultura do consumo, portanto, seguiu-se à industrialização, ao “boon” da exploração do trabalho.
 
Esse fato é razoavelmente explicável. Na história econômica a modernização, até o século XX, estava voltada para o trabalho. Houve neste período, um acúmulo de recursos, investimentos em energias de produção de meios de produção; uma contenção, de certo modo forçada, dos recursos produtivos. O consumo restringia-se às necessidades básicas. A cultura era vista como excedente econômico, e só então, após atingir certo nível de riqueza, a sociedade se permitiaa “opção cultural” pelos bens desejáveis, caracterizadores da cultura de consumo.
 
Por óbvio, tudo isso se desenrolou através do processo de circulação de mercadorias, que passaram a fazer parte do cotidiano das classes sociais; a disseminação da cultura do consumo (moda – gosto); o desenvolvimento de infra-estruturas, organizações e práticas que suportassem os novos tipos de mercado, de onde surgem os veículos necessários à propagação do consumo: shoppings, publicidade e o marketing. Mas o comércio é que se apresentou como propulsor da transição da sociedade agrária tradicional para a sociedade moderna. O comércio é que forneceu novas imagens e conceitos por meio dos quais o consumo foi reconhecido, trazendo a marca da cultura do consumo, com noções de economia, governo, idéia de sociedade civil e da própria sociedade, imagens da individualidade, de interesse individual, da razão e desejo, de novos conceitos de status e cultura.
 
Partiu de uma tradição onde consumir significava esbanjar, desperdiçar. No final do século XVIII “consumo” tornou-se um termo discutível sem tensões e compreendido segundo Smith (1986) como a única finalidade e propósito de toda a produção, só importando ao produtor atender os interesses do consumidor.
 
O consumidor é o ator principal no contexto de desenvolvimento da cultura consumista pós-moderna. De um ângulo é visto como um escravo irracional dos desejos materialistas, manipulado por produtores de larga escala. De outro lado, o consumidor é visto como um herói, na medida em que manifesta sua autonomia e racionalidade, já que, somente as necessidades por ele definidas podem legitimar as instituições econômicas e sociais. 
 
 
1.2
Adolescentes como atores no contexto neoliberal
 
 
A criação do termo “adolescência”, em plena virada do século, veio designar a transição da infância para a idade adulta. Moujan (1993), um psicanalista argentino, define assim a adolescência:
 
“A adolescência é estado confusional transitório criado pela amplidão dos processos de luto e do polimorfismo zonal libidinal e agressivo, que leva a uma crise de identidade que estabelece uma luta estimuladora do pensamento lógico formal, das funções discriminadoras e sintéticas do ego e protetoras do superego, chegando ao estabelecimento de novos vínculos objetais mais reais pela elaboração das fantasias pré-edipianas e edipianas”.
 
A adolescência é uma fase caracterizada por um processo de reorganização interior denominado por alguns teóricos como “turbilhão”. Nesta fase ocorre nos adolescentes uma ruptura na sua personalidade, que provoca alterações do humor e do comportamento que se apresenta variável e imprevisível, confusão de pensamentos e rebeldia, normalmente com os pais. Essa ruptura refere-se também à separação do jovem de seus pais, momento em que se inicia um processo de desenvolvimento da própria identidade. Poder-se-ia dizer que é a fase em que o adolescente encontra-se consigo mesmo. Fase em que o indivíduo desperta para o relacionamento com seus pares (feminino ou masculino) e busca a construção de uma personalidade estável.
 
Vários autores preferem concordar com a idéia de que a fase adolescente inicia depois da infância, por volta dos 12 (doze) anos e termina por volta dos 18 (dezoito). Este foi o entendimento adotado pela legislação brasileira, através do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
Atualmente, crianças e adolescentes participam avidamente da vida dos adultos e passam também a fazer parte da realidade do consumo e dos prazeres. Esse fenômeno tem levado observadores a uma reflexão no conceito de adolescente e puberdade, aparentemente, termos sinônimos ou ao menos correlatos. 
 
É comum na sociedade atual, verificar-se crianças precocemente assumindo papel de adolescentes, e estes, papel de adultos. Analiticamente falando, se estes papéis têm sido exercidos precocemente, também de forma precoce tem se manifestado a puberdade. As meninas, principalmente, vêm amadurecendo muito cedo.
 
Deste modo, o conceito de adolescência não se define mais como o efeito do biológico humano (puberdade) sobre o papel social do indivíduo, mas ao contrário, a puberdade precoce explica-se como sendo a interferência do panorama social no biológico humano.
 
 
1.3
Formação da identidade dos jovens e o sistema capitalista
 
 
O psicólogo Erik Erikson (1976) observa que a adolescência é marcada por um aumento dos conflitos caracterizados por uma flutuação normal e necessária da força do ego. Esta colocação é bem explicada por Telles (2004), na conceituação do que convencionou chamar de “a crise do adolescente” e de seu “problema de identidade”. A identidade é uma idéia integradora, totalizadora da própria pessoa, percebida, negada ou deformada por seu ego. Nesta fase, o ego percebe uma ruptura de continuidade da unidade, e o adolescente se vê com um corpo estranho, com novos impulsos e sensações. Na tentativa de preencher o vazio causado pela perda da identidade antiga, vale qualquer coisa para ter uma nova identidade.
 
Há uma fragilidade neste estágio de desenvolvimento do indivíduo adolescente, expondo-o a uma suscetibilidade de influências. O adolescente se identifica temporariamente com as mais variadas pessoas, aspectos que não são inteiramente assimilados e elaborados em seu ego, são tentativas provisórias de manter uma identidade. Às vezes apresenta identidades negativas, assumindo tudo aquilo que é negado ou proibido por seu grupo familiar ou social. 
 
A partir destes conflitos e das lutas que se travam no adolescente, ele precisa ser capaz de desenvolver um senso de identidade pessoal. Como postula Erikson (1976) “sem um senso vigoroso de quem são, os adolescentes tornam-se vulneráveis à delinqüência, à pressão dos companheiros e a distúrbios psicológicos mais graves.”
 
A “crise de identidade” é, portanto, um fenômeno psicossocial ligado a uma cultura particular, porque se a sociedade muda, muda também a busca de identidade do adolescente. Quando o organismo do adolescente se transforma, eles são naturalmente afetados por sua interação com o grupo de iguais, pelas alterações na estrutura e no funcionamento da família, pelas opções de participação no mundo adulto, pela cultura da época. Diante desta assertiva Straus (1994) propõe que antes de ser resolvido o debate entre os pesquisadores sobre o que constitui um desenvolvimento adolescente normal, deve-se considerar as estruturas familiares em mudança e outros fatores sócio-econômicos, raciais e étnicos.
 
Tem-se, pois, um panorama geral do processo psicológico de formação da identidade adolescente comum no desenvolvimento humano. Como bem expressa Anna Freud (1978) “ser normal durante o período adolescente é em si anormal”.
 
Hetkowski e Gewehr (1999) em seu artigo atribui ao processo de globalização a propagação do modo de produção capitalista baseado no consumo. E esclarecem que, segundo Achugar (1994) e Beyaut (1994), esta tendência mundial interfere na cultura e cria forma de agir e pensar de certa forma “homogênea”, incutindo seus produtos no âmbito global. Esta homogeneização é fonte de graves descaracterizações nas culturas nacionais, com repercussões seriíssimas no desenvolvimento do adolescente, “uma sensação de nau à deriva”. 
 
A globalização, a sociedade, com referência especial aos adolescentes, interage de forma íntima e muitas vezes velada, e esta inter-relação traz conseqüências na formação da identidade dos adolescentes contemporâneos.
 
Freud (1996) explica que o processo de identificação é, primordialmente, uma forma de ligação emocional com um objeto. Enquanto Mato (1996) entende a identidade com um processo de construção simbólica, fruto de interações sociais. Há, pois, neste processo de construção da identidade uma interação social em que o indivíduo se liga emocionalmente ao objeto. Esta ligação é de grande importância para a formação da identidade adulta. 
 
A instabilidade que vive o adolescente faz com que ele busque modelos que inspirem o adulto que quer ser, a fim de afirmar com eficiência a sua posiçãono mundo. Exatamente neste momento que surgem os problemas mais comuns da atualidade, e que se tornam um desafio para o próprio jovem: a ausência paterna, a mentalidade consumista do mundo atual, que tem como conseqüência a descaracterização da cultura local e nacional. Esses fatores transportam o jovem para fora da realidade.
 
Com a consolidação do capitalismo a sociedade entrou na “era das comunicações de massa”, que tem por finalidade precípua manter esse estilo de vida e a ordem social, capitalista. O estilo de vida norte-americano, difundido para todo o mundo, só foi possível, assim como sua manutenção, através da comunicação de massa. E os países em desenvolvimento são os mais influenciados, devido ao fato de apoiarem seu desenvolvimento nos modelos estáveis economicamente, como o norte-americano.
 
Segundo Hetkowski e Gewehr (1999): o ser humano é vulnerável a influências, e, portanto, vive sob os entorpecentes efeitos dos meios de comunicação. De modo contraditório, o mesmo meio que veicula os direitos garantidos pelo regime democrático de direito, “regime da livre escolha”, torna a sociedade sujeita ao despotismo do capitalismo, escrava do consumo. E os adolescentes são os alvos prediletos dessa tendência social, o que deveria ser motivo de preocupação. 
 
Os apelos das propagandas exibidas na mídia demonstram a grande pressão exercida sobre as pessoas. Frases do tipo “Você precisa ter”, repercute na consciência do consumidor, principalmente do adolescente, como: “você precisa TER para SER”. Tais apelos repetem-se dia e noite, divulgando produtos, ideologias, corroborando e confirmando cada vez mais os ideais do sistema capitalista, impregnando a vida diária do sentimento de que tudo e todos são descartáveis. Como bem expôs Hetkowski e Gewehr (1999), não é a religião “o ópio do povo”, como afirmavam Marx e Freud, e sim a mídia e seu show de efeitos especiais que escondem o ser humano em BMW’s, Channel’s, Coca-Colas, Nikes, Mc Donald’s e tantos outros símbolos do consumo e da sociedade como um todo. 
 
Interessante apontar nesta pesquisa, além do que se observa como efeitos da intensa influência do consumismo no comportamento dos jovens, a visão que eles próprios fazem de si.
 
Uma pesquisa realizada pela MTV no início de maio de 2005
[1], a fim de identificar os valores e comportamentos dos jovens com idade entre 15 e 30 anos, definiu da seguinte forma o perfil do jovem brasileiro: “vaidade exacerbada, falta de rumo, excesso de hedonismo e individualismo” (Menes, 2005).
 
Segundo a pesquisa realizada, o jovem brasileiro dá muito valor à aparência: 60% (sessenta por cento) acreditam que pessoas mais bonitas têm mais oportunidades na vida, e 15% (quinze por cento) dos jovens abririam mão de 25% de inteligência por 25% de beleza. Apresentam certa insegurança em relação ao futuro, sendo que 82% dos entrevistados preferem morar com os pais a assumir responsabilidades.
 
Apesar de serem pessoas com menor poder financeiro, são os jovens o público-alvo que mais é persuadido pelas campanhas de publicidade. A mídia é responsável por criar novas necessidades. As crianças e jovens, incapazes de entender o significado da TV e o propósito da propaganda, passam a desejar tudo o que lhe é apresentado, crescendo assim hipersensíveis ao prazer. É o que Lorenz (1974) denominou de neofilia, entendida como a afinidade irresistível com tudo o que aparece como novidade resultante da doutrinação de massas. A neofilia é a patologia da sociedade contemporânea. 
 
Voltando à referência sobre a pesquisa realizada pela MTV, Menes (2005) apresentou numa amostra de 2.359 jovens entrevistados, pertencentes a classes sociais variadas, verificando que houve um crescimento vertiginoso do uso da tecnologia no cotidiano da parcela mais abastada da população jovem, comparado com a mesma pesquisa realizada no ano de 1999 (TAB 1). 
 
Os recursos utilizados pelos jovens entrevistados em 1999 se tornaram acessíveis a um número muito maior de usuários. Os celulares despontam como o bem mais cobiçado, aumentando de 19% para 71% de usuários. Os computadores apresentavam 22% de usuários, aumentando para 46% e o acesso à Internet evoluiu de 15% para 66% dos jovens entrevistados. Cerca de 79% dos jovens usam o "torpedo" do celular para falar com os amigos, e a avalanche de blogs e fotoblogs não passa despercebida pela geração plugada na Web: 79% dos jovens sabem o que é Blog, 77% sabem o que é Fotoblog, 48% já passaram pelo o Orkut, a principal rede de relacionamentos da Internet, e 43% usam o Messenger, programa de mensagens instantâneas da Microsoft. 
 
                   TABELA 1
                                  Comparação do crescimento do uso da tecnologia no cotidiano da parcela mais abastada da população jovem entre os anos de 1999/2005
	Tecnologia de uso
	Pesquisa de 1999 (%)
	Pesquisa de 2005 (%)
	Celular
	19%
	71%
	Computador 
	22%
	46%
	Internet
	15%
	66%
	Torpedo
	-
	79%
	Blog
	-
	79%
	Fotoblog
	-
	77%
	Orkut
	-
	48%
	Messenger
	-
	43%
Fonte: Pesquisa realizada pela MTV por MENES, Ione Maria. Valores do jovem brasileiro. 
 
Apesar dos registros de furtos e roubos de objetos tais como aparelhos celulares relógios e outros objetos de uso pessoal, cometidos por menores, sugerirem uma incidência maior, não são dados seguros para aferir uma correlação desses “atos infracionais” ao desejo de consumo desses menores, vez que todo objeto de furto ou roubo pode ser convertido em valores para serem gastos com o que desejarem consumir.
 
 
2.
CRIMINALIDADE E CONSUMISMO
 
 
As ciências criminológicas, até então voltadas para o estudo do crime sob o enfoque da inadaptação do indivíduo, se deparou com uma mudança radical da sociedade por volta de 1960. Essa mudança traduziu na coexistência de manifestações criminosas ligadas ao subdesenvolvimento, com a violência em todas as suas formas, o tráfico de drogas, a criminalidade econômica como criminalidade transnacional. Através desse posicionamento da Criminologia, já era possível observar uma relação entre o subdesenvolvimento e a criminalidade.
 
Embora tido como fato normal, assim proposto pela teoria de Durkheim (1990) para quem “o crime é normal porque seria inteiramente impossível uma sociedade que se mostrasse isenta dele”, a sua proliferação na sociedade parece sempre indicar um desajuste social.
 
De todas as teorias propostas, abrangendo as mais modernas, há um consenso: a pobreza ou ausência de educação formal não seriam fatores causais suficientemente fortes para justificar o crime (Quételet in Magalhães, 1996). Não há relação direta entre pobreza e criminalidade. O que se torna evidente em todos os posicionamentos é a presença de desigualdades sócio-econômicas, que surge como um indicador para a análise do crime.
 
A ingerência do Estado, o que os muros não evitam, levam ao confronto da realidade social, gerando uma crescente onda de violência urbana como fruto da mais injusta distribuição de renda do mundo.
 
Para melhor compreender a agudez da desigualdade, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE, os 20% mais pobres (32,6 milhões) dividem 2,5% (R$22,5 milhões) do PIB nacional que é de R$900 bilhões, enquanto que os 20% mais ricos abocanham 63,4% do PIB, o equivalente a R$570,6 bilhões. Certamente, se o Estado educasse e qualificasse os indivíduos da sociedade de modo igualitário para compreender esses números, eles seriam inadmissíveis pela população, base da pirâmide, que sustenta os 20% mais ricos. Os fatos demonstram a necessidade de medidas urgentes que evitem a convulsão social sugerida pela realidade.
 
Esse desequilíbrio na sociedade provoca uma pressão em seus membros fazendo com que alguns se engajem em comportamentos não conformistas. É, portanto, necessário dimensionar o grau de pressão que os impele ao desvio de conduta, ao crime. Para Merton (1958), a anomia se apresenta quando uma sociedade está em situação de desequilíbrio entre metas estabelecidas e os meios legítimos para atingi-las. 
 
Da conduta alternativa que emergesob a tensão entre metas culturais que enfatizam o sucesso pessoal e a escassez de meios legítimos, a resposta é anômica
[2]. Mas esta resposta não é generalizada. O que se pretende esclarecer é o fato de situações sociais diversas exercerem pressões diferentes sobre determinados indivíduos que optam por condutas ilegítimas para atingirem seus objetivos. Esses desvios de comportamento sugerem uma forma de adaptação.
 
Quételet (Magalhães, 1996) atribui maior propensão para o comportamento criminoso ao grupo dos jovens, justificando a força e a paixão como propulsores do comportamento, enquanto a razão ainda não é capaz de detê-los. 
 
A cultura do consumo como realidade atual, impõe às classes mais baixas demandas incompatíveis, induzindo seus membros a um comportamento desviante e criminoso, configurando a inovação como o modo de “adaptação” proposto por Merton
[3].
 
 
3.
O AUMENTO DA CRIMINALIDADE JUVENIL NO ESTADO DE MINAS GERAIS
 
 
Desde 1980 verifica-se um aumento dos crimes violentos na sociedade brasileira, especialmente nas regiões metropolitanas. Não se sabe ao certo se o crime aumenta a insegurança e a tensão relacionadas à situação político-econômica do país ou esta é que desencadeia o processo de violência e criminalidade.
 
Chaves (2005) observou que no ano de 1996, os índices de criminalidade do Estado de Minas Gerais cresceram sobremaneira, com foco direcionado aos crimes contra o patrimônio, que tiveram grande destaque. 
 
Tendo em vista o intuito de verificar a correlação existente entre os crimes contra o patrimônio na categoria de crimes violentos, e o fator social de estímulo ao consumo, esta pesquisa se restringe à análise do envolvimento dos jovens do Estado de Minas Gerais, no período em que se percebe o aumento acentuado da criminalidade.
 
A primeira observação a ser feita é que durante o período de 1986 a 1996 as taxas de crimes contra o patrimônio e crimes violentos mantiveram-se estáveis, tomando neste último ano, um pico contínuo e acelerado, despertando a atenção da sociedade e das autoridades. Estes dados se confirmam através das estatísticas realizadas pela Polícia Militar de Minas Gerais.
 
Outro fator que não pode ser desprezado encontra-se embasado em pesquisa realizada por Pogianelo (2004), que retrata a facilidade do alcance dos jovens da cidade de Belo Horizonte em obter armas de fogo (GRAF 2). 
 
O aumento do número de jovens apreendidos no período de 1997 a 2004, independente de estarem portando ou não armas de fogo cresceu mais que os registros de crimes violentos. No período de 1997 a 2004, o número de ocorrências de crimes violentos na Região Metropolitana de Belo Horizonte cresceu 287%, enquanto as apreensões de armas cresceram 220% e a apreensão de jovens aumentou 4.293%.

Continue navegando

Outros materiais